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PONTIFICÍA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP Wagner Buck Ferreira

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PONTIFICÍA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP

Wagner Buck Ferreira

Proposta para aproveitamento das águas de drenagem de

subsolo

O rebaixamento do lençol freático no bairro de Moema

Programa de Estudos Pós-Graduados em Geografia

(2)

PONTIFICÍA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – PUC-SP

Wagner Buck Ferreira

Proposta para aproveitamento das águas de drenagem de subsolo

O rebaixamento do lençol freático no bairro de Moema

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo para a obtenção do titulo de Mestre em Geografia sob orientação do Professor Doutor Carlos A. Bistrichi

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Banca Examinadora

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i

Wagner Buck Ferreira

Proposta para aproveitamento das águas de drenagem de subsolo O rebaixamento do lençol freático no bairro de Moema

RESUMO

Nas áreas urbanas, onde residem aproximadamente 80% da população brasileira, o problema de abastecimento de água é crítico. A urbanização não planejada, as ocupações irregulares, as péssimas condições sociais, o mau uso da água ou a dificuldade de acesso aos serviços públicos e a infra-estrutura, são responsáveis pelo crescente comprometimento dos mananciais, e por problemas sanitários não menos graves.

Uma importante fonte de abastecimento são as águas subterrâneas, que atualmente são aproveitadas de forma inadequada seja pelo seu uso ou pela inconseqüência na sua exploração, aliado ao fato de severas fontes de contaminação ameaçarem esse importante recurso.

Na cidade de São Paulo, onde muitas edificações são instaladas em áreas planas, e topograficamente baixas, correspondentes às várzeas dos cursos d’água, é frequente a necessidade de rebaixar o lençol freático para a construção de subsolos abaixo do lençol freático e posterior manutenção das condições operacionais desses subsolos. Esses rebaixamentos causam impactos nas captações subterrâneas (poços) e recalques no solo em seu entorno, alem de lançar grandes quantidades de água no sistema publico de drenagem pluvial.

A intenção deste trabalho é mostrar a importância da água, o desperdício e o descuido praticado com as águas subterrâneas, nos rebaixamentos de lençol freático nos edifícios no bairro de Moema na cidade de São Paulo.

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ii

Wagner Buck Ferreira

Proposal for use of subsurface drainage water The lowering of the groundwater in Moema

ABSTRACT

In urban areas, where there are more than 80% of the population, the problem of water supply is critical. Unplanned urbanization, illegal occupations, the bad social conditions, poor water use or difficult access to public services and infrastructure, are responsible for the growing compromising of the springs, and no less serious health problems.

An important source of supply is groundwater, which is currently being used inappropriately by their use or by its inconsistent exploitation, coupled with the fact severe sources of contamination threat this important feature.

In Sao Paulo, where many buildings are located in flat areas, and topographically low, corresponding to the floodplains of streams, it is often necessary to lower the water table for the construction of basements below it and subsequent maintenance of operating conditions of these basements. These downgrades cause impacts on groundwater abstraction (wells) and settlements in the soil around it, besides releasing large amounts of water into public storm drainage system.

The aim here is to show the importance of water, the waste and neglection practiced with the groundwater drawdown in groundwater in buildings in Moema in Sao Paulo.

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iii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Precipitações Pluviométricas naTerra 3

Figura 2 – Classificação dos aqüíferos de acordo com o tipo de porosidade de rocha 14

Figura 3 – Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos 21

Figura 4 – Mapa de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo mostrando os principais aqüíferos e suas potencialidades 25

Figura 5 - Bebedouros no largo São Francisco no começo do século XX 47

Figura 6 – O pequeno chafariz do largo dos Guaianases 50

Figura 7 - Esquema de Rebaixamento de lençol freático 70

Figura 8 – Regiões e Distritos de São Paulo 80

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estimativa do volume total de água na terra 8

Tabela 2 – Disponibilidades Mundiais e Consumos de água 9

Tabela 3- Distribuição de recursos hídricos por região 22

Tabela 4 – Disponibilidade Hídrica do Brasil 23

Tabela 5 - Disponibilidade potencial de águas subterrâneas para o Estado de São Paulo 26

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iv

LISTA DE FOTOS

Foto 1 – Desnível causado por recalque em via publica– esquina da Al. Dos

Tupiniquins e Av. Irai ...74 Foto 2 – Recalque de solo em via publica causado por rebaixamento de lençol freático – esquina da Al. Dos Tupiniquins e Av. Irai ...75 Foto 3 – Saída de água bombeada do subsolo em edifício na Avenida

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v

SUMÁRIO

RESUMO...i

ABSTRACT... ii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES... iii

LISTA DE TABELAS... iii

LISTA DE FOTOS... iv

1

INTRODUÇÃO...1

1.1 Objetivos...5

2

OS RECURSOS HÍDRICOS... 7

2.1 A Água na Terra... 7

2.1.1 A ocorrência de Água Subterrânea... 11

2.2 A Água no Brasil...15

2.2.1 A Legislação Brasileira...15

2.2.2 A Legislação Paulista...19

2.2.3 A distribuição de água no Brasil...21

2.2.4 A Água no estado e na Região Metropolitana de São

Paulo...23

2.2.5 Águas subterrâneas no estado de São Paulo ...24

2.2.6 A contaminação da Agua...27

2.2.7 O desperdício da Água... 38

3- A REGIÃO METROPOLITANA E OS RECURSOS HÍDRICOS....44

3.1 O abastecimento de água de 1800 a 1900... 44

3.2 A expansão urbana e os impactos ambientais... 52

(10)

vi

3.3 O consumo de águas subterrâneas ... 64

3.4 A Água e a sociedade ... 65

4 O REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO...70

4.1 Problemas causados com o rebaixamento do lençol

freático... 71

4.1.1 Recalques provenientes do rebaixamento do lençol

freático...72

4.1.2 Diminuição da Reserva de Água...76

5 ESTUDO DE CASO...78

5.1 Historico do bairro...78

5.2 Caracteristicas do bairro.. ... 81

5.3 Procedimentos de pesquisa...82

5.4 Dados coletados...82

5.4.1 Contaminação da água...82

5.4.2 Volume bombeado...83

6- CONSIDERAÇÕES GERAIS...87

7- REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS...92

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1

1 INTRODUÇÃO

No universo, a água é um recurso vital para a existência de todos os aspectos de vida na forma que se conhece. Em excesso, ela causa inundações e desastres ambientais e sua escassez provoca fome, miséria e conflitos.

A água mais do que um elemento fundamental à produção, é a água que mantém os ciclos biológicos, geológicos e químicos; assim, é fundamental aos ecossistemas.

A água é também um fator essencial à qualidade de vida da população.

A conservação da água, no que diz respeito à quantidade e à qualidade, depende das condições das bacias hidrográficas onde ela se origina, circula, ou fica estocada, dos lagos naturais ou reservatórios artificiais. Como os rios, riachos e córregos são fontes de alimentação de represas, lagos ou reservatórios, eles também transportam resíduos e poluentes que tenham sido despejados neles ou no solo por onde passaram.

Segundo Vitruvio (2007, p. 383), arquiteto, engenheiro e agrimensor romano, Marcus Vitruvius Pollio, no ano de 27 A.C., em seu “Tratado de Arquitetura” dedicou um de seus livros (de um total de dez) à água. No livro 8, capitulo 3 pode-se ver que a água já era considerada como o elemento mais útil da natureza:

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2

A impermeabilização do solo, resultado da urbanização não planejada, o despejo de poluentes, o desmatamento, depósitos irregulares de resíduos sólidos, a atividade agrícola sem os cuidados com o controle da erosão, e o uso constante de agroquímicos contribuem para a degradação dos mananciais.

