LIMA, Marciana K.1 - UNILA LAMBRECHT, Eliakim O.2 - UNILA SILVA, Lucas M. F.3 - UNILA SANTIAGO, Kellen F.4 - UNILA Grupo de Trabalho - Educação e Meio Ambiente Agência Financiadora: CAPES; PIBID; ITAIPU Binacional
Resumo
O projeto “Pensando em Saúde: qual o destino do lixo do meu bairro?” surgiu como uma iniciativa visando à conscientização ambiental dos discentes e comunidade. O projeto tem como objetivo trabalhar a questão do lixo em seus mais variados aspectos, uma vez que essa questão tem sido uma problemática relevante, principalmente quando se fala das consequências do destino inapropriado do lixo. Tal atividade está sendo desenvolvida pelos alunos do curso de licenciatura em Ciências da Natureza, através do PIBID (Programa Institucional de Iniciação a Docência), que tem como principio desenvolver projetos e ações que possibilitem um saber inovador e transformador para toda a comunidade escolar. Assim, o projeto visa buscar através de atividades diferenciadas envolver as disciplinas de Física, Química e Biologia, além de auxiliar a comunidade um aprendizado significativo voltado às questões do meio ambiente, em especial o lixo que produzimos, e assim, promover uma melhor qualidade de vida. As atividades aqui relatadas foram realizadas no Colégio Estadual Gustavo Dobrandino da Silva, com alunos do ensino fundamental séries finais (6º ao 9º ano), promovendo a mudança de atitudes por meio do conhecimento, de modo a informar e a formar nos alunos uma consciência reflexiva sobre esta questão. As práticas e exercício da educação ambiental só passaram a ser possível a partir da ótica da interdisciplinaridade, que pretende ser uma noção integradora no que tange as dinâmicas ligadas ao meio natural e
1 Graduando em Licenciatura em Ciências da Natureza: Universidade Federal da Integração Latino-Americana
(UNILA). Bolsista da CAPES/PIBID no projeto “Pensando em Saúde: Qual o destino do lixo do meu bairro?”-Brasil. E-mail: marciana.lima@unila.edu.br.
2 Graduando em Licenciatura em Ciências da Natureza: Universidade Federal da Integração Latino-Americana
(UNILA). Bolsista da CAPES/PIBID no projeto “Pensando em Saúde: Qual o destino do lixo do meu bairro?”- Brasil. E-mail: eliakim.lambrecht@aluno.unila.edu.br.
3 Graduando em Licenciatura em Ciências da Natureza: Universidade Federal da Integração Latino-Americana
(UNILA). Bolsista da CAPES/PIBID no projeto “Pensando em Saúde: Qual o destino do lixo do meu bairro?”- Brasil. E-mail: Lucas.silva@aluno.unila.edu.br.
4 Graduando em Licenciatura em Ciências da Natureza: Universidade Federal da Integração Latino-Americana
(UNILA). Voluntária da CAPES/PIBID no projeto “Pensando em Saúde: Qual o destino do lixo do meu bairro?”- Brasil. E-mail: kellen.santiago@aluno.unila.edu.br.
social. A partir das atividades realizadas, pôde-se notar que há necessidade de buscar novos mecanismos e metodologias de ensino para a educação ambiental de modo a envolver os discentes, formando cidadãos críticos capazes de mudar a realidade em que vive.
Palavras-chave: Educação Ambiental. Interdisciplinaridade. PIBID.
Introdução
Nas últimas décadas houve uma maior preocupação do governo brasileiro quanto ao destino do lixo. Com isso, utilizou-se de mecanismos tais como campanhas de coleta seletiva e separação de lixo, além de instaurar leis mais rígidas quanto à má destinação dos resíduos. Um exemplo disso é a lei que dá prazo final a existência de lixões a céu aberto no país, pois de acordo com essa lei, 2014 é o último ano para que todos os municípios brasileiros se regulamentem quando da destinação correta de lixo.
As Políticas Públicas Educacionais também passaram a contribuir com o planeta através de leis nas quais as práticas sustentáveis ganham destaque. Um assunto importante que tem ganhado destaque e que é muito discutido é a questão Socioambiental. A busca por um mundo mais sustentável, onde haja uma “pegada ecológica”, no qual as pessoas se conscientizem quanto aos impactos ambientais que causam no planeta e que saibam reduzir esses impactos de forma sustentável é de extrema importância para a vida em um planeta mais limpo e mais saudável, onde possa haver qualidade de vida em abundância.
