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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS CLÍNICAS EM SAÚDE DA FAMÍLIA

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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS CLÍNICAS EM

SAÚDE DA FAMÍLIA

KELLY NOEME DA SILVA

PROMOÇÃO DO AUTO CUIDADO PARA PACIENTES DIABÉTICOS

EM RELAÇÃO AOS PÉS

FORTALEZA

2009

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PROMOÇÃO DO AUTO CUIDADO PARA PACIENTES DIABÉTICOS

EM RELAÇÃO AOS PÉS

Projeto de Intervenção submetido à Escola de Saúde Pública do Ceará como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Práticas Clínicas em Saúde da Família.

Orientador(a): Profa. Ms. EYSLER GONÇALVES MAIA BRASIL

FORTALEZA 2009

KELLY NOEME DA SILVA

PROMOÇÃO DO AUTO CUIDADO PARA PACIENTES DIABÉTICOS EM RELAÇÃO AOS PÉS

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Curso de Especialização em Práticas Clínicas em Saúde da Família

Escola de Saúde Pública do Ceará

Aprovada em 25/06/2009 Banca Examinadora

_____________________________ Ms. Walter José Pereira dos Santos

Mestre

_____________________________ Ms. Carmem Cemires Cavalcante Costa

Mestre

---Ms. Eysler Gonçalves Maia Brasil Mestre

RESUMO

Projeto deintervenção a ser aplicado na Unidade de Saúde da Família do Tapuio, com o objetivo de melhorar o auto cuidado dos pacientes diabéticos em relação aos pés. As complicações acompanhadas e que

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dificultam o tratamento poderiam ser evitadas se os pacientes diabéticos tivessem informações adequadas e conhecimento a respeito de sua doença. Propondo realizar um ciclo de oficinas educativas para os pacientes buscamos aumentar o conhecimento da doença, melhorando o auto cuidado com os pés e identificando sinais e sintomas de possíveis complicações.

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO... 06 2 OBJETIVOS...12 2.1 OBJETIVO GERAL...12 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...12 3. REVISÃO DE LITERATURA ...13

3.1 PROMOÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE ...13

3.2 CUIDADO COM OS PÉS ... 16 4 METODOLOGIA... 22 4.1. CENÁRIO DA PESQUISA ... 22 4.2. SUJEITOS DA INTERVENÇÃO ... 22 4.3. PROCEDIMENTOS DA INTERVENÇÃO ...22 4.4. RESULTADOS ESPERADOS ...23 4.5. AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO ...23 5.CRONOGRAMA ...24 6. REFERÊNCIAS ...25 7. APÊNDICE ...28

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1. INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus é uma das doenças crônicas com maior prevalência atualmente em diversos países e vários fatores têm contribuído para que isso ocorra como a maior taxa de urbanização, industrialização, sedentarismo, obesidade e dietas hipercalóricas e ricas em hidratos de carbono de absorção rápida (JARVIS, 2002)

No Brasil, estima-se que 11% da população com idade igual ou superior a 40 anos sejam portadores de diabetes. (BRASIL, 2001). Em 1985, estimava-se que existiriam 30milhões de adultos com DM no mundo, alcançando 173 milhões em 2002, com projeção para chegar a 300 milhões no ano de 2030 (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2006).

Diabetes mellitus é considerada uma síndrome crônica decorrente da falta de insulina e/ou incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos e pode ser classificada de acordo com os fatores etiológicos envolvidos no seu aparecimento. A principal forma de diabetes mellitus em incidência, prevalência e importância clínica é o tipo 2, que resulta de graus variáveis de resistência à insulina e deficiência relativa de secreção de insulina. Este tipo pode ocorrer em qualquer idade, entretanto, a sua ocorrência é maior na população acima dos 45 anos que 15,7% das pessoas com idade igual ou maior que 40 anos apresentem a doença e as perspectivas atuais são de prevalência desta ocorrência na população (POTTER; PERRY, 2005).

