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Proposição de um modelo de diagnóstico socioeconômico municipal

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DACEC – Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação.

Curso - Graduação em Administração EaD

Acadêmico Jose Osvaldo Leite Camargo Orientador Professor Sérgio Luís Allebrandt

Proposição de um Modelo de Diagnóstico Socioeconômico

Municipal

Trabalho de Conclusão de Curso

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Acadêmico Jose Osvaldo Leite Camargo Orientador Professor Sérgio Luis Allebrandt

Proposição de um Modelo de Diagnóstico Socioeconômico

Municipal

Trabalho de Conclusão de Conclusão de Curso

Trabalho de Conclusão do Curso de Administração da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI – como requisito parcial à Conclusão de Curso e consequente obtenção de título De Bacharel em Administração.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas oportunidades e conquistas que

tem me proporcionado em todo esse tempo dos 67 anos

de minha vida. Agradeço também a minha família,

esposa a Professora Tania, filhos a Tecnóloga Tavane

Marcia, o Dr Everton Elias, o Major Robson Emanuel,

a Psicóloga Tais Regina e meus netos Bernardo,

Monica, Manuela, Lucas e Murilo, também minhas

noras a Dra Gesiele, a Capitão Renata e o genro

Lindomar.

A Instituição Unijuí, Professores Gustavo Arno Drews,

Pedro Carlos Rasia e meu orientador Professor Sérgio

Luis Allebrandt.

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PROPOSIÇÃO DE UM MODELO DE DIAGNÓSTICO

SOCIOECONÔMICO MUNICIPAL

Jose Osvaldo Leite Camargo

Orientador: Professor Sérgio Luis Allebrandt

Trabalho de Conclusão de Curso

Referencia do autor,

jcchcamargo53@gmail.com

Referencia do professor orient

ador, allebr@unijui.edu.br

RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso apresenta a proposição

de um diagnóstico socioeconômico municipal descrevendo a forma de

como será elaborado, onde a literatura usada e os agentes sujeitos da

pesquisa demonstram com clareza a sua utilização favorável, para

pequenos municípios, conselhos, assentamentos ou arranjos territoriais. A

pesquisa de campo foi realizada com os agentes especialistas no estudo em

questão por meio de um questionário/entrevista. De forma geral

concordaram e contribuíram com as dimensões propostas nesse modelo de

diagnóstico socioeconômico municipal. Como resultado foi redesenhado o

modelo somando-se aos analisados e as contribuições acolhidas dos agentes

consultados. O objetivo do presente modelo, é disponibilizar aos pequenos

municípios, conselhos, assentamentos ou arranjos territoriais, ou

institucionais intramunicipais, mais uma ferramenta para contribuir no

desenvolvimento socioeconômico municipal.

Palavras-chave:

Diagnóstico

Socioeconômico

Municipal,

desenvolvimento local, planejamento local e territorial

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APLs – Arranjos Produtivos locais

COMUDE – Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico DSEM – Diagnóstico Socioeconômico Municipal

(E1), (E2), (E3), (E4), (E5) – Questionário/Entrevista

INCRA/IICA – Instituto Nacional de Reforma Agrária/Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

(ILPES) – Instituto Latino Americano do Caribe de Planejamento Econômico e Social LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei Orçamentária Anual

ONGs – Organizações não Governamentais PPA – Plano Plurianual

PDM – Plano Diretor Municipal

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO 1.1 Apresentação do tema

1.2 Problema ou questão de estudo 1.3 Objetivos

1.3.1Objetivo Geral 1.3.2Objetivos Específicos 1.4Justificativa

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O diagnóstico socioeconômico municipal

2.2 Modelos de diagnósticos socioeconômico utilizados

2.2.1 O diagnóstico segundo (Ivan Lira 2003) em Metodologia para elaboração de estratégias de planejamento local, capitulo IV. Orientação para realização do diagnóstico

2.2.2 Em Metodologia de planejamento do desenvolvimento local e municipal sustentável, Capitulo 2 (Sérgio C Buarque) p. 48-53

2.3 Descrições e análises 3. METODOLOGIA

3.1. Classificação da pesquisa 3.2 Universo amostral

3.3 Sujeitos da pesquisa 3.4 Plano de coleta de dados

3.5 Plano de análise e interpretação dos dados 4. RESULTADOS

4.1 O modelo básico proposto para o DSEM

4.2 As contribuições de especialistas e agentes de planejamento 4.3 Redesenho do modelo

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PÊNDICES Questionário/entrevista E1 Questionário/entrevista E2 Questionário/entrevista E3 Questionário/entrevista E4 Questionário/entrevista E5

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INTRODUÇÃO

Considerando as transformações ocorridas nas formas de intervenção do Estado na economia brasileira, nos últimos anos, percebe-se cada vez mais a descentralização para a esfera local das políticas de desenvolvimento. Nesse sentido, atender às necessidades da população e planejar estratégias de atuação para o desenvolvimento socioeconômico dos municípios é o desafio dos gestores locais, bem como da sociedade organizada como um todo. Medir o papel desempenhado pelo município na região e no estado, identificando a situação e posição socioeconômica do município, da população e sua evolução recente, comparado à região e ao Estado, expresso nos indicadores a serem pesquisados, é o escopo deste estudo

Neste caso o Diagnóstico Socioeconômico Municipal (DSEM) não tem apenas o propósito de avaliar a gestão pública e o desenvolvimento municipal, mas também servir de subsídio, como uma das ferramentas a contribuir para o provimento de informações para gestores no processo de planejamento, projeção e disponibilização de serviços de qualidade e em quantidade para atender à demanda da sociedade, priorizando e maximizando os recursos disponíveis para os investimentos necessários.

Este TCC tem o objetivo de propor um modelo de DSEM pesquisando o desempenho socioeconômico de municípios dentro de um espaço temporal. Para tanto, o TCC está dividido em cinco partes distintas:

A primeira parte refere-se à Contextualização do Estudo, onde se apresenta a delimitação do tema, a questão de estudo, os objetivos e a justificativa.

A segunda aborda a fundamentação teórica, com base, na literatura que trata de diagnósticos.

A terceira parte apresenta à metodologia e os procedimentos, aos temas abordados, classificação da pesquisa, universo amostral, sujeitos da pesquisa, plano de coleta de dados, plano de análise e interpretação dos dados, plano de sistematização do estudo.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo objetiva propor um modelo para elaboração de um Diagnóstico Socioeconômico Municipal (DSEM) para pequenos municípios.

1.1 Apresentação do tema

Diagnósticos Socioeconômicos são instrumentos para viabilizar o conhecimento

da realidade de determinado recorte territorial como o município, região, estado, bairro, distrito rural. Nesta proposta, o foco é no recorte municipal.

Os diagnósticos socioeconômicos, fundamentais para o conhecimento da realidade, constituem-se em etapa preliminar para construção de planos de desenvolvimento territorial, de um Plano Plurianual, ou de planos setoriais, (de saúde, educação, turismo, cultura, desenvolvimento urbano, desenvolvimento econômico etc.), seja no âmbito da administração pública, seja com vistas ao planejamento estratégico de municípios e de regiões.

A profusão de diagnósticos, muitas vezes elaborados de forma bastante complexa e detalhada, param na falta de entendimento dos gestores públicos e ficam por aí. Uma das críticas em relação às organizações e à gestão pública é não levar adiante.

