• Nenhum resultado encontrado

Etnobotânica do jenipapo (Genipa americana L., Rubiaceae) entre agricultores no município de Carlinda, Mato Grosso, Brasil / Ethnobotany of genipap (Genipa americana L., Rubiaceae) among farmers in the municipality of Carlinda, Mato Grosso, Brazil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Etnobotânica do jenipapo (Genipa americana L., Rubiaceae) entre agricultores no município de Carlinda, Mato Grosso, Brasil / Ethnobotany of genipap (Genipa americana L., Rubiaceae) among farmers in the municipality of Carlinda, Mato Grosso, Brazil"

Copied!
24
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Etnobotânica do jenipapo (Genipa americana L., Rubiaceae) entre agricultores

no município de Carlinda, Mato Grosso, Brasil

Ethnobotany of genipap (Genipa americana L., Rubiaceae) among farmers in

the municipality of Carlinda, Mato Grosso, Brazil

DOI:10.34117/bjdv6n8-509

Recebimento dos originais: 08/07/2020 Aceitação para publicação: 24/08/2020

Danieli Aline Cigolini Ruzza

Mestra em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado Endereço: Av. Perimetral Rogério Silva - Norte 2, Alta Floresta - MT, 78580-000

E-mail: danieliruzza@gmail.com

Ana Aparecida Bandini Rossi

Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado Endereço: Av. Perimetral Rogério Silva - Norte 2, Alta Floresta - MT, 78580-000

E-mail: anabanrossi@unemat.br

José Martins Fernandes

Doutor em Botânica

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado Endereço: Av. Perimetral Rogério Silva - Norte 2, Alta Floresta - MT, 78580-000

E-mail: fernanbio@bol.com.br

Eliane Cristina Moreno de Pedri

Doutoranda em Biodiversidade e Biotecnologia – Rede Bionorte

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado Endereço: Av. Perimetral Rogério Silva - Norte 2, Alta Floresta - MT, 78580-000

E-mail: elicmbio@gmail.com

Auana Vicente Tiago

Doutora em Biodiversidade e Biotecnologia – Rede Bionorte

Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado Endereço: Av. Perimetral Rogério Silva - Norte 2, Alta Floresta - MT, 78580-000

E-mail: auanavt@gmail.com

Rosimeire Barboza Bispo

Doutoranda em Genética e Melhoramento de Plantas

Instituição: Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Endereço: Av. Alberto Lamego, 875 - Parque California, Campos dos Goytacazes - RJ E-mail: rosimeirebarboza1@hotmail.com

Kellen Coutinho Martins

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761 Instituição: Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado

Endereço: Av. Perimetral Rogério Silva - Norte 2, Alta Floresta - MT, 78580-000 E-mail: kellen.coutinho@hotmail.com

RESUMO

Genipa americana é conhecida popularmente por jenipapo. Objetivamos, com este trabalho, realizar

o estudo etnobotânico do jenipapo com agricultores no município de Carlinda, Mato Grosso, almejando conhecer como os agricultores identificam a espécie, quais os tipos de usos, bem como os usos com maior concordância entre os informantes. Vinte moradores de comunidades rurais do município de Carlinda participaram do estudo, selecionados pelo método de “Bola-de-Neve”. Os dados foram analisados quali e quantitativamente com a concordância de uso entre os informantes, método adaptado de Amorozo e Gély (1988). Os agricultores relataram reconhecer o jenipapo principalmente pela folha, fruto e porte da árvore. Foram obtidas 30 formas de uso, nas categorias alimentar, tecnologia/artesanal, medicinal e outros. As principais partes utilizadas são folhas, frutos e a casca do tronco para fins medicinais, culinária e tecnologia. As maiores concordâncias de uso entre os agricultores foram para o preparo do licor (CUPc=29,17), suco (CUPc=16,67) e uso do fruto, folha e casca para tratamento dos rins (CUPc = 16,67). Os agricultores não precisam derrubar as árvores para fazer o uso dos recursos da espécie, não põem em risco a diversidade genética, nem a distribuição da espécie na região estudada.

Palavras-chave: Agricultura familiar, Conhecimento popular, Conservação. ABSTRACT

Genipa americana is popularly known as genipap. With this work, we aim to carry out the

ethnobotanical study of jenipapo with farmers in the municipality of Carlinda, Mato Grosso, aiming to know how farmers identify the species, what are the types of uses, as well as the uses with greater agreement among the informants. Twenty residents of rural communities in the municipality of Carlinda participated in the study, selected by the “Snowball” method. The data were analyzed qualitatively and quantitatively with the agreement of use among the informants, a method adapted from Amorozo and Gély (1988). Farmers reported recognizing genipap mainly by its leaf, fruit and tree size. 30 forms of use were obtained, in the categories food, technology / craft, medicinal and others. The main parts used are leaves, fruits and the bark of the trunk for medicinal, culinary and technological purposes. The highest concordance of use among farmers was for the preparation of liquor (CUPc = 29.17), juice (CUPc = 16.67) and use of the fruit, leaf and peel for kidney treatment (CUPc = 16.67). Farmers do not need to cut down trees to make use of the species' resources, they do not jeopardize genetic diversity or the distribution of the species in the region studied.

Keywords: Family farming, Popular knowledge, Conservation.

1 INTRODUÇÃO

Dados históricos evidenciam que o uso de plantas para fins alimentares e medicinais teve início com o Homem de Neanderthal, extinto há 30 mil anos (HENRY et al., 2011; HARDY et al., 2012), o que revela como o uso dos recursos naturais é antigo, se mantendo até os dias atuais. Na alimentação, o uso de plantas convencionais e não-convencionais contribui para a ampliação das fontes de nutrientes disponíveis à população e para a promoção da soberania e segurança alimentar

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

(TULER et al., 2019). Quanto às plantas medicinais, usadas no tratamento de doenças, ainda existe uma ligação entre a etnomedicina, utilizada pelos povos tradicionais, e o uso técnico-científico e comercial da biodiversidade feito pela indústria farmacêutica (ALHO, 2012).

Segundo Diegues (2000), o conhecimento tradicional é definido como o conjunto de saberes e saber-fazer a respeito do mundo natural, sobrenatural, transmitido oralmente de geração em geração, comum entre os povos tradicionais. Dentre os povos tradicionais no Brasil, e constantemente investigados por autores, estão os ribeirinhos amazônicos, indígenas, quilombolas e agricultores familiares (JOSHI; JOSHI, 2000; PATZLAFF; PEIXOTO, 2009; PEREIRA; DIEGUES, 2010; CAMARGO et al., 2014; SILVA et al., 2014; PERONI et al., 2016; TIAGO et al., 2019), porém a perda desse conhecimento pelo êxodo de jovens para áreas urbanas vem se tornando comum nos último anos, sendo, portanto, necessário o registro do saber popular (BARREIRA et al., 2015), como também intensificar políticas públicas para manutenção dos jovens e adultos no campo.

