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JULIANA BEZERRA DE SOUZA

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Academic year: 2021

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JULIANA BEZERRA DE SOUZA

PROPOSTA DE UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE (CTS) PARA ANÁLISE DE VÍDEOS DE

ENSINO DE CIÊNCIAS NO CANAL YOUTUBE

São Paulo 2018

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JULIANA BEZERRA DE SOUZA

PROPOSTA DE UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE (CTS) PARA ANÁLISE DE VÍDEOS DE

ENSINO DE CIÊNCIAS NO CANAL YOUTUBE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências da Universidade Cruzeiro do Sul, para obtenção de Título de Mestre em Ensino de Ciências.

Área de Concentração: Ensino de Ciências

Orientadora: Prof. Dra. Maria Delourdes Maciel

São Paulo 2018

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

S715p Souza, Juliana Bezerra de.

Proposta de uma matriz de referência em ciência, tecnologia e sociedade (CTS) para análise de vídeos de ensino de ciências no canal Youtube. / Juliana Bezerra de Souza. -- São Paulo, 2018.

93 p. : il.

Orientadora: Prof. Dra. Maria Delourdes Maciel.

Dissertação (Mestrado) – Ensino de ciências e matemática, Universidade Cruzeiro do Sul.

1. Ensino de ciências. 2. Análise de vídeos CTS. 3. CTS no Youtube. I. Maciel, Maria Delourdes. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Mestrado em ensino de ciências e matemática. III. Título.

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS

PROPOSTA DE UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA EM CIÊNCIA,

TECNOLOGIA E SOCIEDADE (CTS) PARA ANÁLISE DE VÍDEOS DE

ENSINO DE CIÊNCIAS NO CANAL YOUTUBE

Juliana Bezerra de Souza

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Maria Delourdes Maciel

Universidade Cruzeiro do Sul – SP-Presidente

Prof. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral Universidade Cruzeiro do Sul – SP

Profa. Dra. Rosiane Resende Leite

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)

São Paulo – SP 2018

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço à Deus por cada momento vivido por ter chegado até aqui com tanto a agradecer.

À Doutora Maria Delourdes Maciel por estar ao meu lado me orientando e guiando nesse caminho de estudos.

Ao meu marido Daniel por ser meu amor, minha força, que esteve ao meu lado em cada dificuldade me incentivando a seguir em frente.

Aos meus pais Célia e José e ao meu irmão Marcelo por serem minha família e me motivarem a ser sempre melhor.

Aos colegas e amigos do NIEPCTS, que sempre estiveram dispostos a ouvir minhas duvidas e me auxiliar no que fosse preciso.

A CAPES por me atribuir a bolsa de estudos.

Aos meus amigos Patrícia e Edvaldo que seguem ao meu lado sempre, mais que amigos irmãos de alma.

A todos os professores que lecionaram para mim durante o Mestrado com os quais aprendi muito.

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3

SOUZA, Juliana Bezerra. Uma proposta de Matriz de Referência em

Ciência Tecnologia e Sociedade (CTS) para Análise de Vídeos de

Ensino de Ciências no Canal YouTube. Dissertação (Mestrado em

Ensino de Ciências) – Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2018

RESUMO

O uso de tecnologia na educação tem se ampliado e os vídeos do canal YouTube podem ser uma das ferramentas a serem utilizadas pelos professores com a finalidade de apresentar aos estudantes, de forma mais interessante, o conteúdo a ser trabalhado. Face ao exposto, tivemos como objetivo criar uma matriz de referência que possa ser utilizada por professores de Ciências para a análise de vídeos do canal YouTube. Para a construção desta matriz foram considerados relatórios elaborados por dez pesquisadores em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), associados do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em CTS (NIEPCTS), sobre vídeos de Ciências por eles escolhidos e analisados. Os pesquisadores em seus relatórios, explicitaram as razões pelas quais escolheram os vídeos, como acreditam que os mesmos podem ser utilizados em aulas de Ciências, quais conteúdos de Ciências são contemplados no vídeo e quais elementos CTS podem ser explorados a partir do mesmo. Os relatórios foram posteriormente analisados com base nos referenciais teóricos da área de Ensino de Ciências e de CTS e categorizados a partir de Bardin (2016). As categorias criadas foram alocadas dentro de Natureza da Ciência e Tecnologia (NdC&T) sendo elas: Alfabetização Científica, Argumentação e Pensamento Crítico.

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SOUZA, Juliana Bezerra. Uma proposta de Matriz de Referência em

Ciência Tecnologia e Sociedade (CTS) para Análise de Vídeos de

Ensino de Ciências no Canal YouTube. Dissertação (Mestrado em

Ensino de Ciências) – Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2018

ABSTRACT

The use of technology in education has been expanded and videos of the YouTube channel can be one of the tools to be used by teachers with the purpose of presenting students, in a more interesting way, the content to be worked on. In view of the above, we aimed to create a reference matrix that can be used by science teachers for the analysis of YouTube channel videos. For the construction of this matrix, ten researchers in Science, Technology and Society (CTS), associates of the Interdisciplinary Nucleus of Studies and Research in CTS (NIEPCTS), on science videos chosen by them were analyzed. The researchers in their reports explained the reasons they chose the videos, how they believe they can be used in science lessons, what science content is covered in the video, and what CTS elements can be explored from the video. The reports were later analyzed based on the theoretical references of the area of Science Teaching and CTS and categorized from Bardin (2016). The categories created were allocated within the Nature of Science and Technology (NdC & T) being: Scientific Literacy, Argumentation and Critical Thinking.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CTS: Ciência, Tecnologia e Sociedade.

NIEPCTS: Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em CTS AC: Alfabetização Científica

NdC: Natureza da Ciência. PC: Pensamento Crítico.

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LISTA DE FIGURAS

Gráfico 1: Perfil dos pesquisadores – Pós-graduação...55 Figura 1: NdC...80

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Consensos e crenças adequadas sobre a interação geral entre a sociedade e o sistema tecnocientífico...35

Quadro 2: Consensos e crenças adequados sobre a influência da sociedade na ciência e na tecnologia...36

Quadro 3: Consensos e crenças adequadas sobre a influência da ciência e da

tecnologia na sociedade...37

Quadro 4: Consensos e crenças adequados ou apropriados sobre a educação

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SUMÁRIO

I INTRODUÇÃO... 13

1.1 Antecedentes da pesquisa... 13

1.2 Situando o tema da pesquisa... 14

1.3 Problema de pesquisa... 17 1.4 Justificativa... 18 1.5 Objetivos... 18 1.5.1 Objetivo geral ... 18 1.5.2 Objetivos específicos... 19 1.6 Metodologia... 19 1.6.1 Sujeitos... 21 1.6.2 Etapas da pesquisa... 22 1.6.3 Matriz de Referência... 22 1.7 Organização da Dissertação... 23 II REFERENCIAL TEÓRICO... 24 2.1 Ensino de Ciências... 24

2.2 Estratégias e Recursos Didáticos para o Ensino de Ciências... 26

2.3 Tecnologias para o Ensino... 27

2.3.1 Vídeos online como Estratégia e Recurso Didático para as aulas de Ciências... 29

2.3.2 Canal YouTube... 2.3.3 Tecnologia Digital... 30 32 2.4 Natureza da Ciência (NdC)/Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS)... 33

2.4.1 Alfabetização Científica... 41

2.4.2 Argumentação... 45

2.4.3 Pensamento Crítico... 48

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9

III DESENVOLVIMENTO... 53

3.1 Perfil dos pesquisadores que participaram da pesquisa... 54

3.1.1 Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em CTS (NIEPCTS)... 55

3.2 Análise dos vídeos... 57

3.2.1 Nome do vídeo analisado pelos pesquisadores, link de acesso, tempo e data de publicação... 57 3.2.2 PA: vídeo 1: Governo discute com a população projeto Plantando Águas... 59 3.2.3 PB: vídeo 2: Alfabetização Científica... 59

