• Nenhum resultado encontrado

A Demanda habitacional no estado de São Paulo: projeção dos arranjos domiciliares do público-alvo da CDHU

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A Demanda habitacional no estado de São Paulo: projeção dos arranjos domiciliares do público-alvo da CDHU"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

A Demanda Habitacional no Estado de São Paulo: Projeção dos Arranjos Domiciliares do Público-alvo da CDHU1

Resumo: A discussão sobre população e políticas de habitação social em áreas

urbanas compreende não somente a análise da dinâmica da população, mas também a dinâmica domiciliar e as tendências para as próximas décadas. A continuidade de uma taxa positiva de crescimento dos domicílios nas próximas décadas coloca sérios desafios ao planejamento urbano e à política habitacional, tanto a nível nacional quanto subnacional, tendo em vista que atualmente já existe um substantivo déficit habitacional nas cidades brasileiras. Tendo em vista a particular dinâmica demográfica do público-alvo da CDHU, que difere da dinâmica populacional total do Estado de São Paulo, o objetivo deste trabalho consiste em criar, a partir de projeções domiciliares, cenários futuros do número e da composição dos arranjos domiciliares que possam trazer informações essenciais sobre a demanda habitacional deste segmento da população.

Palavras-chave: Projeção de Domicílios, Arranjos Domiciliares, Políticas

habitacionais, Demanda habitacional, CDHU.

1 Resumo expandido submetido para XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais que acontecerá no período de 22 a 28 de setembro de 2018, em Poços de Caldas- MG.

(2)

Introdução

A discussão sobre população e políticas de habitação social em áreas urbanas compreende não somente a análise da dinâmica da população, mas também a dinâmica domiciliar e as tendências para as próximas décadas. Pela sua natureza, uma política pública busca garantir determinados direitos sociais e o seu planejamento exige a identificação do público-alvo, o que pode envolver toda a população ou um grupo populacional que possui uma dinâmica demográfica específica.

As mudanças na dinâmica populacional, nas densidades demográfica e habitacional nas cidades brasileiras e as transformações nas estruturas familiares levaram a um maior crescimento no número de domicílios em comparação com o crescimento da população. Assim, no Estado de São Paulo, enquanto a população cresceu a um ritmo de 1,09% ao ano na década de 2000, o número total de domicílios avançou a uma taxa de 1,98% ao ano no mesmo período conforme tabulação do censo demográfico. A perspectiva de continuidade de uma taxa positiva de crescimento dos domicílios nas próximas décadas coloca sérios desafios ao planejamento urbano e à política habitacional, tanto a nível nacional quanto subnacional, tendo em vista que atualmente já existe um substantivo déficit habitacional nas cidades brasileiras (FUNDAÇÃO SEADE, 2010; FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2015).

Segundo Fundação Seade (2018), as variações no ritmo de crescimento dos domicílios sinalizam que o tamanho médio dos domicílios está diminuindo. A média de habitantes por domicílio passou de 4,4 em 1980 para 3,2 em 2010. Esta mudança demográfica está relacionada com alguns fatores, tais como a redução no número de crianças por família, mudanças nos padrões de nupcialidade e dos arranjos domiciliares nas populações brasileira e paulista (APARICIO; BILAC, 2012; BILAC, 2014). Ainda segundo Fundação Seade (2018), observa-se também um aumento de domicílio com pessoas idosas (com um ou dois moradores). Este fenômeno é favorecido pelo processo de envelhecimento. A queda da mortalidade determina uma viuvez mais tardia entre casais idosos e, ao mesmo tempo, uma maior sobrevivência dos idosos que vivem sozinhos, o que contribui para ampliar a concentração de domicílios com menor densidade de moradores.

(3)

No entanto, como mostra Aparicio (2017), a Pesquisa Habitacional CDHU (edição 2008 e 2012), evidencia que a população residente do programa possui uma dinâmica populacional com características particulares que se diferencia da população do Estado de São Paulo. A razão de sexo indica uma maior predominância de população feminina e a proporção de pessoas com 60 anos e mais na população residente nos conjuntos habitacionais é a metade da observada para o Estado. Além disso, enquanto que a população com menos de 15 anos representa 21,9% da população do Estado de São Paulo pelo Censo Demográfico 2010, esse grupo etário responde por 26,6% da população residente nas unidades habitacionais da CDHU em 2008 e 27,9% em 2012.

