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A Hora da Estrela, de Clarice Lispector Colégio Interativa

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Academic year: 2021

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“A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector Colégio Interativa

Análise da obra

A hora da estrela é também uma despedida de Clarice Lispector. Lançada pouco antes de sua morte em 1977, a obra conta os momentos de criação do escritor Rodrigo S. M. (a própria Clarice) narrando a história de Macabéa, uma alagoana órfã, virgem e solitária, criada por uma tia tirana, que a leva para o Rio de Janeiro, onde trabalha como datilógrafa.

É pelos olhos do narrador e através de seu domínio da palavra que a existência e a essência são expostas como interrogações. Tal presença masculina retrata um universo de fragmentos, onde o ser humano não é respeitado, mas desacreditado nessa reconstrução de uma realidade mutilada.

Em A hora da estrela Clarice escreve sabendo que a morte está próxima e põe um pouco de si nas personagens Rodrigo e Macabéa. Ele, um escritor à espera da morte; ela, uma solitária que gosta de ouvir a Rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste, como Clarice.

A despedida de Clarice é uma obra instigante e inovadora. Como diz o personagem Rodrigo, estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. É Clarice contando uma história e, ao mesmo tempo, revelando ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante da vida e da morte.

Estrutura da obra

É uma obra composta de três histórias que se entrelaçam e que são marcadas, principalmente, por duas características fundamentais da produção da autora: originalidade de estilo e profundidade psicológica no enfoque de temas aparentemente comuns.

A linguagem narrativa de Clarice é, às vezes, intensamente lírica, apresentando muitas metáforas e outras figuras de estilo. Há, por exemplo, alguns paradoxos e comparações insólitas, que realmente surpreendem o leitor. E também é peculiaridade da autora a construção de frases inconclusas e outros desvios da sintaxe convencional, além da criação de alguns neologismos.

Foco narrativo

Quanto à linguagem, o livro a apresenta fartamente, em todos os momentos em que o narrador discute a palavra e o fazer narrativo. Interessante notar que, antes de iniciar a narrativa e logo após a 'Dedicatória do autor', aparecem os treze títulos que teriam sido cogitados para o livro.

O recurso usado por Clarice Lispector é o narrador-personagem, pois conforme nos faz conhecer a protagonista, também nos faz conhecê-lo. Ele escreve para se compreender. É um marginalizado conforme lemos: "Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar pra mim na terra dos homens". Quanto à sua relação com Macabéa, ele declara amá-la e compreendê-la, embora faça contínuas interrogações sobre ela e embora pareça apenas acompanhando a trajetória dela, sem saber exatamente o que lhe vai acontecer e torcendo para que não lhe aconteça o pior.

Macabéa, a protagonista, é uma invenção do narrador com a qual se identifica e com ela morre. A personagem é criada de forma onisciente (tudo sabe) e onipresente (tudo pode). Faz da vida dela um aprendizado da morte. A morte foi a hora de estrela.

O enredo de A hora da Estrela não segue uma ordem linear: há flashbacks iluminando o passado, há idas e vindas do passado para o presente e vice-versa.

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Além da alinearidade, há pelo menos três histórias encaixadas que se revezam diante dos nossos olhos de leitor:

1. A metanarrativa - Rodrigo S. M. conta a história de Macabéa: Esta é a narrativa central da obra: o escritor Rodrigo S.M. conta a história de Macabéa, uma nordestina que ele viu, de relance, na rua.

2. A identificação da história do narrador com a da personagem - Rodrigo S.M. conta a história dele mesmo: esta narrativa dá-se sob a forma do encaixe, paralela à história de Macabéa. Está presente por toda a narrativa sob a forma de comentários e desvendamentos do narrador que se mostra, se oculta e se exibe diante dos nossos olhos. Se por um lado, ele vê a jovem como alguém que merece amor, piedade e até um pouco de raiva, por sua patética alienação, por outro lado, ele estabelece com ela um vínculo mais profundo, que é o da comum condição humana. Esta identidade, que ultrapassa as questões de classe, de gênero e de consciência de mundo, é um elemento de grande significação no romance, Rodrigo eMacabéa se confundem.

3. A vida de Macabéa - O narrador conta como tece a narrativa. Narrador e protagonista, inseridos em uma escrita descontínua e imprevisível, permitem ao leitor a reflexão sobre uma época de transição, de incoerência, como um movimento em busca de uma nova estruturação da obra literária similar à insegurança, à ansiedade e ao sofrimento. O tema é oferecido, socializando a possibilidade de ruptura.

O narrador revela seu amor pela personagem principal e sofre com a sua desumanização, mas, também, com a própria tendência em tornar-se insensível.