O impacto do Diabetes mellitus está no fato de que a maioria de suas complicações é altamente incapacitante para a realização das atividades diárias e produtivas, comprometendo a qualidade de vida (BRASIL, 2001).

Além disso, a mortalidade em decorrência destas complicações vem crescendo, em comparação com outros agravos, na população idosa e o número de internações decorrentes da doença também apresenta crescimento (BARBUI e COCCO 2002).

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O diagnóstico precoce associado ao tratamento adequado pode evitar ou postergar o aparecimento das complicações e reduzir o impacto dessa síndrome (BRASIL, 2001). O tratamento do diabetes inclui as seguintes estratégias: educação, modificações no estilo de vida que incluem a suspensão do fumo, aumento da atividade física, reorganização dos hábitos alimentares e se necessário o uso de medicamentos (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2006).

A freqüência do diabetes vem aumentando nos últimos anos, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Isso ocorre devido ao aumento da sobrevida do diabético, que é favorecida pelos melhores cuidados, mudança do estilo de vida, favorecendo os fatores de risco para o diabetes, assim como pelo aumento da esperança de vida de pessoas de maior risco(LOIOLA , 2002)

Podemos citar como complicações crônicas do diabetes: a retinopatia, presente em metade dos diabéticos após 10 anos de doença e 60-80% após 15 anos ou mais; a nefropatia está presente em 5 a 10% dos diabéticos tipo 2, após 20 anos de doença; a macroangiopatia, que engloba a cardiopatia isquêmica, a doença cerebrovascular e a doença vascular periférica, além da neuropatia. A neuropatia é uma das formas mais freqüentes de complicação da doença, sendo constatada em 8 a 12% dos diabéticos tipo 2 (ao ser feito o diagnóstico da doença) e também após longos períodos do início da doença, 20-25 anos, em 50-60% dos diabéticos. Em relação às alterações nos pés dos diabéticos, 10% têm ulceração nos pés durante a evolução da doença; 20 a 25% das internações dos diabéticos estão relacionadas às complicações nos pés (BRASIL, 2001).

Entre as complicações crônicas, as ulcerações dos pés e amputações poderiam ser evitados, com informações e cuidados adequados e a realização de exames.

Deve ser destacado ainda que no decorrer da evolução do diabetes, 10% dos pacientes têm ulceração nos pés; 20 a 25% das internações ocorrem devido a complicações nos pés. Das amputações não traumáticas de membros inferiores, metade ocorre nos diabéticos (BRASIL, 2001).

A maioria dos casos de amputações ocorre em clientes diabéticos que não tinham recebido orientações sobre os cuidados com os pés, ou que não tinham seguido as mesmas adequadamente. Na grande maioria das vezes culpa-se o cliente pelas elevadas estatísticas de

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amputações em diabetes, porém, é comum encontrar clientes com úlceras avançadas nos pés e que poucas semanas antes haviam ido ao médico e perguntado se havia algum problema com os seus pés. Tem havido sérias deficiências na forma como o profissional de saúde vem examinando o diabético e, especificamente, o exame adequado nos pés e informações adequadas (POTTER; PERRY, 2005).

De acordo com Hermelinda (2001), os pés de pessoas com diabetes podem apresentar complicações que se manifestam através de três formas clinicas: isquemia aguda (trombose arterial);infecção aguda-gangrena úmida; infecção crônica-necrose de partes moles e osteomielite.

Numa consulta de rotina para o cliente diabético deve-se levar em conta os seguintes fatores de risco: idade superior a 40 anos; tabagismo; diabetes com mais de 10 anos de duração; diminuição dos pulsos arteriais ou hipoestesia em membros inferiores; deformidades anatômicas (artropatia,calosidades);presença de ulcerações ou amputações prévias(JARVIS,2002). Os clientes devem ser orientados a examinar seus pés, visando a detecção precoce de possíveis complicações, assim como seu tratamento, quando necessário ( POTTER; PERRY, 2005).

