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SISTEMAS DE APOIO À TOMADA DE DECISÃO EM PECUÁRIA DE CORTE 1. Ricardo P. Oaigen; João Pedro Velho; Júlio O. J. Barcellos

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SISTEMAS DE APOIO À TOMADA DE DECISÃO EM PECUÁRIA DE CORTE1

Ricardo P. Oaigen; João Pedro Velho; Júlio O. J. Barcellos

Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva – Dep. de Zootecnia - UFRGS

INTRODUÇÃO

Grandes avanços no aumento da produtividade de rebanhos de corte foram atingidos nos últimos anos, fruto da abundante pesquisa desenvolvida nas diferentes instituições do país, permitindo a geração e aplicação de novas tecnologias (Barcellos,1999). No entanto, nota-se que ao mesmo tempo em que ganhos de produção e produtividade foram alcançados, a situação econômica dos sistemas de produção piorou, fazendo com que muitos produtores saíssem da atividade. Como conseqüência de ter sido um negócio lucrativo e atraente no passado, o setor foi avesso às rupturas, arrastando-se como uma atividade reconhecidamente tradicional e de forte patrimonialismo (Vitorino Filho, 2002).

Este cenário agravou-se após a implantação do plano real, na década de 90, onde a estabilização econômica e a queda nos ganhos especulativos aliados a globalização da economia mundial, fez com que o setor agropecuário brasileiro viesse a passar por dificuldades. A redução da margem de lucro, aumento da competitividade, exigências por produção de carne de qualidade e de menor custo, fez com que a pecuária de ciclo longo, de baixa produtividade, com produção de carne de baixa qualidade se tornasse inviável economicamente.

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OAIGEN, R.P.; VELHO, J.P.; BARCELLOS, J. O. J. Sistemas De Apoio À Tomada De Decisão Em Pecuária De Corte. In: JORNADA TÉCNICA EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E CADEIA PRODUTIVA: TECNOLOGIA, GESTÃO E MERCADO, 1., Porto Alegre, 2006. Anais... Porto Alegre: UFRGS – DZ – NESPRO, 2006. 1 CD-ROM.

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Apesar destas reais dificuldades, muitas propriedades rurais ainda são gerenciadas de forma empírica, sem condições de obter a informação que orienta a tomada de decisão: o custo do produto. Portanto, fortalecer a gestão empresarial é um dos grandes investimentos a ser realizado. A gestão do negócio torna o crescimento do empreendimento rural viável, fazendo com que se fortaleça para o enfrentamento das crises, além de estar preparado para aproveitar as oportunidades (Oaigen et al. 2006).

Dentro do atual contexto sócio-econômico, gerenciar a atividade torna-se um meio imprescindível para a tomada de decisões racionais, reduzindo e controlando os riscos e assegurando o futuro do empreendimento. Análises de indicadores produtivos e financeiros, associado ao estabelecimento de controles dentro das propriedades rurais, tende a trazer avanços significativos na condução de um sistema de gestão.

O presente trabalho discute a importância da implantação de controles como suporte à tomada de decisão, devido à necessidade de uma análise detalhada dos sistemas de produção pecuários. A fim de justificar a discussão, são mostrados resultados analíticos em propriedades que utilizam estas ferramentas de suporte.

1. ESTRATÉGIA

1.1 Definições:

• Estratégia: origem nos combates, nas guerras e nas batalhas → atualmente meio empresarial e na administração das organizações como forma de preparação para a ação.

• Numa empresa, a estratégia está relacionada à arte de utilizar adequadamente os recursos físicos, financeiros e humanos, tendo em vista, a minimização dos problemas e a maximização das oportunidades do ambiente da empresa (Oliveira, 1988).

• O conjunto de decisões que determinam o comportamento a ser exigido em determinado período de tempo (Simon,1982).

• A estratégia não é, evidentemente, o único fator determinante do sucesso ou fracasso de uma empresa; a competência de sua administração é tão importante quanto a sua estratégia. A sorte também pode ser um fator,

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apesar de freqüentemente as pessoas chamarem de ‘boa sorte’ o que na realidade é produto de uma boa estratégia (Oliveira, 1988).