3.2.4 PC: vídeo 3: Documentário Ilha das Flores de Jorge Furtado... 60

3.2.5 PD: vídeo 4: Matéria de Capa: Os avanços da Ciência... 61

3.2.6 PE: vídeo 5: Oficina de Educação Ambiental... 63

3.2.7 PF: vídeo 6: Narradores de Javé... 63

3.2.8 PG: vídeo 7: La tecnologia en la sociedad contenporânea... 64

3.2.9 PH vídeo 8: Alimentos Transgênicos são seguros?... 65

3.2.10 PI: vídeo 9: No dia da água, a poluição do rio Tietê... 65

3.2.11 PJ: vídeo 10: Projeto de lei que quer tirar o símbolo dos transgênicos de embalagens... 66 3.3 Matriz de Referência CTS... 67

3.4 Critérios para o uso de vídeo... 71

IV DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 74

4.1 Perfil... 74

4.2 Questões de Ensino de Ciências... 74

4.3 Vídeos por nós analisados... 77

4.4 Criação da Matriz de Referência CTS... 79

4.4.1 Exemplo... 81

V CONSIDERAÇÕES FINAIS... 87

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10

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I - INTRODUÇÃO

1.1 Antecedentes da pesquisa

Enquanto para muitos colegas as Ciências se relacionavam apenas a uma parte do currículo escolar, que deveria ser memorizado para que durante as provas pudessem obter uma boa nota, para mim constituía-se de campo fértil, fonte de curiosidade, descoberta e conhecimento. Por isso, ao ter oportunidade de realizar um curso de graduação, minha opção foi o Curso de Ciências Biológicas. Por querer despertar em outros a vontade de descobrir mais sobre os fenômenos naturais, as questões ligadas à saúde, as descobertas científicas e as novas tecnologias, optei, também, pela licenciatura após a realização do bacharelado em Ciências Biológicas.

Minha trajetória profissional segue, depois da graduação, quando comecei a lecionar na cidade de Ribeirão Pires e em 2015 tive a oportunidade de realizar um curso de formação continuada de professores. Neste curso tive um primeiro contato com uma visão de Ciências associada ao Enfoque Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).

Por meio da professora e pesquisadora Dra. Sônia Aparecida Cabral, responsável pelo referido curso, a qual incentivou toda turma a refletir com coerência, liberdade e criticidade sobre Ciência, sobre tecnologia e como estão/são concebidas na sociedade, fui estimulada a continuar minha formação e a buscar um curso de Mestrado.

Conversei sobre o funcionamento da pós-graduação com a profa. Dra. Sônia que me encorajou a buscar o Mestrado em Ensino de Ciências da Universidade Cruzeiro do Sul. Assim, em agosto de 2016, iniciei o Mestrado sob a orientação da Profa. Dra. Maria Delourdes Maciel.

Conheci o programa e passei a fazer parte do grupo de trabalho desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em CTS (NIEPCTS), que visa a expansão e desenvolvimento do Enfoque CTS no Currículo, no Ensino e na Formação de Professores de Ciências.

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Com o conhecimento prévio adquirido no curso de formação de professores e as leituras dos referenciais teóricos em CTS, pude criar uma concepção mais ampla sobre os assuntos relacionados. Passei a interpretar o enfoque CTS no Ensino e Ciências como uma forma de ensinar que favorece a reflexão em profundidade de como a Ciências e as Tecnologias precisam ser tratadas como produção humana que se inter-relacionam.

Sendo as Ciências e a Tecnologia uma produção humana, são factíveis de erro e permeadas de interesses. Paralelo a isto, sabe-se que uma sociedade mais igualitária precisa que seus cidadãos sejam capazes de participar de seu processo de construção. Nesse contexto foi possível entender a importância de um Ensino de Ciências que utilize o enfoque CTS como referência para sua construção e desenvolvimento.

Alicerçada nas ideias expostas, passei a refletir sobre o meu tema de pesquisa. O que eu iria pesquisar diante dessa perspectiva? Como gerar um conhecimento relevante e acessível para que outros professores pesquisadores em CTS possam vir a utilizá-lo?

Em relação ao tema e ao problema de pesquisa, estes foram surgindo naturalmente, pois ao falar de Ciências e de Tecnologia é impossível não pensar como têm sido trabalhadas em sala de aula e com quais recursos os professores contam, hoje, para sua prática educativa.

1.2 Situando o tema da pesquisa

Para falar de Ciências adotaremos aqui, a priori, a visão de Marcondes e Japiassú (1990):

Forma de conhecimento que não somente pretende apropriar-se do real para explicá-lo de modo racional e objetivo, mas procura estabelecer entre os fenômenos observados relações universais e necessárias, o que autoriza a previsão de resultados (efeitos) cujas causas podem ser detectadas mediante procedimentos de controle experimental. (MARCONDES; JAPIASSÚ, 1990, p.54)

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As Ciências são, portanto, áreas de conhecimento que estabelecem, a partir da observação de um problema, as hipóteses para solucioná-lo; desenvolvem experimentos a partir destas hipóteses para criar compreensão e conhecimento mais consistentes, a fim de que possam se tornar teorias e leis, que chegam até os professores, os quais tem como objetivo tornar o conhecimento bruto em conhecimento didático, integrando-o aos conteúdos de sala de aula.

O Ensino de Ciências deve possibilitar ao estudante o acesso contextualizado ao conhecimento científico historicamente produzido. No entanto, a forma como ainda hoje ensinamos Ciências está longe da realidade do estudante e da própria escola. Observa-se, tanto nas escolas quanto nas universidades, seja nos cursos de formação inicial ou nos cursos de formação continuada, que os modelos de ensino apresentados são sempre os tradicionais, giz, lousa, apostila e livro didático, ou seja, não considerando os avanços da sociedade tecnológica.

Santos (2010) ao falar do Ensino de Ciências aponta:

Nas escolas, tem dominado o ensino científico na linha da Ciência Pura, mais vocacionado para preparar cientistas do que cidadãos comuns. Descura a preparação do cidadão para lidar com as realidades Tecnocientíficas da vida atual. Tende a identificar Ciência com a capacidade de produzir conhecimento, independente das suas aplicações (SANTOS, 2010, p.73)

A partir da fala de Santos, podemos identificar a forma como, ainda hoje, as Ciências são ensinadas: um ensino de Ciências alienado e longe da realidade do estudante, reforçando a tradicional distância entre estudante e Ciências. Na Escola Básica, assim como em alguns cursos de graduação, os estudantes, muitas vezes, têm a ideia de que os cientistas são detentores de todo o conhecimento e que esse conhecimento é imutável.

Esta visão da Ciência e dos cientistas enfatiza a ideia de neutralidade e de superioridade da Ciência, de forma que os cidadãos acreditem que ela somente gera benefícios no campo político, econômico, social, ou seja, perde-se a visão crítica tão necessária a uma atuação cidadã. Sabe-se que, numa perspectiva CTS, o papel do professor de Ciências vai muito além disso. Sob a orientação

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desse professor o estudante pode e deve ser capaz de perceber não somente os procedimentos da Ciência, mas a relevância ou não do conhecimento científico produzido e ensinado.

Outro ponto a ser levado em consideração é que, durante as aulas de Ciências, os professores se utilizam, quase sempre, dos mesmos recursos didáticos. Poucas vezes utilizam outros meios para ensinar. Sabe-se que os recursos didáticos tradicionais, como os apresentados anteriormente, já não atraem os estudantes e contribuem para reforçar sua falta de atenção e de participação durante as aulas. Esta é uma atitude facilmente compreendida uma vez que a maioria tem acesso, fora da escola, a meios tecnológicos pelos quais podem buscar a informação veiculada na escola (realidade atual), tais como os dispositivos móveis com acesso à internet.