Em países considerados detentores de alta biodiversidade, com grande território, como o Brasil, a questão da biodiversidade tem enorme relevância de importância estratégica, incluindo o destaque político no contexto global (ALHO, 2012). Insere-se, então, a Etnobotânica como uma ferramenta para resgatar e aplicar o conhecimento tradicional. Segundo Caballero (1983), a Etnobotânica é o campo interdisciplinar que compreende o estudo e a interpretação do conhecimento, significação cultural, manejo e uso tradicional dos elementos da flora. A etnobotânica tem como um dos principais objetivos registrar o saber popular passado de geração em geração e relacionar com o uso dos recursos da flora (GUARIM NETO et al., 2000), tornando-se, importante, na elaboração de métodos de manejo consciente. É uma forma de garantir a manutenção da diversidade cultural e vegetal, afinal, estudos etnobotânicos promovem a divulgação de uso das espécies (PEREIRA et al., 2012), além de chamar à atenção para a proteção dos recursos naturais (ALBUQUERQUE; HANAZAKI, 2006).

Na Amazônia brasileira, pesquisas etnobotânicas com moradores de áreas urbanas, como nos estudos de Emperaire e Eloy (2008) e Siviero et al. (2011), constataram a importância dos quintais agroflorestais como espaços para manutenção de espécies e variedades produtoras de recursos alimentares, constituindo um estreitamento da relação entre comunidades florestais e áreas urbanas. Em comunidades rurais, estudos revelam a importância em conhecer o saber popular para a criação de programas de conservação da diversidade e geração de renda, bem como a preservação do conhecimento popular (Almeida et al., 2013; SALTOS et al., 2016).

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

O norte do estado de Mato Grosso, considerado o portal da Amazônia (Mato Grosso, 2010), recebeu pessoas de distintos estados do Brasil que trouxeram consigo conhecimento popular, experiências de uso dos recursos vegetais e também aprenderam a utilizar o que a terra oferecia (SELUCHINESK, 2008). O estado de Mato Grosso abrange três biomas distintos: Pantanal, Cerrado e Amazônia; com 25% de área ao centro norte tipificada por transição entre cerrado e floresta amazônica (ROCHA et al., 2015) e passa por processo de expansão na agricultura e pecuária impulsionados pelo mercado externo. Essas atividades são as principais responsáveis pelo desmatamento, o que desperta para a necessidade de criação de soluções para a conservação (FERREIRA et al., 2005; BRANDÃO et al., 2006; RIVERO et al., 2009) e conhecimento da diversidade local. No caso do norte de Mato Grosso, é uma região com alta riqueza biológica, principalmente de angiospermas, mas com estudos limitados (ZAPPI et al., 2011; FERNANDES et al., 2015; LOPES, 2015).

Refletindo o processo de expansão econômica, o jovem município de Carlinda, emancipado em 1994, se caracteriza culturalmente com atividades relacionadas ao bioma, como a realização de festivais de pesca e, também, festas anuais como a Expolinda, onde ocorre a exposição pecuária e de produtos agrícolas. Sua população, assim como o restante da região norte do estado, foi estruturada com pessoas de diversos estados, o que desperta interesse em documentar a interação com os recursos vegetais.

Genipa americana L., espécie do presente estudo, possui ampla distribuição na América do

Sul e Central (ZAPPI et al., 2011). No Brasil, ocorre em todos os estados, exceto no Rio Grande do Sul (FILARDI et al., 2018). Conhecida popularmente como jenipapeiro, jenipapo, jenipá, jenipapinho, janipaba, janapabeiro, janipapo e janipapeiro (LORENZI, 2000), G. americana é uma espécie funcionalmente dioica que pertence à família Rubiaceae, caracterizada por apresentar duas estípulas interpeciolares, folhas opostas, simples, curto-pecioladas, oblongas-obovadas, coriáceas, flores campanuladas, corola branca a amarela, suavemente aromática, fruto tipo anfissarcídio, ovoide, indeiscente, cor amarelo-alaranjado, com epicarpo pardo e aroma intenso (CARVALHO, 2003; SOUZA; LORENZI, 2008). No Nordeste do Brasil há relatos de sua utilização na medicina popular e culinária, com a madeira empregada na construção civil e fabricação moveleira (CARVALHO, 2003), em várzeas e igapós na Amazônia, os frutos são comercializados para preparação de sucos e doces, a madeira é usada em movelaria e os frutos são coletados para alimentação de peixes e tartarugas em criadouros (GOMES et al., 2010). Também é uma planta importante na cultura indígena do país, com fruto utilizado na pintura do corpo e alimentação (JESUS et al., 2015).

(5)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Apesar de G. americana ter ocorrência natural na região norte de Mato Grosso, não existem trabalhos de etnobotânica para a espécie. Visto que estudos etnobotânicos possibilitam o levantamento e divulgação das potencialidades das espécies vegetais (GANDOLFO; HANAZAKI, 2011), somado a elevada diversidade biológica e cultural da região de Alta Floresta, Mato Grosso, que inclui o município de Carlinda, o objetivo do trabalho foi realizar o estudo etnobotânico de

Genipa americana entre agricultores familiares em Carlinda, Mato Grosso, na busca de conhecer,

principalmente, as formas de reconhecimento da planta entre os informantes, as categorias de uso e usos preferenciais.

2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada entre maio e agosto de 2016 em comunidades rurais do município de Carlinda, que possui área de 2.410 km² e está situado no Norte do Estado de Mato Grosso (Figura 1), cujas fronteiras geográficas são: a Noroeste do rio Teles Pires, a Leste o rio Quatro Pontes e ao Sul o rio Ariranha (UMETSU et al., 2012). A vegetação da região é caracterizada como Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta e Floresta Estacional Semidecidual, principalmente (FARID, 1992). O clima é quente e úmido, com temperaturas médias anuais acima de 24 º C, pluviosidade média anual acima de 2400 mm, com uma estação seca definida de 3-5 meses, entre maio e setembro (ZAPPI et al., 2011).

O município de Carlinda apresenta população estimada, em 2019, de 10.305 pessoas, que corresponde a 58% residentes na zona rural, para os domicílios urbanos, 4.7% possuem esgotamento sanitário adequado e 34.8% são arborizados, a taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade é de 98,7 % (IBGE, 2020). As principais atividades econômicas da região são a agricultura, predominando a produção hortícola e, pecuária de leite e de corte, desenvolvidas por agricultores familiares (CAIONI, 2015).

(6)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Figura 1. Município de Carlinda, localizado ao norte do Estado de Mato Grosso, Brasil. Fonte: os autores (2020).