1.2 Implantação da estratégia:

Planejamento: Segundo Santos & Marion (1993) o planejamento é um processo contínuo e sistemático de tomada de decisões empresariais, com objetivo de obter melhor precisão nas decisões futuras, organização sistemática dos esforços necessários para programar estas decisões e as medidas para comparar os resultados com a expectativa.

Organização e estruturação pessoal e física: Definição de quem são as responsabilidades pela execução. Associado a organização do sistema de produção: área, logística e tempo.

Execução: Proprietário, Gerente, Capataz e Peões. i. Direção ou gerencia

1. Comando 2. Liderança 3. Motivação

Sistemas de controle: Direcionar as ações para aquilo que foi planejado. 1.3 Controle estratégico:

Medir desempenho: através do cálculo de indicadores financeiros e técnicos.

Comparar com padrões: os indicadores calculados estão na média de outros produtores? É importante que a metodologia empregada no cálculo destes indicadores seja similar.

Ações corretivas: Solucionar os problemas através da reorganização do planejamento. Tomada de decisão.

2. CONTROLES SUPORTE A TOMADA DE DECISÕES:

2.1 Fluxo de Caixa : Planejamento anual e mensal

Primeiro nível de controle financeiro a ser implantado em empresas rurais. Segundo Athar (2005) define-se como uma demonstração da contabilidade que expõe fluxos estritamente financeiros e de fácil entendimento. Trata-se de um relatório que propicia ao usuário da informação contábil condições de avaliar a

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capacidade da empresa na geração de caixa futuro e de fazer frente as suas obrigações.

2.2 Movimentação do Rebanho Bovino

Controle mensal do estoque de bovinos por categoria animal. Devem ser controladas as entradas (nascimentos, compras e transferências) e as saídas (mortes, vendas, auto-consumo e transferências). Posteriormente, é controlado o saldo final de animais no mês respectivo. O estoque também pode ser controlado pela visualização das categorias nos lotes e campos.

2.3 Controles do Rebanho: Compra, Venda, Mortalidade e Auto-Consumo

Controles por meio de planilhas que contenham as seguintes informações: data, categoria animal, quantidade de cabeças, peso total (quilos), média de peso, valor unitário (R$/quilo) e valor total.

2.4 Custos de produção

Na Tabela 1 estão descritas as etapas para implantação de um método para controle dos custos de produção dentro de um sistema de produção, com a posterior análise dos resultados e indicadores obtidos.

Tabela 1 - Etapas para da metodologia dos centros de custos A – Diagnóstico do

sistema de produção

- Implantação de uma lógica de etapas na gestão da empresa, a fim de compreender os diferentes processos.

- Treinamento da mão-de-obra. B - Identificação dos

centros de custos

- Identificar os processos críticos de negócio, os quais são essenciais para o bom desempenho da estratégia estabelecida. - Definir os itens de custos.

- Definir os critérios de rateios. - Coleta de dados.

- Definição dos responsáveis. C - Cálculo do custo de

produção do bezerro

- Processamento dos dados.

- Calcular o custo dos processos, utilizando a metodologia dos centros de custos.

- Calcular indicadores econômicos e produtivos. D - Análise segmentada

dos resultados

- Verificar a eficiência dos centros de custos, por meio da estimativa de melhorias apoiadas em informações técnicas e econômicas sobre os processos.

E - Análise do sistema de produção e propostas de melhorias.

- Avaliar as iniciativas a serem tomadas, definindo os objetivos, indicadores e metas para aumento da eficiência.

