• Nenhum resultado encontrado

Mortalidade por insuficiência cardíaca

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Mortalidade por insuficiência cardíaca"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

MORTALIDADE POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

PEREIRA, Ana Kalyne de Lima MACEDO, Breno Ribeiro ROLIM, José Hermes Dantas SOUZA, Milena Nunes Alves de

RESUMO

Objetivou-se realizar uma revisão sistemática sobre a taxa de mortalidade por insuficiência cardíaca (IC) em adultos e apontar os principais resultados e as principais limitações desse estudo. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura que tem como função reorganizar o número crescente de publicações que tratam sobre intervenções, etiologia, tratamento, prognóstico etc. acerca de um determinado tema. Dessa forma foram utilizadas como fonte de pesquisa as bases de dados Publicações Médicas (PUBMED), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Das publicações selecionadas, algumas estão disponíveis na íntegra e outras apenas na forma de resumo. Das publicações do PUBMED, seis (85,71%) estão disponíveis apenas na forma de resumo. Para os autores, as taxas de mortalidade por insuficiência cardíaca possuem valores divergentes de acordo com local e fatores de risco associados. As taxas de mortalidade podem variar de acordo com as regiões, traduzindo resultados diferentes dependendo do local onde o estudo foi realizado. As regiões em que os recursos para diagnóstico e tratamento de IC são mais precários apresentam maior índice da taxa de mortalidade.

Palavras-chave: Mortalidade. Fator de Risco. Insuficiência Cardíaca.

MORTALITY IN HEART FAILURE ABSTRACT

The objective was to perform a systematic review of the mortality rate for heart failure (HF) in adults and point out the main results and the main limitations of this study. A systematic review of the literature was performed that function is to reorganize the growing number of publications that deal with interventions, etiology, treatment, prognosis etc. about a particular topic. Thus it was used as a source of research data bases Medical Publications (PUBMED), Literatura Latino-America e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) and Scientific Electronic Library Online (SciELO). Of selected publications, some are available in their entirety and others only in abstract form. The PUBMED publications, six (85.71%) are available only in abstract form. For the authors, heart failure mortality rates have different values according to location and associated risk factors. Mortality rates vary according to regions, reflecting different results depending on where the study was conducted. The regions where resources for diagnosis and treatment of HF are more precarious, have higher mortality rate index.

Keywords: Mortality. Riskfactor. Cardiac insufficiency.

INTRODUÇÃO

Mangini et al. (2013) melhor definem a insuficiência cardíaca como sendo uma síndrome clínica, na qual ocorrerá uma alteração estrutural ou funcional do

(2)

coração levando à incapacidade de ejetar e/ou acomodar sangue dentro de valores pressóricos fisiológicos, causando limitação fisiológica funcional. A insuficiência cardíaca é uma doença crônica de longo prazo, embora possa, às vezes, se desenvolver repentinamente. Ela pode afetar apenas um dos lados do coração, sendo chamada, dependendo do caso, de insuficiência cardíaca direita ou insuficiência cardíaca esquerda. Como a função de bombeamento do coração está comprometida, o sangue pode retornar a outras áreas do corpo, acumulando-se e originando edema, que pode ser sistêmico ou pulmonar, dependendo da localização da insuficiência.

O mecanismo responsável pelos sintomas e sinais clínicos da Insuficiência cardíaca (IC) pode ser por disfunção sistólica, diastólica ou ambas, de um ou ambos os ventrículos. A IC em adultos está, geralmente, relacionada à disfunção ventricular esquerda sistólica, ou seja, IC sistólica, mas cerca de 30% dos adultos com IC clínica tem disfunção diastólica isolada do ventrículo esquerdo (VE), caracterizando a IC diastólica. O conceito de IC diastólica pode ser assim expresso: manifestações clínicas de IC decorrentes de dificuldades no enchimento ventricular, com fração de ejeção (FE) ventricular normal. Embora o distúrbio da função diastólica possa estar correlacionado com a função sistólica normal, o posto geralmente não ocorre. À medida que a função sistólica se deteriora, há declínio paralelo do enchimento ventricular rápido (BARRETO et al., 2002).