O município possui 150 famílias residentes em assentamentos rurais e um total de 1.121 famílias residentes nas 43 comunidades rurais. As comunidades onde foram realizadas as entrevistas são: Estrela Dalva, Estrela do Mar, Maravilha, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças e Renascer, cuja atividade desenvolvida é a agricultura familiar e a criação de gado leiteiro. A região foi colonizada no início da década de 1980, por famílias vindas de todas as regiões do Brasil, principalmente do sul e sudeste, a partir da parceria entre a Cooperativa Agrícola da Cotia juntamente com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) (GASQUES et al., 2015).

O projeto de pesquisa foi aprovado em 19 de abril de 2016 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado de Mato Grosso Carlos Alberto Reyes Maldonado (UNEMAT), sob o número 52641915.8.0000.5166, parecer consubstanciado 1.507.091.

Os agricultores entrevistados foram selecionados pela metodologia “Bola-de-Neve”, que corresponde a buscar por um entrevistado-chave, que pode ser um presidente de comunidade ou associação, que passa a indicar outro especialista e assim, sucessivamente, até envolver todos os especialistas da comunidade (BERNARD, 2002; ALBUQUERQUE; LUCENA, 2004). Os dados da pesquisa foram obtidos por meio de formulários e entrevistas estruturadas e semiestruturadas, além da observação participante conforme Albuquerque e Lucena (2004). Para certificar-se que as

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

informações relatadas pelos agricultores eram da espécie G. americana, os agricultores tiverem acesso a fotografias das folhas, flores e frutos (Figura 2).

Figura 2. Realização de entrevistas etnobotânicas e apresentação de fotos da Genipa americana para esclarecimento sobre a espécie de estudo. A) Planta jovem com folhas; B) Flores e botões; C) Frutos e folhas; D) Coleta de material fértil para montagem de exsicatas; E-F) Entrevista com moradores no município de Carlinda, MT. Fonte: Ruzza (2017).

Durante o estudo etnobotânico, amostras férteis foram coletadas, em média cinco ramos com folhas, flores e/ou frutos e herborizadas no campo ou no Herbário da Amazônia Meridional (HERBAM), conforme Fidalgo e Bononi (1987) e identificadas a partir de literatura especializada (ZAPPI et al., 1995) e por comparação com exsicatas da coleção do HERBAM. Dentre as coletas, a grande maioria foi usada apenas para a confirmação da espécie e cinco exsicatas foram depositadas no HERBAM, no Câmpus de Alta Floresta, são elas: BRASIL, MATO GROSSO, Alta Floresta, 9°49’33,9” S, 56º05’’08,8” W, 15/VIII/2016, fr., Ruzza, D. A. C. 14021 (HERBAM), Vila Rural, 15/VIII/2016, fl., Ruzza, D. A. C. 14022 (HERBAM), 15/VIII/2016, fl., Ruzza, D. A. C. (HERBAM), fr., Ruzza, D. A. C. 14026 (HERBAM), 17/VII/2016, fl., Ruzza, D. A. C. 14027 (HERBAM).

As respostas dos agricultores foram anotadas e analisadas qualitativamente e quantitativamente com o método adaptado de Amorozo e Gély (1988), avaliando a importância relativa dos usos pelos agricultores. Os cálculos foram assim desenvolvidos (equação 1):

CUCs = (número de informantes que citaram usos / número de informantes que citaram uso da categoria) x100

(8)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

FC = (número de informantes que citaram a categoria / número de informantes que citaram a categoria mais citada)

Depois que foi encontrada a concordância dos usos citados (CUCs) e do fator de correlação (FC), foi calculado a porcentagem corrigida de concordância dos usos:

CUCsc = CUCs x FC

3 RESULTADOS

Genipa americana é popularmente conhecida entre os agricultores estudados como jenipapo.

Dos 20 agricultores entrevistados, 10 homens e 10 mulheres, 70% têm idade acima de 50 anos e 85% são casados. O grau de escolaridade que predominou entre os agricultores foi o Ensino Fundamental Incompleto, com 60%. A origem dos conhecedores é predominantemente (65%) do sudeste e nordeste do Brasil (Figura 3).

Figura 3. Caracterização dos entrevistados, segundo a faixa etária, atuação profissional, escolaridade, estado civil e naturalidade.

Questionados sobre as atividades desenvolvidas como fonte de renda, 60% informaram que realizavam cultivo ou atividades relacionadas ao campo, como serviços gerais, que corresponde a prestação de serviços com obras de estaleiros, cuidados com gado, plantio e instalação de palanques para cerca. Atividades que são praticadas entre uma a cinco pessoas residentes nas moradias dos agricultores.

A respeito da fonte de renda dos moradores, foi verificado que realizavam mais de uma atividade na mesma propriedade. Os produtores somavam ao cultivo a criação de animais ou cultivo

(9)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

de uma cultura somado à outra cultura, por exemplo, o cultivo de mandioca consorciada com o cultivo de banana. Apenas dois dos agricultores alegaram não produzir nada em suas propriedades (Figura 4).

Figura 4. Produção entre os agricultores entrevistados no município de Carlinda – MT.

Com relação à espécie G. americana, os agricultores alegaram conhecer várias características da planta utilizadas para seu reconhecimento, como folha (n=16), fruto (n=10), porte da árvore (n=9), casca (n=6), tronco (n=2) e flor (n=1). Setenta e cinco por cento (n=15) dos agricultores alegaram ter aprendido a reconhecer a espécie com familiares em sua terra de origem, sendo cônjuge, pais e avós os familiares mais citados.

Os conhecedores retrataram a espécie com suas palavras, destacando as partes da planta que permitiam o seu reconhecimento, como a cor do caule (cinzento; esbranquiçado), cor e forma das folhas (verde escura, comprida), forma, cor e odor dos frutos (redondos, amarronzados, cheiro forte e doce); além de informações sobre os locais de ocorrência da espécie (áreas úmidas, espigão), os dispersores de sementes (veado-mateiro, paca, anta, pássaros, peixes) e detalhes fenológicos a respeito da espécie que é dioica funcional, descrevendo a diferença entre o cálice das flores masculinas (estreito) e femininas (forma do fruto), conforme observado na figura 5.

(10)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Figura 5. Estruturas diagnósticas de Genipa americana (jenipapo): A) Folha; B) Estípula; C) Inflorescência; D) Flor masculina; E) Corte em flor masculina; F) Flor feminina; G) Corte em flor feminina; H) Fruto. Imagem: Reginaldo Pinto.

O jenipapo é utilizado pelos agricultores de Carlinda em 30 formas de uso, com total de 51 citações, distribuídas em quatro categorias de uso: alimentar, tecnologia/artesanal, medicinal e outros. Quarenta e sete por cento (n=17) das citações de uso pertencem à categoria medicinal e 33,33% (n=24) à categoria alimentar (Tabela 1).

(11)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Tabela 1. Categorias e tipos de usos do jenipapo (Genipa americana) entre agricultores no município de Carlinda – MT.