O hábito de Reciclar, Reutilizar e Reduzir é atualmente, muito comentado e contribui no sentido de minimizar os impactos ambientais causados pela extração de matérias-primas nas mais diversas regiões do planeta, para a fabricação de novos produtos.
Segundo Guimarães (1995, p. 15):
A separação entre ser humano e natureza reflete-se em toda produção humana, em particular no conhecimento produzido por esse modelo de sociedade. A fragmentação do saber, representado pelas especializações do conhecimento, aprofundou a compreensão das partes. Contudo, o ambiente é também uma unidade que precisa ser compreendida inteira.
Todas as atividades desenvolvidas até então no projeto, buscaram esse “olhar para o lixo”, no qual visa analisar as atitudes que cada um possuí quanto a essa questão e conscientizar alunos, acadêmicos e comunidade a respeito da importância de se adquirir práticas sustentáveis com a finalidade de melhorar a qualidade de vida do planeta Terra e das pessoas que nele habitam.
Referencial teórico
A educação ambiental tem sido abordada de forma diferenciada por diversos autores e referenciais teóricos que reconhecem na educação ambiental, uma possibilidade de proporcionar uma melhoria na qualidade de vida a partir de ações educativas transdisciplinares e interdisciplinares que promovam mudanças nas relações entre o homem e o meio socioambiental.
Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola se destaca como espaço privilegiado na implementação de atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades diferenciadas, com ações orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança dos alunos, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental. (DIAS, 1992, p. 27).
Nesse intuito, o projeto “Pensando em Saúde: qual o destino do lixo do meu bairro?” surgiu como uma iniciativa visando à conscientização ambiental dos discentes e comunidade. O projeto tem como objetivo trabalhar a questão do lixo em seus mais variados aspectos, uma vez que essa questão tem sido uma problemática relevante, principalmente quando se fala das consequências da destinação incorreta do lixo.
A construção de uma visão socioambiental implica a formação de um conhecimento interdisciplinar, conforme destacado por Leff (2001, p. 145):
O saber ambiental problematiza o conhecimento fragmentado em disciplinas e a administração setorial do desenvolvimento, para constituir um campo de conhecimentos teóricos e práticos orientado para a re-articulação das relações sociedade-natureza.
É notável a relação entre a prática da educação ambiental e o exercício da cidadania enquanto convívio social, onde o homem é inserido como ator e não apenas espectador passivo frente às crises ambientais pertinentes. Busca-se colocar como eixo do processo de formação dos educadores nos cursos de licenciatura, a formação de um profissional holístico, que permita ao indivíduo compreender os problemas e se realizar participando ativamente das discussões e intervindo socialmente na busca de uma nova ética humana em suas relações sociais e com a natureza.
Metodologias
O projeto “Pensando em Saúde: qual o destino do lixo do meu bairro?” iniciou suas atividades no mês de Agosto de 2012, por meio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) que é incentivado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com reuniões gerais, que contaram com a participação dos bolsistas, dos voluntários, dos professores coordenadores de cada subprojeto, da coordenadora do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza e da coordenadora institucional do projeto. A partir dessas reuniões semanais, que se seguiram até o fim do primeiro semestre, foi pré-estabelecido um cronograma de atividades para os primeiros meses de projeto.
No primeiro mês foram realizados seminários para o aprofundamento teórico do tema em questão, o lixo, este dividido em tópicos propostos pelos próprios bolsistas e voluntários: origem do lixo e consumismo; tipos de lixo e seus riscos; destinação dos resíduos, coleta e reaproveitamento; ciclo de vida dos produtos e compostagem; legislação e situação de Foz do Iguaçu; croqui, escola e comunidade. A partir destes seminários, foram confeccionados cartazes, brinquedos, mapas conceituais e vídeos, de forma a sistematizar essas informações para auxiliar no trabalho com os alunos e com a comunidade.
A partir destas informações e com o objetivo de verificar o quanto de lixo orgânico e não orgânico produzimos, foi realizada uma atividade com os próprios bolsistas e voluntários, na qual cada um fez um levantamento da quantidade de lixo que eles mesmos produziam em média por dia.
Para aprofundar o tema, foi realizada uma visita técnica à indústria de reciclagem Costa Oeste Reciclagem, localizada no município de Santa Terezinha de Itaipu – PR, na qual se pôde observar como ocorre o processo de reciclagem do polietileno e o trabalho de valorização dos coletores destes materiais, com uma abordagem empresarial que visa à reciclagem de ideias e pré-conceitos.
