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O Município de Canguaretama.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO MORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTE

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

O MUHICiPIO DE CANGUAKETAMA

LÍDIA MARIA DA CRUZ SILVA

NATAL - RN 1994

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Lídia Maria da Cruz Silva

O Município de Canguaretama

Trabalho monográfi co apresentado à disci-plina Pesquisa Históri-ca II, do curso de His-tória da universidade Ife deral do Rio Grande do ftorte.

Natal - tm 1994

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SUMÁRIO

Páginas

1 - INTRODUÇÃO 03 2 - 0 CONTEXTO COLONIAL NO RIO GRANDE DO NORTE • • • 0 4

2.1 - VERSÃO DA ORIGEM DE CANGÜARETAMA 09 3 - 0 SÉCULO XVIII E A CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE

CANGÜARETAMA 19 4 - COMEMORAÇÕES HISTÓRICAS DO MUNICÍPIO 22

5 - EDUCAÇÃO E CULTURA 23

G - CONCLUSÕES 25 7 - BIBLIOGRAFIA 26

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1 - INTKOUUÇAO

O presente trabalho tem como finalidade resgatar a memória histórica do município de Canguaretama, observando a participação deste no contexto político-social-economico do

Estado do Rio Grande do Norte»

Este município centenário e de grande valor histó-rico pelas suas raízes nas quais a presença indígena contri-buirá bastante nos seus aspectos culturais* Canguaretama po£ suíra o primeiro núcleo industrial da Capitania - Engenho Cu nhaú, grande propriedade monocultora de açúcar - tornando-se devido a sua importância economica o centro das decisões po-líticas do Rio Grande» Hoje apenas lembranças povoam um pas-sado cheio de conquistas, palco dos mais tulmutuosos aconte-cimentos. representados por saques, depredações, confiscos , pilhagens, incêndios e até mortandades.

0 estudo deste município ê de grande valor, pois , muito nos interessará, em virtude da sua localização ser em terras férteis e de belezas naturais.

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- 0 CONTEXTO COLONIAL DO RIO GRANDE DO NORTE

0 Rio Grande, assim como os demais Estados do Bra-sil, possui a sua historia e dentro desta a dos seus municí-pios e sua origem, especialmente na época colonial*

Entre estes a ALDEIA-FLOR (Canguaretama) se desta-ca pela sua importância'na contribuição da formação de um po vo com sua história, lendas e costumes desenvolvendo-se para lelamente em todos os aspectos fundamentais deste estado che io de memoria» .

É a partir de 1658 que o terreno deste aldeamento foi descoberto por um. bando de Paiaguás (índios canoeiros } onde seu primeiro estabelecimento foi um cercado bosque em que estes descobridores chamaram de Aldeia-Flor, localizada ao sul da mesoregião de Natal, limitando-se ao Norte com os municípios de Goianinha e Tibau do Sul, a Leste, Oeste e Sul com o município de Canguaretama»

Aá sementes da Civilização surgiram no ano de 1661 quando um missionário Capuchinho visitou essa Aldeia e aí plantou também a Luz do Evangelho» Esta, continuou como Al

-deia e depois povoações, até que em 1769 foi criada Vila com o título de Vila-Flor, quando o Doutor Miguel Carlos Caldei-ra de Pina Castelo BCaldei-ranco, obedecendo a Carta Regia de 3 de maio de 1755, que mandava elevar em Vila todos os aldeamen -tos indígenas, existentes na província.

BARRETO (1985, p.21) descreve:

o ^ *

"Distante apenas pucas léguas a lesta do enge nho Cunhaú vamos encontrar a partir de 1769 o al

-deamento de Graraacio^ ao lado do rio do mesmo no-me. Mais adiante receberia o toponio de Vila-Flor,

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que segundo Câmara Cascudo "nos veio de Portugal , inteiro, indeformável e lá continua como Vila Real Vila do Conde, Vila Nova da Gáia, Vila Nova de Cer veira".

