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UMA LUZ BRANCA INDESCRITÍVEL

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Academic year: 2021

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“UMA LUZ BRANCA INDESCRITÍVEL”

UMA VISÃO DOS DOZE CONCEITOS PARA SERVIÇOS MUNDIAIS

Dr. Laís Marques da Silva Ex Custódio e Presidente da JUNAAB Os substantivos definem as ideias. Dizemos que uma questão é substantiva quando ela contém o significado, a substância. Na designação “Doze Conceitos para Serviços Mundiais”, temos dois substantivos que devemos analisar detidamente a fim de que possamos compreender a totalidade dos seus conteúdos.

O primeiro é a palavra conceito. Recorrendo ao “Aurélio”, vemos que: 1.

Em Filosofia, significa a representação de um objeto pelo pensamento, por uma das suas características gerais - abstração, ideia; 2. Ação de formular uma ideia por meio de palavras - definição, caracterização e, 3. Pensamento, ideia, opinião.

Estas primeiras acepções nos transmitem o significado da palavra conceito porque respondem às indagações: qual a ideia e qual a sua definição?

O segundo substantivo é a palavra serviço. Com ela já estamos bem familiarizados, pois vivemos numa Irmandade animada pelo espírito de serviço, entendido como o ato de colocar a sobriedade ao alcance de todos os que a desejem. Os serviços definem o AA como o conhecemos e põem os seus membros em contato, em comunicação, com os que precisam de ajuda, os que querem parar de beber.

O serviço em AA compreende tudo o que se venha a realizar para alcançar o alcoólico que ainda sofre e se compõe de uma grande variedade de atividades que vão desde o preparo de uma xícara de café até a manutenção do Escritório de Serviços Gerais. No entanto, o serviço básico, e também a razão primordial da existência de AA, é o de levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. O serviço dá à Irmandade a marca da ação. Alcoólicos Anônimos é uma sociedade de alcoólicos em recuperação e em ação.

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Do mesmo modo que o objetivo de cada membro é a sua própria sobriedade, o dos serviços é colocar esta mesma sobriedade ao alcance de todos os que a desejem; “Cada grupo é animado de um único propósito - o de transmitir a mensagem ao alcoólico que ainda sofre”.

O ideal de ajuda se constitui numa importante força de coesão para o grupo porque anima os seus membros em torno de um objetivo comum e, por isso, se torna um sólido alicerce para a Irmandade. Indispensável à Unidade, é a própria essência do Terceiro Legado.

A tarefa de estender a mão àquele que ainda sofre oferece a cada membro um trabalho suficientemente grande para polarizar a imaginação e os esforços dos seus membros e para fazer nascer um profundo sentimento de lealdade em relação ao grupo. “Razões tinham que ser encontradas para manter as pessoas autoritárias e causadoras de atrito em seus devidos lugares. Um adequando comitê de serviços, com considerável pressão, aliado a muito amor e confiança, provou ser a resposta”. O serviço traz recompensas imateriais para os que o realizam e é um dos pilares sobre os quais se assenta a recuperação individual.

Voltando ao tema, vemos que os serviços são mundiais e aí muita gente entende que não é da sua alçada em razão do adjetivo mundial, considerado o âmbito restrito da sua atuação individual. Mas os serviços têm outra dimensão, a espacial, uma vez que compreendem as ações que se desenvolvem nos grupos, as que são realizadas a nível nacional, as que ultrapassam as fronteiras de um país e as que são executadas a nível internacional. Como a Irmandade está em cerca de 147 países do mundo, os serviços se tornaram realmente mundiais.

Assim, o alcance da Irmandade é global e a sua mensagem é dirigida à espécie humana, a todos os que têm problemas com a bebida.

Os Doze Conceitos, ligados ao Terceiro Legado, interessam em especial aos “servidores de confiança”, isto é, aos companheiros que se dedicam ao serviço.

Com poucos anos de existência, a Irmandade contava com milhares de grupos, com uma Junta de Serviços Gerias, com uma Conferência e uma Revista.

Era necessário, então, estabelecer as relações entre estas essas estruturas.

Desta forma, quando o próprio Bill W. idealizou os 12 Conceitos, estabeleceu as relações que visavam, a meu ver, montar um sistema, como se espera que exista numa sociedade como aquela em que vivemos, preocupada com os controles, a retroalimentação e com a reformulação do planejamento. Os Doze Conceitos de AA dão a coesão necessária aos serviços e previnem a existência de superposições e, como tal, evitam dissensões.

Outro ponto que é necessário esclarecer é o conceito de Serviços Gerais.

São serviços que os grupos não podem fazer por si mesmos, como: uniformizar, editar e distribuir uma literatura composta de numerosos títulos; fazer um trabalho de informação ao público padronizado a nível nacional; passar a experiência adquirida pelos grupos da nossa Irmandade como um todo aos novos grupos;

atender, numa escala maior, aos pedidos de ajuda; publicar a Revista Nacional, etc.

Há frases que demonstram um grande poder de síntese e que dão uma ideia muito clara das coisas: “Os Passos são para o alcoólico viver e as Tradições são para a Irmandade viver”. Uma outra diz que “Os Passos ensinam a viver e as Tradições ensinam a conviver”. São frases que, sendo curtas, exibem um grande poder de síntese e encerram uma grande significação. No entanto, em relação aos Conceitos, fica um pouco difícil condensar, fazer uma ponte que os una como um todo. Resta o esforço de tentar costurá-los de modo a transmitir uma ideia

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condensada, uma visão global do seu conteúdo e é o que passamos a fazer agora.

Conceito I: Nele fica estabelecido que “A responsabilidade final e a autoridade suprema para os serviços mundiais recaem sobre os grupos de AA.”

“Esta responsabilidade e a consequente autoridade foram transferidos para os grupos no decurso da Convenção Internacional de Saint Louis, em 1955”. Esta é a ideia do Conceito I.

Conceito II: Em 1955, os grupos delegaram autoridade à Conferência para a manutenção dos serviços mundiais e tornaram a Conferência a verdadeira voz e a consciência efetiva de toda a Irmandade de AA. Com este conceito, o grupo resolve o problema de como encaminhar os assuntos ligados ao serviço, isto é, o faz por meio de um instrumento, que é o da delegação. Desta maneira, delega o seu papel de condutor à Conferência de Serviços Gerais e o faz elegendo um representante de serviços gerais para cada grupo, os quais se reúnem em Assembléia de Área e elegem, anualmente, no caso do Brasil, um delegado por Área que atua em nome de todos os grupos da respectiva Área.

A ideia central deste conceito está na delegação, feita pelos grupos à Conferência, do seu papel de condutor da Irmandade.

Conceito III: Por esse conceito, a “Conferência delega à Junta de Serviços Gerais a autoridade para administrar os assuntos de AA. Estabelece também as relações entre os grupos de AA, a Conferência, a Junta de Serviços Gerais, funcionários e comitês executivos acentuando o tradicional “Direito de Decisão”, que pode ser aplicado em praticamente todos os níveis da estrutura de serviços mundiais. Este conceito estabelece também uma relação de confiança nos líderes responsáveis dando-lhes o poder de decisão, levando em conta a sua responsabilidade e autoridade diante dos problemas e das situações que apareçam.