CA – Casca da árvore; CF- Casca do fruto [pericarpo]; F – Folha; FR – Fruto; MD – Madeira

Em relação à utilização medicinal, foram citadas as folhas, fruto, casca do fruto e casca do tronco, como partes da planta usadas para confecção de medicamentos. As indicações citadas variaram destacando-se o uso para os rins e infecções. As formas de preparo também variaram desde o uso in natura até o preparo de pó da casca do fruto.

Sobre usos para tecnologia (Tabela 1), os agricultores citaram as formas de utilização comuns em seus estados de origem. O único uso tecnológico conhecido e desenvolvido por um dos

Categoria Tipos de usos Nº de

citações Parte usada Preparo

Alimentar Licor 7 FR Curtido Suco 4 FR Triturado Doces 3 FR Cozido Batidinha 2 FR Triturado Vinho 1 FR Curtido Tecnologia Móveis 2 MD - Colher de madeira 2 MD - Cabo de ferramentas 2 MD - Tintura 1 FL Curtido Painéis 1 MD - Medicinal

Rins 4 FR/F/CA Suco/Xarope/Fervido/

Infusão/Curtido

Câncer de próstata 2 FR in natura/Licor

Emagrecedor 2 CA Fervida/ curtida

Estômago 2 FR/F/CF/CA Infusão

Antibiótico local 1 CF Triturada-emplasto

Depurativo do Sangue 1 FR Suco/Licor

Diabetes 1 FR Suco

Fratura óssea 1 FR Emplasto

Gripe 1 FR Xarope

Infecção 1 CA Infusão

Infecção de garganta 1 F/FR Infusão

Intestino 1 F/FR Infusão

Regulador menstrual 1 F/FR Infusão

Repelente 1 F/FR Queimada

Reumatismo 1 CA Infusão/Garrafada

Tosse alérgica 1 F/FR Infusão

Útero e ovários 1 F/FR Infusão-assento

Vermífugo 1 SM Adoçada

Viagra 1 FR in natura/Licor

Importância

(12)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

agricultores é a tintura obtida a partir das folhas para tingir tecidos. Os trabalhos artesanais que têm como matéria-prima a madeira do jenipapo, embora conhecidos e citados, não são praticados entre os agricultores estudados em Carlinda – MT.

As maiores concordâncias de uso entre os agricultores foram para o preparo do licor (CUPc = 29,17), suco (CUPc = 16,67) e uso do fruto, folha e casca do tronco para tratamento dos rins (CUPc = 16,67) (Tabela 2).

Tabela 2. Concordância dos usos citados (CUCs) do jenipapo, fator de correlação (FC) e porcentagem corrigida de concordância dos usos citados por agricultores de Carlinda – MT.

Categoria Tipos de usos NiCUC NiCUP CUP FC CUPc

Alimentar Licor 17 7 41,18 0,71 29,17 Suco 17 4 23,53 0,71 16,67 Doces 17 3 17,65 0,71 12,50 Batidinha 17 2 11,76 0,71 8,33 Vinho 17 1 5,88 0,71 4,17 Tecnologia Móveis 8 2 25,00 0,33 8,33 Colher de madeira 8 2 25,00 0,33 8,33 Cabo de ferramentas 8 2 25,00 0,33 8,33 Tintura 8 1 12,50 0,33 4,17 Painéis 8 1 12,50 0,33 4,17 Medicinal Rins 24 4 16,67 1,00 16,67 Câncer de próstata 24 2 8,33 1,00 8,33 Emagrecedor 24 2 8,33 1,00 8,33 Estômago 24 2 8,33 1,00 8,33 Antibiótico local 24 1 4,17 1,00 4,17 Depurativo do sangue 24 1 4,17 1,00 4,17 Diabetes 24 1 4,17 1,00 4,17 Fratura óssea 24 1 4,17 1,00 4,17 Gripe 24 1 4,17 1,00 4,17 Infecção 24 1 4,17 1,00 4,17 Infecção de garganta 24 1 4,17 1,00 4,17 Intestino 24 1 4,17 1,00 4,17 Regulador menstrual 24 1 4,17 1,00 4,17 Reumatismo 24 1 4,17 1,00 4,17 Tosse alérgica 24 1 4,17 1,00 4,17 Útero e ovários 24 1 4,17 1,00 4,17 Vermífugo 24 1 4,17 1,00 4,17 Viagra 24 1 4,17 1,00 4,17 Outros Reflorestamento 2 1 50,00 0,08 4,17 Repelente 2 1 50,00 0,08 4,17

NICUC – nº de informantes que citou uso da categoria; NICUP – nº de informantes citando usos principais; CUP – índice de concordância de uso principal; e CUPc – CUP corrigido.

(13)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

4 DISCUSSÃO

Foi observado, neste estudo, que a maioria dos conhecedores do jenipapo, tinham idade superior a 40 anos, o que é comum em estudos etnobotânicos, como visto nas pesquisas realizadas por Amorozo (2002), Almeida et al. (2014) e Tiago et al. (2019). Em geral, essas pessoas são as que detêm os saberes adquiridos com antepassados, constatados pelo método “Bola de Neve”. Esse método, segundo Bernard (2002), é muito eficaz, pois permite o direcionamento imediato ao especialista no assunto.

O tamanho da propriedade, o número de pessoas envolvidas e as atividades desenvolvidas permitiram caracterizar o trabalho familiar na propriedade, dentro das comunidades visitadas. Em conversa, os moradores falavam sobre os filhos maiores de idade que casaram e passaram a trabalhar na cidade, o que também justifica o maior percentual de pessoas com idade superior a 40 anos. A saída de jovens do meio rural para centros urbanos tem sido documentada desde a década de 1940 no Brasil, e teve crescimento gradual até o término da década de 1990 (ABRAMOVAY, 1999), o que ainda é observado atualmente com menor intensidade do que anos anteriores (LOMBARDI, 2011). No entanto, Carlinda ainda mantém maior percentual populacional residente na zona rural, contrapondo com o município vizinho, Alta Floresta, que apresenta mais de 85% da população residente na zona urbana (IBGE, 2020).

A maioria dos agricultores alegou ter estudado até o ensino fundamental. Segundo esses agricultores, os pais os tiraram da escola assim que eles aprenderam a ler e a escrever, por não ter havido acesso ao Ensino Médio e Superior, pois escolas municipais ofereciam somente as séries iniciais do ensino fundamental, tendo os alunos que se deslocar a uma escola estadual para prosseguir os estudos, e superior no município de Alta Floresta, o que nem sempre ocorria; e, por fim, em outros casos, a interrupção nos estudos para auxílio na lida com a terra. Este último caso é característico em comunidades, pois muitos moradores são envolvidos na agricultura desde muito cedo (AMOROZO, 2002).

