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DISGERMINOMA DO OVÁRIO EM CADELA

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE ANATOMIA PATOLÓGICA

Diretor: Prof. Dr. Euclydes Onofre Martins

DISGERMINOMA DO OVÁRIO EM CADELA

(OVARIAN DYSGERMINOMA IN BITCH)

L . Zc z z a Ne t o I n s tru to r

A. M. S a l i b a Prof. A ssistente D o u tor

R . Gr e c c i i i I ns tru to r

M . Ma r ia n o P rof. A ssistente Docente

Deve-se a Roueht Me y e r (1931) a denominação de disgermi-

noma a tumores que no ovário reproduzem quadro típico de semi- nomas testiculares. Meyer admitiu, para êstes blastomas, origem nas células derivadas da gônada primitiva em fase muito precoce e antes que as células sexuais verdadeiras tenham comunicado seus caracteres definitivos.

De acôrdo com Ewing (1948) neoplasias desta natureza são sempre malignas e podem se apresentar na mulher em diferente*, idades, mas de preferência nos primeiros anos de vida, daí serem denominados de “carcinoma puellarum” por No v a k e No v a k (1958).

Na patologia humana algumas centenas de casos são descritos, contrastando com a patologia veterinária. Mo u l t o n (1961) chama

a atenção para a raridade do encontro de tais blastomas em ani­ mais domésticos e revendo a literatura prova tal fato, pois, nela somente vê catalogados dois casos, ambos em fêmeas bovinas, um descrito por Ba l l e Po m m i e r (1929) e outro por Ch a b a s s e (1954).

Revendo a literatura comprovamos a veracidade da observa­ ção de Mo u l t o n (1961) e somente podemos adicionar um caso às

suas citações, êste em Gallus gallus, citado por Ma c h a d o e col.

(1963).

No presente relato descrevemos, talvez, o primeiro caso de se- minoma ovariano em cadela, que ocasionalmente por nós foi en­ contrado em necroscopia.

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924 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 7, fase. 4, 1968

MATERIAL E MÉTODOS

O material do presente estudo foi constituído por tumor ova- riano, obtido através de necroscopia de animal da espécie canina, sexo feminino, da raça Boxer, com 10 anos de idade. (Registro AP. 7481).

O tumor foi descrito em suas minúcias e uma vez cortado, fragmentos foram fixados em formol neutro a 10f< e posterior­ mente incluídos cm parafina. Os preparados obtidos foram cora­ dos pela Hematoxilina Eosina, Van Gieson e Foot Wilder.

RESULTADOS

Observações necroscópicas — O exame dos órgãos “in situ” revelou ovário direito aumentado de volume e cístico. Na região do ovário esquerdo notou-se grande formação tumoral.

Ao exame dos órgãos em separado notamos o ovário direito com múltiplos cistos, cujos diâmetros variavam entre o da cabeça de alfinete ao de ôvo de pombo. Tais cistos apresentavam a parede transparente e continham em seu interior substância fluida, límpida e incolor.

F ig . 1 — Aspecto m icroscópico ilo tu m o r, m o stra nd o e stru tu ra s sem e­ lh ante s a tu b u lo s sem inííeros. Pode-se a in d a v e rific a r que o estrom a tio tu m o r é reduzido. Nota-se ta m b é m que as cé lu la s tu m o ra is se assentam sòbre m e m b ra n a de n a tu re z a c o n ju n tiv a . C ol. H .E . A u m e n to 35 X.

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Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 7, fase. 4, 1968 925

Fig. 2 — D e talhe d a fo to m ie ro g ra fia an te rio r m o stra nd o célu las com núcleo p icnótlco e cito p la sm a com delicados pro long am e nto s. Col. H. E.

A u m e n to 250 X .

O exame do ovário esquerdo revelou que êste estava transfor­ mado em massa tumoral, cuja superfície externa era bastante ru- gosa, de côr esbranquiçada e carente de cápsula. A tumoração tinha as dimensões de laranja lima e ao corte sua côr era esbran­ quiçada, seu aspecto era homogêneo e firme, notando-se um ou outro cisto, do qual fluiu líquido amarelo acastanhado, de consis­ tência viscosa.

