Relatório Anual
de Efeitos
H Á M A I S D E 6 0 A N O S
A T U A N D O J U N T O S
Índice
Die
Kindernothilfe
Foto: Jakob Studnar / © Kindernothilfe
A Kindernothilfe
03
A Kindernothilfe Relatório da Diretoria04
07
Compromissos assumidos pela Kindernothilfe Kindernothilfe – 60 anos08
10
Exemplos concretos13
Despesas em áreasespecíficas Destinação das doações
14
15
Nosso trabalho de advocacy Proteção contra a violência16
Proteção contra a exploração17
Direito à educação e formação18
20
Projetos orientados para impactos19
Direitoà participação Análise dos Direitos da Criança na Ásia
22
Relatório financeiro26
Relatório de combate à corrupção 201927
Nosso trabalho
Todos os projetos da Kindernothilfe são realizados em parceria com organizações locais. Nosso trabalho é alicerçado nos Direitos Humanos, nos Direitos da Criança e no amor ao próximo e tem como princípios fundamentais a ajuda à autoajuda, a participação e a sustentabilidade. Filiados a redes nacionais e internacionais, entre as quais a aliança alemã Bündnis Entwicklung Hilft, defendemos os Direitos da Criança nas esferas social e política. Além disso, divulgamos informações e sensibilizamos a opinião pública sobre a cooperação para o desenvolvimento. Através de nosso trabalho de lobby, cobramos dos políticos o cumprimento universal dos Direitos da Criança.
Nosso objetivo
Nosso objetivo está cumprido quando crianças e suas famílias vivem uma vida digna, com perspectivas para o futuro, sem pobreza, sofrimento e violência. Para tanto, é preciso garantir seus direitos e suas necessidades básicas, assegurando-lhes a possibilidade de se tornar sujeitos de sua história, juntamente com suas famílias e comunidades.
Nossos patrocinadores
Nosso trabalho conta com o apoio de aproximadamente 205.500 pessoas, entre as quais 67.900 padrinhos e 1.000 voluntários, que atuam em associações, grupos, empresas, escolas, fundações, paróquias ou como doadores individuais. Celebridades ajudam a divulgar nosso trabalho e nos apoiam com doações e aparições em eventos e nos meios de comunicação. A fundação Kindernothilfe e as entidades da Kindernothilfe na Áustria, na Suíça e em Luxemburgo potencializam nossa visibilidade nos países falantes da língua alemã, ajudando-nos a promover nossos projetos e atingir uma pluralidade ainda maior de grupos-alvo.
Seriedade e transparência
Em reconhecimento à seriedade na utilização das doações, somos certificados anualmente com o selo do DZI – Instituto Alemão de Assuntos Sociais, desde 1992. Além disso, fomos condecorados, várias vezes, com o prêmio de transparência Transparenzpreis pela qualidade e transparência de nossa prestação de contas.
Na Europa, a Kindernothilfe é uma das maiores organizações cristãs de apoio à criança. Fundada em
1959 na cidade alemã de Duisburg, ela é afiliada à Obra Diacônica da Igreja Protestante da Renânia.
Há mais de 60 anos, a Kindernothilfe atua como defensora dos Direitos da Criança em prol de crianças
vulneráveis em países em desenvolvimento. Com 595 projetos realizados em 32 países, da África, Ásia,
América Latina e Europa, a Kindernothilfe ajudou a fortalecer, proteger e promover a inclusão de mais
de 2 milhões de meninas e meninos em 2019.
Reservados todos os direitos autorais nos termos da lei. O uso do conteúdo do Relatório Anual 2019 da Kindernothilfe é regido pelas disposições legais. A Kindernothilfe, no entanto, concede o direito de usar o conteúdo para fins particulares e atividades sem fins lucrativos, desde que o teor da publicação não seja alterado nem usado em público. Na medida do possível, é necessário mencionar que se trata de material publicado pela Kindernothilfe. O direito ora concedido exclui, expressis verbis, o uso para fins comerciais e lucrativos. Ou seja, fica vedado o uso do conteúdo desta publicação com o propósito de obter vantagens comerciais, seja para si, seja para terceiros. Para adquirir uma licença de uso para fins comerciais, entre em contato com a Kindernothilfe. Nesse caso, as condições serão regidas pelo teor da licença específica, sem que exista um direito legal de obter a licença.
EXPEDIENTE
Uma publicação da Kindernothilfe e. V. Düsseldorfer Landstrasse 180 47249 Duisburg Alemanha Fone: +49 203.7789-0, Fax: +49 203.7789-118Atendimento: +49 203.7789-111, e-mail: info@kindernothilfe.de Redação: Gunhild Aiyub (Editora-Chefe),
Guido Osswald (Relatório Financeiro) Design gráfico: Ralf Krämer
Tradução para o português: textdesign * Heidelberg Conta bancária:
Bank für Kirche und Diakonie eG – KD-Bank IBAN DE92 3506 0190 0000 4545 40 BIC GENODED1DKD
Selo de Doações
Após uma avaliação rigorosa, o selo de doações é conferido a entidades sérias, dignas de receber doações. A Kindernothilfe o recebe, anualmente, desde 1992.
Enfrentando a pandemia do coronavírus
A pandemia tem nos desafiado, tanto na sede como nos 595 projetos que apoiamos em 32 países parceiros. Ao longo do primeiro trimestre de 2020, dedicamo-nos às mudanças necessárias para digitalizar, quase por com- pleto, nossa comunicação, bem como às diligências adicionais tomadas por nossos projetos para combater o coronavírus. Apesar do distanciamento físico neces-sário, sentimos o interesse e a solidariedade profundos das pessoas que apoiam nosso trabalho: elas continuam acompanhando, de perto, as crianças, os adolescentes e suas famílias.
Situação financeira
Até dezembro de 2019, havia fortes indícios de que não receberíamos as verbas necessárias para executar nosso orçamento. Começamos a reduzir custos em várias frentes. Não obstante, dedicamos mais verbas aos projetos: comparado com 2018, o aumento chegou a 2,2 milhões de euros (+ 5%). Ao todo, beneficiamos mais de 2 milhões de crianças e contribuímos para a realização eficaz dos Direitos da Criança.
Em dezembro de 2019, deparamo-nos com um fenômeno surpreendente: recebemos doações, subsídios e legados no montante de 15,1 milhões de euros, o que representa um valor histórico para o mês de dezembro. Por isso, fechamos o ano de 2019 com um superávit de 1,7 milhão de euros. Essas verbas vieram em boa hora. Afinal, vamos precisar delas para enfrentar os desafios que a pandemia vem trazendo sobretudo para as organizações parceiras e as pessoas envolvidas em nossos projetos. Vamos envidar todos os esforços possíveis para contri-buir para a mitigação dos impactos do coronavírus.
Em defesa dos Direitos da Criança, seja onde for
Em muitas regiões do mundo, 2019 trouxe um agra-vamento das crises sociais, políticas e econômicas. A Kindernothilfe já vinha traçando, há anos, esse cenário. As imagens dos refugiados estão gravadas em nossa memória. Embora o número de pessoas que chegam à Alemanha em busca de asilo seja cada vez menor, o total de refugiados no mundo alcançou a 70 milhões em 2019. Nós sabemos que essas pessoas vivem em uma situação de calamidade, em regiões flageladas pela violência, onde a pandemia mundial desencadeia outra
crise existencial, principalmente para as crianças e os adolescentes.
Em uma enquete mundial, nossos parceiros compar-tilharam conosco o que é preciso para intensificar seu trabalho de advocacy. Entre os assuntos prioritários de nossas campanhas nacionais e internacionais, citamos a crescente violência contra a criança.
Por outro lado, há exemplos positivos e sinais de espe-rança, como na Etiópia, onde uma ampla reforma deve melhorar a situação da criança: o projeto abarca a abo-lição do casamento forçado de crianças e da mutilação genital feminina. Juntamente com nossos parceiros, incentivamos essa reforma e promovemos, em vários lugares, a participação da criança e do adolescente nos processos de transformação social.