Coscarelli (2016), ao falar do uso de tecnologia, afirma:

As tecnologias digitais, disponíveis agora nos celulares e amplamente utilizadas por todas as camadas sociais como meio de comunicação, produção e disseminação de saberes, precisam ser estudadas e compreendidas. Os mais diversos contextos escolares precisam discutir e se apropriar dessas tecnologias para que os alunos também incorporem em suas vidas as inúmeras possibilidades oferecidas por equipamentos (computadores, laptops, celulares, tablets e outros gadgets) e aplicativos (COSCARELLI, 2016, p.11).

O uso de meios tecnológicos para o ensino, portanto, tem sido cada vez mais utilizado e passou a ser uma ferramenta de auxílio para o ensino e aprendizagem de várias disciplinas, dentre elas, a Ciências da Natureza. Vemos os meios tecnológicos evoluírem no dia a dia, mas a escola ou demora muito a se atualizar ou mesmo permanece estagnada em relação a isso. Embora um dos objetivos da educação científica, hoje, seja formar cidadãos cientificamente alfabetizados e letrados, dentro da escola ainda predomina a exposição, a cópia e a realização de exercícios repetitivos, cujo objetivo é favorecer apenas a memorização.

O enfoque CTS é um movimento que tem como premissa a análise da interação da tríade C-T-S, seus discursos, limitações e potencialidades. Aliar o enfoque CTS ao ensino de Ciências visa, entre outras coisas, o desenvolvimento

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das habilidades de pensamento crítico e argumentação; o uso de habilidades necessárias para uma atuação consciente do cidadão; a defesa de um ensino de Ciências e de Tecnologias contextualizados historicamente e relacionados com o cotidiano dos estudantes, além do uso consciente e responsável de recursos científicos e tecnológicos pelo cidadão. Ao falar sobre enfoque CTS, Soligo, Maciel e Guazzelli (2010), apontam:

O Enfoque CTS oferece um arcabouço teórico e metodológico para a proposta de alfabetização científica de todas as pessoas, tendo em vista o desenvolvimento individual e a construção da cidadania. Abrange uma grande variedade de temas e trata de um universo de questões que dizem respeito a múltiplos aspectos do conhecimento científico e da Tecnologia relacionados com a participação na vida em sociedade, com o meio ambiente, a ética e suas implicações para vida política e econômica (SOLIGO; MACIEL; GUAZZELLI, 2010, p. 124).

Nesta perspectiva, o Ensino de Ciências com enfoque CTS vem se constituindo numa proposta que convida docentes e estudantes a observarem a realidade na qual estão inseridos, a fim de estabelecerem relações entre os conteúdos de ensino, a natureza e sociedade, o que lhes permite atuar de forma mais crítica, além de embasada cientificamente.

Visando aliar o enfoque CTS ao uso de vídeos em sala de aula e por acreditar nesta nova possibilidade para o ensino de Ciências é que esta pesquisa tem como tema Matriz de Referência em CTS para análise de vídeos de Vídeos de Ensino de Ciências no Canal YouTube.

O uso de vídeos em sala de aula é uma ferramenta tecnológica utilizada pelos docentes para introduzir novos assuntos, problematizar conteúdos e apresentar inovações no campo de conhecimento estudado. Nesse panorama, a plataforma de vídeos YouTube apresenta uma variedade e quantidade de vídeos sem precedentes se tornando um repositório reconhecido para diversas áreas.

1.3 Problema de pesquisa

Visando propor o uso da tecnologia no ensino de forma contextualizada e planejada, nesta pesquisa decidimos criar uma matriz de análise de vídeos de Ciências do canal YouTube a partir da seguinte questão:

(20)

 Que elementos CTS devem ser considerados e contemplados numa matriz de referência e que critérios devem ser observados durante a seleção e a análise de vídeos de Ciências do canal YouTube?

1.4 Justificativa

A tecnologia está presente na vida da maioria dos estudantes como algo natural do seu dia a dia, internet, celular, tablets, notebook todos a mão para uso. As escolas, entretanto, mantem-se distante desse contexto, em parte por medo de perder o controle sobre o que está sendo visto em sala, pela impossibilidade de contar com a tecnologia ou mesmo pela falta de domínio e preparo dos professores para que se possam abordar alguns temas e utilizar recursos didáticos tecnológicos.

Espera-se que esta matriz por nós construída a partir de elementos destacados por pesquisadores em CTS, possa vir a se constituir numa ferramenta relevante para subsidiar o trabalho de outros docentes e estudantes em relação a uma proposta de ensino pautada no enfoque CTS.

1.5 Objetivos

Nesta pesquisa temos um objetivo geral e dois específicos.

1.5.1 Objetivo geral

O objetivo geral desta pesquisa é disponibilizar aos professores de Ciências um instrumento de análise de vídeos, para que os mesmos possam mais facilmente identificar elementos do enfoque CTS nos vídeos de Ciências disponibilizados pelo canal YouTube.

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1.5.2 Objetivos específicos

Com base no referencial teórico sobre Ensino de Ciências e CTS pretende-se:

1. Identificar os elementos do enfoque CTS apontados por um grupo de docentes pesquisadores do campo CTS, após a análise de alguns vídeos de Ciências do canal YouTube por eles selecionados;

2. Com base nos elementos identificados, construir uma matriz de referência em CTS que possa ser utilizada por outros professores de Ciências no processo de seleção de vídeos de Ciências do canal YouTube, como estratégia e recurso para as aulas de Ciências.

1.6 Metodologia

Esta pesquisa foi de abordagem qualitativa do tipo Análise de Conteúdo. De acordo com Minayo (2010), uma pesquisa qualitativa busca dar respostas a questões muito específicas com foco numa realidade que não temos como quantificar. É uma abordagem de pesquisa que toma por base significados, representações, atitudes, valores e outras características humanas e sociais que, por serem subjetivas, não podem ser reduzidas à valores numéricos.

A Análise de Conteúdo é um tipo de pesquisa qualitativa que ajuda a interpretar as mensagens emitidas pelos sujeitos e a compreender o seu significado num nível que vai além de uma leitura comum. De acordo com Bardin (2016), a análise de conteúdo, sob o ponto de vista qualitativo, parte do pressuposto de que a análise de um texto subjetivo fornece ao pesquisador suporte para capturar o seu significado simbólico.

Bardin (2016) afirma que a Análise de Conteúdo é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens e indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2016, p.44).

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Segundo a autora, a análise de conteúdo é constituída por momentos organizados em três etapas: 1. Pré-análise; 2. Exploração do material e tratamento dos resultados; 3. Inferência e interpretação (BARDIN, 2016).

Na pré-análise realiza-se a leitura flutuante a partir do primeiro contato com os documentos. A etapa de exploração do material “consiste essencialmente em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em função de regras previamente formuladas” (BARDIN, 2016, p.131).

A terceira e última etapa é a de tratamento dos resultados obtidos e interpretação dos resultados brutos, o que permite estabelecer um quadro de resultados, diagramas, figuras e modelos. A etapa de inferência e Interpretação acontece a partir da posse de dados significativos e fiéis, o que permite ao pesquisador obter elementos para propor inferências e elaborar suas interpretações e conclusões (BARDIN, 2016).

Para a construção de uma matriz de referência em CTS que possa vir subsidiar a análise de vídeos de Ciências do canal YouTube por parte de professores de Ciências, foram convidados dez pesquisadores em CTS associados ao Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em CTS (NIEPCTS), para selecionarem e analisarem vídeos de Ciências do canal YouTube. O convite para que participassem foi feito explicando-se do que se tratava a pesquisa, quais seus objetivos, e que escolheriam um vídeo no YouTube de ensino de Ciências sem indicação ou referência nossa e responderiam as questões desta pesquisa a partir dele. Sucedeu-se a entrega do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

Após a seleção e análise dos vídeos os pesquisadores elaboraram um relatório respondendo as seguintes questões:

I. Qual o vídeo analisado? II. Qual o link de acesso?

III. Qual a razão da escolha do vídeo?

IV. Como o mesmo pode ser explorado pelos professores em aulas de Ciências (estratégias)?

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V. Quais conteúdos de Ciências são contemplados no vídeo? VI. Quais elementos CTS podem ser explorados a partir do vídeo?