ROCHA POMBO (1922, p.24) afirma:

"Pequena Villa da província do Rio Grande do Norte, 12 léguas distante ao sul da cidade de Na -tal, e 1 ou 2 arredada do mar, Foi em princípio a aldeia de Gramació, fundada perto da confluência , do ribeiro de seu nome com o Cunhaú»,. 0 distrito de Vxla-Flor.,. confronta-se ao norte com o da No-va Villa de Goyaninha e com o da Vila de Mipibu , do qual se acha separada pelo rio Cururu, ao poen-te com o de Villa Nova do Príncipe, e ao sul fica contígno com a província da Parayba. As principais povoações são: Crumatahú, Pernambuqúinho, ou Ponta

da Pipa, Tamantaduba, Tibau e Uruá",

Gramació, localizada à margem direita do rio do mesmo nome, recebeu a denominação de VilaFlor, em obediên -cia às instruções que impunham designações de localidades de Portugal as novas Vilas, onde foi instaladas solenemente em 1768 pelo Dr, Miguel Carlos Caldeira de Pina Castelo Branco, que viera de Pernambuco cumprir as determinações da Carta Re gia de 3 de maio de 1755,

De 1743 a 1745 foi,construída uma Capela sob à in-vocação de Nossa Senhora do Desterro, cujos trabalhos estive ram a cargo de Frei André do Sacramento,

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Em dezembro de 1839, Vila Flor recebeu a visita de Frei Dom João da Purificação Marques Perdigão, prelado de Olinda à

cuja Diocese estava subordinada, eclesiasticamente, a Pro-víncia do Rio Grande do Norte. A Vila era um feudo territo-rial do Brigadeiro André de Albuquerque Maranhão Arco Verde

(Dendê) "de fama sinistra e que ainda enche de pavor a crô-nica de Cunhau e Vila Flor" (Nestor dos Santos Lima),

cita-do por BARRETO (1985, p» 21).

"Em 1857 exercia o vicariato da freguesia de Nossa Senhora do Desterro o padre José de Matos

Silva, influente chefe político da região e filia do ao Partido Conservador, sob cuja legenda fora eleito deputado provincial, em seis legislaturas consecutivas» Intransigente nas suas decisões , obstinado na consecução dos seus objetivos políti cos e muito prestigiado junto as altas autorida -des governamentais, em cujas áreas gozava de ex.ce lente conceito e poderosa influencia, - o vigário José de Matos era aplaudido pelos seus correligio nários políticos com os quais ele se mostrava

du-ro e inflexível» Foi o responsável pela mudança , da sede do município de Vila Flor para o saco do Uruá". (BARRETO, 1985, p*23)

Com essa transferência da sede municipal, e ecle siástica para o saco do Uruá, Vila Flor passou por um pro -cesso de abandono e decadência o que fez transformar em ru_í nas, suas construções coloniais: a Igreja de Nossa Senhora Üo Desterro e a casa da

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Camara-Câmara Cascudo, citado por BARRETO (1985,P-23), f

numa visão retrospectiva proustiana do cenário da Vila traris mite-nos estas informações:

"Vila que ressuscita no passado. Parece ver-mos passar o Brigadeiro Arcoverde no seu alazão , enfeitado de moedas de prata. Aqui, em certas ho-ras da noite, deve avistar-se galopando, o fanta£ ma do Capitão-mor André de Albuquerque Maranhão , comandante das ordenações de Ares e Vila Flor, 0 crepúsculo vermelho e ouro, ressalta a figura ne-gra da igreja já exilada de suas festas. Treva ,

solidão, abandono, saudade,,,

Em 1963» Vila Flor foi desmembrada do município de Canguaretama e constituiu-se um município autônomo, com a Irei n2 3,052, de 31 de dezembro do mesmo ano. Em novembro de 1980, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artís tico Nacional) reconstruiu a casa da Camara e Cadeia da Vi-la e atualmente abriga a sede da Camara Municipal, onde es-ta cidade aumentou sua população que limies-tava-^ em menos de três mil habitantes e com a construção de conjuntos habi^ tacionais, esta passou a ter mais de três mil habitantes o que destruiu um valioso sítio arqueológico lá existente em virtude destas: casas serem construídas em cima do mesmo e que alterou o trabalho do Arqueólogo Paulo Tadeu que lá de-dica o seu trabalho de historiador.

