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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Nº 1167/13 – MJG

HABEAS CORPUS N.º 118.265/MG

IMPTE:

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

PACTE:

JACÓ NETO DA COSTA

COATOR:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RELATOR: EXMO. SR. MIN. DIAS TOFFOLI

HABEAS CORPUS. PENAL. VIOLAÇÃO DE DIREITO

AUTORAL. ART. 184, §2º, CP. VENDA DE MÍDIAS

CDs PIRATEADOS. CONDENAÇÃO EM PRIMEIRO E

SEGUNDO GRAUS MANTIDA PELO STJ NO BOJO

DE RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PROVAS

BASTANTES A COMPROVAR A MATERIALIDADE E

A AUTORIA DELITIVAS. IMPRESTABILIDADE DA

PROVA PERICIAL. NÃO OCORRÊNCIA. COAÇÃO

ILEGAL NÃO VERIFICADA.

- Parecer pela denegação da ordem.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, nos autos

em epígrafe, diz a V.Exa. o que segue:

Trata-se de habeas corpus impetrado pela Defensoria

Pública da União, em favor de Jacó Neto da Costa, contra acórdão do

Superior Tribunal de Justiça, que, pela unanimidade dos membros de sua

Quinta Turma, negou provimento ao agravo regimental no REsp n.º

1.327.126/MG. Eis a ementa do julgado:

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Nº 1167/13 - MJG

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. MATERIALIDADE SOBEJAMENTE DEMONSTRADA. REVISÃO DAS CONCLUSÕES DO TRIBUNAL A QUO.

IMPOSSIBILIDADE. ÓBICE DO ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

1. A revisão das conclusões do acórdão recorrido, no tocante à comprovação da materialidade do crime de violação de direito autoral, é obstada, in casu, pela Súmula 7/STJ.

2. Agravo regimental improvido.”

Consta nos autos que o paciente foi denunciado como

incurso no art. 184, §2º, do Código Penal, após ser surpreendido com 183

(cento e oitenta e três) mídias de CD, reproduzidos com violação a direitos

autorais (e-STJ 5/8). A procedência da ação foi reconhecida em primeira e

segunda instâncias, impostas ao paciente as penas de 2 (dois) anos e 3 (três)

meses de reclusão, em regime inicial aberto, substituída por 2 (duas) penas

restritivas de direitos (e-STJ 207/213 e 272). Seguiu-se a interposição de

recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça, igualmente infrutífero

(e-STJ 355/357 e 370).

Nesta via, requer a “concessão da ordem de habeas

corpus para que seja reconhecida a atipicidade da conduta, em razão da

ausência de prova da materialidade do crime, absolvendo-se o paciente

com base no art. 386, inciso II, do Código de Processo Penal”.

Aduz que “os crimes contra a propriedade imaterial

são delitos contra o patrimônio, sendo indispensável a indicação precisa e

individualizada dos produtos apreendidos, informando a titularidade dos

detentores dos direitos autorais e conexos eventualmente violados”, o que

não teria sido observado in casu, já que “sua condenação pelo art. 184, §

2°, do Código Penal foi lastreada tão somente em laudo genérico,

superficial, que indica apenas que todos a as mídias apreendidas seriam

falsificadas, sem descrever, contudo, quais os títulos apreendidos e quem

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Nº 1167/13 - MJG

seriam as supostas vítimas do ilícito”. Declarada a nulidade absoluta na

confecção do laudo pericial, não haveriam provas suficientes a sustentar o

juízo condenatório, a conduta seria atípica, impondo a absolvição do agente

com lastro no art. 386, II, do Código Penal.

É o relatório.

Ab initio, é relevante distinguir a prolação de sentença

penal absolutória com base na insuficiência probatória (art. 386, II, CPP)

daquela fundada na atipicidade da conduta (art. 386, III, CPP): a primeira é

proferida diante do insucesso da instrução probatória para demonstrar a

ocorrência do evento criminoso, enquanto a segunda somente é autorizada

quando, diante da robusta atividade probatória, chega-se à conclusão de que

os fatos apurados em juízo não constituem crime.

A espécie vertente não se coaduna com nenhuma das

hipóteses do art. 386 do Código de Processo Penal, pois satisfatoriamente

comprovadas a autoria e a materialidade do crime de violação de direito

autoral (art. 184, §2º, CP). É o que se infere da sentença de primeiro grau

(e-STJ 208/210):

“Jacó Neto da Costa, interrogado também em juízo, disse que estava na feira do mercado e trabalhava na confecção de bijouterias e de repente houve um rebuliço no local com pessoas falando em 'federais'. Disse ter ouvido umas pessoas avisarem a outras sobre os CD's, mas não se preocupou porque não trabalha com venda de CD's. Relatou que foi encontrada uma mala que estava debaixo da sua banca. Os policiais indagaram sobre a mala que continha CD's, tendo o réu informado que a mala não fazia parte dos objetos que ele tinha levado para banca, não sabendo a quem pertencia a mala de CD's (fl. 88/89).

Os policiais Giovani Juventino e Luciano Pereira Barbosa confirmaram em juízo o relatório da apreensão dos CD's (fls. 08/09), informando que os CD's falsificados foram apreendidos com os réus (fls. 11/12). Depoimentos confirmados em juízo (fls. 153/154).

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A testemunha Osvanir Domingues disse em juízo conhecer o réu Jacó há 15 anos, sabendo que o mesmo trabalha com venda de bijuterias. Relatou nunca ter visto o réu vender cd's (fl. 151).