Segundo Scalzo (2007) um dos maiores problemas que a humanidade enfrentará nos próximos anos, será a crise da água. A possível falta de água em determinadas regiões poderá ser motivo de guerras entre países, e segundo esse mesmo autor os conflitos como os que ocorrem no Sudão, na região de Darfur, já são motivados pelo acesso á água.

Segundo Bouguerra (2004, p. 100):

A água é frequentemente, o catalisador de rivalidades econômicas, étnicas, religiosas, históricas...

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3 Organizado por Ribeiro, 2008

Figura 1 – Precipitações pluviométricas na Terra

Segundo Ribeiro (2008, p. 19):

A crise da água, é bom que se aponte desde logo, é resultado de diversos fatores: escassez pontual, consumo exagerado e elevação à condição de mercadoria em escala internacional.

Nos últimos 60 anos o consumo de água aumentou sete vezes, a população aumentou duas vezes, e a quantidade de água continuou a mesma, conforme descrito por Whately (2010).

As agressões antrópicas ao meio ambiente causam uma situação contraditória. De um lado, o aquecimento global provoca o derretimento das geleiras e a consequente elevação do nível dos mares, que ameaça inundar cidades litorâneas e desalojar incontáveis habitantes dessas zonas. De outro, há a degradação e o esgotamento dos mananciais de água doce do planeta.

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4

A grande dificuldade que a maioria dos países encontra para resolver os problemas de abastecimento de água é a aplicação de tecnologias para garantir esse abastecimento e evitar a degradação dos mananciais, apesar de terem conhecimento dos problemas de disponibilidade e uso dos recursos naturais. Um exemplo de uso inadequado de água pode ser visto no Mar Aral, que já foi o quarto maior mar terrestre. Comparável aos Grandes Lagos Norte Americanos, o Mar Aral está desaparecendo. Sua margem hoje se encontra a quarenta quilômetros do local original, devido ao desvio das águas que o alimentavam para cultura de algodão no deserto (GORE, 2000 e BOUGUERRA, 2004).

Um relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do ano de 2004, e revisado em 2007, cita que o equivalente a 18% da população mundial (mais de 1 bilhão de pessoas) não têm acesso a um mínimo aceitável de água potável. Nesse mesmo relatório também é apresentada uma previsão para o ano de 2025, onde aproximadamente dois terços da população do planeta (5,5 bilhões de pessoas) poderão não ter acesso à água limpa, e apenas um quarto da humanidade vai dispor de água para satisfazer suas necessidades básicas no ano de 2050, caso não sejam alterados os atuais padrões de consumo.

A falta de água também é apontada pela ONU como um fator que afetara o desenvolvimento de 1/3 dos países do mundo. Segundo esta organização, em 1990, 28 países foram diagnosticados em tal situação, com um total de 335 milhões de habitantes (FERREIRA, 2005).

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5

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que, para manter a qualidade de vida em níveis razoáveis, são necessários 80 litros/dia de água por pessoa, embora essa estimativa esteja relacionada com a disponibilidade desse elemento, das características socioeconômicas e de aspectos culturais do indivíduo (REBOUÇAS et al, 2006).

Para que todos disponham de água potável na próxima geração será necessário atender a mais de 3,7 bilhões de habitantes em áreas urbanas e a 1,2 bilhões em áreas rurais. Atualmente, apenas 1,5 bilhões de habitantes têm acesso a água potável nas cidades. No que se refere ao saneamento, a situação é mais alarmante, pois apenas 1,0 bilhão de habitantes dispõem desses serviços nas cidades (PIMENTEL, 1999).

Segundo Ribeiro (2008), numa visão otimista, no ano de 2050 faltara água para cerca de 2 bilhões de pessoas, e na visão pessimista para cerca de 7 bilhões de pessoas.

Como esses fatos demonstram a necessidade crescente pela água, considerou-se nesconsiderou-se trabalho a analiconsiderou-se da viabilidade do aproveitamento da água bombeada dos subsolos dos edifícios, e que hoje é lançada na rede publica de águas pluviais sem qualquer aproveitamento.

1.1 Objetivos

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6

(17)

7

2 OS RECURSOS HÍDRICOS

2.1 A Água na Terra

Uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia e da Curtin University of Technology em Perth, Austrália, apresentou fortes evidências da existência de água líquida na Terra ou perto da superfície, há 4,3 bilhões de anos atrás, (AGUA, 2008), e junto a outros dois elementos (a fonte de energia do Sol, e uma fonte de minerais e compostos orgânicos de meteoritos ou cometas), formaram uma condição favorável ao nascimento da vida na Terra, por volta de 3,5 bilhões de anos atrás, segundo Rebouças (2006).

Um dos recursos naturais mais importantes para a vida é a água, e a mais comum das substancias existentes na natureza, cobrindo cerca de 70% da superfície do planeta. Esse mesmo percentual se encontra na composição do corpo humano (RIBEIRO, 2008).

A água nos estados liquido, sólido e gasoso, só é encontrada no planeta Terra, onde ocorre principalmente no estado liquido, constituindo um recurso natural renovável por meio do ciclo hidrológico. A água também é a única substancia encontrada naturalmente na Terra nos seus três estados.

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8 Estoque em km3 % do total tempo de residência

Oceanos 1.350.000.000 97,41 2500 anos Glaciares 27.500.000 1,984 de 1600 a 9700 anos Águas subterrâneas 8.200.000 0,592 1400 anos Mares interiores 105.000 0,00758 desconhecido Lagos de água doce 100.000 0,00722 17 anos Umidade do solo 70.000 0,00505 1 ano Umidade do ar 13.000 0,00094 8 dias Rios 1.700 0,00012 16 dias Água das células vivas 1.100 0,00008 algumas horas Total 1.385.990.800 100

Fonte: Marsily, 1994

Tabela 1 – Estimativa do volume total de água na terra.

Segundo Bouguerra (2004, p. 102):

É também importante observar que a água dos rios leva dezesseis dias para ser totalmente substituida, a dos pântanos cinco anos, a dos lagos dezessete anos e a água dos aqüíferos mil e quatrocentos anos. São números a serem considerados para compreendermos a gravidade dos nossos atos e que devemos guardar na mente para o futuro.

Como o ciclo da água se repete infinitamente, a quantidade atual de água é a mesma de há 3 bilhões de anos. Do total de água existente na Terra, 97% é água salgada, outros 2,7% estão sob a forma de geleiras, vapor e em aqüíferos que se encontram em profundidades inacessíveis, sendo somente 0,3% para consumo (PHILIPPI Jr., 2005).

Porem, a Água existente no planeta não ocorre de maneira homogênea, sendo esse um dos fatores que contribuem para a seca em algumas regiões do planeta.

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9

A seca climatológica ocorre quando em um dado espaço e tempo, existe uma deficiência no total de chuvas, quando comparado com as medias das precipitações, e pode causar prejuízos agrícolas e escassez no fornecimento de água (CAMPOS e STUDART, 2010).

A seca hidrológica é a insuficiência de água nos rios e reservatórios, prejudicando o abastecimento de determinada região, causando racionamento no abastecimento de água das cidades e na irrigação (CAMPOS e STUDART, 2010).

A seca social tem como causa principal a insuficiência de chuvas, causando perdas econômicas e sociais, como a fome, migração e desagregação familiar (CAMPOS e STUDART, 2010).

As secas comprometem os ecossistemas, prejudicando a biota, a diluição de efluentes, provocam doenças e prejudicam o desenvolvimento econômico e social.

Em termos do uso das águas superficiais, apresentam-se na tabela 2, as disponibilidades hídricas superficiais, e respectivos consumos para alguns países.