Ê a partir dessa Aldeia-Flor ou Aldeia Gramació , com a transferência da sede do município de Vila Flor para o Saco do Druá, que surge a Vila de Canguaretama.

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Foi dessa Aldeia-mae, de onde surgiu esse municí-pio também cheio de histórias e mistérios o qual tem impor-tância extraordinária desde a época colonial, preenchendo os pré-requisitos de uma terra fértil e progressista que atual mente é o município de Canguaretama.

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2.1» VERSÃO DA ORIGEM DS CAKGUAR3TAMA

Entrevista feita com o Sr» Geraldo rreire de Araú memória viva da cidade, no dia 14/04/1994, onde ele co-' 0

"jsxistia à margem direita do rio Gramació , nas imediações do município de Vila Flor, os ín -dios Faiaguás que fundaram a sua aldeia e que tam bem deu origem a população da localidade Cunhaú , hoje engenho Cunhaú. Entre a aldeia Gramació e o engenho Cunhaú existia uma lagoa muito grande com. bastante moluscos (URUÁ) que deu o primeiro nome ao município Saco do Uruá. fto local da ref erida la goa, nasceu o bairro Lagoa de são joao, que com o

desenvolvimento da população, e determinação Re -gia, esta passou a receber o seu segundo nome Vi-la do Uruá. Com a vinda de uma comitiva de pesso-as de Fernambuco para reconhecimento da Aldeia Qia macio,, trouxeram na comitiva, um. frade e uma ima.' gem de fíossa senhora da Fenha, nome que teve o nosso município por algum tempo (jeenha), terceiro nome dado a nossa terra. Ao surgir a estrada de

ferro Sampaio Correia, a estação da Penha recebeu o nome da üanguaretama, palavra que significa Va-le das Matas.

Alguns autores afirmam que Canguaretama nas-ceu de Vila Flor, mas eu não concordo. Esse muni-cípio, nasceu na Lagoa de são joão em virtude dos primeiros habitantes serem índios e só gostarem de

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se instalar á margem de rios e lagoas temendo a falta de alimentos e água. Quem surgiu realmente de Vila Flor foi a comarca de Canguaretama, que por um desentendimento do padre Matos com o pri -meiro proprietário do Engenho Juncal» transferiu esta, para Vila do Uruá atualmente Canguaretama . Assim falava Maroca Maciel de Assunsão, filha do Capitão-mor de Vila Flor"* ^

Este município localiza-se ao sul da mesoregião de Natal a 75 Km da capital do Efctado, ligada pela BR 101. Po£ sui uma área quadrada de 211 Km e população aproximadamente de 30 mil habitantes. Limita-se ao norte com os municípios de Tibau do Sul, Vila Flor, Goianinha e Espírito Santo. A leste com o oceano Atlântico e Baía Formosa, a oeste com Pe

dro Velho e ao sul cora o estado da Paraíba (município de Ma taraca) limitandose portanto, com seis municípios. Sua á

-o

rea de 211 Km representa 0,40$ do Estado e 5,28% da Mesore gião de Natal. Seu território mede de norte a Sul 28,8 Km e de Leste a Oeste 40 Km. A sede do município encontra-se a uma altitude de 5 metros e tem sua posição geográfica dete£ minada pelas seguintes coordenadas : - Latitude sul: 6a, 23f

e 30« - Longitude oeste: 3!>9 e 8*. * ^

Canguaretama possui sua hidrografia muito rica o que facilita a fertilidade de suas terras, É banhada pelo rio Curimataú ou Qunhaú também chamado rio Salgado, o mais importante curso d'água do município. Este rio, é chamado "Curimataú" desde a sua nascença, na serra do Cariry-Velho, "Borborema" e sua entrada no Estado, no lugar "Boqueirão" ,

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de município de Nova Cruz, ate a propriedade de "Ilha do Ma ranhão", onde recebe o rio "Pequeri", daí, recebe o nome Cu nhaú até sua embocadura no Oceano Atlântico na Barra do Cu-nhaú. Além desse, temos outros rios como : Catu, Piquiri , Pituassu, Guaju, Outeiro, Martelo, Golandi e outros de pe quenos portes (riachos), 0 solo é formado de areias quart -zosas distrófico, regosol entrófico, solos indiscriminados de mangues, facilitando a aptidão regular para a silvicul— tura, regular para pastagem natural, terras aptas para cul-turas especiais de ciclo longo (algodão, arbóreo,sisal, caju, coco). Aptidão regular para lavouras e culturas de ci -cio curto (milho, feijão, mandioca e outras). Adequado para vegetação permanente.

