Síndrome
Morte súbita
do Lactente
Serviço de Pediatria SESARAM
Frederica Passos, João Freitas, Lucas Biaggini Tutora: Dra. Cristina Freitas
Introdução - Definição
Primeira definição formal em 1969, pelo Dr. J. Bruce Beckwith:
“morte súbita de qualquer criança, inesperada atendendo à história, e cujo exame post-mortem não demonstra uma causa adequada para a mesma”
◼ National Institute of Child Health and Human Development (NICHD) define como:
“morte súbita de uma criança durante o seu primeiro ano de vida, inexplicável após autópsia, análise de circunstâncias e uma revisão da história”
Introdução - Epidemiologia
◼
1ª
causa de mortalidade pós-neonatal, no primeiro ano de vida, em Portugal, apesar das medidas preventivasdivulgadas
3ª
entre todas as causas de mortalidade na infância Problema de saúde pública◼ Real incidência é desconhecida em Portugal
● Japão: 0.09 (por 1000 nados vivos)
● Reino Unido: 0.41
● EUA: 0.57
Introdução - Epidemiologia
◼ Mais frequente no sexo masculino do que no feminino (3:2)
◼ Diferenças entre grupos étnicos: lactentes negros não hispânicos e os indianos americanos/nativos do Alasca apresentam taxas de mortalidade mais elevadas
◼ 90% dos casos da SMSL ocorrem entre o primeiro e o sexto mês de vida (maior número de casos entre os dois e os
quatro meses)
◼ Verifica-se uma sazonalidade na SMSL, com maior incidência durante os meses de inverno
Introdução - Histórico
Campanhas de prevenção da SMSL
Introdução - Fisiopatologia
◼ Hipótese do controlo cardiorrespiratório
◼ Hipótese do Stress Térmico
◼ Hipótese da Infeção e Inflamação
Factores de Risco –
Modelo do Triplo risco
◼ 1º. Vulnerabilidade do lactente
▪ Aqui incluem-se os casos de prematuridade, de exposição ao fumo do tabaco no período pré e pós-natal, de défices no neurodesenvolvimento, de alguns polimorfismos genéticos, entre muitos outros;
◼ 2º. Período crítico no desenvolvimento
▪ Apontado como os primeiros 6 meses de vida do lactente, particularmente o período entre os 2 e os 4 meses;
◼ 3º. Fatores de stress exógenos
▪ Fatores que comprometem a homeostasia do lactente, como por exemplo, o dormir em decúbito ventral, o sobreaquecimento ou uma infecção recente.
Factores de Risco
Factores de risco
intrínsecos
Genética
(Sexo masculino; Raça negra ou nativo-americanos ou grupos étnicos;
Polimorfismo no promotor do transpostador da serotonina; alterações desenvolvimento SNA; Mutação canais iónicos; mutações interleucinas)
Gravidez
(hipóxia intrauterina; restrição de crescimento; baixo peso ao nascer; intervalo curto entre gestações)
Desenvolvimento
(Prematuridade)
Ambiente
(Exposição perinatal ao fumo do tabaco ; Pais fumadores, consumidores de
álcool ou de outras drogas; Baixo poder socieoeconómico, pais jovens, situação monoparental)
Factores de risco
extrínsecos
Dormir em posição lateral ou decúbito ventral
Dormir sobre uma superfície mole
Partilha do local onde dorme
Infecções
Factores protectores
◼ Amamentação
▪ Lactentes parecem ter despertares espontâneos mais eficazes
▪ Frequências cardíacas mais baixas
▪ Diminui a incidência de infecções
◼ Utilização de Chucha
▪ Diminuição do limiar para os despertares espontâneos
▪ Patência das vias aéreas
▪ Diminuição da posição em decúbito ventral
◼ Vacinação
◼
Dispositivos comerciaisX
Não há evidência de que nenhum destes dispositivos reduza o risco desta síndrome, nem de que sejam seguros para o lactente, não sendo aconselhada a sua utilização
Associação inconclusiva (marcador socioeconómico)
…
Actualmente, não existe nenhum método eficaz
para identificar futuros casos uma vez que não
há nenhum sinal ou sintoma que seja
suficientemente específico ou sensível para
possibilitar um rastreio
Guidelines –
American Academy of Pediatrics
◼ Posição supina, uso de uma superfície firme, partilha de quarto sem partilha de cama e evicção de lençóis moles e sobreaquecimento.
◼ Evicção de exposição ao fumo, alcoól e drogas ilícitas;
◼ Não utilizar produtos cuja segurança é desconhecida ou incerta,
◼ Utilização de Chucha nas sestas e à noite,
◼ Vacinação de acordo com plano de vacinação.