Campanha “Entwicklung wirkt”
Para conscientizar a sociedade de que a cooperação para o desenvolvimento é oportuna e eficaz, lançamos uma campanha na internet, em cooperação com quatro ONGs, e começamos a destacar os êxitos de nossos pro-jetos. Entre setembro e dezembro de 2019, essa campa-nha, cujo lema em português seria “O desenvolvimento surte efeitos”, alcançou 220,9 milhões de usuários.
Comemoração dos 60 anos da Kindernothilfe
Dois aniversários importantes marcaram o ano de 2019: celebramos 60 anos da Kindernothilfe e 30 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança. Sob o lema “Direitos da Criança – sonhar não basta!”, dezenas de eventos de todos os portes consolidaram a ponte viva que, de 1959 a 2019, nos ligou a 5.300 projetos, forta- lecendo, protegendo e envolvendo mais de 7,1 milhões de crianças.
A corrida de Ano Novo, que reuniu mais de 1.000 atletas, o ato de comemoração com a participação de Auma Obama, dezenas de atividades promovidas por nossos voluntários, o culto de televisão transmitido em rede nacional no final de maio, a caminhada de 60 km na região de Duisburg e a outorga do prêmio de mídia em novembro são alguns exemplos. Nessas atividades, atos e eventos, muitos se movimentaram e se “mexeram” para mobilizar um público maior.
Imagens
do Ano
Bangladesh: campanha de doação em cooperação com o jornal WAZ arrecada mais de 300 mil euros para famílias rohingya Foto: Jakob Studnar / © Kindernothilfe
Grécia, Ilha de Lesbos: prevenção à Covid-19 no Campo Moria
Foto: MCAT / Muhannad Al-Mandeel
Relatório da
Diretoria
Síntese das principais conquistas da Kindernothilfe na Alemanha e no exterior, segundo seus
diretores Katrin Weidemann, Jürgen Borchardt e Carsten Montag.
Peru: o influenciador Dillan White divulga nosso trabalho no YouTube
Foto: Lorenz Töpperwien / © Kindernothilfe
Etiópia: o tráfico de crianças é o tema da campanha Action!Kidz 2019/2020 Foto: Malte Pfau / © Kindernothilfe
Trabalho de formação: conferência internacional da juventude “Escola Global” Foto: Lennart Wallrich / © Kindernothilfe
Prêmio de Mídia da Kindernothilfe: Wendy, de um projeto CEIPA na Guatemala, conta o dia a dia da criança trabalhadora
Foto: Ralf Krämer / © Kindernothilfe
Estatuto da Associação
Quem: órgãos da Kindernothilfe, desde 1961, atualizado
em 2018.
O que: orientação do trabalho, na Alemanha e no exterior;
composição e funções dos órgãos da associação.
Código de governança corporativa
da Diakonie
Quem: Kindernothilfe, desde 2007, atualizado em 2018. O que: o código segue os preceitos da Diakonie alemã
relativos a gestão e ao cumprimento de normas e leis.
Assuntos principais: compliance; definição das funções
dos órgãos da associação; combate à corrupção; segre-gação inequívoca de funções entre órgãos de supervisão e direção; transparência na comunicação e arrecadação de fundos; controle interno; objetivo: normas que regem a interação de todos os níveis da Kindernothilfe.
Política de Integridade e Anticorrupção
Quem: Kindernothilfe, desde 2008, atualizada em 2019. O que: obriga todos os funcionários e membros dos órgãosda Kindernothilfe a adotar uma postura condizente com os mais elevados padrões éticos, a prevenir e combater a corrupção, a denunciar todos os atos de corrupção e a colaborar na investigação de suspeitas. A política contém normas sobre a proteção de denunciantes e denunciados, além de disposições que regem os procedimentos a serem adotados em casos de suspeitas e a nomeação de um ouvidor.
Código VENRO
“Relações públicas na esfera da co-
operação para o desenvolvimento”
Quem: Kindernothilfe e membros da VENRO, assinadoem 1998.
O que: padrões profissionais e deontológicos para a
comunicação com a imprensa e doadores; utilização trans- parente, responsável e eficiente das verbas; dados de doadores não podem ser locados, vendidos ou trocados; em textos e imagens, a Kindernothilfe se abstém de expor pessoas que sofrem, não “oferece” crianças em catálogos de apadrinhamento e não usa mensagens ofensivas que compelem a doar.
Código VENRO
“Transparência, gestão e controle”
Quem: Kindernothilfe e membros da VENRO, desde 2008. O que: padrões globais, maior controle e comprovaçãode profissionalismo; transparência máxima; definição de padrões aplicáveis a organizações de cooperação; capa- citação de instâncias externas, de revisão e controle, como o Instituto Alemão de Assuntos Sociais (DZI).
Código VENRO
“Proteção da criança contra o abuso
e a exploração na cooperação para o
desenvolvimento e ajuda humanitária”
Quem: Kindernothilfe e membros da VENRO, desde 2009. O que: obriga todos os membros a: proteger a criançacontra todas as formas de abuso, exploração e abandono, emocional e físico; criar um ambiente em que os Direitos Humanos e os Direitos da Criança e do Adolescente sejam garantidos; envolver a criança nas atividades que lhe dizem respeito; sensibilizar a própria organização e seus parceiros; garantir o respeito à dignidade da criança nas atividades de comunicação, formação e relações públicas.
Iniciativa “Sociedade civil transparente”
Quem: Kindernothilfe e membros da VENRO, TransparênciaInternacional Alemanha, Associação das Fundações Alemãs, DZI, Associação Alemã de Arrecadação de Fundos, Conselho Alemão da Cultura, Associação Alemã de Preservação da Natureza, Conselho Alemão de Doações, Instituto Maece-nata para Filantropia e Sociedade Civil, desde 2010.
O que: 10 informações básicas que todas as organizações
da sociedade civil devem publicar no seu site na internet, como: estatuto, nome dos principais responsáveis, pro- veniência e utilização dos fundos, estrutura de recursos humanos.
Charter4Change
Quem: 35 organizações internacionais com o apoio de
232 organizações do Sul Global, 2016.
O que: fortalecer o papel das chamadas “ONGs do Sul”,
com sede em países do Sul Global (fora dos países da OCDE).
Política de Proteção da Criança
Quem: Kindernothilfe, desde 2013, atualizada em 2019. O que: sistema adotado em toda a organização para pro-teger a criança contra todos os tipos de violência: medidas de prevenção, como códigos de conduta aplicáveis a diferentes grupos de pessoas, padrões de comunicação e recursos humanos, sistema de manejo de casos; padrões de capacitação das organizações parceiras.
Transparência Internacional
Alemanha
Quem: Kindernothilfe e membros da Transparência
Internacional Alemanha, desde 2019.
O que: aperfeiçoamento das normas de combate à
corrupção no contexto global da Kindernothilfe.
Compromissos
Fundamentos normativos, referências sólidas e controles rigorosos constituem os alicerces de
um trabalho sério. Por isso, a Kindernothilfe adota normas próprias e adere a códigos de terceiros.
Cada vez mais transparentes e eficazes, nós prestamos contas de nossas atividades.
Comemoração dos 60 anos com Auma Obama; Christina Rau; Jiah Sayson, coordenadora de grupos de autoajuda na Ásia; Karl Pfahler, diretor do departamento da África; Katrin Weidemann (Diretora- Presidente) e a apresentadora de rádio Sabine Heinrich.
Foto: Ralf Krämer / © Kindernothilfe
Culto de televisão em Duisburg com Sinafikish Legesse (Kindernothilfe Etiópia), Christina Rau, Sabine Heinrich, o coral Wuppertaler Kurrende e a cantora gospel Chioma Igwe, da Nigéria
Foto: Ralf Krämer / © Kindernothilfe
Direitos da Criança na Alemanha
A realização plena dos Direitos da Criança na própria Alemanha é parte essencial de nossa atuação. No decorrer da nossa campanha Action!Kidz, envolvemos milhares de adolescentes de 74 escolas e 20 comuni- dades alemãs em uma conferência internacional da juventude que contou com a participação de jovens da Alemanha, África do Sul e Colômbia. Além disso, ampliamos os serviços de consultoria destinados a criar políticas e estruturas de proteção em clubes de futebol de todos os portes e categorias.