Este munícípio tem sua vegetação diversificada A floresta tropical ou Mata atlântica, muito devastada nas zonas de tabuleiros, ainda podemos destacar o vinhático, o pau brasil, o cedro, o pau d*arco, entre outras espécies , observa-se também, grandes extensões como vegetação de Sava na.

Nas zonas aluvionares predominam os carnaubais e coqueirais, como também ambiente propício para cultura de arvores frutíferas. Finalmente, nos manguezais (vegetação ti pica) podemos citar o mangue ratinho e o mangue manso como

espécies principais.

A economia do município está fundamentada no cultivo da canadeaçúcar, que abrange grande extensão de ã rea plantada e que absorve a quase totalidade da mao de -obra disponível, principalmente na época do corte. Ainda co

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mo atividades sócio-econômica podemos citar as pequenas hor ticulturas ao longo dos vales dos rios e destacamos também a pesca que é a principal fonte econômica do município com seus deliciosos produtos como: peixe, camarão, aratu, suru-ru, ostra, siri e a grande produção de caranguejo - que se destaca pelo sabor diferente por ser o melhor caranguejo do Nordeste.

0 clima deste município é frio e subúmido na esta ção invernosa cujo período chuvoso corresponde aos meses de janeiro a agosto, verificando-se uma precipitação pluviomé-trica anual de 1.400al. 500mm. A temperatura média anual é de 26* C.

0 que define a importância histórica deste municí^ pio, é a instalação do primeiro engenho de açúcar da capita nia como também o massacre sangrento de 16 de julho de 1645*

Sua crônica histórica, tem origem a partir do apa recimento dos primitivos núcleos populacionais do engenho Cunhaú t pertencente a Antonio e Mathias Albuquerque ) e também da aldeia de Gramació.

Estes pequenos povoados plantados em meio da re -gião banhada pelo rio Curimataú, possibilitaram a expansão

de atividades agrícolas, principalmente no engenho Cunhaú , (o primeiro engenho de açúcar da Capitania do Rio Grande ) onde se desenvolveria uma prospera indústria açucareira e um centro fornecedor de carne e farinha de mandioca as capjl tanias de Pernambuco e Paraíba.

Cascudo, citado por BARRETO (1985, p.19), assim se refere as suas origens:

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COMUNIDADE DE CUNHAL

16 DE JUNHO DE 1645

..y"

f

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MA 2 de maio de 1604, doou Jerônimo de

Albu-querque aos seus filhos Antonio e Mathias uma se£ maria de cinco mil braças quadradas na várzea de Cunhaú, começando donde entra a ribeira do Piqui-ri e duas léguas em Canguaretama. 0 fiei achou ex-cessiva a doação e mandou em 1612, repartir» Vie-ram o Capitão-mor de Pernambuco e o Ouvidor realjL zar a deligência, atestando que já estava constru Ido um engenho de açúcar, em maio de 1614, a mai-or parte das terras cultivadas. Mesmo assim, reti_ raram a metade da doação. Assim nasceu o engenho Cunhaú o primeiro centro industrial da capitania, o núcleo açucareiro, sede de resistências e martí^ rios históricos".

0 brabantino Adriano Verdonck, em missão de espio nagem, ao penetrar na província, em terras de Cunhaú, pros-seguindo rumo ao norte até Natal, tendo neste percurso olha do, observado e anotado dados de grande importância que fo-ram relatados pelo historiador Vicente de Lemos e citados por Tavares de Lira, em sua História do Rio Grande dõ

Nor-te :

Dois eram os engenhos existentes: um no Fer-reiro Torto, de fogo apagado, pela ruindade das terras, e o outro na várzea de Cunhaú a 19 milhas ao sul de Natal. Safrejava de seis a sete mil ar-robas de açúcar anualmente e nessa zona moravam 60 a 70 colonos com suas famílias. Criavam bastan te gado e exportavam farinha e milho para

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rernam-buco nos mesmos barcos em que seguiam as caixas de açúcar, que não excediam, em regra, de cem a cento e dez» tísta exportaçao fazia-se na distân-cia de meia légua por rio, onde chegavam os bar-cos» A sessenta milhas da fortaleza, para o nor-te, havia as grandes e extensas salinas criadas, pela natureza, cujo sal, extraiam os colonos"» (

BARRETO, 1985, p» 117).