A liderança moderada é a essência do “Direito de Decisão” atribuído aos servidores de confiança. Bill afirmou: “todo o nosso programa dentro de AA repousa no princípio da confiança mútua. Confiamos em Deus, confiamos no AA e confiamos em cada um de nós”.

Conceito IV: Trata do “Direito de Participação”. Constitui-se numa salvaguarda contra a autoridade absoluta, suprema. É uma garantia de participação, do direito de tomar parte. Cria um mecanismo que impede a existência de membros de “segunda classe”. Está em perfeita consonância com a Segunda Tradição. Esse direito está incluído no Estatuto da Conferência de Serviços Gerais. Com ele, os membros da JUNAAB tornam-se membros votantes na Conferência.

Esse conceito atende a uma necessidade, mais do que a um desejo de pertencer e de participar.

Conceito V: O “Direito de Apelação” garante que uma eventual minoria seja sempre ouvida. Qualquer membro de AA pode exercer este direito, bastando para isso redigir um documento e dirigi-lo à Junta de Serviços Gerais. A outra face desse direito é também muito importante, pois ela faz com que todo o tempo necessário e que todo o cuidado sejam dedicados aos temas em discussão. A minoria bem ouvida representa uma proteção contra uma maioria eventualmente desinformada, precipitada ou irritada. Previne uma possível “tirania” da maioria.

Dessa forma, uma maioria simples raramente é suficiente para tomar decisões.

Se não se chega a uma substancial maioria, é preferível adiar a decisão ou sair para o “procedimento do Terceiro Legado” ou ainda fazer o sorteio no “chapéu”.

Conceito VI: Atribui, em primeiro lugar à Conferência e, depois, à Junta, a responsabilidade de manter serviços mundiais e de decidir sobre assuntos de

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finanças e de normas de procedimento. Na sua ausência, a Conferência delega autoridade administrativa à Junta. Estabelece que, embora os custódios devam operar sob observação e orientação da Conferência, eles devem funcionar como diretores de uma grande organização de negócios, para o que devem ter ampla autoridade para administrar e conduzir os negócios de AA.

Conceito VII: Por esse conceito, a Conferência reconhece a Ata de Constituição e os Estatutos da Junta de Serviços Gerais como instrumentos legais e lhe dá plenos poderes para administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de AA.

A Conferência fica com a força da tradição e com o poder do dinheiro e dá à Junta o direito de eleger os seus membros. Assim, estabelece que a escolha dos novos custódios cabe à própria Junta e que esta escolha deve ser submetida à aprovação da Conferência. Assim, a Conferência pode rejeitar, mas não eleger os novos candidatos a custódio. Isto é, preserva à Junta de Custódios o direito de funcionar livre e adequadamente tal como qualquer junta de diretores de negócios. Tudo isso dentro do conceito de “Servidores de Confiança”.

Esse conceito estabelece um equilíbrio de poderes entre a Conferência e a Junta, indispensável a uma harmoniosa colaboração. Assim, a Ata de Constituição dá, aos custódios, autoridade legal de tal forma que lhes é possível dizer “não”

para o que vem da Conferência, de vetar qualquer das suas ações. No entanto, eles não estão obrigados a usar toda a autoridade e durante o tempo todo. Muitas vezes é mais sensato um sim. Também a Conferência deve evitar o abuso da sua autoridade tradicional.

Conceito VIII: Por ele, os custódios da Junta atuam como planejadores, administradores e executores e, em relação aos serviços incorporados, exercem supervisão de custódia, podendo eleger os diretores dessas entidades. A Junta delega funções executivas e fica com a supervisão e, para evitar a concentração de dinheiro e de autoridade, as incorporações são mantidas separadas.

Conceito IX: Esse conceito atribui a liderança dos serviços mundiais aos custódios da Junta e os tornam diretamente responsáveis pela nossa Irmandade.

Enfatiza também a necessidade de se escolher bons líderes para a estrutura de serviços. As pessoas certas devem ser escolhidas para as muitas tarefas a serem executadas em cada nível de serviço.

“Não importa com que cuidado projetamos a nossa estrutura de serviços em princípios e relações, não importa quão bem repartamos a autoridade e a responsabilidade, os resultados operacionais da nossa estrutura não podem ser melhores do que o desempenho pessoal daqueles que devem servir e fazê-la funcionar. Boa liderança não pode funcionar bem numa estrutura mal planejada ...

liderança fraca não pode funcionar nem na melhor das estruturas.”

Estabelece ainda que a base da estrutura de serviços repousa em milhares de RSGs, que nomeiam numerosos membros dos Comitês de Área e também tantos outros delegados, além de apreciar os candidatos a custódio das Áreas. A votação se faz pelo método do Terceiro Legado, ou seja, por 2/3 da votação ou por sorteio.

Conceito X: Estabelece a relação entre responsabilidades e limita a extensão. A maior responsabilidade e autoridade estão com os grupos e, por meio deles, com a Conferência. O Conceito I estabelece que a responsabilidade final e a autoridade suprema estão nos grupos e o Conceito II estabelece que eles delegam essa autoridade à Conferência. Esta, por sua vez, pelo Conceito III, delega para a Junta de Serviços Gerais a autoridade para administrar os assuntos de AA.

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A autoridade suprema da Conferência nunca deveria ser usada o tempo todo, a não ser numa emergência e isso acontece geralmente quando a autoridade que foi por ela delegada fracassa e precisa ser reorganizada em função da sua deficiência ou porque os limites da autoridade são constantemente ultrapassados.

Além dos dispositivos para igualar autoridade e responsabilidade, esse conceito acrescenta duas garantias: o “Direito de Apelação” e o “Direito de Petição” a fim de assegurar que a minoria tenha uma autoridade correspondente à sua responsabilidade.

A Segunda Tradição define o que se entende por “Consciência de Grupo”

como sendo a autoridade final e também fala dos servidores de confiança como tendo autoridade delegada. As definições cuidadosas e o respeito mútuo são indispensáveis para manter o equilíbrio necessário à realização de um trabalho correto e harmonioso.

Conceito XI: Por ele, os custódios devem ter a melhor assistência dos comitês permanentes, dos diretores de serviços incorporados, dos executivos, funcionários e consultores. Nesse conceito, está definida a atuação dos diversos comitês da Junta, a sua composição, funções e relações.

Conceito XII: Tem o mesmo conteúdo do artigo 12 da Ata de Constituição da Conferência. Estabelece que a Conferência observe o espírito das Tradições de AA; que nunca seja sede de riqueza ou de poder, que tenha fundos suficientes para funcionar, que nenhum membro seja colocado em posição de autoridade absoluta sobre os outros; que as decisões sejam tomadas após discussão, votação e, se possível, substancial unanimidade. Que nenhuma ação seja punitiva ou leve à controvérsia pública; que embora preste serviço, não desempenhe ato de governo, permanecendo democrática em pensamento e ação.