Por ocasião da comemoração dos 30 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança, compilamos nossa pauta de reivindicações relativas à participação mais intensa da criança em processos sociais e políticos, que foi apresentada ao Ministério da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento.
Perspectivas
Graças à digitalização de processos, nossos quadros na Alemanha e nas Coordenações Nacionais estão conse-guindo enfrentar os enormes desafios da pandemia do coronavírus. Em sua maioria, trabalham de casa. Sem perder de vista as práticas estruturantes e de longo prazo, somos obrigados a reformatar atividades, refor-mular projetos e ampliar nossos programas de ajuda de emergência.
A digitalização enseja oportunidades excelentes no âmbito da promoção, divulgação e prevenção da violação dos Direitos da Criança. Em 2020, vamos desenvolver uma estratégia de comunicação digital para transmitir o que a criança e o adolescente têm a dizer sobre suas lutas sociais nos mundos virtual e real. Nosso intuito é pro-mover o intercâmbio pessoal entre gerações, culturas e setores sociais, além de construir uma plataforma global de convivência social.
Boa parte do planejamento plurianual estratégico (até 2025) também deve ocorrer de forma virtual. Com base em uma análise das tendências mundiais, queremos alinhar nossos esforços em crises humanitárias aos de outros atores internacionais e definir perspectivas de longo prazo tangentes à promoção e ao empoderamento da criança no mundo.
Katrin Weidemann, Diretora-Presidente (CEO) Carsten Montag, Diretor de Programas (CPO) Jürgen Borchardt, Diretor Financeiro (CFO) Contato: vorstand@kindernothilfe.de
Tudo começou em 1959, no Sul da Índia, com cinco crianças apadrinhadas. Desde aqueles tempos, a Kindernothilfe apoia crianças vulneráveis em sua caminhada rumo a uma vida de que sejam sujeitos. A ajuda idealizada por homens e mulheres não tardou a prosperar: até o final dos anos 60, contaram-se 255 apadrinhamentos. Passadas seis décadas, os números são impressionantes: em mais de 5.000 projetos, que reali- zamos em cooperação com nossos parceiros locais, atingimos mais de sete milhões de crianças e adolescentes.
Em comparação com 1959, a situação geral da criança melhorou: o número de crianças que frequentam a escola aumentou muito e hoje, 70% das crianças do mundo têm acesso ao ensino na primeira infância e a escolas primárias. De 1990 para cá, a mortalidade caiu pela metade. Outro
60 anos da Kindernothilfe:
Juntos vamos mais longe
Quando alguém completa 60 anos, é comum sonhar com a aposentadoria. O sonho da
Kindernothilfe é bem diferente. Para nós, esta é a melhor idade, e o aniversário é um bom
motivo para lançar um olhar sobre o passado, sem deixar de vislumbrar o futuro.
Texto: Katrin Weidemann (Diretora-Presidente), Carsten Montag (Diretor de Programas),
Jürgen Borchardt (Diretor Financeiro) · Foto: Jakob Studnar / © Kindernothilfe
indicador que registrou queda, de 50 %, foi o casamento precoce de meninas. Apesar das melhorias, o contingente de crianças em péssimas condições continua altíssimo: 72 milhões de meninas e meninos trabalham em duras condi-ções; no final de 2018, o total de crianças refugiadas foi estimado em 30 milhões.
Um marco importante é a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, aprovada em 1989, que conjuga a proteção com a promoção e a participação da criança e reconhece, finalmente, sua personalidade própria. Daí a criança ter voz e vez. Os relatórios obrigatórios sobre a implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança, submetidos pelos Estados nacionais, nos dão a oportunidade de denunciar problemas. Sendo parte da sociedade civil,
cobramos os direitos e pressionamos os tomadores de decisão nas esferas nacional e internacional.
Nosso apoio e ajuda à criança nunca cessou. Atualmente, atuamos em 32 países. Para financiar nossos projetos, apli- camos várias modalidades de apadrinhamento e recebemos, ainda, doações de empresas, fundações públicas e privadas. Em alguns países, determinados projetos contam com verbas do governo alemão, sobretudo do Ministério da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento.
Ao longo de seis décadas, a Kindernothilfe aprimorou sua atuação, tendo adotado um enfoque integral que contempla todas as dimensões da vida da criança. Ao defendermos os Direitos da Criança, combatemos a pobreza e a fome. Nossos projetos de Ajuda Humanitária, destinados a mitigar a miséria aguda posterior a crises e desastres naturais, são parte integrante de nossa cooperação para o desenvolvimento no longo prazo. Por outro lado, abordamos as estruturas sociais e jurídicas que determinam a vida das crianças. Nossos pro- gramas de cooperação primam pela proteção contra o abuso sexual e a exploração econômica, priorizando o acesso à educação e a participação social.
Quando uma mãe é empoderada em um grupo de autoajuda, quando cria ânimo e coragem e começa a ganhar dinheiro a partir de um empréstimo feito pelo seu grupo, toda sua família é beneficiada. Esse enfoque pretende dar uma ajuda que se propaga e que, em vez de induzir a dependência, desperta o potencial intrínseco das pessoas. Um bom exemplo é a África, continente em que, desde 2002, os parceiros de dez
países aplicam esse enfoque em 20 mil grupos de autoajuda formados por quase 350 mil mulheres, gerando benefícios para mais de um milhão de meninas e meninos.
Há mais de 30 anos, temos intensificado nossa incidência política, direta e como membro de alianças e redes, para defender os Direitos da Criança. Entre outras conquistas, conseguimos introduzir, nas Nações Unidas, o mecanismo de petições individuais da criança. Nosso papel compreende a “advocacia” pela criança e seus direitos, a reivindicação e promoção da participação direta da criança. Em cooperação com nossos parceiros, damos voz à criança.
Nos últimos anos, estendemos nossa atuação ao nosso país- sede, a Alemanha, promovendo cursos de proteção da criança para entidades de apoio à criança e ao adolescente, creches, jardins de infância e associações (esportivas). Além disso, oferecemos consultoria para a elaboração de políticas de proteção da criança. Nosso acervo de experiências adquiridas no exterior é referência para nossa atuação nacional, principal- mente no trabalho com pessoas refugiadas. Até a data, 700 organizações em 34 países contaram com o apoio de nossos/as multiplicadores/as para adotar seus próprios regimes de proteção da criança.
Rajani (12), da Índia: “Quando eu crescer, quero ser enfermeira para ajudar as pessoas” – comemorando 60 anos, a Kindernothilfe se inspira nos sonhos de crianças do mundo inteiro Foto: Jakob Studnar / © Kindernothilfe
Da história da Kindernothilfe
O primeiro internato em Hubli/Karnataka; almoço em internato feminino na Índia (1966); fome na Etiópia (1985) – a Kindernothilfe e a atriz e escritora Elfi von Kalkreuth descobrem e socorrem 2.000 crianças abandonadas em barracos
Na retrospectiva, fica patente que juntos vamos mais longe. O que valeu no passado vale também para o futuro: nós somos capazes de incidir proativamente neste mundo em que as oportunidades da criança são constantemente ameaçadas. Afinal, toda criança tem o direito de ter saúde, proteção e apoio para encontrar seu lugar na sociedade.
