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Identificação do Entrevistado Nome: Joal de Azambuja Rosa

Cargo/exerce: Diretor Técnico da América Estudos e Projetos Internacionais.

Exerceu: Diretor de Planejamento Estratégico da Secretaria de Coordenação e Planejamento

do Estado do Rio Grande do Sul; Presidente da Fundação de Economia e Estatística (RS); Pesquisador da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior; Economista (Técnico em Planejamento) da Secretaria de Coordenação e Planejamento do Estado do Rio Grande do Sul; Economista da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul e Economista da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Cidade: Porto Alegre

Formação: Economista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em

1971; Pós graduação em Economia Regional pela FIPE da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, em 1974.

Questões

1-Umas das Críticas em relação às organizações e à gestão pública é a profusão de diagnósticos a maioria das vezes, elaborado de forma bastante complexa e detalhada, mas que param aí.

Em alguns casos, até se avança para além dos diagnósticos, elaborando o plano, com diretrizes, objetivos estratégicos e até mesmo um conjunto de projetos estruturantes para enfrentar os problemas existentes e apontados pelos diagnósticos.

No entanto, pouquíssimas vezes se avança para a etapa de implementação do plano. Ou seja, o diagnóstico sem plano, ou o plano, quando existe, ficam guardados e esquecidos em alguma gaveta dos gestores e dos lideres locais ou regionais. Significa que temos muitas dificuldades em implementar as ações, executar os projetos, acompanhar e avaliar sua implementação.

Diante dessa constatação, quais os elementos ou categorias fundamentais que deveriam compor um DSEM (diagnóstico socioeconômico municipal), para que de fato se constitua numa ferramenta estratégica para o processo de tomada de decisão, de constituição do plano e de efetiva implementação das ações definidas nesse plano?

Resposta:

A pergunta define o diagnóstico como sendo “socioeconômico municipal” sugerindo que seja a etapa de um processo de PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO com vista ao

DESENVOLVIMENTO da comunidade local. Tal objetivo sempre se projeta em um

horizonte de longo prazo e sua consecução (ações e resultados) fazem parte de um processo. A primeira premissa é a de que não existe desenvolvimento sem CRESCIMENTO do PIB de forma sustentável (com equidade social e preservação da natureza), pois não existe futuro para uma sociedade estagnada. O crescimento, de forma continuada, sempre é explicado pelo

INVESTIMENTO em capital físico (máquinas/tecnologia, estradas, energia e etc); em

capital humano (educação/conhecimento/tecnologia) e capital social (participação).

O investimento em uma comunidade depende de CONDICIONANTES INTERNOS e de condicionantes externos a ela. Em uma ECONOMIA CAPITALISTA e GLOBALIZADA de uma forma ou de outra os condicionantes externos acabam se impondo, mas sempre há margens para atuação da comunidade local (empresas, instituições e governo local).

Isto posto, o DIAGNÓSTICO precisa identificar os estrangulamentos (de natureza interna) que bloqueiam iniciativas potenciais de investimento em atividade que são ou que podem ser desencadeadoras do crescimento (puxadoras do crescimento em outros setores). Assim, respondendo a pergunta, os ELEMENTOS ESTRATÉGICOS do diagnóstico são:

a) ATIVIDADES ECONÔMICAS – identificar as que são chaves para a comunidade local: emprego; renda; tributos; exportações para mercados de fora da região. A não ser em casos muito especiais (quando o mercado local é o motor da economia, as cidades turísticas, por exemplo) a atividade exportadora é chave para o desenvolvimento local;

b) INVESTIMENTO EM CAPITAL FÍSICO em infra-estruturar e no processo produtivo – máquinas, equipamentos, instalações, etc (governo local; setor privado; parcerias público-privada; Quem faz o que? Quem paga o que? Qual a origem dos recursos - poupança da comunidade, ou financiamento externo?)

c) INVESTIMENTO EM CAPITAL HUMANO: Há disponibilidade de RH? Que tipo de RH será necessário formar e/ou treinar? Tem apoio da infra-estrutura científica e tecnológica? Esta é local/regional e mais ou menos as mesmas perguntas e definições do item b acima;

d) CAPITAL SOCIAL – o diagnóstico precisa conter uma avaliação a respeito. Se o “estoque” de capital social for incipiente ou inexistir o próprio diagnóstico precisa sugerir mecanismos para formá-lo e desenvolvê-lo e que são basicamente metodologias que levem a participação da sociedade, das pessoas individual ou coletivamente através de suas associações, sindicatos, etc. A este respeito, uma sociedade que tenha um Capital Social desenvolvido não tem diagnósticos e planos engavetados como fala o enunciado da questão.