As manifestações clínicas mais evidenciadas na ICD são edema periférico, fadiga muscular e dispneia. A dispneia progressiva aos esforços é um dos mais importantes sintomas e pode evoluir até dispneia em repouso e ortopnéia, dispneia paroxística noturna e edema agudo de pulmão. A presença de broncoespasmo por congestão pulmonar caracteriza “asma cardíaca” e pode confundir-se com asma brônquica. Eventualmente, a respiração de Cheyne-Stokes secundária a ICD também pode ocorrer. A tosse é outra manifestação clínica, que apesar de não específica é encontrada nesses pacientes (BOCCHI et al., 2009).

No Brasil a causa mais comum para insuficiência cardíaca é a doença arterial coronariana (DAC), comumente chamada de cardiopatia isquêmica, na qual teremos um estreitamento dos vasos coronarianos, que são responsáveis por oxigenar o músculo cardíaco, pela presença de placas de gordura, que contribuem diretamente para o surgimento de um infarto, precedido por uma isquemia progressiva, existem algumas alterações que também podem levar a esta condição clínica, tais como:

(3)

disfunção nas válvulas cardíacas, níveis pressóricos não controlados, inflamações do músculo cardíaco, doença de chagas entre outras causas.

A insuficiente cardíaca (IC) é uma doença que reconhecidamente irá evoluir para uma alta mortalidade e morbidade. De acordo com estudos epidemiológicos, os portadores de IC tiveram uma redução importante na sua qualidade de vida e uma evolução pior que muitos tipos de câncer. A possibilidade da identificação de desfechos como morte ou internação por IC, mediante relacionamento entre bancos de dados administrativos e epidemiológicos vem sendo cada vez mais utilizada por pesquisadores na área da saúde (SILVEIRA; ARTMANN, 2009; SPINETI et al., 2016).

Em virtude da compreensão dos fatos analisados, insta trazer a lume a real necessidade de se entender as taxas de mortalidade dessa patologia para que possamos compreender sua real significância. Exemplificando essa realidade fática no Brasil, é notório que a partir de uma análise sucinta de alguns bancos de dados, percebe-se que a evolução dos pacientes com IC não vem se modificando de maneira muito expressiva, pelo menos quanto à mortalidade hospitalar.

Dessa forma têm-se como objetivo realizar uma revisão sistemática acerca da taxa de mortalidade sobre insuficiência cardíaca.

METODOLOGIA

O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura abordando a taxa de mortalidade em paciente com Insuficiência Cardíaca (IC).

A revisão bibliográfica sistemática, assim como também a integrativa, surge como uma forma de reorganizar o número crescente de publicações que tratam sobre intervenções, etiologia, tratamento, prognóstico etc. acerca de um determinado tema. Porém, o fato de só ser realizada com estudos do tipo primário faz com que esse tipo de estudo seja mais criterioso com relação à seleção dos dados, de modo que deve seguir uma metodologia clara, objetiva e reprodutível (LOPES; FRACOLLI, 2008).

De acordo com Galvão, Sawanda e Trevizan (2004), a revisão sistemática é composta de sete fases que devem ser rigorosamente seguidas. São elas:

1- Construção do protocolo de pesquisa. Consiste na formulação de um protocolo que garanta que a pesquisa possa ser reproduzida com a mesma exatidão com o qual o estudo primário foi realizado. Esse

(4)

protocolo deverá conter alguns dados, tais como: questão norteadora do estudo, estratégia de busca de dados, critérios de inclusão e exclusão, entre outros.

2- Elaboração da pergunta norteadora. Nessa fase define-se qual será a questão de estudo. Essa deverá ser formulada com total cuidado, pois é ela quem irá nortear todo o estudo. É a partir da questão de estudo que serão definidos quais estudos fará parte da pesquisa. Ela pode ser elaborada utilizando a estratégia PICO, uma sigla que norteia a formulação da pergunta em que o P corresponde a população de estudo; I representa a intervenção que se deseja analisar; C diz respeito ao grupo controle, ou o comparativo; e finalmente O está relacionado ao desfecho que se espera obter ao final do estudo.

3- Busca dos estudos. Nessa fase serão definidos os descritores e, de posse deles, realizado a pesquisa das publicações nas bases de dados. A busca pode ser feita em mais de uma base de dados, no entanto devem-se considerar os periódicos listados, se houve a implicação de custos ou não, e a viabilidade do acesso à base.