Quanto às ações educativas, Hermelinda (2001) relata que para proporcionar melhoria na qualidade de vida do diabético e prevenção das complicações, é necessário elaborar um plano assistencial que vise assistir e educar o cliente. As ações educativas são fundamentais considerando-se que pouco menos da metade (45%) das pessoas diabéticas e 1/3 das pessoas com mais de vinte anos de doença desenvolverão doença vascular periférica e, provavelmente, evoluirão para gangrenas e amputações, traumas estes que poderiam ser evitados, se fossem tomados os cuidados apropriados com os pés.

O enfermeiro tem um papel fundamental na realização de atividades de educação e saúde junto ao diabético e seus familiares. A consulta deve ser integrada por profissionais de saúde de diferentes áreas, atuando como grupo multidisciplinar, tendo como elemento principal o cliente diabético. As ações educativas realizadas com os clientes diabéticos têm sido voltadas somente para o controle glicêmico, não sendo, em geral, considerados os aspectos psicológicos, sociais, culturais e de relacionamento, levando a uma baixa aderência dos clientes diabéticos em relação ao auto cuidado ( BARBUI;COCCO,2002)

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É ideal que além de consulta individuais, visitas ao ambiente domiciliar e a formação de grupos estejam no plano de atenção ao paciente diabético. No entanto, a realidade traz uma série de dificuldades para a realização constante destas práticas. Sendo assim, é importante que a consulta individual seja utilizada como momento impar para educação do paciente e tente contemplar todos os aspectos necessários para a uma orientação satisfatória.

A ação educativa deve compreender os seguintes pontos: informar sobre as conseqüências do DM e HAS não tratados ou mal controlados; reforçar a importância da alimentação como parte do tratamento; esclarecer sobre crendices, mitos, tabus e alternativas populares de tratamento; desfazer temores, inseguranças e ansiedades do paciente; enfatizar os benefícios da atividade física; orientar sobre hábitos saudáveis de vida; ressaltar os benefícios da auto monitorização, insistido no ensino de técnicas adequadas e possíveis; ensinar como o paciente e sua família podem prever, detectar e tratar as emergências; ensinar claramente como detectar os sintomas e sinais de complicações crônicas, em particular nos pés; ressaltar a importância dos fatores de risco para doenças cardiovasculares; e incentivar o paciente a se tornar mais auto suficiente no seu controle.(BRASIL,2001)

Como podemos perceber, a educação em saúde é essencial ao paciente diabético, sendo uma importante atividade executada nos serviços de saúde.

Segundo Smeltzer & Bare (2002), um dos maiores grupos de pessoas que requerem educação para saúde hoje são aqueles com doenças crônicas. À medida que aumenta a longevidade da nossa população, aumenta também o número de pessoas portadoras dessas doenças. As pessoas com doenças crônicas necessitam de informação da atenção à saúde para participarem ativamente, assumindo responsabilidade para muitos de seus próprios cuidados. A educação em saúde pode ajudar esses indivíduos a se adaptarem à doença, prevenir complicações, atender à terapia prescrita e resolver problemas quando confrontados com novas situações. Pode também prevenir uma nova hospitalização resultante de uma informação inadequada sobre auto cuidado.

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A meta da educação em saúde é ensinar as pessoas a viverem a vida da maneira mais saudável possível - ou seja, lutar para atingir seu potencial de saúde máximo. A educação do paciente também é uma estratégia para reduzir os custos da atenção à saúde prevenindo doenças, evitando tratamento médico caro, diminuindo o tempo de hospitalização e facilitando uma alta mais cedo.

A enfermeira como professora é desafiada não só a fornecer educação especifíca para o paciente e família, como também a enfocar as necessidades educacionais da sociedade. A educação para saúde é importante para o cuidado de enfermagem, uma vez que ela pode determinar como os indivíduos e as famílias são capazes de ter comportamentos que conduzam a um ótimo auto cuidado.

Nesse contexto, o nível primário de atenção à saúde, desempenha um papel primordial, uma vez que é a porta de entrada do sistema local de saúde e grande parcela da população diabética é tratada aí, sendo referida para o nível secundário e terciário, apenas os casos que exigem medidas mais especializadas.

