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Tecnologia Digital

No documento JULIANA BEZERRA DE SOUZA (páginas 34-57)

A respeito da tecnologia digital nos contextos escolares, Coscarelli (2016) expõe:

As tecnologias digitais, disponíveis agora nos celulares e amplamente utilizadas por todas as camadas sociais como meio de comunicação, produção e disseminação de saberes, precisam ser estudadas e compreendidas. Os mais diversos contextos escolares precisam discutir e se apropriar dessas tecnologias para que os alunos também incorporem em suas vidas as inúmeras possibilidades oferecidas por equipamentos (computadores, laptops, celulares, tablets e outros gadgets) e aplicativos (COSCARELLI, 2016, p.11).

Sobre a tecnologia digital sabe-se que o celular atual já vem com o aplicativo YouTube e esse possui grande variedades de vídeos e canais voltados para a educação, esses vídeos podem agir como uma forma de subsidiar os professores em sua prática pedagógica afinal esse recurso está acessível a grande maioria da população e muitas vezes não é explorado como pertinente para o ensino-aprendizagem, mesmo sendo extremamente atrativo para os jovens.

Apesar de vivermos em um cenário de uso constante de tecnologia, é importante destacar que os recursos estão disponíveis para muitos e não para todos. Portanto, mesmo vivendo em uma época de grande acesso ao mundo tecnológico, ainda vemos e veremos desigualdades, sejam de acesso, estrutura ou equipamentos. A respeito da problemática e da exclusão digital, Pischetola (2016) expõe:

A expressão “exclusão digital” esta relacionada com as disparidades econômicas e sociais, em escala global, que existem entre os países industrializados e os países em desenvolvimento. Geralmente, o conceito se refere às desigualdades no acesso e uso das tecnologias digitais, mas a aparente simplicidade dessa definição esconde

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questões conceituais difíceis de resolver, inclusive de explicar. A exclusão digital é uma consequência das diferenças existentes entre o Primeiro e o Terceiro Mundo ou é uma causa adicional? É expressão da desigualdade socioeconômica no sistema de mercado contemporâneo ou manifestação de uma nova e mais profunda desigualdade? (PISCHETOLA, 2016, p. 21).

Estas são questões que nos levam a considerar a tecnologia digital não só em seus benefícios e sim em suas peculiaridades e dificuldades, entendendo que, muitas vezes, mesmo o professor querendo modernizar e inovar suas práticas ele não tem esta possibilidade.

2.4 Natureza da Ciência (NdC)/ Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) A demanda de ensino sobre Ciências hoje deve ser baseada em conhecimentos que se articulem, uma vez que os conhecimentos adquiridos nas aulas precisam fazer sentido para o cotidiano do estudante. Neste sentido, o ensino do conhecimento científico deve oportunizar situações para que os estudantes sejam participativos e atuantes, pois a sociedade é extensamente influenciada pelas questões científicas (DURBANO, 2015).

Algumas temáticas importantes e pouco abordadas no ensino de Ciências, são: Como se faz Ciência? Por quem ela é feita? Quais os interesses que envolve? Quais as potencialidades e limitações de estudos científicos? Todos esses temas são tratados pelo estudo da Natureza da Ciência (NdC). Para que participe de situações e atue de forma reflexiva e dinâmica nas decisões científicas, é preciso que estudantes e comunidade saibam não apenas da Ciência, mas sobre a Ciência. Durbano (2015) afirma que:

Esse ensino sobre a Ciência passa pela discussão da natureza do conhecimento científico, o que vem sendo traduzido pela literatura de Ensino de Ciências pela expressão ‘Natureza da Ciência’ (NdC). Ensinar sobre NdC possibilita a discussão de questões sobre a ciência, a forma como ela é produzida e suas características, conhecimentos importantes quando falamos de um Ensino de Ciências para a cidadania (DURBANO, 2015, p.13).

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A fala deste autor justifica, portanto, a necessidade de uma abordagem mais questionadora a respeito das Ciências.

Sobre a NdC Vásquez et al. (2008) afirmam:

A natureza da ciência constitui um conteúdo inovador e central do currículo da educação científica, este orientado para a alfabetização científica e tecnológica de todas as pessoas. Sua inclusão no currículo de ciências é problemática pela sua complexidade e pela sua novidade, de tal forma que a decisão a respeito dos seus principais traços e conteúdos requer uma base sólida (VÁSQUEZ et al., 2008, p.34).