A importância econômica e geográfica do engenho Cunhaú se desenvolve sob a ocorrência dos mais tumultuosos acontecimentos» Invasões holandeses eram constantes provoca das pela indiada Janduis que aliada aos invasores provocava mortandades» Depois, em poder dos batavos, sofreu duros a-tentados por parte das tropas portuguesas que invadiam o en genho com sucessivas guerrilhas. Até que aos 16 de julho de 1645» o judeu jacô fíabi chefiou os Janduis no hediondo e cruel massacre dos fiéis que assistiam a missa na Capela de Nossa Senhora da Candeias no engenho, celebrado pelo padre

André Soveral e este foi o primeiro a ser sacrificado pela fúria selvagem dos atacantes.

Assim, BAfífiiüIO (1985, p.20):

"Durante o domínio holandês o engenho foi confiscado pela Companhia das índias Ocidentais e vendido ao Conselheiro Baltazar tfintgens e Joris Gastsman Van Werve, por 60-000 florins, '»constan-do de terras, canaviais, pastagens, matas, casas e construçoes, ^0 negros escravos e vinte juntas de bois". Posteriormente, o engenho foi revendido

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aos flamengos tfillens Beck ou Becx e Hugo Graswin ckel que em agosto de 1642 vendeu a sua parte a Bathijs tíeck ou natias Bequel, coronel da burgue-sia de Recife (conf. o VAL2R0S0 LUCIDSNO do frei Manuel Calado) cuja longa administração se reve -lou pacífica e muito proveitosa. Nessa periodiza-ção o engenho foi duramente assediado e atacado por tropas portuguesas que investiram em vários , muitos momentos contra o engenho. Em outubro de 1645, o capitão João Barbosa Pinto apareceu em Cu nhaú "queimando tudo e matando holandês como se mata formiga'1 e Felipe Camarão também lá esteve

assustando e fazendo correr os batavos. Em 1652, Antonio Dias Cardoso e Cosme do Rego Barros incen diaram o engenho que se preparava para moer,(Cas-cudo in Historia do Rio Grande do Norte, fls*82)# Há divergência na informação do Prof. Hélio Gal -vao que se refere ao ano de 1647, dia 16 de maio, quando "o Sargento-mor Antonio Dias Cardoso rece-be o encargo de incendiar Cunhaú. 0 inimigo esta-va se preparando para a moagem.(...) Cunhaú virou uma imensa fogueira".

Ainda sobre o engenho Cunhaú, Hélio Gavão, citado pèr BARRETO (1985), faz estes comentários.

"0 Engenho Cunhaú tem uma história que se de senvolve paralela à história do Rio Grande do Nor te e da paraíba. Durante o período holandês a cro nica deste engenho enriquece na trama de

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episódi-os que se mesclam a bravura e a ferocidade, o he-roísmo cristão e a crueldade bestial, a capacida-de insaciável do invasor e a boa fé confiante dos seus moradores» Cunhaú está nos relatórios, dia -rios, narrativos, escritas em holandês, italiano, francês, inglês, latim e alemão» Merece registro na cartografia dos séculos XVII e XVIII. Entra no

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3 0 SÉCULO XVIII £ A CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CANGUARE -TAMA

A criação oficial do município de Canguaretama (ã época de Vila Flor), foi concretizada em virtude do AlvaráRigio de 3 de maio de 1755 que também determinava a expul

-são dos jesuítas do território brasileiro, Este documento , dava instruções para que fossem organizadas em vilas e muni c-ípios todos os aldeamentos fundados e dirigidos por missio nários jesuítas, circunstancia que contribuiu sobremodo pa-ra abreviar a criação do município de Vila Flor. A Resolu -ção Provincial n^ 367 que confirmou a sua cria-ção é porém ,

de 19 de julho de 1858 e é a mesma que determinava a trans-ferencia da sede municipal de Vila Flor para o Saco do Uruã