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A etapa A é importante no que se refere à conscientização de todos os envolvidos no processo, todos devem saber de suas responsabilidades e da importância do estabelecimento de controles dentro de uma empresa rural. A coleta de dados, referente à etapa B é o momento de registrar e compilar as informações coletadas. É importante que esta seja padronizada e sistemática utilizando instrumentos como planilhas, cadernetas ou fichas de coleta de dados. Segundo Bonaccini (2002), falhas e distorções nesta fase incorrerão em avaliações e análises que não refletirão a verdadeira realidade do negócio, pela obtenção de valores equivocados, e como graves conseqüências à tomada de decisões que não corresponderiam com a necessidade da atividade. Segundo Vitorino Filho (2002), o sucesso de um sistema gerencial depende do pessoal que o alimenta e faz funcionar. O sistema representa um conduto que resolve dados em diversos pontos, processa-os, e emite com base neles, relatórios na outra extremidade.

Todas as despesas e custos mensuráveis necessários para a produção devem ser considerados na determinação do custo de produção. Se assim feito, o produtor rural ou técnico poderá monitorar as despesas mês a mês, realizando uma análise mais detalhada, objetivando encontrar possíveis pontos de estrangulamento.

A coleta de dados ocorre constantemente, entretanto, é importante a definição de um ciclo produtivo que englobe os lançamentos de todas as despesas, custos e receitas do período a ser analisado. Em sistemas de produção de pecuária de cria sugere-se que o ciclo anualmente englobe de 01º de julho a 30 de junho, pois os bezerros nascidos na primavera normalmente já foram desmamados e comercializados. No entanto, é lógico que estas datas não são estáticas, permitindo análises em qualquer época do ciclo produtivo.

A etapa C refere-se ao processamento dos dados, ocorrendo por meio de planilhas eletrônicas, softwares agropecuários, entre outros, podendo ser feita por funcionários da própria empresa treinados ou sendo terceirizado a partir de empresas de consultoria. Nas etapas D e E são feitas análises dos resultados obtidos por este método, através de relatórios, gráficos e tabelas o produtor estará apto a tomar decisões com o objetivo de diminuir custos e conseqüentemente maximizar a lucratividade.

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A característica principal deste método é a divisão da organização em centros de custos. Os custos são alocados aos centros, por meio de bases de distribuição e, depois, repassados aos produtos (Figura 1).

PECUÁRIA DE CORTE CRIA PRODUTO = TERNEIRO DESMAME RECRIA DA

NOVILHA VACAS DE CRIA

TOUROS CUSTOS = $1.000,00

CUSTOS = $1.000,00

CUSTOS = $100,00 CUSTOS = $200,00 CUSTOS = $400,00

CUSTOS $100,00

CUSTO = $ ?

(a) Distribuição ao centros

(b) Distribuição ao produto VACAS

DESCARTE

CUSTOS = $200,00

Figura 1 - A distribuição dos custos aos centros e destes ao produto

A Figura 2 representa um gráfico modelo de análise de resultados. Neste são visualizados os totais por centros de custo e nota-se claramente que o centro das vacas de cria representa as maiores despesas dentro deste sistema de produção. Isto decorre do maior número de animais que representam esta categoria, 42% da estrutura do rebanho e 55,4% das unidades animais. Como conseqüência, acaba por receber uma maior porção dos rateios somados aos custos diretos apropriados a esta categoria (reprodução, sanidade, pastagens, entre outros).

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0,00 10.000,00 20.000,00 30.000,00 40.000,00 50.000,00 60.000,00 70.000,00 80.000,00 90.000,00

Touros Vacas Cria Novilhas Bezerros Vacas Descarte C u s to por c e nt ro ( R $ ) 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 P e rc e n ta is por C e nt ro ( % ) R$ %

Figura 2. Custos de produção e percentuais por centros de custos

A próxima etapa do problema é chegar ao custo unitário do bezerro e o custo por quilo desmamado (Tabela 2). A determinação dos custos de produção por unidade produzida é de fundamental importância para a análise econômica de atividades agropecuárias (SANTOS & MARION, 1993).