Nesta perspectiva, os autores buscam aprofundar conhecimentos relativos a NdC e expõem:

O conceito de NdC engloba uma variedade de aspectos sobre o que é a ciência, seu funcionamento interno e externo, como constrói e desenvolve o conhecimento que produz, os métodos que usa para validar esse conhecimento, os valores envolvidos nas atividades científicas, a natureza da comunidade científica, os vínculos com a tecnologia, as relações da sociedade com o sistema tecnocientífico e vice-versa, as contribuições desta para a cultura e o progresso da sociedade (VÁSQUEZ et al., 2008, p.34).

A NdC é, portanto, segundo esta concepção, complexa, porém necessária para uma atitude reflexiva ao se falar em Ciência.

Vásquez et al. (2008), ao abordarem os consensos relativos às relações entre a Sociedade, Ciência e Tecnologia, dizem que estes foram construídos com base numa metodologia empírica apoiada na valorização das questões do Questionário de Opiniões sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade (COCTS), validados por um painel de 16 juízes peritos que cumprem a condição de compartilhar, em maior ou menor grau, certa especialidade na NdC, além de terem outras ocupações principais como assessores ou Formadores de professores de ciências (5), filósofos(4), pesquisadores em didática das ciências (4) e professores de ciências (3). A amostragem é composta por 5 mulheres e 11 Homens. Quatro juízes são formados em filosofia, sendo que um deles também é formado em Ciências, enquanto que os outros 12 são formados em ciências (física, química, biologia e Geologia). Os

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consensos alcançados são expostos com base em crenças concretas sobre o tema abordado e são consideradas como adequadas.

No Quadro 1 temos os consensos (crenças adequadas ou apropriadas) expostos por Vásquez et al. (2008) no que se refere à interação geral entre a Sociedade e o Sistema Tecnocientífico:

INTERAÇÃO GERAL ENTRE A SOCIEDADE E O SISTEMA TECNOCIENTÍFICO Crenças adequadas ou apropriadas

Diagramas que melhor representam as interações mútuas entre a ciência, a tecnologia e a sociedade:

A sociedade influencia a ciência?

A sociedade influencia a ciência por meio das subvenções econômicas das quais depende a maioria das pesquisas.

A tecnologia influencia a sociedade? A sociedade muda ao aceitar uma tecnologia.

Quadro 1: Consensos e crenças adequadas sobre a interação geral entre a sociedade e o sistema tecnocientífico (adaptado de VÁSQUEZ et al, 2008, p.38).

O quadro 1 expõe as interações e influências observadas na tríade Ciência-Tecnologia-Sociedade de forma a demostrar que as relações entre elas são constantes e que as mudanças ocorridas a cada componente da altera as outras.

No Quadro 2 temos os consensos (crenças adequadas ou apropriadas) expostos por Vásquez et al. (2008) no que se refere à influência da Sociedade na Ciência e na Tecnologia:

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INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE NA CIÊNCIA E NA TECNOLOGIA Crenças adequadas ou apropriadas

A política de um país afeta seus cientistas, pois estes fazem parte da sociedade (isto é, os cientistas não estão isolados da sua sociedade).

Os cientistas estão afetados pela política do seu país:

Porque os governos estabelecem a política científica levando em consideração novas aplicações e projetos, tanto se forem subvencionados por ele ou não. A política do governo afeta o tipo de projetos que os cientistas realizarão

A política do nosso país afeta seus cientistas, pois eles fazem parte da sociedade do país (isto é, os cientistas não estão isolados da sociedade).

Os cientistas são afetados pela política do seu país:

Porque os governos não só dão dinheiro para pesquisa; eles estabelecem a política científica visando a novas aplicações. Essa política afeta diretamente o tipo de projetos realizados pelos cientistas.

Quadro 2: Consensos e crenças adequados sobre a influência da sociedade na ciência e na tecnologia (adaptado de VÁSQUEZ et al, 2008, p.38).

No Quadro 2 visualiza-se como a política de um país e suas decisões influenciam a Sociedade, a Ciência e a Tecnologia guiando, limitando ou incentivando seu desenvolvimento.

No Quadro 3 temos os consensos (crenças adequadas ou apropriadas) expostos por Vásquez et al. (2008) no que se refere à influência da Ciência e da Tecnologia na Sociedade:

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INFLUÊNCIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE Crenças adequadas ou apropriadas

A maioria dos cientistas se preocupa com os factíveis efeitos que podem ocorrer (tão proveitosos quanto prejudiciais) como produto das suas descobertas.

Os cientistas se preocupam, mas possivelmente não têm como saber todos os efeitos a longo prazo de suas descobertas.