A testemunha João Carlos Alves disse conhecer o réu Pedro Jorge. Informou que estava em sua loja no dia dos fatos, sendo que o material apreendido estava no arquivo de estoque, sendo que tal material era para ser vendido como produto de decoração (fl. 150).

A história contada pelo réu Jacó Neto alegando que não sabia a quem pertencia a mala com cd's falsificados encontrada debaixo de sua banca não restou provada nos autos.

[...]

De outro lado, o simples fato de ter em depósito para fins de lucro produto de contrafação já constituiu o delito previso no art. 184, §2º do Código Penal.

Assim, não obstante a negativa dos réus, considerando a apreensão dos CD's falsificados, considerando que o laudo pericial constatou que os CD's eram produtos de contrafação, considerando o relato dos policiais que participaram das apreensões dos CD's, entendo não haver dúvidas de que os réus, com o intuito de lucro, tinham os CD's falsificados em seus estabelecimentos, configurando, assim, o delito previsto no artigo 184, §2º, do Código Penal.”

Por sua vez, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas

Gerais, debruçando-se sobre o apelo do corréu Pedro José Saraiva, atestou

a suficiência do laudo pericial para constatar a prática criminosa, atentando,

ainda, à existência de provas bastantes para corroborar o juízo condenatório

sobre o réu. Veja-se (e-STJ 274/276):

“A materialidade, ao contrário do que alega a Defesa de Pedro José Saraiva, encontra-se sobejamente demonstrada pelo auto de apreensão à f. 10 e laudo de autenticidade às f. 14-15, sem prejuízo da prova oral.

De fato, o laudo de f. 14-16 afasta qualquer dúvida, eis que os exames foram realizados com base nos padrões contidos nos materiais e informações de segurança dos produtos fornecidos pela ADEPI – Associação de Defesa da Propriedade Intelectual, atestando-se a falsidade dos 'CDs'.

[...]

Destaco que, no caso presente, a circunstância de os CDs contrafeitos apresentarem pequenas danificações não torna o crime impossível, pois tais defeitos não fazem com que os objetos sejam imprestáveis ao comércio.

Assim, estamos diante de uma hipótese em que há certa probabilidade de o crime ocorrer, o que, por si só, não é capaz de excluir a tipicidade do fato.

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Nº 1167/13 - MJG

Nesse sentido:

'Não exclui a existência da tentativa a utilização de meio relativamente inidôneo, quando há um perigo, ainda que mínimo, para o bem jurídico que o agente pretende atingir' (MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 7ª ed. V1. São Paulo: Atlas, 1992, p. 158).

Quanto à autoria, embora a Defesa de Jacó Neto da Costa afirme que não há elementos suficientes para condenação, analisando os autos constatamos que as provas são robustas para o édito condenatório.

Vejamos:

Os policiais militares que participaram da diligência que culminou na apreensão dos produtos contrafeitos afirmam que os CDs foram encontrados com os apelantes (f. 11-12 e 153-154).

Na banca em que Jacó trabalhava foi encontrada uma maleta contendo cento e oitenta e três CDs falsificados e, apesar disso, afirmou que não era proprietário da mala.

Já o apelante Pedro declarou que os dois mil e sessenta e sete CDs apreendidos em sua barraca eram de sua propriedade, mas não eram falsificados e seriam usados na fabricação de bijuterias.

Contudo, os apelantes não se desincumbiram de provar o alegado, nos termos do art. 156 do CPP.

Ademais, mesmo que os objetos apreendidos fossem usados para produção de bijuteria, tal fato não é capaz de tornar a conduta atípica, pois o art. 184, §2º pune quem 'com intuito de lucro direto ou indireto' 'adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor', 'sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente'.

Assim, induvidosas materialidade e autoria, há

suficientes razões para a manutenção do decreto

condenatório, não se vislumbrando qualquer ausência

de dolo na conduta.”

De outro lado, não há que falar em nulidade do exame

pericial realizado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Estado

de Minas Gerais. O aludido exame foi realizado em vista das características

externas do material periciado (código de barras, código de master IFPI,

número de catálogo, nome do fabricante, impressão da capa ilustrativa,

número de páginas da capa ilustrativa, impressão ilustrativa identificada

na parte superior dos CD's, VCD's e selo holográfico), conforme as

características informadas pela APDIF – Associação Protetora dos Direitos

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Nº 1167/13 - MJG

Intelectuais e Fonográficos do Brasil, sendo conclusivo no sentido de que

os objetos apreendidos com o paciente eram produtos de contrafação

1

(e-STJ 19/20).

Ademais, o caráter sumaríssimo de que se reveste a via

processual do habeas corpus não permite que, no âmbito estreito do writ

constitucional, discutam-se questões de natureza essencialmente probatória,

tais como aquelas pertinentes à materialidade do delito ou à configuração

de sua autoria.

Dessarte, opina-se pela denegação da ordem.

Brasília, 26 de setembro de 2013.

MARIO JOSÉ GISI

Subprocurador-Geral da República

1 “Ao final dos exames técnicos, constataram-se elementos de valor técnico-pericial que

autorizam os subscritores do presente laudo a afirmarem categoricamente que a totalidade das mídias de áudio e vídeo analisadas, foram reproduzidas ilegalmente, tratando-se deste modo, de produtos de CONTRAFAÇÃO.” (e-STJ 20).

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