A consulta de enfermagem ao paciente diabético abrange mais do que renovação de receituário, sendo espaço constante para a educação e promoção à saúde, além de uma oportunidade para exposição das angústias do paciente. Como atividade preconizada pelo Ministério da Saúde, esta deve abranger ações básicas, necessárias a uma assistência de qualidade.

É importante ressaltar que o enfermeiro deve levar em consideração as grandes diferenças entre os pacientes, já que o diabetes pode acometer desde crianças até idosos, além de pessoas com diferente grau de instrução. Isso acaba por aumentar ainda mais a necessidade de habilidades na comunicação e empatia com o paciente.

Diante da problemática apresentada decidi trabalhar este tema através da minha observação pessoal nas consultas de enfermagem aos clientes diabéticos que são acompanhados na Unidade de Saúde do Tapuio. O interesse pelo estudo surgiu ao observar nas consultas de acompanhamento que os clientes pouco sabiam a respeito de sua doença, e em relação aos cuidados com os pés, ele nada

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sabiam, inclusive os que tinham algum ferimento ou ulceração e os que já tinham até amputado o pé ou o membro inteiro.

Despertou em mim a vontade e a necessidade de fazer educação e promoção de saúde visando a melhorar o auto cuidado, realizando a avaliação dos pés de forma minuciosa e com freqüência regular, orientações sobre os cuidados que devem ter com os pés, além de todo o exame físico do paciente. Grande parte dessas complicações poderiam ser evitadas se os clientes diabéticos tivessem informações adequadas, conhecimento a respeito de sua doença e dos cuidados a serem tomados para evitar as complicações crônicas e agudas, principalmente as que causam a amputação dos membros e pés.

O tema é relevante para a saúde pública porque trata-se de promoção em saúde e educação em saúde, diminuindo a quantidade de internações hospitalares, do custo do tratamento e principalmente de amputações, contribuindo de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida dos clientes diabéticos.

2. OBJETIVOS

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- Promover o auto cuidado dos pacientes diabéticos em relação a os pés.

2.2. Específicos

a.Realizar um ciclo de oficinas educativas para pacientes diabéticos;

b.Melhorar o auto cuidado;

c.Identificar o conhecimento e comportamento em relação aos cuidados com os pés;

d.Propor estratégias e ações que identifique, precocemente, as pessoas em condições de risco;

e. Contribuir para a melhoria do prognóstico e da qualidade de vida.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Promoção e Educação em saúde

O conceito de promoção da saúde vem sendo discutido por diversos autores e tem sido foco de inúmeras conferências e congressos sobre saúde.

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O ensino da saúde e a promoção da saúde estão ligados pela mesma meta comum -encorajar as pessoas a alcançar o maior nível possível de bem-estar de tal forma que elas possam viver uma vida saudável prevenindo doenças evitáveis. O chamado para a promoção da saúde tornou-se a pedra fundamental na política de saúde devido à necessidade de controlar os gastos e reduzir doenças e morte desnecessárias. (SMELTZER e BARE, 2002).

Segundo Smeltzer e Bare (2002), promoção da saúde pode ser definida como atividades que ajudam a pessoa a desenvolver os recursos que irão manter ou aumentar seu bem-estar e melhorar sua qualidade de vida. Refere-se às atividades da pessoa para manter-se saudável e livre de sintomas; essas atividades não necessitam da assistência de um membro da equipe da saúde. A razão da promoção da saúde é enfocar o potencial da pessoa para o bem-estar e encorajá-la a modificar hábitos pessoais, estilo de vida e ambiente de modo a reduzir os riscos e aumentar a saúde e o bem-estar. A promoção da saúde é um processo ativo, isto é, não é algo que possa ser prescrito ou forçado. Fica a cargo do indivíduo decidir fazer ou não as mudanças que irão ajudar a promover um alto nível de bem-estar. Escolhas devem ser feitas, e somente o indivíduo pode ser capaz de fazê-las.

