• Nenhum resultado encontrado

Ação Civil Pública Cível

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Ação Civil Pública Cível"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

Poder Judiciário Justiça do Trabalho

Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região

Ação Civil Pública Cível 0010110-46.2014.5.14.0004

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 12/02/2014 Valor da causa: R$ 189.858.395,89 Partes:

AUTOR: Ministério Público do Trabalho PROCURADOR: MARCOS GOMES CUTRIM

PROCURADOR: CRISTINA APARECIDA RIBEIRO BRASILIANO PROCURADOR: RUY FERNANDO GOMES LEME CAVALHEIRO PROCURADOR: FABIO LEAL CARDOSO

RÉU: SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCACAO NO ESTADO DE RONDONIA ADVOGADO: MARIA DE LOURDES DE LIMA CARDOSO

RÉU: LUIS FELIPE BELMONTE DOS SANTOS ADVOGADO: LUIZA MASCARIN MACHADO RÉU: HELIO VIEIRA DA COSTA

ADVOGADO: MARIA DE LOURDES DE LIMA CARDOSO RÉU: ORESTES MUNIZ FILHO

ADVOGADO: WELSER RONY ALENCAR ALMEIDA

RÉU: LUIS FELIPE BELMONTE & ADVOGADOS ASSOCIADOS

ADVOGADO: EDUARDO BICHIR CASSIS CUSTUS LEGIS: SUELEN SALES DA CRUZ CUSTUS LEGIS: GUSTAVO DANDOLINI

TERCEIRO INTERESSADO: ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECCAO DE RONDONIA

TERCEIRO INTERESSADO: CLAUDIR MATA MAGALHAES DE SALES ADVOGADO: MARIA DE LOURDES DE LIMA CARDOSO

TERCEIRO INTERESSADO: JOSE WILDES DE BRITO ADVOGADO: MARIA DE LOURDES DE LIMA CARDOSO TERCEIRO INTERESSADO: DANIEL PEREIRA

PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE

(2)

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO 4ª VARA DO TRABALHO DE PORTO VELHO

ACPCiv 0010110-46.2014.5.14.0004 AUTOR: Ministério Público do Trabalho

RÉU: SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCACAO NO ESTADO DE RONDONIA, LUIS FELIPE BELMONTE DOS SANTOS, HELIO VIEIRA DA COSTA, ORESTES MUNIZ FILHO, LUIS FELIPE BELMONTE & ADVOGADOS

ASSOCIADOS

SENTENÇA

I – RELATÓRIO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO, devidamente qualificado e representado, propôs AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face dos requeridos Sindicato dos

,

Trabalhadores na Educação – SINTERO Luís Felipe Belmonte dos Santos, Hélio Vieira da

, e , visando reparação de

Costa Orestes Muniz Filho Belmonte Advogados Associados S.C.

danos morais coletivos no valor global de R$189.858.395,89 (cento e oitenta e nove milhões, oitocentos e cinquenta e oito mil, trezentos e noventa e cinco reais e oitenta e nove centavos), aduzindo responsabilidade solidária dos requeridos em decorrência de fatos originados nos autos do processo 02039.1989.002.14.00-0, em trâmite na 2ª Vara do Trabalho de Porto Velho. Juntou documentos.

Indeferido o pedido de Tutela Antecipada, ID. 489018.

Realizada audiência, apresentadas e recebidas as defesas dos requeridos e da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção de Rondônia, foi proferida decisão (ID. 724915), reconhecendo a incompetência desta Especializada com fulcro no artigo 114 da Constituição Federal, com determinação de remessa dos autos à Justiça Comum Estadual de Rondônia.

Da referida decisão, interpôs o MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Recurso Ordinário ao e. TRT da 14ª Região, no qual foi proferido o Acórdão de ID. d469fe4, dando provimento ao RO, com determinação da baixa dos autos a esta Vara para julgamento do feito.

Publicado acórdão proferido pela Primeira Turma do e. TRT, desta feita ocorreu interposição de Recurso de Revista pelos requeridos e terceiros interessados, conforme consta dos autos, os quais após análise, receberam decisão de negativa de admissibilidade de remessa

(3)

à instância superior (TST), o que gerou Agravos de Instrumento, sendo estes processados e remetidos ao Tribunal Superior do Trabalho.

Confirmada a decisão do TRT da 14ª Região, não sendo admitidos os Recursos pertinentes, retornaram os autos esta Vara, em cumprimento ao acórdão (ID. d469fe4), de 19/11 /2014.

Baixados os autos, considerando o lapso temporal de mais de 05 (cinco) anos da decisão de primeiro grau, efetivada em 05/05/2014, entendeu por bem este Juízo reabrir a instrução para nova manifestação das partes. Vindas novas manifestações, dispensada efetivação de audiência em razão da matéria e da manifestação das partes, apresentadas razões finais, vieram os autos para sentença.

II – FUNDAMENTAÇÃO 1 - PRELIMINARMENTE

a) TERCEIROS INTERESSADOS - EXCLUSÃO

JOSÉ WILDES DE BRITO e CLAUDIR MARTA MAGALHÃES DE SALES, por advogada constituída apresentaram petição, afirmando não serem parte ou terceiros interessados, porém requerem ser ouvidos pelo Juízo. Declaram que “tem interesse em serem ouvidos na condição de ex-presidentes do Sintero para esclarecer desde já que todos os contratos foram aprovados em assembleias da categoria, das quais participaram, e que os substituídos jamais manifestaram oposição à percepção dos honorários contratuais.”

Pois bem, ainda que já tenha esta Magistrada proferido despacho, solucionando a questão, sendo incabível tal requerimento, os peticionantes constam nos registro do Pje como

“TERCEIRO INTERESSADO”. Assim, determino a correção dos registros processuais, com imediata retirada dos respectivos nomes dos registros no PJe.