Nas propriedades, os moradores produzem diversas culturas para subsistência e venda, tais como a mandioca (Manihot esculenta Crantz), variedades de café robusta e conilon (Coffea

canephora Pierre ex A.Froehner), milho (Zea mays L.), banana (Musa paradisiaca L.) e espécies

de fruteiras cítricas (Citrus spp.), mas predominou entre as citações a criação de gado. Muitos proprietários somavam dois ou mais tipos de produção que eram destinadas ao consumo próprio e ao comércio local, assim como, também, alguns residentes desempenhavam duas atividades, sendo uma delas ligada ao campo e outra não.

(14)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Alguns autores citaram e classificaram as atividades econômicas dos agricultores, como Fuller (1983), Fuller e Brun (1988), e Brun e Fuller (1991) que definiram o termo “part time farming” (agricultura em tempo parcial), que se refere às atividades de produção no campo por menos de um ano completo de trabalho, complementando com outra função; e, “pluriactivity” (pluriatividade), em que outras atividades, não necessariamente ligadas à agricultura, são assumidas além das atividades no campo por algum membro da família, com o objetivo de sustentar ou de dar suporte, comum nas comunidades.

Os agricultores vieram predominantemente dos estados do nordeste e sudeste. Isso resulta dos grandes incentivos no início da colonização para a vinda de agricultores do norte do Paraná e da região Sudeste e, após isso, o surgimento do garimpo com a vinda de pessoas do norte e nordeste para a região (SELUCHINESK, 2008). As informações de uso apresentadas pelos agricultores foram trazidas destas regiões, onde a espécie também ocorre de forma natural. Todos alegaram ter conhecido a espécie na infância com familiares em seus estados de origem e chamavam de jenipapo. Um dos agricultores fez uma relação entre o tamanho das flores do jenipapo e sua sexualidade, onde a feminina é maior que a masculina. G. americana é uma espécie com dioicia funcional, apresentando todas as estruturas em suas flores masculinas e femininas. No entanto, nas flores femininas os estames não são funcionais (estaminódios), da mesma forma, nas flores masculinas os ovários não são funcionais. Bawa et al. (1985) citam o jenipapo como uma espécie dioica, no entanto, esse termo não é correto para definir esta espécie, pois as flores apresentam todas as estruturas masculinas e femininas, havendo indivíduos que desenvolvem o ovário e outros indivíduos que não o desenvolvem, mesmo tendo-o, caracterizando a dioicia funcional, termo utilizado por Gurgel Garrido et al. (1997).

Nenhum dos agricultores alegou desempenhar atividade comercial com a espécie G.

americana, mas a mantem na propriedade para a alimentação dos animais, uso familiar e

importância ecológica. Eles citaram, também, formas de utilização praticadas em seus estados de origem e utilizadas na região e que podem ser comercializadas, como por exemplo, o licor, doces em compotas e balas. Porém, 25% alegou não praticar regularmente, o que pode favorecer a perda de conhecimento relacionado ao uso do jenipapo. Quanto aos usos, destina-se para fins medicinais, alimentício e uso tecnológico em que folhas, frutos e a casca do tronco são as partes utilizadas pelos agricultores.

Os principais usos são para fabricação de licores, doces e sucos, que apresentam sabor adocicado e são muito apreciados. Dos usos alimentícios o fruto maduro é utilizado para fabricação de compotas, doces cristalizados, sorvetes e refrescos; por infusão em álcool, prepara-se o licor; e

(15)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

quando submetido à fermentação, tem-se o vinho (SILVA et al., 2006), como utilizado pelos agricultores.

Uma agricultora alegou usar o extrato da folha para pintura de tecidos. Nenhum outro agricultor relatou ter esse conhecimento, que provavelmente está sendo perdido entre os entrevistados. A cor azul, oriunda da genipina (metabólito secundário) está presente também em outras partes da planta. Algumas atribuições da literatura para a espécie fazem referência a cor obtida do jenipapo: o suco do fruto verde ganha coloração azulada com a oxidação devido a reação entre a genipina e uma amina primária (SILVA et al., 2014; BENTES; MERCADANTE, 2014; BENTES et al., 2015), sendo utilizado na pintura do corpo e de cerâmica pelos indígenas (LORENZI; MATOS, 2002; JESUS et al., 2015).

Os iridóides e metabólicos secundários de G. americana foram estudados por Bentes e Mercadante (2014) e constataram a presença de geniposídio nos frutos verdes e ausente em frutos maduros. A partir deste composto é formada a genipina, que revela a cor azul característica do fruto. A genipina também é presente em frutos de Gardenia jasminoides Ellis (também da família Rubiaceae), e é utilizada na indústria alimentícia como corante natural na Coreia do Sul e no Japão (PARK et al., 2002). Assim, o jenipapo apresenta potencial para a produção de genipina.

Os usos para tecnologia citados pelos agricultores, exceto a tintura extraída das folhas, tinham como matéria prima a madeira do jenipapo. Silva et al. (2006) afirma que a madeira é dura e fácil de moldar, podendo ser utilizada em marcenaria, fabricação de cabo de machado, construções rurais e para a produção de lenha e carvão e, além disso, a casca, rica em tanino, pode ser usada para curtir couro. No entanto, o uso da madeira de jenipapo não é muito difundido no município de Carlinda - MT, possivelmente devido a disponibilidade de outras espécies madeireiras na região, como é apresentado por Ferraz et al. (2004) e Lentini et al. (2005).

Os usos medicinais do jenipapo, citados pelos agricultores, são para tratamento de câncer, diabetes, doenças do estômago, intestino, rins, útero e ovários, além de ser utilizado também como vermífugo e antibiótico. Martínez et al. (2010) constataram que o jenipapo é muito utilizado em comunidades ribeirinhas no Baixo-Amazonas, na alimentação e medicina, indicado principalmente para tratamento de anemia e icterícia. Para Silva et al. (2006) o jenipapo pode ter ação bactericida e germicida devido à presença de fenol, sendo também utilizado no tratamento de gonorreia. Os mesmos autores descreveram a utilização do fruto verde como adstringente, inflamatório, anti-anêmico, diurético, contra enterite, hidropisia, asma e anemia, sendo a raiz utilizada como purgativo e a casca no tratamento de úlceras de origem escorbútica, doenças venéreas, inchaço do fígado e do baço.

(16)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Oliveira (2011) descreveu o uso de todas as partes do jenipapeiro na medicina caseira: chá de raízes (purgante), sementes esmagadas (para vômito), chá das folhas (como antidiarreico), fruto verde ralado (para asma), suco do fruto maduro (tônico para estômago, diurético e desobstruente). De Souza Júnior et al. (2019), analisaram a atividade de extrato da casca do caule em bactérias causadoras de infecções hospitalares e, apesar de não terem obtido resultados significativos, observaram que o extrato apresenta efeito inibidor. Ueda et al. (1991), observaram que a genipina extraída dos frutos e folhas promoveu redução de tumores em cultura de células cancerígenas, fazendo relação com algumas utilizações indicadas pelos conhecedores. Contudo, ainda são poucos os trabalhos farmacológicos publicados a respeito do potencial medicinal de G. americana.