4- Seleção dos estudos. Os estudos selecionados serão aqueles que se encaixarem nos critérios de inclusão e exclusão definidos na primeira fase. Essa fase é importante, pois ela pode ser reprodutível, e outrem pode chegar aos mesmos estudos selecionados seguindo os passos anteriores. É importante que mais de um revisor participe dessa seleção para assegurar que todos os critérios foram contemplados.

5- Avaliação crítica dos estudos. Nesta etapa os estudos selecionados na etapa anterior, serão criticamente analisados a fim de analisar se os mesmo são validos o suficiente para serem considerados na revisão. 6- Coleta dos dados. A coleta dos dados varia conforme a revisão e está

associada à questão norteadora. É importante que essa coleta seja feita por mais de um revisor para que sejam diminuídos os vieses da pesquisa. 7- Síntese dos dados. Será visto a eficácia da intervenção que está sendo

analisada. Pode ser feita através de análise descritiva ou metanálise. De posse destas etapas, ficou estabelecido que a questão norteadora fosse: Qual a taxa de mortalidade por insuficiência cardíaca em indivíduos adultos? Foi definido que se usasse como descritores, procurados na base de dados Medical

(5)

Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE)/US National Library of Medicine National Institutesof Health (PUBMED), o seguinte: ("Heart Failure"OR "Cardiac Failure" OR "Heart Decompensation"[ti]) AND ("Risk Factors" OR "Risk Factor" [ti]) AND (Mortality OR Mortalities OR [ti]), onde foi encontrado um total de

9033 publicações até o momento da realização da busca, dos quais 11 publicações foram selecionadas. Os descritores utilizados de acordo com os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS)/ Medical Subject Headings (MeSH) foram: Heart failure

OR Cardiac Failure, Risk Factor OR Risk Factors, Mortality OR Mortalities.

Outras fontes de dados também foram utilizadas, tais como: Bases de Dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e

Scientific Electronic Library Online (SciELO). Na base de dados Lilacs foram

utilizados como descritores Insuficiência cardíaca, epidemiologia e mortalidade, aonde se chegou a uma seleção de dois artigos. Já na base de dados SciELO os descritores foram Mortalidade e Insuficiência Cardíaca congestiva, selecionando-se também duas publicações.

As publicações podem ser encontradas tanto na íntegra como no formato de resumo. Os artigos foram lidos de forma individualmente por cada autor e posteriormente os estudos foram selecionados aos pares para composição das etapas seguintes.

Figura 1 - Fluxograma acerca das etapas usadas na seleção dos estudos

Os níveis de evidência dos estudos foram categorizados de acordo com a classificação proposta por Regina Paolucci (2007), a qual pode ser assim descrita:

(6)

Nível 1: revisões sistemáticas com ou sem metanálise; Nível 2: ensaios clínicos do tipo megatrials;

Nível 3: ensaios clínicos com menos de 1000 (um mil) pacientes; Nível 4: estudos de coorte;

Nível 5: estudos de caso-controle; Nível 6: série de casos;

Nível 7: relatos de caso;

Nível 8: opiniões de especialistas, pesquisas com animais e pesquisas in

vitro.

RESULTADOS

Dos 11 estudos selecionados nas bases de dados, 7 (63,63%) estavam disponíveis na base de dados PUBMED, um (9,09%) estava disponível no SCIELO e três (27,28%) no LILACS. Das publicações do PUBMED, seis (85,71%) estavam disponíveis apenas na forma de resumo.

Quadro 1 – Descrição quanto a autores, ano, título, base de dados e nível de evidência

Autor/Ano Título Base

de dados Tipo de Estudo Nível de evidência Balieiro et al. (2007)

Estudo epidemiológico na insuficiência cardíaca no município de Valença (RJ)

LILACS Transversal 4

Barreto et al. (2008)

Re-hospitalizações e morte por insuficiência cardíaca - índices ainda alarmantes

SciELO Transversal 4

Critchley et al. (2016)

Contrasting cardiovascular mortality trends in

Eastern Mediterrane an populations:

Contributions from risk fator changes and treatments.

PubMed Transversal 4

Ecksteind; Korabathina (2016)

Heart Failure Update: Diagnosis and Classification.

PubMed Transversal 4

Ferreira et al. (2016)

Pulse pressure can predict mortality in advanced heart failure

PubMed Transversal 4

Gaui; Klein;

Oliveira (2009)

Mortalidade por Insuficiência Cardíaca: Análise Ampliada e Tendência Temporal em Três Estados do Brasil.