Em grupos de autoajuda, mães aprendem a trabalhar por conta própria e a ganhar dinheiro. Foto: Malte Pfau / © Kindernothilfe
Fotos: Jakob Studnar / © Kindernothilfe Fotos: Jakob Studnar / © Kindernothilfe
Apoio concreto, na prática
África
Tópicos Projetos adolescentesCrianças/ Despesas
* coordenação transnacional de grupos de autoajuda
40 Alimentação; saúde; educação; desenvolvimento comunitário, urbano e rural;
grupos de autoajuda; formação em Direitos Humanos
Etiópia
desde 1972
606.000 3.201.900 ¤
Alimentação; desenvolvimento comunitário rural; grupos de autoajuda; habilidades para a vida; lobby e advocacy; formação em Direitos Humanos; fortalecimento da autoestima e personalidade, ajuda de emergência 5
Burundi
desde 2007
103.800 1.358.388 ¤
Desenvolvimento comunitário rural; grupos de autoajuda; ensino escolar integrativo; formação profissionalizante em áreas rurais; alimentação; agricultura e pecuária; educação na primeira infância
5
Eswatini
desde 1979
30.800 723.856 ¤
Desenvolvimento comunitário rural; educação básica; qualificação profissionalizante; reabilitação psicossocial; reabilitação (comunitária) de pessoas com deficiência; educação na primeira infância; lobby e advocacy; formação em Direitos Humanos; grupos de autoajuda
15
Quênia
desde 1974
71.200 1.519.509 ¤
HIV/AIDS; saúde; educação básica; reabilitação (comunitária) de pessoas com deficiência; alimentação; reabilitação psicossocial; educação na primeira infância; incentivo à pequena empresa; grupos de autoajuda
10
Malauí
desde 1999
140.800 1.190.465 ¤
Desenvolvimento comunitário, urbano e rural; prevenção da violência; educação na primeira infância; projetos com dimensão de gênero; grupos de autoajuda
11
Ruanda
desde 1994
234.100 1.180.054 ¤
Desenvolvimento comunitário rural; reabilitação (comunitária) de pessoas com deficiência; formação em Direitos Humanos; alimentação; proteção ambiental; assistência jurídica; grupos de autoajuda
14
Zâmbia
desde 1998
97.000 1.313.638 ¤
Reabilitação psicossocial; assistência jurídica; educação básica; reabilitação (comunitária) de pessoas com deficiência; desenvolvimento comunitário rural; saúde reprodutiva; grupos de autoajuda; proteção ambiental
12
Zimbábue
de 1980 a 1994, desde 2010
90.600 1.274.340 ¤
Prevenção de desastres; lobby e advocacy contra a mutilação genital;
abastecimento de água; desenvolvimento comunitário rural; grupos de autoajuda 4
Somália
de 1980 a 1994, desde 2010
26.500 592.049 ¤
Habilidades para a vida; reabilitação psicossocial; fortalecimento da autoestima e personalidade; saúde; alimentação; HIV/AIDS; incentivo à pequena empresa; lobby e advocacy; formação em Direitos Humanos; reabilitação de pessoas com deficiência; educação básica; primeira infância; trabalho com pais
21
África do Sul
desde 1968
11.400 1.452.968 ¤
Alimentação; HIV/AIDS; desenvolvimento comunitário rural; habilidades para a vida; lobby e advocacy; grupos de autoajuda; formação em Direitos Humanos; fortalecimento da autoestima e personalidade
13 Uganda desde 1968 338.300 1.287.158 ¤ 150 em geral* Total 1.750.500 131.636 ¤ 15.225.963 ¤
Ásia
* despesas relacionadas com a Política de Proteção da Criança e análises regionais da situação dos Direitos da Criança
324
em geral*
Total 181.900
90.613 ¤
14.656.386 ¤
Grupos de autoajuda; inclusão; educação para a paz; habilidades para a vida; lobby e advocacy; educação
5
Afeganistão
desde 2002
44.600 430.469 ¤
Prevenção de desastres; educação básica; grupos de autoajuda; saúde; reabilitação psicossocial; desenvolvimento comunitário; lobby e advocacy
12
Bangladesh
desde 1971
10.100 1.647.740 ¤
Educação na primeira infância; combate a violações graves dos Direitos da Criança (exploração sexual de crianças, crianças em situação de rua, crianças trabalhadoras); habilidades para a vida
5
Indonésia
desde 1970
2.200 492.341 ¤
Desenvolvimento comunitário; grupos de autoajuda; combate às causas de fuga e migração
2
Myanmar
desde 2017
1.400 84.674 ¤
Grupos de autoajuda; lobby e advocacy pelos Direitos da Criança 3
Nepal
de 1972 a 1977, desde 2015
2.400 297.706 ¤
Grupos de autoajuda; proteção ambiental (mudanças climáticas); lobby e advocacy; prevenção de desastres; educação básica; habilidades para a vida; formação em Direitos Humanos; reabilitação de pessoas com deficiência; ensino escolar/formação profissionalizante
22
Paquistão
desde 1978
10.700 1.915.611 ¤
Grupos de autoajuda; desenvolvimento comunitário; proteção contra abuso e exploração sexual; lobby e advocacy pelos Direitos da Criança
26
Filipinas
desde 1978
28.500 1.399.569 ¤
Reabilitação de pessoas com deficiência; lobby e advocacy; desenvolvimento comuni-tário; reabilitação psicossocial
10
Sri Lanka
desde 1978
5.200 667.810 ¤
Grupos de autoajuda; desenvolvimento comunitário; proteção contra abuso e explora-ção sexual; lobby e advocacy pelos Direitos da Criança
7
Tailândia
desde 1983
8.700 386.544 ¤
Educação básica; educação na primeira infância; habilidades para a vida 7
Líbano
de 1962 a 1988, desde 2013
2.200 1.737.676 ¤
Grupos de autoajuda; educação e proteção para crianças em situação de rua; proteção contra o tráfico de crianças e o trabalho infantil explorador; inclusão; adaptação às mudanças climáticas
225
Índia
desde 1959
65.900 5.505.633 ¤
Tópicos Projetos adolescentesCrianças/ Despesas
Europa
Consultoria e treinamento em proteção da criança; capacitação de organizações*
Qualificação profissional; habilidades para a vida
Alemanha desde 2017 Kosovo desde 1998 Total 1 2 3 * 120.927 ¤ 120.927 ¤ 10.800 900 11.700
* Despesas com o projeto Training & Consulting. Essas despesas, não incluídas nas Despesas com Projetos, foram lançadas na conta Formação e Relações Públicas da sede da KNH e financiadas, em parte, com verbas da aliança “Bündnis Entwicklung Hilft”. Portanto, não aparecem aqui como despesas com projetos.
