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Rodízio obrigatório das firmas de auditoria e a qualidade do serviço prestado: uma revisão bibliográfica / Compulsory round of audit firms and quality of service: a bibliographic review

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Academic year: 2020

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Rodízio obrigatório das firmas de auditoria e a qualidade do serviço prestado:

uma revisão bibliográfica

Compulsory round of audit firms and quality of service: a bibliographic

review

DOI:10.34117/bjdv5n12-286

Recebimento dos originais: 07/11/2019 Aceitação para publicação: 19/12/2019

Isabela Zeferino Reinaldo

Graduanda em Ciências Contábeis Universidade Federal de Santa Catarina

isabelareinaldo@hotmail.com

Sérgio Murilo Petri

Doutor em Engenharia de Produção Universidade Federal de Santa Catarina

smpetri@gmail.com

RESUMO

A necessidade de informações transparentes e fidedignas vem crescendo cada vez mais. Por conta disso, é necessária a figura de um profissional independente da empresa geradora dessas informações para analisá-las e assegurar que estão corretas em todos os aspectos relevantes. É no contexto de independência deste profissional que nasce o tema abordado nesta pesquisa, que é o rodízio obrigatório das firmas de auditoria e a qualidade do serviço prestado. Este estudo não teve como objetivo ser conclusivo acerca se o rodízio das empresas de auditorias deveria ou não ser obrigatório no Brasil, tendo como proposta apenas refletir sobre o tema a partir de artigos previamente publicados. O objetivo dessa pesquisa, então, é realizar uma revisão bibliográfica sobre os rodízios obrigatórios das firmas de auditoria para verificar nos artigos publicados pela comunidade acadêmica contábil o que se tem estudado a respeito da relação entre o rodízio obrigatório das firmas de auditoria e a qualidade do serviço prestado por essas empresas. Foi utilizada uma abordagem qualitativa através de fontes secundárias, ou seja, os dados foram obtidos através artigos encontrados - de 2004 até junho de 2019 - em buscas realizadas nas bases de dados Spell e Scielo, além da Revista de Contabilidade e Finanças da USP, utilizando as seguintes palavras-chave: “rodízio de auditoria”. Concluiu-se que a maior parte dos trabalhos analisados leva a crer que há poucas evidências de que o rodízio das firmas de auditoria traz uma maior qualidade nos serviços prestados.

Palavras-chave: Rodízio obrigatório de auditoria; Auditoria; Instrução CVM nº 308. ABSTRACT

The need for transparent and reliable information is growing more and more. Because of this, you need the figure of a professional independent of the company generating this information to analyze it and ensure that it is correct in all relevant respects. It is in the context of independence of this professional that the theme addressed in this research is born, which is the mandatory rotation of audit firms and the quality of the service provided. This study was not intended to be conclusive as to whether the rotation of auditing companies should or should not be mandatory in Brazil, having as its purpose only to reflect on the theme from previously published articles. The objective of this research, then, is to perform a bibliographical review about the mandatory rotation of audit firms to

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verify in the articles published by the accounting academic community what has been studied about the relationship between the mandatory rotation of audit firms and the quality of the audit. service provided by these companies. A qualitative approach was used through secondary sources, that is, the data were obtained through articles found - from 2004 to June 2019 - in searches performed in the Spell and Scielo databases, in addition to the USP Journal of Accounting and Finance, using the following keywords: “audit rotation”. It was concluded that most of the studies analyzed lead us to believe that there is little evidence that the rotation of audit firms brings a higher quality in the services provided.

Keywords: Mandatory audit rotation; Audit; CVM Instruction 308.

1 INTRODUÇÃO

Com a alteração da Instrução da CVM nº 308, de 14 de Maio de 1999, o auditor independente (pessoa física ou jurídica) foi proibido de prestar serviços a um mesmo cliente por mais de cinco anos consecutivos (podendo esse prazo ser de dez anos consecutivos se a companhia auditada possuir comitê de auditoria estatutário em funcionamento permanente e o auditor for pessoa jurídica), tendo que respeitar um intervalo mínimo de três anos para uma recontratação.