Deste modo, tendo em vista a particular dinâmica demográfica característica do público-alvo da CDHU, o objetivo deste trabalho consiste em criar, a partir de projeções domiciliares, cenários futuros do número e da composição dos arranjos domiciliares que possam trazer informações essenciais sobre a demanda habitacional deste segmento da população.

Materiais e Métodos

Conforme Royer (2002) e Denizo (2007), os critérios adotados entre 1986 e 2006 para a demanda geral das políticas habitacionais da CDHU foram: Ter renda familiar total de um a dez salários mínimos, ser família constituída, residir (ou trabalhar) no município há pelo menos três anos, o chefe de família ter entre 18 e 55 anos de idade e não ser proprietário de imóvel e não ter financiamento de imóvel residencial em qualquer parte do país, assim como não ter sido atendido por programas públicos de habitação de interesse social. A partir destas informações sobre o público alvo, é possível identificar pela amostra do Censo 2010 a população específica que pode ser beneficiada pela política habitacional da CDHU.2

A partir da definição da população alvo da CDHU no Censo Demográfico de 2010, o Método das Coortes Componentes será utilizado para a projeção da população enquanto que o Método das Taxas de Chefia será utilizado para a projeção dos diferentes tipos de arranjos domiciliares (Casal com filhos, Casal sem filhos, Monoparental, Unipessoal e Domicílios Estendidos ou Compostos). Para isso,

2 A variável V0201 do censo 2010 indica a condição de ocupação do domicílio particular permanente:

próprio de algum morador, próprio de algum morador ainda pagando (ou seja, com financiamento habitacional), alugado, cedido, outra condição.

(4)

se a população base do Censo Demográfico de 2010 e o software POPGROUP, conhecido por ser aplicado para projeções de domicílios oficiais dos governos regionais dos países do Reino Unido. O conjunto de dados de input do modelo de projeção, que possui variadas fontes de dados demográficos, consiste no cálculo das taxas de chefia dos diferentes tipos de arranjos domiciliares da população alvo da CDHU, conforme tipologia adotada por Aparicio (2017) para análise dessa população, assim como as taxas de fecundidade, taxas de mortalidade, taxas de migração e população que mora em domicílios coletivos ou não particulares. Diferentes cenários serão tomados como pressupostos hipotéticos, por exemplo, a manutenção das taxas demográficas (fecundidade, mortalidade e migração) como sendo constantes após o ano base de 2010, a fim de estudar diferentes circunstâncias que o programa de política habitacional do Estado de São Paulo poderá enfrentar no futuro.

Resultados e Conclusões

A projeção dos arranjos domiciliares da população total de São Paulo já foi realizada com os métodos acima citados e, comparada com a projeção oficial para o Estado feita pela fundação SEADE, atingiu resultados semelhantes. Agora, o procedimento será realizado novamente utilizando como população base o público-alvo das políticas habitacionais da CDHU.

Tabela 1 - Distribuição dos arranjos domésticos, por número de domicílios e de pessoas e tamanho médio do domicílio. Estado de São Paulo – 2008/2012

Arranjos domésticos

Conjuntos Habitacionais (2008) Conjuntos Habitacionais (2012) Domicílios (%) Pessoas (%) Tamanho médio Domicílios (%) Pessoas (%) Tamanho médio Arranjo biparental 42,6 47,5 3,9 40,6 46,7 3,9 Arranjo monoparental 14,1 11,5 2,9 15,4 13,0 2,9

Casal sem filhos 10,4 5,9 2,0 11,2 6,6 2,0

Arranjo biparental* 8,0 12,6 5,6 6,9 10,9 5,4

Arranjo monoparental* 6,9 9,1 4,7 6,6 8,6 4,5

Casal sem filhos* 2,4 2,5 3,7 2,8 3,0 3,6

Outros arranjos* 9,5 9,3 3,5 9,4 9,1 3,3

Unipessoal 6,1 1,7 1,0 7,1 2,1 1,0

Total 100,0 100,0 3,5 100,0 100,0 3,4

Fonte: Pesquisa Habitacional CDHU; Consórcio Perfil. Elaboração: própria. (1) A classificação dos arranjos domésticos pela Pesquisa Habitacional CDHU não permite identificar com exatidão a existência das “famílias conviventes” tal como no Censo e na PNAD. *Arranjos ampliados (com parentes e/ou não parentes)