Tópicos Projetos adolescentesCrianças/ Despesas
Photo: Jakob Studnar / © Kindernothilfe
Foto: James Rodriguez
Ajuda humanitária: obras de construção civil; prevenção de desastres; ajuda de emergência;
ajuda à reconstrução
Capacitação política e jurídica: projetos com dimensão de gênero; lobby e advocacy; formação em
Direitos Humanos; assessoria jurídica; desenvolvimento da sociedade civil, como grupos de autoajuda
Combate à pobreza: incentivo à pequena empresa; microcrédito; desenvolvimento comunitário,
rural e urbano; proteção ambiental
Desenvolvimento da qualidade: capacitação dos parceiros
Educação: qualificação profissional; educação na primeira infância; educação básica; habilidades para
a vida; ensino secundário
Prevenção da violência: educação para a paz; prevenção de todas as formas de abuso e abandono;
proteção da criança
Saúde: prevenção e cuidados; apoio a atingidos por HIV/AIDS; higiene; reabilitação de pessoas com
deficiência; saúde reprodutiva; abastecimento de água
Segurança alimentar: alimentação; agricultura, pecuária, silvicultura
Trabalho psicossocial: reabilitação psicossocial; fortalecimento da autoestima e personalidade
Despesas em áreas específicas
Educação e formação
10.391.649 euros
Capacitação política e jurídica
7.572.607 euros
Combate à pobreza
5.048.496 euros
Desenvolvimento da qualidade
4.519.149 euros
Saúde
3.801.066 euros
Trabalho psicossocial
3.349.617 euros
Ajuda humanitária
3.068.575 euros
Prevenção da violência
2.598.158 euros
Segurança alimentar
2.138.775 euros
Outros
937.820 euros
Total
43.425.912 euros
Foto: Christopher Vent / © Kindernothilfe
América Latina
* despesas realizadas pelo projeto ONG-IDEAS
Redução da pobreza; proteção da criança; prevenção da violência; desenvolvimento comunitário rural; reabilitação de pessoas com deficiência; inclusão; saúde;
ensino escolar/formação profissionalizante; lobby e advocacy; reabilitação psicossocial; educação na primeira infância; assistência jurídica; habilidades para a vida
17
Bolívia
desde 1974
9.300 1.682.994 ¤
Prevenção da violência; formação em Direitos Humanos; fortalecimento da personalidade; habilidades para a vida; lobby e advocacy; reabilitação psicossocial; educação na primeira infância; assistência jurídica; projetos com dimensão de gênero; desenvolvimento comunitário rural; reabilitação de pessoas com deficiência 31
Brasil
desde 1971
10.200 2.699.110 ¤
Educação na primeira infância; prevenção da violência; habilidades para a vida; lobby e advocacy; formação em Direitos Humanos; reabilitação psicossocial; reforço ao trabalho de lobby de nossos parceiros
6
Chile
desde 1969
900 414.741 ¤
Prevenção da violência; educação na primeira infância; incentivo à pequena empresa; lobby e advocacy; reabilitação de pessoas com deficiência; inclusão; prevenção de desastres; formação em Direitos Humanos; desenvolvimento da sociedade civil na área dos Direitos da Criança
12
Peru
desde 1984
6.000 1.155.169 ¤
Desenvolvimento comunitário rural; alimentação; saúde; educação básica; prevenção da violência; habilidades para a vida; reabilitação psicossocial; formação em Direitos Humanos; lobby e advocacy; crianças em situação de rua 6
Ecuador
desde 1979
4.600 714.480 ¤
Educação básica; prevenção da violência; redução da pobreza; grupos de autoajuda; proteção da criança; prevenção de desastres; Direitos da Criança; promoção da mulher/gênero
14
Haiti
desde 1973
20.400 2.040.620 ¤
Prevenção da violência; redução da pobreza; desenvolvimento comunitário rural; promoção da mulher; educação para a paz; saúde; educação básica; formação em Direitos Humanos; reabilitação psicossocial; assistência jurídica; educação na primeira infância; grupos de autoajuda
21
Guatemala
desde 1976
12.200 2.921.322 ¤
Redução da pobreza; prevenção da violência; proteção da criança; desenvolvimento comunitário rural; habilidades para a vida; lobby e advocacy; formação em Direitos Humanos; reabilitação psicossocial; assistência jurídica; educação na primeira infância; ensino escolar e formação profissionalizante; saúde; desenvolvimento da sociedade civil na área dos Direitos da Criança; grupos de autoajuda; promoção da mulher 10 Honduras desde 1979 11.100 1.066.627 ¤ 117 em geral* Total 74.700 12.338 ¤ 12.707.401 ¤ Tópicos Projetos adolescentesCrianças/ Despesas
A desigualdade crescente, a pobreza e a violência extremas, os desafios demo-gráficos, a urbanização vertiginosa e as mudanças climáticas são tendências globais que põem em xeque a realiza-ção dos Direitos da Criança. Impedir o avanço dessas ameaças e criar estrutu-ras sustentáveis em prol da realização desses direitos figuram entre as principais tarefas de nosso trabalho de advocacy e são parte integrante de muitos de nossos projetos no exterior. Tendo em vista que a articulação com as atividades de nossos parceiros e o aproveitamento de sinergias têm o potencial de intensificar o impacto de nossos esforços, a Kindernothilfe consultou todas as suas organizações parceiras no exterior, solicitando informações sobre suas atividades de advocacy, e muitas manifestaram interesse em cooperar. Com base nas respostas, identificamos eixos de atuação que vão moldar nosso trabalho no futuro. A falta de proteção contra a violência, mencionada pela esmagadora maioria dos entrevistados, é a violação mais grave que assola todos os avanços na área dos Direitos da Criança.
Advocacy em prol dos
Direitos da Criança
Paralelamente a isso, o direito à participação da criança e do adolescen-te se revesadolescen-te de importância crescenadolescen-te entre os parceiros. Sem a realização desse direito, não há melhorias objeti-vas e oportunas. Enquanto as crianças e os adolescentes aspiram ser sujeitos de seus próprios direitos, cabe a nós criar as oportunidades para que isso se concretize.
A consulta revelou, ainda, que um número crescente de Estados começou a restringir os direitos civis e políticos, reduzindo a margem de manobra das organizações da sociedade civil. Estratégias conjuntas e o apoio mútuo, por meio de alianças e redes, ampliam o potencial de incidência política em prol da situação das crianças. Vejamos o caso das Filipinas, cujo governo, em 2019, tentou reduzir a maioridade penal de 14 para 9 anos de idade. Como não é fácil para organizações nacionais de Direitos da Criança enfrentar o próprio governo, a Kindernothilfe lançou uma campanha internacional em apoio às reivindicações dos parceiros nas Filipinas, induzindo o governo a repensar
Em 2019, a Convenção sobre os Direitos da Criança fez 30 anos. Por ser um dos alicerces de nosso trabalho, a Convenção é a bússola de nossa atuação política. Mediante atividades de advocacy, informamos os/as políticos/as sobre as violações dos Direitos da Criança, melhorando a situação da criança em cooperação com nossos parceiros locais e internacionais.
Texto: Frank Mischo · Fotos: Kindernothilfe, Jakob Studnar / © Kindernothilfe sua postura. Na nova proposta, o governo propõe a maioridade penal aos 12 anos, e a Kindernothilfe e seus parceiros con- tinuam discutindo o assunto.
Em 2020, vamos iniciar um programa sistemático e articulado de atividades de advocacy, da esfera local até a esfera internacional, envolvendo nossas enti- dades parceiras na Áustria, Luxemburgo e Suíça, as estruturas de coordenação nacionais, nossos parceiros, aliados em redes de advocacy e, por fim mas não por último, as próprias crianças e adolescentes, por meio do apoio às suas iniciativas.
* Para pormenores, cf. o relatório “30 Anos da Convenção sobre os Direitos da Criança – Sonhar não Basta!”, disponível (em alemão) na sede da Kindernothilfe
Red Hand Day 2020: ato da aliança alemã contra o recrutamento de crianças-soldado no parlamento estadual de Düsseldorf; no centro: Frank Mischo, da Kindernothilfe
18,7 %
Publicidade e administração
81,3 %
Despesas com programas
O Destino das
Doações
81,3 por cento, ou seja, mais de 81 centavos de cada euro
doado, são dedicados aos programas. 70 por cento são destinados a projetos que apoiam a criança, sua família e comunidade. Com 7,3 por cento, cobrimos os custos de acompanhamento e monitoramento dos projetos em nossa sede em Duisburg: nossos especialistas garantem que as
Propostas de projetos Demonstrações financeiras auditadas Resultados de avaliações Informações sobre crianças apadrinhadas Todos os documentos Aviso de recebimento das verbas Planejamento anual com orçamento Relatórios financeiros Relatórios de avanço Relatórios anuais Cartas das crianças Relatórios sobre o desen-volvimento das crianças e de seu entorno Demonstrações
financeiras auditadas
Relatórios de avanço dos projetos
Relatórios sobre o desen-volvimento das crianças e de seu entorno Cartas das crianças Divulgação do trabalho: site institucional, redes sociais, linha de atendi- mento ao doador, publi-cações (como revista e relatório anual)
Kindernothilfe
Parceiro/Coorde-
nação nacional
Projeto
Doador
Doações
Doações
Doações
doações contribuam para uma melhoria duradoura da situação da criança e de seu entorno. 4 por cento são gastos para mudar estruturas e condições básicas. São mudanças imprescindíveis para combater, com efeito duradouro, a pobreza e a injustiça. Por meio de advocacy e campanhas marcamos presença na esfera política; com nossas atividades de formação e relações públicas, divulgamos os problemas globais. Vejamos um exemplo: muitos produtos são baratos porque eles “contêm” trabalho infantil. Ou seja, os padrões de consumo aqui, na Alemanha, têm a ver com as crianças trabalhadoras nos países mais pobres. Sem conhecimento desta interdependência, não haverá mudanças duradouras.
18,7 por cento das doações são usadas para outras tarefas:
os custos administrativos representam 6,1 por cento. Nossos quadros administrativos cuidam do funcionamento e da eficiência de nosso trabalho: contabilidade profissional, con- trolling e TI moderna garantem que as doações sejam usadas em benefício da criança e do adolescente. 12,6 por cento são gastos com publicidade e atendimento ao doador. Tendo em vista que as doações representam mais de 79 por cento do orçamento da Kindernothilfe, o apoio que damos a meninas e meninos no Sul Global depende da conquista de novos doadores. Ou seja, essas despesas são um investimento que, no fim das contas, beneficia a criança.
