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VIII - MOVIMENTO DE FUNDOS DAS CONTAS BANCÁRIAS DO TESOURO

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8.1. – Enquadramento

A Constituição da República estabelece, na alínea d) do número 2 do artigo 230, que compete ao Tribunal Administrativo “fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros obtidos no estrangeiro, nomeadamente através de empréstimos, subsídios, avales e donativos”.

Por sua vez, a alínea a) do número 1 do artigo 54 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado, estipula que a administração do Tesouro Público rege-se, de entre outros, pelo princípio de “Unidade de Tesouraria, segundo o qual todos os recursos públicos devem ser centralizados com vista a uma maior capacidade de gestão, dentro dos princípios de eficácia, eficiência e economicidade”. Preceituam, os números 2 e 3 do mesmo artigo, que “A cobrança de todas as receitas deve ser realizada em estrita observância do princípio da unidade de tesouraria” e “A unidade de tesouraria abrange todos os fundos de origem fiscal e extra-fiscal e os provenientes de operações de crédito legalmente autorizadas”.

Os números 1 e 2 do artigo 55 da lei acima citada estabelecem que a “Conta Única é uma conta bancária de tipo piramidal com as necessárias sub-contas, através da qual se movimenta quer a arrecadação e cobrança de receitas quer o pagamento de despesas, seja qual for a sua proveniência ou natureza” e é “vedada a abertura de contas bancárias de que seja unicamente titular qualquer órgão ou instituição do Estado”.

A Circular n.º 1/GAB-MF/2010, de 6 de Maio, do Ministro das Finanças, define os conceitos e procedimentos relativos à inscrição no OE, cobrança, contabilização e recolha de receitas consignadas e próprias.

Por sua vez, a Circular n.° 3/GAB-MF/2010, de 18 de Maio, do Ministro das Finanças, referente à administração e execução do Orçamento do Estado para 2010, estabelece os procedimentos a observar relativamente às receitas que ingressam no ano, inscritas ou não no Orçamento do Estado, e a sua utilização nas despesas autorizadas a realizar no exercício económico de 2010.

8.2 - Considerações Gerais

O número 1 do artigo 9 da Circular n.º 3/GAB-MF/2010, de 18 de Maio, do Ministro das Finanças, determina que a realização da despesa deverá ser efectuada obrigatoriamente por via directa pelas UGE´s dos sectores. Exceptuam-se desta obrigatoriedade os adiantamentos de fundos que tenham por fim atender às despesas de:

• UGB que não possa ser integrada no e-SISTAFE ou apoiada por UGE Especial criada com esta finalidade específica;

• UGB Subordinada (unidade que não possui tabela de despesa, sendo as suas despesas suportadas por uma UGB e executadas através de adiantamento de fundos concedido por uma UGE do Sector);

• ajudas de custo fora do País;

• subsídio de funeral;

• combustíveis e lubrificantes;

• transferências a organismos internacionais sectoriais;

• transferências à Administração Pública;

(2)

• fundo de maneio (para execução das despesas de pequena monta e que requeiram pagamento em numerário, para as quais, em carácter excepcional, se dispensa o cumprimento do normal processo de realização de despesas).

O n.º 1 do artigo 7 da Circular n.º 1/GAB-VMF/2010, de 27 de Setembro, fixa que os saldos de Adiantamento de Fundos (AFU’s) não utilizados em 2010 devem ser anulados e os correspondentes recursos financeiros recolhidos à Conta Bancária de Receita de Terceiros (CBRT) da Unidade Intermédia (UI) do Subsistema do Tesouro Público da Despesa (STP-D) correspondente para posterior transferência à Conta Única do Tesouro (CUT).

Das auditorias efectuadas, constatou-se o seguinte:

a) a não devolução dos saldos, nos montantes de 226.063 mil Meticais (de 2009 para 2010) e 104.179 mil Meticais (de 2010 para 2011), por parte das instituições constantes do quadro a seguir, em violação do estipulado nas circulares emanadas pelo Ministro da Finanças sobre a matéria.

Quadro n.º VIII.1 - Saldos não Devolvidos à CUT

2010 2011

Hospital Central de Maputo 61 278

Ministério da Saúde 104.346 44.494

Ministério das Obras Públicas e Habitação 103.449 24.516

Fundo de Fomento Pesqueiro 233 92

Instituto Nacional de Estatística 2.358 2.403

Ministério do Turismo 557 808

Ministério das Pescas 1.909 11.787

Escola Superior de Ciências Náuticas 1.062 0

Subtotal-Âmbito Central 213.975 84.378

Direcção Provincial da Educação e Cultura de Gaza 250 42

Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação de Nampula 165 261

Direcção Provincial do Plano e Finanças de Gaza 19 1

Direcção Provincial da Agricultura de Gaza 2.140 3.085

Direcção Provincial da Agricultura de Nampula 1.045 7.189

Direcção Provincial da Saúde de Gaza 5.142 7.821

Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação de Maputo 27 0

Direcção Provincial da Indústria e Comércio de Maputo 1 56

Comando Provincial da PRM de Gaza 164 176

Subtotal-Âmbito Provincial 8.953 18.631

Secretaria Distrital da Moamba 131 0

Secretaria Distrital da Ilha de Moçambique 456 1.153

Secretaria Distrital do Chókwè 338 11

Secretaria Distrital de Matutuíne 704 0

Secretaria Distrital de Nacala - Porto 55 6

Secretaria Distrital de Magude 36 0

Secretaria Distrital da Namaacha 1.415 0

Subtotal-Âmbito Distrital 3.135 1.170

Total (1+2+3) 226.063 104.179

Fonte: Relatórios de Auditoria sobre a CGE de 2010 Âmbito Distrital (3)

(Em mil Meticais)

Instituição Saldo Inicial

Âmbito Central (1)

Âmbito Provincial (2)

b) a não canalização à CUT, por parte de algumas instituições auditadas, das receitas próprias (273.698 mil Meticais) e consignadas (237.914 mil Meticais) arrecadadas, em violação do estatuído no n.º 1 do artigo 12 da Circular n.º 1/GAB-MF/2010, de 6 de Maio, que define os conceitos e procedimentos relativos à inscrição, no Orçamento do Estado, cobrança, contabilização e recolha de receitas consignadas e próprias, segundo o qual “Os órgãos e instituições do Estado a nível Central, Provincial e Distrital devem proceder à entrega das

(3)

receitas próprias e consignadas cobradas até ao dia 10 do mês seguinte ao da cobrança, ou no dia útil seguinte, ...” (vide ponto 5.4.5.1, do Capítulo IV).

Esta omissão, por parte dos órgãos e instituições do Estado, não permite que os registos contabilísticos reflictam a realidade.

