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ÁRVORES E ARBUSTOS NO MEIO URBANO: LEITURA E POTENCIALIDADES NOS ESPAÇOS LIVRES DE CUIABÁ

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Academic year: 2021

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ÁRVORES E ARBUSTOS NO MEIO URBANO: LEITURA E

POTENCIALIDADES NOS ESPAÇOS LIVRES DE CUIABÁ

Ângela Santana de Oliveira

Doutora do IFMT, Campus Cuiabá, orientadora

Mariana de Campos Betin

Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista PIBIC/CNPq

Wisllan Amarildo Rodrigues Batista

Aluno do IFMT, Campus Cuiabá, bolsista FAPEMAT

Marcos de Oliveira Valin Junior

Mestre do IFMT, Campus Cuiabá, colaborador

RESUMO

A vegetação urbana é um elemento fundamental na melhoria da qualidade de vida nas cidades. Nos espaços públicos e de forma particular nas calçadas podem ser influenciados positivamente pelo sombreamento proporcionado pelas árvores que geram um microclima mais agradável aos transeuntes. Esta pesquisa tem como objetivo levantar o potencial de vegetação urbana em logradouros públicos de Cuiabá/MT. O universo da pesquisa compreende setores urbanos no município de Cuiabá/MT, sendo estudados dois loteamentos dentro do perímetro urbano da cidade. Para o desenvolvimento do estudo levantou-se a vegetação de porte arbóreo e arbustos em zona urbana nos logradouros públicos da área de estud. Os dados foram coletados com auxilio de fichas de campo, registro fotográfico e medições da vegetação com trena metálica. Concluiu-se que a arborização de acompanhamento viário nos loteamentos estudados é deficiente e com predominância significativa de algumas espécies, sendo necessária maior diversidade. Esses resultados envolvem parâmetros da sustentabilidade urbana, sendo assim, têm aplicabilidade imediata no projeto urbano, planejamento municipal e valorização do patrimônio ambiental urbano.

Palavras-chave: Arborização Urbana. Espaços Livres, Logradouros, sustentabilidade ambiental

1 INTRODUÇÃO

Entende-se por arborização urbana toda cobertura vegetal de porte arbóreo existente nas cidades. Essa vegetação ocupa, basicamente, três espaços distintos: as áreas livres de uso público e potencialmente coletivas, as áreas livres particulares e acompanhando o sistema viário. (EMBRAPA, 2000).

A arborização possui extrema importância nos centros urbanos, sendo responsável por inúmeros benefícios ambientais e sociais que auxiliam na qualidade de vida nas cidades e também na saúde física e mental da população. “As árvores, os arbustos e outras plantas menores e no seu conjunto constituem elementos da estrutura urbana. Caracterizam os espaços da cidade por suas formas, cores e modo de agrupamento; são elementos de composição e de desenho urbano ao contribuir para organizar, definir e até delimitar esses espaços”. (MASCARÓ e MASCARÓ, 2005).

A presença ou ausência de vegetação, a função desenvolvida, porte e localização dessa vegetação podem fornecer indicadores importantes sobre o papel e a função desempenhados pelo espaço público no ambiente urbano.

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No Brasil, a arborização urbana foi implantada sistematicamente nos municípios a partir da segunda metade do século XX, principalmente em função do grande aumento da população das cidades neste período, o que gerou a necessidade da criação de espaços urbanos arborizados que proporcionassem lazer e bem estar psicológico à população (OLIVEIRA, 2011).

Paralelamente a isso, Silva (2007) observa que o traçado colonial cuiabano foi desafiado pelo automóvel e seu imaginário de progresso. Surgindo a necessidade de providenciar uma circulação eficiente para a cidade de traçado sinuoso e ruas revestidas de paralelepípedos. Na década de 1970 ocorreu grande pressão comercial imobiliária na área central da cidade, decorrente do “Milagre econômico”. A partir da década de 1980 surgiu a discussão sobre a importância em preservar o patrimônio, pressionando-se pela preservação do Centro Histórico de Cuiabá. A Cuiabá contemporânea é uma capital que assume seu papel de metrópole regional, mesmo tendo uma composição paradoxal e complexa, refletida nos seus conflitos, segregação sócio espacial, exploração e destruição dos recursos naturais e dinamismo econômico.

Nesta dinâmica particular de cada cidade o ambiente urbano e seus espaços livres têm sido produzidos de formas específicas, incorporando temas de inclusão recente no repertório legal que rege a formação e gestão de cidades e a criação das formas urbanas, porém com resultados ainda não documentados de forma sistemática, portanto, sequer discutidos.