Proteção
contra
a violência:
Centros de
Proteção para
Crianças Rohingya
em Bangladesh
400.000 crianças estão confinadas em Cox’s Bazar, Bangladesh, sede de um dos maiores campos de refu-giados do mundo. A Kindernothilfe constrói centros de proteção contra a violência, o medo e o trauma. Texto: Hubert Wolf · Foto: Jakob Studnar / © KindernothilfeDe pé no meio da sala, a professora; sentadas ao seu redor, 28 meninas; nas paredes, lousas penduradas. Em uma delas se lê: “O alfabeto”, e as letras do ABC. Na outra, “As doenças: febre, diarreia, malária...” e o que fazer para se prevenir. Nada se pode fazer, senão manter a higiene e lavar as mãos. Nas proximidades da cidade de Cox’s Bazar, em Bangladesh, vive um milhão de refugiados rohingya, deslocados à força do país vizinho, Myanmar, que não os aceita de volta,
enquanto Bangladesh não os deixa ir além das fronteiras do acampamento.
Em conjunto com parceiros locais, a Kindernothilfe mantém na região nove centros de proteção da criança. É ali que, em construções rústicas erguidas entre colinas e rodea-das por inúmeros barracos, meninas e meninos aprendem alguma coisa. O local funciona como uma espécie de esco-la – a única que existe ali. No pátio, as crianças brincam de pular corda e empinar pipa, transformando o local em um abrigo de crianças. É a primeira vez que Arif, de 11 anos, vai à escola. Ismail também. “Lá ele tem uma mochila e lápis”, diz sua mãe, Setara Begum, toda contente. Ismail tem 12 anos e só agora aprendeu a escrever o próprio nome. “São pouquíssimas as organizações que ajudam crianças em emergências como esta”, diz Jörg Denker, especialista da Kindernothilfe para a Ásia. A garota Marufa é um bom exemplo. Logo após sua fuga, morou em um campo de futebol. Depois, foi para um acampamento, onde perdeu sua mãe. Psicólogos do centro de proteção da criança ajudaram Marufa a lidar com o trauma. Há dois anos, ela se sentia sozinha e com medo. Hoje, ela faz parte de um grupo de jovens que ajuda outra meninas. “Vamos de barraco em barraco falar sobre os Direitos da Criança e os perigos que enfrentamos aqui, como violência, assédio e casamento precoce”, diz a garota de 14 anos.
Informações sobre o projeto
Parceiros do projeto: ACF, AMURT, Dushtha Shasthya Kendra (DSK), Samaj Kalyan O Unnayan Shagstha (SKUS).
Duração total: 01/12/2017 – sem previsão de término.
Grupos-alvo: 51.245 pessoas, entre elas a população rohingya, famílias locais pobres, professores, líderes reli-giosos e políticos, de dentro e de fora dos acampamentos em Cox’s Bazar.
Atividades: aulas, jogos, atividades esportivas, apoio psicológico a crianças traumatizadas, orientações sobre higiene, conscientização de pais e professores a respeito dos Direitos da Criança e da educação não violenta, manu-tenção/conserto de instalações de abastecimento de água potável, chuveiros e banheiros comunitários.
Sustentabilidade: frente à impossibilidade de repatriar os rohingyas para Myanmar em um futuro próximo, conversão das atividades realizadas nos centros da criança em pro- gramas escolares; envolvimento das comunidades vizinhas.
Riscos: propagação da educação violenta e falta de conhecimento, por uma parcela da população, a respeito dos Direitos da Criança. Nossos parceiros promovem a conscientização sobre os Direitos da Criança por meio de diálogos e treinamentos contínuos.
Volume do projeto: 1.355.351 euros
Verbas concedidas em 2019: 874.072 euros
Verbas concedidas em 2020: 403.800 euros
Contato: ute.rabenau@kindernothilfe.de
Proteção
contra a
exploração:
Crianças
Trabalhadoras
em Pedreiras
Na Guatemala, milhares de crianças são alvo de exploração. A CEIPA, parceira da Kindernothilfe, cuida para que essas crianças possam frequentar a escola e ter uma vida melhor.
Texto e foto: Malte Pfau / © Kindernothilfe
Apesar do calor escaldante, Ricardo (12) usa uma blusa de mangas compridas para se proteger do sol. O suor, que escorre incessantemente pelo seu rosto, encharca seus olhos enquanto ele arrasta as pesadas rochas da pedreira em Quetzaltenango. Usando longas cunhas de ferro, seu irmão mais velho lasca uma rocha do tamanho de um carro, picando-a em pedaços menores. O trabalho é duro, mas Ricardo se sente orgulhoso de ganhar um dinheirinho. Não é por gostar do trabalho em si, mas por saber que sua mãe solteira não consegue sustentar a família sozinha. Com uma marreta e uma picareta nas mãos, Magdalena (8) pica pedras em pedaços cada vez menores – sem nenhuma proteção para a boca e os olhos. Juan (8) pega a pá e joga os pedaços de rocha britada na peneira para separar as partículas finas dos grãos maiores. O pó tinge suas mãos e seu rosto de branco, além de arruinar seus pulmões.
A escola da CEIPA, parceira da Kindernothilfe, é o único local em que essas crianças podem estudar. É que ali, Ricardo e seus amigos podem obter uma formação reconhecida pelo governo mesmo trabalhando de manhã e nos finais de semana. Em vez de impedir que trabalhem, a CEIPA procura encontrar tarefas menos árduas para essas crianças, como a de ajudantes em mercados.
Informações sobre o projeto
Parceiro do projeto: Centro Ecuménico de Integración Pastoral (CEIPA).
Duração total: 01/03/2019 a 31/01/2024.
Grupo-alvo: 450 crianças e adolescentes trabalhadores de famílias pobres.
Atividades em 2019: 80 crianças trabalhadoras frequen-taram uma escola alternativa da CEIPA; 11 delas concluíram o ensino. A CEIPA sensibilizou 82 pais, professores e líderes comunitários a respeito da situação peculiar da criança trabalhadora e seus direitos. Hoje, Magdalena não trabalha mais na pedreira e está no quarto ano da escola primária. Ricardo continua na labuta para ajudar sua família, mas passou a frequentar a escola diariamente e continua determinado a estudar Medicina.
Sustentabilidade: as crianças aprendem a reivindicar seus direitos e melhorar suas condições de vida por conta própria. A CEIPA vem provocando um redirecionamento na visão das autoridades e governos locais, que passam a atentar para a proteção e o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Riscos: falta de interesse, por parte dos adultos, pelo tema dos Direitos da Criança; agravamento da situação social, diminuindo a participação das crianças.
Volume total do projeto: 265.000 euros
Verbas concedidas em 2019: 51.540 euros
Verbas concedidas em 2020: 49.946 euros
Direito à
educação e
formação:
Escolas Rurais
em Uganda
A maior parte da população de Uganda vive da agricul-tura. Porém, técnicas tradicionais de cultivo esgotaram o solo, e hoje as colheitas não são suficientes para sus-tentar as famílias. Com as escolas rurais ambulantes, o projeto Kitovu Mobile transmite aos jovens ensinamen-tos sobre agricultura sustentável.
Texto e foto: Katharina Drzisga / © Kindernothilfe
Masaka, capital do distrito de mesmo nome no sul de Uganda, tem uma das maiores taxas de HIV/AIDS do país. Inúmeras crianças são órfãs de pai, mãe ou ambos. Seus pais costumam lhes deixar um pedaço de terra, mas não os conhecimentos necessários para o cultivo sustentável. Muitos meninos e meninas sofrem de subnutrição ou desnutrição.