8.3 – Apuramento e Análise da Variação do Saldo Existente em 31/12/10

A Conta Geral do Estado apresenta o Balanço Global de Caixa, o qual indica os saldos transitados de 2009, os recursos colocados à disposição do Estado em 2010, o total das despesas realizadas e o saldo final do ano, como ilustra o quadro seguinte.

Quadro n.º VIII.2 – Balanço Global de Caixa

Desigação 2009 2010 Peso

(%) Var. (%) Saldo de Caixa do Ano Anterior 19.035.558 21.597.002 16,4 13,5

Receitas do Estado 47.564.983 63.566.121 48,4 33,6

Donativos Externos 25.770.770 27.318.443 20,8 6,0

Empréstimos Externos 13.811.751 14.517.439 11,0 5,1

Empréstimos Internos 290.000 4.417.610 3,4 1.423,3

Sub-Total 87.437.504 109.819.613 83,6 25,6

Total de Recursos 106.473.062 131.416.615 100,0 23,4 Despesas de Funcionamento 43.792.882 59.356.348 55,4 35,5 Despesas de Investimento 35.336.201 43.680.650 40,8 23,6

Operações Financeiras 5.746.977 4.048.480 3,8 -29,6

Total de Despesas 84.876.060 107.085.478 100,0 26,2

Saldo em 31 de Dezembro 21.597.002 24.331.137 12,7

Fonte: Mapa I da CGE (2009 - 2010)

(Em mil Meticais)

Conforme consta da CGE e alcança-se do quadro supra, do exercício de 2009, transitou o Saldo de Caixa de 21.597.002 mil Meticais e que, adicionando as Receitas do Estado de 2010 (63.566.121 mil Meticais), dos Empréstimos Internos e Externos (respectivamente, 4.417.610 mil Meticais e 14.517.439 mil Meticais), bem como os Donativos Externos (27.318.443 mil Meticais), totalizou 131.416.615 mil Meticais. Deste montante, realizaram-se despesas no valor de 107.085.478 mil Meticais, resultando o Saldo Final de 24.331.137 mil Meticais.

Relativamente aos recursos postos à disposição do Estado, em 2010, verifica-se uma variação global positiva de 23,4%, destacando-se o aumento significativo de 1.423,3% dos Empréstimos Internos e 33,6% das Receitas do Estado.

No que toca às despesas, houve um incremento, nas rubricas de Funcionamento e Investimento, de 35,5% e 23,6%, respectivamente, e uma redução de 29,6%, nas relacionadas com Operações Financeiras.

No quadro que se segue, evidencia-se o peso do saldo apurado em 31/12/10, em relação aos recursos postos à disposição do Estado, nesse mesmo ano.

(4)

Quadro n.º VIII.3 – Peso do Saldo em 31/12/10 sobre as Receitas

(Em mil Meticais)

1 Saldo em 31 de Dezembro 24.331.137 2 Receitas Internas 67.983.731 3 Receitas do Estado 63.566.121 4 Empréstimos Internos 4.417.610

5 Peso (%) (1/2) 35,8

6 Recursos Externos 41.835.882 7 Donativos Externos 27.318.443 8 Empréstimos externos 14.517.439

9 Peso (%) (1/6) 58,2

Fonte: Mapa I da CGE (2009 - 2010)

Assim, o Saldo de Caixa apurado representa 58,2% do total dos recursos externos e 35,8% das receitas internas postas à disposição do Estado.

O quadro que se segue ilustra a evolução dos Saldos de Caixa, do período 2005-2010.

Conforme se apreende do mesmo, assistiu-se, no período em apreço e em termos nominais, a um crescimento dos valores transitados em saldo.

Quadro n.º VIII.4 - Evolução dos Saldos

Data Saldos Variação

(%)

12/31/2005 8.724.298 -

12/31/2006 15.412.870 76,7 12/31/2007 18.262.428 18,5 12/31/2008 19.035.558 4,2 12/31/2009 21.597.002 13,5 12/31/2010 24.331.137 12,7

2005-2010 178,9

Fonte: Mapa I da CGE (2005 - 2010) (Em mil Meticais)

Como se pode observar no gráfico a seguir, os Saldos de Caixa mostram uma tendência crescente, tendo triplicado no período (2005-2010).

Gráfico n.º VIII.1 – Evolução dos Saldos de Caixa

0 5.000.000 10.000.000 15.000.000 20.000.000 25.000.000

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Em mil Meticais

Fonte: Mapa I da CGE (2005 – 2010)

Com base no Mapa I da CGE de 2010, foi elaborado o Quadro n.º VIII.5, onde consta a composição dos Saldos de Caixa transitados em 2009 e 2010.

Quadro n.º VIII.5 – Composição do Saldo Transitados em 2009 e 2010

2009 2010

Conta Única do Tesouro 4.195.992 6.705.798 24,1 59,8

Recebedorias 3.118.423 8.362.892 34,4 168,2

Outras Contas do Tesouro 6.292.003 6.389.120 26,3 1,5

Outras Contas do Estado 7.990.584 2.873.327 12,4 -64,0

Total 21.597.002 24.331.137 97,2 12,7

Fonte: Mapa I da CGE (2009 - 2010)

Var.

Designação (%)

Saldos Peso (%)

2010 (Em mil Meticais)

(5)

O saldo apurado em 31/12/2010 (24.331.137 mil Meticais), conforme transparece do quadro supra, denota um crescimento de 12,7%, comparativamente ao apurado em 31/12/2009 (21.597.002 mil Meticais). Para este incremento contribuiu significativamente o aumento dos saldos verificado nas contas bancárias das recebedorias, de 168,2%, cuja rubrica detém um peso relevante (34,4%) na expressão global dos saldos transitados. É de referir, ainda, que pelo contrário, o saldo de Outras Contas do Estado acusou um importante decréscimo (64%).

8.4 – Resultado das Auditorias

O movimento de fundos públicos, a nível central, realiza-se através de várias contas bancárias.

As receitas internas são arrecadadas pelas vinte e cinco Direcções de Áreas Fiscais, três Unidades de Grandes Contribuintes e dois Juízos Privativos de Execuções Fiscais, existentes no País. Todavia, as receitas próprias e consignadas nem sempre ingressam na CUT e, algumas delas, nem sequer são apresentadas na CGE.

Transitam pela CUT os fundos internos e externos que financiam as despesas inscritas no Orçamento do Estado.

As despesas financiadas por receitas próprias que não transitam pela CUT devem, também, ser executadas observando as fases da realização de despesas (cabimentação, liquidação e pagamento), bem como os limites da dotação orçamental e as regras das alterações de dotação, estabelecidas no n.º 2 do artigo 64 do Título III do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos.

Nos Quadros n.ºs VIII.6 e VIII.7, a seguir, elaborados com base na informação obtida nas auditorias realizadas na Direcção Nacional do Tesouro e na Direcção Nacional do Património do Estado, apresentam-se os saldos das Outras Contas do Tesouro e do Estado.