Durante as reuniões que se sucederam foram elaboradas propostas para o contato com a escola, a apresentação inicial, oficinas e outras atividades para conhecimento da instituição selecionada, o Colégio Estadual Gustavo Dobrandino da Silva, onde será desenvolvido o projeto.
O trabalho na escola iniciou-se com uma visita durante o intervalo, conversando com alguns alunos, professores e funcionários, observando a situação do Colégio e seus entornos.
Neste mesmo dia foi realizada uma reunião, com os professores e coordenadores, no intuito de apresentar o projeto.
A seguinte etapa constituiu em um período de observação das aulas, acompanhando os professores de ciências da instituição, sem influenciar na aula. O foco foi observar o comportamento dos alunos e dos professores em sala de aula, suas metodologias e suas abordagens dos temas trabalhados.
Após as observações foram realizadas visitas domiciliares nas casas de alunos previamente selecionados pelos professores do colégio, a fim de entender um pouco mais da realidade do aluno e da comunidade.
Foi organizado no dia 02 de Dezembro de 2012, um mutirão para limpeza de um terreno ao lado da escola, com a intenção de transformar a área em um lugar agradável e sem presença de lixo, contando com a presença de alguns alunos e moradores do bairro, realizando atividade de corte de grama, recolhimento de lixo e plantação de algumas espécies de árvores.
Durante as ultimas semanas de aula foram desenvolvidas algumas atividades no colégio, uma delas a “foto historia”, na qual os alunos contribuíram trazendo uma foto do que lhes parecia mais belo e mais feio no bairro, com a finalidade de analisar a percepção dos alunos em relação ao que está ao seu redor.
Para encerrar, a última atividade realizada no ano de 2012 foi à oficina “Brincando de reciclar”. Nela, os alunos do Colégio, com o apoio dos membros do projeto e de alguns professores, confeccionaram diversos brinquedos a partir de materiais recicláveis, como: garrafas pet, caixas de leite, latas de alumínio, papelão e jornal.
As atividades desenvolvidas com os alunos recomeçaram a partir de fevereiro de 2013, junto ao início das aulas, por meio do filme Wall-E (filme de animação americano de 2008 produzido pela Pixar Animation Studios e dirigido por Andrew Stanton), no qual o objetivo era detectar o grau de conhecimento dos alunos e ver a interação dos alunos com a realidade deste grande problema que vem sendo percebido cada dia mais, o lixo.
Tomando o filme como base para futuras atividades, percebemos a necessidade de desenvolver atividades voltadas para a realidade dos alunos, na qual vem sendo proporcionado teorias, práticas e atividades lúdicas.
Adiante se foi trabalhado com os alunos os tipos de lixo e a separação adequada de cada resíduo, fazendo com que houvesse interação com o lixo produzido de cada aluno, e desenvolvendo atividades lúdicas para fixar melhor a informação transmitida.
Logo depois, alunos tiveram o conhecimento dos riscos que o lixo gera para o meio ambiente e para nossa saúde, enfocando nas doenças mais conhecidas causadas pelo lixo e também pelos vetores que habitam o lixo.
Depois que os alunos tiveram um conhecimento básico do assunto, começamos a desenvolver temas mais específicos. Consumo foi desenvolvido de maneira ampla, fazendo com que os alunos pensassem na importância da compra e terem conhecimento de quanto consumismo sem ter a necessidade e de quanto botamos fora todos os dias sem mesmo perceber.
Após o consumismo se foi discutido sobre os modos de produção e como são produzidos os materiais, exemplo – papel, plástico, metal, vidro. Também foi relacionado à questão de multas que grandes empresas recebem por não terem uma destinação correta dos resíduos produzidos para a fabricação de materiais, acarretando grandes poluições e catástrofes ambientais.
Foi aplicada aos alunos uma destinação sustentável de resíduos orgânicos, dando o exemplo de compostagem, na qual foi desenvolvida uma composteira comunitária que fica no colégio onde os alunos têm como tarefa trazer resíduos orgânicos para alimentá-la.
Também foi desenvolvidas atividades para explicar como é feito a coleta seletiva e quem participa destra coleta, e também retomando a questão da separação do lixo para que vire rotina dos alunos e também em suas residências.
Resultados
Embora apresente um resultado satisfatório, para o desenvolvimento do projeto até o presente momento foram encontradas algumas dificuldades, o número de alunos envolvidos no projeto é bastante reduzido, pela não obrigatoriedade de presença e por desenvolvido no contra turno. Por certo, outras iniciativas como essa poderão suprir, mesmo que de modo parcial, a formação socioambiental a partir de atividades como estas que envolvam a escola por completo.