Deverá a secretaria cumprir a determinação independentemente do trânsito em julgado, eis que os próprios requerentes informam que NÃO são terceiros interessados.

b) ASSISTÊNCIA PROCESSUAL DA OAB/RO NÃO CABIMENTO – EXCLUSÃO DA LIDE

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECÇÃO RONDÔNIA, com fundamento nos artigos 50 do Código de Processo Civil, a época, e artigos 44, inciso II, 54, inciso II e 57, do Estatuto da OAB (Lei Federal 8.906/caput 94), e artigo 769 da CLT, ingressou no feito avocando a qualidade de ASSISTENTE PROCESSUAL dos advogados LUIS FELIPE BELMONTE DOS SANTOS, HÉLIO VIEIRA DA COSTA e ORESTES MUNIZ FILHO.

(4)

Os preceitos legais invocados pela OAB/RO não merecem conhecimento deste Juízo, na qualidade de Assistente a que se propõe.

A conduta individual do advogado(s) que o leva a ser incluído no polo passivo de uma ação trabalhista ou mesmo cível, não significa que a OAB seja necessariamente afetada.

Caso contrário, qualquer indivíduo sendo advogado e que fosse chamado a Juízo sob alegação de ter causado dano material ou moral a outrem, poderá requerer intervenção da OAB sob argumento de defesa de suas prerrogativas profissionais, o que foge ao princípio da razoabilidade, mostrando-se totalmente incabível.

Cito:

A jurisprudência do STJ exige a demonstração do interesse jurídico na intervenção de terceiro, e "as condutas de Advogados que, em razão do exercício de seu múnus venham a ser incluídos em pólo passivo de ações cíveis, não estão a significar, diretamente, que a OAB seja afetada, porque, admitida tal possibilidade, qualquer advogado que cause dano material ou moral a outrem, poderia suscitar intervenção sob argumento de defesa de prerrogativa, o que contraria a razoabilidade". Precedentes: EREsp 1.351.256/PR, Rel.

Ministro Mauro Campbell Marques, Corte Especial, DJe 19/12/2014; AgRg nos EREsp 1.019.178/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Corte Especial, DJe 20/5/2013; RCD nos EREsp 448.442/MS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 13/06 /2018, DJe 22/6/2018; EDcl nos EREsp 650.246/PR, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Primeira Seção, DJe 6/8/2012; AgInt no MS 15.828/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 19/12/2016. Publicação no DJe/STJ nº 2899 de 04/05/2020.

O interesse nos presentes autos não se mostra jurídico-administrativo ou de defesa da categoria. A lide versa sobre danos ligados a questões financeiras, honorários considerados recebidos supostamente de forma ilícita e indevidamente.

Assim, ante o exposto, por semelhante entendimento ao julgado mencionado, indefiro a intervenção da Ordem dos Advogados – Seccional Rondônia, na qualidade de

“assistente processual”, determinando sua exclusão da lide e retirada imediata de seus registros, neste processo, constantes do Pje.

c) JUNTADA DE “PARECER”

O requerido Hélio Vieira da Costa, id. 620736, juntou parecer/opinião jurídica quanto a improcedência da presente ação.

De plano rejeita-se tal documento.

O juiz é o responsável pelo julgamento do feito, sendo obrigatoriamente, capacitado para conhecer da ação, processá-la e proferir sentença, sem que precise de qualquer parecer jurídico/opinião incluso por qualquer das partes nos autos.

PRELIMINARES:

DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA – RITO PROCESSUAL

(5)

Quanto ao rito processual da presente ação civil pública, vale lembrar que a Lei nº 7.347/85, que disciplina a mesma, não previu rito processual próprio, apesar da menção à possível aplicabilidade do CPC para garantia das regras processuais.

Na Justiça do Trabalho prevalece o princípio da instrumentalidade das formas e, assim sendo, se extrai que o ato processual é instrumento para que se atinja uma finalidade que sempre será válida desde que atinja seu objetivo sem causar danos às partes, o que ocorreu neste feito, eis que as partes tiveram todo prazo legal respeitado e primou-se pelo princípio da ampla defesa.

DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

Há arguição em defesa da incompetência da Justiça do trabalho, tendo o requerido Luís Felipe Belmonte, mencionado em razões finais que a decisão do TRT foi considerada como interlocutória, originando o não conhecimento do RR, motivo pelo qual deverá ser enfrentada em sentença de mérito em primeiro grau.

Assiste razão ao recorrido quanto ao aspecto formal do processo. No entanto, acatando no todo as razões de decidir do acórdão proferido pela 1ª turma do e. TRT 14, tenho por competente a esta especializada para processar e julgar o feito.

Note-se, que em nenhum momento da lide o Ministério Público postulou a invalidação dos contratos de honorários advocatícios firmados entre os requeridos ou entre estes e os substituídos/beneficiários da reclamação trabalhista 2039.1989.002.14.00-0, proposta pelo SINTERO, em trâmite na 2a Vara do Trabalho de Porto de Velho, mesmo porque inegavelmente existem e são o motivo do pedido de ressarcimento.

Não há o que se confundir. Honorários contratuais têm natureza civil e de fato “ pouco importando que os serviços contratados refiram-se a lide que tenha tramitado na Justiça caberá a Justiça Comum dirimir o conflito. Todavia, a matéria dos Civil, Penal ou Trabalhista”

autos é ressarcimento por supostos atos ilícitos que resultaram em prejuízos aos trabalhadores, legítimos beneficiários da ação trabalhista. Portanto, a lide referente a tal dano moral coletivo é de competência da Justiça do Trabalho

Cito ementa constante destes autos:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. DANO MORAL COLETIVO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. O pedido de dano moral coletivo formulado pelo Ministério Público do Trabalho deve ser apreciado pela Justiça do Trabalho, por se inserir na competência deste Órgão Judicial, conforme inteligência do art. 114 da CF. (RELATORA:

DESEMBARGADORA MARIA CESARINEIDE DE SOUZA LIMA - 21/11/2014)

Declara-se, para que não paire dúvidas, a competência desta Especializada.