Esta pesquisa é um dos estudos que agregarão valor aos dados acerca áreas urbanas da capital mato-grossense e com ênfase à valorização da vegetação e sustentabilidade ambiental. 2 MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na cidade de Cuiabá/MT, cidade de tropical e úmido com regime de chuvas que se concentram de outubro a abril. A temperatura máxima pode chegar aos 40°C nos meses mais quentes e a mínima em julho, o mês mais frio, é de 16,6 °C.

Foram selecionados bairros em Cuiabá, que seguiam os seguintes critérios: contexto geográfico, período de implantação dos loteamentos e perfil socioeconômico. Sendo selecionados os seguintes bairros: Dom Aquino, Bandeirantes, Baú, Poção, Centro sul, Centro norte, Porto, Araés, Lixeira e Areão.

Na coleta de dados foi realizado levantamento de informações através de medições, registros fotográficos, levantamento e análise da arborização existente e seu estado atual. Nesta fase foram avaliados os seguintes aspectos das espécies encontradas: identificação, porte e o espaço ocupado pelas mesmas nos logradouros.

Utilizou-se a metodologia Meneghetti (2003) que avalia a abundância de árvores que pode ser expressa pelo número de árvores por quilômetro de calçadas, sendo esta uma variável considerada muito viável para fins de inventários de arborização urbana. As variáveis qualitativas usadas neste estudo foram adaptadas dos estudos de Meneghetti (2003), Mascaró e Mascaró (2005) e Romero (2001). E os dados foram coletados com auxilio da ficha de campo conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Variáveis qualitativas dos aspectos avaliados Variáveis relacionadas à quadra Variáveis relacionadas ao indivíduo Variáveis relacionadas ao tamanho dos indivíduos

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quarteirão ao qual pertence;  Nome da rua correspondente;  Largura da calçada, em metros, medida com trena metálica;  Tipo de ocupação da quadra (residencial, comercial, mista); conforme numeração seqüencial de cada árvore amostrada;  Nome popular e nome científico da espécie botânica;

 “A”, para alturas até a rede telefônica – 0 a 4,5 metros;

 “B”, para alturas até a rede secundária – de 4,5 a 6,7 metros;

 “C”, para alturas até a rede primária – de 6,7 a 8,2 metros

 “D”, para alturas acima da rede primária – superiores a 8,2 metros; 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Na análise dos dados dos quarenta e sete (47) quarteirões que compuseram a amostra do estudo, foram encontradas 462 espécies entre árvores e arbustos, plantadas em 27.830 m lineares de acompanhamento viário. Representando a média aproximada de 1 árvore a cada 60,24 m de calçadas ou aproximadamente 17 árvores por quilômetro de calçada. Esta quantidade está muito abaixo do considerado ideal pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, que seria de pelo menos 100 indivíduos por km de calçada (PAIVA, 2009). A distribuição das árvores por bairro estudado se encontra na Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição das árvores por loteamento estudado, comprimento de calçamento no perímento das quadras e abundância de árvores.

Orde m Loteamento Quantidade de quadras Quantidade de arvores Extensão de calçamento(m ) Distânci a entre árvores Árvores por Km de calçada 1 Dom Aquino 8 79 5.190 65,70 15,22 2 Bandeirantes 1 17 460 27,06 36,96 3 Baú 3 21 1.072 51,05 19,59 4 Poção 3 5 2.047 409,40 2,44 5 Centro sul 4 91 3.885 42,69 23,42 6 Centro norte 4 78 3.270 41,92 23,85 7 Porto 7 58 4.959 85,50 11,70 8 Araes 6 57 2.784 48,84 20,47 9 Lixeira 7 28 2.116 75,57 13,23 10 Areão 4 28 2.047 73,11 13,68 Total 47 462 27.830 60,24 16,60

A maioria das árvores pôde ser identificada in locu, prevalecendo a espécie Oiti (Licanea tomentosa) representando 38,34% das espécies, seguida da Pata de Vaca(Bauhinia variegata) com 8,93% e Fícus (Ficus benjamina) em 7,41% (Figura 1) . Em torno de 8,50% das espécies não puderam ser identificadas e serão posteriormente complementados. A distribuição das espécies pode ser observada na Tabela 3.

