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3 ECOTURISMO: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O DESENVOLVIMENTO

3.3 Desenvolvimento Sustentável Local e Ecoturismo

Inicialmente é importante salientar que o ecoturismo é uma modalidade de atividade turística que vem apresentando nos últimos anos um crescimento considerável, sendo que o mesmo possui como principal benefício à possibilidade de se alcançar a preservação dos recursos naturais e da cultura local, sem impedir seu desenvolvimento. (LASKOSKI, 2006)

Afinal, de acordo com Lemos (1996, p. 151), ecoturismo é:

[...] a rede de serviços e facilidades oferecidas para a realização do turismo em áreas com recursos turísticos naturais, sendo considerado também um modelo para o desenvolvimento sustentável da região. (LEMOS, 1996, p. 151).

De acordo com Barretto (2003), entre os anos de 1950 e 1980 os turistas buscavam em suas viagens lugares “pasteurizados”, ou seja, de maneira geral, os turistas escolhiam os lugares que oferecessem o mesmo conforto que lhe oferece a vida urbana. Assim, esses turistas retornam ao seu lar sem ter experimentado um modo de vida diferente, sem ter efetivamente conhecido as pessoas que integram o país que visitou.

Atualmente, está ficando cada vez mais comum o turismo que Barreto (2003) chama de “turismo do conviver”, onde as pessoas querem desfrutar do contato com os outros. O turismo do conviver permite contatos de melhor qualidade e requer, por sua vez, mais tempo em cada lugar, ou seja:

É o turismo praticado em áreas (fazendas, sítios ou chácaras) para proporcionar aos visitantes a oportunidade de participar das

atividades próprias da zona rural, como: andar a cavalo, ordenhar vacas, passear de carroça, tomar banho de rio ou cachoeira, caminhar pelos campos, comer churrasco, tomar chimarrão etc. É intensamente procurado por pessoas que residem em grandes centros urbanos e que precisam de um descanso físico e mental. Esse tipo de turismo exige estrutura apropriada e investimento, pois as pessoas que o praticam querem conviver em ambiente rústico, porém com um mínimo de conforto. (OLIVEIRA, 2000, p. 72).

O turista está cada vez mais consciente dos danos que pode causar aos recursos naturais e a cultura da área turística receptora. Desta forma, ao praticar o ecoturismo, o individuo se desloca até determinado local, com o objetivo de conhecer as características únicas do local e da população visitada (BOO, 1990).

Por outro lado, sabendo da importância que o turismo tem para a economia dos países, faz-se necessário investir em um turismo alternativo que seja capaz de conseguir trazer o desenvolvimento econômico e tecnológico sem destruir a natureza e o patrimônio cultural (WESTERN, 1999).

O ecoturismo é capaz de promover a geração de empregos, sem que isso provoque a degradação ambiental. (LINDBERG; HUBER, 2001). Dessa forma,

[...] uma das principais vantagens do ecoturismo é a de proporcionar um impulso que favorece tanto à expansão da conservação quanto o desenvolvimento econômico [...] o ecoturismo pode gerar oportunidades de emprego em regiões remotas [...] e acredita-se que o ecoturismo exige menos investimentos do setor público em infra- estrutura. (LINDBERG; HUBER, 2001, p. 145).

O turismo sustentado ou ecoturismo pressupõe viagens individuais, estabelecimentos pequenos e serviços personalizados (WESTERN, 1999).

Praticado por pessoas que apreciam a natureza, entre as quais destacam-se os residentes em países desenvolvidos, industrializados. Interessadas em manter contato com os elementos da natureza que já desapareceram das grandes cidades, essas

pessoas buscam locais nos quais a natureza ainda permanece intacta, como as regiões do Pantanal e da Amazônia. O objetivo desses visitantes é respeitar ar puro, apreciar a beleza do ambiente e registrar em fotos e filmes os elementos da fauna e da flora (OLIVEIRA, 2000, p. 69).