O foco narrativo escolhido é a primeira pessoa. O narrador lança mão, como recurso, das digressões, o que, aspectualmente parece dar à narrativa uma característica alinear. Não se engane: ele foge para o passado a fim de buscar informações.

Espaço / Tempo

O Rio de Janeiro é o espaço. Ocorre que o espaço físico, externo, não importa muito nesta história. O "lado de dentro"das criaturas é o que interessa aos intimistas. Pelos indícios que o narrador nos oferece, o tempo é época em que Marylin Monroe já havia morrido - possivelmente a década de 60 em seu fim ou a de 70 em seus começos - mas faz ainda um grande sucesso como mito que povoa a cabeça e os sonhos de Macabéa.

Embora a história de Macabea seja profundamente dramática, a narrativa é toda permeada de muito humor e ironia. O próprio nome da protagonista constitui-se numa grande ironia (tragicomédia).

Personagens

Macabéa: Alagoana, 19 anos e foi criada por uma tia beata que batia nela (sobre a cabeça, com força); completamente inconsciente, raramente percebe o que há à sua volta. A principal característica de Macabéa é a sua completa alienação. Ela não sabe nada de nada. Feia, mora numa pensão em companhia de 3 moças que são balconistas nas Lojas Americanas (Maria da Penha, Maria da Graça e Maria José). Macabéa recebe o apelido de Maca e é a protagonista da história. Possivelmente o nome Macabéa seja uma alusão aos macabeus bíblicos, sete ao todo, teimosos, criaturas destemidas demais no enfrentamento do mundo; a alusão, no entanto, faz-se pelo lado do avesso, pois Macabéa é o inverso deles.

Olímpico: Olímpico se apresentava como Olímpico de Jesus Moreira Chaves. Trabalhava numa metalúrgica e não se classificava como "operário": era um "metalúrgico". Ambicioso, orgulhoso e matara um homem antes de migrar da Paraíba. Queria ser muito rico, um dia; e

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um dia queria também ser deputado. Um secreto desejo era ser toureiro, gostava de ver sangue.

Rodrigo S. M.: Narrador-personagem da história. Ele tem domínio absoluto sobre o que escreve. Inclusive sobre a morte de Macabéa, no final.

Glória: Filha de um açougueiro, nascida e criada no Rio de Janeiro, Glória rouba Olímpico de Macabéa. Tem um quê de selvagem, cheia de corpo, é esperta, atenta ao mundo.

Madame Carlota: É a mulher de Olaria que porá as cartas do baralho para "ler a sorte"de Macabéa. Contará que foi prostituta quando jovem, que depois montou uma casa de mulheres e ganhou muito dinheiro com isso. Come bombons, diz que é fã de Jesus Cristo e impressiona Macabéa. Na verdade, Madame Carlota é uma enganadora vulgar.

Outras personagens: As três Marias que moram com Macabéa no mesmo quarto, o médico que a atende e diagnostica a gravidade da tuberculose e o chefe, seu Raimundo, que reluta em mandá-la embora.

Enredo

Macabéa (Maca) foi criada por uma tia beata, após a morte dos pais quando tinha dois anos de idade. Acumula em seu corpo franzino a herança do sertão, ou seja, todas as formas de repressão cultural, o que a deixa alheia de si e da sociedade. Segundo o narrador, ela nunca se deu conta de que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável.

Ignorava até mesmo porque se deslocara de Alagoas até o Rio de Janeiro, onde passou a viver com mais quatro colegas na Rua do Acre. Macabéa trabalha como datilógrafa numa firma de representantes de roldanas, que fica na Rua do Lavradio. Tem por hábito ouvir a Rádio Relógio, especializada em dizer as horas e divulgar anúncios, talvez identificando com o apresentador a escassez de linguagem que a converte num ser totalmente inverossímil no mundo em que procura sobreviver. Tinha como alvo de admiração a atriz norte-americana Marilyn Monroe, o símbolo social inculcado pelas superproduções de Hollywood na década de 1950.

Macabéa recebe de seu chefe, Raimundo Silveira, por quem ela estava secretamente apaixonada, o aviso de que será despedida por incompetência. Como Macabéa aceita o fato com enorme humildade, o chefe se compadece e resolve não despedi-la imediatamente.

Seu namorado, Olímpico de Jesus, era nordestino também. Por não ter nada que ajudasse Olímpico a progredir, ela o perde para Glória, que possuía atrativos materiais que ele ambicionava.