Esse conceito é a base do funcionamento da Conferência e, diferentemente dos 11 precedentes, há para ele um mecanismo de proteção contra mudanças. Isto é importante porque garante o bem-estar geral do AA.

São promessas solenes em que a Conferência se submete às Tradições e dá outras garantias. A prudência é a marca das garantias que protegem a Irmandade contra a riqueza, o prestígio, o poder, etc.

No seu conjunto, os Conceitos definem uma estrutura de serviços, estabelecem ralações entre elas, definem onde ficam a autoridade superior e a responsabilidade maior, estabelecem de modo muito sábio o equilíbrio entre a Conferência e a Junta de Serviços Gerais, cuidam primorosamente da relação entre a responsabilidade e a autoridade, garantem o direito e a atuação das minorias e estabelecem um modo de atuar da Conferência, ditado pela prudência e pela temperança. É um conjunto magistral em que nada ficou faltando, em que tudo que é necessário ao funcionamento harmonioso e eficaz de um imenso organismo foi pensado e sabiamente definido. É um conjunto de normas perfeito e irretocável.

A FAMÍLIA DISFUNCIONAL DO ALCOÓLICO

Anotações e extratos do Dr. Laís Marques da Silva Ex-custódio e Presidente da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos

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Pretendo transmitir a visão que tenho da máxima importância de Al-Anon e de Al-Ateen. De início, ressalto uma dificuldade que me parece muito grande diante do nível cultural do nosso país.

Não é difícil argumentar em favor do fato de que o alcoolismo é uma doença. Todos sabem que, quando um membro da família se torna um alcoólico, a família resulta tão ou mais doente que o próprio alcoólico, mas é difícil transmitir a ideia de uma família doente, de uma família disfuncional. A pessoa doente é objeto de fácil observação. É fácil conceber o que seja um indivíduo doente, mas como identificar uma família doente, como “ver” a sua doença? Por outro lado, a sociedade em que vivemos já está conscientizada para o problema do uso do álcool e para a gravidade do alcoolismo, mas ainda não pensou o suficiente na família e, em particular, nas crianças que vivem num lar alcoólico.

É fato que a família disfuncional não é apenas a que resulta da existência de um cônjuge alcoólico. Ela pode ser a consequência do uso de outras drogas que não o álcool ou ainda de outras compulsões como para a comida ou para o jogo e até mesmo resultar da presença de um cônjuge portador de doenças crônicas ou, ainda, do fato de um dos membros da família ser um fanático religioso. Isso pode complicar ainda mais as coisas, mas, pelo menos, tira a exclusividade do álcool.

É sabido que o alcoólico, além de ser vítima da própria doença, afeta as pessoas que o cercam, especialmente as que estão mais próximas, como é o caso dos membros da família. Isso é evidente a partir da observação do comportamento familiar do alcoólico. Mas não menos importantes são as consequências resultantes do afastamento dos amigos ou da perda do emprego.

Quase sempre, a família não reage adequadamente, não se adapta e não se estrutura diante da situação, ficando incapaz de ajudar a si mesma e ao doente alcoólico. Em consequência, torna-se também doente.

A família é um sistema em que cada membro desempenha um papel em relação a todos os outros e, quando o álcool causa mudanças no comportamento de um dos membros, isso afeta também cada um membro da família. O equilíbrio é rompido porque o foco das atenções se desloca para o dependente e todos os familiares passam a compartilhar de comportamentos doentios porque todos eles fazem parte do mesmo sistema.

Em realidade, as pessoas que convivem com o dependente se tornam co dependentes. A co dependência, um termo relativamente novo, é tanto um conceito válido do ponto de vista psicológico como se refere a um importante distúrbio do comportamento humano. Ser co dependente significa participar da dependência. É uma condição emocional, psicológica e comportamental que resulta da exposição prolongada e da prática de um conjunto de regras opressivas que inibem não só a expressão livre dos sentimentos como também a discussão de problemas pessoais e interpessoais. Uma pessoa co dependente é a que permite que o comportamento de uma outra pessoa a afete e também tem o seu comportamento afetado pela tentativa de controlar o comportamento do dependente.

O que se observa é um quadro em que se identificam vítimas de vítimas. A família é vítima do seu membro alcoólico e ele, vítima da sua doença. Mas as coisas não ficam por aí, pois sabemos que o alcoolismo, frequentemente, segue a linha da família, se instala na árvore genealógica porque, além de os filhos poderem gerar, no futuro, outras famílias disfuncionais, como consequência das suas personalidades mal estruturadas, também é fato de observação que os filhos de alcoólicos têm um risco três vezes maior de desenvolverem o alcoolismo.

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Parece haver uma tendência para que os filhos de pais alcoólicos se casem com alcoólicos, sem que disso tenham consciência.

Essas considerações colocam em destaque o trabalho de Al-Anon e de Alateen no sentido de interromper um ciclo continuado de dor, de infelicidade e de sofrimento que tende a se estender por gerações evitando, desse modo, a ampliação do número de vítimas.

Vamos agora analisar uma foto colorida de uma família disfuncional, de um alcoólico na ativa para melhor observar e poder apreciar uma maior riqueza de detalhes. Vamos ver como aparecem cada um dos seus integrantes.

O ALCOÓLICO 1. É egocêntrico,

2. Nega o alcoolismo e as suas manifestações,

3. Racionaliza, numa tentativa de tudo explicar e justificar, 4. É grandioso nos seus projetos e ideias,

5. É emocionalmente imaturo, 6. Apresenta baixa auto-estima, 7. Tem sentimento de isolamento,

8. Tem sentimento de culpa e de vergonha, 9. É dependente,

10.É perfeccionista,

11.É inábil em expressar as suas emoções.

O NÃO ALCOÓLICO 1. Usa a negação,

2. Vive em aborrecimento contínuo, 3. Mente,

4. Tem medo, 5. Tem raiva,

6. Sente-se culpado,

7. Sofre de desapontamento,

8. Está mergulhado em confusão mental, 9. Tem pena e protege o bebedor,

10.Sofre desesperança, 11.Tem autopiedade, 12.Sente desânimo, 13.Sente desespero,

14.Apresenta mudanças no relacionamento: a. tende à dominação,

b. tende a assumir o controle da família, c. tende a adotar atividades isoladas e absorventes

(atividades solitárias que prendem a sua atenção).

15.Tem problemas sexuais, 16.Sofre de ansiedade.

OS FILHOS

Vamos estudar esse ambiente de tensão e ansiedade e identificar algumas das suas manifestações em relação aos filhos e ao seu comportamento na vida futura.

Embora isso seja traumatizante, é muito importante ter conhecimento do ocorre numa família disfuncional porque a verdade liberta e, a partir dela, podem-

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se desenvolver comportamentos para mudar as coisas e não permanecer apenas como vítimas. A partir desse entendimento, será possível controlar os pensamentos, sentimentos e desejos, fazer uma opção mais sensata e escolher o caminho certo ao longo da vida e não apenas ficar sendo empurrados e arrastados por seus sentimentos e impulsos ou pela vontade dos outros. O controle da situação trará a serenidade e a sensação de conforto.