Exame microscópico — Observamos neoplasma formado por células grandes, que imitam o epitélio seminífero, compondo es­ truturas bastante semelhantes aos túbulos seminais. Estas células por vêzes apresentavam citoplasma escasso e não raro com ver­ dadeiros prolongamentos, têm núcleo volumoso que se apresenta bem corado. As células tumorais mais próximas do estroma se assentam sôbre delicada membrana de natureza reticular e entre as células tumorais evidencia-se escasso e delicado retículo. Obser­ vamos com freqüência inúmeras e aberrantes figuras de mitose. O estroma era formado por tecido conjuntivo, rico em fibras colágenas e reticulares. Não raro o tecido conjuntivo se apresen­ tava hialinizado e com infiltração linfocitária, notando-se ainda vasos do tipo capilar.

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926 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo — Vol. 7, fase. 4, 1968

Em outros locais as células tumorais eram pequenas e se as­ semelhavam bastante a linfócitos, não se apresentando em dispo­ sição tubular, mas sim, formando grandes massas ricas em figu­ ras de reprodução celular.

COMENTÁRIOS

Sem dúvida alguma o disgerminoma do ovário pertence ao grupo dos neoplasmas malignos, no entanto, a sua malignidade não é comparável com a do carcinoma ovariano primitivo.

No vak e Novak (1958) estudando essa neoplasia na mulher, acreditam que na m aioria dos casos a simples extirpação do tu ­ m or leva à cura completa. N a série de tumores dêste tipo estuda­ da pelos referidos autores, apenas 32% recidivaram a tratamento cirúrgico.

Afirmam, ainda categoricamente, que estas neoplasias cons­ tituem tipicamente um tumor dos primeiros anos de vida.

No caso em questão, é interessante se ressaltar que a cadcla contava 10 anos de idade, portanto, podendo ser considerada ani­ mal velho. Naturalmente havia necessidade do conhecimento clí­ nico do caso, para se poder dizer quando se iniciaram os sintomas, tudo indicando que o tumor seja realmente dos primeiros anos de vida, vindo a se manifestar bem mais tarde por fenômeno ainda desconhecido, talvez relacionado ao sistema endócrino.

Outro ponto a ser considerado é a malignidade histológica do tumor, contrastando com o seu comportamento, aparentemente be­ nigno, pois, apesar de não ser capsulado, o tumor não invadia os tecidos vizinhos e não deu metástases, o que comprovamos atra­ vés de acurado exame do cadáver.

A falta de outros dados nos impede documentar melhor o questão da evolução dessa neoplasia, no entanto nos damos por satisfeitos em poder chamar a atenção para a possibilidade do en­ contro, também, desta neoplasia no cão.

RESUMO

Estudamos neoplasia ovariana em cadela com 10 anos de ida­ de. As características do tumor possibilitaram diagnóstico de dis­ germinoma. O estudo histológico revelou alta malignidade, não sendo, no entanto, observadas metástases, Comentamos a evolu­ ção do tumor, sem concluir sôbre êste aspecto do problema, pela falta de dados clínicos.

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SUMMARY

A bitch 10 years old presented an ovarian neoplasm. Through its characteristics the tumour was classified as a dysgerminoma. The histological study revealed high malignity, but no metastasis was noted but no conclusion were drawn because of the lack of clinical information.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALL. V. & POMMIER, A. — 1929 - Cancer de l’ovaire. Epitheliome à cellules claires ou séminome chez une vache. Bull. Soc. Sci. vét., Lyon, 32:181-182.

CHABASSE, Y. 1954 — Séminome de l’ovaire chez la vache. Rec. Med.

vet., 110 :561-569.

EWING. J. 1948 — Oncologia. Barcelona, Salvat Editores S.A.

MACHADO, A. V.; LAMAS DA SILVA, J. M.; CURIAL, O.; TREIN, E. J.; SALIBA, A. M.; MARTINS. E. O.; CAVALCANTI, M. I.; SANTOS, J. A.; TOKARNIA, C. H ; DOBEREINER, J.; FARIA. J. E.; NOV- LOSKI, G. S.; COSTA PEREIRA, E. F. 1963 — Incidência de blas- tomas em animais no Brasil. Arch. Esc. Vet., Minas Gerais, 15: 327-401.

MOULTON, J. E. - 1961 — Tumours in domestic animals. University of California Press.

MEYER, R. — 1931 — In Ewing J. Oncologia Barcelona, Salvat. Editôores. NOVAK, E. & NOVAK, R. E. — 1958 — Tratado de Ginecologia. 5.“ ed.

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