PAIS Brasil EUA França China Israel

RESERVA (m3/hab/ano)

47.000 rico 10.000 suficiente 3.300 suficiente Entre 2.000 a 10.000 suficiente < 500 Muito pobre CONSUMO

(m3/hab/ano)

Entre 100 e 500 baixo

Entre 1.000 e 2.000

alto

Entre 500 e 1.000 moderado

Entre 100 e 500 baixo

< 470

baixo

Fonte: Rebouças et al., 2006

Tabela 2 – Disponibilidades Mundiais e Consumos de água.

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10

Segundo Ribeiro (2008, p.127):

Garantir o acesso à água para toda população do planeta é uma tarefa política.

A primeira Conferencia Mundial sobre o Meio Ambiente Humano realizada em Estocolmo em 1972, tratou a água com pouca relevância. A partir desse evento ocorreram diversos congressos, simpósios e eventos relacionados com recursos hídricos até que em Janeiro de 1992, na cidade de Dublin, realizou-se a Conferencia Internacional sobre Água e Meio Ambiente. Essas ações resultaram na criação, em 1992, pela ONU, do Dia Mundial da Água (22 de Março), e na criação e divulgação de um documento intitulado "Declaração Universal dos Direitos da Água" (RIBEIRO, 2008 e BERBERT, 2003).

O texto merece profunda reflexão e divulgação, pois apresenta os seguintes tópicos sobre a questão da água, ambiente e a humanidade:

1 - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.

2 - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.

3 - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

(21)

11

5 - A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

6 - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

7 - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

8 - A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

9 - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

10 - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

O capítulo 18 da Agenda 21, por exemplo, trata de um elemento essencial para que haja vida no planeta Terra: a água. O objetivo geral é assegurar a oferta de água de boa qualidade para todos os habitantes, mantendo as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades do homem aos limites da natureza e lutando para combater as moléstias ligadas a água (Agenda 21).

2.1.1 A ocorrência de Águas Subterrâneas

(22)

12

também de interstícios têm uma variação muito grande de formas e dimensões, e são eles que dão origem aos aqüíferos (IRITANI e EZAKI, 2008).

Esses interstícios têm tamanhos variados, e podem atingir dimensões de uma caverna em algumas rochas. Porém o que ocorre na grande maioria das rochas, é que esses interstícios são muito pequenos, e interligados entre si, o que permite a circulação das águas infiltradas (IRITANI e EZAKI, 2008).

Quando a água da chuva se infiltra no solo, uma parte é absorvida pelas plantas e por seres vivos, outra parte dessa água evapora e volta para a atmosfera. Essa camada do solo onde isso ocorre, é chamada de zona não saturada ou zona de aeração (IRITANI e EZAKI, 2008).

As camadas mais profundas, abaixo da zona de aeração, que incluem as rochas, recebem o excedente da água precipitada sobre a superfície da terra, preenchendo totalmente os interstícios e formando a zona saturada. Essas zonas saturadas é que formam o reservatório de água subterrânea, denominados “lençóis aqüíferos” ou “aqüíferos” (IRITANI e EZAKI, 2008).

Nas regiões áridas e semi-áridas a infiltração da água até a zona saturada é prejudicada pelos processos de evaporação e transpiração, onde esses processos são predominantes (IRITANI e EZAKI, 2008).

Os reservatórios de água subterrânea formados na zona saturada, chamados simplesmente de aqüíferos podem ser de dois tipos: “Artesianos” e “Livres” (IRITANI e EZAKI, 2008).

Os aqüíferos “Livres” também são chamados de “lençóis freáticos” (IRITANI e EZAKI, 2008).

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13

A profundidade dos aqüíferos é bastante variável. Varia segundo as estações do ano, e depende do clima da região. Sofre um abaixamento nos períodos de estiagem, e no período das chuvas, o nível do aquífero se eleva.

Segundo IRITANI e EZAKI (2008, p.18):

A água subterrânea, como um componente do ciclo hidrológico, está em constante circulação e flui através dos poros da rocha. Um dos parâmetros que influencia o fluxo da água subterrânea é a permeabilidade. Esta propriedade indica a facilidade com que a água flui através da rocha e está relacionada com o tamanho e o volume de poros interconectados, a forma, a distribuição e a variação do tamanho dos grãos.

Segundo Pimentel (1999), ainda considerando o percentual de água doce, constata que, do volume total, 77% são águas congeladas; 22% compõem os lençóis subterrâneos e apenas 1% refere-se às águas superficiais. As águas subterrâneas se constituem no maior manancial de água doce disponível no planeta, correspondendo a 97,6% do total, quando se exclui o volume das reservas das calotas polares.

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14

Aqüífero Sedimentar Aqüífero Fissural Aqüífero Cárstico

Fonte: IRITANI e EZAKI, 2008

Figura 2 – Classificação dos aqüíferos de acordo com o tipo de porosidade de rocha.

O aqüífero cárstico comumente apresenta índices elevados de porosidade, formada por fraturas originadas pela dissolução dos minerais das rochas calcárias. Cavernas de grandes dimensões podem ser geradas nessas rochas, quando esta dissolução é intensa ou de longa duração, podendo ainda formar rios subterrâneos.

O aqüífero fissural ocorre em rochas ígneas e metamórficas, e é representada apenas por fraturas na rocha. No norte, nordeste e sudeste do Estado de São Paulo ocorre a maior área de sua ocorrência (IRITANI e EZAKI, 2008).

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15

Já na antiguidade as águas subterrâneas eram assunto para estudos de viabilidade do seu uso.

Segundo Vitruvio (2007, p. 386)

Se elas não jorrarem, deve-se procurar os principais veios subterrâneos para os recolher .

Nas últimas décadas a captação de águas subterrâneas ficou mais acessível, com o avanço da tecnologia para a construção de poços que atingem milhares de metros de profundidade. Atualmente, a captação desses recursos são as únicas fontes de água disponível para o abastecimento público, em muitos países do mundo como a Dinamarca, Arábia Saudita, Malta. Em outros países como a Áustria, Bélgica, Alemanha, Hungria, França, Holanda, Itália, Marrocos, Suíça, Espanha e Rússia atendem a mais de 70,0% da demanda (PIMENTEL, 1999).

2.2 A ÁGUA NO BRASIL

2.2.1 A Legislação Brasileira

A idéia de abundancia de água no território nacional, e a inércia política para legislar no Brasil, principalmente sobre águas, fez com que o primeiro Código de Águas do Brasil fosse apresentado como projeto de lei em 1906 e promulgado em 10 de julho de 1934, (BRASIL, 1934), ou seja, 28 anos depois. E apesar de ser composto por três livros, apenas o livro que trata de geração de energia hidrelétrica, foi regulamentado (REBOUÇAS, 2004)

O Brasil possui uma legislação para regulamentar o uso e aproveitamento da água, que como já foi citado, é o Código de Águas, decreto federal n. 24.643, de 10 de julho de 1934, (BRASIL, 1934). Nesse código estão os princípios estabelecidos na lei no. 9.433, de 8 de Janeiro de 1997, (BRASIL, 1997), que estabelece a Política Nacional de Recursos Hídricos.

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Política Nacional de Recursos Hídricos e criaram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Segundo Rebouças (2004, p. 73):

Fundamentalmente, a Lei de Direito de Água do Brasil é o Código de Águas, o qual, apesar de seus quase 70 anos de vigência, ainda é reputado pela Doutrina Jurídica como um dos textos modelares do Direito Positivo Brasileiro.