Há 20 anos, as escolas rurais vêm oferecendo uma resposta a essas condições de vida precárias. Instalada em determinado local durante três anos, a escola rural ensina aos jovens conceitos de agricultura sustentável e orgânica. O governo fornece as instalações de ensino e hospedagem. As comunidades, por sua vez, contribuem com alimentos e participam da seleção dos jovens. Quanto mais pobre a família, maior a chance de ganhar uma vaga. Com isso, a população trata o projeto como “seu”.
John (16), órfão de um dos pais, já colocou em prática o que aprendeu: nos fundos do casebre em que vive, há uma horta com repolhos, cebolas, tomates e bananeiras. Além de ter construído estábulos para cabras e galinhas, ele cavou buracos para produzir composto. Tudo isso garante a ali- mentação da sua família, que ainda pode vender o que sobra. John tem orgulho de poder ajudar a família. Sua maior inspiração é Nelson, aluno da primeira turma da escola rural, de 1998. Hoje, aos 38 anos, Nelson é dono de uma grande propriedade rural, onde chega a colher 100.000 abacaxis por ano. Nelson tem oito filhos, cinco dos quais pegou para criar. Todos eles frequentam a escola. Além de trabalhar, Nelson é aluno do ensino médio. Ele quer es-tudar Economia e fundar um instituto de agricultura para jovens que não têm outra oportunidade de estudo. “Nem
todos os ex-alunos das escolas rurais se tornam agriculto-res bem-sucedidos”, explica Justus Rugambwa, diretor da Kitovu Mobile. “Porém, aos poucos as famílias conseguem sair da pobreza. Por conta própria. E esse é o objetivo.”
Informações sobre o projeto
Parceiro do projeto: Kitovu Mobile.
Duração: 01/06/2016 a 31/05/2021.
Grupos-alvo: 753 alunos de escolas rurais, 7.535 órfãos e outras crianças vulneráveis.
Atividades em 2019: inauguração de três escolas rurais; criação e capacitação de 75 grupos comunitários em temas como Direitos da Criança, inclusão e violência doméstica; apoio a aproximadamente 5.500 meninas e meninos nas escolas/grupos.
625 de 753 alunos se formaram e aplicam seus conhecimen- tos na prática. 489 de 622 ex-alunos dobraram sua renda. 587 deles podem fazer três refeições por dia. 4.011 crianças e adolescentes receberam informações acerca do tema HIV/AIDS.
Sustentabilidade: participação de todos os envolvidos; incentivo ao empreendedorismo; acesso ao microcrédito para alunos das escolas rurais; transmissão de seu co- nhecimento.
Riscos: ameaça à colheita/renda em razão das mudanças climáticas.
Volume do projeto: 500.000 euros
Verbas concedidas em 2019: 81.160 euros
Verbas concedidas em 2020: 94.786 euros
Contato: monika.ries@kindernothilfe.de
Na Índia, mães e pais de crianças com deficiência qua-se não recebem apoio. Um projeto da Kindernothilfe em Patna ensina-lhes como estimular seus filhos para que possam participar da vida.
Texto: Katharina Nickoleit · Foto: Christian Nusch
Ao ver Pushpa Singh chegar, Juhi permanece calada. No entanto, Pushpa, uma terapeuta de 25 anos que trabalha para a organização parceira da Kindernothilfe, Nav Bharat Jagriti Kendra, é a única pessoa com quem Juhi se abre. Ao notar o olhar direto de Pushpa e sua voz bem alta, num instante a menina se enche de vida. Pushpa começa a apontar para pessoas e objetos, dizendo seu nome. Juhi repete. Em seguida, Pushpa apenas aponta e Juhi diz os nomes sozinha, sem ajuda. Aos aplausos dos vizinhos, Juhi dá gargalhadas.
Seis meses: esse é o tempo que Pushpa tem para traba-lhar com Juhi. Provavelmente, será o único contato da menina com uma terapeuta profissional em toda sua vida. Seus pais não tem condição alguma de pagar uma terapia, que dirá um seguro para cobrir os custos. Nem mesmo o projeto pode oferecer essa terapia de forma permanente. É preciso aproveitar ao máximo esses seis meses. É por isso que Pushpa trabalha de perto com a mãe de Juhi: “Eu ensino a ela como falar com sua filha, quais exercícios fazer”. Assim, ela mesma poderá estimular a menina no futuro.
Ao final da sessão, Pushpa sobe em sua lambreta rumo ao próximo paciente. Raj, de sete anos, nasceu com de-ficiência. Ele não fala, não come sozinho e não sabe ir ao banheiro. Pouco depois de começar as sessões de fisio-terapia e as massagens com Pushpa para dar maior flexibilidade às suas articulações, Raj conseguiu dar alguns passos, com a ajuda de sua mãe. “Nunca imaginei que isso seria possível”, ela conta. Seus olhos brilham quando Pushpa diz que, em breve, seu filho estará andando sem ajuda. Por mais curto que pareçam, seis meses de terapia podem mudar uma vida.
Informações sobre o projeto
Parceiro do projeto: Nav Bharat Jagriti Kendra.
Duração: 01/01/2017 a 31/12/2021.
Grupos-alvo: entre outros, crianças com deficiência e suas mães, em Patna.
Atividades em 2019: 7 crianças foram submetidas a terapia de curto prazo, 6 receberam equipamentos de apoio à mobilidade, 13 frequentaram a escola e outras 13, cursos profissionalizantes. As mães aprenderam como receber pensão do governo para a pessoa com deficiência e um pequeno seguro saúde. Satish (15) tem transtorno de aprendizagem, mas já aprendeu a falar, contar até 100 e fazer várias tarefas do dia a dia. Jaya (9) não sabia falar. Hoje, recita o alfabeto inteiro e responde a perguntas. Abha (8), com transtorno de aprendizagem e paralisia cerebral, era acamada. Hoje, consegue andar e fazer as tarefas do dia a dia.
Sustentabilidade: apoio governamental, maior partici- pação da criança na vida cotidiana graças às terapias recebidas; frequência escolar, quando possível.
Riscos: superstição e desinformação por parte da popu- lação; falta de cooperação por parte das autoridades. Entre outras coisas, nossa parceira divulga resultados de pesquisas científicas e sensibiliza as autoridades.
Volume do projeto: 258.074 euros
Verbas concedidas em 2019: 49.779 euros
Verbas concedidas em 2020: 52.465 euros
Contato: stefan.ernst@kindernothilfe.de
Direito à
participação:
Seis Meses
que Transformam
Vidas
Projetos Orientados
para Impactos
Para assegurar êxitos duradouros, os impactos dos projetos
devem ser planejados, observados e monitorados, sistematicamente,
ao longo de todas as etapas
Articulação e iniciativas
conjuntas
No grupo de trabalho “Orientação para Efeitos e Impactos” da VENRO (Associação Alemã de Organizações Não Governamentais de Cooperação para o Desenvolvimento e Ajuda Huma-nitária), compartilhamos informações com outras entidades, realizamos treinamentos conjuntos, elaboramos posicionamentos oficiais e dialogamos com ministérios e políticos a fim de exercer influência conjunta. Represen-tamos os interesses da sociedade civil no comitê consultivo do DEval (Institu-to de Avaliação da Cooperação para o Desenvolvimento da Alemanha). Como membro da DeGEval (Sociedade Alemã de Avaliação), participamos de confe-rências e grupos de trabalho.
Albert Eiden e Ariana Fürst
Gestores de Desenvolvimento da Qualidade
Contato
albert.eiden@kindernothilfe.de ariana.fuerst@kindernothilfe.de
1. Iniciação de projetos
Nossos parceiros traçam um esboço dos problemas, grupos-alvo, transformações que pretendem induzir e estratégias que pretendem adotar para atingir seu objetivo e discutem suas ideias com a Kindernothilfe. Formado um consenso inicial, passa-se à segunda etapa:
2. Planejamento de projetos
O primeiro passo é uma análise sistemática da situação dos Direitos da Criança na região do projeto. A análise constitui a base para a for-mulação dos objetivos que descrevem as transformações concretas a serem alcançadas pelo projeto. Elas dão ensejo à lógica de inter-venção do projeto, que descreve os objetivos, as estratégias e as atividades previstas. Além disso, são definidos os indicadores que serão utilizados para medir a consecução progressiva dos objetivos quando da execução do projeto.