Voltemos a apreciar a foto da família e olhar para os filhos procurando, como normalmente se faz, ver neles os traços dos pais. Não é difícil encontrar esses traços comportamentais uma vez que os pais são sempre modelos de desenvolvimento para os filhos que os capacitam para lidar com os seus problemas íntimos e para desenvolver a auto-estima e o sentimento de segurança.

Mas, na foto, vemos que são crianças diferentes: têm olhos tristes e o semblante preocupado e, se tivéssemos um filme em vez de uma foto, veríamos que não possuem a espontaneidade das outras crianças. Compreende-se por que se apresentam assim, pois as suas vidas são cheias de problemas e eles estão sempre dentro deles. Em realidade, não se sentem como crianças e nem mesmo sabem o que é ser criança.

A VIDA DOS FILHOS DE PAI OU MÃE ALCOÓLICO, NO LAR.

1. As famílias e as pessoas são diferentes, mas o que acontece nos lares dos alcoólicos não é muito diferente uns dos outros.

2. Cada criança reage a seu modo, mas as experiências que têm são mais ou menos as mesmas.

3. O ambiente é sempre de tensão e de ansiedade.

4. Ao abrir a porta de casa, nunca sabem o que vão encontrar ou o que está por acontecer. Ou seja, nunca estão preparadas para enfrentar os problemas.

5. O pai, quando não alcoolizado, é bom e amável, interessado e atencioso e as promessas que fazem são verdadeiras. Quando alcoolizado, as promessas são esquecidas, há conflito, ansiedade e confusão e as crianças ficam no meio da briga. Sentem que talvez, se não existissem, os pais não brigariam e aí vem o sentimento de culpa.

6. A mãe é irritadiça e cansada, como se o mundo pesasse nas suas costas. A criança, às vezes, até prefere o pai, mesmo sendo ele um alcoólico.

7. Se a mãe é a alcoólica, o pai já pode ter abandonado a família. Se não, vem na hora do almoço para fazer o trabalho que não era seu. Os papeis de cada um dos membros da família ficavam confusos.

8. A filha faz o que era para a mãe fazer, realiza as tarefas da casa, toma conta dos irmãos, etc, ou seja, é a mãe da mãe. Resulta que tudo fica muito confuso.

Qual o verdadeiro papel de cada membro da família? Quando a mãe fica sóbria, a filha sente remorso. Sente pena da mãe pelo esforço que faz para ficar sóbria. Qual o seu verdadeiro papel?

9. Quando ambos os pais são alcoólicos, a vida se torna totalmente imprevisível.

O lar é um inferno. Ninguém diz uma palavra. O ambiente é tenso. O nervosismo e a raiva estão no ar.

10.Sonham. Vivem num mundo de fantasia. Pensam em ir embora. Perguntam-se quando acabaria isso? Mas nenhuma das duas coisas acontece. Se a criança sai, fica preocupada com o que possa estar acontecendo e procurava voltar logo para casa.

11.Aprendem a guardar os seus sentimentos. As outras pessoas não podem saber o que se passa dentro das suas casas.

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12.São crianças quietas. Fazem as coisas certas. São elogiadas. Mas são também amarradas emocionalmente. Não têm espontaneidade.

A VIDA DO FILHO/A DE PAI OU MÃE ALCOÓLICO NA ESCOLA 1. A vida miserável dos filhos se reflete na escola.

2. São quietos, responsáveis e podem ter notas altas e serem elogiados. Mas não são notados, eram como que invisíveis. Preferiam até ser o palhaço da turma, ser alegres e espontâneos, sem se levar tanto a sério.

3. Às vezes, tinham um mau desempenho. Iam bem num semestre e mal no outro. Se inteligentes, aprendiam, e pior, aprendiam inclusive a manipular os outros.

4. Um filho de pai alcoólico, em recuperação no AA, ia ser reprovado na escola porque faltava às aulas. Considerou, diante do fato, três diferentes possibilidades: 1. Reagiria como o pai, nos velhos tempos, e diria ao professor que ele não podia fazer isso, que não tinha esse direito; quem pensava ele que era? E faria queixa ao diretor da escola. 2. Iria à casa do professor, se atiraria aos seus pés e beijaria o seu anel (manipulação). 3. Já tendo trabalhado a si mesmo, pensou que o melhor seria marcar uma entrevista e ver o que se podia fazer para realizar o trabalho. Já tinha aprendido a ser responsável. Na primeira hipótese, se continuasse agressivo, seria reprovado e ainda se sentiria vítima, resultando que ficaria ainda mais ressentido.

Poderia adotar comportamentos anti-sociais que, por seu turno, poderiam levá-lo a uma instituição penal. A segunda hipótese traria um sucesso temporário sendo bom artista, enganador e manipulador; mas isso não funcionara para sempre e leva a uma percepção distorcida da realidade. Não saberia o que o havia derrotado quando a farsa terminasse. A terceira hipótese foi considerada a mais adequada porque daria uma sensação de orgulho, qualquer que fosse o resultado e traria o respeito por si mesmo.

5. Apresenta falta de concentração. Vive em fantasias. Tem preocupação com a casa. Está sempre sonhando e não prestando atenção à aula. Não dorme bem à noite por causa dos conflitos. Se tudo é tão ruim, que diferença faz estudar ou não? Afinal, ninguém se importa se vai mal ou bem. Não adianta pedir ajuda. Os pais prometem e não cumprem. Não têm tempo para as crianças.

6. Se pede ajuda ao professor, poderia ocorrer que ele perguntasse se tudo vai bem e aí tinha que negar e dizer que tudo ia bem, e não ia. Tem que guardar para si os seus sentimentos.

7. A escola é um problema, um lugar que apenas tem que ir.

RELACIONAMENTOS COM OS AMIGOS 1. Brincam, mas não são iguais às outras crianças.

2. Têm dificuldade em fazer amigos. Quem gostaria deles, afinal? Não se sentem amados. Pensam que são pessoas sem valor. Têm medo de que as outras crianças saibam de alguma coisa acerca da vida delas. Se vão brincar na casa de amigos, ficam na obrigação de convidá-los um dia para também ir à sua e os amigos poderiam encontrar o pai deitado no chão. A mãe daria uma explicação, mas o fato é que os amigos não voltariam mais. Falta espontaneidade. É melhor ficar longe das outras crianças. Às vezes, aceitam um tratamento inadequado e desagradável, pois precisam manter os poucos amigos. São incapazes de aprender a fazer amigos.

3. Seria bom ficar na escola e brincar, mas precisam voltar para casa porque estão preocupados com o que pode estar acontecendo. Os sentimentos são contraditórios, querem fugir de casa, mas precisam sempre voltar.