ILEGITIMIDADE ATIVA – CARÊNCIA DE AÇÃO

(6)

Alegada em defesa e ressaltadas em razões finais, por memoriais, (ID.

ded6732), a ilegitimidade ativa do MPT e carência de ação. A primeira sob alegação de que a Lei 7.345/85 é explícita ao falar em “responsabilidade por danos causados ao patrimônio” e enumera as hipóteses, sendo que no caso em tela “não houve qualquer dano a ninguém. O SINTERO e /ou seus associados que são pessoas físicas determinadas e uma determinada pessoa jurídica de direito privado, foram as pessoas que efetuaram os pagamentos dos honorários advocatícios – pessoas certas e determinadas – cuja proteção não está afeta ao MPT.”

A segunda, carência de ação, tem por base a ausência de ato ilícito que caracterize dano e a legitimidade do ato decorrente do direito à livre contratação, tanto com o SINTERO, como diretamente com os substituídos, tratando-se de direito disponível.

Ambas preliminares, notadamente se confundem com o mérito, eis que dependem do reconhecimento ou não da existência do dano coletivo.

Rejeita-se as preliminares.

INÉPCIA DA INICIAL

De forma sutil e entranhada na defesa os requeridos SINTERO e Hélio Vieira da Costa arguiram a inépcia da petição inicial, afirmando que a fundamentação do Autor é divergente do pedido.

De plano afasta-se tal assertiva, eis que a petição inicial preenche todos os requisitos legais e, em se tratando exclusivamente de debate sobre o percentual indicado pelo MPT, a matéria volta-se ao mérito, onde será analisada.

LITISPENDÊNCIA COM A AÇÃO RESCISÓRIA – PROCESSO 0010109- 10.2013.5.14.0000 EM TRÂMITE NO E. TRT 14ª REGIÃO

Arguiu o requerido Orestes Muniz a litispendência, considerando já em trâmite a Ação Rescisória existente processo 0010109-10.2013.5.14.0000 em trâmite perante este e. TRT.

Que, caso haja a improcedência da mesma, terá influência na presente ação ou mesmo sua procedência.

Volta-se assim, a discussão dos autos 02039.1989.002.14.00-0 da 2a Vara do Trabalho de Porto Velho.

Sem razão o requerido, como já dito, a presente ação não tem por base o objeto do processo 02039.1989.002.14.00-0, mas sim os atos, considerados pelo MPT, ilícitos praticado pelo SINTERO e advogados constituídos. O que se pretende na Ação Rescisória não é, definitivamente, o que se pretende com a presente ação, restando inaplicável a alegação de litispendência. Até porque, as partes destes autos, advogados e escritório, não são partes nos autos da reclamatória que é objeto da ação rescisória.

(7)

Rejeita-se.

INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA

Restou arguida mais uma preliminar, desta feita de “reconhecimento de , sob o argumento de que o Autor, MPT, está se utilizando da inadequação da via eleita”

presente ação civil pública como substituto extemporâneo da ação rescisória, tendo como objeto decisões judiciais que reconheceram o direito aos honorários contratuais, e não fatos extrajudiciais, pelo que deve ser declarada sua a extinção nos termos do art. 485, I do CPC c/c 330, III.

Não há que se falar em via eleita inadequada. O pedido do autor é certo e traz plausibilidade, ao tempo que não se confunde, conforme peça exordial, com pedidos pertinentes a uma ação rescisória. Rejeita-se.

2 - PREJUDICIAL DE MÉRITO a) PRESCRIÇÃO - (DECADÊNCIA)

Alegam os requeridos, sob vários argumentos, a prescrição quanto a verbas pleiteadas.

Valendo destacar a sustentação quanto ao fato de estar o Ministério Público do Trabalho discutindo, nestes autos, decisões judiciais, e não fatos extrajudiciais e ainda que as decisões judiciais que reconheceram o direito dos advogados do SINTERO aos honorários contratuais estão amparadas pelo trânsito em julgado e não estão sob a proteção da ação civil pública, somente podendo ser atacadas por via recursal tempestiva ou através do instituto da ação rescisória. Requer seja declarada a decadência bienal prevista no art. 975 do CPC.

Decadência bienal para a ação rescisória, eis que o Ministério Público do Trabalho mostrou resistência à verba honorária pactuada, o que conduz inafastável extinção da ação civil pública, que não pode servir como substituta da ação rescisória.

Aos argumentos apresentados, sustentou o MPT a imprescritibilidade do direito de Ação Civil Pública também sob inúmeros fundamentos doutrinários e jurisprudenciais.

Cito:

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL COLETIVO. DIREITOS METAINDIVIDUAIS.

IMPRESCRITIBILIDADE.

Não há como se reconhecer a prescritibilidade dos direitos coletivos, uma vez que, não sendo possível a sua tutela individual, os seus titulares ficam a depender da atuação dos legitimados extraordinários, não podendo arcar com o ônus da inércia ou mesmo da atuação retardada desses. Em face das particularidades e especificidades dos direitos metaindividuais, a pretensão relativa a direitos e interesses difusos e coletivos (sejam esses disponíveis e indisponíveis) é imprescritível [destacouse]. O dano ao meio ambiente de trabalho é permanente, contínuo, renovando-se diariamente. Embora seja passível de valoração, para efeito indenizatório, o direito de todos a um meio ambiente sadio não é

(8)

patrimonial, tratando-se de direito fundamental, indisponível, comum a todos os trabalhadores, não se submetendo à prescrição, segundo a jurisprudência e a doutrina (RO nº mais abalizada. Precedentes do colendo TST e da egrégia Turma grifos nossos”.