Importante ressaltar que, dentre os benefícios gerados pelo ecoturismo, tem-se que equilibrar a balança comercial, tendo em vista que o mesmo possibilita a entrada de divisas através do crescimento do fluxo de ecoturistas do exterior, além de atrair investimentos no ramo turístico (BARBIERI, 1998).

Neste contexto, salienta-se ainda que, para que haja o desenvolvimento sustentável através do ecoturismo é necessário que a referida atividade econômica traga benefícios ao meio ambiente, bem como à comunidade da área receptora (BARBIERI, 1998).

É mister ainda ressaltar dentro deste cenário de desenvolvimento sustentável local através do ecoturismo que, para alguns doutrinadores, dentre eles Rodrigues (1998), não é compatível a atividade turística com o desenvolvimento sustentável, já que a atividade turística independente do tipo (seja de turismo convencional, seja ecoturística), tem em sua base a mesma forma de exploração: transformação do local em mercadorias para serem comercializadas.

Assim, afirma Rodrigues (1998, p.10):

Considerar a atividade turística como sustentável ou como integrante da possibilidade do desenvolvimento sustentável é apenas desviar os termos da questão sem analisar a complexidade de uma atividade econômica que tem por base o consumo de paisagens naturais exóticas ou a história passada. [...].

A qualidade da interação entre turista e núcleo receptor aponta principalmente para a importância da conservação do patrimônio natural e cultural do local. Muitos são os prejuízos que, de fato, o turismo traz em muitos lugares, e os

que ainda podem trazer se não forem tomadas as medidas pertinentes. Dessa forma, Tulik (1990) aponta como efeitos maléficos do turismo a destruição da cobertura vegetal; comprometimento da qualidade da água; extinção da fauna; vandalismo puro e simples dos turistas; poluição arquitetônica, pela falta de regulamentação das construções; rompimento da cadeia alimentar; proliferação de determinadas espécies animais pela extinção de outras; extração de matéria-prima que não se reproduz, entre outros.

Porém, para que seja possível a prática de atividades relacionadas ao ecoturismo faz-se necessário estudos de capacidade de suporte, infra-estrutura adequada e não impactante e normas que regulamentem e excluam empresas especializadas (NEIMAN, 2002).

Outro problema derivado do aumento das demandas por visitação nas áreas de preservação é o fato de em alguns lugares carecerem de infraestrutura física (ausência de estrutura de saneamento básico, sendo necessária a implantação de banheiros, bebedouros, locais para a coleta de lixo, capacitação dos funcionários, guias locais, entre outros) (OLIVEIRA, 2011).

Portanto, conforme Oliveira (2011, p. 190), a falta dessa infraestrutura física ou fragilidade da mesma implica em impactos negativos, que são:

[...] geração de problemas sanitários, contaminação ambiental, desrespeito à capacidade de suporte ambiental ou ainda, em médio e longo prazo é possível o desencadeamento de um processo de desvalorização deste patrimônio ambiental turístico.

O ecoturismo mal planejado, em vez de ser uma alternativa ao desenvolvimento sustentável, se torna uma fonte geradora de inúmeros problemas sociais, econômicos e ambientais. Por esta razão, sempre a implantação de uma atividade de ecoturismo em determinada localidade, deve ser antecedida de um detalhado planejamento (WESTERN,1999).

Conforme orienta Oliveira (2011) os problemas de visitação nas unidades de conservação são costumeiros porém são passíveis de serem solucionados, desde que haja investimentos públicos em estrutura, capacitação de pessoal e incentivo a campanhas educativas de uso destas unidades de conservação.

A Agenda 21, firmada em 1992, também contribuiu tanto para a busca da sustentabilidade ambiental, como também para induzir a criação da Lei 9795/99 que trata da Política Nacional da Educação. Essa Lei é importante no que diz respeito ao ecoturismo, pois procura incentiva-lo como instrumento de educação, o que pode auxiliar a prática da atividade de forma sustentável:

[...] Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

[...] VII - o ecoturismo. (BRASIL, 1999).