Glória, com certo sentimento de culpa por ter roubado o namorado da colega, sugere a Macabéa que vá a uma cartomante, sua conhecida. Para isso, empresta-lhe dinheiro e diz-lhe que a mulher, Madame Carlota, era tão boa, que poderia até indicar-lhe o jeito de arranjar outro namorado. Macabéa vai, então, à cartomante, que, primeiro, lhe faz confidências sobre seu passado de prostituta; depois, após constatar que a nordestina era muito infeliz, prediz-lhe um futuro maravilhoso, já que ela deveria casar-se com um belo homem loiro e rico - Hans - que lhe daria muito luxo e amor.

Macabéa sai da casa de Madame Carlota 'grávida de futuro', encantada com a felicidade que a cartomante lhe garantira e que ela já começava a sentir. Então, logo ao descer a calçada para atravessar a rua, é atropelada por um luxuoso Mercedes Benz amarelo. Esta é a hora da estrela de cinema, onde ela vai ser "tão grande como um cavalo morto".

Ao ser atropelada, Macabéa descobre a sua essência: “Hoje, pensou ela, hoje é o primeiro dia de minha vida: nasci”. Há uma situação paradoxal: ela só nasce, ou seja, só

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chega a ter consciência de si mesma, na hora de sua morte. Por isso antes de morrer repete sem cessar: “Eu sou, eu sou, eu sou, eu sou”.

Por ter definido a sua existência é que Macabéa pronuncia uma frase que nenhum dos transeuntes entende: “Quanto ao futuro.” (...) “Nesta hora exata Macabéa sente um fundo enjôo de estômago e quase vomitou, queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas.”

Com ela morre também o narrador, identificado com a escrita do romance que se acaba.

Referências Disponível em: <

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/a_hora_da_estrela > Acesso 07/06/2015.

Exercícios complementares da obra A hora da estrela, de Clarice Lispector.

1. (FUVEST) Sobre o narrador de A hora da estrela, de Clarice Lispector, pode-se afirmar que:

(A) é do tipo observador, pois revela não ter conhecimento sobre o que se passa no universo sentimental e psíquico da personagem (Macabéa).

(B) é onisciente, pois assume o papel de criador de uma vida, sobre a qual detém todas as informações; o poder da onisciência é, para ele, fonte de satisfação, pois Rodrigo S. percebe que os fatos dependem de seu arbítrio.

(C) é do tipo observador, pois limita-se a descrever superficialmente as emoções de Macabéa, o que fica evidente nas ocorrências enigmáticas do termo “explosão“, apresentado sempre entre parênteses.

(D) constitui-se como um personagem, pois narra em primeira pessoa; não há, entretanto, referências à sua história pessoal, visto que seu objetivo é falar sobre um personagem de ficção (Macabéa).

(E) é um dos personagens do livro; entretanto, ao apresentar-se não só como narrador, mas também como criador da história, problematiza a essência da literatura de ficção, que reside na recriação arbitrária do real.

2. (FUVEST) Identifique a afirmação correta sobre A hora da estrela , de Clarice Lispector: (A) A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as preocupações com a linguagem, freqüentes em outros escritores da mesma geração.

(B) Se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas de Macabéa exprimem sobretudo as críticas da personagem às injustiças sociais.

(C) O narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa, vinculando esse adiamento a um autoquestionamento radical.

(D) Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas desventuras na cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas vivida no aconchego familiar.

(E) O estilo do livro é caracterizado, principalmente, pela oposição de duas variedades lingüísticas: linguagem culta, literária, em contraste com um grande número de expressões regionais nordestinas.

3. (FUVEST) Devo registrar aqui uma alegria. é que a moça num aflitivo domingo sem farofa teve urna inesperada felicidade que era inexplicável: no cais do porto viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro: queria ver, como uma vez em Maceió, espocarem mudos fogos de artifício. Ela quis mais porque é mesmo

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uma verdade que quando se dá a mão, essa gentinha quer todo o resto, o zé-povinho sonha com fome de tudo. E quer mas sem direito algum, pois não é? (Clarice Lispector, A hora da estrela )

Considerando-se no contexto da obra o trecho sublinhado, é correto afirmar que, nele, o narrador:

(A) assume momentaneamente as convicções elitistas que, no entanto, procura ocultar no restante da narrativa.

(B) reproduz, em estilo indireto livre, os pensamentos da própria Macabéa diante dos fogos de artifício.

(C) hesita quanto ao modo correto de interpretar a reação de Macabéa frente ao espetáculo. (D) adota uma atitude panfletária, criticando diretamente as injustiças sociais e cobrando sua superação.

(E) retoma uma frase feita, que expressa preconceito antipopular, desenvolvendo-a na direçao da ironia.