0258900-71.2007.5.08.0107, TRT da 8ª Região).

Sobre o tema também o Ministro Lélio Bentes Correa, do TST, manifestou-se de forma favorável a tese autoral, entendimento ao qual adere este juízo, eis que a

. imprescritibilidade da ação civil pública justifica-se pela natureza indisponível do direito tutelado

Por outro lado, a propositura da ação por danos causados, visando , como , mostra-se imprescritível.

ressarcimentos objeto principal

Ressalte-se que embora o posicionamento sobre o tema tenha sido revisto pelo STJ, a imprescritibilidade da Ação Civil Pública ressarcitória é indiscutível, pelo que, afasta-se a pretendida prejudicial de mérito por todos e quaisquer elementos apontados pelos requeridos.

Destaque-se também, que assiste razão ao autor quando afirma que: “A cobrança de honorários contratuais cumulados por parte dos Réus advogados dos membros da

contrário, categoria sindical não é uma ilicitude que se consumou em um único momento. Pelo a ilicitude se dá enquanto os Réus advogados recebem e tem a receber, ainda, valores dos membros da categoria.”

A relação de continuidade resta plenamente comprovada documentalmente nos presentes autos nos autos, na ação 02039.1989.002.14.00-0, em trâmite na 2a Vara do Trabalho de Porto de Velho.

Por tudo isto, rejeita-se.

b) COISA JULGADA PROFERIDA PELA JUSTIÇA COMUM

Sustentam os requeridos ser inquestionável que as decisões que deferiram os honorários e sua reserva, citadas pelo Autor em sua petição inicial, estão amparadas pelo instituto da coisa julgada (art. 5°, XXXVI da Constituição Federal), eis que houve decisão homologatória de acordo realizado perante a 4ª Vara Cível de Porto Velho, objeto de ação judicial própria junto a Justiça Comum, referente aos contratos de honorários advocatícios.

De plano, entende esta magistrada que não há que se falar em coisa julgada nos moldes citados. Em nenhum momento o Juízo da 4a Vara Cível, até por não ser de sua competência, declarou a legalidade dos valores cobrados na ação trabalhista em trâmite perante a 2a Vara do Trabalho de Porto Velho.

Ressalte-se que as lides são diversas. O objeto da presente ação é a reparação decorrentes da alegação de descontos abusivos e sem de danos morais coletivos

consentimento em créditos dos substituídos pelo sindicato em reclamatória trabalhista, sob o título de “honorários advocatícios contratuais e sucumbenciais”. Rejeita-se.

(9)

DO MÉRITO - PEDIDOS

Aduz o MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO em peça exordial e nova manifestação, em síntese, que em 21/09/1989 o requerido Sindicato dos Trabalhadores na Educação – SINTERO contratou o escritório de advocacia do requerido Luís Felipe Belmonte para patrocinar ação trabalhista que gerou o processo 02039.1989.002.14.00-0, em dos Santos

trâmite na 2a Vara do Trabalho de Porto Velho, figurando o SINTERO como substituto processual da categoria. O objeto da reclamatória foi o reenquadramento dos substituídos - servidores do antigo Território, atual Estado de Rondônia, em aplicação ao art. 3º da lei 7596/87, que gerencia o plano único de classificação e retribuição de cargos e empregos. Que o objeto da referida ação alcançou sua procedência somente quando da apreciação pelo Tribunal Superior do Trabalho em 23 de março de 1992, 3ª Turma, que deu provimento integral ao Recurso de Revista interposto pela entidade sindical, resultando na condenação da União ao reenquadramento postulado, bem como no pagamento dos honorários assistenciais em favor do SINTERO, consoante acórdão proferido (fls. 243/245 do vol. II do processo 02039.1989.002.14.00-0).

Sustenta que da simples leitura do acórdão que julgou os embargos declaratórios interpostos contra a decisão exarada no RR, verifica-se claramente que o beneficiário do deferimento do pleito de honorários assistenciais foi o ora requerido SINTERO. Assim sendo, a

“coisa julgada” formada naqueles autos diz respeito tão somente ao pagamento da verba honorária assistencial ao SINTERO, inexistindo decisão que determine o direito à percepção de honorários advocatícios (não assistenciais) ao patrono do substituto processual. Ficando também estabelecida que a obrigação de pagar os honorários ao Sindicato caberia exclusivamente à União, não se estendendo aos trabalhadores substituídos. Porém, mesmo diante de tal decisão, o patrono Luís Felipe Belmonte dos Santos peticionou requerendo a juntada do contrato de honorários firmado com o SINTERO e o pagamento de 11% (onze por cento), a ser deduzido da folha de pagamento de cada filiado substituído no processo, diretamente, ao subscritor, em sua conta-corrente (fls. 262/264 do Volume II do processo 02039.1989.002.14.00-0), o que foi deferido sem qualquer fundamentação, passando assim a ser ônus dos substituídos e não da União o pagamento destes honorários contratuais, impondo um desconto de 11% (onze por cento) nos créditos dos trabalhadores.

Acrescenta que, em fase de execução, naqueles autos, foram apresentados cálculos no valor de R$613.622.322,01 (seiscentos e treze milhões seiscentos e vinte e dois mil, trezentos e vinte e dois reais e um centavo), sendo destinado o valor de R$138.732.025,85 (cento e trinta e oito milhões, setecentos e trinta e dois mil, vinte e cinco reais e oitenta e cinco centavos) ao advogado Luís Felipe Belmonte dos Santos, denominando tal valor como

“CÁLCULO DE VALORES FINAIS E DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (contratuais e de sucumbência)”. Após, o SINTERO revogou os poderes do referido causídico, sem prejuízos dos honorários contratuais e de “sucumbência” e comunicou ao Juízo a nova contratação de advogado, desta feita, do requerido advogado Hélio Vieira da Costa, juntando procuração.