A Constituição de 1988 (BRASIL, 1988) introduziu modificações, de acordo com o que vigora nos países desenvolvidos. Foi estabelecido que os corpos d'água do Brasil fossem de domínio público:

1- o domínio da União, para os rios ou lagos que banhem mais de uma unidade federada, ou que sirvam de fronteira entre essas unidades, ou entre o território do Brasil e o de país vizinho ou deste provenham ou para o mesmo se estendam; e 2- o domínio das unidades federadas - Estados e Distrito Federal - para as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, as decorrentes de obras da União.

O ciclo hidrológico, porém não faz diferenciação entre as águas de domínio da União e das unidades federadas, o que faz com que o gerenciamento e a gestão tenham dificuldades operacionais, tornando difícil uma administração eficiente. Portanto, a gestão integrada das águas no Brasil, nos termos propostos pela Constituição de 1988 ou pela Lei Federal n° 9.433 ( BRASIL, 1997), só será possível quando se estabelecer um entendimento permanente entre a União e as Unidades Federadas. Esta etapa, em função de divergências políticas regionais, ainda parece muito longe de ser alcançada.

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Os fundamentos da Lei 9.433 (BRASIL, 1997) – Lei das Águas, que instituiu a Política de Recursos Hídricos são:

a) A água é um bem de domínio público de uso do povo. O Estado concede o direito de uso da água e não de sua propriedade. A outorga não implica alienação parcial das águas, mas o simples direito de uso.

b) Usos prioritários e múltiplos da água. O recurso tem que atender a sua função social e a situações de escassez. A outorga pode ser parcial ou totalmente suspensa, para atender ao consumo humano e animal. A água deve ser utilizada considerando-se projetos de usos múltiplos, tais como: consumo humano, dessedentação de animais, diluição de esgotos, transporte, lazer, paisagística, potencial hidrelétrico e etc. As prioridades de uso serão estabelecidas nos planos de recursos hídricos.

c) A água como um bem de valor econômico. A água é reconhecida como recurso natural limitado e dotado de valor, sendo a cobrança pelo seu uso um poderoso instrumento de gestão, onde é aplicado o principio de poluidor-pagador, que possibilitará a conscientização do usuário. O artigo 22 da Lei 9433 (BRASIL, 1997), informa que “os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de seus recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados”. Isso pressupõe que os valores obtidos com a cobrança propiciarão recursos para obras, serviços, programas, estudos, projetos na bacia.

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Segundo o artigo 12 da Seção III, da lei 9433 (BRASIL, 1997), a captação de água para processo industrial ou irrigação, sejam elas águas superficiais ou subterrâneas terão que ter obrigatoriamente uma outorga (autorização, concessão ou licença) do Poder Público. O lançamento de efluentes industriais ou urbanos, ou a construção de obras hidráulicas como barragens, canalizações de rios, execução de poços profundos, etc., também terão que obrigatoriamente ter a outorga do Poder Publico.

A classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas foi dada pela Resolução nº 396 de 03/04/2008 (BRASIL, 2008) do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Nessa Resolução as águas subterrâneas são classificadas de acordo com suas características hidrogeoquímicas naturais, e seus níveis de poluição. Essa classificação visa à prevenção e controle da poluição das águas subterrâneas, cuja recuperação quando contaminadas, demandam processos caros e demorados.

Segundo essa mesma Resolução no 396 (BRASIL, 2008), as águas subterrâneas de acordo com sua classificação, serão enquadradas em classes de 1 a 5, além da "classe especial".

As águas com a classificação “classe especial” pertencem aos aqüíferos, cuja função é a preservação de ecossistemas em unidades de conservação de proteção integral, ou ainda, que sejam fonte de alimentação de corpos d'água superficiais que também tenham a classificação de “classe especial".

Nessa resolução também está prevista a criação de Áreas de Restrição e Controle do Uso da Água Subterrânea, que podem ser delimitadas em caráter excepcional e temporário, quando esses corpos de água representarem risco para a saúde humana, ecossistemas ou para os próprios aqüíferos.

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19

É responsável pela implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos. O projeto de criação da ANA foi aprovado pelo Congresso no dia 7 de junho de 2000, transformando-se na Lei 9.984, sancionada pelo Presidente da República no dia 17 de julho. Além de responsável pela execução da Política Nacional de Recursos Hídricos a ANA deve implantar a Lei das Águas (Lei 9433/97), que disciplina o uso dos recursos hídricos no Brasil (BRASIL, 1997).

O MMA (Ministério do Meio Ambiente)- Secretaria de Recursos Hídricos é uma entidade integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que atua na função de Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Dentre suas principais atribuições, relativa aos recursos hídricos, seria a coordenação e elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos.

O Departamento Nacional de Produção Mineral promove o planejamento e o fomento da exploração mineral, controla e fiscaliza o exercício das atividades de águas minerais em todo o Território Nacional, na forma do que dispõem o Código de Águas Minerais.

2.2.2 A Legislação Paulista

A Constituição do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 1989) dedica o Artigo 206 às águas subterrâneas, considerando-as como um elemento estratégico para o desenvolvimento econômico-social, devendo ter diretrizes estabelecidas por lei na conservação e proteção contra poluição.

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20

Energia Elétrica), dos procedimentos de autorizações para o uso de águas superficiais e subterrâneas, cuja regulamentação foi dada pelo Decreto 41.258 (SÃO PAULO, 1996).

A lei Estadual 7.663 (SÃO PAULO, 1991) tem uma abrangência muito ampla, pois essa lei é que estabelece normas de orientação à Política Estadual de Recursos Hídricos, bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

O licenciamento dos poços (outorga) é necessário nas seguintes situações, de acordo com o DAEE (2009):

• Na implantação de qualquer empreendimento que demande a utilização de recursos hídricos (superficiais ou subterrâneos);

• Na execução de obras ou serviços que possam alterar o regime (barramentos, canalizações, travessias, proteção de leito, etc.);

• Na execução de obras de extração de águas subterrâneas (poços profundos);

• Na derivação de água de seu curso ou depósito, superficial ou subterrâneo (captações para uso no abastecimento urbano, industrial, irrigação, mineração, geração de energia, comércio e serviços, etc.);

• No lançamento de efluentes nos corpos d'água.

A Portaria 717, de 12/12/96 do DAEE, regulamentou e emitiu as diretrizes para o uso dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.

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21 Fonte: Iritani e Ezaki, 2008

Figura 3 – Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos

2.2.3 A distribuição de Água no Brasil

Uma das maiores reservas hidrológicas do mundo encontra-se no Brasil, que junto com a China, a Rússia e o Canadá possuem as maiores reservas de água fresca no mundo. É sem duvida uma posição privilegiada. O país possui 12% do total das reservas mundiais e 53% da reserva de água doce da América do Sul, o equivalente a 5.604 km3/ano dos rios nacionais e atingindo 7.906 km3/ano, quando se inclui a contribuição dos rios internacionais que compõem a Bacia Amazônica (PIMENTEL, 1999).

Somente o rio Amazonas contribui com 15% de toda a água doce que chega aos oceanos (RIBEIRO, 2008).

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22

Segundo Tocchetto (2006, p.1):

A elevada taxa de desperdício de água no Brasil, 70%, comprova essa despreocupação.

A quantidade de água doce existente no Brasil, no entanto, está distribuída de forma muito heterogênea (Tabela 3). A região sudeste com 42,65% da população do país possui apenas 6% dos recursos hídricos, enquanto a região norte, com cerca de 6,98% da população possui 68,5% dos recursos hídricos (PHILIPPI JR., 2005).

No Norte, a abundância de águas superficiais opõe-se aos elevados níveis de contaminação, ao saneamento ineficiente, ao abastecimento precário e ao desperdício. O Nordeste sofre com a irregularidade das chuvas e a baixa retenção de água em profundidade, pois mais de 50,0% da sua área compõe-se de rochas cristalinas pouco permeáveis. Nesse caso, a escassez alia-se ao desperdício que, na região, é muito elevado (PIMENTEL, 1999).

