• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE POTIGUAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO THIAGO DANTAS E SILVA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE POTIGUAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO THIAGO DANTAS E SILVA"

Copied!
129
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE POTIGUAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

THIAGO DANTAS E SILVA

ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR:

Análise de Fatores que contribuem para o Desenvolvimento Econômico

NATAL/RN 2019

(2)

THIAGO DANTAS E SILVA

ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR:

Análise de Fatores que contribuem para o Desenvolvimento Econômico

Dissertação apresentada à Universidade Potiguar – UNP como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof.º Dr.º Kleber Cavalcanti Nóbrega

NATAL/RN 2019

(3)

Silva, Thiago

Ecossistema Empreendedor: Fatores que contribuem para o empreendedorismo/ Thiago Dantas e Silva. – Natal,

2019.

(___)f.

Orientador: Kleber Cavalcanti Nóbrega Dissertação (Mestrado em Administração). –

Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação.

Bibliografia: (___-___)f.

1.Administração – Dissertação. 2. Empreendedorismo. 3. Desenvolvimento Econômico. 4. Fatores Estratégicos. I. Título

(4)

THIAGO DANTAS E SILVA

Dissertação apresentada à Universidade Potiguar – UNP como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração

Aprovado em: 25/06/2019

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________ Prof.º Dr.º Kleber Cavalcanti Nóbrega

Orientador

Universidade Potiguar – UNP

________________________________________________________________ Prof.º Dr.º Júlio César Ferro de Guimarães

Universidade Potiguar - UNP

________________________________________________________________ Prof.º Dr.º César Ricardo Maia de Vasconcelos

Universidade Potiguar – UNP

________________________________________________________________ Prof.º Dr.º José Alfredo Costa

(5)

DEDICATÓRIA

À minha família, especialmente, duas princesas lindas as quais chamo de Helainy (esposa) e Maria Eduarda (filha).

(6)

AGRADECIMENTOS

(7)

"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?!" (Fernando Pessoa).

(8)

RESUMO

O presente estudo analisa um conjunto de fatores apontados pela literatura como estimuladores do empreendedorismo e da atividade empresarial. Doze fatores, que compõem o Índice de Competitividade Global (GCI), apurado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), foram escolhidos para avaliação da percepção de importância e contribuição por agentes econômicos – gerentes de instituição financeira de fomento regional, presidentes de entidades corporativas do segmento empresarial e empresários e administradores de diversos setores de atividade. A avaliação realizada pelos agentes econômicos obteve adesão de respondentes em todos os estados brasileiros e possibilitou a realização de análise dos dados, com ordenação dos fatores por grau de importância e por contribuição. Ademais, os dados obtidos também foram correlacionados com indicadores amplamente difundidos para avaliação da atividade e desenvolvimento econômico.

Palavras-chave: Empreendedorismo, Desenvolvimento Econômico, Fatores Contributivos

(9)

ABSTRACT

The present study analyzes a set of factors pointed out in the literature as stimulators of entrepreneurship and business. Twelve factors that compose the Global Competitiveness Index (GCI), determined by the World Economic Forum (WEF), were chosen to evaluate the perception of importance and performance by economic agents - managers of financial institution of regional development, presidents of corporate entities of the business segment and entrepreneurs and managers from various sectors of activity. The evaluation got adhesion of respondents in all Brazilian states and made possible the analysis of the data, with ordering of the factors by degree of importance and by contribution. In addition, the data obtained were also correlated with widely disseminated indicators for the evaluation of economic activity and development.

Keywords: Entrepreneurship, Economic Development, Contribution Factors for Economic

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Artigos mais citados com a palavra-chave entrepreneurship...29

Figura 2 - Artigos mais recentes com a palavra-chave entrepreneurship...30

Figura 3 – Contexto Empreendedor ...39

Figura 4 – Modelo de Isenberg para um Ecossistema de Empreendedorismo...55

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Taxa de Sobrevivência de Empresas de 2 anos, para Empresas Constituídas em

2012, por unidade da federação e setores...19

Tabela 2 - Índice de Desenvolvimento Humano...20

Tabela 3 - Dissertações e Teses por assunto na plataforma “CAPES”...26

Tabela 4 - Artigos por assunto na plataforma “CAPES”...27

Tabela 5 - Pilares que formam o GCI – Fórum Econômico Mundial ...46

Tabela 6 - Fatores Favoráveis à abertura de novos negócios – GEM 2016...47

Tabela 7 - Fatores de Smith (2010)...52

Tabela 8 - Fatores do GCI...69

Tabela 9 – Respondentes por Grau de Escolaridade...77

Tabela 10 – Respondentes por Tempo de Interação com o Empreendedorismo...78

Tabela 11 – Respondentes por Setor de Atividade que interage...78

Tabela 12 – Respondentes por Tipo de Influência no Ambiente Empreendedor...79

Tabela 13 – Respondentes de Empresas por Faixa de Faturamento...80

Tabela 14 – Respondentes por Unidade da Federação...80

Tabela 15 – Médias de Importância dos Fatores segundo os respondentes...82

Tabela 16 – Médias de Contribuição dos Fatores segundo os respondentes...83

Tabela 17 – Melhores Fatores por média de contribuição...83

Tabela 18 – Lacunas entre Importância e Contribuição...85

Tabela 19 – Ranking geral de importância dos fatores e por categoria...89

Tabela 20 – Correlação entre rankings de Spearman...90

Tabela 21 – Desvio Padrão...91

Tabela 22 – Ranking de Lacunas e Taxa de Sobrevivência...93

Tabela 23 – Ranking de Lacunas e Produto Interno Bruto...95

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Pilares de Competitividade – Tendências Consultoria...48

Quadro 2 - Fatores de Bednarzick (2000)...53

Quadro 3 - Domínios do Ecossistema Empresarial...54

Quadro 4 – Síntese dos Fatores que interagem com o empreendedorismo identificados na literatura...60

Quadro 5 – Limites do Significado...69

Quadro 6 – Respondentes em Potencial...75

Quadro 7 – Respondentes Efetivos...76

(13)

LISTA DE PLANILHAS

(14)

LISTA DE SIGLAS

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis BA – Business Angel

BD – Bancos Públicos de Desenvolvimento BNB – Banco do Nordeste do Brasil S/A

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CLP – Centro de Liderança Pública

CNT – Confederação Nacional dos Transportes CV – Corporate Venturing

Datasus – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil GCI – Global Competitiveness Index

GDP – Gross Domestic Public

GEM – Global Entrepreneurship Monitor

ICAE – Índice de Competitividade do Ambiente Empreendedor IBGE– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBQP – Instituto Brasileiro Qualidade e Produtividade IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MPME – Micro, Pequena e Média Empresa P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PE – Private Equity

PEA – População Economicamente Ativa

PEGN – Revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios PIB – Produto Interno Bruto

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

(15)

R&D – Research & Development

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa

SEEG – Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio

Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem de Transporte SESC – Serviço Social do Comércio

SESCOOP – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo SESI – Serviço Social da Indústria

SEST – Serviço Social de Transporte

SICONV – Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento

TEA – Total Early-Stage Entrepreneurial Activity VC – Venture Capital

(16)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...17 1.1 Problema de Pesquisa...21 1.2 Objetivos...21 1.2.1 Geral...22 1.2.2 Específicos ...22 1.3 Justificativas ...,..22 1.4 Estrutura do Trabalho ...23 2 REFERENCIAL TEÓRICO ...25

