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ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PRÁTICAS RELIGIOSAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

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ANAIS DO SEMINÁRIO

INTERNACIONAL DE PRÁTICAS RELIGIOSAS NO MUNDO

CONTEMPORÂNEO

Laboratório de

Estudos sobre Religiões e Religiosidades (LERR)

Universidade Estadual de Londrina (UEL)

20 a 22 de setembro

2016

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In: Seminário Internacional de Práticas Religiosas No Mundo Contemporâneo (LERR/UEL), 4, 2016, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2016.

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TRÂNSITO RELIGIOSO E JUVENTUDE

Kaique Matheus Cardoso (UEL) 1

Resumo

Os fenômenos religiosos em meio a uma sociedade secularizada nos apresentam infindáveis problemáticas e questionamentos. O campo religioso brasileiro, sincrético por natureza, como afirma uma vasta literatura, é um terreno fértil para pesquisas e problematizações, inerentes aos estudos de ciências sociais e religião. Dentro deste espectro buscamos uma compreensão a respeito dos jovens em face ao trânsito religioso. Adentrar neste tema nos requer infindáveis correlações, entre elas a compreensão da modernidade, do papel das instituições religiosas, da família, e dos círculos sociais, onde o indivíduo constantemente molda sua conduta e identidade.

As mudanças propiciadas pelo contexto moderno, e possibilidades de trânsito religioso, aliadas a mobilidade religiosa surgem como uma interessante problemática, porém revestida de influências e mudanças de comportamento, perca ou busca por referências, entre outros diversos fatores. Buscaremos recortar esta investigação dentro da perspectiva dos jovens, pois estariam os mesmos atravessando um período crucial para a definição de novas filiações identitárias.

Palavras-chave: Religião, Modernidade, Juventudes, Trânsito Religioso

Introdução

Os jovens compreendem uma importante faixa da população brasileira. Faixa esta que ganha ainda mais expressividade e relevância quando organizada em grupos de interesses e afinidades. Organizados em agrupamentos que visam os mesmos interesses, os jovens propiciam e criam infindáveis grupos de semelhanças, possibilitando diferentes contextos analíticos. Nosso olhar se volta para grupos religiosos, que numa sociedade secularizada ainda possuem grande notoriedade, principalmente na demarcação de fronteiras de pertencimento, entre o “nós” e “eles”.

Historicamente na sociedade brasileira, os jovens representaram um grupo que participou ativamente de mudanças sociais. Fatos estes que também acarretam em novos comportamentos e formas de sociabilidade. Podemos compreender os jovens como pioneiros em alguns contextos políticos de fortalecimento da identidade e estruturação do país. Sendo eles os percussores da Semana de Arte Moderna, Movimento Tenentista e Movimento Político-Partidário, todos iniciados no ano de 1922 (Sofiatti, 2011).

Outro importante contexto de inserção da juventude se dá no período militar, onde reunidos em grupos articulavam ações contra a ditadura, os movimentos religiosos, neste contexto, também são peças chaves. A juventude católica popular que se organizava em

1 Graduado em Ciências Sociais – Bacharelado, pela Universidade Federal de Goiás, e mestrando pelo Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina.

E-mail: cardosokm@gmail.com

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In: Seminário Internacional de Práticas Religiosas No Mundo Contemporâneo (LERR/UEL), 4, 2016, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2016.

87 grupos como JOC (Juventude Operária Católica), JUC (Juventude Universitária Católica) e AC (Ação Católica), agiam diretamente ligadas a movimentos sindicais contra o regime.

A partir dos anos 90, novos grupos urbanos de jovens surgem articulados no cenário brasileiro. Movimentos urbanos como o hip hop e a militância de pastorais juvenis ganharam destaque. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o período compreendido como juventude se estende dos 15 aos 24 anos, constituindo esta uma fase de transição. Esta transição consiste no período de tempo em que supostamente o jovem já concluiu o ensino básico e se inseriu no mercado de trabalho2. Inseridos em diversos meios sociais, como o familiar, profissional, educacional e religioso, os jovens passam por constantes adaptações e exposições a sistemas de valores diferentes.

O conceito de juventude quando trabalhado com uma literatura social possui um amplo leque de discussões e definições. Esta categoria é de suma importância para a formação da sociedade, pois possibilita um reflexo dela mesma, ou seja, ela gera jovens de acordo com sua própria imagem (SOFIATI, 2004). Desta forma é necessário compreender estes jovens em suas mais variadas formas e inserções, para que consequentemente haja uma compreensão da própria realidade social.