Todavia, observa-se que para se promover o desenvolvimento sustentável local através do ecoturismo é essencial que haja uma melhor e maior integração entre os ecoturistas, governos, iniciativas privadas e comunidades locais (LINDBERG; HUBER, 2001).

Deve no ecoturismo existir uma valorização da localidade visitada, devendo a população da mesma se envolver o máximo possível nas atividades ecoturisticas praticadas, pois somente deste modo e com o envolvimento da comunidade local é que o ecoturismo trará benefícios para a mesma (BOO, 1990).

Pode assim, a população local exercer atividades econômicas relacionadas diretamente ao ecoturismo, tais como atuarem como guia turístico, lojista de artesanatos locais, proprietário de pousada, dentre inúmeras outras atividades possíveis (FENNELL, 2002).

Sendo que, deve-se sempre empregar como mão de obra necessária nas localidades ecoturísticas a população local, pois assim, o ecoturismo será capaz de promover uma melhoria na qualidade de vida da comunidade receptora, já que será capaz de gerar empregos e novas fontes de rendas, além de promover a conscientização ambiental (LINDBERG; HUBER, 2001; BOO, 1990).

O ecoturismo é um importante meio de se obter o desenvolvimento sustentável local e deve ser certamente empregado em localidades ricas em recursos naturais, que possibilitem atividades naturais e recreativas que trarão inúmeras divisas, não somente para as organizações empresariais do ramo turístico, mas também a população e comercio locais e ainda, para os administradores públicos. (SANTOS, 1995).

Sendo assim, o ecoturismo é uma das atividades econômicas que surge como alternativa para promover o desenvolvimento sustentável de localidade que necessitam de um processo de desenvolvimento que respeitem suas riquezas naturais e culturais. (RODRIGUES, 2003).

Como observa Barbieri (1998, p. 92):

Hoje, [...] basta abrir o caderno de turismo de qualquer jornal e escolher uma das inúmeras opções de excursões para que existem para esses locais. É possível passar uma semana em lodge (hotel de selva) às margens do rio Negro, fazer um trekking pelo Himalaia, descer de bote inflável um rio da Cordilheira dos Andes ou passar um mês em um transatlântico na Antártica, consultando apenas uma das inúmeras agências especializadas no chamado ecoturismo, que se espalharam pelo país nestes últimos cinco anos.

O ecoturismo é considerado um importante meio de se conseguir o desenvolvimento sustentável da atividade turística e que deve ser amplamente empregado em áreas com grande potencial de recursos naturais, pois pode gerar consideráveis benefícios não somente para empresas do ramo turístico, mas também a população local (SORIA, 2007).

Segundo Trigo (2005, p. 486) o ecoturismo pode atuar de forma positiva através da geração de emprego e oportunidade de trabalho para a comunidade local, geração de oportunidades de negócios e iniciativas empreendedoras em escala local para atender as demandas de serviços e produtos gerados pela visitação, melhorando o nível de educação da comunidade através da capacitação profissional para quem desejar inserir-se ao mercado de trabalho e estímulo para o espírito cooperativo nas comunidades, no intuito de incentivar a organização social e política local.

Finalizando, pode se afirmar que, em razão do crescimento cada dia maior das atividades turísticas, a mesma atualmente apresenta uma grande importância econômica, social, cultural e ambiental. Essa importância tem levado a busca de alternativas que conciliem a referida atividade com o desenvolvimento sustentável e é nesta busca que encontra-se o ecoturismo, como sendo um meio de se praticar a atividade turística, contudo minimizando o impacto ambiental da mesma e ainda, maximizando os seus benefícios socioeconómicos, de modo a assegurar sua sustentabilidade.

4 METODOLOGIA

Esta seção tem por objetivo expor a trajetória metodológica adotada para a realização desta pesquisa, destacando todo o processo utilizado para a realização deste estudo, como forma de garantir a confiabilidade e o rigor científico do trabalho.

Este trabalho é basicamente composto de duas etapas, a primeira através da revisão bibliográfica, e a segunda o estudo de caso.

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