A questão é fazer com que a partir do diagnóstico os gestores possam ter planos que, avancem para a elaboração dos referenciais estratégicos, das diretrizes, estratégias, políticas, programas e ações a serem implementadas, visando corrigir os problemas apontados no diagnóstico.

Este estudo tem presente, propor um modelo de DSEM, para que os objetivos possam sinalizar neste sentido.

Para desenvolver este estudo, partiu-se da descrição, interpretação e análise de diferentes modelos para avançar na proposição do modelo de DSEM com especificidades para os municípios de pequeno porte.

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1.2 Problema ou questão de estudo

Quais os elementos e categorias fundamentais que devem compor um modelo Diagnóstico Socioeconômico Municipal, visando sua utilização como ferramenta estratégica para o processo de tomada de decisão?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral:

Propor um modelo de DSEM adequado ao processo de planejamento estratégico municipal.

1.3.2 Objetivos Específicos

- Descrever e analisar diferentes diagnósticos socioeconômicos utilizados e discutidos na literatura.

- Verificar e analisar a percepção de agentes e atores sociais em relação às variáveis e elementos componentes de diagnósticos municipais importantes para tomar decisões no âmbito municipal.

- Propor um modelo de DSEM que sirva como ferramenta para o processo de tomada de decisão em municípios de pequeno porte.

1.4 Justificativa

Este trabalho se justifica porque a Constituição Federal de 1988 estabeleceu um processo de transferência, para os municípios, de funções antes desempenhadas pelo Governo Estadual e Federal. Progressivamente, foi sendo imposta aos municípios uma carga maior de responsabilidade em serviços públicos, destinados à população. Os recursos financeiros, embora repassados com base na legislação vigente, são em volume

insuficiente para atender as demandas hoje existentes, o que torna necessária a modernização do processo de gestão municipal.

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A realização deste TCC se justifica porque apresentará subsídios, para implantação de políticas públicas com mais eficiência, pois conhecer a realidade do município é de fundamental importância para a gestão pública.

A proposição de um modelo de DSEM se justifica porque é mais uma ferramenta importante de análise e um dos suportes para estratégias de elaboração de planejamento estratégico em diversas áreas.

Além disso, a proposição deste modelo se justifica porque consiste na captação e análise de dados relativos à dinâmica social, envolvendo os laços de relacionamentos entre os integrantes do município em estudo

Também é necessário considerar que a realização deste trabalho se justifica porque ele pode identificar os pontos de conflitos bem como também as potencialidades no município em estudo, e as informações servirem de base para a formulação de ações correspondentes e adequadas a cada local e situação analisada.

Finalmente, cabe considerar ainda que este trabalho se justifique porque, além de ser uma das ferramentas disponíveis aos municípios, o DSEM também apresenta um valioso subsídio para orientar potenciais investidores, podendo viabilizar novos empreendimentos no município em estudo. O conjunto sistematizado de informações, também servirá de matéria-prima para planos estratégicos, para elaboração de projetos em que os municípios possam desenvolver, seja com recursos próprios, estaduais ou federais, ou em parceria publica-privada. .

Este DSEM tem como objetivo ser uma das ferramentas capaz de subsidiar os gestores públicos para o desenvolvimento municipal, contemplando os aspectos econômicos e sociais contribuindo para melhorias nos serviços públicos e no fortalecimento dos setores que contribuem para a economia municipal.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Diagnóstico socioeconômico municipal

Segundo Jannuzzi (2005), o diagnóstico socioeconômico consiste em uma tradução da realidade vivida por uma população em determinado espaço geográfico, por meio da utilização de indicadores de boa confiabilidade, validade e desagregabilidade que permeie diversas dimensões da realidade social. Ainda de acordo com o autor, o diagnóstico é o retrato inicial de uma realidade que servirá de referência para auxiliar a decisão de questões prioritárias a serem atendidas, a elaboração de estratégias, programas e ações no âmbito das políticas públicas (JANNUZZI, 2005).

A identificação das potencialidades e carências dos diferentes municípios representa um desafio para o desenvolvimento local e para melhorias na qualidade de vida dos munícipes.

O diagnóstico oferece informações das diferentes áreas para que os gestores municipais tenham uma perspectiva territorial, temporal e multissetorial da localidade em que atuam com o objetivo de ampliar seu conhecimento sobre o município e municiá-los de informações que permitam uma visão situacional melhor possível do seu município.

Mesmo com a profusão de diagnósticos já existentes, muitos complexos, a pesquisa, e até mesmo a experiência, tem nos mostrado que municípios de pequeno porte são carentes de projetos próprios voltados para diagnosticar suas potencialidades e oportunidades locais. Mesmo aqueles que fazem parte de regiões com diagnóstico regional possuem a carência de políticas públicas locais voltadas para a área de pesquisa em pequenos municípios. É um ponto negativo quando se procura o desenvolvimento e o progresso do local, pois a ausência de trabalho das informações de suas próprias características e peculiaridade acerca dos dados existentes revela pouca precisão no auxílio à tomada de decisão dos gestores públicos e até das administrações privadas, dificultando, atrasando e até muitas vezes desperdiçando recursos por falta de informações quanto a prioridades e demandas. O DSEM oferece uma oportunidade de os municípios tomarem para si a responsabilidade de desenvolver o seu próprio

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diagnóstico socioeconômico local com o objetivo de diagnosticar as potencialidades e oportunidades, e os recursos possíveis para desenvolvimento sustentável local.

O desenvolvimento municipal deve ser baseado nas projeções de futuro apontadas e planejado por meio dos diagnósticos que mostrem os meios disponíveis que o alicerce. Neste sentido, afirma-se que a cidadania é alcançada quando há mudanças da consciência política e histórica do município, que é o primeiro passo a ser considerado, pois,

Não há hoje município tão pequeno que não precise ser entendido e administrado à luz do mundo

moderno, marcado por fenômenos como a velocidade da mudança social e da tecnologia, a globalização da economia e outros aspectos que exigem dinamismo dos governos no sentido de assegurar o bem-estar da sociedade e os direitos dos cidadãos. (Instituto Brasileiro de Administração Municipal, 1996, p.133).

Os desafios enfrentados pelos municípios derivam em grande parte dos

problemas do campo social, a falta de educação e saúde de qualidade, bem como pouco resultado na geração de emprego e renda. Desses fatores desencadeiam uma série de outras demandas, que geram a necessidade de políticas articuladas e voltadas para o alcance do desenvolvimento econômico e social.

2.2 Modelos de diagnósticos socioeconômicos utilizados

Os diagnósticos quando construídos levam em conta as considerações que cada

autor, ou mesmo grupo de trabalho julgam ser as necessidades que o município possui, seja, a descrição de seu perfil desde a sua história passada, analisando o presente para realizar projeções de seu futuro.

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2.2.1 O modelo de diagnóstico proposto por Ivan Lira

O modelo proposto por Lira (2003) e utilizado pelo Instituto Latino-americano e do Caribe de Planejamento Econômico e social (ILPES), busca proporcionar a informação que permite conhecer a capacidade de desenvolvimento, as oportunidades e potencialidades, assim como os recursos disponíveis para isso. No caso desse exercício, se propõe começar com desde os diagnósticos preexistentes de que dispõe o respectivo governo local, os quais estão baseados geralmente em informação de base secundária e que devem trazer subsídios aos atuantes para conformar-se um panorama preliminar da situação da localidade.