(10)

Informou também que alguns substituídos contrataram o antigo advogado, o requerido Luís , sendo que tais trabalhadores já figuravam nos autos, ficando na “ Felipe Belmonte dos Santos

condição de substituídos e litisconsortes”. Dividiram-se os trabalhos de execução nos dupla

autos. “O SINTERO requereu a homologação dos valores incontroversos apenas em relação aos substituídos que não contrataram o patrono Luís Felipe Belmonte dos Santos, pleiteando a imediata liberação de precatório no valor de R$137.194.753,14 (cento e trinta e sete milhões, cento e noventa e quatro mil setecentos e cinquenta e três reais) dos quais R$16.956.654,88 (dezesseis milhões novecentos e cinquenta e seis mil e seiscentos e cinquenta e quatro reais) referiam-se aos honorários advocatícios (fls. 3803 do vol. XVIII)”.

O requerido Luiz Felipe Belmont dos Santos, cedeu todos os direitos do contrato firmado anteriormente com o SINTERO para a sociedade Belmonte Advocacia S/C, na qual figura como sócio.

Assim, sustenta que os honorários advocatícios ficaram assim definidos em:

- 11% (onze por cento) em nome de Belmonte Advocacia (fl. 16024)

- Honorários contratuais 15% (quinze por cento) em nome Luís Felipe Belmonte (fl.16024 – processo 2039/89);

dos Santos

- Horários advocatícios de 3,5% (três e meio por cento) sobre o valor total do crédito de cada um dos beneficiários a Hélio Costa Zênia Cernov Advocacia S/A e (fl.16031);

- Orestes Muniz e Odair Martini Advogados, por conta dos contratos de honorários celebrados com os demais advogados atuantes no feito, receberam sobre o valor total do crédito de cada substituído o percentual de 2,5% (dois e meio por cento).

Ressalta o Autor, MPT, que houve associação dos requeridos para promoverem descontos ilegais nos créditos trabalhistas dos substituídos no Processo 02039.1989.002.14.00- 0, em trâmite na 2a Vara do Trabalho de Porto Velho. Aduz a condição de cooperação que deveria existir entre o SINTERO e os interesses de seus associados, os quais substituiu, tendo o direito junto a UNIÃO de 15% de honorários, mas, mesmo assim, autorizou que os substituídos pagassem mais 32% (trinta e dois por cento) sob o mesmo título, deduzidos diretamente de seus créditos. Ressalta que no Acórdão não houve nenhuma previsão de descontos da referida verba junto aos substituídos.

Partindo de tal premissa, após verificar contratos de honorários firmado entre o SINTERO e os demais requeridos, colhidos depoimentos que constam da inicial, entendendo por irregular a execução e cobrança de honorários dos substituídos, pleiteia o Autor, Ministério Público do Trabalho, a reparação do dano moral coletivo, nos termos constantes da peça exordial, com a condenação solidária dos requeridos: Sindicato dos Trabalhadores na

, ,

Educação – SINTERO Luís Felipe Belmonte dos Santos Hélio Vieira da Costa, Orestes

(11)

ao pagamento de indenização de Muniz e Belmonte Advogados Associados S.C.

(cento e oitenta e nove milhões, oitocentos e cinquenta e oito mil, trezentos e R$189.858.395,89

noventa e cinco reais e oitenta e nove centavos), atualizado a partir de 10 de abril de 2006, cujo valor total deverá ser revertido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou a outra finalidade compensatória da lesão causada. Registre-se o pedido de concessão de tutela cautelar, visando a determinação de imediato bloqueio de numerário e bens dos requeridos até o montante suficiente para garantir o pagamento da indenização por danos coletivos pleiteada.

Os requeridos, em resumo, além de todas as preliminares elencadas e já decididas, negam toda questão de mérito e, conforme defesa juntada aos autos, sustentam a legalidade de todos os contratos firmados entre sindicato e advogados, advogados e clientes (substituídos), bem como legitimidade para recebimento de honorários advocatícios, sejam assistenciais e contratuais ou de sucumbência.

Os requeridos SINTERO – Sindicato dos Trabalhadores na Educação e Hélio , em defesa conjunta, afirmam que, o segundo, não recebeu honorários de Vieira da Costa

sucumbência, bem como não cumulou honorários assistenciais com contratuais, tendo

“pactuado” o percentual de 6%.

Declaram que:

“d) os servidores não suportaram honorários de 32% como afirmado pelo Autor em sua petição inicial, mas sim de 17%, pois que:

- os honorários de sucumbenciais de 15% foram destinados ao advogado Luís Felipe e suportados pela União;

– os honorários de 11% do advogado Luís Felipe foram deduzidos dos créditos dos servidores;

os honorários de 6% do advogado Hélio Vieira da Costa foram deduzidos dos créditos dos servidores;

O advogado Hélio Vieira da Costa pactuou que de seus 6%

contratuais, 2,5% pertenceriam ao advogado Orestes Muniz e 3,5% ao advogado Hélio Vieira, de tal forma que os honorários do advogado Orestes Muniz foram suportados pelo advogado Hélio Vieira, e não pelos servidores;

os servidores, portanto, suportaram um total de verba honorária de 17% (abaixo da tabela da OAB, que é de 20%), que não se caracteriza como abusivo.”

Portanto, ambos não negam o recebimento de honorários advocatícios, afirmando sua não ilegalidade e, consequentemente, inexistência de ato ilícito.