◼ Proporcionar períodos durante o dia em decúbito ventral, supervisionados
◼ Remover crianças de cadeiras de carro, carrinhos, baloiços, cangurus, caso adormeçam nos mesmos
Guidelines-
European Foundation for the Care of Newborn Infants◼ Assegure um ambiente livre de tabaco, inclusive durante a gestação
◼ Posicione o lactente em decúbito dorsal para dormir, desde o principio
◼ Use sacos de dormir para bebés ao invés de cobertores.
Protejo o bebé de sobreaquecimento e evite que os lençóis cubram o rosto.
◼ Posicione o bebé ao alcance dos pais, num berço.
◼ O bebé deve dormir no quarto dos pais, se possível até os dois anos de idade.
◼ Amamente o bebé, se possível nos primeiros seis meses sem qualquer alimento adicional. O leite materno é o melhor
Guidelines-
European Foundation for the Care of Newborn Infants◼ A temperatura ideal para bebés dormirem é 16-18° C. Assegure ventilação adequada do quarto e restante do domicílio. (2-3 periodos de ventilação com janelas abertas por 10 minutos. Depois, feche as janelas novamente.
◼ O berço não deve estar em frente ao aquecedor, nem exposto ao sol
◼ Pelo risco de sobreaquecimento e dificuldade respiratória, não se devem usar travesseiros, cobertores, coxins de
posicionamento, peluches, lençóis fofos, mosquiteiros e colchões moles.
◼ Bolsas de água quente e aquecedores não devem ser usados no berço .
Guidelines-
European Foundation for the Care of Newborn Infants◼ Não coloque chapéus no bebé quando estiver em casa.
◼ Em casa, o bebé não precisa de mais roupa que os adultos. Para dormir, bastam a fralda, roupa interior e pijamas.
◼ No exterior, o bebé precisa de mais roupa em dias frios.
◼ Sempre verifique se o bebé não está com roupa em excesso, transpirando em demasia. Isso também se aplica a
deslocamentos de carro, passeios no shopping.
◼ A melhor forma de avaliar a temperatura do bebé é colocando a mão atrás do pescoço.
Guidelines-
Lullaby Trust / NHS◼ Fatores que diminuem o risco de SMSN
▪ Dormir no quarto dos pais
▪ Aleitamento Materno
▪ Usar chucha
◼ Fatores que aumentam o risco de SMSN
▪ Posições de dormir inadequadas
▪ Dormir em ambientes perigosos
Guidelines-
Lullaby Trust / NHS◼ Recomendações aos pais:
▪ Se a chucha for introduzida na rotina do bebé, ela deve ser usada todas as vezes que o bebé adormecer.
▪ A chucha deve ser retirada entre os 6 e 12 meses de vida, para evitar efeitos adversos.
▪ Deve-se esperar pelo menos 4 semanas de vida para introduzir a chucha.
▪ Os pais não devem forçar o bebé a utilizar a chucha. Nunca usar a chucha presa no pescoço.
▪ Não existem evidências consistentes sobre o uso de “swaddling”. Não se pode recomendar a prática.
▪ Os bebés não devem ser deixados por longos períodos na cadeirinha.
Guidelines-
Lullaby Trust / NHS◼ Recomendações aos pais:
▪ Usar lençóis leves ou saco de dormir.
▪ Nunca cobrir a cabeça do bebê.
▪ Usar colchão firme, sem travesseiros, cobertores ou edredons.
▪ Nos primeiros seis meses, o bebé deve dormir num berço ou cesta, no quarto dos pais.
▪ O aleitamento deve ser encorajado. Deve ser iniciado antes da introdução da chucha.
Conclusão
◼ Os estudos e guidelines sobre SMSN estão em constante evolução
◼ Médicos e pais devem estar atentos para recomendações ultrapassadas, bem como “lendas” e hábitos inadequados
◼ As orientações para prevenção da SMSN devem ser
passadas e reforçadas desde o nascimento, ainda no hospital
◼ Estudos adicionais são necessários para esclarecer pontos de obscuridade, tanto na fisiopatologia da SMSN, quanto aos fatores de risco e proteção
Bibliografia
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Sudden infant death syndrome; Carl E Hunt ; Fern R
Hauck 2006 Jun 20; 174(13) 1861-1869
◼
Krous, H. F. (2010). Sudden Unexpected Death in
Infancy and the Dilemma of Defining the Sudden
Infant Death Syndrome. Current Pediatric Reviews,
◼
Fernandes, A., Fernandes, C. A., Amador, A., &
Guimarães, F. (2012). Síndrome da morte súbita do
lactente : o que sabem os pais ? Acta Médica
Portuguesa,
◼