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Rev. esc. enferm. USP vol.23 número3

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Academic year: 2018

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FATORES D E RISCO EM DOENÇAS CEREBROVASCULARES -ESTUDO COM PACIENTES INTERNADOS NA CLÍNICA

N E U R O L Ó G I C A DO H O S P I T A L DAS CLÍNICAS DA FACULDADE D E MEDICINA DA UNIVERSIDADE D E SÃO P A U L O E N T R E 1977 e 1984*

Eliane Corrêa Chaves**

CHAVES, E.C. Fatores de risco em doenças cerebrovasculares: estudo com pa-cientes internados na clínica neurológica do Hospital das Clínicas da Faculda-de Faculda-de Medicina da UniversidaFaculda-de Faculda-de São Paulo entre 1977 e 1984. Rev. Esc.

Enf. USP, São Paulo, 23(3):359-362, dez. 1989.

Este estudo teve como objeto de investigação a doença cerebrovascular (DCV), algumas de suas características epidemiológicas e a importância da hi-pertensão arterial, das doenças cardíacas e do diabetes mellitus como fatores de

risco para esta afecção cerebral.

UNITERMOS: Distúrbios cerebrovasculares. Epidemiología. Enfermagem

neurológica.

INTRODUÇÃO

Dentre as doenças que acometem mais freqüentemente os indivíduos de mé-dia idade ou idade avançada, as doenças cerebrovasculares representam em várias partes do mundo, importante causa de mortalidade, morbidade e invalidez, ocasio-nando sério problema social, econômico e de saúde2

.

Apesar dos importantes avanços científicos nas áreas de neurofisiologia e fi-siopatologia da DCV, nenhuma medida tem sido eficaz, no sentido de reduzir a dimensão do infarto cerebral uma vez ocorrido, ou de promover a regeneração do tecido nervoso infartado5

. A prevenção surge, portanto, como a única conduta ló-gica e sensata no combate a estas afecções. As medidas preventivas apropriadas, no entanto, devem estar embasadas em estudos que analisem as circunstâncias sob as quais esta afecção tende a se instalar e a se desenvolver. Neste sentido a epi-demiología tem desempenhado um papel particularmente importante, pois ela se propõe entre outras coisas, a descrever de forma sistemática a história natural das

* Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de E n f e r m a g e m da U S P , 1986. (apresentação condensa-da).

(2)

diferentes doenças, determinar suas causas e os meios adequados para afastá-las da p o p u l a ç ã o1 , 3

.

Ligados às investigações epidemiológicas, encontram-se os estudos de risco, os quais referem-se à probabilidade que tem um indivíduo ou coletividade, de apresentar agravos à saúde6

.

O risco em saúde sofre influência de diversos fatores denominados fatores de risco, os quais isolada ou associadamente tornam o indivíduo ou grupo por eles afetados, mais suscetíveis ao desenvolvimento ou agravamento de um determinado processo mórbido6

.

Os fatores de risco são, na realidade, características que mantém relação sig-nificativa com um indesejado abalo no estado saúde-doença7

.

No que diz respeito, particularmente às DCV, parece lógico que a presença de determinadas características pessoais ou ainda algumas condições mórbidas, principalmente as de caráter crônico, que comprometam direta ou indiretamente o sistema circulatório, possam aumentar a probabilidade dos indivíduos de desen-volverem as DCV.

Nesse sentido, têm sido mencionados como fatores de risco para a DCV, a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as doenças cardíacas, a hiperlipidemia, a obesidade, a utilização de contraceptivos orais, fatores hereditários, idade, estres-se emocional e o padrão de personalidade2 , 8

.

Várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas pelos diferentes profissionais de saúde no sentido de determinar a veracidade e a importância destes fatores de ris-co nas diferentes populações. Neste sentido, acreditamos que é responsabilidade do enfermeiro, como membro da equipe de saúde, engajar-se neste processo de in-vestigação dos fatores de risco da DCV, para posterior elaboração e implementa-ção de programas de detecimplementa-ção e controle destes fatores. O enfermeiro está, desta forma, contribuindo significativamente para a prevenção da DCV e de todas as suas conseqüências adversas.

O presente estudo teve os seguintes objetivos:

- investigar a proporção de pacientes com doenças cerebrovasculares internados numa clínica de um hospital geral, em relação a outros internados com afecções neurológicas diversas;

- pesquisar, entre os pacientes com DCV, a proporção de óbitc> em relação à so-brevida, a média de dias de internação, a proporção de seqüelas por eles apre-sentadas, os tipos de DCV mais freqüentes entre eles e a possível associação entre estas variáveis com o sexo e da idade;

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estu-dada e a associação possível entre eles e as variáveis: dias de hospitalização, óbito, presença de seqüelas físicas, idade e sexo.