No Nordeste, onde está localizada a região do semiárido é que existe a menor proporção dos recursos hídricos do Brasil. Alem da baixa precipitação existente, a região possui alta evaporação e salinização da água, o que inviabiliza o consumo humano dessas águas (PHILIPPI JR., 2005).

Região

Recursos

Hídricos % Superfície % População %

Norte 68,50 45,30 6,98 Centro-oeste 15,70 18,80 6,41

Sul 6,50 6,80 15,05

Sudeste 6,00 10,80 42,65 Nordeste 3,30 18,30 28,91 Total 100,00 100,00 100,00

Fonte: PHILIPPI JR., 2005

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23

2.2.4 A água no Estado e na região metropolitana de São Paulo

O Estado de São Paulo, comparado com alguns estados, possui uma disponibilidade hídrica média de 2.209 m3/habitante/ano, que poderia ser considerada muito boa (vide Tabela 4). Porém, o problema todo reside no fato de que o consumo está concentrado nos grandes centros urbanos.

Estado Disponibilidade Hídrica Consumo per capita

(m3/hab/ano) (m3/hab/ano)

Maranhão Rica 16.226 61 Rio Grande do Sul Rica 19.792 1015 Paraná Rica 12.600 189 Minas Gerais Rica 11.611 262 Piauí Suficiente 9.185 101 Rio de Janeiro Suficiente 2.189 224 São Paulo Suficiente 2.209 373 Rio Grande do Norte Pobres 1.654 207 Alagoas Pobres 1.692 159 Paraíba Critico 1.394 172 Pernambuco Critico 1.270 268

Fonte: Rebouças et al., 2002

Tabela 4 – Disponibilidade Hídrica do Brasil.

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24

Os problemas de escassez que ocorrem atualmente na região metropolitana de São Paulo são causados pela forte demanda e pelo comprometimento da qualidade dos mananciais superficiais, que se encontram com elevados níveis de poluição (ISA, 2002).

A falta de planejamento e responsabilidade, a exploração excessiva, o assoreamento dos rios, a poluição que tem provocado a contaminação dos rios, córregos e represas, a ocupação desordenada das regiões de mananciais e o desperdício complementam o quadro caótico da escassez de água potável.

Segundo ISA (2002, p.7)

Problemas decorrentes da má gestão dos recursos hídricos têm levado a Grande São Paulo a se transformar em um enorme mata-borrão que suga água de outras regiões através de barragens, reversões de rios, adutoras e canais. São obras enormes, com custo altíssimo e grande impacto ambiental e social durante o processo de implantação, para trazer mais água para ser mal utilizada e desperdiçada. Enquanto isso, os mananciais continuam sendo invadidos e contaminados com esgoto, lixo e produtos químicos, e o abastecimento permanece precário.

2.2.5 Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo

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25

Fonte:IRITANI e EZAKI, 2008

Figura 4 – Mapa (s.e.) de Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo mostrando os principais aqüíferos e suas potencialidades.

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UGRHI * DISPONIBILIDADE (m3/s)

01 - Mantiqueira 02 - Paraíba do Sul 03 - Litoral Norte 04 - Pardo 05 - Piracicaba/ Capivari/ Jundiaí 06 - Alto Tietê 07 - Baixada Santista 08 - Sapucaí/Grande 09 - Mogi-Guaçú 10 - Tietê/Sorocaba 11 - Ribeira de Iguape/Litoral Sul 12 - Baixo Pardo/Grande 13 - Tietê/Jacaré 14 - Alto Paranapanema 15 - Turvo/Grande 16 - Tietê/Batalha 17 - Médio Paranapanema 18 - São José dos Dourados 19 - Baixo Tietê 20 - Aguapeí 21 - Peixe 22 - Pontal do Paranapanema

2,0 20,1 8,2 10,0 24,0 19,1 15,0 10,8 16,8 7,8 57,9 11,0 12,9 25,0 10,5 10,0 20,7 4,4 12,2 10,9 11,6 15,2

Subtotal 336,1

Sistema Aquífero Guarani

confinado 152,0

Estado de São Paulo 488,1

FONTE: FIESP, 2005

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O Estado de São Paulo é atualmente o maior usuário das reservas subterrâneas do país. Cerca de 65% da zona urbana e aproximadamente 90% das suas indústrias são abastecidas, de forma parcial ou total, por poços (AGUA, 2008). A cidade de Ribeirão Preto, localizada no interior do Estado de São Paulo, é totalmente abastecida por reservas subterrâneas. Considerando apenas a região metropolitana de São Paulo, por volta de 3 milhões de habitantes recebem água proveniente de poços profundos (AGUA, 2008).

A vazão disponível do Aqüífero Guarani no estado de São Paulo é de aproximadamente 152 m3/s, e este aqüífero encontra-se a uma distância de até 200 metros da superfície, na região de Araraquara e Ribeirão Preto, localizada no interior do Estado de São Paulo (AGUA, 2008).

Várias cidades do oeste paulista, são abastecidas com água subterrânea dos Aqüíferos Bauru e Guarani, com boa produtividade, qualidade natural de água e com baixo custo de exploração (IRITANI e EZAKI, 2008).

2.2.6 A contaminação da água

Num raciocínio simplista, o meio físico é formado pelo solo, pela água e pelo ar. Esses elementos interagem entre si; e isto significa que o resíduo descartado no solo cedo ou tarde irá contaminar a água e o ar, e assim por diante. Isso significa dizer que os resíduos descartados nos rios, quando em decomposição, originam substâncias tóxicas,que podem atingir outros locais bem distantes da fonte poluidora, aumentando a área de contaminação do meio ambiente (FERREIRA e CUNHA, 2005)

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Segundo Tocchetto (2009, p.2)

A relação do homem com o meio ambiente, baseada no descomprometimento, e na irresponsabilidade, poderá consumar as previsões mais catastróficas quanto a escassez dos recursos naturais, sobretudo da água, inviabilizando dentro de poucos anos, a vida na Terra. Portanto, é fundamental ter daqui para diante uma visão fundamentada nos princípios da sustentabilidade, racionalização e responsabilidade, dentro da qual, somos parte integrante do meio ambiente.

Dependendo do nível de contaminação da água, pode inviabilizar o uso, ou tornar técnica e economicamente inviável o seu tratamento. As substâncias tóxicas produzidas nos diversos processos industriais, nas atividades humanas, e na agricultura com o uso de defensivos agrícolas sem controle representam um grande perigo ao meio ambiente.

Existem também produtos consumidos normalmente pela sociedade, que representam uma grande ameaça ao meio ambiente. Diariamente a sociedade gera uma quantidade enorme de resíduos tóxicos, a partir de produtos consumidos e descartados de forma irresponsável, como por exemplo, lâmpadas, pilhas, medicamentos, inseticidas, tintas, produtos de limpeza, combustíveis, equipamentos eletrônicos, dentre outros, sendo que na grande maioria das vezes, esses produtos serão depositados em lixões a céu aberto, sem os devidos cuidados com os mananciais de água, solo e atmosfera (CETESB, 2007).

A qualidade da água é uma questão tão importante quanto sua escassez.

Segundo SVMA (2004, p.48)

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Na ultima década o problema da degradação dos mananciais no Brasil teve um aumento muito grande, em torno de dez vezes, conforme o relatório “O Estado Real das Águas do Brasil”, lançado em Brasília pela Defensoria da Água, Cáritas e UFRJ. Isto foi constatado em 20 mil áreas diferentes do país (número maior do que o reconhecido pelos dados do Ministério de Saúde, que é de 15.200 áreas), e o despejo de material tóxico proveniente das atividades agroindustriais e industriais é a principal fonte de contaminação. As atividades industriais e agroindustriais são responsáveis por 90% do consumo das águas, e quando da devolução a natureza dessas águas, estas estão completamente contaminadas. (FERREIRA, et al, 2003)

O relatório elaborado para as cinco regiões brasileiras mostra uma situação problemática similar nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O levantamento feito nessas regiões, com uma população estimada de mais de 40 milhões de pessoas, mostra que muitas áreas hoje estão consideradas contaminadas, e há cinco anos não.