A juventude trata-se de uma categoria social usada para classificar indivíduos, normatizar comportamentos, definir direitos e deveres. É uma categoria que opera tanto no âmbito do imaginário social, quanto dos elementos “estruturante” das redes de sociabilidade. De modo análogo à estruturação da sociedade em classes, a modernização também criou grupos etários homogêneos, categorias etárias que orientam o comportamento social, entre elas, a juventude. (GROOPO, 2000, p. 11).

Esta juventude que está imersa nos processos de modernização é também resultado da condição social moderna. As múltiplas facetas da juventude possibilita a promoção e presença à frente de manifestações coletivas de fé e crença, independente da expressão religiosa. Considerada uma categoria social por Luís Antônio Groppo (2000), os jovens são atravessados por contínuas relações de poder, seja na escola, no trabalho, na família, nos grupos de amigos, dentro dos grupos religiosos e entre outros meios.

Metodologia

2 Informações obtidas no link:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/populacao_jovem_brasil/comentario2.pdf

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In: Seminário Internacional de Práticas Religiosas No Mundo Contemporâneo (LERR/UEL), 4, 2016, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2016.

88 Buscaremos seguir uma metodologia que se enquadre na perspectiva fenomenológica-hermenêutica ou qualitativa, pressuposto que diferencia o método das Ciências Sociais e Humanas do método das Ciências Naturais. Na perspectiva deste campo de abordagem metodológica, o propósito da pesquisa é o da compreensão, que pode atingir diferentes níveis de complexidade. De modo geral, neste método de investigação científica são abordados dois níveis: o da compreensão direta, apreensão imediata da ação humana sem qualquer dedução consciente sobre a mesma, e a do entendimento interpretativo, compreensão da natureza da atividade e do significado que o ator atribui às suas próprias ações.

Na visão de Oliveira (2002), a pesquisa qualitativa é essencialmente descritiva, de forma que os pesquisadores procuram analisar seus dados indutivamente, tomando por focos principais de abordagem o processo e seu significado. Este tipo de pesquisa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito que não pode ser traduzido em números.

O método de pesquisa faz do pesquisador o principal instrumento para a obtenção dos dados, o ambiente natural é tomado como fonte direta para a coleta de dados. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.

Captar a história de vida dos indivíduos constituindo diferentes narrativas será uma das formas de captação de conteúdo, para posterior análise. A articulação de ideias para refletir sobre si mesmo em um tempo e espaço definido é uma interessante forma de estimular e incentivar o indivíduo a repensar sua própria trajetória e, consequentemente, as mudanças que ocorreram ao logo dos anos.

Através das narrativas de sua vida, o indivíduo se preenche de si mesmo, se obrigando a organizar de modo coerente as lembranças desorganizadas e suas percepções imediatas: esta reflexão do si faz emergir em sua narração todos os microeventos que pontuam a vida cotidiana, do mesmo modo que as durações, provavelmente comuns aos grupos sociais, mas que dentro da experiência individual contribuem para a construção social da realidade (SPINDOLA; SANTOS, 2003, p. 22).

Assim, a técnica de pesquisa recorrerá à entrevista, que poderá ser delimitada em algumas temáticas, ou conduzidas de forma indireta ao tema esperado. Todas as entrevistas serão gravadas e transcritas, possibilitando uma maior articulação para a sua realização e organização. O universo de investigação será em Londrina/PR. O objetivo é criar uma rede de sociabilidade visando encontrar jovens que tenham passado ou estejam passando por este processo.

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89 Desenvolvimento

Presenciamos um constante fenômeno que pode ser compreendido pelas ciências sociais e áreas afins, como trânsito religioso. Analisamos tal fenômeno enquanto uma série de fluxos, de diferentes pontos de origens e de destino, abrangendo religiões e religiosidades, e com infinidades de combinações. A mobilidade religiosa que é inerente ao trânsito religioso, apresenta problemáticas urbanas, sociais, afetivas, psicológicas, entre outros aspectos.

Este contexto é intensificado pela grande oferta de denominações religiosas, sejam elas institucionalizadas ou não. Almeida & Monteiro (2012) e Marinucci (2011) problematizam a religião, e a enquadram enquanto um produto a ser consumido, porém tal consumo se dá de acordo com as realidades imediatas de cada indivíduo, sejam elas físicas, psicológicas, sociais, financeiras ou mesmo afetivas.