2.1 Desenvolvimento das Civilizações...31

2.2 Desenvolvimento Econômico...31

2.3 Empreendedorismo...33

2.3.1 O Surgimento do Empreendedorismo...33

2.3.2 Tipos de Comportamento Empreendedor...35

2.3.3 Estágios do Empreendedorismo no Mundo...37

2.3.4 O Empreendedorismo no Mundo e o Processo Empreendedor...38

2.3.5 A dialética entre Empreendedorismo e Desenvolvimento Econômico...40

2.3.6 Fatores que definem a atratividade do Ambiente Empreendedor...43

2.4 Rede de Suporte ao Empreendedorismo...56

2.4.1 Entidades no Mundo Incentivadoras do Empreendedorismo...56

2.4.2 A Experiência Brasileira de Apoio ao Empreendedorismo...56 2.5 Indicadores de Competitividade...59 2.5.1 Quadro Síntese...59 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...64 3.1 Tipo de Pesquisa...64 3.2 População e Amostra ...64 3.3 Coleta de Dados ...66 3.3.1 Instrumentos de Pesquisa ...66

3.3.1.1 Da Aplicação em Teste e Evolução do Questionário...66

3.3.1.2 Da Aplicação...68

(17)

3.3.3 Do Planejamento da Coleta de Dados...71

3.3.4 Tratamento Estatístico...72

3.3.4.1 Análises Estatísticas...72

3.3.4.2 Significância do Instrumento de Pesquisa...73

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...75

4.1 Caracterização dos Respondentes...75

4.2 Da Performance conferida aos Fatores...80

4.2.1 Matriz Absoluta Desempenho...86

4.3 Verificações Internas de Consistência dos Resultados...88

4.3.1 Correlação de Spearman...88

4.3.2 Desvio Padrão...90

4.3.3 Validação dos Dados...91

4.4 Correlação entre os Fatores pesquisados e o Desenvolvimento Econômico medido pelo PIB dos Estados Brasileiros e pela Taxa de Sobrevivência de Empresas...92

4.4.1 Taxa de Sobrevivência...92

4.4.2 Produto Interno Bruto...94

4.4.3 Índice de Desenvolvimento Humano...95

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...98

5.1 Conclusão...98

5.2 Limitações da Pesquisa...99

5.3 Novos Estudos sobre o tema...99

REFERÊNCIAS ...100

APÊNDICES...108

(18)

1 – INTRODUÇÃO

O mundo observa regiões com graus variados de desenvolvimento econômico. Em um mesmo país, não raras vezes, com pouca extensão territorial também se identificam regiões cujo desenvolvimento econômico, percebido através da presença de atividades de produção de bens e serviços, apresenta estágios com graus diferenciados. A qualidade do Ecossistema Empreendedor parece figurar como um dos fatores importantes para o fomento ao progresso econômico de uma nação ou região.

O conceito de Ecossistema, no mundo dos negócios, foi utilizado pela primeira vez por Moore (1996), como uma metáfora que descreve a forma como os diversos atores interagem entre si para gerar valor. A proposta do autor, segundo Fransman (2018), tinha como base os conceitos de coevolução do antropólogo Gregory Bateson, que defendia a existência de uma interdependência entre a evolução das espécies em ciclos intermináveis recíprocos. O biólogo Stephen Jay Gould também sustentava que os sistemas naturais podem entrar em colapso devido a mudanças radicais e esse fenômeno poderia dar lugar a outros atores e novos ecossistemas. Moore afirma ser possível replicar esses conceitos para ecossistemas de negócios. Neste trabalho, utiliza-se os construtos Ecossistema e Ambiente como sinônimos.

Elementos tais como o conjunto dos sistemas normativo-legais, regulamentação, organização empresarial básica, suporte financeiro e suporte acadêmico, dentre outros, sugere-se que possam exercer alguma influência na concepção de um ambiente empreendedor favorável ou hostil. Por sua vez, parece não restarem dúvidas que uma atmosfera convidativa ao empreendedorismo e o desenvolvimento econômico estão ligados. Nesse sentido, Vieira (2009) afirma que o crescimento econômico significa a ampliação da capacidade produtiva da economia, o que, por sua vez, implica no aumento da produção de bens e serviços de determinado país. A capacidade das entidades públicas (Juntas Comerciais, Órgãos Ambientais, Secretarias Municipais) e privadas (Associações e Federações Comerciais, Universidades, Bancos, Incubadoras) para fomentar iniciativas empreendedoras, em um primeiro olhar, apresenta alguma correlação com o desenvolvimento econômico.

Algumas organizações dedicam tempo e recursos ao tema.

O World Economic Forum (WEF) desenvolveu um indicador que busca capturar fatores institucionais e também políticos, entre outros que possam influenciar a competitividade. Por sua vez, o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) também concebeu

(19)

uma série de indicadores que visam a medir a ambiência empreendedora dos países, constando entre eles a Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA).

No Brasil, a consultoria Tendências em parceria com o Centro de Lideranças Públicas (CLP) e a Economist Intelligence Unit também concebeu trabalho com o objetivo de medir a competitividade dos Estados Brasileiros no papel de atrair investimentos.

Observa-se que o interesse tem partido de fora da academia, de entidades e organizações que já fazem parte do mercado. O trabalho guarda alguma originalidade ao trazer a discussão para a pesquisa acadêmica.

O empreendedorismo possui alguma participação no desenvolvimento econômico. Afinal este é compreendido como a capacidade de criação de riqueza através da circulação de mercadorias e serviços (Vieira, 2009).

Preliminarmente, parece ser possível afirmar que, caso referida premissa seja verdadeira, poder-se-á correlacionar indicadores que medissem longevidade da incursão empreendedora, a exemplo de Taxa de Sobrevivência de Empresas (Tabela 1), com indicadores que avaliassem progresso econômico e social de uma nação ou região, a exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (Tabela 2).

(20)

Tabela 1 - Taxa de Sobrevivência de Empresas de 2 anos, para Empresas Constituídas em 2012, por unidade da federação e setores

Região/UF Indústria Construção Comércio Serviços Total

Norte 79,1 69,0 75,4 73,8 74,9 Pará 82,7 73,1 79,7 78,4 79,3 Roraima 81,4 78,9 76,4 78,2 77,7 Tocantins 77,5 74,4 74,6 72,2 74,1 Acre 76,3 56,4 74,0 74,8 73,6 Rondônia 76,2 74,3 72,2 73,9 73,4 Amapá 70,2 61,7 67,9 67,9 67,7 Amazonas 73,9 55,0 69,1 65,5 67,5 Nordeste 79,0 72,8 76,5 74,9 76,1 Alagoas 84,6 76,9 81,4 80,6 81,2 Paraíba 82,9 70,8 79,0 77,9 78,6 Piauí 83,0 75,3 78,7 75,6 78,0 Rio Grande do Norte 81,3 71,5 79,0 75,5 77,6 Sergipe 76,6 73,6 78,0 75,6 76,7 Bahia 79,2 76,0 75,7 75,3 76,0 Pernambuco 78,0 76,0 75,5 74,9 75,7 Ceará 77,0 66,2 76,3 72,7 74,8 Maranhão 74,8 61,2 72,3 68,8 70,9 Sudeste 81,6 80,5 77,6 75,6 77,5 Rio de Janeiro 83,7 82,4 81,3 78,4 80,5 Espírito Santo 82,4 82,9 79,2 78,5 79,8 Minas Gerais 79,8 78,3 77,5 76,3 77,4 São Paulo 81,4 80,5 76,3 74,1 76,3 Sul 77,3 80,7 74,0 73,6 75,1 Santa Catarina 78,8 82,2 75,7 74,3 76,5

Rio Grande do Sul 76,6 80,3 73,5 73,9 75,0

Paraná 77,0 80,1 73,5 72,8 74,5

Centro-Oeste 79,3 78,1 76,8 75,8 76,9

Mato Grosso do Sul 80,5 84,0 79,4 76,5 79,0

Distrito Federal 81,1 76,5 77,9 76,5 77,6

Mato Grosso 78,7 79,4 76,1 76,5 76,9

Goiás 78,4 75,3 75,7 74,8 75,7

BRASIL 80,1 78,9 76,6 75,1 76,6

(21)

Tabela 2 - Índice de Desenvolvimento Humano Estado UF 2014 Acre AC 0,72 Alagoas AL 0,67 Amazonas AM 0,71 Amapá AP 0,75 Bahia BA 0,70 Ceará CE 0,72 Distrito Federal DF 0,84 Espírito Santo ES 0,77 Goiás GO 0,75 Maranhão MA 0,68 Minas Gerais MG 0,77 Mato Grosso do Sul MS 0,76 Mato Grosso MT 0,77 Pará PA 0,68 Paraíba PB 0,70 Pernambuco PE 0,71 Piauí PI 0,68 Paraná PR 0,79 Rio de Janeiro RJ 0,78 Rio Grande do Norte RN 0,72 Rondônia RO 0,72 Roraima RR 0,73

Rio Grande do Sul RS 0,78 Santa Catarina SC 0,81

Sergipe SE 0,68

São Paulo SP 0,82

Tocantins TO 0,73

Fonte: Tendências Consultoria (2017)

Eventual correlação poderia indicar a existência de influência do Empreendedorismo no Desenvolvimento Econômico, na medida em que informasse que Estados com maior Taxa de Sobrevivência de Empresas poderiam também ser aqueles com registro de maior desenvolvimento econômico.