A esses antecedentes se sugere ser incrementada informação própria recoletada através de dois mecanismos: entrevistas com informantes chaves e observação direta como visitas a campo.

Recorrendo a esses antecedentes se propõe então que os participantes desse trabalho reúnam os elementos preliminares necessários para formar-se uma idéia geral das potencialidades e obstáculos que a localidades apresenta para ativar um processo de desenvolvimento local. (Lira, 2003)

Em termos de orientações para realização do Diagnóstico, ele relata que todo processo de coleta e o tratamento de dados com a difusão das informações contidas, é a elaboração de um diagnostico que possa servir de base aos agentes locais, para estabelecer ações estratégicas para o desenvolvimento local. Também que um diagnóstico deve ter os efeitos essenciais necessários para avaliar o potencial de desenvolvimento do local, com base no estudo socioeconômico e de anexos que deveria apresentar todas as informações de um diagnóstico e a investigação das fontes recorrida do local em estudo.

Neste caso o autor recomenda para realização de um diagnóstico rápido, com realização de entrevistas a informantes chaves e segundo a observação direta com a experiência dos participantes.

Em seguida sugere as realizações de perguntas com a observação direta que chamou de introdutória antes da coleta de dados, demonstradas nas perguntas a seguir; a) Perguntas que cada grupo de trabalho deveria fazer antes da coleta de dados.

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- Qual é o clima para desenvolvimento econômico da localidade? Esse tema está presente na agenda e/ou no pensamento dos distintos atores locais? Existe consciência acerca da necessidade de se ter uma visão acerca dessa problemática?

- Que instituições, preferentemente públicas poderiam se encarregar da coordenação e planejamento desse processo? Quem deveria lidar com o processo de desenvolvimento local? Que autoridade local? O prefeito? Se não é prefeito, que alternativa existe? - Quais são os obstáculos podem estar presentes e que impedem o exercício dessa coordenação? Que atores estratégicos deveriam estar na frente apoiando as atividades de desenvolvimento propostas?

b) Perguntas que cada grupo de trabalho deverá analisar. - Existe alguma característica que dê relevância à zona?

- Caso de que existe, é tal sua relevância que pode vender uma imagem de marca determinada da zona?

- Nesse mesmo contexto físico e geográfico, qual é o nível de acessibilidade assim como de intercâmbio em relação com o interior e com o exterior?

- As características naturais geofísicas, assim com a herança econômica ou patrimônio industrial, contribuem a oferecer uma imagem determinada do lugar (esportes, ecologia, ecomuseos, etc.)?

- Desde o ponto de vista cultural, existem aspectos homogêneos que caracterizem frente a outros lugares e que possam ser apreciados como cultura do território?

- Existe uma universidade de renome capaz de atrair empresas ou técnicos de alto nível?

Após discussão e análise decorrente destas perguntas parte-se para coleta de dados e análises das informações das áreas temáticas utilizando-se da técnica de matriz de potencialidades, limitações e problemas.

2.2.2 Metodologia de planejamento do desenvolvimento local e municipal sustentável, proposta no Projeto INCRA/IICA

Esta proposta metodológica foi desenvolvida por Sergio C. Buarque em 1999 com o objetivo de servir de material para orientação técnica e treinamento de multiplicadores e técnicos em planejamento local e municipal, no âmbito de Projeto de Cooperação Técnica INCRA/IICA.

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O processo de planejamento se divide em quatro etapas seqüenciais, interligadas e continuadas: o conhecimento da realidade, a tomada de decisão, a execução do plano e, finalmente, o acompanhamento, controle e avaliação das ações (Martins de Carvalho, 1997). Este é, contudo, um processo permanente de construção e decisão; de modo que, mesmo que apresente esta seqüência inicial – conhecimento, decisão, execução e acompanhamento – o ciclo é continuado, com o acompanhamento reorientando o conhecimento e as decisões e, portanto, podendo redefinir a execução. Por outro lado, nas quatro etapas do processo de planejamento, devem ser combinados os tratamentos técnicos e políticos e as abordagens ascendentes e descendentes. De acordo com Buarque (1999, p.49),

As duas primeiras etapas do processo de planejamento – conhecimento e tomada de decisão – constituem a fase de elaboração propriamente dita dos planos de desenvolvimento municipal e local, que definem o que será executado e organizam o acompanhamento. Na realidade, um dos componentes centrais do plano que será, portanto, produzido nestas duas etapas será a formulação de um modelo de gestão, que representa o sistema de organização da sociedade e dos agentes públicos para as duas etapas seguintes: a execução e o acompanhamento do plano.

Além disso, o autor afirma que “fase de elaboração do plano – etapa de conhecimento e decisão – deve seguir também uma seqüência lógica de atividades, seguindo uma ordem de tratamento e produção de informações e conhecimentos que estruturam as escolhas da sociedade”. O conjunto de recursos técnicos e facilitadores disponíveis para organização dos processos para organização, e estruturação dos trabalhos de equipes técnicas composta pelos agentes e atores. Tecnicamente o processo deve começar com a estruturação dos trabalhos, montagem da equipe técnica e do sistema de organização dos agentes e atores, de “Como se organizar para Planejar?” apresentada, a seguir.

Conhecimento da realidade

Para tomar decisões fundamentas e consistentes, é necessário, antes de tudo, compreender a realidade do município ou localidade, tanto definindo com clareza de que estamos tratando (visão espacial e institucional do município e localidade) quanto às condições atuais e as perspectivas futuras da realidade local e municipal. Assim, o

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conhecimento da realidade, primeira atividade da elaboração do plano, deve passar de alguma forma e com diferentes níveis de profundidade e rigor técnico, pelos seguintes procedimentos seqüenciais e complementares.

Delimitação do objeto

O processo de trabalho deve iniciar com a delimitação do município (ou assentamento) que se pretende planejar (de que estamos tratando?): seus limites físico-geográficos e institucionais, as relações estruturais das variáveis determinantes, e as relações do município ou assentamento com seu contexto sócio-econômico, ambiental e político-institucional (onde está situado o município ou assentamento?). Esta atividade tem um forte componente técnico, mas deve ser trabalhada conjuntamente com a sociedade, tanto pelo conhecimento que detém do seu espaço quanto pelo processo pedagógico de apreensão dos seus limites e possibilidades.

Diagnóstico

O diagnóstico consiste na compreensão da realidade atual do município (ou assentamento) e dos fatores – internos e externos – que estão amadurecendo e antecipando mudanças futuras (ou restringindo este futuro). Combinando o levantamento técnico e a manifestação participativa dos atores sociais, o diagnóstico deve responder a três perguntas centrais:

a) Em que situação está?

b) O que está acontecendo e amadurecendo no município?

c) O que está acontecendo e amadurecendo no contexto externo ao município? - Qual o problema? – a primeira informação do plano consiste em apresentar a realidade do município ou assentamento, tanto na sua caracterização e diagnóstico geral, como, principalmente, no destaque dos principais problemas e potencialidades.

- O que a sociedade não aceita e pretende modificar na realidade? - O que emperra e estrangula o desenvolvimento municipal e local?

E quais as grandes potencialidades e condições do município e localidade para alavancar o desenvolvimento? Para evitar dispersão e excesso de informação, o diagnóstico deve ser seletivo na definição das informações mais relevantes para a

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explicação da situação atual e determinação do futuro, identificando os principais fatores determinantes da realidade do município ou assentamento.