Quadro n.º VIII.6 - Saldos de Outras Contas do Tesouro

Ordem Banco N.º da Conta Designação Moeda Valor

(em mil)

Taxa de Câmbio

Valor (em mil Meticais)

Peso (%) 1 BM 00520.511.01.7 MF-Direcção Nacional do Tesouro

MZM 10.457 0,2

2 BM 03342.519.01.1 MPF-DNT-Conta Transitória

Específica/2002 MZM 2.809.503 44,0

3 BM 001748519015 MPF - Dividendos das Participações do

Estado MZM 36.077 0,5

4 BM 02220.511.01.9 Programa Facilidades em Divisas/99

MZM 10 0,0

5 BCI 263811010001 MPF - Japão Non Project Aid II MZM 20.762 0,3

6 BM 002606519019 MPF - Japão Non Project Grant

Aid/OF/2001 MZM 148.143 2,3

7 BM 02448.601.01.1 MPF-DNT-Programa Emergência

USD/2000 USD 33.432 32,79 1.096.252 17,1

8 BCI 241889.10.001 MPF/USAID/Title I 2001 MZM 297.440 4,7

9 BM 00104.519.01.1 MPF-Receitas de Terceiros MZM 141.448 2,2

10 BM 2141570015 MPF-Banco Mundial- EMRO99 MZM 170.554 2,7

4.730.646 74,0 1.658.474 26,0 6.389.120 100,0 Fonte: Extratos Bancários 2010 e Mapa I da CGE de 2010

Sub-Total Outros Saldos Total

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Quadro n.º VIII.7 – Saldos de Outras Contas do Estado

Ordem Banco N.º da Conta Designação MoedaValor em

mil

Taxa de Câmbio

Valor em mil Meticais

Peso (%)

1 BM 04210519012 MF-DNPE-Privatizações MZM 14.658 0,5

2 BM 00622601010 MPF - Direcção Nacional do Património do

Estado USD 2.644 32,79 86.697 3,0

3 BM 002109513011 MPF - Direcção Nacional do Património do

Estado - OI99 MZM 8 0,0

4 BM 0047519011 Património do Estado-Alienação de Imóveis MZM 12.263 0,4

113.626 3,9 2.759.700 96,1 2.873.326 100,0 Fonte: Extratos Bancários e CGE de 2010

Sub-Total Outros Saldos Total

Verifica-se, no Quadro n.º VIII.6, que a conta bancária MPF - DNT - Conta Transitória Específica/2002, é a que maior peso assume no saldo global apurado (44%), seguindo-se-lhe a conta MPF – Programa Emergência USD/2000, com uma representatividade de 17,1%.

Por sua vez, os saldos das Outras Contas do Tesouro e do Estado, objecto de análise nas auditorias realizadas na Direcção Nacional do Tesouro e Direcção Nacional do Património do Estado, são os indicados nos dois quadros anteriores, representando 74% e 3,9%, segundo indicado nos Quadros n.ºs VIII.6 e VIII.7, respectivamente, do saldo final de 2010.

É de referir, relativamente aos saldos de Outras Contas do Estado que a baixa representatividade dos analisados (113.626 mil Meticais, equivalentes a 3,9% do total), foi consequência da falta de acesso do Tribunal Administrativo à respectiva documentação. A este respeito o Governo alegou que as mesmas não são geridas pelo Tesouro, mas sim pelos departamentos financeiros de outros órgãos e instituições do Estado ou de projectos de financiamento externo que não passam pela CUT.

Ora, a situação atrás aludida dificulta a gestão centralizada dos recursos públicos e o exercício do controlo externo pelo Tribunal Administrativo.

Seguidamente, são apresentados os resultados da verificação da documentação e movimentos das contas bancárias auditadas.

8.4.1 – Conta n.º 004102510015 – Conta Única do Tesouro em Meticais

Esta conta foi criada com vista à implementação do princípio de unidade de tesouraria, bem como para racionalizar o uso de recursos financeiros do Estado. Sediada no Banco de Moçambique, é movimentada pelas transacções no e-SISTAFE. Nela é centralizada a maior parte da receita arrecadada, tanto interna como externa, bem como o pagamento das despesas públicas, independentemente da sua natureza.

Com base no extracto bancário desta conta, foi elaborado o quadro a seguir, que ilustra o resumo dos movimentos que ocorreram durante o exercício económico em apreço.

Quadro n.º VIII.8 - Movimento Anual da Conta n.º 004102510015

Saldo Inicial 4.195.992

Créditos 104.537.333

Débitos 103.101.062

Saldo Final 5.632.263

Fonte: Extratos Bancários - 2010

(Em mil Meticais)

(7)

Os movimentos a crédito totalizaram 104.537.333 mil Meticais e a débito, 103.101.062 mil Meticais. O saldo transitado no final de 2010 cifrou-se em 5.632.264 mil Meticais, e o inicial, 4.195.992 mil Meticais.

O saldo final apurado durante a auditoria e que consta do quadro acima diverge, em 1.073.535 mil Meticais, do apresentado no Mapa I da CGE de 2010 (6.705.798 mil Meticais).

Em sede do contraditório do relatório da auditoria, a DNT pronunciou-se nos seguintes termos: “a divergência que se verifica entre o Mapa I da CGE e o extracto da CUT em Meticais a 31/12/2010, é pelo facto de se ter considerado também o saldo da CUT em moeda externa (USD, EUR e ZAR), que corresponde ao contravalor de 1.073.535 mil Meticais, situação que por lapso não foi objecto da devida explicação no Mapa I”.

Acrescente-se que a DNT fez estes pronunciamentos sem, contudo, apresentar a este Tribunal os necessários elementos susceptíveis de fundamentar o afirmado, nomeadamente os documentos comprovativos (extractos) dos factos alegados, bem como da taxa de câmbio utilizada para a conversão dos valores.

Das contas bancárias que canalizam seus fundos para a CUT, que foram objecto da auditoria, foi elaborado o quadro abaixo, em que é apresentada a sua proporção no total dos fundos ingressados em 2010.

Quadro n.º VIII.9 – Detalhe de Alguns Créditos

N.º da Conta Designação Valor Peso

(%) 00.1748519015 MPF-Dividendos das Participações do Estado 1.399.498 1,3 00.3342519011 MPF- DNT- Conta Transitória Específica 14.940.000 14,3

00.4104519011 MPF - Receitas de Terceiros 20.799.130 19,9

10-000520511017 MF - Direcção Nacional do Tesouro 307.177 0,3 37.445.805 35,8 104.537.333 100,0 Fonte: Extratos Bancários-2010

Total

Fundos Ingressados em 2010

(Em mil Meticais)

Do total dos créditos da CUT (104.537.333 mil Meticais), 35,8% provém das contas identificadas no quadro acima, sendo de destacar as contas MPF - Receitas de Terceiros e MPF- Transitória Específica, com 19,9% e 14,3%, respectivamente.