4. (FUVEST) Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:

— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?

— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de idéia. — E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?

— Macabéa. — Maca — o quê?

— Bea, foi ela obrigada a completar.

— Me desculpe mas até parece doença, doença de pele. Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome ninguém tem mas parece que deu certo. Parou um instante etomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor

— pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...

— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande divida de honra. Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado: — Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor? Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.

(Clarice Lispector, A hora da estrela)

Neste excerto, as falas de Olímpico e Macabéa:

(A) aproximam-se do cômico, mas, no âmbito do livro, evidenciam a oposição cultural entre a mulher nordestina e o homem do sul do País.

(B) demonstram a incapacidade de expressão verbal das personagem, reflexo da privação econômica de que são vitimas.

(C) beiram às vezes o absurdo, mas, no contexto da obra, adquirem um sentido de humor e sátira social.

(D) registram, com sentimentalismo, o eterno conflito que opõe os princípios antagônicos do Bem e do Mal.

(E) suprimem, por seu caráter ridículo, a percepção do desamparo social e existencial das personagens.

5. (FUVEST) “A ação desta história terá como resultado minha transfiguração em outrem (…)”.

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Neste excerto de A hora da estrela , o narrador expressa uma de suas tendências mais marcantes, que ele irá reiterar ao longo de todo o livro. Entre os trechos abaixo, o único que NãO expressa tendência correspondente é:

(A) “Vejo a nordestina se olhando ao espelho e (…) no espelho aparece o meu rosto cansado e barbudo. Tanto nós nos intertrocamos”.

(B) “é paixão minha ser o outro. No caso a outra”.

(C) “Enquanto isso, Macabéa no chão parecia se tornar cada vez mais uma Macabéa, como se chegasse a si mesma”.

(D) “Queiram os deuses que eu nunca de escreva o lázaro porque senão eu me cobriria de lepra”.

(E) “Eu te conheço até o osso por intermédio de uma encantação que vem de mim para ti”

6. (FUVEST) Considere as seguintes comparações entre Vidas secas e A hora da estrela: I. Os narradores de ambos os livros adotam um estilo sóbrio e contido, avesso a expansões

emocionais, condizente com o mundo de escassez e privação que retratam.

II. II. Em ambos os livros, a carência de linguagem e as dificuldades de expressão, presentes, por exemplo, em Fabiano e Macabéa, manifestam aspectos da opressão social.

III. A personagem sinha Vitória ( Vidas secas ), por viver isolada em meio rural, não possui elementos de referência que a façam aspirar por bens que não possui; já Macabéa, por viver em meio urbano, possui sonhos típicos da sociedade de consumo.

Está correto apenas o que se afirma em: (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

7. (PUC-SP) A obra A hora da estrela, de Clarice Lispector marca-se pela depuração da arte de escrever e dialoga com todo o universo ficcional da autora. Despontam nela as perplexidades da narrativa moderna. Indique a alternativa que NãO condiz com esse romance entendido como um todo:

(A) A história são as fracas aventuras de uma moça alagoana, “numa cidade toda feita contra ela”, o Rio de

Janeiro.

(B) Macabéa, personagem do romance, tem a coragem e o heroísmo dos fortes e se torna, na vida, a grande estrela com que sempre sonhou.

(C) A estrela que dá título à obra é a estrela de cinema e só aparece mesmo na hora da morte. (D) A narrativa constrói-se da alternância entre as reflexões do narrador que parece narrar a si mesmo e os fatos apresentados que dão o retrato da protagonista.

(E) O espaço da ação é o social-urbano, mas restrito à “Rua do Acre para morar” e à “Rua do Lavradio para trabalhar”.

8. (PUC-SP) A respeito de A hora da estrela , de Clarice Lispector, indique a alternativa que NÃO confirma as possibilidades narrativas do romance:

(A) Livro com muitos títulos que se resumem à história de uma inocência pisada, de uma miséria anônima.

(B) História do narrador Rodrigo M. S., que se faz personagem, narrando-se a si mesmo e competindo com a protagonista.

(C) História da própria narração, que conta a si mesma, problematizando a difícil tarefa de narrar.

(D) História de Macabéa, moça anônima e que não fazia falta a ninguém.

(E) História de Olímpico de Jesus, paraibano e metalúrgico, vivendo o mesmo drama de Macabéa e identificando-se com ela.

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9. (PUC-SP) Assinale a alternativa que não está de acordo com a personagem Macabéa, do romance A hora da estrela , de Clarice Lispector:

(A) Nordestina pobre, anônima e semi-analfabeta, era impotente para a vida e não fazia falta a ninguém.