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O PROBLEMA DA AUTO-ESTIMA DOS FILHOS

1. Ter auto-estima é sentir-se como tendo valor. Todas as pessoas dependem do que os outros dizem, pois internalizam as mensagens. No lar, as mensagens têm duplo sentido. Afinal, o que é verdade? Dizem: você não faz as coisas direito e, depois afirmam que precisam deles. “Tudo vai bem, não se preocupe”, e depois dizem, “como posso agüentar isso?”. “Fale sempre a verdade” e depois dizem: “eu não quero saber”. O perfeccionismo do alcoólico o faz achar defeito em tudo. Há promessas não cumpridas, mentiras e problemas. A promessa do passeio de fim de semana, do vestido novo de presente e do jantar juntos acaba em nada. Pensam que mais tarde vai dar certo e o mais tarde nunca chegava. Recebiam como resposta o simples

“esquece”. O que era real?

2. Começam a mentir automaticamente.

3. A dupla mensagem faz perder a visão de si mesmas.

4. No fundo, sentem que os pais as amam. O álcool não destrói o amor, que parece distorcido, mas é real.

REFLEXOS NA VIDA FUTURA

1. Precisam saber o que é normal. Usualmente, são preocupados e não sabem o que é apropriado numa determinada situação. Não têm certeza das coisas.

Não têm liberdade para perguntar. Não querem parecer bobos. A vida era uma loucura. Os dias são caóticos. Os dias normais são atípicos. Vivem num mundo de fantasia, no mundo do "se", mas que, por outro lado, ajuda a sobreviver. Não têm um padrão de referência do que seria um lar normal.

Vivem pisando em ovos, reprimidos. Mais tarde, quando têm filhos, apresentam dificuldade em avaliá-los. Não sabem o que é ser adolescente, por exemplo, porque nunca viveram as suas idades. O que lhes pode parecer anormal, eventualmente, não é. Não se encaixam inteiramente no papel de pais. O que é normal?

2. Têm dificuldade para levar até o final as suas tarefas, os seus projetos. Em casa, as promessas não eram cumpridas, a casa da boneca prometida nunca se transformava em realidade; prometiam fazer isso e aquilo e não saia nada.

O alcoólico quer crédito por ter tido uma idéia ou uma intenção, embora fique só nisso. A comentada pintura da sala não acontecia. As idéias eram maravilhosas, mas não se transformavam em realidade. Às vezes, tanto tempo se passava que a idéia inicial era esquecida. Ninguém ajudava a fazer as coisas e a família não era uma equipe.

3. Mentem quando seria mais fácil dizer a verdade. Na família do alcoólico é comum mentir para negar as realidades desagradáveis, para acobertar. É comum fazer promessas que não serão cumpridas. Há inconsistências. Não são mentiras, propriamente, mas são coisas que se afastam da verdade.

Aprendem a mentir e, depois, a usar a mentira. Dizia que o trabalho da escola estava pronto e ia brincar, e não estava. Diga a verdade, a verdade é uma virtude, mas as coisas não eram assim e a verdade era sem significação e a mentira era um hábito.

4. Julgam a si mesmas com muita severidade. As crianças eram sempre criticadas. Nunca faziam as coisas certas. Não havia padrões de perfeição. A criança se sentia deficiente. Tinha uma auto-estima negativa. Diante da crítica, a solução era se empenhar mais, cada vez mais, fazer sempre melhor. Se algo saia errado era porque tinham falhado em algo. Se dava certo, era mérito dos outros e se era mesmo delas o mérito, diziam, "isso não tem maior

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importância". Isso não é humildade e sim distorção da realidade. Era preciso manter a auto-imagem negativa porque estavam acostumadas a ela.

5. Têm dificuldade em se divertir. Levam muito a sério a si mesmas. Os filhos dos alcoólicos não se divertem porque a sua vida é um "trauma contínuo". A vida é séria e amarga. Os pais não riem, não brincam, não se divertem. Não aprendem a brincar com os outros. No lar, não há lugar para brincadeiras distraídas. As crianças não são espontâneas e descontraídas.

6. Têm dificuldades em fazer relações íntimas. Não possuem padrões de referência para o que seja um relacionamento íntimo saudável. Tornam-se próximos e depois se afastam. Há inconsistência no relacionamento pai/mãe/filhos. Amados num dia e rejeitados no outro. A rejeição e o medo de serem abandonadas levava à falta de confiança e à sensação de não serem dignas de receber amor. Não se sentem boas pessoas. Há em casa um sentimento de urgência. Os momentos de felicidade são fugazes. Se há uma promessa e ela não é cumprida logo, aí as coisas nunca mais acontecem. As coisas não fluem normalmente. Os membros da família não se conhecem bem, não descobrem os seus sentimentos e as suas atitudes.

7. Reagem intensamente em relação a mudanças sobre as quais não têm controle. Para sobreviverem, sentem que têm que ter controle sobre o ambiente. Não podem confiar no julgamento das outras pessoas do seu lar. Se não ficarem atentas, as coisas podem mudar de repente e isso é igual a perder o controle das suas vidas. São rígidas e sem espontaneidade.

8. Sentem-se diferentes dos outros, e realmente são. Sentem-se desconfortáveis, mesmo nos ambientes confortáveis. Sentem-se diferentes desde a infância. Estão sempre preocupadas. Não estão à vontade quando brincam. A socialização é difícil. São diferentes e isoladas.

9. São usualmente super-responsáveis ou superirresponsáveis. Empenham-se em ser sempre melhor e melhor e isso, às vezes, não adianta. Por vezes, em face das críticas, não se empenham mais. É tudo ou nada. Na família um não coopera com o outro, não se sentem fazendo parte de um projeto, colaborando para um fim, do que resultava em fazer tudo sozinha ou não fazer nada.

10.São muito leais, ainda quando a lealdade não é merecida. O lar de um alcoólico parece ser um lugar de lealdade, mas que resulta mais do medo e da insegurança.

11.São impulsivos. Não identificam alternativas e não avaliam as conseqüências dos seus atos. O resultado é uma perda do controle do meio ambiente que leva a uma confusão que depois dá muito trabalho para arrumar. Tudo isso é muito alcoólico. As idéias são do tipo aqui e agora. Não têm tempo para qualquer consideração. As crianças já são impulsivas e, no lar do alcoólico, ficam mais ainda. Agir deste ou daquele modo dá no mesmo porque o lar é inconsistente. Não importa o que faz e tudo ainda fica mais complicado pela sensação de urgência. Comprar um cavalo e depois não saber o que fazer com ele. Abandonar o emprego sem maior razão. Casar sem conhecer bem a pessoa, como é o príncipe encantado que apareceu subitamente. Não são pacientes nem consigo mesmas e nem com os outros. Falta paciência, o que está associado à impulsividade.

Para tornar o quadro menos traumatizante, devemos ressaltar que ele é, pelo menos em grande parte, reversível. É possível mudar as coisas assumindo

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atitudes novas e mais saudáveis e gerar experiências que concorram para restabelecer nos filhos o equilíbrio e a auto-estima.

Considerando que os filhos aprendem, sobretudo, pelo exemplo, procure ser a pessoa que deseja que seus filhos imitem. Do mesmo modo pelo qual o parceiro alcoólico criou um clima negativo, o parceiro não-alcoólico pode gerar um clima positivo evitando tornar-se irritável, confusa, sentir-se culpada ou decepcionada. É preciso, com a valiosa ajuda de Al-Anon e Alateen, trabalhar aqueles traços identificados na foto do não-alcoólico. Sorria e relaxe e o ambiente na sua casa será relaxante e calmo.