3. Aprovação e
execução de projetos
Após a submissão da proposta, a Kindernothilfe e o parceiro discutem o projeto e definem os pormenores. Uma vez aprovado, o projeto começa a ser executado.
4. Monitoramento de projetos
Mediante o monitoramento, os parceiros observam a consecução dos objetivos. Para tanto, os dados referentes aos indicadores definidos na proposta são coletados, analisados e, na medida do possível, discutidos com os grupos-alvo para definir o rumo e os próximos passos do projeto. Através de visitas regulares a todos os projetos, a Kindernothilfe verifica a consecução dos objetivos, a ade-quação das premissas, a qualidade da implantação das atividades, a administração e o gerenciamento do projeto.
5. Participação no planejamento e monitoramento
A participação intensa dos grupos-alvo, sobretudo das crianças e adolescentes, é imprescindível, pois garante que o conhecimento dos grupos-alvo seja contemplado na concepção do projeto, asse-gurando sua relevância. Na fase de monitoramento, é importante garantir que as pessoas envolvidas no projeto participem, na medida do possível, da análise dos impactos e da coordenação. Muitos pro-jetos contam, ainda, com o apoio de conselhos que definem metas relacionadas às transformações almejadas e monitoram continua-mente o progresso, recorrendo a metodologias simples, muitas das quais de visualização. Dessa forma, respeitamos e promovemos o direito à participação.
6. Relatórios
Com estrutura padronizada, os relatórios anuais fornecem informações sobre a im-plantação das atividades e os impactos, com base em indicadores definidos na proposta do projeto. Eles refletem tanto os sucessos como os problemas e contêm sugestões para ajustar estratégias e atividades. Os relatórios anuais servem como base para os relatórios que enviamos anualmente a todos os padrinhos.
7. Avaliação
Em determinados momentos, lançamos mão de avaliações, por exemplo quando constatamos a necessidade de aperfeiçoar a concepção de um pro-jeto. Após a avaliação do projeto, nossos parceiros comentam as conclusões e tecem recomendações com vistas à adaptação do projeto e de eventuais projetos consecutivos. Contratamos, ainda, avaliações estratégicas que en-volvem uma pluralidade de projetos e que são importantes para nossa orien-tação programática (p.ex., impactos do enfoque nos grupos de autoajuda na questão de gênero). Todas as avaliações são contratadas por licitação e conduzidas por equipes de especialistas externos segundo nossa política de avaliação. O uso consistente dos resultados de avaliações é importante para aumentar o impacto de projetos individuais e intensificar a atuação global da Kindernothilfe como uma organização em constante aprendizagem.
Capacitação
Projetar e monitorar impactos traz muitos desafios. Por um lado, é relativa- mente simples verificar se atividades planejadas foram realizadas ou se o conteúdo de um determinado curso vem sendo aplicado. Por outro lado, é bem mais difícil mensurar as mudan-ças provocadas na vida das pessoas e verificar se um projeto surtiu efeitos significativos. Para tanto, realizamos cursos para mais de 80 parceiros em 14 países, qualificamos nossos colabo-radores e preparamos vários materiais sobre questões específicas relaciona-das ao planejamento e monitoramento orientado para impactos, como, por exemplo, a definição de indicadores. Além disso, o diálogo de acompanha-mento com nossos parceiros ajuda a Kindernothilfe e seus parceiros a com-preender a orientação para impactos.
Foto: Christian O. Bruch / © Kindernothilfe
Foto: Jürgen Schübelin / © Kindernothilfe
Projetos ganham com o envolvimento dos grupos-alvo
Em uma enquete na Ásia, a Kindernothilfe examinou de perto as violações dos Direitos da Criança. A enquete foi a primeira a envolver crianças e adoles- centes. Uma aprendizagem importante para todos.
Alisha, de descendência muçulmana, tem 16 anos e mora com os pais em uma favela de Patna, no estado de Bihar, um dos mais pobres da Índia. Segundo a tradição, Alisha é núbil, ou seja, alcançou, há algum tempo, a idade para casar. Seus pais estão pensando em dar a filha em casamento. Em Patna, um casamento precoce, apesar de ilegal, não é motivo de comentários (ver box na página 24).
Baixa escolaridade, tráfico de crianças, casamentos precoces ... Como os mais novos não têm como escapar, por si só, dessas ameaças, a Kindernothilfe apoia 182 mil crianças e adolescentes em 324 projetos e 11 países asiáticos. De cinco em cinco anos, ela aperfeiçoa suas estratégias nacionais, que sustentam sua atuação e giram sempre em torno de proporcionar uma vida melhor para a criança.
Ampliando perspectivas
No intuito de afinar nossas estratégias na Ásia, optamos por analisar os Direitos da Criança em todo o continente, das Filipinas até o Paquistão. Dessa vez, as organizações parceiras não se contentaram com fontes secundárias. Entrevistaram pais, profissionais de ensino e saúde, autoridades, mídia e ouviram a voz das crianças. Inclu- indo os quadros das organizações parceiras, mais de 6.000 pessoas foram envolvidas na enquete, entre as quais quase 3.000 crianças. Jörg Denker, coordenador do Departamento da Ásia na Kindernothilfe, explica: “Nossa intenção era descobrir semelhanças e diferenças entre as violações dos Direitos da Criança, com a parti- cipação eficaz das meninas e dos meninos. Quisemos saber o que as crianças pensam e envolvê-las nesse processo. Nunca antes optamos por tanta participação”. Na enquete, a Kindernothilfe valeu-se do apoio de uma equipe de especialistas formada por Annabel Trapp, Claire O’Kane e Peter Dixon. Os resultados só saíram depois de um ano e meio, o que mostra a envergadura do empreendimento.
Análise dos Direitos
da Criança na Ásia:
Em Pé de Igualdade –
com Meninas e Meninos
Texto: Simone Orlik · Foto: Jakob Studnar / © Kindernothilfe · Contato: guido.falkenberg@kindernothilfe.de
Aprendizagem transnacional
Com a enquete sobre os Direitos da Criança na Ásia, a Kindernothilfe começou a navegar mares nunca dantes navegados: pela primeira vez, a enquete foi aplicada paralelamente em todos os países parceiros na Ásia. Guido Falkenberg, coordenador das ativida-des na Índia, comenta que “coletar dados em um só país de dimensão subcontinental, como a Índia, é um desafio enorme que vencemos com o apoio de nossos parceiros locais. Cursos de aprendizagem remota, workshops e relatórios intermediários garantiram a preparação dos parceiros e o alinhamento entre o levantamento dos dados e os resultados. Os países trabalharam em equipe, coletaram e analisaram os dados, aprenderam uns com os outros e trocaram experiências".
No marco da Convenção sobre os Direitos da Criança
As análises da situação dos Direitos da Criança são feitas com base na Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas, aprovada em 1989. De lá para cá, a situação melhorou para milhões de crianças. As entrevistas mostram, no entanto, que surgiram novos desafios, como o acesso ao mundo digital, que trouxe consigo uma nova ameaça: a pornografia na internet. Muitas famílias, comunidades e professores não sabem como lidar com as novas tecnologias e mitigar os riscos que representam para a criança e o adolescente. O vazamento de fotos íntimas traz o risco de a criança se tornar vítima de chantagem e assédio.
Além disso, a enquete mostrou a dimensão dos desastres naturais e dos impactos das mudanças climáticas, que se manifestam sobretudo na Ásia. O aumento do nível do mar, as enchentes e os terremotos privam a criança das bases naturais da vida, ceifando dezenas de milhares de vidas e dei- xando milhões de meninas e meninos desemparados: “São fenômenos com impacto nos Direitos da Criança” e que demandam uma atuação firme do Executivo, além de projetos de proteção ambiental, medidas preventivas e de gerenciamento de desas-tres. Citamos, a título de exemplo, os sistemas de alerta prévio, que, por meio da previsão de desastres naturais, protegem a sociedade e as crianças.
Workshops na Índia: parceiros da Kindernothilfe discutem a situação dos Direitos da Criança em suas comunidades e região, com base em enquetes que envolveram as crianças.