Outro uso conhecido para a espécie é sua utilização em reflorestamento, devido ao fácil crescimento e produção em abundância de flores e frutos para a fauna silvestre. Crestana (2000) aponta a alta capacidade regenerativa da espécie, além da grande produção de sementes, no entanto, há fragilidade de indivíduos nas fases iniciais relacionados a adversidades, como escassez de água. Mas ainda assim, o jenipapo é uma espécie com potencial para recuperação de áreas degradadas (ANDRADE et al., 2018), pela ampla distribuição na América do Sul e Central e adaptação a vários tipos de clima e solo.

Além da recuperação de áreas, a criação de mecanismos de conservação das florestas também tem sido foco entre pesquisadores (LOWE et al., 2005; WARD et al., 2005; LAURANCE; VASCONCELOS, 2009). Atualmente, os Sistemas Agroflorestais (SAFs) vêm sendo incentivados como uma nova forma de agricultura, que é a associação de espécies florestais e culturas agrícolas em um determinado espaço, geralmente degradado (SANTOS; PAIVA, 2002; SOUZA; PIÑA-RODRIGUES, 2013).

Em geral as espécies presentes nos SAFs são utilizadas na adubação, proteção e sombreamento do solo, além de complementar com recursos madeireiros e alimentares para os agricultores e animais silvestres (FERNANDES et al., 2014). Sistemas que envolvem a agricultura com espécies florestais podem ser multifuncionais e envolver espécies forrageiras, fixadoras de nitrogênio, produtoras de matéria orgânica, além da produção de fruto, madeira e semente (BUDOWSKI, 1991; FREITAS et al., 2013).

Desta forma, permite-se inferir que o jenipapo pode ser parte do conjunto de espécies utilizadas em SAFs, devido ser uma espécie caducifólia, apresentar potencial econômico, por ser utilizada na medicina, culinária e artesanato e por ser atraente a fauna, além de ser consumida por animais domésticos como gado, porcos e galinhas.

(17)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Frutos e folhas podem ser usados como forragem para bovinos, caprinos e suínos (OLIVEIRA, 2011). Crestana et al. (1992) relataram que o fruto de jenipapeiro leva doze meses para o desenvolvimento completo. A dispersão de sementes ocorre pela água, peixes, morcegos, macacos e serelepes (CRESTANA et al., 1992; CARVALHO, 2003; ARAÚJO; PINHEIRO, 2009). Outras pesquisas relatam a dispersão de sementes do jenipapo por jabuti-piranga (Geochelone

carbonaria) e do jabuti-tinga (G. denticulata) (STRONG; FRAGOSO, 2006).

Alguns agricultores informaram que a anta (Tapirus terrestres), consome o fruto de jenipapo. Outros citaram o veado-mateiro, (Mazama americana e M. gouazoubira), também como dispersor de sementes da espécie. Bachand et al. (2009), em estudo com Tapirus terrestres, e Kokubun et al. (2012), em estudo com M. americana e M. gouazoubira, evidenciaram que estes mamíferos têm dieta flexível, variando de acordo com a vegetação disponível. Mas não foram encontradas informações na literatura sobre a dispersão de jenipapo por estes animais, portanto estudos de observação da espécie para identificar os dispersores de sementes são necessários e podem vir a auxiliar na elaboração de projetos de conservação da espécie vegetal e de animais na região.

5 CONCLUSÃO

Fazer uso de metodologias não-probabilísticas em etnobotânica, permite investigar a fundo um grupo especifico de conhecedores locais, como do jenipapo no município de Carlinda. Estudos com essa abordagem possibilitam resgatar conhecimentos pouco difundidos entre os não conhecedores locais, viabilizando políticas públicas.

Os conhecedores de Carlinda relataram que as folhas, frutos e a casca da árvore são utilizadas na medicina popular, culinária e tecnologia, sem a necessidade de cortar a árvore para o uso dos recursos. A maior concordância de uso principal entre os agricultores foi para a produção de licor, produto de valor comercial em todo o país, tornando-se mais uma opção econômica aos moradores da região.

Diante da quantidade de usos citados pelos agricultores em Carlinda, unido às características biológicas do jenipapo, fica evidente que a região carece de projetos e oficinas que incentivem a passagem do conhecimento entre os conhecedores antigos e jovens locais, principalmente em escolas, como forma de promover a continuidade desse rico conhecimento entre os jovens agricultores e não agricultores.

(18)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, R. (1999). Agricultura familiar e desenvolvimento territorial. Revista da Associação Brasileira de Reforma Agrária, 28(1), 1-29.

ALBUQUERQUE, U. P., LUCENA, R. F. P. (2004). Métodos e técnicas na pesquisa Etnobotânica. Recife: Livro Rápido/NUPEEA.

ALBUQUERQUE, U. P., HANAZAKI, N. (2006). As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia, 16, 678-689. DOI: 10.1590/S0102-695X2006000500015

ALHO, C. J. R. (2012) Importância da biodiversidade para a saúde humana: uma perspectiva ecológica. Estudos Avançados 26 (74), 151-165. DOI: 10.1590/S0103-40142012000100011

ALMEIDA, L. S., Gama, J. R. V., Oliveira, F. A., Ferreira, M. S. G., Menezes, A. J. E. A., Gonçalves, D. C. M. (2013). Uso de espécies da flora na comunidade rural Santo Antônio, BR-163, Amazônia Brasileira. Floresta e Ambiente, 20(4), 435-446. DOI: 10.4322/floram.2013.044

ALMEIDA, S. E., PASA, M. C., GUARIN, V. L. M. S. (2014). Uso da biodiversidade em quintais de comunidades tradicionais da Baía de Chacorore, Barão de Melgaço, Mato Grosso, Brasil. Biodiversidade, 13(1), 141-155.

AMOROZO, M. C. M., GÉLY, A. (1988). Uso de plantas medicinais por caboclos do Baixo Amazonas. Barcarena, PA, Brasil. Boletim do Museu Emílio Goeldi, 4, 47-129.

AMOROZO, M. C. M. (2002). Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do Leverger, MT, Brasil. Acta Botânica Brasílica, 16(2), 189-203.

ANDRADE, G. K. O., FERREIRA, R. A., FERNANDES, M. M., DA SILVA, T. R., SOUZa, I. B. A., MAGALHÃES, J. S. (2018). Regeneração natural em área de reflorestamento misto com espécies nativas no município de Laranjeiras, SE. Revista de Ciências Agrárias - Amazonian Journal of Agricultural and Environmental Sciences, 61. http://dx.doi.org/10.22491/rca.2018.2779

ARAÚJO, N. A., PINHEIRO, C. U. B. (2009). Relações ecológicas entre a fauna ictiológica e a vegetação ciliar da região lacustre do baixo pindaré na baixada maranhense e suas implicações na sustentabilidade da pesca regional. Boletim do Laboratório de Hidrobiologia, 22(1), 55-68.