Para incorporar as concepções contemporâneas de desenvolvimento – desenvolvimento sustentável – o diagnóstico deve tratar a realidade de forma multidisciplinar, procurando observar e confrontar os componentes ou dimensões econômica, sócio-cultural, ambiental, tecnológica e político institucional, podendo agregar as dimensões ou tratá-las de forma desagregada.

No diagnóstico, deve ser combinado o levantamento de dados secundários com a visão e experiência da sociedade, procurando identificar e organizar informações econômicas e financeiras (incluindo as finanças e orçamentos municipais e os instrumentos financeiros disponíveis, créditos, etc.), sócio-culturais (condições de vida da população, trajetória de vida dos assentamentos, etc.), ambientais (incluindo os recursos naturais, solo, relevo, etc.), tecnológicas (incluindo assistência técnica) e político-institucionais (incluindo análise das institucionais e os mecanismos de atuação do setor público com seus programas e projetos, especialmente das instâncias espacialmente superiores, que podem ser aplicados ou atraídos para o município ou localidade).

No que se refere aos problemas, tanto a análise técnica quanto a formulação da sociedade devem expressar, de forma qualitativa, quais os fatores mais indesejáveis e que mais estrangulam e restringem o desenvolvimento local. Na identificação dos problemas e potencialidades, devem ser identificados os fatores mais relevantes, realizando uma hierarquização daqueles de maior densidade e relevância para o desenvolvimento municipal, não tanto pela gravidade e urgência, mas, sobretudo, pelo seu peso na determinação da problemática do conjunto da realidade municipal e local. O diagnóstico se divide em três tarefas diferentes e complementares, que articulam a visão dos técnicos com a percepção da sociedade e dos atores sociais:

a) levantamento técnico e organização das informações sobre o objeto e seu contexto, identificando e ressaltando os problemas e as potencialidades endógenas mais significativas;

b) levantamento da visão da sociedade sobre os problemas e as potencialidades endógenas, ressaltando as convergências e divergências dos atores sociais na percepção da realidade e dos determinantes centrais;

c) confronto da visão técnica e política no que se refere à definição dos problemas e potencialidades centrais que definem o perfil atual da realidade e antecipam as

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perspectivas futuras do município ou assentamento. Esta atividade procura estabelecer um processo de negociação das duas percepções da realidade bastante distintas, mas complementares, cotejando os interesses e os desejos da sociedade com os limites e possibilidades técnicas.

2.3 Descrições e análise

Como já citado a profusão de diagnósticos, verificamos uma variedade, que se apresentam em versões acadêmicas e técnicas, ambos a seu estilo.

Os acadêmicos à luz de literaturas que versam sobre o tema, com citações, evidentemente pertinentes descrevendo na maioria das vezes os questionamentos que devem ser propostos ou colocados, buscando colocar em pauta a análise situacional local, ou seja, do espaço em estudo, que o diagnóstico deve ser rápido, buscando informantes chaves sem descrever o perfil, ou em quais segmentos da sociedade se encontram para serem ouvidos, tornando-se a maioria das vezes, um documento de gabinete somando-se a profusão já citada. Não tenho a pretensão de contestar, porém sabemos que a coleta e o tratamento dos dados são de um diagnóstico e deve servir de forma prática aos agentes políticos ou privados para organizarem ações e estratégias para o desenvolvimento local.

Coloca na seqüência das etapas do planejamento, o conhecimento da realidade

como primeira etapa que é o diagnóstico, onde vai ser colhido e tratado a produção das informações para que se tenha então a visão espacial institucional do município. Em síntese o diagnóstico sempre pretende a compreensão da realidade do momento atual em que se encontra o município no momento do estudo, mas que seja combinado com uma participação com manifestação participativa de atores sociais, devendo o diagnóstico responder aos questionamentos considerados centrais colocados aqui;

a) em que situação está?

b) o que está acontecendo e amadurecendo no município?

c) o que está acontecendo e amadurecendo no contexto externo ao município? O diagnóstico deve ser seletivo em definir informações julgando as mais relevantes para identificar os fatores determinantes que contribuam para o conceito de desenvolvimento sustentável, tratando de forma multidisciplinar, contemplando todos os segmentos sociais e econômicos, e os fatores que influenciam esses aspectos.

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Os diagnósticos técnicos são os de maior profusão, mesmo não transcrevendo nenhum aqui, mas pelo modesto conhecimento e participação em alguns, e outros que vemos que levam em sua metodologia o termo comunitário, como participativos, termos em evidencia em todos os diagnósticos, isto em ambos, acadêmico e os técnicos, quando na realidade são uma parcela expressiva de gabinetes do que realmente participativo comunitário de campo, onde de forma seleta, na maioria, ouvindo algumas pessoas em assembléia utilizam o método SWOT/FOFA, a partir das problematizações dos conteúdos propostos pelos técnicos contratados

Também daí parte uma variedade de gráficos, com os elementos e informações, julgadas pelos técnicos pertinentes, sem antes pensar numa linguagem a altura dos gestores, que em se tratando de pequenos municípios, a maioria modesta no entendimento para analisar tais documentos.

O desenvolvimento local pode ser analisado sob diferentes pontos de vista: muitos podem ver sob o prisma de desenvolvimento econômico voltado para a competitividade, outros questionam o padrão de desenvolvimento atual não aceitando o fator econômico como ponto de partida ou meio para o desenvolvimento, mas há, entretanto, num outro extremo, os que referem abordar o tema sob uma visão considerada sistêmica. Eles vêem outras dimensões e não apenas a econômica, sem descartar a importância do desenvolvimento econômico e da competitividade, mas dando ênfase aos aspectos sociais, culturais, éticos e de desenvolvimento comunitário (ALMEIDA, 1990).

"A questão com que, cada vez mais, iremos nos defrontar, não é se o desenvolvimento é possível, mas que tipo de desenvolvimento será e, para responder a esta pergunta, o social deverá se tornar parte do nosso foco, tanto quanto o econômico e o político" (WOLFF, 1991: 62).

Barquero (1993) e Knoop (1996) analisando a realidade européia, afirmam a necessidade e a possibilidade dos governos locais, tomarem iniciativas para enfrentarem seus problemas. O primeiro prega que as novas estratégias para o desenvolvimento a reestruturação do sistema produtivo e a organização da economia do local mobilizando recursos. O segundo autor afirma que o alvo prioritário das iniciativas locais deve ser nas pequenas e médias empresas, pois segundo ele, essa tem uma maior capacidade de absorção de mão-de-obra. O autor situa ao governo local o papel de ofertar condições para que as empresas possam investir serem rentáveis e qualificando-se. Essas são

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orientações teóricas que necessitam de instrumentos para que sejam postas em práticas e testá-las pela ordem qual seria no caso, em local específico em estudo, qual seria determinante, o econômico ou o social? No caso um DSEM poderia situar esta questão, o econômico não deve estar dissociado do social, já que os municípios dispõem de um único instrumento, o plano plurianual (PPA).