O requerido ORESTES MUNIZ FILHO, sustenta ser parte ilegítima para figurar no polo passivo da ação, pois não firmou contrato diretamente com o SINTERO e nem com os substituídos, tendo firmado o mesmo com os advogados Hélio Vieira e Luiz Felipe Belmont.

Prende-se na afirmação de inexistência de associação para promover os alegados descontos ilegais, ante atuação na defesa dos direitos dos substituídos e inexistência do dano moral coletivo.

(12)

Os requeridos LUÍS FELIPE BELMONTE & ADVOGADOS ASSOCIADOS e LUÍS FELIPE BELMONTE DOS SANTOS, retomam, mesmo no mérito, a questão preliminarmente já decidida de incompetência desta Especializada.

Registre-se, mais uma vez, que a questão de mérito da presente lide é a existência ou não de dano moral coletivo decorrente de descontos ilegais em verbas trabalhista recebidas por trabalhadores substituídos pelo SINTERO. Portanto, em preliminar ou mérito (na forma elaborada em defesa), resta afastada a incompetência da Justiça do Trabalho.

DANO MORAL COLETIVO - EXISTÊNCIA

A ASSOCIAÇÃO DOS RÉUS PARA PROMOVER DESCONTOS ILEGAIS NOS CRÉDITOS TRABALHISTAS DOS SUBSTITUÍDOS NO PROCESSO 2039/89

A sustentação do Autor, MPT, no sentido de que fatos relatados na presente ação foram articulados pelos requeridos, demonstrando que os mesmos se associaram para promover descontos ilegais nos créditos trabalhistas apurados no processo 02039.1989.002.14.00-0, ainda em trâmite na 2ª Vara do Trabalho de Porto Velho, bem como, que restou evidente que o SINTERO atuou de forma temerária, laborando contra os interesses dos seus associados, a quem substituiu, passa pela análise da função sindical face seus representados/substituídos e legislação aplicável.

Em inúmeras decisões é questão pacífica o dever dos sindicatos, (mesmo depois da Reforma Trabalhista - Lei 13.467/2017), de prestarem assistência judiciária gratuita a toda a categoria representada, pois tal ordenamento encontra-se assentada no art. 8º, III, da Constituição Federal, a saber: “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.

Nos autos da reclamatória trabalhista 02039.1989.002.14.00-0, em trâmite na 2ª Vara do Trabalho de Porto Velho, temos que a UNIÃO foi condenada ao pagamento de honorários assistenciais no percentual máximo, 15%. Assim, de plano, entendo que assiste razão ao autor, pois não houve na decisão determinação de honorários sucumbenciais e sim de honorários assistenciais. Os pretensos honorários sucumbenciais surgiram em contrato firmado primeiramente entre os requeridos SINTERO e Luís Felipe Belmonte dos Santos, conforme cópia juntada aos autos.

Ressalvo que o SINTERO, tinha o dever de proteger os créditos dos trabalhadores, com pleno conhecimento de que, por sentença, seu percentual estava limitado a 15% do valor total da ação a serem pagos pela União. Dentro do referido limite poderia o ente sindical dispor, a seu modo, dos valores em contratos com advogados. Qualquer percentual ou valores pertencentes aos substituídos a serem pagos a qualquer dos causídicos (requeridos) dependeria de expressa contratação efetivada pelos próprios substituídos.

(13)

A atitude do sindicato evidentemente resultou em prejuízo da categoria, sendo este o entendimento STJ que decidiu que o advogado contratado por sindicato não pode perceber honorários contratuais decorrentes da causa em que o ente atuou como substituto processual. Mesmo gerando benefícios à categoria substituída, o contrato firmado com o ente sindical não teria eficácia remuneratória. Para conseguir ser remunerado por sua atuação, o advogado deveria firmar contrato individual com os beneficiários. Cito:

"(...) 1. Esta Corte firmou entendimento de que, em casos como este, onde o ente sindical propõe execução de sentença na qualidade substituto processual, mesmo que considerada sua legitimação extraordinária para a defesa dos interesses da categoria que representa, para fins de dedução dos honorários contratuais por parte do patrono, consoante previsão do artigo 22, § 4º, da Lei 8.906/1994, necessária a apresentação de contrato ou autorização firmada individualmente pelo titular do direito. (...) (AgInt-REsp 1627404/PB, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma. DJe 17/03/2017)".

Verifica-se que foram juntados aos autos 02039.1989.002.14.00-0, em trâmite na 2ª Vara do Trabalho de Porto Velho, em data bem posterior a propositura da presente ação,

“autorização de descontos” assinadas por alguns substituídos. Entretanto, visivelmente, a apresentação dos referidos documentos foi uma demonstração de tentar regularizar o ato já consumado pelo SINTERO e advogados anteriormente contratados, atitude que, no entendimento deste Juízo, não causa efeito algum, até mesmo pelas várias declarações de substituídos que demonstram total falta de conhecimento dos termos das contratações.

A cobrança de honorários contratuais de substituídos, teve posicionamento jurisprudencial do nosso Regional, consoante decidido pelo Tribunal Pleno em 1º/12/2017 no Incidente de Uniformização de Jurisprudência n. 0090410-02.2017.5.14.0000, de Relatoria da Exma. Desembargadora Maria Cesarineide de Souza Lima, cuja ementa transcrevo a seguir:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. SINDICATO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. DISSENSO JURISPRUDENCIAL ACERCA DE RETENÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. INCIDENTE ENTRE SINDICATO SUBSTITUTO E TRABALHADOR SUBSTITUÍDO. A assistência judiciária prestada pela entidade sindical exime o trabalhador, que não possui condições econômicas de demandar em Juízo sem prejuízo de seu sustento e o de sua família, dos custos relativos aos honorários advocatícios, não sendo lícita a cobrança dessa verba dos trabalhadores, mormente se inexistente contrato de honorários firmado diretamente pelo trabalhador substituído com a banca de advocacia patrocinadora da ação.