LILACS Transversal 4

Kaufman et al. (2015)

Insuficiência cardíaca: análise de 12 anos da evolução em internações hospitalares e mortalidade.

LILACS Transversal 5

Mommersteeg et al. (2016)

Depression and markers of inflammation as predictors of all-cause mortality in heart failure

PubMed Transversal 5

Panduranga et al. (2016)

Comparison of Indian subcontinent and Middle Easta cute heart failure patients: Results from the Gulf Acute Heart Failure Registry.

(7)

Scwarzl et al. (2016)

Risk factors for heart failure are associated with alterations of the LV end-diastolic pressure– volume relationship in non-heart failure individuals: data from a large-scale, population-based cohort.

PubMed Transversal 5

Ziaeian; Fonarow (2016)

Epidemiology and a etiology of heart failure. PubMed Transversal 1

Para os autores, as taxas de mortalidade por insuficiência cardíaca possuem valores divergentes de acordo com local e fatores de risco associados. Dessa forma, o quadro2 traz as principais informações citadas por tais autores.

Quadro 2 – Principais informações citadas pelos autores

Autor/Ano Resultados

Balieiro et al. (2007)

A análise no perfil epidemiológico da insuficiência cardíaca no Brasil, foi analisada levando em contra os dados do Datasus e de ambulatórios especializados de instituições de algumas metrópoles brasileiras. Afirmou ainda que os dados são diferentes quando se compara populações urbanas e rurais, já que estes últimos possuem menos acesso ao atendimento hospitalar e à exames como o eletrocardiograma (ECG).

Barreto et al. (2008)

Apnéia noturna está associada ao aumento da taxa de mortalidade por insuficiência cardíaca e também está condicionada a outras doenças cardíacas tais como doença arterial coronariana e fibrilação atrial.

Critchley et al. (2016)

As taxas de mortalidade por insuficiência cardíaca são crescentes na Tunísia e Síria, enquanto na Turquia houve redução associada principalmente à redução dos fatores de risco bem como da adesão a tratamentos médicos. Ecksteind;

Korabathina (2016)

Afirma que há uma diferença na incidência de insuficiência cardíaca entre grupos étnicos e raciais, sendo mais predominante entre pessoas de pele negra.

Ferreira et al. (2016)

Analisou retrospectivamente pacientes onde foram observados a Pressão de Pulso (PP), a qual consiste na diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica. Observou-se que pacientes que apresentavam a PP inferior ou igual a 40 mmHg possuíam maior taxa de mortalidade quando comparado aos pacientes que tinham a PP superior a 40 mmHg.

Gaui; Klein; Oliveira (2009)

Para o autor houve uma redução no número de mortalidade por insuficiência cardíaca e também com relação a faixa etária, exceto na faixa dos 80 anos em que a taxa de mortalidade se manteve estável. Demonstrou que a taxa de mortalidade por insuficiência cardíaca aumentava com a idade.

Kaufman et al. (2015)

Mostrou que no período de 2001-2012, mais de 36 mil pessoas foram hospitalizadas com IC, sendo mais de 18 mil do sexo masculino. A taxa de óbito intra-hospitalar aumentou em 2,92% de 2001 para 2012.

Mommersteeg et al. (2016)

Pacientes que possuem insuficiência cardíaca possuem uma taxa de mortalidade maior quando associados a sintomas depressivos, processos inflamatórios e elevadas concentrações de óxido nítrico.

Panduranga et al. (2016)

Afirma que pessoas do Continente Sulafricano apresenta um maior número de comorbidades que promovem o aumento da insuficiência cardíaca. Relata ainda que as principais causas para o agravamento da insuficiência são: síndrome coronariana aguda, processos infecciosos e não cumprimento dos esquemas de tratamento.

Scwarzl et al. (2016)

A taxa de mortalidade por insuficiência cardíaca se associa com idade e sexo, além de receber interferência de doenças preexistentes como obesidade, tabagismo e insuficiência renal, que contribuem para o aumento da mortalidade.

(8)

Ziaeian; Fonarow (2016)

Diz que a insuficiência cardíaca é questão de saúde pública que possui índices cada vez maiores, acometendo aproximadamente 37,7 milhões de pessoas no mundo. Acrescenta ainda que, para quem tem essa doença os principais sintomas são: dispneia, fadiga e retenção de líquidos. Concorda que a morbidade e mortalidade ocasionada por tal doença irá variar conforme sexo, idade e etnia.