O plano plurianual tem espaço temporal de quatro anos, sendo que sua elaboração acontece no segundo ano de gestão com duração até o primeiro ano da gestão seguinte e o diagnóstico seria sempre uma etapa preliminar a sua realização, mas sabemos que os gestores quando assumem o primeiro ano de sua gestão, segue o PPA da gestão anterior em tese, nesse caso já observamos que muitos diagnósticos são construídos em qualquer período, mesmo já com plano plurianual existente. Então ao construir um diagnóstico socioeconômico (DSEM) tem que estar presente este fato, que deve ser observado e levado em consideração ao apontar ações e diretrizes estratégicas. Neste estudo teremos presente que um DSEM tenha esse objetivo sinalizando neste sentido, mesmo não sendo um DSEM exclusivo para construção de um PPA, mas que exista uma consonância, para que os planos e programas a partir do diagnóstico possam avançar, pois durante a construção participativa, com atores públicos, representantes da sociedade em geral, surgem demandas motivadoras para ações de curto prazo.

Outro aspecto também de fundamental importância na construção do DSEM, seja pesquisado e leve-se em conta a existência dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) para saber como o município se encontra nesses programas e qual sua posição.

Também sabemos que muitos municípios encontram em regiões onde existem Agencias de Desenvolvimento Regional, onde algumas de modo genérico possuem planejamento estratégicos regional, não atendendo em muito as particularidades dos municípios, pois nem tudo pode ser generalizado, há de se observar a particularidade que envolvem cada um.

A administração pública depara-se cada vez mais com um contexto que envolve o desenvolvimento regional como processo constante. Devem-se buscar, cada vez mais, métodos eficazes de gerenciamento de recursos, promovendo-se a participação da sociedade, explorando potencialidades tangíveis e intangíveis para minimizar fraquezas, vislumbrando soluções que busquem dirimir as desigualdades geradas.

A motivação para a execução deste trabalho deu-se pelo fato de entendermos que ainda não está amadurecido na visão dos gestores públicos e representantes do poder legislativo o quanto é importante administrar em sintonia com a participação popular

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para uma vocação regional, buscando desenvolver as potencialidades regionais existentes, sob os aspectos econômico, sócio cultural e ambiental. Entenda-se a participação popular, como segmentos representativos da sociedade organizada.

Nesse caso de proposição do DSEM não se fará um diagnóstico em um determinado município com coletas de dados, mas sim a elaboração de um roteiro de questionários/entrevistas e o trabalho de campo é efetuar entrevistas e questionários com agentes públicos e privados, pessoas com experiência em cargo público no sentido de levantar os elementos e variáveis que devem fazer parte ou não, de um diagnóstico que tradicionalmente aparecem, inclusive nos modelos mencionados e transcritos e analisados, que na percepção dos entrevistados não são ou são, para retratar a realidade do município.

Assim como resultado teremos um modelo de proposição, que a partir dos modelos existentes utilizados, com o olhar dos entrevistados, perante a análise, um modelo para servir para municípios principalmente de pequeno porte ou de determinada vocação.

A boa administração é aquela que abrange todos os serviços de competência do município, destinado, a cada um, uma parcela da atenção dos administradores e dos recursos municipais, na medida das necessidades locais e convivências próprias de cada município. (Instituto Brasileiro de Administração Municipal, 1996, p.119).

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3 METODOLOGIA

Segundo Minayo (1994), a metodologia não só contempla a fase exploratória de campo, mas a escolha do espaço da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos critérios de amostragem e construção de estratégias para entrada em campo, como a definição de instrumentos e procedimentos para análise dos dados. Este capítulo tem como objetivo apresentar os principais procedimentos

metodológicos adotados, em termos de sua classificação da pesquisa, do universo da amostra, dos sujeitos da pesquisa, plano de coleta de dados, da definição da análise dos dados e por último a sistematização do estudo, buscando assim facilitar o entendimento quanto às decisões acerca da estratégia de pesquisa.

3.1 Classificação da Pesquisa

As pesquisas são classificadas quanto a sua natureza, em dois grupos (Gil, 1999) pesquisa básica e pesquisa aplicada.

No caso foi usada a pesquisa aplicada por que visa gerar conhecimentos voltados a soluções de problemas de interesse locais, centradas nas preocupações das pessoas e tem o propósito de oferecer soluções. A pesquisa aplicada tem o propósito de discussões de problemas posto em um referencial teórico de determinada área e apresentação de soluções alternativas.

Quanto à abordagem da investigação, Minayo (1994), Gil (1999), Silva e Menezes (2001, p. 20), Oliveira (1997, p.115-117) a classificam em pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa.

No caso a abordagem usada é pesquisa qualitativa, pela relação do mundo real e o sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são requisitos básicos no processo qualitativo.

Pesquisa quanto aos objetivos, essa forma de pesquisa diz respeito aos objetivos (Santos, 1999) é a base e aproximação do nível conceitual do pesquisador ao que será estudado. Para Gil, (1999, p. 43-45), os objetivos da pesquisa podem ser classificados em níveis, exploratória, descritiva e explicativa, e diante dos contextos que os gestores se deparam é preciso compreender a partir de mais informações das pesquisas e neste caso é usadas as exploratórias e descritivas.

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Exploratória, o nome indica o objetivo que investigar situações para aproximação do estudo do fato gerando maior compreensão do mesmo, em casos de definição de problemas, identificarem e ações ou dados adicionais que os entrevistados contribuem de acordo com suas experiências

Neste contexto, Gil (2002, p. 41) argumenta que o planejamento para seu delineamento pode ser bastante flexível, de modo a possibilitar a consideração dos mais variados aspectos relativo ao fato estudado.

Descritiva porque identificam e expõem e descreve os fatos da realidade em estudo com a visão dos entrevistados, verificando suas percepções das características e demandas de uma determinada localidade.

Como técnica para obter os dados é usado entrevistas, questionários e observações.

3.2. Universo Amostral

A amostra tem quatro universos: gestor público agencia de desenvolvimento regional, conselhos e iniciativa privada.

Gestores públicos: prefeito, ex-prefeito e secretários municipais de planejamento. Agencia de desenvolvimento regional.

Conselho: COMUDE.

Iniciativa privada: empresários.

3.3. Sujeitos da Pesquisa

São as pessoas que responderam as entrevistas e questionários, forneceram as informações para a presente pesquisa.

3.4. Plano de Coleta de Dados

Nesse caso de proposição de DSEM não foi realizado um diagnóstico em determinado município com coleta de dados, mas sim a elaboração de um roteiro e o trabalho de campo, efetuado entrevistas e questionários, com agentes públicos, conselhos e agentes privados.

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3.5. Plano de Análise e Interpretação dos Dados

Depois de coletados todos os dados para o desenvolvimento do trabalho, os mesmos foram analisados e interpretados a fim de conseguir respostas à questão de estudo proposta. Portanto os dados foram organizados para o assunto, de acordo, com os objetivos do estudo, sendo interpretados e correlacionados com a teoria para que auxiliem na elaboração do relatório final.

A análise e interpretação dos dados foram realizadas, de forma qualitativa, onde os dados coletados através de questionários/entrevistas, foram analisados e adequados aos propósitos do estudo com base no referencial teórico construído ao longo da pesquisa.