(22)

1.1 – PROBLEMA DE PESQUISA

Segundo Creswell (2014), o problema de pesquisa tem por intenção apresentar uma justificativa ou, até mesmo, a necessidade de estudo de um tema ou problema particular.

Desse modo, é preciso compreender que o empreendedor, no processo de concepção e amadurecimento de sua atividade, interage com uma série de atores. No Brasil, referidos atores são de natureza pública, privada e ainda multilateral. Nesse contexto, ganha relevância a identificação de elementos que acrescentam viés empreendedor a uma determinada região, provendo-a de um contexto único favorável ao desenvolvimento de atividades econômicas. Torna-se importante a identificação das necessidades dos agentes produtivos, suas expectativas quanto às entidades com as quais interagem, ou seja, suas preferências, e percepções quanto ao cenário atual. Afinal, os empreendedores interagem, desde a concepção da ideia até o desenvolvimento do negócio e sua consolidação, com instituições, entidades e pessoas.

Almeja-se também que o estudo possa contribuir mais destacadamente não apenas com mecanismos ou estratégias de resiliência para os empreendedores e sim para que os atores que se relacionam com estes transformem eventuais deficiências em oportunidades de melhoria, transformando-se em sistema de informação para soluções que, de fato, ajudem a construir um ambiente empreendedor acolhedor.

Prahalad (2010) faz menção a um Ecossistema orientado ao mercado, definindo-o como uma estrutura que possibilita ao setor privado e a vários outros atores sociais, muitas vezes com tradições e motivações diferentes, e de tamanhos e áreas de influência diferentes, atuar juntos e gerar riqueza numa relação simbiótica. Nesse ambiente definido pelo autor todos os agentes têm funções importantes.

No entanto, para alcançar referido objetivo surge de forma mais premente a necessidade de verificar a real relevância do empreendedorismo para o desenvolvimento econômico e consequentemente para a concepção de regiões mais prósperas.

Sendo assim o estudo apresenta o seguinte problema de pesquisa:

Qual a influência do empreendedorismo no desenvolvimento econômico dos Estados Brasileiros?

(23)

1.2.1 – GERAIS

Considerando a hipótese de haver alguma correlação entre empreendedorismo e Desenvolvimento Econômico, o estudo acredita ser importante identificar elementos quanto à participação do empreendedorismo no Desenvolvimento Econômico, partindo assim como objetivo geral:

Analisar a influência do empreendedorismo no desenvolvimento econômico dos Estados Brasileiros.

1.2.2 – ESPECÍFICOS

Outras questões acabam gravitando inevitavelmente em torno do objetivo geral e servem para direcionar os esforços do estudo para questões mais concentradas:

1) Identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento do empreendedorismo;

2) Investigar a correlação entre um ambiente favorável ao empreendedorismo e o desenvolvimento econômico e social;

3) Verificar os elementos ambientais e culturais que estimulam o empreendedorismo e, por consequência, o desenvolvimento econômico de uma região.

1.3 – JUSTIFICATIVAS

A dinâmica econômica de um país interfere diretamente na qualidade de vida de sua população. Por mais alheio que alguém pretenda ser em relação aos construtos econômicos e financeiros, a exemplo de inflação, crescimento do Produto Interno Bruto, Balança Comercial, ritmo da atividade econômica, índices de confiança, todos esses fatores influenciam a economia real, agindo sobre os fatores como oferta de empregos, preço da cesta básica, custo dos serviços administrados, a exemplo de água e luz.

(24)

Evidências empíricas demonstram que a Estabilidade do Estado de Direito, a segurança jurídica e a oferta com qualidade de instrumentos de crédito e capitais estão entre os principais fatores de elevação da renda de um país (LISBOA; SCHEINKMAN, 2016).

De tempos em tempos surgem nos veículos especializados em mercado e finanças, bem como em revistas e jornais generalistas matérias sobre o ambiente empreendedor brasileiro. Diante de tal impacto na vida das pessoas, não é difícil entender o porquê.

As matérias são diversificadas e vão desde referências à hostilidade do ambiente empreendedor brasileiro até a habilidade exigida dos navegantes dispostos a navegar pela burocracia e insegurança jurídica do país. A presente pesquisa não estará suportada em nenhum viés de confirmação das referidas matérias, mas faz referências a estas apenas como evidência do interesse empírico no tema.

O ambiente econômico depende de diversos fatores para prosperar. A ideia central é analisar a influência do empreendedorismo no desenvolvimento econômico mediante a identificação de fatores que contribuem com a melhora do ambiente empreendedor.

Esse interesse empírico pelas condições que favorecem ou prejudicam um ambiente empreendedor motiva o presente estudo, o qual tentará trazer para o campo da pesquisa a identificação e análise dos fatores que interagem com o empreendedorismo, fortalecendo-o ou enfraquecendo-o.

Uma vez identificados esses fatores, o estudo pode contribuir com a rede de apoio ao empreendedorismo mediante a disponibilização de dados, através dos eventuais achados, que permitam melhorar a ambiência empreendedora.

1.4 – ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho foi estruturado em cinco capítulos. O primeiro contém a introdução, os objetivos, o problema de pesquisa e a justificativa.

No segundo capítulo, tratou-se do referencial teórico, no qual se revisou a literatura com foco a construir a linha de pesquisa a partir do Desenvolvimento das Civilizações, desde as primeiras formações humanas até o Desenvolvimento Econômico. Em seguida foi abordado o conceito de empreendedorismo e os primeiros estudos realizados sobre o tema, bem como os mais modernos, iniciando-se nesse momento a identificação de fatores favoráveis ao agente empreendedor. Foram também pesquisados a métrica de aferição de competitividade e também a rede de suporte ao empreendedorismo no mundo e no Brasil.

(25)

No terceiro capítulo, foram descritos os procedimentos metodológicos, definindo-se o público alvo de respondentes do questionário a ser aplicado, bem como o planejamento de coleta de dados e a definição do tratamento estatístico que seria aplicado aos dados.

No quarto capítulo, tratou-se da análise dos resultados do questionário aplicado, iniciando pela qualificação dos respondentes.

No quinto e último capítulo, são apresentadas as considerações finais, indicando as limitações da pesquisa, as possibilidades de continuação do trabalho.

(26)

2 – REFERENCIAL TEÓRICO

Para verificar o interesse acadêmico pelo tema do presente trabalho, pesquisou-se trabalhos nacionais no Banco de Teses e Dissertações da CAPES no período de junho a julho de 2018.

Com o termo “Empreendedorismo” foram localizados 3.247 trabalhos, sendo, no entanto, apenas 1.717 na área de Administração. A sentença Fatores Empreendedorismo, pesquisada dessa forma, retornou apenas 1 trabalho na área de Administração. O termo Ambiente Empreendedor revelou 16 ocorrências. Por sua vez, a sentença Índices Competitividade retornou 44.961 resultados, sendo apenas 4.067 na área de Administração (Tabela 3).