DISCUSSÃO

A insuficiência cardíaca (IC) é uma importante questão de saúde pública, com uma prevalência de 5.8 milhões nos Estados Unidos da América (EUA) e mais de 23 milhões em todo o mundo. Nos EUA, anualmente são diagnosticadas mais de 550.000 pessoas com IC, mais de 2.4 milhões de pacientes que estão hospitalizados têm IC como um diagnóstico primário ou secundário, e cerca de 300.000 mortes por ano são diretamente atribuíveis à IC. A incidência de IC geralmente varia de 2 a 5 pessoas em um universo de 1000 pacientes. Esse valor é mutável e dependente do grupo a ser estudado. A incidência é maior no sexo masculino e em pacientes idosos (BUI et al., 2011).

A incidência da insuficiência cardíaca em homens foi de 5,64, enquanto que as mulheres apresentaram uma taxa de 3,27 em um universo de 1000 pessoas. No Brasil, essas proporções são similares, segundo o estudo de Gaui, Klein e Oliveira (2010) observa-se que as taxas de mortalidade por IC nos homens são maiores do que os das mulheres, em todas as faixas etárias até os 80 anos, sendo que, entre os sexos, as diferenças destas taxas decrescem, aproximando-se com o avanço da idade. Nos indivíduos de 80 ou mais, é preciso considerar que, nesta faixa, que não possui limite etário superior, as mulheres são em média mais velhas por apresentarem maior longevidade do que os homens.

Balieiro et al. (2007) realizaram estudo epidemiológico no município de Valença (RJ), no ano de 2001 a 2006, e percebeu que o município apresentou valores duas vezes maiores nas taxas de mortalidade por IC do que as taxas brasileiras. No Brasil houve uma queda progressiva na mortalidade por IC de 1,47/104 habitantes em 2001 (32,8%) para 1,29/104 habitantes em 2006 (27,5%), enquanto que o município de Valença apresentou uma taxa sempre acima da média nacional com tendência crescente da mortalidade por IC a partir do ano 2003: 2,9/104 habitantes em 2001 (17,7%) para 4,52/104 habitantes em 2006 (40%).

No Brasil existe uma maior taxa de internação por IC na faixa etária >60 anos com predominância do sexo masculino, tanto no Brasil quanto em Valença. Deste

(9)

modo, percebe-se que essas taxas de mortalidade por IC diferem dependendo da localidade, seja ela a nível internacional, nacional ou regional. Exemplificando essa realidade fática Godoy et al. (2011), em um de seus estudos, avaliou as taxas de mortalidade por IC na cidade de São Paulo, correlacionando o período de 2008 a 2009 com o intervalo de 1992 até 1993, obteve com resultado a redução de 71% da taxa de mortalidade hospitalar por IC.

Para Critchley et al. (2016), as taxas de mortalidade por IC na Síria e na Tunísia foram crescentes. Entretanto o mesmo autor afirma que na Turquia houve uma redução drástica da taxa associada, principalmente, à redução dos fatores de risco, bem como sua adesão ao tratamento médico. Para Gaui, Klein e Oliveira (2009) a taxa de mortalidade por IC reduziu, no entanto, para a faixa etária dos 80 anos, se manteve estável. Dessa forma, os dois autores concordam que a diminuição da taxa está condicionada a exposição a fatores predisponentes, quer seja pela presença de doenças preexistentes, ou pela idade.

Latado et al. (2005) realizaram estudo no período de 1979-1995 na cidade de Salvador, em que foi observada taxa de mortalidade semelhante para ambos os sexos, que sofreram uma progressiva redução até o ano de 1995, e a partir deste ano as taxas tenderam à estabilização. A mesma tendência ocorreu nas diversas faixas etárias, inclusive para a população maior ou igual aos 40 anos. Pesquisa efetivada por Kaufman et al. (2015), a partir de dados de 2001 a 2012, a necessidade de mais de 30 mil pessoas de serem hospitalizadas devido a insuficiência cardíaca, e destas, quase 3% vieram a óbito. Dessa forma, nota-se que mesmo com o passar do tempo o número de mortes por insuficiência cardíaca, apesar das reduções significativas, permanece alto.