A falta de controle ambiental, tratamento e destinação final de resíduos gerados no processo produtivo, no caso das indústrias, é o fator mais preocupante nesse caso, cuja predominância ocorre na região Sul.

No Brasil, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), a falta de saneamento na zona urbana vem acarretando elevadas concentrações de N-Nitrato na água subterrânea, além de bactérias patogênicas e vírus. O nitrato infiltrado no solo, (composto a base de nitrogênio) se ingerido em elevada concentração pode ocasionar metaemoglobinemia (cianose), conhecida como “síndrome do bebê azul”, que afeta a capacidade de transporte do oxigênio no sangue dos bebês (CETESB, 2007).

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contaminar extensas áreas, sendo que as principais fontes de contaminação por nitrato provem da aplicação de fertilizantes nitrogenados, fossas negras, vazamentos das redes coletoras de esgoto e contaminação na zona de captação de poços (CETESB, 2007).

A grande e desordenada expansão urbana com o conseqüente aumento do numero de fossas sépticas, é responsável pela contaminação por compostos nitrogenados (inicialmente há a formação de amônia que normalmente se oxida a nitrato), contaminantes microbiológicos e em alguns casos, substancias orgânicas sintéticas.

Segundo Bouguerra (2004, p.167):

O ser humano bebe 80% de suas doenças.

Essa é uma preocupação muito antiga, no que diz respeito a água. Vitruvio (2007, p.404), já tinha escrito:

Encontram-se também espécies mortíferas de água, que, ao percorrerem terras com seiva maléfica, absorvem o seu forte veneno,... sendo privados da vida os que, imprudentes, dela bebiam.

O índice médio de domicílios no Estado de São Paulo com esgotamento sanitário é de cerca de 50,6%, e o tratamento é de 28,2%. Além disso, nas duas últimas décadas houve grande aumento das áreas cultivadas, onde o uso intensivo de fertilizantes e insumos nitrogenados tem favorecido o aparecimento desse composto (N-NITRATO) nas áreas rurais, onde currais, pocilgas, granjas e áreas de pastagens também são fontes consideradas (CETESB, 2007).

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Um dos principais meios de contaminação das águas subterrâneas são os poços desativados, pois muitos são esquecidos ou abandonados sem o devido cuidado no que diz respeito à contaminação, permitindo-se a entrada de contaminantes no aqüífero. Poços mal construídos ou destampados também se constituem uma fonte de contaminação dos aqüíferos, pois podem carrear substancias presentes nas águas de chuva (IRITANI e EZAKI, 2008).

Inúmeras causas e formas podem causar a infiltração de contaminantes no solo, sejam acidentais, intencionais ou por negligência e desconhecimento (vazamentos de substâncias, explosões, descartes/despejos de resíduos etc.). As fontes de contaminação podem ocorrer de forma pontual, como vazamento de tanques ou disposição de resíduos no solo contaminando um local restrito; ou de forma difusa como aplicação de pesticidas ou vazamentos da rede coletora de esgoto, comprometendo uma área bem maior (IRITANI e EZAKI, 2008).

Segundo Iritani e Ezaki (2008, p.50)

As fontes de poluição podem ser classificadas por tipo de atividade em: urbana, rural e industrial. Entre os problemas urbanos, os mais comuns são a contaminação por efluentes advindos de fossas negras ou fossas sépticas mal construídas, lixões e aterros (sem impermeabilização de base), vazamento na estação de tratamento de efluentes, por meio de infiltrações no subsolo, vazamentos de tubulações e tanques subterrâneos, como redes coletoras de esgoto e tanques de combustível.

Os rios também podem afetar a qualidade das águas subterrâneas, uma vez que eles podem agir como área de recarga dos aqüíferos, e como se sabe, o lançamento de esgotos (domiciliar e industrial) diretamente nos rios é pratica comum em todo o país (IRITANI e EZAKI, 2008).

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nas fossas negras ou que vazam das redes coletoras. Esses microorganismos patogênicos causam problemas como diarréia e outras doenças (ZOBY, 2005).

Outro contaminante encontrado nos aqüíferos é o chorume gerado na decomposição do lixo depositado em lixões e aterros. O chorume apresenta alta concentração de substâncias orgânicas, inorgânicas e patogênicas, e quando depositado no solo de maneira imprópria (sem impermeabilização na base e tratamento do chorume), se infiltra no solo e contamina o aqüífero (ZOBY, 2005).

Áreas com alta densidade industrial e com índices pluviométricos elevados estão sujeitas a chuva acida, pela precipitação de enxofre. Essa chuva acida penetra nos aqüíferos, se estiver em área de recarga (RIBEIRO, 2008).

Existe atualmente uma quantidade muito grande de substâncias perigosas que podem causar contaminação dos aqüíferos, porem os solventes e os metais pesados é que requerem um cuidado maior, em função da dificuldade de tratamento, e custos muito elevados (CETESB, 2007).

No Estado de São Paulo, a CETESB exige licenças específicas para as atividades industriais com potencial para contaminar a água subterrânea.

Na atividade rural a aplicação de fertilizantes e pesticidas de forma inadequada, e o descarte incorreto de embalagens vazias de produtos tóxicos são as principais fontes de poluição da água subterrânea, pois esses produtos, após sua aplicação na lavoura, são levados pela água da chuva ou da irrigação, se infiltrando no solo, levando as substâncias tóxicas para a água subterrânea (IRITANI e EZAKI, 2008). Alguns pesticidas são extremamente tóxicos, e demoram muito tempo para se degradar, como é o caso dos hidrocarbonetos clorados (DDT, Aldrin, Dieldrin, Chlordane, Heptachlor, Endrin etc.), que tiveram seu uso proibido (IRITANI e EZAKI, 2008).

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exposição dos materiais às intempéries, pode ocorrer seu carreamento a corpos d’água e infiltração no subsolo. Alguns minerais em contato com o ar e à água se oxidam, produzindo ácidos que alteram as características naturais do meio onde se encontram, provocando a dissolução de metais tóxicos na água. Outro problema sério que ocorre com a atividade mineradora, é que após o término da mineração, a grande maioria das cavas é abandonada, e acabam sendo utilizadas como lixões, favorecendo a contaminação dos lençóis freáticos (IRITANI, EZAKI, 2008).

No Estado de São Paulo, o processo de avaliação e gerenciamento de áreas contaminadas iniciou-se em 2002, com a publicação pela CETESB do Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas e da primeira listagem das áreas contaminadas do Estado, num total de 255 áreas (CETESB, 2007).

A última atualização do Cadastro de Áreas Contaminadas, realizada em novembro de 2006, totalizou 1822 áreas contaminadas, considerando todas as etapas de seu gerenciamento. Da totalidade das áreas contaminadas cadastradas, 74% referem-se a postos de serviço, principalmente combustíveis, e os principais contaminantes que atingem o solo e as águas subterrâneas são substâncias constituintes da gasolina e do óleo diesel (benzeno, tolueno, etilbenzeno, xileno, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, entre outros) que, em determinadas concentrações, podem ser tóxicas ao ser humano, causando doenças, inclusive câncer.