Promoção à saúde é o estímulo a adoção de hábitos de vida saudáveis. As condições responsáveis por grande parte da morbimortalidade em adultos são determinadas por hábitos e estilos de vida A modificação desses aspectos não é facilmente obtida, pois demanda mudanças ou mesmo abolição de situações prazerosas, muitas vezes já incorporada ao cotidiano e com freqüência apoiadas socialmente. Entretanto, a alteração de alguns desses hábitos pode gerar significativa modificação na qualidade e expectativa da vida (DUNCAN,

A Carta de Otawa entende promoção da Saúde como sendo o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar, favoravelmente, o meio ambiente.

Para Heidmann et al (2006), a saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai além de um estilo de vida saudável, vai na direção de um bem-estar global.

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São estratégias de promoção à saúde, segundo a Carta de Otawa:

#implementação de políticas públicas saudáveis;

#criação de ambientes favoráveis à saúde - proposição de proteção do meio ambiente e conservação dos recursos naturais como parte da estratégia de promoção da saúde;

#reorientação dos serviços de saúde – recomendação de orientação dos serviços de saúde na direção de um enfoque na saúde e não na doença, apontando para a integralidade das ações de saúde;

#reforço da ação comunitária;

#desenvolvimento de habilidades pessoais.

Diante dos avanços tecnológicos que vêm despontando na área do diabetes mellitus, nenhum deles substitui o que produz maiores resultados, quando alcançado: a educação. Essa educação, não como uma mera instrução, mas deve ser vista como um conceito mais amplo, que se utiliza da comunicação eficaz como instrumento. Assim, por meio dela, pode-se chegar ao indivíduo e contribuir para a consciência da importância do seu cuidado.

A educação é essencial para promover a transformação de hábitos, com conseqüente melhora na qualidade de vida das pessoas (ZAGURY, 2005).

É preciso avançar para além de dar mais ou diferentes informações e buscar nos profissionais da saúde as estratégias para que as pessoas com diabetes obtenham o conhecimento que consideram adequados. O enfoque deve ser mais na aprendizagem e menos no ensino (SILVA, 2001).

No Brasil, a maioria dos programas de educação em saúde para pessoas com diabetes é planejada sob a ótica dos profissionais da saúde, com objetivo de fornecer informações a essas pessoas com relação a mudanças de hábitos necessários para um bom controle glicêmico, desconsiderando aspectos importantes de cotidiano, como crenças e valores sobre a saúde (ZAGURY, 2005).

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Segundo Sandoval (2003), os programas de educação com maiores êxitos são os que possuem abordagem multiprofissional, que auxiliam a pessoa com diabetes no seu próprio cuidado, por meios de instrumentos que habilitem para a tomada de decisão consciente, relacionada ao cuidado e tratamento da doença crônica. Esses são subsídios importantes para olhar a doença crônica como parte integral da vida e não como um fator que irá interferir nela. Assim, a educação em saúde parte da concepção que, mesmo possuindo uma doença crônica, as pessoas podem viver saudáveis, mantendo boa qualidade de vida.

O Diabetes Mellitus, por ser uma doença que necessita de cuidados contínuos, requer a participação ativa e constante da pessoa portadora e seus familiares. São grandes as exigências sobre mudanças de estilo de vida, não sendo sensato esperar modificações radicais nas atividades habituais das pessoas sem o conhecimento das razões para empreendê-las. Surge então, o papel de educador, que atuará como facilitador dessa jornada, dando apoio, estimulando e contribuindo com o seu conhecimento, com suas experiências e, principalmente, com sua sensibilidade.

Educação para saúde é uma função independente da prática de enfermagem e a principal responsabilidade da profissão de enfermagem. Todo cuidado de enfermagem é dirigido à promoção, manutenção e restauração da saúde; prevenção de doenças; e assistência às pessoas no sentido de se adaptarem aos efeitos residuais da doença. Essas atividades de enfermagem são conseguidas através da educação para saúde ou pelo ensino do paciente (SMELTZER e BARE, 2002).