Cito, também, a seguinte jurisprudência atual e notória do e. TST:

INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. DESCONTO EFETUADO A TÍTULO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS DE TRABALHADOR SUBSTITUÍDO EM JUÍZO. IMPOSSIBILIDADE. JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA DO TST. O artigo 8º, III, da Constituição Federal determina que " ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas ". Por sua vez, a Lei nº 5.584/70 continua a disciplinar o dever de o sindicato prestar assistência judiciária gratuita ao trabalhador pertencente da categoria profissional que representa, ainda que este não ostente a qualidade de associado (artigos 14 e 18 da referida norma). Desse modo, seja mediante corpo jurídico próprio ou serviço advocatício contratado, é dever do ente sindical conceder referida assistência sem custos

(14)

ao integrante da categoria, não sendo legítima, assim, a cobrança de honorários de natureza contratual (ajustados com o patrono credenciado) dos trabalhadores ora substituídos na ação, mormente quando já auferidos honorários assistenciais, por subverter a lógica imposta na legislação supra. Precedentes. Agravo conhecido e não provido. (Ag-AIRR-11133-88.2015.5.18.0001, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 06/11/2020).

Assim, há de se concluir que assiste razão ao Autor quando afirma que houve associação por parte do sindicato e advogados, visando descontos ilegais nos créditos trabalhistas apurados no processo 02039.1989.002.14.00-0, ainda em trâmite na 2ª Vara do Trabalho de Porto Velho, bem como, que restou evidente que o SINTERO atuou de forma temerária, o que causou prejuízos aos integrantes da categoria.

Portanto, quanto ao pedido de “condenação do réu Sindicato dos na obrigação de prestar assistência jurídica gratuita Trabalhadores na Educação – SINTERO

para todos os integrantes da categoria profissional que representa, abstendo-se de cobrar honorários assistenciais ou de sucumbência, direta ou indiretamente, seja na condição de substituto ou de representante processual, sob pena de pagar multa correspondente ao décuplo

” sob pena de multa, resta procedente em parte. Isto do valor cobrado a título de verba honorária

porque os honorários sucumbenciais são fixados pelo Juízo e são devidos ao sindicato, portanto quanto aos mesmos, quando já destinados pelo juízo, não há impedimento do uso pelo sindicato.

Neste sentido, determina este Juízo que o SINTERO se abstenha de cobrança direta ou indireta de honorários advocatícios, assistenciais ou contratuais de todos os integrantes de sua categoria, seja na condição de substituto ou representante processual, sob pena de pagamento de multa equivalente ao valor cobrado ou imposto ao empregado.

DANO MORAL COLETIVO – FIXAÇÃO

O dano moral coletivo surge quando a lesão atinge um grupo ou uma coletividade, superando o âmbito do direito individual, em confronto com direitos constitucionais garantidos, o que é o caso relatado nos presentes autos, como já fundamentado em tópico anterior.

Reconhecida a lesão financeira causada pelos requeridos: Sindicato dos Trabalhadores na Educação – SINTERO, Luís Felipe Belmonte dos Santos, Hélio Vieira da Costa, Orestes Muniz Filho e Belmonte Advogados Associados S.C. procedente é também o pedido de danos morais em face dos mesmos.

Registro que, embora o Requerido Orestes Muniz, afirme que os valores a si destinados foram objeto do contrato firmado pelo SINTERO e o causídico Hélio Vieira da Costa, o fato é que a verba em questão, causadora da lesão patrimonial dos substituídos no processo 02039.1989.002.14.00-0, a ele foi dirigida no percentual de 2,5%, restando indiscutível sua participação, ainda que indiretamente.

(15)

Assim, desde logo, registro que comungo do entendimento do douto jurista Sebastião Geraldo de Oliveira quando afirma que para haver o dever de indenizar, é despicienda

“a prova de que o lesado passou por um período de sofrimento, dor, humilhação, depressão etc”.

Ressalta que “é desnecessário demonstrar o que ordinariamente acontece e que decorre da própria natureza humana.”

Por outro lado, a indenização por dano moral coletivo tem o objetivo de passar uma verdadeira lição punitiva-pedagógica, sem se preocupar em encontrar um valor que corresponda exatamente a dor ou sofrimento experimentados pelas vítimas. Até porque, no caso em análise, a responsabilidade pelo dano moral, não tem um cunho individual de recompor o prejuízo direto, não tendo também a intenção de diminuir o patrimônio dos requeridos, estando a relevância no seu caráter educativo, a fim de criar uma consciência ao respeito pela dignidade da pessoa do trabalhador/substituído.

Sérgio Cavalieri Filho, jurista renomado, menciona o dever jurídico do seguinte modo:

Entende-se, assim, por dever jurídico, a conduta externa de uma pessoa imposta pelo Direito Positivo por exigência da convivência social. Não se trata de um simples conselho, advertência recomendação, mas de uma ordem ou comando dirigido a vontade dos indivíduos, de sorte que impor deveres jurídicos importa criar obrigações. (CAVALIERI FILHO, 2014, P. 14)

Assim o dever jurídico do ente sindical é imposição legal, a qual não foi observada, gerando a consequência indenizatória.