(depois Canguaretama). Foi assinada pelo então Presidente da Província, o Dr. Antonio Marcelino Nunes Gonçalves, (já-come Barreto, pãg. 44)

Ainda BARRETO (1985, p* 44), afirma o seguinte: "A Lei n2 955, de 16 de abril de 1885, da au toria do deputado provincial Francisco Gomes da Rocha Fagundes, eleva a vila de Canguaretama (ou Penha) à categoria de cidade. A lei foi

sanciona-da pelo então presidente sanciona-da Província Dr. Francis co Altino Correia de Araújo. Criava dois distri -tos, a sede e Vil"â Flor.

Quando o vigário José de «atos transferiu a sede municipal de Vila Flor para Canguaretama, a nova localidade não oferecia a mínima condição pa

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ra assumir o novo predicamento.Era um pobre ar-raial, atrasado, onde não havia nem mesmo uma ca-pela onde fossem realizados os ofícios religiosos. Num modesto armazém lá existente se oficiavam os atos eclesiásticos, sem nenhuma comodidade ou de-cência a dignidade religiosa e litúrgica, o que muito bem justificava o veto do Presidente Gosta

Doria a intempestiva pretensão do vigário Matos . SÓ a partir de I860 seria iniciada a construção de uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição

Segundo referências do Dr. Nestor dos Santos Lima citada por BARRETO (1985, p. 45), a cidade de Canguaretama apresenta a seguinte configuração urbanística:

"A cidade é construída por um grande largo , denominado^Augusto Severo", ao fundo e ao nascen-te do qual, está erecta a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade e da freguesia. Há uma extensa rua denominada "André <fe Albuquerque", que embora tenha outros nomes, -cor ta a cidade de sul a norte. Outros menos importan tes completam a "Urbs", inclusive a avenida Pi -nheiro Machado, que liga a cidade pelo poente, ao lugar denominado "Sertãozinho", onde se acha a Es taçao da "Great-Western"* com dois quilômetros de extensão, e a avenida "Fabrício Maranhão" e a rua "Silva Jardim" ao sul, pela estrada dos engenhos. Tem Rercado Público, Cadeia, Prefeitura, Grupo Es

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colar e Cemitério Publico. Pertencem à municipal^ dade os terrenos da cidade como o terreno da povo ação de Barra de Cunhaú e a terra da lagoa dos ín dios inclusive Vila Flor, transferidas às Camaras municipais por leis imperiais- Tem telegrafo

des-de 1912 e é servida pelo correio. 6 uma cidades-de des-de agradável aspecto, sua população é muito hospitaleira, tem bons costumes e é profundamente reli -giosa".

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4 - COMEMORAÇÕES HISTÓRICAS DO MUNICÍPIO

O povo Canguaretamense, com seu espírito cívico , sempre esteve presente nos grandes momentos nacionais

Três momentos importantes foram festivamente comemorados na cidade com participação em massa: a libertação dos seus es-cravos no dia 4 de março de 1888; a Proclamação da Repúbli-ca com festejos na cidade em 18 de novembro de 1889 que pa-ra esta, foi formada uma "Comissão Proclamadopa-ra" por elemen tos representativos (marcando a era de Vargas, como Chefe supremo da política brasileira por mais de 20 anos e a ins-talação do novo governo municipal; e a vitoria de 1930, co-memorada com sessão solene no dia 7 de outubro de mesmo ano.