Os relatórios foram posteriormente analisados e categorizados segundo Bardin (2016).

1.6.1 Sujeitos

Participaram desta pesquisa dez professores pesquisadores em CTS que fazem parte do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em CTS (NIEPCTS) coordenado pela profa. Dra. Maria Delourdes Maciel. Estes pesquisadores são docentes das seguintes áreas: Biologia, Química, Física, Matemática e Tecnologias.

Os pesquisadores foram convidados a participar da pesquisa e foram informados de que os riscos decorrentes da pesquisa eram mínimos, referentes a exposição pública de suas ideias e que os benefícios eram muitos, dada a colaboração dos mesmos para a área de Ensino de Ciências, especialmente no que se refere ao enfoque CTS.

Para a identificação desses dez sujeitos solicitamos a indicação, nos relatórios por eles elaborados, dos seguintes dados: Nome, sexo, idade, área de atuação, tempo de formação, nível de ensino e instituição em que trabalham (indicando se mesma é pública ou privada).

Solicitamos, ainda, que além dos elementos por eles considerados como relevantes em relação à análise e uso do vídeo sob o ponto de vista do ensino de Ciências com enfoque CTS, indicassem o nome do vídeo, o link de acesso, data do acesso e motivos da escolha do vídeo indicado.

Após a análise do conteúdo dos relatórios entregues pelos pesquisadores, foi realizada a análise de todos os vídeos por eles selecionados e já analisados, a fim de situarmos elementos do enfoque CTS por eles apontados e relacionarmos os mesmos com o que dizem os teóricos do ensino de Ciências e CTS.

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1.6.2 Etapas da pesquisa

Esta pesquisa foi desenvolvida da seguinte forma:

1. Aprovação pelo Comité de Ética;

2. Comunicação dos objetivos da pesquisa para os pesquisadores do NIEPCTS;

3. Entrega aos sujeitos da pesquisa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para adultos (TCLE);

4. Seleção e análise dos vídeos por parte dos pesquisadores, seguido da elaboração de relatórios pelos mesmos;

5. Análise dos relatórios entregues pelos pesquisadores; 6. Análise dos vídeos apontados pelos sujeitos;

7. Construção da matriz de referência em CTS.

1.6.3 Matriz de Referência

O termo Matriz de referência é utilizado geralmente para avaliações em larga escala, indicando habilidades a serem avaliadas em cada etapa da escolarização e orientando a elaboração de itens de testes e provas como apontado no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2018) :

A matriz de competências e habilidades que estrutura o Encceja considera, simultaneamente, as competências relativas às áreas de conhecimento e as que expressam as possibilidades cognitivas de jovens e adultos de compreender e realizar tarefas relacionadas a essas áreas (competências do sujeito).

Se diferenciando da Matriz do presente trabalho, já que visamos criar uma ferramenta que facilite abordar o enfoque CTS a partir do uso de vídeos e, dessa forma, o enquadramento da matriz segue mais como o apontado em trechos encontrados no site da Faculdade de Educação e Universidade Federal de Juiz de Fora que expõe: “A Matriz é formada por um conjunto de tópicos ou temas que representam uma subdivisão de acordo com conteúdo” e “[..] Assim, os itens são elaborados com base nos descritores das Matrizes de Referência” (CAED/UFJF, 2018).

É importante também frisar que as Matrizes de Referência não esgotam o conteúdo a ser abordado em sala de aula e, em vista disto, não podem ser

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confundidas com estratégias de ensino, propostas curriculares ou diretrizes pedagógicas (CAED/UFJF, 2018).

1.7 Organização da Dissertação

Esta Dissertação está organizada em sete Capítulos: o primeiro consiste da Introdução, onde situamos o tema, problema, justificativa, objetivos e metodologia de pesquisa; o segundo contempla o referencial teórico que deu sustentação para a análise dos dados coletados; o terceiro capítulo refere-se ao desenvolvimento da pesquisa, onde descrevemos o perfil dos sujeitos (pesquisadores) e o trabalho do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em CTS (NIEPCTS), ao qual esses pesquisadores pertencem, a análise dos relatórios produzidos pelos sujeitos e os vídeos por eles analisados, bem como situamos os elementos CTS por eles apontados a partir da análise dos vídeos e a matriz de referência em CTS por nós construída; o quarto capítulo trás as discussões dos resultados apoiadas nos teóricos de referência apontados no capítulo dois; o quinto capítulo é o das considerações finais; o sexto tem as referências e o sétimo o anexo.

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II - REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Ensino de Ciências

A Ciência é de vital importância para o Ensino e para a Sociedade. Ao falar sobre isso Roden e Ward (2010) usam como prerrogativa:

Para cumprir suas responsabilidades, um sistema de educação deve abordar duas necessidades importantes intimamente relacionadas: as do indivíduo e as da sociedade. Para vencer na economia global, os países desenvolvidos dos tempos modernos precisam que seus sistemas educacionais produzam cientistas e tecnólogos qualificados, que serão pesquisadores de amanhã. Simultaneamente, devem produzir adultos equilibrados, informados e cientificamente letrados, que sejam adaptáveis, que possuam uma variedade de habilidades, de aptidões e de capacidades genéricas e específicas que lhes possibilitem as muitas e variadas oportunidades de emprego que surgirem a cada etapa de vida (RODEN; WARD, 2010, p.15).

Sob este ponto de vista, a Ciência passa a ser não somente algo produzido por outros e sim algo do qual todos fazem parte e tem direito a participar e opinar.

Se pensarmos que as informações científicas estão sendo veiculadas em jornais, redes sociais e aplicativos de comunicação, podemos afirmar que são diversas as formas de acesso às informações científicas que hoje têm os estudantes de todos os níveis. Porém, muitas vezes, falta-lhes competência para analisar e interpretar as informações e compreender de que forma esses dados científicos influenciam sua vida cotidiana.

O Ensino de Ciências tem um papel indispensável neste processo. Em um contexto em que os estudantes passam a maior parte do seu tempo sem buscar ativamente o conhecimento científico e/ou o recebem de diversas fontes, nem sempre confiáveis, a escola deve proporcionar oportunidades para o desenvolvimento e a compreensão de conteúdos científicos válidos (RODEN; WARD, 2010).

Durante muitos anos o Ensino de Ciências teve por objetivo desenvolver a compreensão dos estudantes acerca dos conteúdos de saber

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escolar (conteúdos de ciências ensinados na escola) por meio de abordagens científicas, nos moldes do fazer científico dos cientistas (RODEN; WARD, 2010).

Hoje o entendimento é que o Ensino de Ciências deve atuar diretamente sobre os estudantes; levar até eles o conhecimento científico e fazer com que reflitam sobre o mesmo, ajudando-os a sair da superficialidade, a deixar de pensar que os conhecimentos produzidos pela Ciência são verdades prontas e imutáveis. Sempre que possível este conhecimento científico deve passar por uma análise crítica do cidadão e por este e outros fatos é um desafio.

Delzoicov, Angotti e Pernambuco (2011) afirmam que:

O desafio de pôr o saber científico ao alcance de um público escolar em escala sem precedentes – público representado, pela primeira vez em nossa história, por todos os segmentos sociais e com maioria expressiva oriunda das classes e culturas que até então não frequentaram a escola, salvo exceções – não pode ser enfrentado com as mesmas práticas docentes das décadas anteriores ou da escola de poucos para poucos. A razão disso é que não só o contingente estudantil aumentou, mas também porque a socialização, as formas de expressão, as crenças, os valores, as expectativas e a contextualização sociofamiliar dos alunos são outros (DELZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2011, p.33).