Direcionando a mesma pesquisa para Artigos Nacionais, o resultado demonstra que a pesquisa guarda um caráter de originalidade. Os quatro termos acima, quando somado os resultados individuais, retornaram conjuntamente 4.202 trabalhos (Tabela 4).

(27)

Tabela 3 – Dissertações e Teses por assunto na plataforma “CAPES” Sentença/Palavra Chave Data da Pesquisa Ocorrências Gerais Ocor. Administração Ocor. (2018) Ocor. (2017) Ocor. (2016) Ocor. (2015) Ocor. (2014) Ocor. Anteriores “Empreendedorismo” 13/06/2018 3.247 1.717 0 398 394 323 277 1.855 “Fatores Empreendedorismo” 13/06/2018 1 1 0 0 0 1 0 0 “Ambiente Empreendedor” 15/06/2018 16 9 1 2 1 3 0 9 “Índices Competitividade” 14/07/2018 44.691 4.067 0 3.699 3.548 3.354 0 34.090

(28)

Tabela 4 – Artigos por assunto na plataforma “CAPES” Sentença/Palavra Chave Data da Pesquisa Ocorrências Gerais Ocor. (2018) Ocor. (2017) Ocor. (2016) Ocor. (2015) Ocor. Anteriores “Empreendedorismo” 15/07/2018 1.887 52 167 229 254 1.185 “Fatores Empreendedorismo” 15/07/2018 705 20 58 80 94 453 “Ambiente Empreendedor” 15/07/2018 718 16 68 67 82 485 “Índices Competitividade” 15/07/2018 892 28 93 89 99 583

(29)

No âmbito internacional, foram identificadas mais ocorrências quanto ao objeto do estudo. O somatório dos resultados individuais para a pesquisa dos termos

Entrepreneurship, Entrepreneurship Factors, Entrepreneurial Environment e Competitiveness Index, equivalentes aos pesquisados em português, retornaram 274.720

ocorrências.

Em interessante pesquisa sobre o tema empreendedorismo, Becker (2017) elencou, entre outros, os artigos mais citados e recentes com a palavra empreendedorismo na base de dados Scopus.

Entre os artigos mais citados, não há referências à pesquisa similar a que foi conduzida no presente estudo, com o objetivo de identificar fatores a analisar influência do empreendedorismo no desenvolvimento econômico.

(30)

Figura 1 – Artigos mais citados com a palavra-chave entrepreneurship

(31)

Figura 2 – Artigos mais recentes com a palavra-chave entrepreneurship

(32)

2.1 – DESENVOLVIMENTO DAS CIVILIZAÇÕES

Evidências mostram diferenças abissais existentes entre as diversas nações do mundo e, mesmo dentro dessas nações, as diferenças existentes em suas diversas regiões. É fato que há uma distância considerável entre as receitas e o padrão de vida dos países considerados como ricos, a exemplo de Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha, e aqueles países tidos como mais pobres, especialmente aqueles localizados na África subsaariana, América Central e Sul da Ásia (HARARI, 2014).

Na tentativa de mensurar e consequentemente ranquear as nações e regiões no que tange ao seu grau de desenvolvimento, surgiram ao longo dos anos diversos modelos e índices.

Conforme Harari (2014), na história do planeta, que se estima ter iniciado há 4,5 bilhões de anos com o surgimento da matéria e energia, é relativamente recente o embrião da sociedade como conhecida nos tempos atuais. Apenas há 12 mil anos, surgiram os primeiros assentamentos permanentes a partir da revolução agrícola, que permitiu a domestificação de plantas e animais. Há 5 mil anos, surgiram os primeiros reinos fundados basicamente ao amparo de um sistema de escrita e dinheiro. Há 2,5 mil anos, surge a moeda como “dinheiro universal” e ascende o Império Persa, baseado em uma ordem política universal.

Apenas há 200 anos, deu-se a Revolução Industrial e a ascensão dos conceitos de Estado e mercado, que evoluem dos construtos família e comunidade.

Para esse período, os registros históricos são mais fartos e documentados através da observação em detrimento da pesquisa e da reconstituição de fatos a exemplo do que acontece com períodos muito anteriores (HARARI, 2014).

Esses diversos registros permitem tentar compreender como se deu o processo de Desenvolvimento Econômico das diversas regiões do globo e que fatores podem ter contribuído para heterogeneidade dessa evolução, o que levou nações e regiões a observarem graus variados de desenvolvimento e, em consequência, seus povos apresentarem diversos estágios de bem estar.

2.2 – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Segundo Souza (2007), o Desenvolvimento Econômico não possui um conceito aceito universalmente, havendo uma corrente de economistas de inspiração mais teórica

(33)

que o considera sinônimo de crescimento, e outra, com os pés plantados na realidade empírica que afirma que crescimento é uma condição indispensável para o desenvolvimento, porém, não o suficiente para caracterizá-lo.

Fazem parte do primeiro grupo: Meade e Solow, os da escola keynesiana, como Harrod, Domar e Kaldor. Integram o segundo grupo, economistas como Lewis (1969), Hirschman (1974), Myrdal (1968) e Nurkse (1957).

Como resultado produzido pelo primeiro grupo, o qual associa crescimento a desenvolvimento, surgem os modelos que privilegiam a acumulação de capital, estabelecendo como regiões desenvolvidas aquelas que obtêm maior sucesso nesse desiderato. Referida escola ancora a ideia de que crescimento econômico, observado pela distribuição da renda entre os proprietários dos fatores de produção conduz, automaticamente, à melhoria do padrão de vida da população e ao desenvolvimento econômico (SOUZA, 2007).

Ainda conforme Souza (2007), a segunda corrente interpreta o crescimento econômico como uma variável quantitativa, que mede apenas a variação do conjunto de riquezas produzidas por uma região, enquanto, desenvolvimento econômico preocupa-se também com variáveis qualitativas no modo de vidas das pessoas, das instituições e das estruturas produtivas. O desenvolvimento econômico envolveria, então, necessariamente, uma evolução de uma economia arcaica para uma economia moderna.

É preciso mencionar ainda o precursor da ideia central do liberalismo econômico, manifestada com maior profusão por Adam Smith, para o qual a riqueza das nações advinha da ação dos agentes econômicos (indivíduos), os quais estimulados inclusive por seus próprios interesses promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica (SEN, 1992).

Smith ainda afirmava que não seria possível a uma nação florescer e ser feliz convivendo com a maioria de seus membros sendo pobres e miseráveis (ROURKE, 2007)

Não parece absurdo afirmar que as abordagens quanto ao conceito do Desenvolvimento Econômico sempre envolverão essa dialética entre abordagens ortodoxas e heterodoxas em virtude do viés ideológico que envolve os assuntos econômicos.

Aparentemente majoritário é o entendimento de que independentemente de como se caracterize o crescimento econômico – como um fim em si mesmo para caracterizar o desenvolvimento econômico (primeiro grupo) ou como o meio de se

(34)

atingir o desenvolvimento econômico, o que dependeria de outras mudanças estruturais (segundo grupo) – o nível de atividade empreendedora constitui-se como fator importante para a geração de riqueza. Nesse sentido, o próprio Souza (2007) afirma que o crescimento de renda per capita é fundamental para melhorar indicadores sociais.

Acemoglu (2012) também assevera nesse sentido, associando crescimento econômico e elevação da atividade empresarial, principalmente industrial, trazendo a baila os acontecimentos da segunda metade do século XVIII, quando a Inglaterra destacou-se como primeiro país a experimentar crescimento econômico, ocasião em que se deu à Revolução Industrial, baseada em grandes inovações tecnológicas.