O presente estudo baseou-se em investigação retrospectiva realizada na Clí-nica Neurológica do Hospital das ClíClí-nicas da FMUSP e cuja fonte de informações foram os 479 prontuários dos pacientes internados no período de l9

de janeiro de 1977 a 31 de dezembro de 1984 e que tiveram como diagnóstico principal qual-quer uma das afecções classificadas pelo Manual de Classificação estatística inter-nacional da doença, lesões e causas de óbito como doença cerebrovascular4

. METODOLOGIA

Para a coleta de dados foi utilizada uma ficha específica constituída basica-mente em duas partes:

- a primeira onde foram registrados os dados de identificação, o diagnóstico prin-cipal, tempo de hospitalização, o destino após hospitalização, e a presença de seqüelas físicas.

- na segunda parte foram registradas informações sobre a presença de fatores de risco na população do estudo. Os fatores de risco investigados foram: a hiper-tensão arterial, o diabetes mellitus e as doenças cardíacas. Foi utilizado o teste de Qui quadrado para averiguar a existência de associação estatisticamente sig-nificante entre as variáveis do estudo.

CONCLUSÕES

Com os dados obtidos por meio desta conduta metodológica foi possível ob-ter as seguintes conclusões:

- entre 9 pacientes internados nesta clínica 1 possuía DCV como diagnóstico principal;

- a população estudada caracterizou-se como relativamente jovem, uma vez que a média de idade foi de 42,5 anos;

- houve discreto p i ^ o m m i o da quantidade de pacientes do sexo masculino sobre os do sexo feminino;

- os tipos de DCV mais freqüentes entre os pacientes estudados foram, em ordem de importância: os aneurismas das artérias cerebrais (38,2%); os acidentes vas-culares cerebrais isquémicos (27,1%) e os acidentes vasvas-culares cerebrais hemor-rágicos (13,6%);

- a média de dias de internação dos pacientes estudados foi de 27 dias, sendo que 30,1% deles permaneceram hospitalizados por mais 30 dias;

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- a proporção de óbito em relação à sobrevida dos pacientes deste estudo foi de 1:3;

- a freqüência de altas diminuiu consideravelmente com a idade, ocorrendo o in-verso em relação ao óbito;

- a freqüência de óbitos decresceu, à medida que o tempo de hospitalização au-mentou e as altas tornaram-se mais freqüentes nas internações mais longas; - dos pacientes estudados, 45,3% eram hipertensos, 18,6% cardíacos e 6,9%

dia-béticos, sendo que 52,1% dos hipertensos, 42,4% dos diabéticos e 66,3% dos cardiópatas ignoravam o fato de possuírem estas afecções;

- a freqüência de DCV nos pacientes que não possuíam os fatores de risco inves-tigados decresceu com a idade; nos possuidores de pelo menos um fator de ris-co, a freqüência de DCV aumentou com a idade;

- 'os óbitos foram mais freqüentes nos pacientes com fatores de risco numa pro-porção aproximada de 2:1.

CHAVES, E.C. Risk factor in cerebrovascular disease — study with patients in ward of neurological clinic of "Hospital das Clínicas da Faculdade de Medi-cina da USP" from 1977 to 1984. Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, 23(3):359-362, dez. 1989.

The purpose of this research was the study of cerebrovascular disease (CVD), some of its epidemiological characteristics and the importance of high blood pressure, cardiac disease and diabetes mellitus as risk factors in this cere-bral illness.

UNITERMS: Cerebrovascular desordes. Epidemiology. Neurologic

nur-sing.

R E F E E R Ê N C I A S BIBLIOGRÁFICAS

1. F O R A T T I N I , O . P . E p i d e m i o l o g í a geral. São P a u l o , E d g a r Blucher, 1976. 259 p .

2. L A V Y . S . Medical risk factors in stroke. A d v . Neurol., N e w Y o r k , 25(12): 1 2 7 - 3 3 , N o v . 1979.

3 . L E A V E L L , H . R . & C L A R K , E . G . M e d i c i n a preventiva. S ã o P a u l o , M c G r a w Hill, 1978. 7 4 4 p .

4 . O R G A N I Z A Ç Ã O M U N D I A L DA S A Ú D E . M a n u a l de classificação estatística internacional de

d o e n ç a s , lesões e c a u s a s d e ó b i t o . Centro da O M S para Classificação de Doenças e m Português,

1978. v. 1.

5. M c D O W E L L , F . H . Avaliação e controle do acidente vascular cerebral. P o s t g r a d . M e d . , M i n n e a -polis, 59(3): 3. Mar. 1976.

6. N O G U E I R A , M . J . C . Enfoque de risco na assistência d e e n f e r m a g e m comunitaria. T r a b a l h o a p r e -sentado no S I M P Ó S I O S O B R E A P L I C A Ç Ã O D O E N F O Q U E D E R I S C O NA A S S I S T Ê N C I A D E E N F E R M A G E M , São P a u l o , 1984. 22 p . (mimeografado).

7. O J E D A , E . N . S . El enfoque de risco en la atención perinatal y maternoinfantil. B o l . Of. S a n i t . P a

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8. W E S T E R , P . O . Risk factors for stroke. S c a n d . J . R e h a b i l . M e d . , S t o c k h o l m , 7(suppl.): 6 - 1 0 , Sept.

1980.

Referências

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