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ANESTESIA DE URGÊNCIA NO PACIENTE COM ESTÔMAGO CHEIO

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Academic year: 2021

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ANESTESIA DE URGÊNCIA NO PACIENTE COM ESTÔMAGO CHEIO

Lucas de Medeiros Corbellini

Gilda Guerra Régis Borges Aquino

UNITERMOS

ANESTESIA; URGÊNCIA; ESTÔMAGO CHEIO.

KEYWORDS

ANESTHESIA; URGENCY; FULL STOMACH.

SUMÁRIO

O objetivo deste artigo de revisão é explorar os últimos aspectos da anestesia e das técnicas de proteção de via aérea no paciente que não consegue completar o tempo de jejum pré-operatório mínimo devido a uma situação de emergência, onde o risco de aspiração de conteúdo gástrico e suas repercussões podem agravar significativamente o prognóstico e a sobrevida.

SUMMARY

In this review article will be explored the latest aspects of anesthesia and airway protection techniques on patients who can’t complete the preoperative fasting period due to an emergency situation, where the risk of aspiration of gastric content and its repercussions may significantly worsen the prognosis and survival.

INTRODUÇÃO

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pH ácido, pode cursar com pneumonite química severa, levando a destruição do surfactante e da superfície alveolar, repercutindo em consequente hipoxemia progressiva e insuficiência respiratória.

Serão abordados a seguir, as principais técnicas e recursos empregados atualmente para garantir maior segurança e sucesso durante o procedimento anestésico, diminuindo potencialmente os riscos inerentes a este cenário.

PRÉ-ANESTESIA

Deve-se checar por drogas administradas previamente ao paciente. Possíveis interações podem orientar ao aumento ou redução de doses durante o procedimento. O estado volêmico também pode estar alterado e talvez demande ajustes e reposição com cristalóides ou solução fisiológica.4 Procede-se o exame cuidadoso da cavidade oral em busca de deformidades, corpos estranhos, e outros possíveis complicadores para a intubação. Outra ferramenta útil, quando disponível, é a ecografia abdominal para determinar a presença de grandes volumes de resíduos alimentares.4 Atualmente, não há consenso em relação ao posicionamento do paciente para prevenção de aspiração.

PREPARO DO ESTÔMAGO

Drogas pró-cinéticas, protetores de mucosa e anti-ácidos: Quando possível, devem ser aplicadas de rotina nestes pacientes, com o objetivo de acelerar o esvaziamento gástrico e diminuir o pH do seu conteúdo. Estas drogas em conjunto ajudam também na redução da emese durante a extubação.

Bloqueadores da Dopamina: Os principais representantes deste grupo são

a metoclopramida e a domperidona. A metoclopramida é a mais usada, em dose de 10mg EV, 15 minutos antes.1,2 Estes fármacos atuam estimulando o peristaltismo, reduzindo o risco de aspiração. A associação com bloqueadores H2 promove melhor proteção contra regurgitação.1,2

Bloqueadores de receptores H2: Agem reduzindo o pH por bloqueio da

secreção ácida e levam de 60 a 90 minutos para o início de ação. Cimetidina e ranitidina são exemplos desta classe, utilizados com frequência. A ranitidina é usada em dose de 150mg VO, 90 minutos antes do procedimento.1,2

Inibidores da bomba de prótons: Alternativa aos antagonistas H2, também

podem ser empregados na tentativa de reduzir a secreção de ácido, aumentada em situações de stress e trauma. Omeprazol, droga precursora de sua classe, é utilizada em dose de 40mg EV, 30 minutos pré-anestesia.1,2

Anti-ácidos: Seu uso é controverso, pois o volume necessário para a ação

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Passagem de sonda nasogástrica para esvaziamento: Deve ser utilizada de rotina e mantida, se possível, durante todo o procedimento. A drenagem a vácuo não garante esvaziamento completo, porém reduz substancialmente a quantidade de líquido e ar no estômago. Antes da anestesia de emergência deve ser realizada nova aspiração.1,2,3

Intubação esofágica: Útil em pacientes com sinais de obstrução intestinal, distensão abdominal e outros sinais de presença de grandes volumes estomacais. É realizada intubação proposital do esôfago sob visualização direta durante a laringoscopia, promovendo expulsão do conteúdo em recipiente adequado, prevenindo que volumes maciços adentrem a via aérea e aliviando a pressão intra-abdominal.

MANEJO DE VIAS AÉREAS

Pré-oxigenção: Esta etapa consiste em fornecer oxigênio em altas concentrações para garantir a saturação durante o período de apnéia. Idealmente preconizam-se 5 minutos de ventilação com oxigênio em alta concentração. É importante que se obtenha ventilação pulmonar eficiente, pois em situações de emergência o consumo de oxigênio está elevado. A ventilação com pressão positiva por máscara está contra-indicada pelo risco de distensão gástrica e migração do conteúdo para a traquéia. Está justificada apenas em caso de falha na intubação para corrigir eventual dessaturação.2,3