2.3 – EMPREENDEDORISMO

2.3.1 – O Surgimento do Empreendedorismo

Inicialmente, é extremamente importante estabelecer os limites da acepção de empreendedorismo ou empreendedor para este estudo.

O Novo Código Civil Brasileiro (2003) define que:

“Art. 966 – Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”

Conforme o Michaellis (2015), empreender significa resolver-se a praticar (algo laborioso e difícil); tentar.

Não é apenas no contexto jurídico e semântico que os termos guardam uma grande distância. O senso comum não raramente trata como sinônimos os construtos empreendedor e empresário.

É importante para o presente estudo caminharmos pela origem do termo e suas diversas acepções, inclusive, em áreas que vão além da economia e administração.

(35)

Dolabela (1999) afirma que a palavra empreendedor caracteriza especialmente a pessoa que cuida da geração de riqueza, o que pode ocorrer pela transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, na criação do próprio conhecimento ou mediante inovação em áreas como marketing, produção, organização.

Gomes (2011) explica que o empreendedorismo consiste em um neologismo advindo da tradução livre da palavra entrepreneurship, que significava os estudos relativos ao empreendedor, o perfil, as origens, o sistema de atividades, o universo de atuação.

Afirmou-se inicialmente que o construto empreendedorismo teria sido popularizado por intermédio de alguns textos traduzidos da língua inglesa, sendo sua origem francesa derivada da palavra entrepreneur (DOLABELA, 1999). Posteriormente, no entanto, Degen (2009) discorreu sobre a origem da palavra no latim, como a conjunção de duas palavras inter, traduzindo reciprocidade, e prehendere, com o significado de comprador, ou seja, entre e comprador: o intermediário. Degen (2009) chega a apontar o veneziano Marco Pólo (1254-1324) como exemplo de empreendedor com a semântica etimológica de “intermediário”, ao tentar conceber uma rota terrestre entre a Europa e o Oriente, ocasião em que desenvolveu seu plano e propôs aos investidores venezianos sua implantação.

Ainda segundo Gomes (2011), o construto empreendedor surge pela primeira vez em texto em português em 1563 no livro Imagem da Vida Christam ordenada per

diálogos como membros de sua composiçam; Compostos per Frey Hector Pinto, frade Ieronymo. O termo empreendedorismo surge posteriormente seguindo uma das regras

de formação de palavras derivada no idioma português através do acréscimo do sufixo grego –ismo.

Cerqueira, Paula, Albuquerque (2000) destacam que Richard Cantillon (1680-1734), capitalista do século XVIII, primeiro se interessou pelo empreendedorismo, sendo aderente ao pensamento de alguns liberais da época que já clamavam pela existência de liberdade plena para a meritocracia, de modo que o indivíduo pudesse gozar do produto de seu trabalho da melhor forma. Cantillon caracterizou os empreendedores como aquelas pessoas que comercializavam matérias-primas, quase sempre de origem agrícola, processando-as de alguma forma e identificando oportunidades de negócios mediante a assunção de algum risco.

Caminhar pelos conceitos de empreendedor ou empreendedorismo traz o desafio de entender que as definições podem sofrer do viés do campo de conhecimento do

(36)

pesquisador, restringindo-se aos princípios por este admitidos. Gomes (2011) chama atenção para a existência de duas correntes principais, sendo uma de inspiração liberal, que associa empreendedorismo à inovação, e aqueles de viés comportamentalista ou psicológico que enfatizam aspectos atitudinais.

Conforme Filion (1999), foi o proponente da Lei de Say ou Lei de Mercado, Jean-Baptiste Say (1767-1832), economista entusiasta e divulgador de Adam Smith, que primeiro relacionou o desenvolvimento econômico ao surgimento de novos empreendimentos. Say atribuiu aos empresários um papel de relevância na dinâmica econômica.

Mais modernamente, Drucker (1987) atribuiu ao empreendedor a responsabilidade de imprimir maior eficiência à economia, transferindo recursos para os setores de produtividade mais elevada e com maior rendimento.

2.3.2 – Tipos de Comportamento Empreendedor

Segundo Filion (1999), a partir do fortalecimento de modelos empresariais empreendedores, é possível criar um processo vigoroso de imitação por parte dos jovens, que escolheriam o empreendedorismo como uma opção de carreira.

Há um grande desafio em estabelecer cientificamente um perfil do empreendedor. São muitas variáveis envolvidas e vários campos da ciência, cada um com seu viés, comprometidos na tentativa de fazê-lo. Além disso, como um agente econômico, o empreendedor está sujeito às características regionais do mercado onde atua, admitindo que a globalização traga algum traço de uniformidade para os vários tipos.

Gomes (2011) ressalta que o empreendedor é considerado pelos economistas como um elemento útil à compreensão do desenvolvimento, enquanto, pelos comportamentalistas, é identificado como uma pessoa.

A primeira escola interessa mais ao presente estudo, considerando a sua abordagem com o desenvolvimento econômico.

Neste capítulo é explorado o desenvolvimento dos conceitos de empreendedor por oportunidade e empreendedor por necessidade.

Pesquisas apontam que um ambiente empresarial convidativo permite progresso econômico sustentado, promovendo inovação e expansão, sendo, por esse motivo, o empreendedorismo reconhecido como um importante fator do crescimento econômico.

(37)

Interessante destacar, no entanto, que, ao analisar os resultados dessas pesquisas em países menos desenvolvidos, não há a repetição otimista dos achados (STEL e THURIK, 2004; FONTENELE, 2010; ALMEIDA, 2014; SEDIYAMA, 2014; SANTIAGO, 2014; ROCHA, 2014; BARTOLOMEU, 2015; OLIVEIRA e CARDOSO, 2015).

Não parece ser o caso de desencorajar o empreendedorismo, não devendo ser subestimado a capacidade dos negócios sustentáveis promover melhores condições de vida e beneficiar as populações no longo prazo (BOSMA; LEVIE, 2010).

É possível que parte dessa diferença entre os impactos do empreendedorismo nas economias mais desenvolvidas e a sua relevância nos menores níveis de desenvolvimento ocorra justamente em virtude do tipo de empreendedorismo que predomina em cada uma dessas economias.

O Global Entrepreunership Monitor (GEM) constitui-se atualmente em um dos estudos sobre o empreendedorismo e sua dinâmica em diversas nações. As pesquisas foram iniciadas em 1999 e, hoje, abrange mais de 100 países. O GEM se debruça sobre a atividade empreendedora nos países participantes e persegue os seguintes objetivos principais:

a) Avaliar as diferenças entre os países quanto ao nível da atividade empreendedora;

b) Identificar os fatores importantes para determinar o nível do empreendedorismo; e

c) Avaliar as políticas públicas que interagem com a atividade empreendedora e pode estimulá-la.

Em função da motivação dos empreendedores para empreender, o GEM os classifica em empreendedores por necessidade e por oportunidade. Segundo o GEM, as diversas características da atividade empreendedora impactam os países de forma diferente a depender do estágio de desenvolvimento econômico

No empreendedorismo por necessidade, conforme Barros e Pereira (2008), o agente empreendedor insere-se nos negócios por falta de alternativa de trabalho e renda, ao passo que no empreendedorismo por oportunidade, o agente empreendedor identificou efetivamente uma oportunidade de negócio a ser explorada.

(38)

Assim, os empreendedores por necessidade seriam uma “parcela da população envolvida com o empreendedorismo por não ter outra opção de trabalho” (GEM. 2011, p. 89), ao passo que os empreendedores por oportunidade seria aquela parcela “envolvida com o empreendedorismo não por não ter outra opção de trabalho, e, sim, por ter identificado uma oportunidade de negócio que pretende perseguir” (GEM, 2011, p. 89). Reynolds, Bygrave e Autio (2002) arrematam que o empreendedor por oportunidade tem a prerrogativa de escolher um empreendimento em detrimento de

opções possíveis de carreiras.