Em uma análise epidemiológica realizada por Balieiro et al. (2007), realizada através de um levantamento de dados no Departamento de Informática do sistema Único de Saúde (DATASUS), foi observado que as taxas referentes a IC, diferem, se comparada a populações da zona urbana com a rural, já que este último possui menos acesso ao atendimento hospitalar e à exames complementares, como por exemplo, o eletrocardiograma.

Ziaeian e Fonarow (2016) afirmam que a IC é uma questão de saúde pública, que está totalmente condicionada a fatores de risco, predisposição genética e a maus hábitos de vida. Enquanto que, Mommersteeg et al. (2016) associam sintomas depressivos, processos inflamatórios e elevadas concentrações de óxido nítrico a

(10)

um aumento da taxa de mortalidade. Segundo Barreto et al (2008) o aumento dessa taxa, está associada a apnéia noturna, além de está condicionada a outras doenças cardíacas, tais como a doença arterial coronariana e a fibrilação arterial.

Ferreira et al. (2016) analisou de forma retrospectiva pacientes acometidos por IC, na qual a análise foi realizada através da observação da Pressão de Pulso (PP), que é traduzida como sendo a diferença entre a pressão diastólica e a sistólica. Assim, pacientes com PP menor ou igual a 40 mmHg possuíam maior risco de vir a óbito.

Panduranga et al. (2016) afirmam que habitantes do continente Sulafricano, apresentaram um maior índice de comorbidades, que promovem o aumento da IC. O autor relata ainda que as causas principais para o agravamento da insuficiência são: síndrome coronariana aguda, processos infecciosos e o não cumprimento dos esquemas de tratamento. Já Scwarzl et al. (2016) asseguram que a IC se associa com a idade e o sexo do paciente, além de receber interferência de doenças preexistentes como a obesidade, tabagismo e insuficiência renal, que contribuem diretamente para o aumento da mortalidade.

Destarte, percebe-se que a taxa de insuficiência cardíaca difere dependendo da localidade, seja ela, a nível internacional, nacional ou regional. Além da localidade, vale ressaltar que outros fatores como a exposição a fatores predisponentes, sexo e idade interferem diretamente na prevalência dessas taxas.

CONCLUSÃO

Pôde-se perceber com o estudo, que as taxas de mortalidade podem variar de acordo com as regiões, traduzindo resultados diferentes dependendo do local onde o estudo foi realizado. Regiões em que os recursos para diagnóstico e tratamento de IC são mais precários mostrou maior índice da taxa de mortalidade.

Concluiu-se então que mesmo com todos os adventos tecnológicos que possibilitaram o aumento da expectativa de vida dos pacientes com alguma disfunção cardíaca, a insuficiência cardíaca persiste sendo uma síndrome de significante impacto socioeconômico e alta mortalidade.

REFERÊNCIAS

BALIEIRO, H. M. et al. Estudo epidemiológico da insuficiência cardíaca no município de Valença (RJ). Rev SOCERJ, v. 20, n. 5, p. 347-52, 2007.

(11)

BARRETTO, , A. C. P. et al. Revisão das II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca. Arq. Bras.

Cardiol., São Paulo , v. 79, supl. 4, p. 1-30, 2002.

BARRETTO, A. C. P. et al. Re-hospitalizações e morte por insuficiência cardíaca: índices ainda alarmantes. Arq. Bras. Cardiol., v. 91, n. 5, p. 335-41, 2008.

BOCCHI, E. A. et al. III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq.

Bras. Cardiol., São Paulo, v. 93, n. 1, supl. 1, p. 3-70, 2009.

BUI, A. L.; HORWICH., T. B.; FONAROW G. C. et al. Epidemiology and Risk Profile of Heart Failure. Nature reviews. Cardiology, v. 8, n. 1, p. 30-41, 2011.

CRITCHLEY, J. et al. Contrasting cardiovascular mortality trends in Eastern Mediterrane an populations: Contributions from risk fator changes and treatments.

International Journal Of Cardiology, v. 208, p.150-61, 2016.

FERREIRA, A. R. et al. Pulse pressure can predict mortality in advanced heart failure. Revista Portuguesa de Cardiologia, v. 35, n. 4, p.225-228, 2016.

GALVÃO, C.M.; SAWADA, N.O.; TRESVIAN, M.A. Revisão sistemática: recurso que proporciona a incorporação das evidências na prática da Enfermagem. Rev.