8.4.2 - Conta n.º 000520511017 – MF – Direcção Nacional do Tesouro Nesta conta, são depositados, entre outros:

i) os reembolsos de empréstimos outorgados pelo Estado;

ii) os donativos destinados a sectores específicos.

O quadro que se segue, elaborado com base nos extractos bancários, evidencia o resumo dos movimentos da conta.

Quadro n.º VIII.10 – Movimento Anual da Conta n.º 000520511017

Saldo Inicial 15.670

Créditos 309.564

Débitos 314.777

Saldo Final 10.457

(Em mil Meticais)

Fonte: Extratos Bancários - 2010

Em 2010, os créditos desta conta totalizaram 309.564 mil Meticais e os débitos, 314.777 mil Meticais, sendo o saldo final de 10.457 mil Meticais e o inicial, de 15.670 mil Meticais.

(8)

Do total dos débitos, 307.177 mil Meticais (97,6%), foram transferidos para a CUT e o remanescente destinou-se ao pagamento das comissões cobradas pelo Bank of Tokyo Mitsubishi e à liquidação de cartas de crédito do MISAU.

No quadro seguinte, são apresentadas as amortizações de empréstimos contraídos por diversos operadores económicos.

Quadro n.º VIII.11 – Amortização dos Empréstimos Concedidos

Designação Saldo em

31/12/09 (1)

Desem- bolso

(2)

Amortiz.

(3)

Valor em Dívida em 31/12/10

(4)=(1)+(2)-(3)

Electricidade de Moçambique 6.530.376 1.168.689 62.500 7.636.565

Hidroeléctrica de Cahora Bassa 887.489 0 134.744 752.745

Projecto PREI/BCI/2002 0 3.354 3.354 0

Comunidade Mahometana 182.433 0 0 182.433

CFM 3.948.296 506.974 44.313 4.410.957

MOPAC 72.452 0 0 72.452

Grupo Mecula 42.294 0 0 42.294

Fundo de Fomento para Pequena Indústria 125.565 0 0 125.565

Telecomunicações de Moçambique 1.466.907 0 20.000 1.446.907

Fasol 40.000 0 1.646 38.354

FIPAG 3.394.423 543.772 35.000 3.903.195

Talão de Depósito n.º 36770 8.007 -8.007

Total 16.690.235 2.222.789 309.564 18.603.460 Fonte:Extratos Bancários e Anexo Informativo 5 da CGE de 2010

(Em mil Meticais)

As dívidas das empresas indicadas no quadro supra totalizaram 16.690.235 mil Meticais, em 31/12/09.

Durante o ano de 2010, foi desembolsado a favor das empresas EDM, CFM, FIPAG e do Projecto PREI/BCI/2002, um total de 2.222.789 mil Meticais, tendo sido amortizado o montante de 309.564 mil Meticais pelas empresas EDM, HCB, CFM, TDM, Fasol, FIPAG e o Projecto PREI/BCI/2002.

Daqueles movimentos resultou o saldo final do ano de 18.603.460 mil Meticais, o que representa um incremento de 11,5%, relativamente à dívida transitada do ano anterior.

Refira-se que aquando da auditoria não foi apurado o ordenador de 8.007 mil Meticais, creditados no dia 06/05/2010, através do Talão de Depósito n.º 36770. Assim, o sistema de controlo interno instalado é permissivo a estas situações, devendo ser melhorado.

Constatou-se, ainda, que o Grupo Mecula transitou de 2009 para 2010 com um saldo de 42.294 mil Meticais, valor que diverge do constante do Anexo Informativo 5 da CGE de 2010 (42.794 mil Meticais).

Em resposta ao pedido de esclarecimentos sobre a CGE de 2010, a DNT reconheceu o erro e clarificou que a diferença resulta da inclusão, na CGE de 2010, de 500 mil Meticais reembolsados em 2009.

Sublinha-se que as divergências aqui apontadas constituem uma violação do princípio da elaboração da CGE, plasmado no n.º 1 do artigo 46 da lei que cria o SISTAFE, segundo o qual

“A Conta Geral do Estado deve (...) ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira”.

(9)

8.4.3 - Conta n.º 003342519011 – MPF – DNT – Conta Transitória Específica

Esta conta, sediada no Banco de Moçambique, é debitada pela saída de fundos para a CUT e creditada pela entrada de fundos provenientes da conta bancária aberta em Frankfurt que regista, em moeda externa, os fluxos financeiros do grupo de países parceiros de cooperação de Moçambique no OE.

Seguidamente, apresenta-se o resumo dos movimentos desta conta, em 2010.

Quadro n.º VIII.12 – Movimento Anual da Conta n.º 003342519011

Saldo Inicial 3.003.564

Créditos 14.745.939

Débitos 14.940.000

Saldo Final 2.809.503

Fonte: TA-Extratos Bancários de 2010 (Em mil Meticais)

Durante o exercício de 2010, registaram-se créditos que totalizaram 14.745.939 mil Meticais e débitos de 14.940.000 mil Meticais, de que resultou o saldo final de 2.809.503 mil Meticais, considerando o saldo inicial de 3.003.564 mil Meticais.

No quadro abaixo, são apresentados os desembolsos feitos no ano em consideração pelos, diferentes países, em apoio ao Orçamento do Estado.

Quadro n.º VIII.13 - Conta Transitória Específica

P a í s E x t r a c t o s

B an c á r i os C G E 20 1 0

A le m a n ha 6 4 0. 65 0 6 40 .6 5 0

Á us tr i a 1 3 1. 55 2 1 31 .5 5 2

B A D 1 .0 1 4. 08 7 1 .0 14 .0 8 7

B a n c o M u n d i a l 2 .7 4 3. 34 4 2 .7 43 .3 4 4

C a n a d á 4 7 9. 45 9 4 79 .4 5 9

D in a m a r c a 2 4 7. 72 9 2 47 .7 2 9

U ni ã o E u r o pe i a 2 .8 0 3. 35 0 2 .8 03 .3 5 0

E sp a n h a 3 2 7. 74 0 3 27 .7 4 0

F i nl â n d i a 2 8 4. 55 0 2 84 .5 5 0

F r a n ç a 9 1. 70 0 91 .7 0 0

H ol a n d a 7 3 1. 70 0 7 31 .7 0 0

I r la nd a 4 9 6. 65 0 4 96 .6 5 0

I t á li a 1 9 1. 76 0 1 91 .7 6 0

N or u e g a 9 3 6. 24 9 9 36 .2 4 9

P o r tu ga l 6 5. 20 5 65 .2 0 5

R e i n o U n i d o 1 .8 2 7. 89 6 1 .8 27 .8 9 6

S u é c i a 1 .4 9 9. 26 8 1 .4 99 .2 6 8

S u í ç a 2 3 3. 05 0 2 33 .0 5 0

T o t a l 14 .7 4 5. 93 9 1 4 .7 45 .9 3 9

( E m m i l M e ti c a i s)

F on t e : E xt r a t os B a n c á rio s e M a p a I I- 6 da C G E 2 01 0

As contribuições totalizaram 14.745.939 mil Meticais, conforme consta do quadro e certificado nos extractos bancários.