2.3.3 – Estágios do Empreendedorismo no Mundo

Conforme já explanado no capítulo um, entre os principais estudos sobre empreendedorismo e desenvolvimento econômico do mundo encontra-se a iniciativa GEM.

Para aprofundamento o objetivo deste estudo, é imprescindível conceber a classificação que a pesquisa imprime aos diversos empreendedores de acordo com seu estágio (GEM, 2016).

O GEM classifica os empreendedores em três categorias - nascentes, novos e estabelecidos, sendo:

a) Nascentes: aqueles envolvidos na estruturação de um negócio do qual é proprietário, porém, o empreendimento não permite a retirada de pró-labores ou qualquer outra remuneração por mais de três meses;

b) Novos: referidos empreendedores são proprietário de um novo negócio, estando na fase de três a 42 meses com relação ao tempo de retirada de pró-labores ou demais formas de proventos;

c) Estabelecidos: empreendedores que administram um negócio capaz de se gratificar monetariamente por mais de 42 meses ou três anos e meio.

Aos dois primeiros tipos de empreendedores, a pesquisa denomina de empreendedores iniciais.

A compreensão das diferenças entre os estágios empreendedores parece ser relevante para os achados da pesquisa, uma vez que se tentará identificar correlação entre determinados fatores e o estímulo ao empreendedorismo nascente. Mas à frente

(39)

discorrer-se-á sobre a literatura que trata da relação entre empreendedorismo e desenvolvimento econômico. Nela, há indícios de que o crescimento dos empreendedores em estágio inicial que tenham se motivado por uma oportunidade está intimamente relacionado ao desenvolvimento econômico.

2.3.4 – O Empreendedorismo no Mundo e o Processo Empreendedor

Em todo o mundo, a pesquisa GEM também desenvolve a análise do “Contexto Empreendedor”, representado na figura abaixo. Trata-se de cenário social diretamente influenciado pelas características do indivíduo, postura da sociedade e ambiente institucional.

As pesquisas realizadas no mundo enquadram o perfil empreendedor sob a ótica do indivíduo, elencando um número de características comportamentais endógenas que o transformam em empreendedor (GELDEREN et al., 2008; SCHMIDT;

BOHNENBERGER, 2009; OBSCHONKA; SILBEREISEN;

SCHMITT-RODERMUND, 2010; TAJEDDINI; ELG; TRUEMAN, 2013; ROXAS; CHADEE, 2013).

Na metodologia da pesquisa GEM, são inseridos no contexto empreendedor, além do comportamento individual, os fatores sociais e ambientais despertam no indivíduo potencialmente empreendedor o empreendedor efetivo.

(40)

Figura 3

Fonte: Global Entrepreunership Monitor 2016 – Empreendedorismo no Brasil

Segundo GEM 2016, há um fator complicador das análises comparativas quanto à intensidade empreendedora entre países, o que pode ser suavizada através da adoção da “classificação de países que foi estabelecida pelo Fórum Econômico Mundial – WEF (Global Competitiveness Report). Esta classificação utiliza indicadores sobre o tamanho do PIB, renda per capita e quota de exportação de produtos primários.

Através dos indicadores elencados acima, surge a classificação em três grupos, cujas características são:

a) Países impulsionados por fatores – são caracterizados pela predominância de atividades com forte dependência dos fatores trabalho e recursos naturais;

b) Países impulsionados pela eficiência – são caracterizados pelo avanço da industrialização e ganhos em escala, com predominância de organizações intensivas em capital;

c) Países impulsionados pela inovação – são por empreendimentos intensivos em conhecimento e pela expansão e modernização do setor de serviços.

Segundo o Fórum, o Brasil integra o grupo de países impulsionados pela eficiência. Com o objetivo de comparar a situação brasileira com outros países

(41)

integrantes, foram selecionados sete países de referência. Na seleção utilizou-se critérios qualitativos e também quantitativos, a exemplo de população acima de 50 milhões de habitantes; PIB com ordem de grandeza superior ao do Brasil e países localizados em diferentes continentes.

2.3.5 – A dialética entre Empreendedorismo e Desenvolvimento Econômico

Atribui-se a Schumpeter (1934) uma das primeiras definições de empreendedor, em que se concebe o agente como aquele que destrói a ordem econômica existente e é responsável por introduzir novos produtos e serviços, principalmente pela descoberta de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos materiais.

Acredita-se que referido conceito não se limita a definir determinados tipos de empresários, mas também os demais agentes (executivos e empregados) que reúnem aquelas características. Para o estudo em comento, parece que esse conceito mais abrangente é o mais adequado a tentar identificar a dialética entre o empreendedor e o desenvolvimento econômico.

A visão de Say do empreendedor, compreendido pelo autor como um agente que inova e promove mudanças (FILION, 1999) ainda é muito atual. Todavia, Schumpeter associa de forma mais contundente o empreendedor ao fomento do desenvolvimento econômico. Segundo Gomes (2011), no corpo central do pensamento econômico, não estão os economistas que se interessam pelos empreendedores.

Antônio Delfim Netto (“O papel do empresário privado no Processo de Desenvolvimento Econômico”, “Problemas Brasileiros”, 1964, nº 24, p. 2) afirmou que:

“É preciso lembrar que o desenvolvimento econômico é um processo global de transformação, que implica em modificações quantitativas e qualitativas no sistema produzido; em modificação das relações entre os indivíduos e que altera não apenas a estrutura econômica, mas também os valores básicos e as formas de comportamento de toda a sociedade tradicional”

O tripé Shumpteriano assenta o desenvolvimento econômico em três fatores: a inovação tecnológica, a presença do empresário empreendedor e o acesso ao crédito. Observa-se que o autor não considera que o crescimento da população e/ou da produção

(42)

são isoladamente fatores que determinam o desenvolvimento econômico. Quando muito, pode induzir “crescimento econômico”. O desenvolvimento econômico, no entanto, seria disruptivo, exigindo do empresário inovador que seja o agente capaz de mobilizar crédito bancário e empreender negócios inovadores. Nesse sentido, o empreendedor não será necessariamente o investidor do capital, mas precisa ter a capacidade de mobilizá-lo (SCHUMPETER, 1982).

Barros e Pereira (2008) destacaram que “a teoria econômica neoclássica ignorou essa advertência de Schumpeter”, tendo como causa provável a adoção do paradigma do equilíbrio, segundo o qual: “... a teoria padrão de equilíbrio neoclássico não tem, pelo

seu próprio caráter, nenhum papel para o empreendedor. Em equilíbrio, não há margem para lucro puro: simplesmente não há nada para o empreendedor fazer”.

Schumpeter já havia criticado a tentativa de analisar o crescimento econômico sem tentar compreender o papel do empreendedor. Baumol (1968) advertiu seus pares economistas parafraseando Schumpeter e chamando atenção para o fato de que a empresa teórica não engloba o empreendedorismo, o que seria equivalente a expurgar o Príncipe da Dinamarca da discussão de Hamlet.

A literatura da segunda metade do século passado até aqui ignorou os autores entusiasta do papel do empreendedor, não reservando lugar aos empreendedores, tendo sedimentado os determinantes do crescimento econômico nos seguintes pilares: acumulação de capital físico e humano, progresso tecnológico e expansão dos mercados (Easterly, 2002; Mokyr, 1990).

Porter (1992) já havia destacado que a competitividade de um país está intimamente ligada à inovação de produtos e processos de produção. Segundo já abordado, essa é justamente a definição de Schumpeter (1982) para empreendedor, a do agente capaz de introduzir inovação que leva ao desenvolvimento econômico.

Para Nickel, Nicolitsas & Dryde (1997) é justamente essa a contribuição do empreendedor ao desenvolvimento econômico: a introdução da inovação e da concorrência no mercado.