(B) Tinha a “felicidade pura dos idiotas” e “vivia num atordoado limbo entre céu e inferno”. (C) Personagem-título do romance, embora feita de matéria rala, tornou-se, na vida, a grande estrela com que sempre sonhou.

(D) Ingênua, acreditou no que a cartomante lhe disse, mas acabou sendo atropelada e morta por um Mercedes amarelo.

(E) Viveu um conto de fadas às avessas, delineando um contraponto bíblico sem, contudo, apresentar a coragem e o heroísmo dos fortes.

10. (FUVEST) "Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aíque está: esta história não tem nenhuma técnica, nem de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa." (Clarice Lispector, A hora da estrela) Em

A hora da estrela , o narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à possibilidade de narrar a história. De acordo com o trecho acima, isso deriva do fato de ser ele um narrador:

(A) Iniciante, que não domina as técnicas necessárias ao relato literário. (B) Pós-moderno, para quem as preocupações de estilo são ultrapassadas. (C) Impessoal, que aspira a um grau de objetividade máxima no relato. (D) Objetividade, que se preocupa apenas com a precisão técnica do relato.

(E) Auto-crítico que percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar a vida popular.

11. (UFV) Leia o trecho abaixo:

"Bem, é verdade que também eu não tenho piedade do meu personagem principal, a nordestina: é um relato que desejo frio. (...) Não se trata apenas da narrativa, é antes de tudo vida primária que respira, respira, respira. (...) Como a nordestina, ha milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam." (Clarice Lispector)

Em uma das alternativas abaixo, há um aspecto do livro de Clarice Lispector, A hora da estrela , presente no fragmento acima, que o aproxima do chamado "romance de 30", realizado por escritores como Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz:

(A) A preocupação excessiva com o próprio ato de narrar.

(B) O intimismo da narrativa, que ignora os problemas sociais de seus personagens.

(C) A construção de personagens que têm sua condição humana degradada por culpa do meio e da opressão.

(D) A necessidade de provar que as ações humanas resultam do meio, da raça e do momento. (E) A busca de traços peculiares da Região Nordeste.

“Há os que têm, e há os que não têm. É muito simples: a moça não tinha. Não tinha o quê? É apenas isso mesmo: não tinha. Se der para me entenderem, está bem. Se não, também está bem. Mas por que trato dessa moça quando o que mais desejo é trigo puramente maduro e ouro no estio?”

(Clarice Lispector. A hora da estrela, 1977.)

12. Sobre a escritora Clarice Lispector, podemos afirmar que:

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1 - se filia ao Romantismo do século XIX, criando per s femininos semelhantes aos de José de Alencar;

2 - aborda, de modo profundo, os graves problemas existenciais do ser humano, questionando a própria subjetividade e a dificuldade de relacionamento entre as pessoas;

3 - analisa a sociedade urbana contemporânea, utilizando a ironia na crítica de costumes; 4 - utiliza uma temática já existente em alguns autores da segunda geração modernistas; 5 - descreve o mundo exterior em fragmentos rompendo com a linearidade da narrativa e recorrendo, com freqüência, à técnica do monólogo interior.

Marque a alternativa correta quanto às afirmações acima: A - 1 e 3 estão corretas.

B - 2 e 3 estão corretas. C - somente a 4 está correta. D - 2 e 5 estão corretas. E - 1, 3 e 4 estão corretas.

Questões Discursivas

 Leia o trecho selecionado de A hora da estrela, livro p.42 até p.47, e responda às questões de 14 a 20.

13. Considerando a caracterização dos dois personagens, interprete a frase “Eles não sabiam como se passeia”.

14. Transcreva expressões do texto que revelam os sentimentos de Macabéa por Olímpico.

15. Os que as expressões do texto indicam a respeito da dimensão dos sentimentos da moça?

16. Nos três primeiros encontros dos dois jovens está chovendo. Qual é o efeito criado pela repetição deste fato na narrativa?

17. Macabéa é caracterizada, ao longo da narrativa, como alguém insignificante, incapaz de qualquer reação diante da vida. De que maneira essa característica pode ser percebida no momento em que Olímpico atribui a ela a responsabilidade da chuva? 18. Embora tenha a mesma origem, Olímpico não adota a mesma atitude de conformidade

diante da vida apresentada por Macabéa. Como a ambição dele é insinuada pelo narrador no último parágrafo?

19. A obra de Clarice Lispector se caracteriza sobretudo pela narrativa intimista, introspectiva, sem preocupação em tratar explicitamente de questões sociais. Assim, de que maneira a construção de um protagonista como Macabéa diferencia A hora da estrela de outros textos da autora?

Referências

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