Para Evangelista & Meandro (2011) o trânsito religioso equivale a mobilidade religiosa, à medida em que a mudança representa uma nova adequação a características de um novo grupo. A filiação a tal grupo equivale ao próprio desejo do indivíduo em compartilhar de um mesmo conjunto de bens, posturas, e valores perante a vida. Originalmente a convivência diária é cercada por diferentes grupos sociais, desta forma as características, perspectivas e até mesmo comportamento de tais grupos, formam no sujeito uma necessidade de pertencimento ou mesmo uma rejeição. Deste modo efetivando as possíveis adesões, ou não, a diferentes grupos sociais.

Tal fenômeno também é compreendido através da perspectiva de um duplo movimento, onde há um intenso fluxo de pessoas por diversos agrupamentos religiosos, sejam eles institucionalizados, ou não, e também pela mudança das práticas dentro das próprias religiões. Sendo assim Almeida & Monteiro (2011) abordam a temática partindo de uma perspectiva de diferenças e similaridades, entre as diferentes expressões religiosas.

O papel das instituições religiosas, das mais tradicionais às New Age, vêm sendo redefinido de acordo com as necessidades de seus fiéis, e também de direcionamentos específicos. Algumas denominações, ou agrupamentos, buscam cada vez mais se afastar do

“mundo” e do processo de modernização, enquanto outras utilizam justamente a maior pertença e inserção para se perpetuarem e conquistarem seus fiéis. A religião enquanto um produto disponível para consumo provoca este duplo movimento economicamente típico, onde a oferta e demanda acabam sendo cruciais para instaurar qualquer relação/fé.

A inserção do indivíduo em sociedade automaticamente reflete em uma imposição

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90 cultural por meio do ambiente no qual se está inserido, seja o idioma, as vestimentas, e uma infinidade de aspectos que serão base para uma definição identitária. Os bens simbólicos que exercem algum tipo de influência, faz com que o indivíduo se aproxime de determinados conjuntos e agrupamentos, podendo desta forma aproximar ou distanciar o indivíduo de diferentes crenças, práticas e pertenças religiosas.

Os processos de reconfiguração religiosa são os mais diversos, pois o jovem consegue num curto período conhecer e transitar entre diferentes denominações religiosas e religiosidades. A adesão a determinado meio religioso não é simplesmente uma questão de eficácia simbólica. As trajetórias religiosas dos jovens são perpassadas por conflitos, rupturas e inserções que, por vezes, consistem mais no plano prático de sua reconfiguração religiosa. O trânsito religioso é intenso, as trocas de denominações e segmentos religiosos são frequentes, pois as motivações para estar em determinado lugar se modificam e, com a mudança de interesses, há uma mudança de localidade.

O sincretismo religioso no Brasil é estruturante das expressões religiosas, nota- se até mesmo nas denominações mais tradicionais como o Catolicismo, que vem absorvendo algumas fórmulas de sucesso através da Renovação Carismática e como consequência segurando um segmento dos seus fiéis que opta para um fluxo em direção ao pentecostalismo.

Este sincretismo faz com que as Igrejas se estruturem constantemente, seguindo as fórmulas e organizações de outras denominações que conquistam maior sucesso.

A modernidade tem o poder de desvincular laços, fragmentar relações instituídas e também de reconfigurar a identidade religiosa dos indivíduos e da própria instituição a qual ele pertence, é possível crer sem pertencer a nenhum segmento ou instituição religiosa. Pode- se compreender a modernidade do ocidente como um intenso processo de individualização, onde cada qual, de forma racional, passa a fazer suas escolhas, porém, recorrendo ao campo simbólico no qual se está imerso (Hervieu-Léger, 2015).

Os processos de adesão religiosa não são distantes de outras apropriações que os jovens possuem, sejam roupas, vocabulários e performances. A religião, que segundo Hervieu-Léger (2015) não é mais herdada, e sim escolhida em meio a um conjunto de bens simbólicos, que estão em sintonia com as necessidades dos jovens, acaba associando-se ao senso de sua trajetória individual. Tal vinculação, entre bens simbólicos e necessidades imediatas, pode propiciar uma maior mudança de vínculo religioso entre os jovens.