Como primeiros resultados da análise descritiva das características dessa população, a Tabela 1 mostra alguma das características dos arranjos domésticos que compõem a CDHU: a maior frequência de arranjos ampliados (com outros parentes e

(5)

não parentes), e a maior densidade domiciliar em comparação com o Estado de São Paulo.

Referências Bibliográficas

APARICIO, C. A. P. Habitação de interesse social no Estado de São Paulo: a

heterogeneidade social da população atendida pela CDHU. Tese de Doutorado

em Demografia, IFCH/UNICAMP. Campinas: 2017.

APARICIO, C. A. P.; BILAC, E. D. Família e pobreza segundo a “perspectiva das

capacidades” no Estado de São Paulo. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS

POPULACIONAIS, 18., 2012, Águas de Lindóia, SP. Anais... Águas de Lindóia, SP: ABEP, 2012. 1 CD-ROM.

BILAC, E. D. Trabalho e família: articulações possíveis. Tempo Social, v. 26, n. 1, 2014CARVALHO, S. N. de. Cidades e políticas de habitação. In: População e

Cidades: subsídios para o planejamento e para as políticas sociais. Rosana

Baeninger (Org.). - Campinas: Núcleo de Estudos de População-Nepo/Unicamp; Brasília: UNFPA, 2010.

DENIZO, J. S. Os produtos da Política Estadual de Habitação na Região

Metropolitana de São Paulo: elementos para uma análise da política metropolitana de habitação. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Tese

de Doutorado, 2007.

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Déficit habitacional no brasil 2013: resultados

preliminares. Belo Horizonte: FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2015.

FUNDAÇÃO SEADE. Relatório sobre necessidades habitacionais no Estado de

São Paulo. São Paulo, 2010.

FUNDAÇÃO SEADE. Transição demográfica e demanda por moradias. SP

Demográfico, São Paulo, ano 18, n. 1, 2018. Disponível em:

<http://www.seade.gov.br/produtos/midia/2018/02/SPDemografico_Num-01_2018_8jan2018.pdf>. Acesso em: 28 de fev. 2018.

ROYER, L. Política Habitacional no Estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, USP. São Paulo: 2002.

Referências

Documentos relacionados

Nº Objeto Publicação Data da Processo Nº Vigência Item Registrado Unidade Valor Unitário Quantidad e Valor total do item Valor total do contrato Empresa/Nome CNPJ/CPF

Nestas condições, temos, de um lado, os direitos dos usuários do serviço público de transporte, que é um serviço essencial e que não pode sofrer

Matemática passam pelo mesmo processo, sendo que ambos têm antes apenas uma disciplina que cause semelhante efeito, que é a própria Álgebra. 15) alertam para o risco de o aluno ficar

PILARES SEGURANÇA QUALIDADE SUSTENTABILIDADE GESTÃO Cronograma de eventos Plano de integração Reuniões PET Reconhecimento dos motoristas Seguros e Contratos Sistemas Documentação

PiLARES SEGURANÇA qUALIDADE SUSTENTABILIDADE Gestão Cronograma de eventos plano de integração reuniões pet reconhecimento dos motoristas seguros e Contratos sistemas Documentação

Evidentemente, como bem assinalado por Correa e Petchesky, para o exercício pleno de direitos são necessárias condições de possibilidades, ou seja, condições sociais que garantam

Mobilizou claramente os conhecimentos adquiridos em autoformação / ações / formações / palestras / apresentações ou sessões de trabalho que dinamizou e/ou em

b) O pagamento dar-se-á da seguinte forma:02 (duas) parcelas acumuladas no ato da compra; 02 (duas) parcelas acumuladas com vencimento para 30 (trinta) dias e 20 (vinte)