Várias estratégias podem ser implementadas na educação em diabetes. Algumas que vêm sendo utilizadas pela enfermagem são a consulta de enfermagem, a visita domiciliar, os grupos de convivência e a sala de espera. Cada uma dessas estratégias possui características próprias, podendo ser mais indicada numa determinada situação. Normalmente, utiliza-se mais de uma, buscando, na complementação, melhores resultados na abordagem integral da pessoa com diabetes e o seu contexto sociocultural.

3.2 Cuidados com os pés

A neuropatia diabética é considerada a alteração mais significativa para o desenvolvimento de úlceras nos pés de pessoas com diabetes, devido à redução da

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sensibilidade, principalmente na presença de deformidades. O caso complica-se ainda mais se houver doença vascular periférica e presença de infecção, que elevam o risco de amputação e até morte (BRASIL, 2001).

Segundo o Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético (2001) o enfermeiro que cuida de pessoas com diabetes tem o compromisso social de buscar na educação e no cuidado formas de prevenção. Destaca-se a importância do trabalho multiprofissional, com profissionais especializados para avaliação dos cuidados e tratamentos do pé em risco de ulceração e/ou amputação. O acompanhamento dessas pessoas e o exame regular dos pés podem contribuir para melhorar sua qualidade de vida, reduzindo o risco de ulcerações e/ou amputações e do grau de dependência. Portanto, em todos os níveis de atenção a saúde, o enfermeiro deve estar preparado para atender a pessoa com diabetes na sua integralidade.

Cuidados e manejo necessário para prevenção de úlceras e amputação:

# inspeção regular e exame de pé em risco;

# identificação do pé em risco;

# educação para pessoas com diabetes, família e provedores do cuidado de saúde;

# calçados adequados e;

# tratamento de patologias não-ulcerativas.

Todas as pessoas com diabetes devem ser examinadas, no mínimo, uma vez ao ano e, com maior freqüência, as que possuem fatores de risco para ulceração/amputação. Esse é o maior desafio para o diagnóstico precoce. (Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético, 2001).

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2006), são fatores de risco para ulceração/amputação:

# educação terapêutica precária;

# cuidados inadequados com os pés;

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# antecedentes de úlcera nos pés e/ou amputação;

# diabetes de longa duração;

# controle glicêmico inadequado;

# visão deficiente;

# uso de calçados inadequados;

# deformidades nos pés (proeminências, dedos em martelo, limitação da mobilidade articular, valgismo, pés cavos);

# anormalidades não-ulcerativas (calosidades, pele seca, micose e fissuras);

# fatores que contribuem para a doença vascular periférica: tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia.

Segundo Brasil (2001), durante a consulta de enfermagem, o enfermeiro deve avaliar os pés das pessoas com diabetes, observando alguns pontos importantes:

# história de lesões e amputações, cuidados habituais, conhecimento sobre os cuidados com os pés, realização de atividade física regular e se tem acesso ao serviço de saúde.

# deambulação: modo de caminhar, claudicação intermitente (decorrente de dor no pé, na coxa ou na panturrilha ao caminhar com melhora em repouso) e postura.

# calçado que está usando, o que costuma usar em casa e se possui o hábito de andar descalço (risco para úlcera).

# após remoção de calçados e meias, observar áreas marcadas nos pés que possam estar sob maior pressão. Verificar a coloração da pele e temperatura, presença de edemas, calos, ressecamento, maceração interdigital, micoses, problemas nas unhas e maneira como são cortadas.

A avaliação dos pés compreende, também, a identificação de alterações neurológicas (sensitivas, autonômicas, motoras) e vasculares, presença de deformidades, úlcera ou amputação. São sinais de neuropatia: hipotrofia de músculos dorsais; acentuação do

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arco plantar; proeminência de metatarsos; vasodilatação dorsal; dedos em martelo/garra; calosidades; pele seca, rachaduras; pé quente, rosáceo;iterações articulares (Charcot). E são sinais de vasculopatia:pele fina e brilhante; cianose; unhas atrofiadas; ausência de pêlos; rubor postural; palidez a elevação; pé frio; ausência ou diminuição dos pulsos; claudicação intermitente. (BRASIL, 2001)

As alterações identificadas nos pés do paciente com diabetes deverão ser registradas no prontuário, com o maior detalhamento possível dos resultados. A pessoa e os familiares devem ser orientados sobre a situação e os cuidados necessários e deve ser realizado encaminhamento para o médico para avaliação e acompanhamento.