Esses pensamentos diversos foram fundamentando as teorias que avaliam o desenvolvimento econômico, a partir do papel ou não papel do empreendedor como motor do crescimento. A destruição criativa promovida pelo empreendedor, modificando produtos e processos, ficou conhecida como Schumpeter Marco I (THURIK et al., 2002). O próprio Schumpeter (1982) em seu processo de produção de conhecimento afirmou em outro momento que somente as grandes empresas seriam

(43)

aptas a realizar investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), definindo o Marco II de Schumpeter. No pós-guerra, foi justamente essa tipologia de empresa que ganhou força: grandes empresas com administração profissional e que visavam a ganhar eficiência através das economias de escala (CHANDLER, 1990; GALBRAITH, 1971).

Conforme Lucas (1988), em outro momento, a Teoria do Crescimento Endógeno destaca a importância do capital humano e da inovação na determinação do crescimento econômico, no entanto, não avalia o papel do agente empreendedor. Audretsch et al. (2006) formalizou a Teoria do Empreendedorismo pelo Transbordamento do Conhecimento (Knowledge Spillover Theory of Entrepreneurship), primando por explicitar o papel do empreendedor, enunciando que os conhecimentos e as ideias novas concebidas por ocasião da pesquisa de uma grande empresa ou ambiente acadêmico, mas não aproveitadas comercialmente, criam oportunidades empreendedoras, sendo o empreendedorismo, então, uma resposta endógena aos investimentos realizados.

A partir da teoria narrada, os autores formularam a hipótese sobre crescimento econômico, a qual afirma que níveis mais altos de crescimento econômico são oriundos de maior atividade empreendedora, uma vez que o agente empreendedor serve como veículo para transbordamento e comercialização do conhecimento.

A hipótese de Audretschet (2006) foi testada no universo de 327 condados na Alemanha. Os achados indicaram que nas regiões onde havia mais empreendedorismo o produto interno bruto e sua variação eram maiores, tendo sido constatado que o empreendedorismo – tomado através do número de empresas nascentes numa região em relação à população – é um dos elementos para explicar o desempenho econômico regional.

A literatura até então pesquisada sobre o assunto parece convergir para o entendimento de que há em alguma medida uma correlação entre empreendedorismo e o desenvolvimento econômico.

Mais recentemente, aquela hipótese formulada por Schumpeter, no denominado Marco II, tem recebido contribuição no sentido de demonstrar que os tipos de empreendedorismo exercem influência diversa sobre o desenvolvimento econômico da região a depender do seu próprio estágio de desenvolvimento. Aghion e Howitt (2005) conceberam a ideia que mais ingressos ou potenciais ingressos no mercado de novos entrantes conduzem a mais inovação e aumento de produtividade. Tal fenômeno não ocorre apenas porque é o resultado natural da inovação, mas também em virtude do receio que provoca nos agentes empresários tradicionais de ter seu negócio afetado

(44)

pelos entrantes, podendo até mesmo ser desalojado, incentivando-os a inovar e criar barreiras a novos entrantes. Uma das conclusões empíricas dessa hipótese, segundo Barros e Pereira (2008), seria que novos entrantes provocam efeito positivo mais significativo no crescimento de países, ou até mesmo setores, que se encontram na fronteira tecnológica, ao passo que os efeitos são menores naqueles que estão bem abaixo da fronteira

Nesse momento, parece ser relevante a distinção entre dois tipos de empreendedorismo, a partir da motivação do agente empreendedor, cujos conceitos já foram tratados no item 2.3.2, do capítulo 2, o empreendedorismo por necessidade e por oportunidade, sendo o primeiro aquele em que “o envolvimento no negócio aconteceu por falta de alternativa de trabalho e renda”, ao passo que, quanto ao segundo, o agente empreendedor identificou efetivamente uma oportunidade de negócio a ser explorada (BARROS E PEREIRA; 2008).

Alguns autores constatam que, para países ou regiões em que há menor nível de desenvolvimento, o empreendedorismo por necessidade torna-se o tipo mais presente de atividade empreendedora e contribui de forma negativa para o crescimento econômico, enquanto, em países e regiões com maior desenvolvimento econômico, o empreendedorismo por oportunidade prevalece e contribui de forma positiva para o crescimento (ROCHA, 2014; OLIVEIRA, CARDOSO, 2015; BARTOLOMEU, 2015).

2.3.6 – Fatores que definem a atratividade do Ambiente Empreendedor

Questão de relevância para o presente estudo consiste em identificar os fatores que eventualmente interagem com o Ambiente Empreendedor tornando-o mais atrativo ou mais hostil ao agente empreendedor.

Os fatores são variáveis preditoras (também chamadas variáveis independentes) que você escolhe para variar sistematicamente durante um experimento para determinar seu efeito sobre a variável de resposta (SILVA; 2017).

Partindo do conceito acima, seria possível identificar variáveis que uma vez presentes e dependendo de sua intensidade poderiam influenciar na atratividade da atividade empreendedora.

Diversos estudos definem múltiplas variáveis que promoveriam mudanças na receptividade de países ou regiões geográficas ao empreendedorismo, sendo esses fatores importantes para o desenvolvimento econômico.

(45)

Entre os principais estudos de abrangência mundial sobre o empreendedorismo estão os realizados pelo Global Entrepreunership Monitor (GEM) e pelo World

Economic Forum (WEF).

Segundo definição do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), o GEM consiste em um programa de pesquisa que promove a avaliação anual do nível nacional da atividade empreendedora. Iniciou em 1999, com 10 países sendo objeto de estudo, fruto de uma parceria entre London Business School, da Inglaterra, e Babson

College, dos Estados Unidos. Mais de 80 países já participaram do estudo do programa,

que atualmente é a maior avaliação contínua da atividade empreendedora.

O WEF, conforme definição constante em seu website, é uma organização sem fins lucrativos que se localiza em Genebra na Suíça e tem entre suas atribuições a realização anual do Fórum Econômico Mundial realizado na cidade de Davos e, por esse motivo, também denominado de Fórum de Davos. O Fórum divulga anualmente o

Global Competitiveness Index (GCI), índice que captura as principais variáveis que

estimulam a atividade empresarial.

No Brasil, além dos dados nacionais condensados pelo GEM, este estudo localizou também a pesquisa elaborada pelo Centro de Liderança Pública associado à consultoria Tendências Consultoria Integrada, a qual, através da análise de diversos indicadores, cataloga a ambiência competitiva dos Estados Brasileiros para abrigar o agente empreendedor.

Estes três estudos anteriores elencam fatores e avaliam a sua presença e intensidade nas regiões analisadas com o objetivo de medir o grau de competitividade das regiões.

Quanto ao GEM, seu principal indicador é o Total early-stage Entrepreneurial

Activity (TEA), o qual mensura a proporção de pessoas entre 18 e 64 anos exercendo

atividades em negócios nascentes e/ou novos, conforme definição no capítulo anterior (PAULA; UHR; UHR; 2017).

O TEA tem sido objeto de correlações com outros indicadores com o objetivo de definir a importância do empreendedorismo, no estágio inicial ponderado pelo indicador, para o ambiente econômico dos países.

ACS et al. (2004) e Bosma et al. (2008) estabeleceram uma correlação entre o

TEA e o GDP per capita (Gross Domestic Product), a denominação do PIB per capita

(46)

menos desenvolvidas em detrimento das economias mais desenvolvidas, voltando a crescer em economias sofisticadas.

Por sua vez, o GCI almeja medir os fundamentos microeconômicos e macroeconômicos da competitividade, a qual é definida como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de uma economia (SALA-I-MARTÍN et al., 2015; SALA-I-MARTÍN et al., 2016).