Tabela 2. Simulação dos custos de produção de bezerros de corte

Custo unitário do bezerro (CUT) Valores

Total $ 322,84

Operacional $ 181,22

Custo por quilo desmamado (C/kg)

Total $ 2,15

Operacional $ 1,21

2.5 Indicadores Reprodutivos e Produtivos

Devem ser calculados os principais indicadores do sistema de produção, entre os quais: taxa de prenhez, taxa de natalidade, taxa de desmame, taxa de mortalidade, taxa de mortalidade de terneiros, taxa de reposição de fêmeas, taxa de aborto, desfrute, carga animal, taxa de crescimento do rebanho, produção de carne, produtividade, quilos desmamados/vaca acasalada, hectares/homem, entre outros (McGrann et al, 1993).

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Conforme relatado na Tabela 1 no item E, ao final do ano pecuário deve ser realizada a análise do sistema de produção e a apresentação de propostas de melhorias dentro do sistema. As Tabelas 3 e 4 mostram exemplos destes fechamentos.

Tabela 3 – Fechamento Pecuário ano 2005.

ITEM INDICADOR VALOR

Area total propriedade ha 3099

Area total pecuária ha 1989,74

Rebanho total final do ano cab 1936

Lotação (3/2) cab/há 0,97

Produção Anual Carne kg 220358

Produção Anual Carne (5/2) kg/há 110,75

Custo Total R$ 285482,67

Custo total unitário (7/2) R$/há 143,48

Custo total unitário(7/5) R$/kg 1,30

Receita bruta rebanho R$ 400.435,58

Receita total unitário (10/2) R$/há 201,25

Receita total unitário(10/5) R$/kg 1,82

Lucro bruto total R$ 114952,91

Lucro bruto unitário (13/2) R$/há 57,77

Lucro bruto unitário(13/5) R$/kg 0,52

Tabela 4 – Comparações com propriedades do mesmo nível tecnológico.

Propriedade Padrão Safras & Cifras 04/05 Unidade

Depreciação 2,56 11,63 R$/há

Custo Operacional 143,48 140,93 R$/há

Carga animal (dez/05) 299,3 313,7 Kg/há

Desfrute 111,06 122,64 Kg/há

Resultado/há 57,77 76,08 R$/há

Custo por kg 1,30 1,55 R$

Hectares por homem 331,5 452,1 ha / hom.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do grande capital investido para produção pecuária, a diminuição dos riscos da atividade passa a ser uma meta importante para a sustentabilidade do negócio. Dentro dessa conjuntura torna-se importante o planejamento estratégico e a gestão da empresa, associado à análise mercadológica nos ambientes macro e microrregionais, além do posicionamento individual do produtor frente à cadeia que pertence. Isso porque uma administração sólida e

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rentável não se faz apenas baseado numa intuição momentânea, mas, sim, através da visão de curto, médio e longo prazo.

LITERATURA CITADA

ATHAR, R. A. Introdução à contabilidade. São Paulo: Prentice Hall, 2005.208p.

BARCELLOS, J. O. J. Manejo Integrado: um conceito para aumentar a produtividade dos sistemas de produção de bovinos de corte. In: LOBATO, J. F. P., BARCELLOS, J. O., KESSLER, A. M. (Org.). Produção de bovinos de

corte. Porto Alegre, 1999, p.287-313.

BONACCINI, L. A. A nova empresa rural. Cuiabá: Sebrae-MT, 2002. 141p.

McGRANN, J., PARKER, J., FALCONER, L. et al. Standardized Performance Analysis (SPA). IRM-SPA Hand-Book. Department of Agricultural Economics:Texas Agricultural Extension Service. Texas A&M University.1993.

OAIGEN, R.P.; BARCELLOS, J. O. J.; CHRISTOFARI, L.F. et al. Custos de produção em terneiros de corte: uma revisão. Veterinária em Foco, v.3, n.2. p.169-180, 2006.

OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento empresarial: uma abordagem

empreendedora. São Paulo: Atlas, 1988.

SANTOS, G. J.; MARION, J. C. Administração de custos na

Agropecuária. São Paulo: Atlas, 1993. 141p.

SIMON, Herbert A. La nueva ciencia de la decisión empresarial. Buenos Aires: El Ateneo. 1982. 163 p.

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VITORINO FILHO, L.C. 2º Curso de gerenciamento e custos na

Referências

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