Importa referir que os desembolsos efectuados pelo Banco Mundial, no valor de 2.743.344 mil Meticais, correspondem à contribuição deste parceiro para o Orçamento de 2011. O valor relativo ao apoio orçamental para o exercício em consideração foi desembolsado em 2009, no montante de 2.995.976 mil Meticais.

De acordo com o acima exposto, elaborou-se o quadro a seguir que demonstra os montantes efectivamente desembolsados para o apoio ao Orçamento do Estado de 2009 e 2010.

(10)

Quadro n.º VIII.14 – Variação do Apoio ao Orçamento do Estado

V a lo r P e so

( % ) V al or P e s o

( % )

A le m a n ha 4 9 4.8 4 7 4 ,6 6 4 0.6 5 0 4 ,3 29 ,5

Á us tr i a 1 14 .7 04 1 ,1 1 3 1.5 5 2 0 ,9 14 ,7

B A D 8 0 2.5 1 5 7 ,5 1 .0 1 4.0 8 7 6 ,8 26 ,4

B a n c o M u nd i a l 1 .2 37 .6 27 1 1 ,6 2 .9 9 5.9 7 6 20 ,0 1 42 ,1

C a n a d á 2 6 2.0 1 2 2 ,5 4 7 9.4 5 9 3 ,2 83 ,0

D in a m a r c a 2 2 5.4 3 6 2 ,1 2 4 7.7 2 9 1 ,6 9 ,9

U ni ã o E u r o pe i a 2 .2 94 .6 38 2 1 ,5 2 .8 0 3.3 5 0 18 ,7 22 ,2

E sp a n ha 2 6 1.4 5 0 2 ,4 3 2 7.7 4 0 2 ,2 25 ,4

F i nl â n di a 2 3 2.0 4 7 2 ,2 2 8 4.5 5 0 1 ,9 22 ,6

F r a n ç a 82 .2 60 0 ,8 9 1.7 0 0 0 ,6 11 ,5

H ol a nd a 6 6 6.5 3 6 6 ,3 7 3 1.7 0 0 4 ,9 9 ,8

I r la nd a 3 9 2.7 5 0 3 ,7 4 9 6.6 5 0 3 ,3 26 ,5

I t á li a 1 3 9.7 6 4 1 ,3 1 9 1.7 6 0 1 ,3 37 ,2

N or u e ga 6 31 .1 21 5 ,9 9 3 6.2 4 9 6 ,2 48 ,3

P o r tu ga l 42 .4 92 0 ,4 6 5.2 0 5 0 ,4 53 ,5

R e i n o U ni d o 1 .5 4 4.8 8 3 1 4 ,5 1 .8 2 7.8 9 6 12 ,2 18 ,3

S u é c i a 1 .0 6 3.1 0 2 1 0 ,0 1 .4 9 9.2 6 8 10 ,0 41 ,0

S u i ç a 1 7 5.9 2 2 1 ,6 2 3 3.0 5 0 1 ,5 32 ,5

T o t a l 1 0 .6 64 .1 06 10 0 ,0 14 .9 9 8.5 7 1 1 00 ,0 40 ,6 F on t e : C o n ta G e r a l do E st a do 2 00 9 e B or d e ra ux

( E m m i l M e t i c a is )

2 00 9 20 10

C r é d it o s

P aí s V a r

( % )

Face aos ajustamentos introduzidos, motivados pelas razões anteriormente apontadas, conclui- se que o valor do apoio efectivo ao OE de 2010 foi de 14.998.571 mil Meticais, conforme se apreende do quadro supra (VIII.14) e não de 14.745.939 mil Meticais, indicados no Quadro n.º VIII.13. Considerando os valores ajustados, nota-se que o montante do apoio cresceu 40,6%, no ano em análise, face ao seu precedente (2009).

O Banco Mundial, a União Europeia, o Reino Unido, a Suécia e o BAD foram os parceiros que maiores contribuições prestaram ao OE de 2010, representando os seus apoios, respectivamente, 20%, 18,7%, 12,2%, 10% e 6,8% da globalidade dos apoios obtidos.

Em termos de reforço dos seus apoios em 2010, face ao ano anterior, há que destacar os concedidos pelo Banco Mundial (142,1%), Canadá (83%), Portugal (53,5%), Noruega (48,3) e Suécia (41%).

8.4.4 - Conta n.º 001748519015 - MPF - Dividendos das Participações do Estado Nesta conta, são depositados, entre outros:

• os dividendos das empresas participadas pelo Estado,

• as taxas de concessões,

• as receitas provenientes das privatizações, e

• outras receitas de capital.

No presente exercício, os movimentos, nesta conta, totalizaram os valores que se indicam no quadro a seguir.

Quadro n.º VIII.15 – Movimento Anual da Conta n.º 001748519015

Saldo Inicial 5.800

Créditos 1.431.096

Débitos 1.400.819

Saldo Final 36.077

Fonte: Extratos Bancários - 2010

(Em mil Meticais)

(11)

No ano económico em apreço, o saldo inicial foi de 5.800 mil Meticais, os créditos totalizaram 1.431.096 mil Meticais e os débitos, 1.400.819 mil Meticais, de que resultou o saldo final de 36.077 mil Meticais.

Do total dos débitos (1.400.819 mil Meticais) foram transferidos para a CUT 1.399.498 mil Meticais, tendo o valor remanescente sido canalizada para a Conta Bancária n.º 4210.519.012 - MF-DNPE-Privatizações-OF/ Despesas Correntes, com vista a regularizar o montante transferido a mais em 2009, para consignação ao Instituto Nacional do Turismo, no âmbito das operações de alienação do Acampamento Turístico da Ponta do Ouro.

No Quadro n.º VIII.16, apresenta-se o detalhe dos créditos registados nesta conta, divididos pelos grupos de contas bancárias, empresas participadas pelo Estado e outros créditos.