Desta forma, após a alteração da referida instrução, se tem discutido a relação entre o rodízio obrigatório das firmas de auditoria e a qualidade do serviço prestado por essas empresas. O presente trabalho tem como objetivo geral realizar uma revisão bibliográfica sobre os rodízios obrigatório das firmas de auditoria, e como objetivo específico verificar nos artigos publicados pela comunidade acadêmica contábil o que se tem estudado a respeito da relação entre o rodízio obrigatório das firmas de auditoria e a qualidade do serviço prestado por essas empresas.

Para organizar o trabalho e assim ter um melhor entendimento do estudo, esta pesquisa será distribuída em cinco seções. A primeira seção faz uma breve abordagem e apresenta os objetivos da pesquisa. Na segunda, é apresentada a revisão da literatura, na qual contém a origem, conceito, objetivo e finalidade da auditoria. Os procedimentos metodológicos serão apresentados na terceira seção. Na quarta seção é apresentada a análise e discussão dos resultados. Na seção seguinte são apresentadas a conclusão e as considerações finais, sendo exposto de que forma o objetivo do trabalho foi atendido, as dificuldades encontradas, além de apresentar com base nas limitações e opções de pesquisa que poderiam ocorrer dadas as dificuldades encontradas. Por último são apresentadas as referências.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Segundo Franco e Marra (2009), a auditoria é indispensável, visto que é o meio utilizado para verificar se as informações apuradas pela contabilidade - no que diz respeito ao controle do patrimônio - estão atingindo a sua finalidade. Para isso, são analisados - obedecendo a normas,

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princípios e procedimentos pertinentes - documentos, livros e registros, inspeções, obtenção de informações e confirmações internas e externas - dando assim, credibilidade a essas informações.

De acordo com Santi (1988), Sá (2009) e Franco e Marra (2009), a origem da auditoria se deu na Inglaterra - na época controladora do comércio mundial - “como consequência da necessidade de confirmação e registros contábeis, em virtude do aparecimento das grandes empresas e da taxação do imposto de renda, baseado nos resultados apurados no balanço” (FRANCO; MARRA, 2009, p.40). Os autores ainda apontam que foram as grandes proporções e complexidades que a economia e o comércio alcançaram que determinaram a evolução da auditoria.

Em relação à origem da auditoria no Brasil, Santi (1988) expõe que apesar de não se saber ao certo quando se deu, foi a Inglaterra que a exportou para o Brasil - assim como para outros países - a auditoria, “juntamente com seus investimentos, principalmente para a construção e administração de estradas-de-ferro e outros serviços de utilidade pública” (SANTI, 1988, p.18).

De acordo com o Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (1988, p.17), a realização da auditoria tem como objetivo a emissão de um parecer a respeito consonalidade do que fora analisado os princípios, normas e instruções pertinentes.

Ao encontro disso, Sá (2009, p.25) conceitua auditoria como:

uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementros de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, que por ocorrer ou prospectados e diagnosticados.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para alcançar o objetivo de verificar os posicionamentos contidos nos artigos publicados pela comunidade acadêmica contábil entre o rodízio obrigatório das firmas de auditoria e a qualidade do serviço prestado por essas empresas, o presente trabalho ocorreu mediante uma pesquisa qualitativa utilizando revisão bibliográfica.

O estudo se deu a partir da metodologia descritiva, que é aquela “observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características” (MANZATO; SANTOS, 2012).

O procedimento metodolígico utilizado para coleta de dados foi a pesquisa bibliográfica. Pesquisas bibliográficas “são caracterizadas pela análise e pela síntese da informação disponibilizada por todos os estudos relevantes publicados sobre um determinado tema, de forma a resumir o corpo de conhecimento existente e levar a concluir sobre o assunto de interesse” (MANCHINI; SAMPAIO, 2006).

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Foi utilizada uma abordagem qualitativa através de fontes secundárias, ou seja, os dados foram obtidos através artigos encontrados - de 2004 até junho de 2019 - em buscas realizadas nas bases de dados Spell e Scielo, além da Revista de Contabilidade e Finanças da USP, utilizando as seguintes palavras-chave: “rodízio de auditoria”. Mas antes, foi realizada uma pesquisa acerca dos trabalhos publicados referente ao tema geral de auditoria.