2- Normalmente produzem-se diagnósticos por eixos temáticos ou dimensões econômicas, institucional, social e cultural, infra-estrutural e de gestão pública, além da ambiental. Na sua visão, estas dimensões dão conta da totalidade e complexidade da realidade municipal? E quais seriam os principais elementos que deveriam ser considerados em cada uma destas dimensões?

Resposta:

a) Faltou a dimensão POLÍTICA. Com esta acredita-se que as dimensões citadas na pergunta dão conta da realidade municipal. É fundamental para o desenvolvimento da sociedade e principalmente através de formas diretas de participação do cidadão dos processos de tomada de decisão. A este respeito é cada vez mais necessário desenvolver a DEMOCRACIA PARTICIPATIVA e especialmente neste momento da vida nacional em que as duas principais INSTITUIÇÕES REPRESENTATIVAS

(Legislativo e Executivo) chegaram a uma completa deterioração e já não são capazes de assumirem a dianteira do desenvolvimento. Na atualidade apenas as

INSTITUIÇÕES JUDICIÁRIAS, pelos menos em parte (PF; MP e Judiciário) estão

funcionando em mantendo de pé a democracia brasileira. Isto, no entanto, não se sustenta por longo prazo, pois estas instituições são meramente REATIVAS. As instituições PROATIVAS são o Legislativo e o Executivo, pois são elas que têm as atribuições de formulação e de execução de ações com vistas ao desenvolvimento sustentável. Nesta quadra da vida nacional dão mostras cabais que serão incapazes de se auto-regenerarem. Somente através da PARTICIPAÇÃO POPULAR (a democracia participativa) é que o País terá de volta instituições representativas que sejam funcionais ao desenvolvimento brasileiro.

b) A dimensão ECONÔMICA já foi contemplada na resposta da pergunta 1;

c) GESTÃO PÚBLICA - Qualidade dos funcionários públicos; meritocracia; sistema de indicadores de desempenho; mecanismos que permitam a participação, o acompanhamento e a fiscalização na tomada de decisão e na execução;

d) CULTURAL – os diagnósticos precisam dar relevo ao patrimônio cultural nas suas mais diferentes formas. Localidades de países como Itália, França, Espanha e outros são muito competentes em agregar a identidade cultural local aos seus produtos e serviços. O Rio Grande do Sul tem comunidades com ricas identidades culturais que se forjaram desde o seu povoamento (indígenas, açorianos, alemães e italianos, principalmente), mas que ainda não lograram, de forma satisfatória, projetar a sua herança cultural como valor no mundo da produção e do consumo de bens e serviços. Embora uma ou outra exceção, as localidades precisam ultrapassar a visão elementar de tradição e cultura como sendo a folclorização da bombacha e do chimarrão;

e) AMBIENTAL - Esta dimensão deve estar no núcleo dos diagnósticos e dos planos e caminhar em três direções: a ECONÔMICA, estimular as empresas, produtores e empreendedores em geral a explorarem produtos e serviços que tenham atributos ambientais/ecológicos e as empresas e pessoas, em geral, que prestam serviços ambientais, como a conservação de nascentes e etc - na Europa, por exemplo, tem a figura dos “pastores da natureza”, pessoas que são pagas para cuidarem (“pastorearem”) a natureza; EDUCATIVA no sentido de aprendizado coletivo e a

econômicos, mas também para a população em geral (descarte de lixo e detritos nas ruas como tocos de cigarro e etc);

f) SOCIAL – É quase acaciano, mas o planejamento estratégico em todas as suas etapas, da formulação aos planos, tem que ter um compromisso com a equidade social, com o combate a todas as formas de exclusão e de discriminação. As chamadas políticas compensatórias, se existirem, na medida do possível, devem conter mecanismos emancipatórios (tipo dar alimentação e/ou moradia vinculada ao aprendizado, etc). g) INSTITUCIONAL – penso que de certa forma está contido nos itens a e c. Há

necessidade de restaurar o decoro das instituições criando mecanismo que estimulem a cidadania ativa. Isto é, a participação da sociedade nos processos decisórios e desestimular o exercício de cargos eletivos nos executivos e legislativos municipais como se fosse uma carreira (o ideal seria que estas funções fossem exercidas como uma espécie de serviço de voluntariado). Já aos funcionários públicos devem ser estimulado a ver o seu emprego como uma carreira que será galgada e remunerada na medida dos seus méritos.

QUESTIONÁRIO PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

UNIJUÍ- universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

DACEC- Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da

Comunicação

Curso: Administração

Disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso

Título: PROPOSIÇÃO DE UM MODELO DE DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO

MUNICIPAL

Aluno: Jose Osvaldo Leite Camargo Orientador: Sérgio Luís Allebrandt

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