A atividade industrial engloba 15% dessas áreas, e os poluentes mais comumente encontrados nessas áreas foram os solventes aromáticos, combustíveis líqüidos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, metais e solventes halogenados. Esses poluentes, devido à presença do elemento carbono em sua composição, são chamados de substâncias orgânicas sendo geradas ou sintetizadas em decorrência da ação do homem (CETESB, 2007).

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85.000 substâncias químicas, porem somente são conhecidos os efeitos para o homem e meio ambiente de aproximadamente 7.000 substâncias. Deve se lembrar ainda que a cada ano são descobertos e sintetizados de 1000 a 2000 compostos, sendo que pouquíssimos tem sua avaliação toxicológica determinada (CETESB, 2007).

Essas substâncias requerem cuidados especiais em seu manuseio, e disposição final, devido à sua ação tóxica, e ao seu comportamento, quanto à sua persistência e interação com o solo e com as águas subterrâneas (CETESB, 2007).

A região de Jurubatuba, localizada no bairro de Santo Amaro, zona Sul do município de São Paulo possui desde a década de 1940 a presença de indústrias dos mais diversos segmentos industriais (química, farmacêutica, metalúrgica e alimentícia). O crescimento desordenado e sem planejamento da cidade fez com que a ocupação do solo fosse feita em espaços contíguos de indústrias e residências. Nessa região ocorreu um episódio que pode ser considerado um exemplo de gerenciamento de solos e águas subterrâneas contaminadas, associado à gestão da qualidade e quantidade dos recursos hídricos subterrâneos (CETESB, 2007).

A partir da emissão de uma auto-denúncia realizada em 2001 por uma empresa que se instalou numa área ocupada anteriormente por outra empresa desde a década de 1960, foi detectada a presença de solventes clorados na água subterrânea, não sendo a contaminação associada às atividades produtivas realizadas pela empresa atualmente instalada (CETESB, 2007).

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A partir daí o DAEE suspendeu as outorgas e obrigou a lacração de sete poços tubulares localizados nas imediações, e que também apresentaram contaminação por solventes clorados (CETESB, 2007).

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) estabeleceu uma Área de Restrição e Controle, de forma a disciplinar e restringir o uso das águas subterrâneas dessa área, até a sua completa remediação e comprovação de sua qualidade para o uso a que se destinaria (CETESB, 2007).

Outro exemplo de contaminação do solo e das águas subterrâneas ocorreu no Recanto dos Pássaros, loteamento residencial em Paulínia, localizado na Região Metropolitana de Campinas (CETESB, 2007).

Em 1972 foi instalada, no município de Paulínia, a Refinaria do Planalto Paulista - REPLAN, considerada a maior processadora de Petróleo do Brasil, produzindo diversos derivados do petróleo. Como conseqüência, ao seu redor instalaram-se também diversas indústrias ligadas ao setor petroquímico.

Uma dessas empresas instaladas no entorno da refinaria, fabricou agrotóxicos organoclorados (Aldrin, Endrin e Dieldrin), que entre 1975 e 1993, durante os anos de fabricação, vazaram e atingiram a água subterrânea. Os vazamentos destes componentes químicos contaminaram os poços de abastecimento dos moradores do bairro Recanto dos Pássaros (CETESB, 2007).

A partir de 1985 a comercialização das substâncias organocloradas, tais como Aldrin, Endrin e Dieldrin foi proibida no Brasil, exceto o comércio de iscas para formigas e cupinicida destinados a reflorestamentos elaborados à base de Aldrin, sendo que a fabricação para exportação desses produtos continuou até 1990 (CETESB, 2007).

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por estarem associados à incidência de câncer e a disfunções dos sistemas reprodutor, endócrino e imunológico.

Em 1994, no levantamento do passivo ambiental da empresa Shell, para fins de transação comercial, foi identificada uma rachadura em um reservatório de contenção de resíduos, o que propiciou a contaminação do lençol freático (CETESB, 2007).

A empresa Shell então instalou uma barreira hidráulica para contenção das plumas, que poderiam atingir o rio Atibaia, que está nas proximidades da área contaminada, pois esse procedimento fazia parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), acertado junto ao Ministério Público. Também foi determinada a remoção e tratamento do solo contaminado (CETESB, 2007).

No ano de 2000, a CETESB detectou a existência de “dieldrin” na água subterrânea com concentrações até 11 vezes acima do padrão de potabilidade (CETESB, 2007).

Em 2001 a empresa foi obrigada a retirar os moradores do loteamento e a custear o seu tratamento médico, pois os exames clínicos realizados indicaram a contaminação crônica em grande parte dos moradores (CETESB, 2007).

Esses exames detectaram vestígios do resíduo no organismo e tumores hepáticos e da tireóide, bem como a presença de vários metais pesados no organismo de alguns moradores (CETESB, 2007).

A contaminação dos moradores do bairro ocorreu por consumo da água, e por consumo de frutas e verduras produzidas na região, e irrigadas com a água retirada de poços no local (CETESB, 2007).

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evidentes prejuízos à saúde de populações, ao meio ambiente e ao patrimônio (CETESB, 2007).

Segundo a Cetesb (2007, p.134):

“Fica patente a necessidade de articulação das diferentes instâncias do poder público para lidar com as demandas referentes à gestão dos meios solo e águas subterrâneas, estabelecendo a correta ordenação espacial do ambiente, e do uso de ferramentas preventivas e corretivas, para a gestão adequada desses recursos ambientais”.

Segundo Aldo Rebouças (FAPESP, 2007) o Brasil possui uma descarga média de água doce de 34 mil metros cúbicos per capita/ano, o que é a maior descarga do mundo, e ainda comenta o seguinte:

Aqui não falta água, falta água boa. Todas as águas estão contaminadas pelo esgotamento sanitário. Assim, fica difícil explicar ao mundo de água escassa que até nas cidades mais importantes da região amazônica, tais como Manaus e Belém, quase metade das populações que aí vivem esteja sujeita aos mesmos problemas de saneamento básico que ocorrem nas regiões metropolitanas de Recife ou São Paulo, por exemplo.”

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2.2.7 O Desperdício de Água

O ditado popular “sabendo usar não vai faltar” continua atual. As conseqüências do desperdício da água serão cobradas num futuro próximo de todos os setores da sociedade, pois a água é um recurso limitado.

Mundialmente a irrigação na agricultura consome quase 70% do que é captado, número semelhante ao consumo brasileiro para este fim. Os 30% restantes são de uso doméstico e industrial. Todos esses consumidores usam a água de uma maneira abusiva (REBOUÇAS et al, 2006).

A água na irrigação da agricultura é um elemento fundamental, e cerca de 19% das áreas cultivadas globalmente são irrigadas. Porém como elas costumam produzir mais de uma safra por ano, a participação das áreas cultivadas e irrigadas na produção mundial de alimentos é proporcionalmente maior, atingindo até 40% (PAZ et al, 2000).

Segundo Ribeiro (2008, p. 40)

A tendência é aumentar ainda mais o consumo de água na agricultura. Com o avanço dos sistemas de irrigação, áreas consideradas impróprias ao cultivo são incorporadas à produção, como ocorreu em Israel.

A pratica de irrigação no Brasil somente se iniciou em 1970, o que explica a pouca área irrigada no país (3 milhões de hectares irrigados). Existem vários modelos de irrigação praticados nas diferentes regiões do país. Porém as áreas normalmente irrigadas são encontradas onde há o cultivo de arroz e grãos, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Nordeste, a irrigação está concentrada na fruticultura (AMBIENTEBRASIL, 2009).

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irrigando uma área circular ao seu redor. Em todos esses casos, as plantas só recebem uma parte pequena da água. O resto evapora ou escorre para corpos d'água próximos. Muitas vezes, isso provoca erosão, salinização da água, contaminação com agroquímicos, e a eutrofização dos corpos d água (CETESB, 2007).