BACHAND, M., TRUDEL, O. C., ANSSEAU, C., ALMEIDA-CORTEZ, J. (2009). Dieta de Tapirus terrestres Linnaeus em um fragmento de Mata Atlântica do Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Biociências, 7(2), 188-194.

BARREIRA, T. F., PAULA FILHO, G. X., RODRIGUES, V. C. C., ANDRADE, F. M. C., SANTOS, R. H. S., PRIORE, S. E., PINHEIRO-SANT’ANA, H. M. (2015). Diversidade e equitabilidade de Plantas Alimentícias Não Convencionais na zona rural de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 17(4), 964-974. DOI: 10.1590/1983-084X/14_100

(19)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

BAWA, K. S., PERRY, D. R., BEACH, J. H. (1985). Reproductive biology of tropical lowland rain forest trees. I. Sexual systems and incompatibility mechanisms. American Journal of Botany, 72(3), 331-345.

BENTES, A. S., SOUZA, H. A. L., AMAYA-FARFAN, J., LOPES, A. S., FARIA, L. J. G. (2015). Influence of the composition of unripe genipap (Genipa americana L.) fruit on the formation of blue pigment. Journal of Food Science and Technology, 52(6), 3919–3924. DOI: 10.1007/s13197-014-1651-9

BENTES, A. S., MERCADANTE, A. Z. (2014). Influence of the stage of ripeness on the composition of iridoids and phenolic compounds in genipap (Genipa americana L.). Journal of Agricultural and Food Chemistry, 62, 10800−10808. DOI: 10.1021/jf503378k

BERNARD, H. R. (2002). Research methods in anthropology: qualitative and quantitative approaches. Walnut Creek: Altamira Press.

BRANDÃO, A. S. P., REZENDE, G. C., MARQUES, R. W. C. (2006). Crescimento agrícola no período 1999/2004: a explosão da soja e da pecuária bovina e seu impacto sobre o meio ambiente. Economia Aplicada, 10(2), 249-266. DOI: 10.1590/S1413-80502006000200006

BRUN, A., FULLER, A. (1991). Farm family pluriactivity in Western Europe. United Kingdow: The Arkleton Research.

BUDOWSKI, G. (1991). Aplicabilidad de los sistemas agroflorestais. In Anais do Seminário sobre planejamento de projetos auto-sustentáveis de lenha Praamérica Latina e Caribe, Turrialba: FAO, 1, 161-167.

CABALLERO, J. (1983). Perspectiva para o el que hacer etnobotânico em México. In: Barrera, A. (Ed.). La etnobotânica: três puntos de vista e una perspectiva. Xalapa: Inst. Nac. de Investigaciones sobre recursos bióticos, 25-28p.

CAIONI, C. (2015). Dinâmica da temperatura superficial e a agricultura familiar (produção hortícola) no munícipio de Carlinda/MT (Dissertação de mestrado). Universidade do Estado de Mato Grosso, Alta Floresta, MT, Brasil.

CAMARGO, F. F., SOUZa, T. R., COSTA, R. B. (2014). Etnoecologia e etnobotânica em ambientes de Cerrado no Estado de Mato Grosso. Interações, 15(2), 353-360. doi: https://doi.org/10.1590/S1518-70122014000200013

CARVALHO, P. E. R. (2003). Espécies arbóreas brasileiras: Coleção Espécies Arbóreas Brasileiras. Brasília, DF: Embrapa informações Tecnológica.

CRESTANA, C. S. M., BATISTA, E. A., MARIANO, G. (1992). Fenologia da frutificação de Genipa americana L. (Rubiaceae) em mata ciliar do Rio Moji Guaçu, SP. Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais, 45, 31-34.

CRESTANA, C. S. M. (2000). Estrutura populacional de Genipa americana L. (Rubiaceae) em mata riparia do Rio Moji-guaçu, em Conchal – SP. Revista Instituto Florestal, 12(2), 105-117.

(20)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

DE SOUSA JÚNIOR, D. L., DA SILVA BENJAMIM, Í. M., TEOTÔNIO, L. E. O., GONÇALVES, F. J., SALVIANO, C. M. T., LEANDRO, R. C., LOPES, M. J. P., AQUINO, P. E. A., LEITE, N. F. (2019). Efeito Antimicrobiano e Modulador do Extrato Hidroalcoólico de Genipa Americana (Jenipapo). Revista Saúde, 45(1). DOI: 10.5902/2236583433472

DIEGUES, A. C. (2000). Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza nos trópicos. 2. ed. São Paulo.

EMPERAIRE, L., ELOY, L. (2008). A cidade, um foco de diversidade agrícola no Rio Negro (Amazonas, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 3(2), 195-211. DOI: 10.1590/S1981-81222008000200005

FARID, L. H. (1992). Diagnóstico preliminar dos impactos ambientais gerados por garimpos de ouro em Alta Floresta/ MT: um estudo de caso. Rio de Janeiro: CETEM/ CNPq.

FERNANDES, J. M., GARCIA, F. C. P., AMOROZO, M. C. M., SIQUEIRA, L. C., MAROTTA, C. P. B., CARDOS, I. M. (2014). Etnobotânica de Leguminosae entre agricultores agroecológicos na Floresta Atlântica, Araponga, Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia, 65(2), 539-554. DOI: 10.1590/S2175-78602014000200015

FERNANDES, J. M., SOARES-LOPES, C. R. A., RIBEIRO, R. S., SILVA, D. R. (2015). Leguminosae no acervo do Herbário da Amazônia Meridional, Alta Floresta, Mato Grosso. Enciclopédia Biosfera, 11(21), 2272-2293.

FERRAZ, I. D. K., LEAL FILHO, N., IMAKAWA, A. M., VARELA, V. P., PIÑA-RODRIGUES, F. C. M. (2004). Características básicas para um agrupamento ecológico preliminar de espécies madeireiras da floresta de terra firme da Amazônia Central. Acta Amazônica, 34(4), 621-633. DOI: 10.1590/S0044-59672004000400014

FERREIRA, L. V., VENTICINQUE, E., ALMEIDA, S. (2005). O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas. Estudos Avançados, 19(53), 157-166. DOI: 10.1590/S0103-40142005000100010

FIDALGO, O., BONONI, V. L. R. (1987). Técnicas de coleta, preservação e herborização do material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica.

FILARDI, F. L. R. et al. (2018). Brazilian Flora 2020: Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia, 69(4): 1513-1527. DOI: 10.1590/2175-7860201869402

FREITAS, E. C. S., OLIVEIRA NETO, S. N., FONSECA, D. M., SANTOS, M. V., LEITE, H. G., MACHADO, V. D. (2013). Deposição de serapilheira e de nutrientes no solo em sistema Agrossilvipastoril com eucalipto e acácia. Revista Árvore, 37(3), 409-417. DOI: 10.1590/S0100-67622013000300004

FULLER, A. M., BRUN, A. (1988). “Social-economic aspects of pluriactivity in Western Europe”, in Rural Change in Europe, Arkleton Research, 147-167.