Neste mesmo sentido decidiu o TRT da 11ª Região, cuja ementa descrevo:

DANO MORAL COLETIVO. COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS POR SINDICATO. ILEGALIDADE. DEVER DE PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA. Configura dano moral coletivo a cobrança de honorários advocatícios contratuais por entidade sindical dos trabalhadores que ela representa, uma vez que obsta a fruição do direito indisponível de assistência jurídica gratuita pela categoria profissional. Impõe-se, portanto, a sua reparação mediante o pagamento de indenização. (TRT 11ª Região. PROCESSO nº 0000719-07.2014.5.11.0051 (RO). Relatora: Márcia Nunes da Silva Bessa. Publicado o Acórdão em 23.3.2018).

Os critérios de fixação do quantum indenizatório aplicável é uma árdua missão do Juiz. Papel relevante, seja porque deverá observar e analisar todo caso concreto ou mesmo porque deverá mensurar a dor e sofrimentos, pela extensão do dano causado, adequando-o à proteção legal. Contudo, conforme já dito, o poder-dever discricionário do juiz deverá ser pautado pelo bom senso, observando os critérios doutrinários como: o ilícito perpetrado, o grau de culpa do ofensor, as condições sociais e econômicas das partes, a repercussão do fato lesivo no seio social, de forma que a indenização não seja tão grande que leve o ofensor à ruína, nem seja tão pequena que abandone o caráter punitivo e despreze resultado danoso causado a vítima. Tudo de forma fundamentada.

Nestes autos, o valor pleiteado tem por base o número de trabalhadores substituídos, mais de 3.000 (três mil) pessoas, os valores recebidos pelos requeridos, a falta de

(16)

respeito e proteção que deveriam ter do ente sindical que os representava em Juízo. Na verdade o processo 02039.1989.002.14.00-0 concedeu uma esperança de reposição de verbas aos substituídos que, ao final, viram seus valores sendo subtraídos ilegalmente pelos requeridos.

Assim, ainda que verificados os valores e percentuais retirados dos autos 02039.1989.002.14.00-0, mencionados por ambas as partes, resultando num montante de R$189.858.395,89 (cento e oitenta e nove milhões, oitocentos e cinquenta e oito mil, trezentos e noventa e cinco reais e oitenta e nove centavos) a título de honorários, o número de trabalhadores atingidos, a condição econômica e social das partes, é fato que trata-se a presente ação de “indenização por reparação de danos morais coletivos”, pelo que deixo de considerar o , visto que não valor global ou parcial dos honorários pagos no processo 02039.1989.002.14.00-0

se trata de devolução dos valores individuais aos substituídos, com ação própria para tanto.

Portanto, tendo por base os atos praticados pelos requeridos e a lesão social e patrimonial sofrida pelos mais de 3.000 (três mil) trabalhadores da educação, fixa-se a indenização a ser paga pelos requeridos de forma solidária em R$35.000.000,00 (trinta e cinco milhões de reais), a serem revertidos para uma finalidade compensatória da lesão causada a critério do autor e deste Juízo.

III – DISPOSITIVO

Ante o exposto, pelos fundamentos acima expendidos, REJEITO AS PRELIMINARES e, decido julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos constantes da presente Ação Civil Pública movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO em face do

,

SINDICATO DOS TRABALHADORES NA EDUCAÇÃO – SINTERO LUÍS FELIPE BELMONTE DOS SANTOS, HÉLIO VIEIRA DA COSTA, ORESTES MUNIZ FILHO E BELMONTE

para:

ADVOGADOS ASSOCIADOS S.C.

a) determinar que o Sindicato dos Trabalhadores em Educação – SINTERO, se abstenha de cobrança direta ou indireta de honorários advocatícios, assistenciais ou contratuais de todos os integrantes de sua categoria, seja na condição de substituto ou representante processual, sob pena de pagamento de multa equivalente ao valor cobrado ou imposto ao empregado;

b) Condenar os requeridos, solidariamente, ao pagamento de indenização no valor R$35.000.000,00 (trinta e cinco milhões de reais), a serem revertidos para uma finalidade compensatória da lesão causada a critério do autor e deste Juízo.

Tudo conforme fundamentação precedente que é parte deste decisum para todos os fins legais. Juros e atualização monetária, na forma da lei.

Custas pelos requeridos, no importe de R$23.357,80 (vinte e três mil, trezentos e cinquenta e sete reais e oitenta centavos), calculadas sobre o valor provisoriamente atribuído à condenação.

(17)

Prestação jurisdicional entregue.

Intimem-se as partes, observado a legislação quanto a intimação do MPT.

Nada mais. E, para constar, foi lavrado o presente termo que vai assinado por quem de direito.

Sentença publicada nesta data face ao acúmulo de serviço pós encerramento da instrução, férias, transito para cidade de Rio Branco (2ª Vara do Trabalho), e ainda, por estar esta magistrada em tratamento de saúde.

PORTO VELHO/RO, 19 de janeiro de 2021.

MARLENE ALVES DE OLIVEIRA Juiz(a) do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: MARLENE ALVES DE OLIVEIRA - Juntado em: 19/01/2021 13:43:31 - 8be905b https://pje.trt14.jus.br/pjekz/validacao/21011912225972700000013949664?instancia=1

Número do processo: 0010110-46.2014.5.14.0004

Número do documento: 21011912225972700000013949664

Referências

Documentos relacionados

Promovido pelo Sindifisco Nacio- nal em parceria com o Mosap (Mo- vimento Nacional de Aposentados e Pensionistas), o Encontro ocorreu no dia 20 de março, data em que também

O desenvolvimento das interações entre os próprios alunos e entre estes e as professoras, juntamente com o reconhecimento da singularidade dos conhecimentos

E ele funciona como um elo entre o time e os torcedores, com calçada da fama, uma série de brincadeiras para crianças e até área para pegar autógrafos dos jogadores.. O local

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

• Comentários do presidente da comissão sobre a reunião da Comissão Especial para Desenvolvimento de Seguros de Danos da Susep;. • Comentários do vice-presidente sobre o IV

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..