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4. RESULTADOS

4.1 Modelo básico proposto para o DSEM

O modelo básico proposto passa pela análise de eixos temáticos e dimensões

como elementos fundamentais para compor um diagnóstico, sendo estes; econômicas, institucional, social e cultural, gestão pública e gestão ambiental. Acredita-se que estes eixos ou dimensões dão conta de retratar a realidade do município, ou recorte territorial em estudo, visando sua utilização como ferramenta estratégica para o processo de tomada de decisões importantes à gestão pública e que possa servir de base aos agentes locais, para estabelecer ações estratégicas para o desenvolvimento local. Também que o diagnóstico tenha os efeitos essenciais necessários para avaliar o potencial de desenvolvimento do local, com base no estudo socioeconômico.

Na metodologia desenvolvida por Sergio C. Buarque (1999) com o objetivo de servir de material para orientação técnica e treinamento de multiplicadores e técnicos em planejamento local e municipal, no âmbito de Projeto de Cooperação Técnica INCRA/IICA, o diagnóstico se divide em três tarefas diferentes e complementares, que articulam a visão dos técnicos com a percepção da sociedade e dos atores sociais:

a) levantamento técnico e organização das informações sobre o objeto e seu contexto, identificando e ressaltando os problemas e as potencialidades endógenas mais significativas;

b) levantamento da visão da sociedade sobre os problemas e as potencialidades endógenas, ressaltando as convergências e divergências dos atores sociais na percepção da realidade e dos determinantes centrais;

c) confronto da visão técnica e política no que se refere à definição dos problemas e potencialidades centrais que definem o perfil atual da realidade e antecipam as perspectivas futuras do município ou assentamento. Esta atividade procura estabelecer um processo de negociação das duas percepções da realidade bastante distintas, mas complementares, cotejando os interesses e os desejos da sociedade com os limites e possibilidades técnicas.

Um DSEM tem que ser entendido e assumido como um trabalho técnico-participativo juntamente com os atores citados no posicionamento do DSEM em “b”, pois a experiência já mostrou que quando há uma apropriação pelo conjunto dos atores que participam, esse confronto é inexistente porque num trabalho técnico não há

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definição de problemas e potencialidades, mas sim constatação. Portanto não haverá processo de negociação dos desejos e limites, de possibilidade técnica, mas sim a construção de objetivos e metas a serem alcançadas em um espaço temporal considerando a situação atual e o objetivo de onde queremos chegar.

O modelo proposto por Lira (2003) e utilizado pelo Instituto Latino-americano e do Caribe de Planejamento Econômico e Social (ILPES), busca proporcionar a informação que permite conhecer a capacidade de desenvolvimento, as oportunidades e potencialidades, assim como os recursos disponíveis para isso.

Para tanto ele sugere que se busquem diagnósticos pré-existentes, para o fornecimento de informações secundárias. Porém em se tratando de pequenos e até médios municípios, em quase sua totalidade, é inexistente, onde apenas podemos encontrar não mais do que o PPA, por este ser presente por força de lei, fato motivador deste trabalho.

A pergunta colocada no modelo proposto por Lira (2003) é; quem coordena ou lidera o processo? Essa pergunta é reflexiva, pois agentes políticos, como prefeitos e secretários municipais têm a participação assegurada por serem eles pertencentes, na maioria das vezes representantes do ente público, facilitador do processo, mas cabe aos técnicos do DSEM, a proposição da estrutura organizacional dos atores participantes no processo com valorização das representações legitimas já citadas.

A partir desse modelo básico proposto apresentado, de experiências e reflexivo ao referencial teórico, foi elaborado um questionário/entrevista para buscar elementos para corroborar ou aperfeiçoar esse modelo proposto onde questionou-se o que apresentou no tema em (1.1) e na questão do estudo em (1.2) com as seguintes questões:

1- Umas das Críticas em relação às organizações e à gestão pública é a profusão de diagnósticos a maioria das vezes, elaborado de forma bastante complexa e detalhada, mas que param aí.

Em alguns casos, até se avança para além dos diagnósticos, elaborando o plano, com diretrizes, objetivos estratégicos e até mesmo um conjunto de projetos estruturantes para enfrentar os problemas existentes e apontados pelos diagnósticos.

No entanto, pouquíssimas vezes se avança para a etapa de implementação do plano. Ou seja, o diagnóstico sem plano, ou o plano, quando existe, ficam guardados e esquecidos em alguma gaveta dos gestores e dos lideres locais ou regionais. Significa

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que temos muitas dificuldades em implementar as ações, executar os projetos, acompanhar e avaliar sua implementação.

Diante dessa constatação, quais os elementos ou categorias fundamentais que deveriam compor um DSEM (diagnóstico socioeconômico municipal), para que de fato se constitua numa ferramenta estratégica para o processo de tomada de decisão, de constituição do plano e de efetiva implementação das ações definidas nesse plano? 02- Normalmente produzem-se diagnósticos por eixos temáticos ou dimensões econômicas, institucional, social e cultural, infra-estrutural e de gestão pública, além da ambiental. Na sua visão, estas dimensões dão conta da totalidade e complexidade da realidade municipal? E quais seriam os principais elementos que deveriam ser considerados em cada uma destas dimensões?

Com base nestas questões apresenta-se e analisa-se no próximo item a percepção dos agentes e especialistas, com o objetivo de aperfeiçoar o modelo de DSEM proposto.

4.2- As contribuições de especialistas e agentes de planejamento

Como foi apresentado no modelo em 4.1, um dos aspectos fundamentais do diagnóstico é sua organização por eixos temáticos ou dimensões: econômicas, institucional, social e cultural, infraestrutural e de gestão pública, além da ambiental. Foi perguntado aos entrevistados se concordavam com esta estrutura ou se consideravam que deveriam ser incluídas outras dimensões no modelo para qualificar o conhecimento da realidade. De modo geral os entrevistados concordaram que as dimensões propostas dão conta da fase de conhecimento da realidade municipal. Um dos entrevistados, porém, afirmou que no modelo não consta a dimensão política. Para este especialista, “faltou a dimensão POLÍTICA. Com esta acredita-se que as dimensões citadas na pergunta dão conta da realidade municipal.” Acrescenta-se aqui, como política a participação dos atores já citados no modelo apresentado (4.1) valorizando esta dimensão saindo do modelo autocrático realizado muitas vezes por uma equipe brilhante, mas colocando-se distante das informações básicas vivenciadas pelos atores representantes dos seguimentos da sociedade local organizada local, onde afloram os problemas e até muitas vezes encaminhamentos de soluções já em estudo ou em execução, mas de forma isolada, sem a transversalidade necessária para o

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encadeamento no processo participativo necessário. E neste sentido o entrevistado E2 coloca:

Como quando se faz planejamento em empresas, em cada empresa há priorizações diferentes a serem datas dependendo do público alvo, suas necessidades e as capacidades potenciais que a empresa tem em atender este público. As demais áreas são transversais e apoiará o desenvolvimento global como conseqüência.

Essa transversalidade ocorre no momento do encontro e discussões desses segmentos participativos, como citado no modelo proposto (4.1) quando da realização do DSEM. Pois de outra forma, que não participativo, fica autocrático e leva a uma situação recorrente na Gestão pública, que o entrevistado E1 traz à tona:

Acredito que um dos grandes erros dos administradores públicos é a elaboração de diagnósticos, projetos e planos de implantação segundo a sua ótica da realidade, nem sempre a mesma daqueles que, teoricamente seriam os beneficiados ou objeto do planejamento.