Dentro desta perspectiva de escolha racional da religião, o trânsito religioso também é uma busca para suprir problemáticas momentâneas dos indivíduos. Deste modo o

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91 sujeito que se insere, ou já está inserido historicamente acaba realizando uma filtragem daquilo que lhe é conveniente e adequado. Novamente ele recai no preenchimento de necessidades básicas e momentâneas, tendo acesso a um mercado de bens simbólicos, porém que na prática proporcionarão infindáveis diferenças.

A crise na transmissão da religião expõe o fato de uma mudança cultural contínua que resulta em uma modificações constantes nas sociedades, inclusive naquelas regidas pela tradição (Hervieu-Léger, 2007). A dinâmica cultural resulta na construção de trajetórias que são dispersas e fragmentadas, não seguindo necessariamente uma linha religiosa imposta ou herdada da família.

Compreender os processos que levam os jovens a mudarem ou se inserirem em determinada religião, faz com que se possa analisar o trânsito religioso numa ampla perspectiva. O jovem enquanto uma categoria que compreende um período de rupturas, e experimentações, constantemente passa por uma consolidação da sua identidade pessoal, sendo ele ainda passível de apenas reproduzir os preceitos familiares.

No processo de constituição de sua identidade pessoal, associada à sua formação escolar e à sua vivência cotidiana em diversos meios, abrem-se possibilidades de trânsito religioso que podem responder a certas necessidades destes jovens. As trajetórias que são marcadas por recortes, rupturas e inserções, tanto no âmbito religioso, quanto em outras esferas, é o que proporciona singularidade a cada indivíduo.

A passagem de uma expressão religiosa para outra tem sido cada vez mais precoce na vida dos indivíduos. O mercado de oferta de bens religiosos é amplo, possibilitando um maior espectro de expressões religiosas e filiações. Existe uma racionalização do sagrado no mundo moderno e a transformação das crenças em mercadorias a serem consumidas pelos adeptos.

A compreensão da identidade, e principalmente da forma como ela é

constituída, é de extrema relevância, em vista das múltiplas pertenças e filiações as quais o sujeito está imerso. Compreender o sujeito e os grupos aos quais ele pertence evidencia uma problemática da própria identidade social que

... pode ser definida como a compreensão de seu próprio pertencimento a determinados grupos sociais, pertencimento esse ao qual atribui um significado emocional e de valor. Se existem grupos sociais com os quais o indivíduo se compara, se identificando ou se diferenciando, a noção de identidade surgirá da articulação entre o “igual” (entendido de forma estendida, dentro dos limites da compatibilidade) e o diferente. (Evangelista

& Meandro, 2011 p. 193)

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In: Seminário Internacional de Práticas Religiosas No Mundo Contemporâneo (LERR/UEL), 4, 2016, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2016.

92 Desta forma os grupos nos quais o indivíduo está inserido, darão suporte para a construção ou alteração da identidade, limitando, ou expandido sua inserção nos diferentes meios sociais. Pertencer a certo grupo corresponde a uma identificação, porém os fatores que levam a tal identificação ou mesmo necessidade de reafirmação, podem percorrer um longo trajeto, não sendo o trânsito religioso resultado de forças místicas, mas também abrangendo problemas e soluções práticas do cotidiano.

A vida conjugal, familiar, profissional, política e financeira, também possuem importante peso na mobilidade religiosa. Através de um levantamento qualitativo com 20 indivíduos, Evangelista & Meandro (2011), demonstraram que aspectos que envolvem a praticidade de locomoção até a igreja, a vida matrimonial, simpatia ou empatia com o líder religioso, as músicas, a identificação com a comunidade, e a inserção de amigos na religião, possuem extrema relevância no contexto da mobilidade religiosa.

Realizando a pesquisa com casais, (Evangelista & Meandro, 2011) os autores ainda ressaltaram a importância da vida conjugal, e influência que o matrimônio exerce sobre o trânsito religioso, até mesmo para que houvesse compatibilidade entre o casal. A facilidade em participar de um grupo social, ao qual amigos e pessoas próximas já compartilham os valores, não sendo indivíduo “externo” ou incompatível com os mais próximos.