A alta concentração de poucas espécies é evidente também em outros estudos. Oliveira (2011) em estudo sobre a influência da arborização em praças públicas identificou o oiti com

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representação de 45% das espécies na Praça Popular na cidade de Cuiabá/MT. Na pesquisa de Lima (1993), 56% do total da arborização da sua região central e entorno eram de indivíduos da espécie Sibipiruna Caesalpinia pluviosa DC. A maioria dos autores admite que uma espécie não deveria ultrapassar 15% de toda a população arbórea (Melo, Lira Filho e Rodolfo Júnior, 2007; Rodolfo Júnior et al, 2008).

Tabela 3 – Distribuição das árvores por loteamento estudado, comprimento de calçamento no

perímento das quadras e abundância de árvores.

Ordem NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO QUANTIDADE FREQUENCIA

1 Oiti Licania tomentosa 176 38,10%

2 Pata de Vaca Bauhinia variegata 41 8,87%

3 Ficus Ficus benjamina 34 7,36%

4 Arbusto Rhododendron simsii 27 5,84%

5 Palmeira Arecaceae 25 5,41%

6 Munguba Pachira aquatica 21 4,55%

7 Ipê Tabebuia sp 17 3,68%

8 Palmeria Imperial Roystonea oleracea 15 3,25%

9 Sibipiruna Caesalpinia pluviosa 9 1,95%

10 7 copas Terminalia catappa 7 1,52%

11 Resedá Lagerstroemia indica 7 1,52%

12 Murta Myrtus communis 6 1,30%

13 Robinia Fertilis Flor rosa Rosa x grandiflora 6 1,30%

14 Acácia Acacia podalyriifolia 5 1,08%

15 Espécies diversas com representação menor que 1% 27 5,84%

16 Não identificado 39 8,44%

TOTAL 462 100%

Quanto ao porte das espécies observadas tem-se que a maioria, 61,24% são de pequeno porte, ou seja, sua copa não ultrapassa a fiação da rede telefônica. Em muitos casos este percentual é devido a podas e topiaria freqüentes, especialmente na espécie mais predominantes (Oiti). Os dados diferem do encontrado em Santos por Meneghetti (2003), onde a maior parte dos indivíduos arbóreos ultrapassava a rede secundária de energia.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatou-se a pequena diversidade de espécies e uma maior diversificação das espécies é necessária, em particular utilizando espécies nativas do cerrado, para proporcionar uma valorização de referências ecológicas e paisagísticas que promovam maior biodiversidade e possam contribuir para a qualidade ambiental da paisagem urbana.

5 AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e ao Departamento da Área da Construção Civil (DACC/IFMT-Campus Cuiabá) pelo incentivo à pesquisa. Aos programas de iniciação científica do CNPq e da FAPEMAT pelas bolsas de pesquisas.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EMBRAPA, 000.<http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim18_19/baggio.pdf>. Acessado em: 27 jul. 2011.

HUTHER, M. C.; MASCARÓ, J. J. Análise qualitativa da arborização urbana em bairros de diferentes classes sociais. Malha Urbana, Revista Lusófona de Urbanismo. Lisboa – PT, v.4, n.6, 2008.

LIMA, A.M.L.P. PIRACICABA/SP: Análise da arborização viária na área central e seu entorno. 1993, 238p. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1993

MASCARÓ, Lucia; MASCARÓ, Juan. Vegetação Urbana. Porto Alegre: Mais Quatro Editora, 2.ed.: 2005.

MENEGHETTI, Gabriela Ignarra Pedreira. Estudo de dois métodos de amostragem para inventário da arborização de ruas dos bairros da orla marítma do município de Santos, SP. Dissertação Mestrado em Recursos Florestais. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, 2003.

MOURA, G. C. de M. Citação de referências e documentos eletrônicos. Disponível em: <http://www.elogica.com.br/users/gmoura/refere.html> Acesso em: 09 out. 1996.

OLIVEIRA, A. S. Influência da vegetação no microclima e uso de praças públicas. Cuiabá, 2011. 148f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação em Física Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso

OLIVEIRA, F. A. C. et al. Inventário da Arborização do campus Pato Branco da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. REVSBAU. Piracicaba – SP, v.4, n.1, p. 93-106, 2009.

PAIVA, Ary Vieira de. Aspectos da arborização urbana do centro de Cosmópolis-SP. REVSBAU, Piracicaba – SP, v.4, n.4, p.17-31, 2009.

ROMERO, Marta Adriana Bustos. A arquitetura bioclimática do espaço público. Brasília: Editora UnB, 2001.

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