Para isso, foi utilizada a palavra-chave “Auditoria”. Conforme pode ser observado no Gráfico 01, houve um aumento no número de trabalhos relacionados ao tema auditoria, principalmente nas bases de dados Scielo e Spell. De 2004 a 20019, foram encontrados um total de 437 estudos na Spell, 483 na Scielo e 137 na Revista de Contabilidade e finanças.

Gráfico 01 – Número de artigos sobre auditoria publicados por ano Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa.

A partir da palavra-chave “rodizio de auditoria”, dos 437 estudos, foram selecionados 14 resultados da base de dados Spell apresentados na Tabela 01, sendo que os artigos titulados: “A Diversidade dos Tribunais de Contas Regionais na Auditoria de Governos” e “Determinantes dos Honorários de Auditoria das Empresas Brasileiras de Capital Aberto” foram desconsiderados para a amostra devido não condizerem com o assunto.

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Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa.

Como resultado, na base de dados Scielo foram obtidos 5 resultados, apresentados na Tabela 2, sendo que o artigo titulado “A diversidade dos Tribunais de Contas regionais na auditoria de governos” foi excluído de a amostra devido não condizer com o assunto analisado.

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Tabela 02 - Resultado da pesquisa realizada da base de dados Scielo

Título Autoria

Rodízio de Auditoria e a Qualidade dos Lucros: Uma Análise a Partir dos Accruals Discricionários

Adalene Olivia Silvestre; Cristiano Machado Costa; Clóvis

Antônio Kronbauer. A diversidade dos Tribunais de Contas regionais na auditoria de

governos

André Feliciano Lino; André Carlos Busanelli de Aquino. Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de

resultados das companhias abertas brasileiras

Filipe Bressanelli Azevedo; Fábio Moraes da Costa. Análise do Gerenciamento de Resultados e o Rodízio de Firmas

de Auditoria nas Empresas de Capital Aberto

Júlio Orestes da Silva; Francisco Antonio Bezerra.

Rodízio de firmas de auditoria: a experiência brasileira e as conclusões do mercado

Alexandre Queiroz de Oliveira; Neusa Maria Bastos Fernandes

dos Santos.

Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa.

A pesquisa na Revista de Contabilidade e Finanças da USP gerou 8 resultados, apresentados na Tabela 03, sendo que os trabalho titulados: “Rodízio de firmas de auditoria: a experiência brasileira e as conclusões do mercado”, “Regulação da auditoria em sistemas bancários: análise do cenário internacional e fatores determinantes”, “Determinantes dos Honorários de Auditoria: um Estudo nas Empresas Listadas na BM&FBOVESPA, Brasil", ““Lobbying na regulação de auditoria no âmbito do IAASB” e “Governança corporativa: um novo nome para antigas práticas?” não integraram a amostra, pelo motivo de não condizer com o assunto a ser estudado.

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Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa.

Com isso, chegou-se à amostra utilizada, contendo 15 artigos, apresentada na Tabela 04.

Tabela 04 - Amostra utilizada

Título

1 Influência de Práticas Contábeis Discricionárias no Honorário de Auditoria 2 Rodízio de Auditoria e a Qualidade dos Lucros: Uma Análise a Partir dos Accruals

Discricionários

3 Determinantes dos Honorários de Auditoria das Empresas Brasileiras de Capital Aberto 4 Fatores determinantes da mudança voluntária da empresa de auditoria externa no mercado

brasileiro

5 Impacto de mecanismos de auditoria na precificação de ações: evidências sob a perspectiva da relevância e da tempestividade para o ano de 2010 no Brasil

6 Produção científica sobre rodízio de auditoria: uma análise bibliométrica e sociométrica nas bases sciense direct e scopus

