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Rev. Bras. Reumatol. vol.49 número2

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Academic year: 2018

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EDITORIAL

85

Rev Bras Reumatol 2009;49(2):85-8

O

s autoanticorpos representam marcadores

soro-lógicos das doenças autoimunes e a sua detecção

e quantiicação tem se tornado um instrumento

laboratorial de grande utilidade diagnóstica e para a condução de pacientes com doenças reumáticas. Con-siderando sua relevância clínica, alguns dos achados imunoló-gicos laboratoriais foram incluídos nos critérios estabelecidos

internacionalmente para a classiicação diagnóstica de muitas das doenças autoimunes sistêmicas e órgão-especíicas.

desde a descrição do fenômeno das células LE por Har-graves em 1948 em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico

(LES)1 associado à presença de autoanticorpos especíicos para

o complexo dNA/histona, houve uma marcante evolução das metodologias laboratoriais com aumento de sua sensibilidade

e especiicidade. De fato, desde a introdução da técnica de imunoluorescência indireta (IFI), empregando cortes de tecidos

animais (imprint de fígado de camundongo) ou, posteriormente,

de linhagens celulares humanas, o reinamento progressivo nas técnicas de puriicação de autoantígenos tem permitido o esta -belecimento de metodologias ainda mais sensíveis para o

deli-neamento do peril dos autoanticorpos e que incluem ELISA, immunoblotting, plataforma multiplex, além de proteômica.

No entanto, a experiência de diferentes centros laboratoriais tem mostrado que a IFI em células HEp-2 é o teste padrão-ouro na triagem de autoanticorpos ou fatores antinucleares (FAN) nas conectivopatias, exibindo sensibilidade aumentada em relação aos cortes teciduais.

A introdução de linhagens celulares tumorais humanas como as células HEp-2 de carcinoma de laringe em substi-tuição ao tecido hepático de murinos possibilitou evidenciar um aumento no espectro de reatividade dos autoanticorpos nas conectivopatias. Além do já reconhecido aumento da sensibilidade do teste, o emprego de preparações de células isoladas exibindo vários estágios do ciclo celular apresenta as seguintes vantagens sobre o uso de cortes histológicos de

fígado animal: 1. apresentação de autoantígenos humanos

não presentes em tecidos de roedores (por exemplo, proteína

Ro/SS-A); 2. visualização de novos padrões morfológicos de

imunoluorescência, tais como os citoplasmáticos (citoesque -leto, mitocondriais, ribossomais e aparelho de Golgi) e aqueles evidenciados somente nas células em divisão (centroméricos, fuso mitótico, centriolar); 3. caracterização de subtipos de padrões (por exemplo, nucleolar homogêneo, aglomerado

e pontilhado); 4. observação do dinamismo topográico de

alguns antígenos durante o ciclo celular; 5. possibilidade da

manipulação dessas células por técnicas de engenharia genética para proporcionar substratos especiais com aumento seletivo da expressão de um determinado autoantígeno.

A pluralidade de padrões de imunoluorescência com mais

de 30 já descritos exigiu a necessidade de se estabelecer uma estandardização na nomenclatura quando da emissão de laudos

de FAN. Nesse sentido, em 2001 foi publicado o I Consenso

Nacional para a Padronização dos Laudos de FAN em Célu-las HEp-2 que iniciou a uniformização da nomenclatura dos

padrões de imunoluorescência até então divergente entre os

diversos centros que realizam esse exame no Brasil. Além

disso, esse primeiro Consenso introduziu critérios topográicos

e morfológicos a serem devidamente observados quando da leitura do teste e delineou algoritmos de decisão para emissão do laudo dos padrões nucleares, nucleolares, citoplasmáticos e do aparelho mitótico. Além disso, estabeleceu a padronização metodológica, principalmente quanto às diluições de triagem

do soro e de sua titulação inal.2 Já o II Consenso Brasileiro de

Fator Antinuclear em Células HEp-2 ratiicou os algoritmos de decisão para a leitura dos padrões de imunoluorescência

nucleares, nucleolares, citoplasmáticos, aparelho mitótico e

adicionou um novo relacionado à descrição de padrões mistos.3

Outra contribuição substancial do II Consenso foi na

denomi-nação dos laudos dos padrões citoplasmáticos que passaram

a ser considerados como FAN positivos.

O aumento da sensibilidade e do repertório antigênico permitiu ampliar as potencialidades da IFI em células HEp-2 em patologias de outras especialidades médicas como a Gastro-enterologia, dermatologia, Neurologia e Hematologia. Nesse

Fator antinuclear: do valor diagnóstico ao

valor preditivo de doenças autoimunes

Endereço para correspondência: Vilma dos Santos Trindade Viana. Av. Dr. Arnaldo, 455, 3º andar, sala 3143, São Paulo-SP, Cep: 01246-903 – Brasil Tel/Fax: (11) 30617498. E-mail: visatv@usp.br

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sentido, o trabalho de Laurino et al., publicado nesta edição

da Revista Brasileira de Reumatologia, relata a experiência da aplicação desses dois consensos em um hospital univer-sitário brasileiro na qual foram analisados 12.095 testes de FAN no período de quatro anos antes e após a implantação do I e II Consensos. Esse estudo evidenciou que houve uma maior frequência de resultados positivos após a implantação dos consensos provavelmente devido à introdução de novos padrões nos laudos descritivos do FAN, como o citoplasmático e aqueles evidenciados somente durante a divisão celular. Além disso, os dados ilustrados no trabalho revelaram um aumento das solicitações de FAN em outras especialidades clínicas tais como a dermatologia, Gastroenterologia e Hematologia que podem ter sido contempladas com a adoção dos laudos de FAN mais abrangentes.

A motivação para a realização do 3º Consenso Brasileiro

para Pesquisa de autoanticorpos em células HEp-2 foi discutir estratégias para uma melhor padronização da técnica de IFI, estabelecer critérios de controle de qualidade, além de

ade-quar a terminologia de classiicação dos padrões, bem como

explorar e promover atualização de suas associações clínicas

em constante progressão. O artigo de dellavance et al.,

publi-cado nesta edição da Revista Brasileira de Reumatologia, faz

a divulgação ampla, completa e didática desse conhecimento

para a comunidade médica-cientíica brasileira que relete a

vigorosa atividade de pesquisa na área dos autoanticorpos. dentro desse louvável contexto de mobilização quanto a promover a otimização progressiva do ensaio do FAN, deve-se considerar a importância da reatividade detectada na popu-lação de indivíduos normais como controle. Nesse aspecto, embora o valor prático da presença de autorreatividade tenha sido compreendido em algumas situações clínicas, ele tem sido subestimado na população de indivíduos aparentemente saudáveis. No entanto, cada vez mais a literatura tem fornecido evidências da presença de autorreatividade precedendo em anos o surgimento de manifestações clínicas associadas às doenças autoimunes, atribuindo-se assim uma nova perspectiva do valor

preditivo dos autoanticorpos.4-6

Vilma dos Santos Trindade Viana

Cleonice Bueno

Jozélio Freire de Carvalho Disciplina de Reumatologia da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo

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REFERÊNCIAS

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