As orientações educacionais básicas para cuidados com os pés, de acordo com BRASIL (2006) são:

•Examinar os pés diariamente. Se necessário, pedir ajuda a familiar ou usar espelho.

•Avisar o médico se tiver calos, rachaduras, alterações de cor ou úlceras.

•Vestir sempre meias limpas,preferencialmente de lã, algodão, sem elástico.

•Calçar sapatos que não apertem, de couro macio ou tecido. Não usar sapatos sem meias.

•Sapatos novos devem ser usados aos poucos. Usar inicialmente, em casa, por algumas horas por dia.

•Nunca andar descalço, mesmo em casa.

•Lavar os pés diariamente, com água morna e sabão neutro. Evitar água quente. Secar bem os pés, especialmente entre os dedos.

•Após lavar os pés, usar um creme hidratante à base de lanolina, vaselina líquida ou glicerina. Não usar entre os dedos.

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•Não remover calos ou unhas encravadas em; procurar equipe de saúde para orientação.

Ainda vale ressaltar que, segundo Brasil (2001) determinou que é competência do enfermeiro na atenção ao paciente diabético:

• Realizar consultas de enfermagem, abordando fatores de risco, tratamento não medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento, encaminhando ao médico quando necessário;

• Desenvolver atividades educativas de promoção da saúde com todas as pessoas da comunidade;

• Desenvolver atividades educativas individuais ou em grupos com os pacientes hipertensos e diabéticos;

• Estabelecer junto com a equipe estratégias que possam favorecer a adesão (grupos de hipertensos e diabéticos);

• Solicitar, durante a consulta de enfermagem, os exames mínimos estabelecidos nos consensos e definidos como possíveis e necessários pelo médico da equipe;

• Repetir a medicação de indivíduos controlados e sem intercorrências;

• Encaminhar para as consultas mensais, com o médico da equipe, os indivíduos não aderentes, de difícil controle e portadores de lesões em órgãos-alvo (cérebro, coração, rins, vasos, etc.) ou com co-morbidades;

• Encaminhar para consultas trimestrais, com o médico da equipe, os indivíduos que mesmo apresentando controle dos níveis tensionais e glicêmicos, sejam portadores de lesões em órgãos-alvo e sem co-morbidades;

• Encaminhar para consultas semestrais, com o médico da equipe, os indivíduos controlados e sem sinais de lesões em órgãos-alvo e sem co-morbidades;

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• Acrescentar na consulta de enfermagem o exame dos membros inferiores para que identificação do pé em risco. Realizar também cuidados específicos nos pés acometidos e nos pés em risco;

• Realizar glicemia capilar dos pacientes diabéticos a cada consulta e nos hipertensos não diabéticos, uma vez ao ano.

A seguir, cuidados que devem ser observados para a prevenção de complicações nos pés:

# Educação: a educação visa à conscientização da pessoa com diabetes e sua família sobre sua condição e transformação de fatores que possam auxiliar no auto cuidado. Devem ser estimulados cuidados gerais com diabetes e a prática de atividade física, quando não houver contra-indicações. A participação em grupos educativos contribui para a socialização e para enfretamento das dificuldades (COELHO, 2004).

# Aconselhamento sobre calçados adequados e meias: os sapatos não devem ser apertados nem folgados, com boa altura, largos na frente, com cadarço ou velcro, fechados nos calcanhares, com salto de aproximadamente dois centímetros. As meias de preferência de algodão, que não apertem a circulação e não tenham costura. Evitar andar descalço (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2006).

# Cuidados gerais com os pés: higiene dos pés, cuidados básicos com as unhas, com pele ressecada, redução dos pontos de pressão (se possível uso de protetores siliconizados, espuma) (COELHO, 2004).

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4.