Os cientistas deveriam ser considerados responsáveis pela divulgação ao público em geral de suas descobertas, de tal forma que o cidadão médio possa entendê-las.

Os cientistas deveriam ser considerados responsáveis:

Porque os cidadãos têm o direito de saber o que acontece no seu país. Deveriam conhecer as descobertas para melhorar suas próprias vidas tendo consciência dos benefícios da ciência e para estarem informados de todas as opções responsáveis que possam afetar seu futuro.

A indústria pesada poluiu enormemente os países industriais. Portanto, é uma decisão responsável transladá-la a países não desenvolvidos, onde a contaminação ainda não é grande.

Não se trata de onde está localizada a indústria pesada. Os efeitos da contaminação são globais sobre a Terra.

A indústria pesada NÃO deveria ser transladada a países não desenvolvidos:

Porque transladar a indústria não é uma forma responsável de resolver a contaminação. Aqui se deveria reduzir ou eliminar a contaminação, em lugar de criar mais problemas em qualquer outro lugar.

Porque a contaminação deveria ser limitada tanto quanto for possível. Estendê-la só criaria mais danos.

Os cientistas e engenheiros deveriam ser os únicos a decidir os assuntos científicos de nosso país porque são as pessoas que melhor conhecem esses assuntos como, por exemplo, os tipos de energias caras do futuro (nuclear, hidráulica, solares, queimando carvão etc.), os índices permitidos de contaminação do ar, o futuro da biotecnologia em nosso país, técnicas aplicadas ao feto ou sobre o desarmamento nuclear.

A decisão deveria ser tomada de forma conjunta. As opiniões dos cientistas, engenheiros, outros especialistas e cidadãos informados deveriam ser levadas em consideração nas decisões que afetam a nossa sociedade.

A ciência e a tecnologia podem ajudar as pessoas a tomarem algumas decisões morais (isto é, decidir como deve agir uma pessoa ou um grupo com relação às outras pessoas).

Dando informações básicas. No entanto as decisões morais devem ser tomadas pelas pessoas.

A ciência e a tecnologia NÃO podem ajudar as pessoas a tomarem decisões legais (por exemplo, decidir se uma pessoa é culpada ou não num tribunal de justiça).

A ciência e a tecnologia podem ajudar em alguns casos:

Desenvolvendo formas de coleta de provas e atestando sobre as provas físicas de um caso.

Em nosso país, deveria ser gasto muito mais dinheiro em ciência e tecnologia, embora isso implique em retirar esse dinheiro de outras coisas, tais como programas sociais, educação, incentivos à empresa e impostos mais baixos. O dinheiro deveria ser gasto de forma equilibrada como é feito hoje. A ciência e a tecnologia são muito importantes, mas não são as únicas coisas que precisam dinheiro para progredir no nosso país.

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Apesar da sua sabedoria e formação, os cientistas e tecnólogos podem ser enganados pelo que vêem ou lêem na televisão e jornais. Os cientistas e tecnólogos PODEM SER enganados pelos meios de comunicação:

Simplesmente porque também são humanos. Como qualquer outra pessoa, eles são influenciados pelos meios (exceto quando o tema é sua especialização).

Temos que nos preocupar com os problemas da contaminação que hoje são insolúveis. A ciência e a tecnologia não têm a responsabilidade futura de solucionar tais problemas

A ciência e a tecnologia NÃO podem solucionar tais problemas:

Apenas a ciência e a tecnologia não podem solucionar os problemas da contaminação. É responsabilidade de todos. Os cidadãos devem insistir ao afirmarem que solucionar tais problemas deve ter uma prioridade absoluta.

Mais tecnologias melhorarão o nível de vida em nosso país

Sim e não. Mais tecnologia faria a vida mais agradável e mais eficiente, PORÉM também causaria mais contaminação, desemprego e outros problemas. O nível de vida pode melhorar, mas a qualidade de vida pode ser que não.

Quadro 3: Consensos e crenças adequadas sobre a influência da ciência e da tecnologia na sociedade(adaptado de VÁSQUEZ et al, 2008, p.40).

No Quadro 3 observa-se a responsabilidade que os cientistas necessitam ter em relação ao desenvolvimento, descoberta e divulgação das pesquisas, apresenta também a problemática da indústria pesada e da contaminação, das decisões conjuntas e investimentos em C e T.