As ideias defendidas por estes autores evidenciam como o ensino de no Brasil se modificou, possibilitando, além de um acesso mais amplo ao conhecimento, a oportunidade para que a escola possa refletir e se modificar para atender os estudantes de modo que todos tenham a possibilidade de aprender.

O Ensino de Ciências deve estar disponível para todos. Precisamos respeitar os contextos dos estudantes e buscar diferentes formas de possibilitar a todos a aprendizagem. Para isso, é importante que se faça uso de recursos e estratégias de ensino diversificadas para que o conhecimento adquirido seja realmente significativo. Precisamos, também, saber selecionar o material adequado para que os objetivos de ensino sejam atingidos. Isto possibilitará que os estudantes percebam a Ciência com um novo olhar.

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2.2 Estratégias e Recursos Didáticos para o Ensino de Ciências

Os conteúdos das aulas de Ciências são abordados, por vezes, de forma distanciada dos acontecimentos atuais. Os recursos didáticos ainda hoje utilizados consistem, em sua maioria, tão somente de giz, lousa, apostila e livros didáticos. Não vemos qualquer problema em explorar o ensino através desses meios, mas é possível verificar que o uso excessivo de tais estratégias e recursos tornam, em geral, a aula desinteressante e monótona.

O estudante atual faz parte de uma geração de nativos digitais, ou seja, ele tem acesso a informações em tempo real, lida com dispositivos móveis e tem uma comunicação geralmente mediada por esses recursos. Delzoicov, Angotti e Pernambuco (2011), ao falarem dos desafios de incorporar conhecimentos contemporâneos, apontam:

Mantém-se o desafio de incorporar à prática docente e aos programas de ensino os conhecimentos de ciência e tecnologia relevantes para a formação cultural dos alunos, sejam os mais tradicionais, sejam os mais recentes e desequilibrantes (DELZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2011, p.36).

O ensino precisa, portanto, acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade, inovando em métodos, práticas e recursos, mas também se valendo de um olhar crítico em relação à seleção do que será utilizado e apresentado em aula.

Os recursos didáticos como vídeo são, portanto, instrumentos pedagógicos capazes de promover o aprendizado de maneira lúdica e interessante, munindo os profissionais com ferramentas atuais e eficientes, promovendo junto aos estudantes ganhos significativos na relação ensino-aprendizagem. Nesta perspectiva Moraes (2016) aponta em seu trabalho:

A utilização de estratégias didáticas inovadoras é de suma importância para o aprendizado, tornando alguns conteúdos mais complexos, algo de fácil assimilação. Nesta perspectiva, a utilização dos diferentes recursos didáticos dentro da sala de aula pode ser entendida como estratégia poderosa para a promoção do aprendizado.(MORAES, 2016, p.14)

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A autora, portanto, aponta que a utilização de diferentes estratégias traz melhoria ao ensino e aprendizagem dos estudantes.

2.3 Tecnologias para o Ensino

A educação vem passando por grandes mudanças desafiando os professores a introduzir as tecnologias na sala de aula, considerando que ela tende a influenciar e modificar todas as áreas do conhecimento (MORAES, 2016).

Neste contexto, o uso de filmes como recurso didático e ferramenta para o ensino aprendizagem traz uma percepção diferente, uma vez que no contexto escolar a opção por apenas uma forma de expressão, no caso a linguagem oral e escrita, pode restringir a aprendizagem. Segundo Viana (2010):

A invasão da imagem mostra que o estímulo visual se sobrepõe no processo de ensino/aprendizagem, pois a cultura contemporânea é visual. O aluno é estimulado pelas histórias em quadrinhos, videogames, videoclips, telenovelas, cinema, jogos variados, inclusive do computador, todos com apelos às imagens (VIANA, 2010, p.3).

Sobre a educação fazendo o uso de filmes, Coelho e Viana (2011) afirmam:

O educador necessita descobrir nos filmes o processo de escolarização e retirar deles reflexões que instiguem os alunos a raciocinar mais profundamente, pois aí está a chave da utilização do cinema na sala de aula. A informação que deve ser retirada do filme nem sempre está explícita nas cenas, pode estar subentendida em uma fala, em um cenário, em um modo de agir dos personagens, etc. Cabe ao professor direcionar a ligação entre o filme e o conhecimento (COELHO; VIANA, 2011, p.92).

O filme atua, não somente, como uma forma diferenciada de apresentar o conteúdo, mas também como forma de aprofundamento e entendimento compreensível e prazeroso.

Os estudantes continuam enfrentando o distanciamento entre aquilo que ele tem acesso em seu cotidiano, e o que lhe é disponibilizado pela escola.

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Este conflito não será resolvido com a imposição do uso da tecnologia a todos e em todos os momentos; este é um processo que deverá ser gradual. É essencial pensarmos em alternativas para poupar tempo e recursos financeiros de estudantes e professores com cópias desnecessárias ou com repetições cansativas.

A ideia é que a aprendizagem venha a tornar-se mais dinâmica. Se referindo a inclusão digital na educação, Pischetola (2016, p.10) afirma “Ela pressupõe uma mudança paradigmática das práticas de ensino-aprendizagem, levando-nos para além da visão utilitarista sobre novas tecnologias, em prol da valorização do sujeito que aprende”.

Outro ponto essencial a ser levado em consideração é os conteúdos que os alunos assistem por conta própria. Neste sentido Coscarelli (2016) discute:

Já sabemos que é preciso navegar, mas se antes os alunos recebiam um livro ou um texto único xerocado para ler, agora eles têm acesso a múltiplas fontes de informação. Eles estão bem na porta de uma vasta biblioteca aberta o tempo todo e, precisam saber onde e como encontrar eficientemente essas informações, precisam selecionar as informações que julgam mais adequadas e pertinentes. O acesso à informação é um direito do cidadão (COSCARELLI, 2016, p.12).

O professor, nesta perspectiva, deverá atuar como orientador para que o estudante possa, a partir das informações obtidas, selecionar quais são relevantes e confiáveis. Desta forma, o professor que tenha a intenção de indicar ou mesmo apresentar um vídeo durante suas aulas, necessita atender aos objetivos de aprendizagem.

2.3.1 Vídeos online como Estratégia e Recurso Didático para as aulas de Ciências

Pesquisadores como Oliveira (2016) e Veiga (2017), com o objetivo de melhorar a aprendizagem dos alunos vêm explorando o uso de vídeos para educação como proposta de ferramenta pedagógica.

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Entre tantos outros trabalhos que abordam a temática e expõem o uso de tecnologias como método de ensino inovador e com grande potencialidade, Paixão (2016) destaca os vídeos do canal Youtube. Para a utilização do vídeo em sala de aula é necessário o planejamento, a seleção do vídeo adequado, o plano de aula com o uso do vídeo de forma a deixar clara as intenções e os objetivos daquele vídeo como objeto de ensino aprendizagem.

Como proposta para utilização de vídeos em sala de aula, Móran (1995) propôs o seguinte roteiro:

a) Começar por vídeos mais simples, mais fáceis de exibir. b) Vídeo como sensibilização ou introdução de um novo assunto. c) Vídeo como ilustração, que vai mostrar o que foi falado em sala

de aula.

d) Vídeo como simulação que vai mostrar experimentos e eventos que não podem ser vistos ou realizados na escola.

e) Vídeo como conteúdo de ensino que mostra assuntos de forma direta ou indireta e que pede interpretação.

f) Vídeo como produção que se constitui na filmagem das aulas e dos estudantes.

As orientações aos estudantes, antes da exibição do vídeo, são de extrema importância. Deve-se, sempre, informar os alunos o comportamento esperado deles, sobre o que vão assistir (nome do vídeo, autoria, data da produção) e qual é o objetivo de aprendizagem a partir do vídeo (MÓRAN, 1995).