Quadro n.º VIII.16 – Créditos da Conta dos Dividendos das Participações do Estado

Orígem Dividendos Taxas

Concessões Privatizações Outros Total Peso (%)

Contas bancárias 0 1.076.038 5.036 13.234 1.094.308 76,5

MF-DNT- Taxa de Concessão da HCB (004356601007) 1.076.038 1.076.038 75,2

MF-DNPE-Privatizações (004210519012) 5.036 5.036 0,4

Receitas de Terceiros (4104519011) 13.234 13.234 0,9

Empresas Participadas pelo Estado 162.992 60.803 0 0 223.795 15,6

Moçambique Celular (mCel) 60.803 60.803 4,2

Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos 9.625 9.625 0,7

CFM-Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique 29.511 29.511 2,1

Telecomunicações de Moçambique 10.000 10.000 0,7

Cimentos de Moçambique 1.189 1.189 0,1

DOMUS-Sociedade de Gestão Imobiliária 306 306 0,0

Companhia de Desenvolvimento Mineiro 3.958 3.958 0,3

Banco Internacional de Moçambique (BIM) 108.403 108.403 7,6

Outros Créditos 0 94.919 0 18.074 112.993 7,9

Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC) 94.919 94.919 6,6

Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) 16.375 16.375 1,1

Sem Borderaux 1.699 1.699 0,1

Total 162.992 1.231.760 5.036 31.308 1.431.096 100,0

Peso (%) 11,4 86,0 0,4 2,2 100,0

Fonte: Extratos Bancários de 2010

(Em mil Meticais)

No que toca ao total dos créditos na conta “Dividendos das Participações do Estado”

(1.431.096 mil Meticais), 1.094.308 mil Meticais (76,5%) provêm de contas bancárias, 223.795 mil Meticais (15,6%), das empresas participadas pelo Estado e 112.993 mil Meticais (7,9%), de outros créditos, conforme ilustra o quadro supra.

Quanto à sua natureza, os créditos em análise respeitam: 162.992 mil Meticais (11,4%) a dividendos das empresas participadas pelo Estado, 1.231.760 mil Meticais (86%) às taxas de concessão, 5.036 mil Meticais (0,4%) às privatizações (alienação) e 31.308 mil Meticais (2,2%) a outros créditos, conforme vai espelhado no gráfico seguinte.

Gráfico n.º VIII.2 – Natureza dos Créditos

Dividendos 11,4%

Concessões 86%

Privatizações Outros 0,4%

2,2%

(12)

A rubrica Outros (2,2%), no gráfico acima, engloba o seguinte:

• 13.234 mil Meticais transferidos da conta bancária n.º 1020052110001 - MPF- DNT- CVRD, entretanto cancelada, conforme a Nota n.º 17/DNT-DGCUT/2011, de 18 de Janeiro;

• 16.375 mil Meticais referentes a 50% da parcela do Estado (32.750 mil Meticais) no resultado líquido do IGEPE, do exercício de 2009.

A transferência do valor correspondente a 50% da parcela do Estado deveu-se a constrangimentos de tesouraria, segundo se indica na Nota n.º 457/IGEPE/PCA/2010, de 02 de Junho;

1.699 mil Meticais, cujo borderaux não foi apresentado no decorrer da auditoria.

No que tange a esta questão, a DNT, no exercício do contraditório do relatório de auditoria, afirmou que se trata de depósito em numerário e, nestas situações, o Banco de Moçambique não emite a respectiva nota de crédito.

Nos termos do artigo 104 do Título I do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, as prestações de contas, bem como os documentos originais comprovativos dos actos de gestão, deverão ser mantidos em arquivo para eventuais consultas ou auditorias.

Deste modo, a DNT deve criar, junto ao Banco de Moçambique, mecanismos que permitam identificar a origem e a natureza dos fundos creditados nas contas bancárias por si tituladas.

8.4.5 - Conta n.º 004356601007 – MF – DNT - Taxa de Concessão

Esta conta, sediada no Banco de Moçambique, foi constituída no âmbito da reversão da Barragem Hidroeléctrica de Cahora Bassa a favor do Estado Moçambicano, para acolher os valores da taxa de concessão, antes do seu ingresso na CUT.

De acordo com o estabelecido no Decreto n.º 03/2009, de 17 de Fevereiro, do Conselho de Ministros, o valor da taxa de concessão da HCB tem o seguinte destino:

• 60% para o Orçamento do Estado;

• 35% para o Fundo de Energia (FUNAE);

• 2,5% para o Gabinete do Plano de Desenvolvimento do Zambeze (GPZ) e

• 2,5% para o Conselho Nacional de Electricidade (CNELEC), até ao limite do seu Orçamento de Funcionamento. Se existir um valor remanescente, o mesmo reverte para o Orçamento do Estado.

O decreto supra referido não foi implementado na íntegra, em virtude de as receitas dos meses de Novembro e Dezembro consignadas ao FUNAE, CNELEC e GPZ terem sido destinadas a subsidiar o preço dos combustíveis, em cumprimento das orientações dimanadas do Ministro da Energia e consubstanciadas no Ofício n.º 1054/ME/GM/10, de 26 de Novembro.

O resumo dos movimentos efectuados durante o ano consta do quadro a seguir.

(13)

Quadro n.º VIII.17 – Movimento Anual da Taxa de Concessão

S a l d o I ni cia l 1 ,4 3

C réd i to s 2 6 0. 65 0. 27 5 ,7 5 D ébi t os 2 6 0. 65 0. 26 7 ,3 8

S a l d o F i n al 9 ,8 0

F on te: Ex t ra to s B ancári os - 20 10

(E m Z AR )

Da conta bancária n.º 004356601007 – MF – DNT - Taxa de Concessão, transitaram para 2010, ZAR 1,43, tendo-se registado, nesse ano, movimentos a crédito e a débito de ZAR 260.650.275,75 e ZAR 260.650.267,38, respectivamente, de que resultou um saldo final de ZAR 9,80.

A análise dos movimentos a débito permitiu verificar a transferência de valores para as contas que a seguir se indicam, passando, depois, para a CUT.

Quadro n.º VIII.18 – Transferências da Conta n.º 004356601007 - Taxa de Concessão

ZAR Mil Meticais

228.591.320,93 1.073.535,80 001748519015 - MPF - Dividendos das Participações do Estado 32.058.946,45 130.315,77 004104519011 - MPF - Receitas de Terceiros

260.650.267,38 1.203.851,57 Fonte: Borderaux de Crédito

Valor

Crédito em:

Refira-se que no dia 20 de Agosto, foram transferidos para a conta bancária de receitas de terceiros ZAR 6.949.464,77 e ZAR 496.390,34, referentes a 35% e 2,5% das taxas de concessão da HCB, a favor do Fundo de Energia e Conselho Nacional da Energia, respectivamente, procedimento que não se observou durante os meses de Maio, Junho e Julho, em que os fundos foram canalizados directamente para a conta de Dividendos das Participações do Estado e desta, para a CUT.

Reagindo ao relatório de auditoria, a DNT afirmou que, no Orçamento do Estado de 2010, não tinham sido inscritas, para o FUNAE e o CNELEC, as receitas da taxa de concessão da HCB, o que ditou a sua consignação a estes sectores, com recurso às Operações de Tesouraria.