Informe aos seus filhos acerca dos fatos ligados à doença do alcoolismo e procure encorajá-los a freqüentar o Alateen. Fale sempre a verdade e abandone a negação. Dizer a verdade concorre para um novo senso da realidade, cria um novo referencial. Não procure acobertar o cônjuge alcoólico mentindo, pois a criança perceberá isso muito bem e ficará confusa. Quanto à negação, todos sabem que ela é a grande aliada do alcoolismo e, por isso mesmo, deve ser evitada.

Tenha tempo para os seus filhos, converse com eles, restabeleça o diálogo.

Mostre que quer ouvi-los. Estabeleça um canal de comunicação.

Eduque-os mostrando sempre as conseqüências dos seus atos e isso fará diminuir a impulsividade, natural nas crianças, mas que deve ser trabalhada.

Tenha tempo para isso.

Procure criar um clima de amor e de ordem na sua casa. Procure ter atitudes afetuosas com os seus filhos. O que pode ser odiado é o alcoolismo, mas não as pessoas que dele são vítimas. Estabeleça horários e também uma amena disciplina na sua casa, pois isso dará aos seus filhos padrões para que, com eles, possam organizar as suas próprias vidas. Não se pode nunca exagerar ao ressaltar o poder do amor, especialmente dos pais.

Procure fazer uma avaliação contínua do seu progresso em Al-Anon, compare sempre quem você era e quem você é hoje e isso irá colocando o presente e o futuro nas suas mãos.

O A.A. NÃO MUDA, MAS MUDA

Dr. Lais Marques da Silva, ex-Presidente da JUNAAB Tema apresentado nas comemorações dos 50 Anos de A.A. em Minas Gerais Juiz de Fora, MG em 10, 11 e 12 de junho de 2011 Texto básico da palestra As pessoas têm necessidade de dispor de referenciais que sejam estáveis, imutáveis e disponíveis para viver e sobreviver, especialmente aqueles que foram batidos pelo demônio do alcoolismo.

Dá bem uma ideia do problema, a imagem do náufrago comparada com os fatos da vida do dia a dia de um alcoólico. De um lado as ondas e, do outro, a necessidade de continuar respirando, mas estando sempre presente a sensação de que se vai morrer a qualquer instante. Surge então um tronco de árvore flutuando e o náufrago agarra-o fortemente e a água não mais cobre a cabeça, não obstante o fato de que as ondas não cessem. O tronco torna-se indispensável à sobrevivência porque, agarrado a ele, o náufrago não afunda mais e a água não cobre a sua cabeça.

Há uns anos, procurava-se, no antigo CLAAB, a cada nova edição de uma publicação de A.A., fazer uma revisão de todo o material que fosse para uma nova reimpressão. Foi aí que se observou que no livro Os Doze Passos, além de várias correções, era necessário traduzir e inserir toda uma folha que estava

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faltando. Quando a nova edição foi distribuída, o ESG recebeu um grande número de reclamações vindas de todo o país. É que os companheiros tinham de cor até mesmo a última palavra de cada página, tal a necessidade de se “agarrar ao tronco”, e observaram que elas não eram mais as mesmas. Reclamaram que estavam “mudando o A.A.” e protestaram veementemente. Essa reação é compreensível pois que estavam abraçados firmemente no conteúdo de cada página de uma publicação que era indispensável para se manterem sóbrios e poderem continuar sobrevivendo ao alcoolismo. Precisavam continuar não sendo ameaçados de afundar a qualquer momento. Já viviam uma vida em que as ondas existiam no mar da vida mas a cabeça era mantida fora da água e a sobrevivência estava assegurada.

Participei da 12ª Reunião Mundial, em Nova Yorque, e troquei muitas ideias e experiências nos corredores. Usei o meu espanhol e o meu francês e, sobretudo, a prática que tenho do inglês por ter feito nos EEUU um curso de pós- graduação. Pude constatar, em conversas de corredor com delegados de mais de 40 países, que os princípios de A.A. eram mantidos inalterados em seus países.

Eu tinha esta curiosidade por causa de uma experiência traumática sofrida em uma Conferência de Serviços Gerais em que, por pouco, não alteraram um Conceito de Serviço. Posteriormente, mantive contatos com companheiros do GSO, por algum tempo, especialmente com o Danny Mooney e tive a informação de que os princípios permaneciam inalterados em toda a irmandade a nível mundial. O “tronco” ainda estava lá, salvando vidas.

A custódia guarda o sagrado e uma das funções dos custódios da junta é guardar o “sagrado” da Irmandade. O custódio encarna a figura do “patriarca”, garantidor das tradições, do passado, daquilo que é imutável, do que é pétreo.

Guarda a memória do passado. Portanto, o A.A. não muda.

Mas o A.A. deve continuar vivo e atuante, e o que não se adapta às condições do seu ambiente, tende a desaparecer, pode virar dinossauro, espécie extinta, virar fóssil. As tecnologias surgem e a vida dos homens se modifica em função delas. As circunstâncias que nos cercam mudam e as necessidades se renovam. Tudo na vida é marcado pela mudança e a solução é mudar e se adaptar à realidade cambiante. A cada ano isso acontece no decurso das Conferências de Serviços Gerais. Nelas vemos os custódios no papel conservador de “patriarca”, a conservar o tesouro recebido e a olhar para o passado. Mas lá estão também os “pioneiros”, os delegados a mirar para o futuro.

As Comissões da Conferência analisam centenas de sugestões vindas de todo o país e os delegados trabalham no estudo desse material. Para resistir ao tempo e se ajustar à realidade cambiante e às necessidades identificadas pelos grupos de todo o país, as recomendações são elaboradas e enviadas a todos os grupos, em retorno. Por meio desse mecanismo, o A.A. muda, adapta-se às realidades do momento mas não muda no que é pétreo, definitivo, nos seus princípios. As sugestões dos grupos de cada Área, fruto da convivência do dia a dia, além de muitas outras, são estudadas pelas Comissões, ponderadas em todos os detalhes e consideradas as repercussões que possam gerar. Tudo isso se constitui num trabalho de maturação que resultará nas recomendações.

O caminho em A.A. vai sendo feito ao longo do tempo e ao caminhar. Nada está pronto, apesar do muito que vem sendo desenvolvido ao longo de 76 anos de vida da Irmandade. A realidade se impõe e a adaptação a ela é um processo sábio. O solo é pedregoso, não existem trilhas, não existem indicações nem sinalizações. Há sempre perigos à frente, mas o caminho tem que ser encontrado e é feito ao caminhar. Cada passo que se dá deve conduzir ao destino grandioso da Irmandade e, portanto, não pode comprometer o futuro, e o bem estar de todos

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deve estar em primeiro lugar. O problema está sempre no próximo movimento que se vai fazer e é preciso contar com o Poder Superior para iluminar o caminho, para iluminar esse primeiro passo, embora não necessariamente todo o caminho.