Manobra de Sellick: Manobra de Sellick ou pressão cricóide, consiste em uma força de aproximadamente 10 pounds (~4,5 kg) aplicada com a mão sobre a cartilagem cricóide, com o objetivo de comprimir e ocluir o esôfago do paciente, prevenindo o refluxo de conteúdo gástrico para a faringe durante a entubação. Deve ser mantida até o balonete estar completamente insuflado e ser confirmada a posição do tubo. É tentativa válida também em vias aéreas projetadas anteriormente ou presumidamente difíceis. Apesar de amplamente utilizada, estudos recentes questionam a validade deste método, argumentando não haver comprovação científica, além da possibilidade de acarretar lesões e outras complicações.2,4

DROGAS

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causadora de efeitos colaterais graves, como hipercalemia, bradicardia, reação anafilática e hipertermia maligna. Em casos de contra-indicação formal ao uso de succinilcolina, como em trauma raquimedular e doenças neuromusculares, o rocurônio é alternativa.3,4

Agentes indutores: Não existe droga de escolha, porém algumas apresentam vantagens em certas circunstâncias.

Tiopental: Barbitúrico de ação ultracurta, diminui o consumo de oxigênio

pelo cérebro e a pressão intracraniana, usualmente mantendo pressão de perfusão cerebral. Empregam-se doses de 3-5mg/kg em adultos e 5-8mg/kg em crianças, que devem ser reduzidas à metade na suspeita de hipovolemia. Principais efeitos colaterais incluem vasodilatação e depressão miocárdica, podendo levar a hipotensão severa.2,4

Propofol: Também pode ser utilizado, mas também promove hipotensão

pelos mesmos fatores que o tiopental. A indução é obtida com 1,5-2,5mg/kg EV, dose que deve ser diminuída em quadros hipovolêmicos.2,3

Etomidato: Este agente apresenta a melhor estabilidade cardiovascular,

boa alternativa em pacientes instáveis. Tem características semelhantes ao tiopental em relação ao metabolismo cerebral, sendo útil também em casos de pressão intracraniana elevada. Obtém-se indução satisfatória com níveis de 0,2-0,3mg/kg EV. Contraindicado na sepse por causar supressão adrenal.3,4

Analgésicos opióides: Essenciais para promoção de analgesia adequada, seu uso deve ser cauteloso devido a depressão cardiovascular em pacientes já comprometidos. Fentanil, alfentanil, sufentanil e remifentanil são exemplos de opióides modernos, com características farmacológicas individuais, escolhidos a critério do profissional.4,5

SEQUÊNCIA DE INTUBAÇÃO RÁPIDA

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cervical. Esta pressão só deve ser aliviada quando houver via aérea garantida e protegida. O paciente não deve ser extubado sem nova aspiração, estar acordado e apresentando reflexos protetores das vias aéreas.1,2,5

INTUBAÇÃO COM O PACIENTE ACORDADO

Com o intuito de preservar os reflexos laríngeos durante a obtenção de via aérea definitiva, pode-se optar por intubação com o paciente acordado, se este apresentar maior estabilidade cardiovascular e nível de consciência adequado. Este deve ser esclarecido sobre os passos do procedimento, que pode gerar desconforto. Após garantir monitorização adequada e acesso venoso, prossegue-se com sedação consciente, onde o paciente segue instruções simples, responde ao anestesista e ao ambiente. Promove a ansiólise e atenuação dos reflexos de via aérea. Há diversas opções de indução com drogas tradicionalmente utilizadas em anestesia geral, porém, em doses reduzidas. Dentre as opções, benzodiazepínicos como midazolam, EV, 1-3mg/kg e diazepam 0,1mg/kg com incrementos de 2,0-2,5mg a cada 2 a 4 minutos, oferecem adequada sedação. Opióides também podem ser utilizados, mas com cautela devido à depressão respiratória. O propofol é outra alternativa, entretanto, com infusão gradual para não desencadear apnéia. É necessário realizar anestesia local da orofaringe com spray de lidocaína 10%. O uso de atropina previamente para reduzir secreções nas vias aéreas é discutível devido a possíveis repercussões cardiovasculares. Procede-se então a intubação endotraqueal.2,4,5

SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO

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pulmonar, SARA e insuficiência respiratória. Corticóides não tem demonstrado utilidade em humanos.4,5

CONCLUSÃO

A migração de conteúdo gastrointestinal para a via aérea é uma das complicações mais temidas em anestesiologia, devido à alta incidência de desfechos graves, inclusive óbito por insuficiência ventilatória. Em procedimentos eletivos com jejum adequado, este risco é pequeno. Entretanto, nas situações de urgência e emergência, é mandatório que o profissional esteja consciente desta possibilidade, alerta e preparado para conduzir a anestesia da forma mais segura possível. Isto depende diretamente da experiência do anestesiologista, do domínio das técnicas de proteção de vias aéreas e do reconhecimento precoce de sinais de aspiração.

REFERÊNCIAS

1. Manica J. et al. Anestesiologia: princípios e técnicas. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2004. p. 1102-3. 2. Barash P, Cullen B, Stoelting R. Clinical anesthesia. 3ª ed. Philadelphia: Lippincot-Raven; 1997. p.

1174-5.

3. Dunn P, et al. Clinical Anesthesia procedures of the Massachussets General Hospital. 7th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2007.

4. Duke J. Segredos em anestesiologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Grupo A; 2009. p. 72-5; 287-9.

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