Assim, foi efectuada a passagem dos valores da taxa de concessão para a conta Receitas de Terceiros e desta última para a CUT.

O documento do contraditório da auditoria adita, ainda, que os movimentos registados em Maio, Junho e Julho enfermam de erro, posteriormente corrigido, no acto do pagamento dos valores ao FUNAE e CNELEC.

Este pronunciamento contradiz a informação constante no Mapa II-3 da CGE de 2010, em que estão previstas as receitas da taxa de concessão da HCB a consignar ao FUNAE (125.919 mil Meticais) e ao CNELEC (12.606 mil Meticais).

Reagindo ao Relatório sobre a CGE de 2010, o Governo esclareceu, na essência, que “... a contradição referida pelo Tribunal Administrativo, deve-se ao facto de os montantes em causa terem sido previstos na receita e não terem sido inscritos na despesa para efeitos de consignação, o que ditou a sua execução e contabilização por Operações de Tesouraria”.

Reitera-se, que o procedimento correcto é a inscrição directa da despesa no Orçamento do Estado e não o uso das Operações de Tesouraria.

Ademais, a falta de inscrição da despesa, no Orçamento, contraria o princípio da universalidade consagrado na alínea c) do n.º 1 do artigo 13 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado, segundo a qual “todas

(14)

as receitas e todas as despesas que determinem alterações ao património do Estado, devem nele ser obrigatoriamente inscritas”.

8.4.6 - Conta n.º 002141570015 – MPF – Banco Mundial – EMRO/99

Esta conta é creditada: (i) pela emissão de Notas de Pagamento dos juros a pagar, inscritos no Orçamento de Estado (débito da CUT), (ii) pelo valor do capital a reembolsar, através da emissão de Notas de Pagamento por Operações de Tesouraria (débitos da CUT). Os débitos são efectuados pelo Banco de Moçambique, aquando do resgate dos Bilhetes do Tesouro (BT´s) e pagamento dos respectivos juros.

Os BT´s são instrumentos de curto prazo a que o Governo recorre para cobrir o défice temporário da tesouraria, sendo emitidos e resgatados no mesmo ano económico. O Banco de Moçambique credita, directamente na conta em análise, os valores do produto da emissão dos BT´s, transferindo-os, depois, para a conta Receitas de Terceiros, para efeitos de reclassificação e, posteriormente, para a CUT.

No ano em consideração, foi creditado, na CUT, o valor de 20.000.000 mil Meticais de BT´s.

Registaram-se, nesta conta, movimentos que totalizam os valores que se indicam no Quadro n.º VIII.19, a seguir.

Quadro n.º VIII.19 – Movimento Anual da Conta n.º 002141570015

Sa l do I ni cia l 0

C réd i to s 5 1.5 7 5. 23 7

D ébi t os 5 1.4 0 4. 68 3

Sa l do F i n al 1 7 0. 55 4

F on te: Ex t ra to s B ancári os - 20 10

(Em m il M et icai s)

De acordo com a informação constante dos extractos bancários, esta conta foi creditada e debitada por 51.575.237 mil Meticais e 51.404.683 mil Meticais, respectivamente, tendo registado um saldo final de 170.554 mil Meticais.

Nas Operações de Tesouraria, apurou-se o montante de 19.200.000 mil Meticais resultante da emissão de vinte e quatro (24) Notas de Pagamento na epígrafe “Conta Transitória e de Regularização - Provisão para Despesas a Regularizar”, relativo ao resgate de 14.500.000 mil Meticais dos BT´s emitidos durante o ano de 2010, bem como do saldo de 4.700.000 mil Meticais transitado de 2009. Ainda para 2011, transitaram 5.500.000 mil Meticais de BT´s emitidos, mas não resgatados em 2010, como foi referido no ponto 7.3.3.2 do Capítulo das Operações de Tesouraria.

O quadro que segue apresenta os resgates de BT´s efectuados, agrupados em função dos meses em que os mesmos ocorreram.

(15)

Quadro n.º VIII.20 – Resgate de BT´s

Meses Valor

Janeiro 3.700.000,00

Fevereiro 1.000.000,00

Sub-total 4.700.000,00

Abril 2.340.654,29

Maio 1.659.345,71

Agosto 2.500.000,00

Setembro 2.500.000,00

Outubro 1.000.000,00

Novembro 2.000.000,00

Dezembro 2.500.000,00

Sub-total 14.500.000,00

Total 19.200.000,00

Fonte: DNT-Notas de Pagamentos (Em mil Meticais)

Convém explicitar que o facto de a conta bancária por onde transitam as entradas e saídas de fundos relativas às operações dos BT´s, apresentar um total de movimentos, a crédito, de 51.576.237 mil meticais, conforme se verifica do Quadro n.º VIII.21 – Resumo dos Créditos (valor este diferente do crédito apresentado na conta Conta n.º 002141570015 – MPF – Banco Mundial – EMRO/99, no valor de 20.000.000 mil Meticais), não traduz, necessariamente, qualquer divergência face aos valores apurados na respectiva conta de Operações de Tesouraria dos BT´s.

Com efeito, esta conta bancária serve de mera intermediária da CUT nas operações de venda, resgate e pagamento de encargos dos BT´s. Mais concretamente, acolhe o produto da sua venda, que posteriormente é transferido para a CUT e dela saem os valores destinados ao resgate e pagamento de juros dos mencionados títulos, previamente obtidos da CUT. Daí que, por exemplo, uma operação de venda de BT´s dê origem a um registo a crédito da conta, pelo encaixe, e posteriormente a débito, pela transferência do produto da venda para a CUT. No caso do resgate e pagamento de juros de BT´s verifica-se exactamente o fluxo inverso: a CUT transfere para a conta bancária em apreço os montantes necessários (lançamento a crédito), os quais são depois pagos aos respectivos beneficiários e lançados a débito.

Segundo o acima exposto, foi elaborado o quadro abaixo, com o detalhe dos movimentos ocorridos nesta conta bancária.

Quadro n.º VIII.21 – Resumo dos Créditos

Origem Valor

Emissão de BT´s 20.000.000

Resgate de BT´s 19.200.000

Juros de BT´s 540.093

Reposição de BT´s 11.835.144

Total 51.575.237

(Em Meticais)

Fonte: Extratos bancários e Notas de Pagamentos por OT´s

8.4.7 - Conta n.º 263811010001- MPF- JAPÃO NON PROJECT AID II

Esta conta, sediada no BCI, é utilizada para crédito dos fundos provenientes da comercialização da ajuda alimentar do Japão, no âmbito da Convenção da Ajuda Alimentar de 1999.

O quadro seguinte ilustra o resumo dos movimentos realizados no exercício económico de 2010.