No Quadro 4 temos os consensos (crenças adequadas ou apropriadas) expostos por Vásquez et al. (2008) no que se refere à Educação Científica:

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EDUCAÇÃO CIENTÍFICA Crenças adequadas ou apropriadas

O sucesso da ciência e da tecnologia em nosso país depende de ter bons cientistas, engenheiros e técnicos. Por isso, o país precisa que seus alunos estudem mais ciências na escola.

Precisa-se que os alunos estudem mais ciências:

É preciso fomentar que os estudantes estudem mais ciências, mas por meio de um tipo de cursos de ciências diferente. Devem aprender como a ciência e a tecnologia afetam suas vidas.

O sucesso da ciência e da tecnologia em nosso país depende de quanto apoio for dado pelos cidadãos aos cientistas, engenheiros e técnicos. Esse apoio depende dos estudantes (os cidadãos do futuro) saberem como é usada a ciência e a tecnologia no país.

Sim, quanto mais aprenderem os estudantes sobre ciência e tecnologia:

Mais informados estarão os cidadãos do futuro. Serão capazes de formarem melhores suas opiniões e fazerem melhores contribuições sobre como usar a ciência e a tecnologia.

Algumas comunidades produzem mais cientistas que outras. Isso ocorre como produto da educação dada às crianças pelas suas famílias, escolas e comunidade.

A educação é responsável por tudo:

Porque é a família, as escolas e a comunidade juntas as responsáveis de darem às crianças a capacidade para a ciência, o estímulo necessário e a oportunidade de serem cientistas.

Parece ser que existem dois tipos de pessoas: as que entendem a ciências e as que entendem as letras (por exemplo, literatura, história, economia, leis). No entanto, se todos estudassem mais ciências, então todos as compreenderiam. Não existem só estes dois tipos de pessoas. Há tantos tipos de pessoas quanto preferências individuais possíveis, incluindo as que entendem ambas, as ciências e as letras.

Quadro 4: Consensos e crenças adequados ou apropriados sobre a educação científica (adaptado de VÁSQUEZ et al, 2008, p.42).

No Quadro 4 é apresentada a importância da educação científica e de como ela é essencial na sociedade atual que caracteriza-se por ser altamente Científica e Tecnológica.

Ao demonstrar os consensos e crenças adequadas em relação a aspectos da Ciência e Tecnologia, ocorre uma série de posicionamentos, pois existe resistência de uma parcela de intelectuais que defende a restrição destes conhecimentos. Por outro lado, temos os defensores da difusão destes conhecimentos para a comunidade. É premente a necessidade de debater esses posicionamentos e de se difundir os ensinamentos científicos e tecnológicos (SOUZA; PIRES, 2017, p.72).

A Ciência e a Tecnologia causam situações de comodidade e de incômodos na Sociedade, geram benefícios, mas também desconforto, causam conflitos e situações de ordem moral. A forma de pensar cientificamente fez

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com que a reflexão passasse a ser valorizada, derrubando as conclusões prontas, utilizando como método a observação de fenômenos e a busca de argumentos, hipóteses e de comprovações (SOUZA; PIRES, 2017).

A pouca popularização das Ciências e as lacunas no ensino relacionadas ao contexto atual de desenvolvimento científico/tecnológico, têm agravado a problemática do ensino de Ciências. As concepções equivocadas e práticas incorretas na educação científica tem alienado o cidadão, de tal forma, que distancia o que se diz da ciência de como se faz ciência, omitindo assim os equívocos éticos do mundo científico a que diz respeito (SOUZA; PIRES, 2017).

O ensino tradicional não tem, portanto, mobilizado o cidadão para lidar funcionalmente com saberes indispensáveis para a tomada de decisões que afetam a todos os cidadãos. Hoje, para superação destes e de outros problemas, há um empenho no sentido de re-conceituar o ensino das Ciências e a co-construir o saber científico do cidadão (SOUZA; PIRES, 2017).

A educação CTS ilustra essa superação. Assim, compreender historicamente, dar perspectiva e embasar esta dimensão de ensino, são propósitos do enfoque CTS (SANTOS, 2010).

Não há como falar de CTS sem pensar em moral e ética, ambas seguem interdependentes e dependem do ponto de vista e da cultura onde se está inserido. Pois a ética trata dos comportamentos – certo e/ou o errado – e a moral é composta pelos conjuntos de valores de uma cultura. Percebe-se que ética e moral andam juntas e que não podemos julgar ética e moral, pois tudo depende do contexto cultural (SOUZA; PIRES, 2017).