O GCI considera a existência três estágios de economia a partir do seu grau de desenvolvimento – Orientadas por Fatores, Orientadas pela Eficiência e Orientadas pela Inovação. Nas economias “orientadas por fatores” há altas taxas de empreendedorismo por necessidade, os empreendedores comumente possuem baixos níveis de educação formal e essas economias tendem a utilizar tecnologias menos sofisticadas o que provoca a oferta basicamente de produtos de origem extrativistas. Nas economias “orientadas por eficiência”, por ocasião do crescimento da renda per capita e o desenvolvimento do setor industrial, começam a surgir instituições para apoiar novas indústrias, grandes empresas se estabelecem, tornando-se uma opção viável de empregos estáveis. Nas economias “orientadas pela inovação”, o ambiente econômico permite a exploração de diversas oportunidades surgidas a partir do aumento das pesquisas e instituições provedoras de conhecimento. Nesse último contexto, a atividade empresarial baseia-se na oportunidade e na busca pela inovação (PAULA, UHR E UHR, 2017). Há um verdadeiro desafio aos operadores conhecidos, o que representa alegoricamente a “destruição criativa” utilizada por Schumpeter ao definir empreendedor.

Paula, Uhr e Uhr (2017) também perceberam que o TEA comporta-se de maneira distinta nesses três estágios econômicos:

a) Orientação por Fatores – Há um TEA elevado em virtude das poucas oportunidades de empregos estáveis existentes, o que incrementa o empreendedorismo por necessidade;

b) Orientação por Eficiência – O estabelecimento de grandes empresas contribui para a oferta de emprego estável, reduzindo o número de empreendedores por necessidade. O TEA, nesse cenário, cai, o que deve, no entanto, ser entendido como uma ocorrência positiva desde que acompanhado de estabilidade macroeconômica e política.

(47)

c) Orientação por Inovação – A TEA volta a crescer puxada pelo empreendedorismo orientado por oportunidade. A difusão de novas tecnologias e economias de escala contribuem para o aumento da produtividade, absorvendo as demandas crescentes de mercado, e impulsionando a formação de capital financeiro, o que por sua vez estimula o surgimento de novos setores industriais, permitindo o surgimento de um setor emergente de fabricação em pequena escala.

O Global Competitiveness Index leva em consideração doze pilares divididos em subíndices – requerimentos básicos, potenciadores de eficiência e fatores de inovação e sofisticação. Esses doze fatores são considerados mais ou menos importantes em virtude dos estágios de desenvolvimento daquela economia, recebendo, portanto, na metodologia do índice, pesos diferentes.

Tabela 5 – Pilares que formam o GCI – Fórum Econômico Mundial

Fonte: Global Competitiveness Report 2015-2016 baseado em Paula, Uhr e Uhr, 2017

O GEM, por sua vez, também avalia a importância de alguns fatores nos países pesquisados, utilizando a percepção de respondentes quanto aos fatores favoráveis ao empreendedorismo e limitantes à atividade empreendedora.

(48)

Tabela 6 – Fatores Favoráveis à abertura de novos negócios – GEM 2016

Fonte: GEM 2016

A Tendências Consultoria Integrada, consultoria do economista Mailson da Nóbrega1, produz anualmente o Relatório “Ranking de Competitividade dos Estados”, o qual condensa, em 10 pilares, 66 indicadores de diversas fontes, que possuem agenda própria de divulgação, que vão desde “Emissão de CO2”, produzido pela SEEG/OC, passando por “PEA com Ensino Superior” – produzido pelo IBGE, na pesquisa PNAD – até “Qualidade dos Serviços de Telecomunicações” da ANATEL.

1

Economista, Ex-Ministro da Fazendo do Governo Sarney, Colunista de Diversos veículos de comunicação, entre eles, Folha de São Paulo, Estado de S. Paulo e Revista Veja

(49)

Ao final, a Consultoria produz um Ranking que classifica os Estados Brasileiros de acordo com seu ambiente convidativo ao empreendedorismo.

A pesquisa analisa os seguintes pilares:

Quadro 1 – Pilares de Competitividade – Tendências Consultoria

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Tendência e CLP (2017)

Em cada um dos pilares, a pesquisa avalia diversos fatores através de dados obtidos em outras pesquisas com agenda própria. São os seguintes os fatores e suas respectivas fontes para cada um dos pilares:

Quadro 1.1 – Indicadores do Pilar Sustentabilidade Ambiental

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

(50)

Quadro 1.2 – Indicadores do Pilar Capital Humano

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

Quadro 1.3 – Indicadores do Pilar Educação

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

Quadro 1.4 – Indicadores do Pilar Eficiência da Máquina Pública

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

(51)

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

Quadro 1.6 – Indicadores do Pilar Inovação

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

Quadro 1.7 – Indicadores do Pilar Potencial de Mercado

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

Quadro 1.8 – Indicadores do Pilar Solidez Fiscal

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

Quadro 1.9 – Indicadores do Pilar Segurança Pública

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

(52)

Quadro 1.10 – Indicadores do Pilar Sustentabilidade Social

Fonte: Ranking de Competitividade dos Estados 2017. Elaborado pela Tendências Consultoria e pelo Centro de Liderança Pública

Smith (2010) avalia a interação do empreendedorismo com o crescimento econômico mediante um conjunto de dados transversais para 77 países, para o ano de 2005, extraídos do Banco Mundial. O autor elenca seis diferentes fatores, distribuídos em sete variáveis, sendo um deles o próprio empreendedorismo, medido pela taxa de novos negócios nascentes, e os outros cinco fatores que, segundo a literatura, também estão presentes em cenários de crescimento econômico:

(53)

Tabela 7 – Fatores de Smith (2010)

Nome da Variável Fator Medido

Rendimento Nacional Bruto Per Capta (paridade do poder de compra medida em dólares)

Crescimento Econômico

Taxa de Novos Negócios Empreendedorismo

Percentual da População na Força de Trabalho

Trabalho

Formação de Capital Bruto Per Capita (Referência de USD 2.000)

Capital

Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento (Percentual do PIB)

Conhecimento

Soma dos gastos com estudantes na educação básica, ensino médio e ensino superior (Percentual do PIB per capta)

Conhecimento

Classificação no Índice de Facilidade em Fazer negócios

Políticas Governamentais Pró-Mercado

Fonte: Baseado em Smith (2010)

Smith (2010) extraiu todas as informações para cruzamento dos dados da Base de Indicadores de Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial (World Bank Group).

Todos os fatores explorados por Smith (2010) também estão, de alguma forma, presentes no Ranking de Competitividade dos Estados (TENDÊNCIAS; 2017).

Bednarzick (2000), ao analisar os fatores da pesquisa GEM, destacou que o empreendedorismo não é apenas um resultado dos fatores tradicionais de desenvolvimento econômico. Em sua pesquisa, Robert Bednarzick identificou sete fatores, entre aqueles que promovem crescimento econômico, que influenciam o empreendedorismo:

Referências

Documentos relacionados

O romance Usina, diferentemente dos demais do conjunto da obra pertencente ao ciclo-da-cana-de-açúcar, talvez em função do contexto histórico em que se insere, não

As resistências desses grupos se encontram não apenas na performatividade de seus corpos ao ocuparem as ruas e se manifestarem, mas na articulação micropolítica com outros

As métricas por trás do Tomatometer, os seus diversos critérios de cálculo, o selo Certified Fresh, o conceito de Top Critic, como também a possibilidade que usuários cadastrados

O primeiro volume é publicado em 2001, tendo sido a coleção criada por Manuel Lopes, antigo diretor da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto e coordenador do

13 Assim, a primeira fase no momento da dispensa de um MSRM é a validação da receita, por isso, independentemente do modo de disponibilização da prescrição, a receita

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade (PPGCC) e a Comissão de Pós-Graduação da FEA-RP/USP tornam pública a abertura de

Para que o estudante assuma integralmente a condição de cidadão é preciso dar-lhe voz. Sendo o diálogo, portanto, fundamental para a cidadania, o professor de Ciências deve buscar

45 Figure 18 - Study of the extract concentration in the phycobiliproteins extraction and purification using the mixture point composed of 10 wt% Tergitol 15-S-7 + 0.3