As práticas e exercício da educação ambiental só passaram a ser possível a partir da ótica da interdisciplinaridade, que pretende ser uma noção integradora no que tange as dinâmicas ligadas ao meio natural e social.
Com estas atividades foi possível observar que a Educação Ambiental apresenta um papel relevante na comunidade escolar, porque se orienta para favorecer uma percepção
correta dos problemas socioambientais, favorecendo a formação de cidadãos críticos, autônomos, criativos e conscientes, capazes de compreender a complexidade do mundo natural e social. Ademais, a educação para a sustentabilidade busca fomentar atitudes e condutas adequadas, tanto no âmbito individual como coletivo.
Todas as atividades tiveram sempre em vistas seus objetivos de, além de formar cidadãos conscientes nas questões de meio ambiente, contribuir para a educação básica das redes públicas, incentivar aos alunos de periferia a continuarem sua busca por uma vida melhor e proporcionar ao discente do curso de licenciatura a aproximação dos eixos teórico-prático no contexto de ensino-aprendizagem das escolas publicas de forma interdisciplinar.
O Projeto difundiu valores e conhecimentos relacionados à interdependência e à fragilidade dos sistemas que sustentam a vida no planeta, além de fomentar uma prática docente qualificada e consciente das questões ambientais.
Foi sugerido que a escola envolva a sociedade nesses projetos desenvolvidos, pois a problematização ambiental deve ir além da comunidade escolar, para conseguirmos melhores resultados é preciso atingir o máximo de pessoas, no entanto atividades com a comunidade estão sendo elaborado, como o projeto é de um ano e já está no seu fim, serão realizadas atividades onde a comunidade poderá tomar consciência sobre o assunto.
Serão oferecidos a comunidade palestras sobre saúde e saneamento, qual a importância da separação, o que pode ser aproveitado para se fazer compostagem e aquilo que pode ser reaproveitado e ser transformado em pratos culinários de sabor sem igual. Para essa atividade contaremos com apoio de alguns órgãos da prefeitura, algumas ONGs, e de voluntários do próprio colégio.
Espera-se com esse evento trazer a comunidade para dentro da vida escolar de seus filhos, netos, e mostrar a ela que um mundo mais limpo é possível, que depende de cada um fazer com que isso se realize.
O intuito é que esse projeto seja prorrogado por mais um ano e assim cultivar na vida de cada um a sementinha do cuidado com a natureza, esse projeto será expandido ao ensino médio, à comunidade do bairro, e também a outras comunidades, fazendo com que todo o trabalho e a dedicação sejam disseminados de forma que não só os alunos bolsistas passem as informações, mas sim todos aqueles que estejam envolvidos com o projeto.
Buscar apoio com prefeitura e empresas privadas para que o bairro seja exemplo, transformando toda a comunidade em uma grande escola, onde o terreno baldio se torne uma praça, onde bancos, brinquedos, sejam feitos de materiais sustentáveis.
Incentivou à prática docente a qual possibilitou aos graduandos em licenciatura a obtenção de experiência em sala de aula. Observou-se igualmente o despertar do interesse em entender a relação sociedade e meio ambiente e a aplicabilidade de estratégias sustentáveis no dia-a-dia, destacando-se também a multidisciplinaridade dos temas abordados durante o projeto o qual forneceu aos participantes uma visão mais ampla acerca das questões socioambientais atuais.
Considerações finais
As principais questões que têm afetado a configuração socioambiental do mundo contemporâneo constituem, no seu conjunto, o cerne deste projeto e das discussões e das reflexões desenvolvidas ao longo dos meses em que foi realizado. A Educação Ambiental em sua transdisciplinaridade é um caminho para fazer exercer possibilidades para se alcançar um modo do ser humano preservar o meio ambiente através da educação.
A atuação do PIBID na escola tem sido importante para o desenvolvimento escolar e para a formação dos discentes do curso de licenciatura, pois está sendo desenvolvidas atividades com temas atuais e de grande importância, proporcionando o aumento de atividades extracurriculares da pratica de ensino e a prática educativa aos futuros professores.
Os conteúdos trabalhados nesta proposta podem promover a mudança de atitudes por meio do conhecimento, de modo a informar e a formar nos alunos uma consciência de cidadania comprometida, voltada para o uso racional e prático da sustentabilidade consciente, e a nós educadores a exercer o importante de difundir a ideia de inter-relação do ser humano e a natureza.
REFERÊNCIAS
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 4. ed. São Paulo: Gaia, 1992. GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. 7. ed. Campinas: Papirus, 1995. LEFF, E. Saber ambiental sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