A situação retratada pelo entrevistado E1 é na prática recorrente, muito própria de gestores eleitos que se aparelham para fazer o cumprimento de suas promessas de campanha. É comum no âmbito municipal, pensarem o futuro após lograrem êxito na eleição, tentarem fazer seu plano de governo, com metas de suas promessas, a maioria não factível, nos pedidos isolados de eleitores influentes que aparecem no período eleitoral. Pelo menos se tivesse como candidato, consultado o plano plurianual do seu município (PPA), que é documento de domínio público, para saber se suas promessas poderiam ser cumpridas, visto que governará o primeiro ano com o plano elaborado pelo governo anterior. É o fazer de forma intuitiva, ou de acordo com interesses como comenta o entrevistado E5.

Assim as decisões dos Gestores Municipais são tomadas com base nas intuições pessoais e interesses políticos, sem considerar informações reais e analisadas que são fundamentais para se dar efetividade as ações que estão sendo implementadas.

Ainda neste contexto de gestão pública se constata que “nos municípios é que realmente nem se elabora um DSEM (diagnóstico socioeconômico municipal” (E5). E em sua opinião, teria de se criar mecanismo para esta obrigatoriedade:

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Há a necessidade de criar mecanismos de obrigatoriedade de elaboração dos DSEM (diagnóstico socioeconômico municipal), de forma periódica, por profissionais qualificados como Administradores e/ou Economistas, assessorados pelos profissionais das áreas em análise ( Engenheiros na de Infraestruturar, Agrônomos na de Agricultura e etc) e posteriormente submetidos a audiências públicas com participação das entidades de classes constituídas, que deverão aprovar formalmente o documento.

Reconhece-se como técnicos essa necessidade, mas sabe-se que não existe por força de lei mecanismo para tal, que por lei o existente é o plano plurianual (PPA), sem base de diagnóstico técnico em quase a totalidade dos municípios.

A colocação descrita acima critica, não é critica pela critica, mas sim constatação de experiências vivenciadas também por alguns dos especialistas, e que trazidas aqui com o intuito construtivo, pois vem ao encontro dos questionamentos colocados no questionário/entrevista, que na primeira questão, traz em si, crítica às organizações e à gestão pública. Também temos que deixar com muita clareza, que ao realizar um DSEM, a equipe técnica tem que ter a sensibilidade e identificar os atores que estarão permeando o trabalho. Isto pode ser constatado quando da realização do trabalho de campo no contato direto com os atores que estarão envolvidos ao longo do trabalho. “A partir da identificação dos principais stakeholders teremos as necessidades, aspirações e conhecimento do que deseja cada um e seus relacionamentos”(E4).

A partir da identificação das aspirações e desejos, principalmente comunitários e não pessoais uma das primeiras premissas é mostrar com clareza, que não existe desenvolvimento sem que haja crescimento econômico de forma sustentável “(com equidade social e preservação da natureza)” (E3), isto posto ainda (E3)

O diagnóstico precisa identificar os estrangulamentos (de natureza interna) que bloqueiam iniciativas potenciais de investimento em atividade que são ou que podem ser desencadeadoras do crescimento (puxadoras do crescimento em outros setores).

O investimento muitas vezes depende de condicionantes internos ou externos, mas de uma forma ou de outra, pode existir uma imposição dos condicionantes externos.Mas o DSEM deve localizar margem para atuação local, nas empresas, instituições e mesmo no governo local. Nas atividades econômicas é preciso identificar as que são desencadeadoras do processo de geração de emprego, renda e tributos locais.

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No modelo construído por Buarque 1999, ele afirma;

Para tomar decisões fundamentas e consistentes, é necessário, antes de tudo, compreender a realidade do município ou localidade, tanto definindo com clareza de que estamos tratando (visão espacial e institucional do município e localidade) quanto às condições atuais e as perspectivas futuras da realidade local e municipal. Assim, o conhecimento da realidade é primeira atividade da elaboração do plano.

Iniciando o trabalho, com a delimitação do local objeto do estudo, seus limites, além de geográficos, principalmente os institucionais, é importante estabelecer as relações estruturais e as variáveis que determinam as relações do local, seja município, ou recorte territorial em estudo, com seu contexto socioeconômico, ambiental, político-institucional. Mesmo esta atividade tendo um forte componente técnico, tem que ser trabalhada com a sociedade, local, pelo conhecimento do seu espaço local, pois dessa forma acontece um processo pedagógico, onde descobrirá seus limites e possibilidades de participação direta, crescendo e se fortalecendo como capital social importante para a construção do desenvolvimento socioeconômico municipal, ou local objeto do estudo. Diante da importância da dimensão social o entrevistado E3 corrobora afirmando:

CAPITAL SOCIAL – o diagnóstico precisa conter uma avaliação a respeito. Se o “estoque” de capital social for incipiente ou inexistir o próprio diagnóstico precisa sugerir mecanismos para formá-lo e desenvolvê-lo e que são basicamente metodologias que levem a participação da sociedade, das pessoas individual ou coletivamente através de suas associações, sindicatos, etc. A este respeito, uma sociedade que tenha um Capital Social desenvolvido não tem diagnósticos e planos engavetados como fala o enunciado da questão.

Se o capital social como apontado por E3, for insistente na avaliação do DSEM, há de se fazer um capitulo apontando a necessidade da formação de recursos humana (RH), e ainda que tipo de RH seja preciso formar, ou mesmo treinar, e apontar ou também buscar infraestrutura para realizar este trabalho de formação cientifica ou tecnológica local ou mesmo regional, fazendo assim o investimento necessário à formação do capital humano.

O gestor moderno inteirado globalizado, saberá que não haverá crescimento sem investimentos nas dimensões propostas no DSEM, econômicas, institucional, social e cultural, infraestrututal e gestão publica, e para que haja crescimento continuado, é

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conseqüência e explicado “pelo investimento em capital físico (máquinas/tecnologia, estradas, energia e etc); em capital humano (educação/conhecimento/tecnologia) e (capital social de participação)” (E3). E o entrevistado E1 em uma de suas colocações ainda na pergunta 1- do questionário/entrevista reforça:

Qual o benefício social que a comunidade terá a partir da implementação desse projeto é pergunta que não pode deixar de ser feita: devidamente avaliado o benefício social, é a garantia do sucesso do projeto a ser implantado e quando insuficientemente avaliado causará apenas frustração coletiva.

Faz-se aqui uma afirmação vivenciada, quanto a preocupação dos gestores de frustração coletiva porquanto ela acontece na maioria das vezes quando define um norte por ações de diagnósticos autocrático e planos derivados, ou mesmo por promessas de campanha inatingíveis, ou ações propostas por “visionários brilhantes”, muitas vezes gestores recém-eleitos, realmente na grande maioria das vezes frustram a todos, gestores e coletividade. Pior ainda, colocam em xeque possibilidades futuras de técnicos competentes atuarem por conta do gestor leigo, nivelando com os que o antecederam. Por outro lado, tem que ser relatado que em alguns casos esses visionários brilhantes, quando tomam uma iniciativa, que parte da premissa de atender seus interesses, não conseguem absorver todas as boas oportunidades para si mesmo, tendo então a seguir a tendência de promover desenvolvimento que favoreça o seu negócio, mas permitindo que outros complementem seu esforço e também ganhem com isso. O exemplo da decisão de fazer a Feira de Agronegócios no município de Não-Me-Toque, onde tudo historicamente era contrário por falta de infraestrutura, e hoje é uma das maiores do Agronegócio da America Latina. Da mesma forma pode-se citar a experiência de Gramado e do Vale dos Vinhedos.