A conduta moral é alterada, facilitando ou dificultando a permanência em diferentes ciclos sociais ao qual o sujeito constantemente está inserido. “A razão disso é que muitas vezes a conversão não tem a ver com a busca de uma ideologia, e sim com a adequação do próprio comportamento religioso com o de amigos e familiares”

(MURINUCCI, 2011, p. 105)

Insatisfação com o próprio comportamento, problemas financeiros, doenças graves, ou mesmo busca por um maior “avivamento”, também são características presentes, principalmente no trânsito religioso de pessoas evangélicas, protestantes, adventistas, e pentecostais. A mobilidade religiosa nos evidencia um fenômeno social com dinâmica própria, onde o sujeito e suas subjetividades estão constantemente em exposição. A modernidade e constante fluxo de informação acentuam tais efeitos, porém ela, a modernidade, não anula ou diminui o interesse ou fascínio dos indivíduos pelo aspecto religioso (Pitta & Fernandes, 2006)

A associação do trânsito religioso, mobilidade religiosa e até mesmo geográfica é desencadeada por diferentes fatores. Marinucci (2011) ressalta que o trânsito religioso num

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In: Seminário Internacional de Práticas Religiosas No Mundo Contemporâneo (LERR/UEL), 4, 2016, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2016.

93 contexto migratório se dá devido a necessidade da reconstrução de alguns laços, ou mesmo de uma sensação de pertencimento a qualquer comunidade. A necessidade de se integrar a uma rede de valores, ou mesmo se sentir pertencente a certo grupo, como ressalta Evangelista &

Meandro (2011), são aspectos fundamentais para a consolidação de um migrante, ou mesmo de um indivíduo que não compartilha mais de valores que seus grupos perpetuam. Seguindo ele em direção a um novo grupo, e consequentemente conjuntos de valores.

Pertencer a um grupo religioso é pertencer a um grupo identitário, pois constantemente haverá uma convergência de interesses e posicionamentos entre os indivíduos.

A mobilidade religiosa cada vez mais fragmentada e com diferentes motivações, reforça a fragilidade das religiões herdadas, e mantidas durante toda a vida. Desta forma reforça o ideal de um mercado de bens religiosos, onde a cada momento e dependendo da necessidade, o indivíduo poderá mudar sua filiação religiosa.

Considerações Finais

O trânsito religioso implica diferentes temáticas pertinente às ciências sociais, a religião, a modernidade e juventude, desdobrando-se em importantes objetos a serem compreendidos analiticamente, e em conjunto. Compreender tais fenômenos, dentro de uma perspectiva das ciências sociais nos trarão desafios, teóricos e metodológicos.

O comportamento dos jovens, a influência familiar, e a possível capacidade de escolhas racionais, aproxima nossa temática à problemática de construção identitária dos indivíduos. Buscaremos nos momentos subsequentes, captar diferentes narrativas e trajetórias de jovens, visando um acúmulo de material, e posterior análise biográfica de diferentes indivíduos.

Compreender o fenômeno do trânsito religioso, dentro da perspectiva da juventude, irá revelar uma série de fluxos, influências e também compreensões dos jovens a respeito da própria juventude, e também dos fenômenos religiosos. Desta forma, evidenciando um conjunto de relações e problemáticas que são cotidianas e devem ser problematizadas pelas ciências sociais.

Referências Bibliográficas

ALMEIRA, R. & MONTEIRO, P. Trânsito Religioso no Brasil. São Paulo em Perspectiva

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In: Seminário Internacional de Práticas Religiosas No Mundo Contemporâneo (LERR/UEL), 4, 2016, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2016.

94 15(3) p. 92-101, 2001

EVANGELISTA, M. R. & MENANDRO, P. R. M. Trânsito religioso e construções identitárias: mobilidade social de evangélicos neopentecostais. Psico-USF, v. 16, n.2, p. 193- 202, 2011.

GROPPO, L. A. Juventude e Modernidade. 1. ed, São Paulo: Editora Difel, 2000

HERVIEU-LÉGER, D. O peregrino e o convertido: a religião em movimento. 2. ed.

Petrópolis/RJ: Vozes, 2015

MARINUCCI, R. Reconfiguração da identidade religiosa em contexto migratório. Estudos de Religião, v. 25 n. 41, p. 97-118, 2011

OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Editora Pioneira Thompson Learning, 2002.

SOFIATI, F. M. Religião e juventude: os novos carismáticos. 1. ed, São Paulo: FAPESP, 2011.

PITTA, M & FERNANDES, S. R. A: Perfil da mudança religiosa no Brasil. In FERNANDES, S. R. A: Mudança de Religião no Brasil – Desvendando sentidos e motivações. 2006

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In: Seminário Internacional de Práticas Religiosas No Mundo Contemporâneo (LERR/UEL), 4, 2016, Londrina. Anais... Londrina: UEL, 2016.

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