7 Percepção do rodízio de auditoria sob o olhar dos auditores independentes

8 Concentração de firmas de auditoria: atuação das Big Four no cenário empresarial brasileiro 9 Efeito da troca da firma de auditoria no gerenciamento de resultados das companhias abertas

brasileiras

10 Rodízio das Firmas de Auditoria e o Gerenciamento de Resultados no Brasil

11 Análise do Gerenciamento de Resultados e o rodízio de firmas de auditoria nas empresas de capital aberto

12 A contribuição do rodízio de auditoria para a independência e qualidade dos serviços prestados: um estudo exploratório baseado na percepção de gestores de companhias abertas brasileiras 13 Rodízio de firmas de auditoria: a experiência brasileira e as conclusões do mercado 14 Determinantes de Qualidade da Auditoria Independente em Bancos

15 Auditoria: independência, estratégias mercadológicas e satisfação do cliente - um estudo exploratório sobre a região Nordeste

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4. ANÁLISE DOS RESULTADOS/DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com a alteração da Instrução da CVM nº 308, de 14 de Maio de 1999 - que “dispõe sobre o registro e o exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores mobiliários, define os deveres e as responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes” (INSTRUÇÃO CVM nº 308), “englobando as sociedades anônimas de capital aberto, registradas na bolsa de valores” (QUEVEDO; PINTO, 2014), - o auditor independente (pessoa física ou jurídica) foi proibido de prestar serviços a um mesmo cliente por mais de cinco anos consecutivos (podendo ser de dez anos consecutivos se a companhia auditada possuir comitê de auditoria estatutário em funcionamento permanente e o auditor for pessoa jurídica), tendo que respeitar um intervalo mínimo de três anos para uma recontratação.

Tal rodízio das firmas de auditoria no Brasil ocorreu com o objetivo de “preservação da independência do auditor e a diminuição dos erros contábeis e fraudes relacionados ao processo de auditoria das demonstrações contábeis” (OLIVEIRA; SANTOS, 2007). A credibilidade dessas auditorias em diversos países - incluíndo o Brasil - traz a questão, segundo Carvalho e Pinho (2004), da forma que as auditorias são conduzidas e da postura daqueles que realizam tal serviço, onde “o grande desafio está em reafirmar junto aos investidores, de forma clara e inequívoca, a independência e, conseqüentemente, a credibilidade do trabalho do auditor” (CARVALHO; PINHO, 2004).

Após a alteração da referida instrução - que ocorreu por iniciativa do Banco Central do Brasil (BACEN), depois de escândalos com empresas de auditoria, e posteriormente aceita pela Comissão de Valores Imobiliários - tem-se discutido se a qualidade do serviço prestado pelas empresas de auditoria tem relação com o rodízio da empresa que presta o serviço, sendo esse um tema polêmico na medida em que toda a estrutura de mercado das empresas de auditoria é afetada (QUEVEDO; PINTO, 2014; OLIVEIRA; SANTOS, 2007). Tem-se que:

Embora desde DeAngelo (1981) a qualidade da auditoria seja um tema com muito espaço na literatura contábil internacional, há poucas evidências sobre a qualidade da auditoria no mercado financeiro. No Brasil, apenas nos anos 2000 começaram a surgir estudos a respeito da qualidade de auditoria (DANTAS; MEDEIROS, 2014). Em harmonia a isso, Marassi, Brizolla e Cunha (2014) verificaram, através de uma análise biblomética e sociomética, a produção científica nas bases Science Direct e Scopus - utilizando a palavra-chave “rotation of audit” - sobre o rodízio das firmas de auditoria entre 1996 e 2012. Obtiveram uma amostra de 69 artigos, concluindo que, apesar de um número baixo de artigos, a densidade dos trabalhos foi aumentando ao longo dos anos analisados, o que indicaria a evolução do tema.

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A fim de verificar sobre quais assuntos abordam os artigos da amostra, elaborou-se a Tabela 05, adaptada de Marasssi, Brizolla e Cunha (2014). Percebe-se que 10 dos 15 estudos tratam sobre a qualidade do serviço prestado com o rodízio de auditoria.