Mas esses acertos são raros, porém não esquecidos, mas o que pode assegurar ao gestor é elaborar um trabalho que possa proporcionar uma visão técnica, para que ele junto com sua comunidade, que são seus atores e motivo principal de um plano, propiciem um crescimento de forma continuada promovendo o desenvolvimento local. Mas sempre o que implica para o gestor público no momento da discussão para implementação dessas ações contidas nos investimentos, principalmente para o capital social, é o custo financeiro para fazer e o que isso representa no momento. No entanto, a pergunta a ser feita e respondida é, qual o custo de não fazer o investimento para o futuro?

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Nas ações acertadas, fazem o custo transformar-se em benefícios para o desenvolvimento, é como constata o entrevistado E2:

Enfim, se fala muito em pacto social pelo desenvolvimento, se assina este tipo de documento, mas depois é cada um para si. Se não houver uma decisão de todos os atores em priorizar e apoiar os planos nenhum diagnostico será útil para o desenvolvimento.

Para tanto tudo que se abordou nesta unidade, as falas dos especialistas e as análises, resta lembrar e complementar a valorização do capital social participativo, que tem potencial para validar o DSEM, como coloca o entrevistado E1:

As audiências públicas realizadas dentro de uma microrregião urbana ou distrital devem indicar, para atingir seus objetivos, os caminhos a serem percorridos na elaboração e implantação dos projetos e elas nos fornecerão os elementos mais necessários e importantes a serem considerados em cada projeto especificamente.

Sobre as dimensões social e cultural, há necessidade de os diagnósticos observarem a importância do patrimônio cultural. O entrevistado (E3 afirma, certamente com experiência internacional de trabalhos realizados, que:

Os diagnósticos precisam dar relevo ao patrimônio cultural nas suas mais diferentes formas. Localidades de países como Itália, França, Espanha e outros são muito competentes em agregar a identidade cultural local aos seus produtos e serviços. O Rio Grande do Sul tem comunidades com ricas identidades culturais que se forjaram desde o seu povoamento (indígenas, açorianos, alemães e italianos, principalmente), mas que ainda não lograram, de forma satisfatória, projetar a sua herança cultural como valor no mundo da produção e do consumo de bens e serviços.

Finalizando esta unidade aborda-se a dimensão ambiental que não pode ser dissociada da econômica, que pode orientar o desenvolvimento local com aspectos educativos para o coletivo. Nessa dimensão ambiental o entrevistado aqui fartamente recorrido (E3) coloca:

AMBIENTAL- Esta dimensão deve estar no núcleo dos diagnósticos e dos

planos e caminhar em três direções: a ECONÔMICA, estimular as empresas, produtores e empreendedores em geral a explorarem produtos e serviços que tenham atributos ambientais/ecológicos e as empresas e pessoas, em geral, que prestam serviços ambientais, como a conservação de nascentes

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e etc - na Europa, por exemplo, tem a figura dos “pastores da natureza”, pessoas que são pagas para cuidarem (“pastorearem”) a natureza;

EDUCATIVA no sentido de aprendizado coletivo e a PUNITIVA com

multas severas nos casos de transgressão, por parte dos agentes econômicos, mas também para a população em geral (descarte de lixo e detritos nas ruas como tocos de cigarro e etc);

4.3 Redesenho do modelo

A partir das contribuições dos entrevistados e uma análise, e de concordância com as respostas aos questionamentos apresentados, faz-se o redesenho do modelo proposto neste trabalho.

Parte-se do pressuposto de que a elaboração de um diagnóstico socioeconômico municipal (DSEM) técnico, seja desenvolvido por pessoal técnico capacitado, ou seja, um grupo capaz de coletar os dados necessários sejam primários ou secundários, nas diversas fontes, ou em campo e que serão sistematizados permitindo a caracterização socioeconômica do município, assentamento, ou mesmo outro arranjo territorial ou mesmo institucional no âmbito local.

Mesmo não sendo pretensão a exaustão, tem que ser considerada a amplitude de um DSEM, para que não seja superficial, considerando sempre a quantidade de atores dos diversos setores envolvidos durante o processo na busca do conhecimento do momento socioeconômico do local objeto do DSEM, que sejam capazes de trazer informações para projeções e elaboração de cenários e tendências identificando ações futuras a serem desenvolvidas.

O DSEM constitui-se numa etapa do processo de planejamento, com vista ao desenvolvimento da comunidade local. Tal objetivo sempre se projeta em um horizonte temporal para a consecução de ações e resultados que fazem parte do processo. Assim, concorda-se com entrevistado E3 que afirma:

O DIAGNÓSTICO precisa identificar os estrangulamentos (de natureza interna) que bloqueiam iniciativas potenciais de investimento em atividade que são ou que podem ser desencadeadoras do crescimento (puxadores do crescimento em outros setores).

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Neste redesenho de modelo proposto, define-se que o DSEM compõe-se de quatro tarefas complementares:

a) levantamento técnico e organização das informações do objeto e seu contexto, ressaltando os problemas e potencialidades endógenas:

b) identificação dos atores locais representantes da sociedade organizada do município em questão; do executivo, prefeito e secretários municipais, do legislativo os vereadores, do ministério publico, conselhos municipais, sindicatos, associação de classes, cooperativas, ONGs, escolas técnicas e universidades (locais ou regionais): c) realização do trabalho de campo com entrevista aos atores identificados, quanto a sua visão dos problemas e potencialidades locais e as regionais que possam influenciar: d) confronto das visões técnica, políticas e da sociedade organizada representada no processo no que se refere a identificar problemas e potencialidades centrais que irão apontar o perfil atual da realidade local, antecipando perspectivas futuras para o município, assentamento, ou recorte territorial.

As quatro tarefas complementares devem acompanhar um dos aspectos fundamentais do diagnóstico, isto e, a sua organização por eixos temáticos ou dimensões: econômicas, institucional, social e cultural, infraestrutural e de gestão pública, além da ambiental e da política. Este conjunto de dimensões, e seus entrelaçamentos, dão conta de retratar a realidade local ou municipal..

-Na dimensão econômica: identificar atividades que são chaves para a comunidade local; emprego, renda e outros atributos identificados nos setores primário, secundário e mercado de trabalho, comércio exterior se possível.

- Na dimensão institucional: tem, como as demais, uma amplitude, que pode começar com as articulações e descrições de aspectos quantitativos e qualitativos, fóruns e articulações de parcerias. É importante mapear as instituições que atuam na localidade, tanto as de dimensão local quanto as de dimensão regional ou mesmo macrorregional e estadual ou nacional, quando é o caso. Mas é também fundamental mapear as relações interinstitucionais existentes, na prática ou potencialmente, pois estas relações são cruciais, negativa ou positivamente, para o processo de desenvolvimento.

- Na dimensão social e cultural: tem que se avaliar o cultural, pois sem cultura e educação não há desenvolvimento social e o próprio diagnóstico deve sugerir mecanismo para desenvolvê-lo. Mas as políticas sociais de base na saúde e na segurança são condição para uma sociedade de bem-estar e de bem-viver. Da mesma forma, da mesma forma as políticas de inclusão social, de programas de renda mínima e proteção

Referências

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