O sistema de gotejamento é uma técnica que pode reduzir em até 50% a água necessária. Consiste em um duto que passa ao longo das raízes das plantas, pingando apenas a água necessária (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Os sistemas de irrigação tradicionais exigem 40% mais água para produzir tomates do que os sistemas de gotejamento (AMBIENTE BRASIL, 2009).

Um percentual significativo da água consumida na agricultura é exportado sob a forma de mercadorias agrícolas para outros países. Estima-se um volume anual em torno de 1 trilhão de m3 de água. A questão da exportação desses produtos, inclusive de produtos industrializados, manufaturados ou não, está intimamente ligada ao consumo de água na sua produção, pois para cada tonelada produzida também se exporta água, que não raro é mais difícil de se obter do que o próprio produto (REBOUÇAS et al, 2006).

Alguns produtos necessitam de uma quantidade muito grande de água para a sua produção, e já encontram dificuldades ambientais para serem produzidos em alguns países, necessitando de serem importados de países com abundancia de solo e recursos hídricos como o Brasil. Alguns exemplos de consumo de água na produção de itens estão descritos a seguir (BOUGUERRA, 2004 e REBOUÇAS et al, 2006):

- 400.000 litros de água para fabricar um automóvel

- 750.000 litros de água para produzir uma tonelada de papel-jornal - 22 copos de água para produzir um copo de suco de laranja - 180 litros de água para produzir um ovo em granja

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Essa água exportada de forma indireta, ou seja, água utilizada na produção de alimentos e produtos manufaturados, também é conhecida como “água virtual” (Domingues, 2010).

A água é utilizada nas indústrias de diversas maneiras: - no resfriamento de seus equipamentos;

- na lavagem de equipamentos; e

- como solvente na diluição de poluentes.

Mundialmente a indústria consome 20% de toda a água doce. Sendo que esse percentual é maior em países mais industrializados, como na Alemanha, onde o consumo industrial atinge 68%; e menor nos países pobres como a Turquia, onde o consumo é de apenas 10% (RIBEIRO, 2008).

Algumas indústrias, no entanto, utilizam grandes quantidades de água no seu processo. No final da década de trinta para se produzir uma tonelada de aço, entre 60 e 100 toneladas de água eram consumidas. Hoje, com o avanço da tecnologia, é possível reduzir esse volume a menos de 6 toneladas de água. Se comparado com o de outros setores, o consumo ainda é alto. Só para se ter uma comparação, a produção de alumínio gasta apenas 1,5 toneladas de água para cada tonelada de produto produzido (CETESB, 2007).

Atualmente no Brasil, e no mundo, as grandes indústrias tem programas de racionalização no consumo de água, que inclui reaproveitamento e reuso, pois o custo de obtenção da água tem se tornando cada vez mais alto. A indústria de bebidas Ambev, por exemplo, reduziu a captação de água das suas fabricas em nove milhões de metros cúbicos anuais (AMBIENTEBRASIL, 2009).

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vassoura hidráulica) estão incorporados a nossa cultura (AMBIENTEBRASIL, 2009).

Hoje 46% da água potável distribuída pelas empresas de saneamento do País são desperdiçados (aproximadamente 5,8 bilhões/m3 por ano). É um número muito alto, considerando os seus efeitos, tais como, desabastecimento, problemas à saúde da população e prejuízos financeiros (SOARES, 2004).

O Brasil ,juntamente com o México, é um dos países que mais desperdiçam água limpa. O Instituto Socioambiental (ISA) em um levantamento feito com base nos dados fornecidos pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) no ano de 2004, em 27 capitais brasileiras, revelou que o desperdício em vazamentos, fraudes e submedições chega a 6,14 bilhões de litros por dia. Esse é um volume suficiente para abastecer por um dia 38 milhões de pessoas, ou toda a população da Argentina (WHATELY, 2010).

Dentre as capitais brasileiras, Porto Velho é onde se encontra a pior situação de descaso com o abastecimento público de água: 78,8% de desperdício. Em São Paulo cuja rede de água tem 17.293 quilômetros (CAMPOS et al, 2006) o tamanho das perdas também é grande, em torno de 30,8%, menor do que a média das capitais cuja estimativa em 2001 era de 33,5% (AMBIENTEBRASIL, 2009).

As Associações Brasileiras de Empresas Estaduais de Saneamento (AESBE) e de concessionárias de saneamento básico (ABCON) consideram que as perdas estariam em um patamar aceitável com índices variando entre 15% e 20%.

O Japão tem perda de apenas 4% (SOARES, 2004).

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Os dados fornecidos pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades, em um levantamento feito no ano de 2004, e atualizados pela Sabesp em 2007, apontam que 65% das perdas na cidade de São Paulo, são causa direta de vazamentos (BALAZINA e CREDENDIO, 2007). Nos países do terceiro mundo e nos países em desenvolvimento ocorrem perdas significativas, acima de 30%. Numa comparação, as perdas registradas na Cidade do México poderiam abastecer a cidade de Roma (AMBIENTEBRASIL, 2009). Segundo a AESBE (Associação Brasileira das Empresas de Saneamento), os materiais empregados nas tubulações de água, são materiais muito frágeis, com muitas juntas, que permitem mais vazamentos.

A empresa de águas de Limeira, no interior de São Paulo, executou um trabalho de substituição da rede antiga, utilizando tubos com comprimentos maiores, menos juntas, e materiais mais resistentes. Foi um trabalho que levou sete anos para ser executado, porém as perdas caíram de 45% para 18%. (BALAZINA e CREDENDIO, 2007).

Essa empresa que explora a distribuição de água em Limeira é uma empresa privada de origem francesa (Suez Lyonnaise dês Eaux), e a maior operadora de distribuição de água na America Latina. É considerada uma das dez maiores do mundo (RIBEIRO, 2008).

Numa residência, o banheiro é o lugar onde ocorrem os maiores desperdícios. Somente a descarga de um vaso sanitário gasta até 30 litros de água. Uma alternativa mais econômica é a caixa acoplada ao vaso sanitário, já extensivamente usada, com capacidade para apenas seis litros.

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Desde 1962, o geólogo Aldo Rebouças alertava que a má gestão e o uso inadequado da água iriam comprometer seriamente a qualidade e a oferta do produto (FAPESP, 2007).

Rebouças afirma que: “O cidadão brasileiro precisa ser informado ao máximo para utilizar de forma cada vez mais eficiente cada gota d’água disponível. Reduzindo-se os desperdícios nas grandes cidades onde ainda se utilizam bacias sanitárias que necessitam de descargas que consomem de 18 a 20 litros, quando se tem modelos no comércio que necessitam de apenas 6 litros” (FAPESP, 2007). Segundo esse mesmo estudo:

Rebouças sugere reiteradamente que é preciso investir mais no homem e menos em obras: “Não adianta construir barragens se os homens não sabem usá-las”. Cita o exemplo de regiões em Israel e nos Estados Unidos, com o mesmo clima, e que são bastante prósperas. Para ele, a seca do Nordeste deveria ser encarada como uma oportunidade. “Tudo que se planta no semi-árido dá, ele não é um solo pior para o cultivo que os outros. E ainda salienta: “O país vai precisar sofrer o que estão sofrendo os países carentes de água para aprender”.

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Figura 1 – Precipitações pluviométricas na Terra   Segundo Ribeiro (2008, p. 19):
Tabela 1 – Estimativa do volume total de água na terra.
Tabela 2 – Disponibilidades Mundiais e Consumos de água.
Figura  2  –  Classificação  dos  aqüíferos  de  acordo  com  o  tipo  de  porosidade  de  rocha
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Referências

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