Tabela 05 - Amostra utilizada

r ef er en te ao tu lo ( tab el a 04) Q u al id a d e da au d it or ia c om o rod íz io de au d it or ia R od íz io de au d it or ia e h on or ár ios cob rad os Pad rõe s ét ic os, in d ep en d ên ci a d o s au d it or es e rod íz io de au d it or ia O ge re n ci am en to de r esu lt ad o s e o rod íz io de au d it or ia M u d an ça vol u n ri a de fi rm a de au d it or ia A n ál ise b ib li om ét ri ca e b ib li ogr áf ic a sob re r od íz io de au d it or ia R od íz io de au d it or ia e a in d ep en d ên ci a do se rvi ço p re st ad o Q u al id a d e do se rvi ço p re st ad o com o r od íz io de au d it or ia 1 X 2 X 3 X 4 X 5 X 6 X 7 X 8 X 9 X X 10 X X 11 X X 12 X X 13 X X X 14 X 15 X X

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Na Tabela 06 é possível observar a quantidade de referências utilizadas para a elaboração de cada artigo. Percebe-se que ocorreu uma variação de 10 até 66 referências em cada trabalho, na amostra analisada. A média de citações foi de 35,86 por artigo.

Tabela 06 – Quantidade de referências por artigo N° do artigo Referências Quantidade Ranking (Descrescente) 1 63 2 2 35 6 3 50 3 4 43 5 5 35 6 6 44 4 7 21 9 8 32 7 9 32 7 10 29 8 11 35 6 12 22 10 13 21 9 14 66 1 15 10 11

Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa.

Formigoni et. al (2008) estudaram sobre a contribuição do rodízio de auditoria para a independência e qualidade dos serviços prestados. Para isso, analisaram dados coletados a respeito da percepção de 26 gestores das 100 maiores empresas de capital aberto (conforme seu valor de mercado), chegando à conclusão

que a implementação do rodízio de firmas de auditoria, segundo a percepção dos gestores da amostra estudada, não tem contribuído nem para a independência, nem para a qualidade dos serviços prestados pelas firmas de auditoria, sendo que apenas o rodízio de auditores de uma mesma firma é considerado suficiente para manter a independência do auditor. Os

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satisfatórias para os conflitos de interesses que possam vir a surgir do relacionamento entre cliente e contratante (FORMIGONI et. al, 2008).

Somado ao que foi exposto nos dois últimos parágrafos, um estudo realizado com uma amostra de 127 profissionais do mercado financeiro, concluiu que “o rodízio de firmas de auditoria não tem capacidade de assegurar a independência do auditor no seu trabalho e não diminui os riscos de erros contábeiis e de fraudes na elaboração das demonstrações contábeis” (OLIVEIRA; SANTOS, 2007).

Macedo et. al utilizaram a análise de regressão para verificar, entre outros, a influência do rodízio de auditoria na relevância e tempestividade da informação contábil para as empresas não financeiras com ações negociadas na BM&FBOVESPA no ano de 2010 e concluíram, assim como Martinez e Reis (2010), que de maneira geral não é possível afirmar tal questão.

Quevedo e Pinto (2014) realizaram um estudo a fim de verificar qual a percepção dos auditores acerca do rodízio de auditoria. Para isso, realizaram um formulário que foi respondido por uma amostra de 64 auditores - sendo que 94% trabalham em algumas das “Big Four”. Como resultado, tiveram que 91% são favoráveis ao rodízio de auditoria, sendo 24% a favor do rodízio de firmas, 49% a favor do rodízio de profissionais e 18% a favor de ambos. Os outros 9% se mostraram não favoráveis ao rodízio.

Silva e Bezerra (2010) coletaram dados dos anos de 2000 até 2008, das empresas de capital aberto dos setores econômicos da Bovespa a fim de verificar se o rodízio de auditoria influenciaria no gerenciamento de resultados dessas empresas. Após os testes, não puderam afirmar que o rodízio de empresa de auditoria tem relação direta com a diminuição do gerenciamento de resultado.

Tendo que “o principal objetivo da implantação do rodízio de auditores independentes foi a preservação da independência e ética do auditor externo, e a conseqüente diminuição das fraudes e dos erros contábeis” (MARTINEZ; REIS, 2010), Martinez e Reis (2010) julgaram pertinente investigar, através de uma análise das companhias abertas, entre os anos de 1997 a 2007, os impactos que a troca da firma de auditoria teve gerenciamento de resultado dessas empresas auditadas, considerando 3 possíveis motivos para essa troca, onde um deles seria: se ela foi espontânea ou em decorrência do rodízio obrigatório. Chegaram a seguinte conclusão: “Confirmou-se que com ou sem rodízio de auditores independentes os efeitos decorrentes do gerenciamento de resultado não apresentam diferença significativa na sua essência” (MARTINEZ; REIS, 2010).