O uso de vídeos, assim como o uso de filmes em sala de aula, pode tornar as aulas mais dinâmicas e o cotidiano escolar passa a ser menos cansativo, tanto para os professores quanto para os alunos. (COELHO; VIANA, 2011).

Segundo as mesmas autoras, “filmes tornam os alunos mais interessados, pelo fato de a aula fugir do comum, mas sempre relacionada ao conteúdo programático da disciplina” (COELHO; VIANA, 2011).

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Paraíso (2010, p. 12, apud COELHO; VIANA, 2011) diz que:

[...] a presença de filmes nas escolas deve-se ao uso crescente das novas tecnologias, pois a mídia está cada vez mais presente nas escolas brasileiras. Isso ocorre porque há um incentivo crescente ao uso de novas tecnologias no ensino e também porque as pessoas envolvidas no processo educativo estão vivenciando de forma ostensiva a mídia em suas vidas (PARAISO, 2010, p. 12, apud COELHO; VIANA, 2011, p.93).

Pensando sobre o crescente uso da tecnologia, consideramos que os vídeos na prática pedagógica do professor de Ciências podem auxiliar para que os estudantes passem a se interessar pelo conhecimento científico, pela pesquisa, além de tornar a aulas mais interessantes que o modelo de ensino tradicional, apoiado em aulas expositivas e seminários, porém é importante que o professor deixe claro os objetivos de aprendizagem a partir do vídeo.

2.3.2 Canal YouTube

O YouTube é uma plataforma de carregamento e compartilhamento de conteúdo audiovisual, que foi criada em 15 de fevereiro de 2005 pelos americanos Steve Chen e Chad Hurley. O nome advém da palavra tubo que remete à televisão. Assim, you tube seria algo como “você no tubo”, ou “você na TV” (CAETANO; FALKEMBACH, 2007).

O site YouTube (2017) apresenta as seguintes informações:

Nossa missão é dar a todos uma voz e revelar o mundo. Acreditamos que todos têm o direito de expressar opiniões e que o mundo se torna melhor quando ouvimos, compartilhamos e nos unimos por meio das nossas histórias. Nossos valores se baseiam em direitos e liberdades que definem quem somos. Liberdade de expressão.

Acreditamos que as pessoas devam ser capazes de se expressar livremente, compartilhar opiniões, promover o diálogo aberto, e que a liberdade criativa propicia o surgimento de novas vozes, formatos e possibilidades.

Direito à informação

Acreditamos que todos devam ter acesso livre e fácil às informações e que o vídeo tem grande influência na educação, na construção do entendimento e na transmissão de informações sobre acontecimentos no mundo, sejam eles grandes ou pequenos.

Direito à oportunidade

Acreditamos que todos devam ter a oportunidade de ser descobertos, montar um negócio e alcançar o sucesso de

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acordo com o próprio ponto de vista e que as pessoas comuns, não os influenciadores, decidem o que está em alta.

Liberdade para pertencer

Acreditamos que todos devam ser capazes de encontrar comunidades de suporte, eliminar obstáculos, ultrapassar as fronteiras e reunir-se em torno de interesses e paixões compartilhadas. (YOUTUBE, pág. de apresentação-sobre, 2017).

A ideia da criação da plataforma pelos autores foi o compartilhamento de vídeos o que acabou se tornando uma plataforma colaborativa em que conhecimentos são compartilhados. Eles trabalhavam na PayPal – empresa de pagamento e transferência de dinheiro via internet e começaram a desenvolver a rede de vídeos.

O domínio youtube.com foi registrado em fevereiro de 2005, mas ele recebeu o seu primeiro vídeo em 23 de abril daquele ano. Com o título “Me At The Zoo” (em português “eu no zoológico”), o vídeo é de Jawed Karin e não é nada parecido com as superproduções que são encontradas atualmente no YouTube (GUIA 301, 2017).

Sobre o desenvolvimento e compra do YouTube o GUIA 301 (2017) descreve:

A versão beta do YouTube foi lançada em dezembro de 2005, a invenção deu muito mais certo do que se imaginava. Para se ter uma noção, na data de estreia, o site tinha uma média de 8 milhões de vídeos visualizados por dia. Tanto sucesso fez uma das empresas mais poderosas do mundo vê-lo como uma mina de ouro. E quase dois anos após a criação, o YouTube foi comprado por US$ 1, 65 bilhões pelo Google, o que o tornou uma das maiores aquisições da empresa. Mesmo bilionários os fundadores do site de vídeos continuaram trabalhando em sua criação na sede em San Bruno, na Califórnia.

Atualmente o site de vídeos permite que os seus usuários carreguem e compartilhem vídeos dos mais variados temas em formato digital. Ele utiliza dos formatos Adobe Flash e HTML6 para disponibilizar o seu conteúdo e é o mais popular site do gênero já que permite que os seus usuários hospedem os mais diferentes tipos de conteúdo, com exceção de materiais protegidos por direitos autorais, mais conhecido na internet como copyright (GUIA 301, 2017, p.8).

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Falar sobre YouTube, portanto, remete a uma plataforma prática e fácil de ser utilizada e que requer de seus usuários, como mecanismo de busca, a digitação de palavras-chave que levam a um acervo de vídeos.

2.3.3 Tecnologia Digital

A respeito da tecnologia digital nos contextos escolares, Coscarelli (2016) expõe:

As tecnologias digitais, disponíveis agora nos celulares e amplamente utilizadas por todas as camadas sociais como meio de comunicação, produção e disseminação de saberes, precisam ser estudadas e compreendidas. Os mais diversos contextos escolares precisam discutir e se apropriar dessas tecnologias para que os alunos também incorporem em suas vidas as inúmeras possibilidades oferecidas por equipamentos (computadores, laptops, celulares, tablets e outros gadgets) e aplicativos (COSCARELLI, 2016, p.11).

Sobre a tecnologia digital sabe-se que o celular atual já vem com o aplicativo YouTube e esse possui grande variedades de vídeos e canais voltados para a educação, esses vídeos podem agir como uma forma de subsidiar os professores em sua prática pedagógica afinal esse recurso está acessível a grande maioria da população e muitas vezes não é explorado como pertinente para o ensino-aprendizagem, mesmo sendo extremamente atrativo para os jovens.

Apesar de vivermos em um cenário de uso constante de tecnologia, é importante destacar que os recursos estão disponíveis para muitos e não para todos. Portanto, mesmo vivendo em uma época de grande acesso ao mundo tecnológico, ainda vemos e veremos desigualdades, sejam de acesso, estrutura ou equipamentos. A respeito da problemática e da exclusão digital, Pischetola (2016) expõe:

A expressão “exclusão digital” esta relacionada com as disparidades econômicas e sociais, em escala global, que existem entre os países industrializados e os países em desenvolvimento. Geralmente, o conceito se refere às desigualdades no acesso e uso das tecnologias digitais, mas a aparente simplicidade dessa definição esconde

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questões conceituais difíceis de resolver, inclusive de explicar. A exclusão digital é uma consequência das diferenças existentes entre o Primeiro e o Terceiro Mundo ou é uma causa adicional? É expressão da desigualdade socioeconômica no sistema de mercado contemporâneo ou manifestação de uma nova e mais profunda desigualdade? (PISCHETOLA, 2016, p. 21).

Estas são questões que nos levam a considerar a tecnologia digital não só em seus benefícios e sim em suas peculiaridades e dificuldades, entendendo que, muitas vezes, mesmo o professor querendo modernizar e inovar suas práticas ele não tem esta possibilidade.