(16)

Quadro n.º VIII.22 – Movimento Anual da Conta n.º 263811010001

Saldo Inicial 82.288

Créditos 125.637

Débitos 187.163

Saldo Final 20.762

(Em mil Meticais)

Fonte: Extratos Bancários de 2010

No que concerne aos movimentos ocorridos nesta conta, que iniciou o exercício com o saldo de 82.288 mil Meticais, houve créditos e débitos de 125.637 mil Meticais e 187.163 mil Meticais, respectivamente, de que resultou o saldo final de 20.762 mil Meticais.

De acordo com os documentos aferidos, os créditos provêm dos depósitos efectuados pelas empresas mencionadas no quadro a seguir.

Quadro n.º VIII.23 – Amortização dos Empréstimos da Ajuda Alimentar

Em presa s Reem bolso P eso (%)

Momad e Arif 5. 93 0 4, 7

Farina l 1 3. 60 2 1 0 ,8

Ma iaia 8. 64 4 6, 9

Merec Beira 1 9. 72 0 1 5 ,7

CIM Mapu to 3 9. 66 7 3 1 ,6

A zaro M oz 2. 38 0 1, 9

Z amil A rif 4. 76 0 3, 8

Co n on Impex 2. 72 0 2, 2

CIM Beira 5. 57 7 4, 4

G S H old ing 8. 67 0 6, 9

Ma fuia Co mercial 3. 19 2 2, 5

Merec Map uto 9. 11 3 7, 3

Mutarara Co mercial 1. 66 2 1, 3

Subto tal 12 5. 63 7 100

To ta l de Cr édito s 1 2 5. 63 7 F on te: E xtratos Ban cário s de 20 10

(E m mil Meticais)

Destaque-se que as empresas CIM-Maputo e MEREC-Beira foram responsáveis por 31,6% e 15,7%, respectivamente, da totalidade das amortizações efectuadas.

É de referir, também, que o valor do reembolso da ajuda alimentar registado no Anexo Informativo 5 da CGE de 2010, no montante de 142.924 mil Meticais, diverge dos créditos apurados durante a auditoria (125.637 mil Meticais).

Sobre tal divergência, a DNT esclareceu que a mesma resulta do facto de parte dos reembolsos dos armazéns Maiaia, no valor de 17.287 mil Meticais, terem sido depositados na conta n.º 004539513000 – MF – DNT – FOOD-AID – Project 2009, sediada no Banco de Moçambique.

8.4.8 - Conta n. º 002606519019 - MPF - JAPÃO-NON PR GRANT AID/OF/2001

Esta conta, sediada no Banco de Moçambique, titulada pela Direcção Nacional do Tesouro, é utilizada para ingresso de fundos provenientes de duas fontes, a saber:

a) contravalores resultantes da comercialização da ajuda alimentar do Japão, da conta n.º 263811010001 – MPF - JAPÃO NON PROJECT AID II, no BCI; e

b) reembolsos dos créditos concedidos em 2002, com donativos do Japão, através do Tesouro, outorgados a 10 empresas, que totalizaram USD 12.250.000.

O movimento global desta conta, durante o ano de 2010, foi o seguinte:

(17)

Quadro n.º VIII.24 – Movimento Anual da Conta n. º 002606519019

Saldo Inicial 202.226

Créditos 3.030

Débitos 57.113

Saldo Final 148.143

(Em mil Meticais)

Fonte: Extratos Bancários de 2010

No exercício de 2010, a conta apresentava, como saldo inicial, 202.226 mil Meticais, tendo registado créditos de 3.030 mil Meticais e débitos de 57.113 mil Meticais, de que resultou o saldo final de 148.143 mil Meticais.

O total dos débitos de 57.113 mil Meticais foi transferido para o Instituto Nacional de Desminagem, para a compra de uma máquina de desminagem.

O quadro a seguir ilustra os valores reembolsados durante o exercício em apreço.

Quadro n.º VIII.25 – Reembolsos Efectuados em 2010

Designação Saldo em 31/12/09

Amorti- zação

Valor em Dívida em 31/12/10

Colégio Kugombwé 10.724 10 10.714

Mozcor 8.257 150 8.107

CEGRAF 11.989 300 11.689

Metalec 9.800 1.500 8.300

PAVIBLOCOS, Lda. 543 70 473

Tecap 2.926 1.000 1.926

Subtotal 44.239 3.030 41.209

3.030

(Em mil Meticais)

Fonte: Extratos Bancários e Anexo Informativo 5 da CGE de 2010

Total de Créditos

Do total da dívida, em 31/12/09 (44.239 mil Meticais), as empresas constantes do quadro supra amortizaram 3.030 mil Meticais (6,8%), passando para 2010 o saldo de 41.209 mil Meticais.

8.4.9 - Conta n.º 241889010001- MPF/USAID/TITLE I 2001

No quadro do programa de ajuda em bens alimentares para venda às populações, através da rede comercial, estabelecido entre os governos de Moçambique e dos Estados Unidos, o País recebe, anualmente, donativos em espécie, designadamente, óleo crú de soja destinado às indústrias de refinação. Segundo as condições contratuais, as empresas seleccionadas devem efectuar o pagamento, através de depósitos bancários nesta conta, sediada no BCI e titulada pelo Ministério das Finanças.

Esta conta, segundo se apreende do Quadro n.º VIII.26, abaixo, apresentava um saldo transitado de 2009 (287.353 mil Meticais), tendo registado, no decorrer do exercício de 2010, créditos no montante 10.087 mil Meticais, donde resultou o saldo final de 297.440 mil Meticais (note-se que não houve qualquer operação de débito).

Quadro n.º VIII.26 – Movimento Anual da Conta n.º 241889010001

Saldo Inicial 287.353

Créditos 10.087

Débitos 0

Saldo Final 297.440

(Em mil Meticais)

Fonte: Extratos Bancários - 2010

(18)

Dos 10.087 mil Meticais, de créditos, 8.987 mil Meticais (89,1%) respeitam a juros credores dos depósitos à ordem e os remanescentes 1.100 mil Meticais referem-se à amortização da dívida da empresa Fasol – Saborel, SARL, no âmbito do programa de ajuda em bens alimentares.

Refira-se que os juros credores supra mencionados foram registados, apenas, nos meses de Janeiro a Junho.

No que toca a este aspecto, no exercício do contraditório, o Governo afirmou ter ultrapassado a situação com o crédito, no dia 26/08/11, de 27.077 mil Meticais, correspondentes aos juros de Julho de 2010 a Julho de 2011.

O Governo fez este pronunciamento, sem, no entanto, esclarecer os motivos da não canalização dos juros gerados durante o segundo semestre de 2010, à conta bancária n.º 241889010001- MPF/USAID/TITLE I 2001.

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