Pinheiro et al. (2007), ao falarem sobre o enfoque CTS e suas necessidades, comentam:

Desde que se iniciou, há mais de trinta anos, um dos principais campos de investigação e ação social do movimento CTS tem sido o educativo. Nesse campo de investigação, que comumente chamamos de ‘enfoque CTS no contexto educativo’, percebemos que ele traz a necessidade de renovação na estrutura curricular dos conteúdos, de forma a colocar ciência e tecnologia em novas concepções vinculadas ao contexto social (PINHEIRO et al., 2007).

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É importante ressaltar que a adoção de um currículo CTS acaba sendo gradual e que esse enfoque não acontece somente dentro da escola. Em referência ao que o enfoque CTS favorece, trazemos as ideias de Soligo, Maciel e Guazzelli (2010) que afirmam:

O enfoque CTS defende que a escola, assim como outros espaços educativos, deve assumir o compromisso com uma didática das Ciências voltada para discutir as questões – científico-tecnológicas que afetam a vida das pessoas, a vida em sociedade e as relações com o meio, tendo em vista a alfabetização científica para a cidadania (SOLIGO; MACIEL; GUAZZELLI, 2010, p.123).

Neste sentido, o ensino CTS fortalece o senso crítico, a capacidade de argumentar e a reflexão sobre conteúdos científicos e tecnológicos.

A crescente necessidade de que sejam refletidas as questões que envolvem CTS, é demandada pela exposição desses temas e a necessidade de que o cidadão possa compreender, discutir e opinar. Se faz necessário, portanto, que o ensino CTS seja incorporado ao Ensino de Ciências. Segundo Santos (2007):

[...] uma proposta curricular de CTS pode ser vista como uma integração entre educação científica, tecnológica e social, em que conteúdos científicos e tecnológicos são estudados juntamente com a discussão de seus aspectos históricos, éticos, políticos e socioeconômicos (SANTOS, 2007, p.2).

Esta proposta curricular transcende o simples fazer pedagógico constituindo-se no uso da história e da epistemologia da Ciência e da própria filosofia. Consequentemente, de um aprofundando do Ensino de Ciências para além do convencional.

2.4.1 Alfabetização Científica

Ao se falar em Alfabetização Científica (AC) nos deparamos com sua pluralidade semântica, o que faz com que a mesma possa ser cunhada como Alfabetização Científica, Letramento Científico ou Enculturação Científica. Porém, todos estes termos tem como sentido e objetivo o Ensino de Ciências para a formação cidadã dos estudantes e a compreensão e emprego dos

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conhecimentos científicos a serem usados em diversos âmbitos de sua vida (SASSERON; CARVALHO, 2011).

Em uma descrição mais filosófica Chassot (2002) afirma que “ser alfabetizado cientificamente é saber ler a linguagem em que está escrita a natureza. É um analfabeto científico aquele incapaz de uma leitura do universo” (CHASSOT, 2002).

Refletindo sob esta perspectiva, a AC deve promover nos estudantes a capacidade de organizar o pensamento de forma coerente, desenvolvendo de forma concomitante um discernimento em relação as atitudes e perspectivas em suas vivências cotidianas (SASSERON; CARVALHO, 2011). Seguindo na mesma linha do raciocínio exposto Sasseron e Carvalho (2008) apresentam indicadores para a alfabetização científica:

[...]seriação de informações é um indicador que não necessariamente prevê uma ordem a ser estabelecida, mas pode ser um rol de dados, uma lista de dados trabalhados. Deve surgir quando se almeja o estabelecimento de bases para a ação. A organização de informações ocorre nos momentos em que se discute sobre o modo como um trabalho foi realizado. Este indicador pode ser vislumbrado quando se busca mostrar um arranjo para informações novas ou já elencadas anteriormente. Por isso, este indicador pode surgir tanto no início da proposição de um tema quanto na retomada de uma questão. A classificação de informações ocorre quando se busca conferir hierarquia às informações obtidas. Constitui-se em um momento de ordenação dos elementos com os quais se está trabalhando procurando uma relação entre eles.

Estes três indicadores são altamente importantes quando há um problema a ser investigado, pois é por meio deles que se torna possível conhecer as variáveis envolvidas no fenômeno mesmo que, neste momento, o trabalho com elas ainda não esteja centralizado em encontrar relações entre elas e o porquê de o fenômeno ter ocorrido tal como se pôde observar.

Outro grupo de indicadores engloba dimensões relacionadas à estruturação do pensamento que molda as afirmações feitas e as falas promulgadas durante as aulas de Ciências; demonstram ainda formas de organizar o pensamento indispensáveis quando se tem por premissa a construção de

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