O importante é sempre o próximo passo que se vai dar.

Aí está o instante crítico, o momento do próximo passo. Mas podemos recorrer a um contato precioso que todos os homens, por todo o sempre, procuraram e ainda não encontraram mas que a Segunda Tradição nos mostra. É que o Poder Superior se manifesta por meio da Consciência Coletiva. É então necessário criar condições para receber a inspiração, a Graça. É escutar essa comunicação que é real. Aí está a solução para abrir caminhos seguros e que não comprometam o futuro da irmandade. Ela deve continuar como uma via de crescimento espiritual, de libertação, de transformação e de realização plena de cada alcoólico.

Como a estrutura de A.A. é celular, pois os grupos são autossuficientes, todas as decisões são tomadas pelos seus membros num processo que admite que a verdade está um pouco em cada um de seus membros. Que ela não é pessoal, mas interpessoal. Portanto, do somatório das experiências e conhecimentos de cada um em relação a um assunto que está sendo analisado.

É no relacionamento respeitoso e no reconhecimento do valor de cada um que o processo evolui. Na aceitação das diferenças é que se desenvolve a busca da Consciência Coletiva, guia seguro para a tomada de decisões.

Está escrito que Ele está no meio de nós, como que espalhado como canela salpicada em arroz doce. Em realidade, a tradução certa é que ele está entre nós, isto é, na inter-relação de irmãos, na qualidade dos nossos relacionamentos, na nossa humanidade. Na troca enriquecedora de interiores. No encontrar caminhos difíceis que ficam mais fáceis quando o fazemos na companhia de irmãos, quando os aceitamos e respeitamos, quando aceitamos as nossas diferenças, sempre benvindas, e que nos enriquecem. As abelhas fazem um trabalho admirável, mas que é o mesmos após milênios. Não evoluem. Não são estimuladas pelas diferenças. Está tudo arrumado e paralisado, não há evolução.

Quando, em uma reunião de Serviço, ou diante da tomada de qualquer decisão, procuramos a substancial unanimidade, isso significa que estamos buscando inspiração num processo de troca de interiores, buscando a Consciência Coletiva.

O A.A. E OS PROFISSIONAIS

Dr. Laís Marques da Silva Ex-Presidente da JUNAAB Apresentação em mesa-redonda no IX Congresso Brasileiro de Alcoolismo e outras Farmacodependências, realizado pela ABEAD, de 01 a 04 de maio de

1991, em Salvador-Bahia

Por várias razões, me sinto hoje feliz. Vivi, nestes dias de congresso, o clima de entusiasmo e de alegria que permearam a todos os que dele participaram. Entendo que assim aconteceu pelo encontro de amigos, pelo orbitar em torno de uma cultura comum que nos une e porque aqui se tratou daquela dimensão fundamental capaz de mudar os sistemas que estruturam e conduzem a vida da humanidade e de libertar a existência humana individual e coletiva das

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graves ameaças que sobre ela pairam. Essa dimensão fundamental é o homem.

Por certo, foi, sobretudo, essa dimensão fundamental que nos inspirou e contribuiu para nos fazer felizes nestes dias que aqui vivemos.

Aqui se tem tratado dos assuntos que levam a uma maior capacitação técnica, indispensável ao exercício profissional de todos os que participam desse congresso. Por outro lado, em Alcoólicos Anônimos importa menos o alcoolismo e mais o alcoólico. Temos, em A.A., a mesma vocação humanística, mas não se desenvolvem estudos ou pesquisas sobre o alcoolismo e nem se oferece qualquer tipo de tratamento clínico ou psiquiátrico, internação ou assistência social ou ainda beneficente. Desta forma, não existe em A.A. a relação paciente/terapeuta. Nas salas dos grupos de A.A. não há tratamento, mas sim o intercâmbio de experiências, forças e esperanças entre os seus membros, dentro de um clima marcado pela solidariedade humana. Cada membro relata o que foi o seu alcoolismo ativo e como se desenvolveu o processo de recuperação, ficando com esses relatos avivada em suas memórias a condição de doentes e o desejo de ficar abstinentes, controlando a sua doença por meio de um programa chamado de “Os 12 Passos” que, embora tendo um cunho espiritual, não se prende a nenhuma seita, religião, ideologia ou sistema filosófico. Esse programa é seguido por alcoólicos de 134 países do mundo, não obstante suas imensas diferenças culturais, religiosas e étnicas, tendo sido ainda adotado por diversas outras irmandades, não ligadas a Alcoólicos Anônimos, por se mostrar altamente útil para os que vivem nos conturbados dias deste século. Os membros dos grupos procuram tão-somente resolver o seu problema comum e ajudar outras pessoas a se recuperarem do alcoolismo.

A Irmandade de A.A. não apóia nem combate qualquer causa, nem mesmo o uso do álcool, que entende deva ficar vedado aos portadores do alcoolismo.

Também não fornece qualquer motivação inicial para que o alcoólico queira se recuperar. Isto explica o motivo pelo qual não se faz qualquer tipo de propaganda.

Não se aliciam membros nem se persuadem pessoas para ingressar no A.A.. a Irmandade não faz promoção ou propaganda, mas tão-somente age por atração.

Essas poucas idéias definem o nitidamente o quadro da atuação complementar daquilo que é o tratamento realizado pela comunidade profissional e as atenções e cuidados que essas vítimas do alcoolismo recebem nos grupos de A.A., onde tem primazia a dimensão espiritual do homem, no que se refere à dignidade da sua inteligência, da sua vontade e do seu coração. A Comunidade Profissional e a Irmandade de Alcoólicos Anônimos se completam, atendendo ao fato de que o homem, na sua integralidade, vive ao mesmo tempo na esfera dos valores materiais e também dos espirituais.

O alcoólico na ativa marca o seu comportamento pela negação, sua defesa característica, pela racionalização e pela projeção. Hábil em manipular situações e pessoas, acaba por não identificar o que é verdadeiro e o que é falso, movimentando-se em um mundo de desonestidade crescente que desintegra a sua vida. Alias, a história ladeira abaixo do alcoólico é a história da desonestidade consigo mesmo e com os outros, desonestidade esta que dói porque ele sabe que não é a pessoa que pretendia e pensava ser. Na vida do alcoólico, a desonestidade se torna um hábito, uma adição tão tenaz e falaciosa como o alcoolismo em si e, se o alcoólico não encontra o seu verdadeiro eu, então ele necessita da honestidade dos outros membros do grupo para desenvolver a sua própria honestidade.

Nos grupos, o alcoólico participa de reuniões informais, sem diálogo, onde relata as experiências vividas no período do seu alcoolismo ativo e também da sua recuperação. Ao fazer o seu depoimento, o alcoólico fala para outros

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companheiros que, como ele, tiveram vivências semelhantes e aí se inverte o curso do seu comportamento habitual. Ao invés da negação, passa a fazer o jogo da verdade, jogo inteiramente novo e radicalmente diferente daquele a que estava acostumado e isso pela simples razão de que não pode mentir para os que o ouvem e nem mesmo tentar manipulá-los. Eles têm, usualmente, uma longa experiência, ouviram muitas e muitas histórias de outros alcoólicos e conhecem bem as falácias da negação e do ocultamento, além do fato de já terem saído desse padrão de comportamento. É nesse novo jogo que o alcoólico vai descobrir aspectos novos do seu ser, da sua vida. A honestidade, desenvolvida dessa maneira, cresce e se expande para áreas cada vez maiores das suas vidas.