2.4 Natureza da Ciência (NdC)/ Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) A demanda de ensino sobre Ciências hoje deve ser baseada em conhecimentos que se articulem, uma vez que os conhecimentos adquiridos nas aulas precisam fazer sentido para o cotidiano do estudante. Neste sentido, o ensino do conhecimento científico deve oportunizar situações para que os estudantes sejam participativos e atuantes, pois a sociedade é extensamente influenciada pelas questões científicas (DURBANO, 2015).

Algumas temáticas importantes e pouco abordadas no ensino de Ciências, são: Como se faz Ciência? Por quem ela é feita? Quais os interesses que envolve? Quais as potencialidades e limitações de estudos científicos? Todos esses temas são tratados pelo estudo da Natureza da Ciência (NdC). Para que participe de situações e atue de forma reflexiva e dinâmica nas decisões científicas, é preciso que estudantes e comunidade saibam não apenas da Ciência, mas sobre a Ciência. Durbano (2015) afirma que:

Esse ensino sobre a Ciência passa pela discussão da natureza do conhecimento científico, o que vem sendo traduzido pela literatura de Ensino de Ciências pela expressão ‘Natureza da Ciência’ (NdC). Ensinar sobre NdC possibilita a discussão de questões sobre a ciência, a forma como ela é produzida e suas características, conhecimentos importantes quando falamos de um Ensino de Ciências para a cidadania (DURBANO, 2015, p.13).

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A fala deste autor justifica, portanto, a necessidade de uma abordagem mais questionadora a respeito das Ciências.

Sobre a NdC Vásquez et al. (2008) afirmam:

A natureza da ciência constitui um conteúdo inovador e central do currículo da educação científica, este orientado para a alfabetização científica e tecnológica de todas as pessoas. Sua inclusão no currículo de ciências é problemática pela sua complexidade e pela sua novidade, de tal forma que a decisão a respeito dos seus principais traços e conteúdos requer uma base sólida (VÁSQUEZ et al., 2008, p.34).

Nesta perspectiva, os autores buscam aprofundar conhecimentos relativos a NdC e expõem:

O conceito de NdC engloba uma variedade de aspectos sobre o que é a ciência, seu funcionamento interno e externo, como constrói e desenvolve o conhecimento que produz, os métodos que usa para validar esse conhecimento, os valores envolvidos nas atividades científicas, a natureza da comunidade científica, os vínculos com a tecnologia, as relações da sociedade com o sistema tecnocientífico e vice-versa, as contribuições desta para a cultura e o progresso da sociedade (VÁSQUEZ et al., 2008, p.34).

A NdC é, portanto, segundo esta concepção, complexa, porém necessária para uma atitude reflexiva ao se falar em Ciência.

Vásquez et al. (2008), ao abordarem os consensos relativos às relações entre a Sociedade, Ciência e Tecnologia, dizem que estes foram construídos com base numa metodologia empírica apoiada na valorização das questões do Questionário de Opiniões sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade (COCTS), validados por um painel de 16 juízes peritos que cumprem a condição de compartilhar, em maior ou menor grau, certa especialidade na NdC, além de terem outras ocupações principais como assessores ou Formadores de professores de ciências (5), filósofos(4), pesquisadores em didática das ciências (4) e professores de ciências (3). A amostragem é composta por 5 mulheres e 11 Homens. Quatro juízes são formados em filosofia, sendo que um deles também é formado em Ciências, enquanto que os outros 12 são formados em ciências (física, química, biologia e Geologia). Os

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consensos alcançados são expostos com base em crenças concretas sobre o tema abordado e são consideradas como adequadas.

No Quadro 1 temos os consensos (crenças adequadas ou apropriadas) expostos por Vásquez et al. (2008) no que se refere à interação geral entre a Sociedade e o Sistema Tecnocientífico:

INTERAÇÃO GERAL ENTRE A SOCIEDADE E O SISTEMA TECNOCIENTÍFICO Crenças adequadas ou apropriadas

Diagramas que melhor representam as interações mútuas entre a ciência, a tecnologia e a sociedade:

A sociedade influencia a ciência?

A sociedade influencia a ciência por meio das subvenções econômicas das quais depende a maioria das pesquisas.

A tecnologia influencia a sociedade? A sociedade muda ao aceitar uma tecnologia.

Quadro 1: Consensos e crenças adequadas sobre a interação geral entre a sociedade e o sistema tecnocientífico (adaptado de VÁSQUEZ et al, 2008, p.38).

O quadro 1 expõe as interações e influências observadas na tríade Ciência-Tecnologia-Sociedade de forma a demostrar que as relações entre elas são constantes e que as mudanças ocorridas a cada componente da altera as outras.

No Quadro 2 temos os consensos (crenças adequadas ou apropriadas) expostos por Vásquez et al. (2008) no que se refere à influência da Sociedade na Ciência e na Tecnologia:

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INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE NA CIÊNCIA E NA TECNOLOGIA Crenças adequadas ou apropriadas

A política de um país afeta seus cientistas, pois estes fazem parte da sociedade (isto é, os cientistas não estão isolados da sua sociedade).

Os cientistas estão afetados pela política do seu país:

Porque os governos estabelecem a política científica levando em consideração novas aplicações e projetos, tanto se forem subvencionados por ele ou não. A política do governo afeta o tipo de projetos que os cientistas realizarão

A política do nosso país afeta seus cientistas, pois eles fazem parte da sociedade do país (isto é, os cientistas não estão isolados da sociedade).

Os cientistas são afetados pela política do seu país:

Porque os governos não só dão dinheiro para pesquisa; eles estabelecem a política científica visando a novas aplicações. Essa política afeta diretamente o tipo de projetos realizados pelos cientistas.

Quadro 2: Consensos e crenças adequados sobre a influência da sociedade na ciência e na tecnologia (adaptado de VÁSQUEZ et al, 2008, p.38).

No Quadro 2 visualiza-se como a política de um país e suas decisões influenciam a Sociedade, a Ciência e a Tecnologia guiando, limitando ou incentivando seu desenvolvimento.

No Quadro 3 temos os consensos (crenças adequadas ou apropriadas) expostos por Vásquez et al. (2008) no que se refere à influência da Ciência e da Tecnologia na Sociedade:

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INFLUÊNCIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE Crenças adequadas ou apropriadas

A maioria dos cientistas se preocupa com os factíveis efeitos que podem ocorrer (tão proveitosos quanto prejudiciais) como produto das suas descobertas.

Os cientistas se preocupam, mas possivelmente não têm como saber todos os efeitos a longo prazo de suas descobertas.

Os cientistas deveriam ser considerados responsáveis pela divulgação ao público em geral de suas descobertas, de tal forma que o cidadão médio possa entendê-las.

Os cientistas deveriam ser considerados responsáveis:

Porque os cidadãos têm o direito de saber o que acontece no seu país. Deveriam conhecer as descobertas para melhorar suas próprias vidas tendo consciência dos benefícios da ciência e para estarem informados de todas as opções responsáveis que possam afetar seu futuro.

A indústria pesada poluiu enormemente os países industriais. Portanto, é uma decisão responsável transladá-la a países não desenvolvidos, onde a contaminação ainda não é grande.

Não se trata de onde está localizada a indústria pesada. Os efeitos da contaminação são globais sobre a Terra.

A indústria pesada NÃO deveria ser transladada a países não desenvolvidos:

Porque transladar a indústria não é uma forma responsável de resolver a contaminação. Aqui se deveria reduzir ou eliminar a contaminação, em lugar de criar mais problemas em qualquer outro lugar.

Porque a contaminação deveria ser limitada tanto quanto for possível. Estendê-la só criaria mais danos.

Os cientistas e engenheiros deveriam ser os únicos a decidir os assuntos científicos de nosso país porque são as pessoas que melhor conhecem esses assuntos como, por exemplo, os tipos de energias caras do futuro (nuclear, hidráulica, solares, queimando carvão etc.), os índices permitidos de contaminação do ar, o futuro da biotecnologia em nosso país, técnicas aplicadas ao feto ou sobre o desarmamento nuclear.