Latino-am Enfermagem. V.12, n.3, p.549-56, 2004.

GAUI, E. N.; KLEIN, C. H.; OLIVEIRA, G. M. M. Mortalidade por insuficiência cardíaca: análise ampliada e tendência temporal em três estados do Brasil. Arq.

Bras. Cardiol., v. 94, n. 1, p. 55-61, 2010.

GODOY, H. L. et al. Hospitalização e mortalidade por insuficiência cardíaca em hospitais públicos no município de São Paulo. Arq. Bras. Cardiol., v. 97, n. 5, p. 402-7, 2011.

GUIDRY, U. C. et al. Temporal trends in event rates after Q-wave myocardial infarction: the Framingham Heart Study. Circulation, v. 100, p. 2054–9, 1999. KAUFMAN, R. et al. Insuficiência Cardíaca: Análise de 12 Anos da Evolução em Internações Hospitalares e Mortalidade. Int J Cardiovasc Sci., v. 28, n. 4, p. 276-81, 2015.

LATADO, A. L. et al. Tendência da mortalidade por insuficiência cardíaca em Salvador, Bahia, Brasil. Arq. Bras. Cardiol., v. 85, n. 5, p. 327-32, 2005.

LOPES, A. L. M.; FRACOLLI, L. A. Revisão sistemática de literatura e

metassíntese qualitativa: considerações sobre sua aplicação na pesquisa em

enfermagem. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2008.

MANGINI, S. et al . Insuficiência cardíaca descompensada. Einstein, v. 11, n. 3, p. 383-91, 2013.

(12)

MOMMERSTEEG, P. M. C. et al. Depression and markers of inflammation as predictors of all-cause mortality in heart failure. Brain, BehaviorAndImmunity, United States, mar. 2016.

MONTERA M. W. et al. II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda. Arq.

Bras. Cardiol., v. 93, n. 3, supl. 3, p. 2-65, 2009 .

PANDURANGA, P. et al. Comparison of Indian subcontinent and Middle Easta cute heart failure patients: Results from the Gulf Acute Heart Failure Registry. Indian

Heart Journal, v. 68, n. 1, p. 36-44, 2016.

SCHWARZL, M. et al. Risk factors for heart failure are associated with alterations of the LV end-diastolic pressure–volume relationship in non-heart failure individuals: data from a large-scale, population-based cohort. Eur Heart J., v. 37, p. 1807-14 . 2016.

SILVEIRA, D. P.; ARTMANN, E. Acurácia em métodos de relacionamento probabilístico de bases de dados em saúde: revisão sistemática. Rev Saúde

Pública, v. 43, p. 875-82, 2009.

SPINETI, P. P. M. et al . Acurácia do relacionamento probabilístico de registros na identificação de óbitos em uma coorte de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada. Cad. Saúde Pública, v. 32, n. 1,p. 1-8, 2016.

ZIAEIAN, B.; FONAROW, G. C. Epidemiology and a etiology of heart failure. Nat Rev

Referências

Documentos relacionados

Seguimos adiante para um recorte distante do momento apresentado acima, presente na página 110 do primeiro volume, no qual podemos observar o texto sincrético trabalhando

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a prevalência de excesso de peso e obesidade parental no período de pré-confinamento e durante o confinamento em contexto da pandemia

O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho de terneiros leiteiros, desaleitados aos 49 dias de idade, submetidos a duas dietas líquidas, leite integral ou sucedâneo lácteo,

Principalmente porque, era ela que selecionava o que deveria, e o que não deveria compor a cidade, quais eram os bons e os maus costumes, construindo e reafirmando os conceitos e

Os pacientes de baixo risco são candidatos a terapias locais primárias (cirurgia ou radioterapia) ou até mesmo conduta expectante, enquanto pacientes com risco intermediário ou alto

Os resultados da análise dos dados revelam que em média, as habilidades em português e matemática são diferentes por sexo e por região de residência, e ainda que na prova

(1995), publicaram um trabalho onde são apresentados os principais fatores que contribuem para a degradação do sistema de isolamento dos geradores e a diminuição da sua vida útil,

O tempo médio e a mediana dispendida em práticas de atividade física (AF total= lazer + deslocamento) relatada pelos estudantes da faculdade alcançou facilmente os níveis de