METODOLOGIA

1 4.1 Cenário da Intervenção

A intervenção será realizado na Unidade Básica de Saúde da Família do Tapuio, município de Aquiraz - CE. O município situa-se à 25 Km de Fortaleza.

Atualmente, o município conta com 21 ESF – equipes de saúde da família. A UBASF de Tapuio atua com equipe composta por médico, enfermeira, odontólogo, atendente de consultório dentário e duas auxiliares de enfermagem.

Atualmente, a equipe assiste a 1409 famílias, contando com oito ACS – agentes comunitários de saúde.

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Os participantes da intervenção serão usuários da UBASF do Tapuio, portadores de Diabetes Mellitus tipo 2, totalizando 89 diabéticos cadastrados e acompanhados.

4.3 Procedimentos da Intervenção

PASSO 1 – Inicialmente, os pacientes serão convidados a participar da oficina, o convite será realizado pela Agente Comunitária de Saúde da sua área, em nome de toda a equipe;

PASSO 2 – A oficina acontecerá às terças-feiras, dia do atendimento aos diabéticos, sendo 22 pacientes por semana, no decorrer de dois meses, dividida em duas etapas: no primeiro mês será feito educação em saúde e no segundo orientações para o cuidado com os pés.

PASSO 3 – A primeira etapa - educação em saúde, será realizada orientações sobre o Diabetes Mellitus tipo 2, compreendendo aspectos básicos (conceito, sintomas, classificação, fatores de risco e exames complementares); medicação (insulinoterapia e hipoglicemiantes orais) e complicações diabéticas (agudas e crônicas – pé diabético). Será utilizada uma linguagem simples, e material audiovisual, cartazes, gravuras e desenhos.

PASSO 4 – A segunda etapa – será realizada a avaliação minuciosa dos pés dos pacientes e as orientações educacionais básicas para o cuidado com os pés.

PASSO 5 – Após as duas etapas concluídas, será realizado o dia D, onde promoverá uma maior adesão, participação e interação dos pacientes com a equipe de saúde da família. Neste dia, os pacientes poderão participar de jogos educativos, técnicas de relaxamento, exercícios com os pés e levantamento de discussões pelo grupo.

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Diante deste projeto espera-se dos pacientes:

a) Aumentar o conhecimento da doença, assim como o tratamento, os fatores de risco e as medicações;

b) Melhorar o auto cuidado com os pés;

c) Identificar sinais e sintomas de possíveis complicações.

4.5 Avaliação da Intervenção

A avaliação da intervenção será uma entrevista com perguntas abertas, nas duas etapas, durante o mês de Novembro de 2009.

5. CRONOGRAMA

Ações Tempo

PASSO 1- Convite para participar do

projeto de intervenção

Julho de 2009

PASSO 2- Aplicação da primeira etapa do

projeto de intervenção

Agosto de 2009

PASSO 3- Aplicação da segunda etapa do

projeto de intervenção

Setembro de 2009

PASSO 4- Dia D Outubro de 2009

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6.

REFERÊNCIAS

BARBUI, E. C.; COCCO, M. I. M. Conhecimento do cliente diabético em relação aos cuidados com os pés. Revista Esc. Enfermagem USP; vol 36, n 1 p.97-103,2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus:

protocolo. Departamento de Atenção Básica- Área técnica de Diabetes e Hipertensão

Arterial- Brasília; Ministério da Saúde, 2001.

.

BRASIl. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus/Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 64 p.il.- (Cadernos de

Atenção Básica, n. 16 ) ( Série A, Normas e Manuais Técnicos).

CARTA DE OTTAWA [capturado 2009 Abr 19]. Disponível em:

(25)

COELHO, M. S. A doença do pé: representações sociais de um grupo de pessoas com diabetes mellitus tipo 2 [dissertação]. Florianópolis (SC): UFSC/programa de pós-Graduação em Enfermagem; 2004.

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APÊNDICE

APÊNDICE I

Entrevista

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2. E com relação aos pés, quais os cuidados diários que você deve tomar para evitar complicações?

Referências

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