Na sala do grupo estão alcoólicos que escutam e que realmente compreendem os fatos e as circunstâncias relatadas exatamente por serem também alcoólicos, por terem essa “qualidade” de serem alcoólicos; outras pessoas não serviriam. O alcoolismo dos que ouvem é posto a serviço daquele que faz o depoimento, o que serve também para reavivar a sua atenção para o fato de serem doentes e para a necessidade de permanecerem dentro do programa de recuperação. Ou seja, dando recebem e recebendo dão. É uma maravilhosa via de mão dupla. É o crescimento na procura dos iguais.

Ao praticar os 12 Passos, o alcoólico reformula todo o seu modo de viver, recupera o equilíbrio psíquico e readquire valores ético-morais ou espirituais. Ao fazer o 1º Passo, aceita a sua impotência diante do álcool e a incapacidade de governar a sua vida. Aceita a sua realidade e, com isso, se sente aliviado do seu sentimento de culpa. Nos Passos de Inventário e Aperfeiçoamento, especialmente nos de números 4, 8 e 9, encontra maior ajuda no que se refere ao seu sentimento de culpa. Os Passos de números 5,6 e 7 agem como um bisturi que incisa e drena um abscesso, só que, no caso, drenam a negação orgulhosa, as dolorosas vergonhas e as humilhações; aqueles sofrimentos que decorrem da falha ou defeito no ser, aquela falha ou deficiência em viver à altura dos próprios ideais, o sentir-se sem valor, enfim, aquelas feridas que doem profundamente.

Dentro do grupo, abruptamente, tudo muda no psiquismo do alcoólico e esta mudança abre perspectivas para uma vida de liberdade, para a descoberta da beleza do mundo vista com os sentidos limpos e claros e sem a cortina do álcool. A freqüência numa sala de A.A. leva a uma ligação cada vez maior com o consciente que passa a ver na auto-estima, no autocontrole e na liberdade uma nova e feliz vida, mais feliz do que tudo que o subconsciente aprendeu que era bom com o uso do álcool. No A.A., o alcoólico entende que não é alguém que não pode beber mas, sobretudo, que é uma pessoa que pode não beber, que ganhou a liberdade. Muitas vezes, o bebedor ativo voltou-se para o álcool na procura de liberdade e se tornou dependente dele, enquanto que o alcoólico em recuperação procura a libertação do álcool.

Começa-se “botando a rolha na garrafa”. Mas para viver como um alcoólico sóbrio e com serenidade é preciso progredir na recuperação e aí as coisas se mostram mais complexas. É muito árduo o caminho que leva ao aprendizado da conceituação dos valores, que permite conquistar a capacidade de avaliar e adquirir uma sensibilidade crescente em relação aos propósitos morais e que leva ainda ao estabelecimento de prioridades num mundo muitas vezes desprovido dessas virtudes. Mas tenho visto isso acontecer na Irmandade Alcoólicos Anônimos. Tenho visto isso acontecer com indivíduos que tiveram as suas vidas desintegradas e desgraçadas pela dependência do álcool, tenho visto com um sentimento de maravilha porque vivemos num mundo que é, em certa medida, uma terra frustrada pela tecnologia, não porque a ciência, a tecnologia ou ainda o

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método científico sejam maus, mas porque nada podem acrescentar aos valores ou ao significado da vida, ou mesmo ao que realmente seja ser humano.

Em nome do que sou, não poderia deixar de trazer-lhes este testemunho.

“A DIFÍCIL ARTE DE OUVIR”

ARTUR DA TÁVOLA

1) EM GERAL, NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO FALA. OUVE-SE O QUE O OUTRO NÃO ESTÁ DIZENDO.

2) NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO FALA. OUVE-SE O QUE SE QUER OUVIR.

3) NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO FALA. OUVE-SE O QUE JÁ SE ESCUTARA ANTES, COLOCANDO-O NO QUE O OUTRO ESTÁ A FALAR.

4) NÃO SE OUVE O QUE O OUTO FALA. OUVE-SE O QUE SE IMAGINA QUE O OUTRO FALARIA.

5) NUMA DISCUSSÃO, OS DISCUTIDORES NÃO OUVEM O QUE O OUTRO ESTÁ A FALAR. OUVEM O QUE ESTÃO PENSANDO PARA DIZER EM SEGUIDA.

6) NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO FALA. OUVE-SE O QUE SE GOSTARIA DE OUVIR OU O QUE SE DESEJARIA QUE O OUTRO DISSESSE.

7) NÃO SE OUVE O QUE OUTRO FALA. APENAS OUVE-SE O QUE SE ESTÁ SENTINDO NO MOMENTO DA ESCUTA.

8) NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO FALA, E SIM, O QUE JÁ SE PENSAVA A RESPEITO.

9) NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO ESTÁ A FALAR: RETIRA-SE DA FALA DELE, APENAS AS PARTES COM AS QUAIS O OUVINTE CONCORDE, SE EMOCIONE, SE AGRADE OU SE MOLESTE.

10)NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO ESTÁ A DIZER, E SIM O QUE CONFIRME OU REJEITE AS OPINIÕES DO OUVINTE.

11)NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO ESTÁ A FALAR, MAS APENAS O QUE SE POSSA ADAPTAR AO IMPULSO DE AMOR, RAIVA OU ÓDIO QUE JÁ SE SENTIA POR QUEM FALA. CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA CAMUFLAM-SE DE RACIONAIS, PORÉM SÃO EMPÁTICAS. O MUNDO EMOTIVO É COMANDADO PELA EMPATIA.

ARGUMENTOS SÃO DISFARCES INTELECTUAIS DE EMPATIA.

12)NÃO SE OUVE O QUE O OUTRO FALA, E SIM, APENAS OS PONTOS QUE POSSAM FAZER SENTIDO PARA AS IDÉIAS E VISÕES QUE NO MOMENTO NOS ESTEJAM INFLUENCIANDO OU COMOVENDO.

ESSES DOZE ITENS MOSTRAM COMO É RARO E DIFÍCIL CONVERSAR E SE COMUNICAR! O QUE HÁ, EM GERAL, SÃO MONÓLOGOS PARALELOS, À GUISA DE DIÁLOGO. O PRÓPRIO DIÁLOGO PODE HAVER SEM QUE, NECESSÁRIAMENTE, HAJA COMUNICAÇÃO. ESTA, SÓ SE DÁ QUANDO AMBOS OS PÓLOS OUVEM-SE, ACEITAM-SE, PROCURAM A PLENA (E RARA) COMPREENSÃO DAS IDÉIAS DO INTERLOCUTOR.

Referências

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