A decisão deveria ser tomada de forma conjunta. As opiniões dos cientistas, engenheiros, outros especialistas e cidadãos informados deveriam ser levadas em consideração nas decisões que afetam a nossa sociedade.

A ciência e a tecnologia podem ajudar as pessoas a tomarem algumas decisões morais (isto é, decidir como deve agir uma pessoa ou um grupo com relação às outras pessoas).

Dando informações básicas. No entanto as decisões morais devem ser tomadas pelas pessoas.

A ciência e a tecnologia NÃO podem ajudar as pessoas a tomarem decisões legais (por exemplo, decidir se uma pessoa é culpada ou não num tribunal de justiça).

A ciência e a tecnologia podem ajudar em alguns casos:

Desenvolvendo formas de coleta de provas e atestando sobre as provas físicas de um caso.

Em nosso país, deveria ser gasto muito mais dinheiro em ciência e tecnologia, embora isso implique em retirar esse dinheiro de outras coisas, tais como programas sociais, educação, incentivos à empresa e impostos mais baixos. O dinheiro deveria ser gasto de forma equilibrada como é feito hoje. A ciência e a tecnologia são muito importantes, mas não são as únicas coisas que precisam dinheiro para progredir no nosso país.

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Apesar da sua sabedoria e formação, os cientistas e tecnólogos podem ser enganados pelo que vêem ou lêem na televisão e jornais. Os cientistas e tecnólogos PODEM SER enganados pelos meios de comunicação:

Simplesmente porque também são humanos. Como qualquer outra pessoa, eles são influenciados pelos meios (exceto quando o tema é sua especialização).

Temos que nos preocupar com os problemas da contaminação que hoje são insolúveis. A ciência e a tecnologia não têm a responsabilidade futura de solucionar tais problemas

A ciência e a tecnologia NÃO podem solucionar tais problemas:

Apenas a ciência e a tecnologia não podem solucionar os problemas da contaminação. É responsabilidade de todos. Os cidadãos devem insistir ao afirmarem que solucionar tais problemas deve ter uma prioridade absoluta.

Mais tecnologias melhorarão o nível de vida em nosso país

Sim e não. Mais tecnologia faria a vida mais agradável e mais eficiente, PORÉM também causaria mais contaminação, desemprego e outros problemas. O nível de vida pode melhorar, mas a qualidade de vida pode ser que não.

Quadro 3: Consensos e crenças adequadas sobre a influência da ciência e da tecnologia na sociedade(adaptado de VÁSQUEZ et al, 2008, p.40).

No Quadro 3 observa-se a responsabilidade que os cientistas necessitam ter em relação ao desenvolvimento, descoberta e divulgação das pesquisas, apresenta também a problemática da indústria pesada e da contaminação, das decisões conjuntas e investimentos em C e T.

No Quadro 4 temos os consensos (crenças adequadas ou apropriadas) expostos por Vásquez et al. (2008) no que se refere à Educação Científica:

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EDUCAÇÃO CIENTÍFICA Crenças adequadas ou apropriadas

O sucesso da ciência e da tecnologia em nosso país depende de ter bons cientistas, engenheiros e técnicos. Por isso, o país precisa que seus alunos estudem mais ciências na escola.

Precisa-se que os alunos estudem mais ciências:

É preciso fomentar que os estudantes estudem mais ciências, mas por meio de um tipo de cursos de ciências diferente. Devem aprender como a ciência e a tecnologia afetam suas vidas.

O sucesso da ciência e da tecnologia em nosso país depende de quanto apoio for dado pelos cidadãos aos cientistas, engenheiros e técnicos. Esse apoio depende dos estudantes (os cidadãos do futuro) saberem como é usada a ciência e a tecnologia no país.

Sim, quanto mais aprenderem os estudantes sobre ciência e tecnologia:

Mais informados estarão os cidadãos do futuro. Serão capazes de formarem melhores suas opiniões e fazerem melhores contribuições sobre como usar a ciência e a tecnologia.

Algumas comunidades produzem mais cientistas que outras. Isso ocorre como produto da educação dada às crianças pelas suas famílias, escolas e comunidade.

A educação é responsável por tudo:

Porque é a família, as escolas e a comunidade juntas as responsáveis de darem às crianças a capacidade para a ciência, o estímulo necessário e a oportunidade de serem cientistas.

Parece ser que existem dois tipos de pessoas: as que entendem a ciências e as que entendem as letras (por exemplo, literatura, história, economia, leis). No entanto, se todos estudassem mais ciências, então todos as compreenderiam. Não existem só estes dois tipos de pessoas. Há tantos tipos de pessoas quanto preferências individuais possíveis, incluindo as que entendem ambas, as ciências e as letras.

Quadro 4: Consensos e crenças adequados ou apropriados sobre a educação científica (adaptado de VÁSQUEZ et al, 2008, p.42).

No Quadro 4 é apresentada a importância da educação científica e de como ela é essencial na sociedade atual que caracteriza-se por ser altamente Científica e Tecnológica.

Ao demonstrar os consensos e crenças adequadas em relação a aspectos da Ciência e Tecnologia, ocorre uma série de posicionamentos, pois existe resistência de uma parcela de intelectuais que defende a restrição destes conhecimentos. Por outro lado, temos os defensores da difusão destes conhecimentos para a comunidade. É premente a necessidade de debater esses posicionamentos e de se difundir os ensinamentos científicos e tecnológicos (SOUZA; PIRES, 2017, p.72).

A Ciência e a Tecnologia causam situações de comodidade e de incômodos na Sociedade, geram benefícios, mas também desconforto, causam conflitos e situações de ordem moral. A forma de pensar cientificamente fez

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com que a reflexão passasse a ser valorizada, derrubando as conclusões prontas, utilizando como método a observação de fenômenos e a busca de argumentos, hipóteses e de comprovações (SOUZA; PIRES, 2017).

A pouca popularização das Ciências e as lacunas no ensino relacionadas ao contexto atual de desenvolvimento científico/tecnológico, têm agravado a problemática do ensino de Ciências. As concepções equivocadas e práticas incorretas na educação científica tem alienado o cidadão, de tal forma, que distancia o que se diz da ciência de como se faz ciência, omitindo assim os equívocos éticos do mundo científico a que diz respeito (SOUZA; PIRES, 2017).

O ensino tradicional não tem, portanto, mobilizado o cidadão para lidar funcionalmente com saberes indispensáveis para a tomada de decisões que afetam a todos os cidadãos. Hoje, para superação destes e de outros problemas, há um empenho no sentido de re-conceituar o ensino das Ciências e a co-construir o saber científico do cidadão (SOUZA; PIRES, 2017).

A educação CTS ilustra essa superação. Assim, compreender historicamente, dar perspectiva e embasar esta dimensão de ensino, são propósitos do enfoque CTS (SANTOS, 2010).

Não há como falar de CTS sem pensar em moral e ética, ambas seguem interdependentes e dependem do ponto de vista e da cultura onde se está inserido. Pois a ética trata dos comportamentos – certo e/ou o errado – e a moral é composta pelos conjuntos de valores de uma cultura. Percebe-se que ética e moral andam juntas e que não podemos julgar ética e moral, pois tudo depende do contexto cultural (SOUZA; PIRES, 2017).

Pinheiro et al. (2007), ao falarem sobre o enfoque CTS e suas necessidades, comentam:

Desde que se iniciou, há mais de trinta anos, um dos principais campos de investigação e ação social do movimento CTS tem sido o educativo. Nesse campo de investigação, que comumente chamamos de ‘enfoque CTS no contexto educativo’, percebemos que ele traz a necessidade de renovação na estrutura curricular dos conteúdos, de forma a colocar ciência e tecnologia em novas concepções vinculadas ao contexto social (PINHEIRO et al., 2007).

Referências

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