Os resultados da pesquisa de Silveste, Costa e Kronbauer (2018) sugeriram “que o rodízio obrigatório de firma de auditoria pode ser considerado um mecanismo que contribui para a redução do gerenciamento de resultados, mas não dos erros de estimativas” (SILVESTE; COSTA; KRONBAUER, 2018). Além disso, concluíram também que com o rodízio obrigatório, há um aumento na qualidade dos lucros divulgados, diferente do que ocorre quando há a troca voluntária.

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Em relação a troca voluntária, destaca-se um artigo da amostra. Entre os anos de 2010 a 2014, período da adoção das normas internacionais de contabilidade, a CVM (Comissão de Valores Imobiliários) suspendeu a obrigatoriedade do rodízio de auditoria. Com isso, Rocha, Sobrinho e Bortolon (2016) julgaram pertinente investigar os fatores determinantes para a mudança voluntária da firma de auditoria no Brasil. Concluíram “que a emissão de relatório de auditoria modificado, o crescimento da empresa e a listagem no Novo Mercado ou Nível 2 da BM&FBovespa elevam a probabilidade de substituição dos auditores, enquanto a contratação de serviços extraauditoria reduz a probabilidade de mudança do auditor” (JUNIOR; SOBRINHO; BORTOLON, 2016).

Nardi et. al, que utilizaram como amostra para o estudo empresas do Brasil de capital aberto não financeiras entre os anos de 2010 a 2014, concluíram que o rodízio de auditoria é uma das determinantes do valor dos honorários cobrados pelas firmas de auditoria, assim como outros, a exemplos: risco e complexidade.

Já Velozo et. al (2013) estudaram 100 empresas, no ano de 2012, e verificaram que 94 dessas contrataram os serviços de auditoria independe das Big Four, sendo que todas as empresas da amostra com faturamento superior a R$ 10 milhões foram auditadas por uma Big Four.

Dantas e Medeiros (2014), através de uma pesquisa com testes empíricos - baseada nas informações trimestrais dos bancos comerciais e múltiplos e caixas econômicos ente os anos de 2001 a 2012 -, chegaram a conclusão, entre outras, de que a qualidade dos serviços de auditoria tem relação negativa com o trabalho a partir do sexto ano de contrato. Além disso, não conseguiram confirmar a hipótese de que a qualidade do serviço de auditoria teria menor qualidade quando o serviço prestado fosse de curto prazo, corroborando com os argumentos daqueles que são favoráveis ao rodízio.

5. CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo não teve como objetivo ser conclusivo acerca se o rodízio das empresas de auditorias deveria ou não ser obrigatório no Brasil, tendo como proposta apenas refletir sobre o tema a partir de artigos previamente publicados. Nota-se que 10 dos 15 estudos analisados tratam sobre a qualidade do serviço prestado com o rodízio de auditoria. Além disso, tem-se que a maioria dos trabalhos analisados leva a crer que há poucas evidências de que o rodízio das firmas de auditoria traz maior qualidade nos serviços prestados.

A limitação dessa pesquisa se deu na medida em que não é possível generalizar o resultado obtido, dado que grande parte dos artigos utilizados na amostra tinha como limitação justamente a não possibilidade de generalizar suas pesquisas.

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Sugere-se para pesquisas futuras, a busca em outras bases de dados, para verificar se os resultados obtidos com esse estudo vão ao encontro dos artigos encontrados em outras bases de dados e revistas.

REFERÊNCIAS

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Gráfico 01 – Número de artigos sobre auditoria publicados por ano  Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
Tabela 02 - Resultado da pesquisa realizada da base de dados Scielo
Tabela 04 - Amostra utilizada
Tabela 05 - Amostra utilizada
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Referências

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