Isto comprova que a massa popular se encontra li-gada aos movimentos nacionais e que sempre estava informada

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5 - EDUCADO E CULTURA

A educação da cidade não se diferencia das demais. Em termos de ensino público, se tem o mesmo existentes no

estado com suas deficiências* 0 município conta com varias escolas municipais, estaduais e uma particular além de uma escola Cenecista,

E o conjunto destas leva os estudantes a concluí-rem até o 22 grau e aqueles que desejaconcluí-rem ampliar os seus

conhecimentos, terão que se deslocarem até a capital do Es-tado,

Quanto à cultura popular, temos varias manifesta-ções, BARRETO, 1985, p. 87, afirma:

"Canguaretama - como os demais municípios do Nordeste reúne um rico acervo de manifestações folclóri -cas de cunho tradicionalistas, representativas da cultura popular da terra e de sua gente tipicamente conservadora ,

deste patrimonio, Folguedos populares como o Fandango, o Reizado, o Bumba-meu-boi, Coco de roda, Pastoris além de ou tros de características religiosas, como as festas natali -nas e juni-nas, festas do padroeiro local, nove-nas, missões, e outros eventos, - tem contribuído para a formação de um apreciável patrimonio cultural, cujos valores essenciais e primitivos de suas origens vem se refletindo através de ge-rações e gege-rações numa demonstração evidente de zelo e pre-servação de suas autênticas vertentes antropológicas e cul-tural si'

A cidade registra um marco centenário, instalado na rua Sao José, local onde se reuniam os artistas norterio

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grandense. Sobre este, BARREIO, I98b, p. 89, escreve:

"A crônica histórica da cidade de Canguareta ma registra o aparecimento de uma Associação Cul-tural (.artística) na sede do município ainda no século passado. Trata-se da "SOCIEDADE DOS ARTIS-TAS" cuja instalção em 2 de fevereiro de 1873 foi perenizada através de um obelisco de alvenaria co memorativo de sua fundação. Numa placa de bronze colocada no mesmo ainda pode-se ler: "NESTE LOCAL FOI INSTALADA A MSOCIEDADE DOS ARTISTAS" EM 2 DE

FEVEREIRO DE 1873". Anfilóquio Camara, em CENA RIOS MUNICIPAIS, editado pelo Departamento Esta dual de Estatística, faz esta referência: "Monu -mentos históricos: - Não os há propriamente ditos: Em todo o caso, deixamos aqui assinalado a exis -tência na cidade, de um obelisco comemorativo da fundação da primeira agremiação operária criada no Rio Grande do Norte, com o nome de "Sociedade

dos Artistas", instalada a 2 de fevereiro de 1873« Esse obelisco, construído de alvenaria, foi inaugurado a 2 de fevereiro de 1926 e obedeceu a um projeto organizado pelo artista João de Assis, que dirigiu a construção".

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6 - CONCLUSÕES

Aqui ficam registradas considerações gerais sobre o município de Canguaretama, deixando várias coisas a serem resgatadas, uma vez que este município é de grande importân

cia na história do Rio Grande do ftorte.

Pode-se destacar o massacre sangrento do Engenho Cunhaú, conhecido mundialmente, onde foram mortos todos os fiéis e principalmente o padre que celebrava uma missa, res tando apenas a imagem de Nossa Senhora das Candeias e a Ca-pela, testemunhas de tanta crueldade.

Quanto a libertação dos escravos, Canguaretama se antecipou em relação ao plano Nacional, tendo libertados os seus escravos no dia 4 de março de 1888.

Em termos de manifestações folclóricas, o municí-pio destaca-se no Estado com o Fangando (que narra a histó-ria' de um barco perdido) e outras danças lá existentes.

E assim este município que preenche todos os pré-requesitos de progresso, limita-se apenas na estrutura polí^ tica dos seus governantes, que usufruem do seu patrimônio , em benefícios próprios.

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7 - BIBLIOGRAFIA

1 - BARRETO, José Jácome. Canguaretama Centenária. Natal : Fundação José Augusto,

1985-2 - CASCUDO, Luís da Câmara- História do Rio Grande do Nor-te. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação do Depar-tamento da Imprensa Nacional,

1955-3 - . Os Holandeses no Rio Grande do Norte. Natal: Departamento de Educação. RN, 1949. 4 - LIMA, Nestor dos Santos. Municípios do Rio Grande * do

Norte. Natal: Tipografia Santo Antonio, 1930.

5 - NOBRE, Manoel Ferreira. Breve notícia sobre a Província do Rio Grande do Norte. Vitória: Tipografia Espirito Santense, 1877.

6 - ROCHA POMBO» História do Rio Grande do Norte. Edição co memorativa do Centenário da Independência do Brasil •

Referências

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