(21)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

FULLER, A. M. (1983). “Part-time farming and the farm family: a note for future research”. Sociologia Ruralis, 23(1), 5-9.

GANDOLFO, E. S., HANAZAKI, N. (2011). Etnobotânica e urbanização: conhecimento e utilização de plantas de restinga pela comunidade nativa do distrito do Campeche (Florianópolis, SC). Acta Botanica Brasilica, 25(1), 168-177.

GASQUES, A. P., MAGALHÃES, C. L., RAULINO, E. W. H. (2015). As origens de Carlinda: do sonho do projeto de colonização para os projetos de assentamento da reforma agrária. MTFAF- Mostra de trabalhos acadêmicos, 1(3), 109-113.

GOMES, J. B. M., VAN LEEUWEN, J., FERREIRA, S. A., FALCÃO, N. P. D. S., FERREIRA, C. A. C. (2010). Nove Espécies Frutíferas da Várzea e Igapó para Aquicultura, Manejo da Pesca e Recuperação de Áreas Ciliares. Manaus: INPA.

GUARIM NETO, G., SANTANA, S. R., SILVA, J. V. B. (2000). Notas etnobotânicas de espécies de Sapindaceae jussieu. Acta Botanica Brasilica, 14(3), 327- 334. DOI: 10.1590/S0102-33062000000300009

GURGEL GARRIDO, L. M. A., SIQUEIRA, A. C. M. F., CRUZ, S. F., ROMANELU, R. C., ETIORI, L. C., CRESTANA, C. S. M., SILVA, A. A., MORAIS, E., ZANATIO, A. C. S., SATO, A. S. (1997). Programa de melhoramento genético florestal do Instituto Florestal (acervo). Instituto Florestal – Série Registros, 18, 1-53.

HARDY, K., BUCKLEY, S., COLLINS, M. J., ESTALRRICH, A., BROTHWELL, D., COPELAND, L., GARCÍA-TABERNERO, A., GARCÍA-VARGAS, S., LA RASILLA, M., LALUEZA-FOX, C., HUGUET, R., BASTIR, M., SANTAMARÍA, D., MADELLA, M., WILSON, J., CORTÉS, A. F., ROSAS, A. (2012). Neanderthal medics? Evidence for food, cooking, and medicinal plants entrapped in dental calculus. Naturwissenschaften, 99(8), 617–626. DOI: 10.1007/s00114-012-0942-0

HENRY, A. G., BROOKSA, A. S., PIPERNO, D. R. (2011). Microfossils in calculus demonstrate consumption of plants and cooked foods in Neanderthal diets (Shanidar III, Iraq; Spy I and II, Belgium). Proceedings of the National Academy of Sciences, 108(2), 486-491. DOI: 10.1073/pnas.1016868108

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2020, abril 2). Panorama - Carlinda. Recuperado de: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mt/carlinda/panorama>.

JESUS, Y. L., LOPES, E. T., COSTA, E. V. (2015). Descobrindo as Ciências na Cultura Indígena: Pinturas Corporais. Revista Curiá: múltiplos saberes, 1(1), 16.

JOSHI, A. R., JOSHI, K. (2000). Indigenous knowledge and uses of medicinal plants by local communities of the Kali Gandaki Watershed Area, Nepal. Journal of Ethnopharmacology, 73(1-2), 175–183. DOI: 10.1016/S0378-8741(00)00301-9

KOKUBUN, H. S., ESPER, G. V. Z., FRANCIOLLI, A. L. R., OLIVEIRA, F. M., SILVA, R. E. G., MIGLINO, M. A. (2012). Estudo histológico e comparativo das papilas linguais dos cervídeos

(22)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Mazama americana e Mazama gouzoubira por microscopia de luz e eletrônica de varredura. Pesquisa Veterinária Brasileira, 32(10), 1061-1066. DOI: 10.1590/S0100-736X2012001000021

LAURANCE, W. F., VASCONCELOS, H. L. (2009). Consequências ecológicas da fragmentação florestal na Amazônia. Oecologia Brasiliensis, 13(3), 434-451.

LENTINI, M., PEREIRA, D., CELENTANO, D., PEREIRA, R. (2005). Fatos Florestais da Amazônia 2005. Belém: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.

LOMBARDI, M. (2011, abril 19) Êxodo rural cai pela metade em uma década, diz IBGE. UOL notícias. Recuperado de: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/04/29/exodo-rural-cai-pela-metade-em-uma-decada-diz-ibge.htm>.

LOPES, C. R. A. S. (2015). Herbário da Amazônia Meridional, Mato Grosso (HERBAM). Bioscience, Edição Especial, 4(6), 36-39.

LORENZI, H. (2000). Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum.

LORENZI, H. E., MATOS, F. J. A. (2002). Plantas medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum.

LOWE, A. J., BOSHIER, D., WARD, M., BACLES, C. F. E., NAVARRO, C. (2005). Genetic resource impacts of habitat loss and degradation; reconciling empirical evidence and predicted theory for neotropical trees. Heredity, 95(4), 255-273. DOI: 10.1038/sj.hdy.6800725

MATO GROSSO (2010). Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável-Território da Cidadania. Portal da Amazônia. Conselho Executivo de Ações da Agricultura Familiar: Alta Floresta-MT.

MARTÍNEZ, G. B., MOURÃO JUNIOR, M., BRIENZA JUNIOR, S. (2010). Seleção de ideótipos de espécies florestais de múltiplo uso em planícies fluviais do Baixo Amazonas, Pará. Acta Amazônica, 40(1), 65 -74.

OLIVEIRA, D. L. (2011). Viabilidade econômica de algumas espécies medicinais nativas do cerrado. Estudos, 38(2), 301-332.

PARK, J. E., LEE, J. Y., KIM, H. G., HAHN, T. R., PAIK, Y. S. (2002). Isolation and characterization of water-soluble intermediates of blue pigments transformed from geniposide of Gardenia jasminoides. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 50, 6511−6514.

PATZLAFF, R. G., PEIXOTO, A. L. (2009). A pesquisa em etnobotânica e o retorno do conhecimento sistematizado à comunidade: um assunto complexo. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 16(1), 237-246.

PEREIRA, Z. V., FERNANDES, S. S. L., SANGALLI, A., MUSSURY, R. M. (2012). Usos múltiplos de espécies nativas do bioma Cerrado no Assentamento Lagoa Grande, Dourados, Mato Grosso do Sul. Revista Brasileira de Agroecologia, 7(2),1 26-136.

(23)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

PEREIRA, B. E., DIEGUES, A. C. (2010). Conhecimento de populações tradicionais como possibilidade de conservação da natureza: uma reflexão sobre a perspectiva da etnoconservação. Desenvolvimento e Meio ambiente, 22, 37-50.

PERONI, N., HANAZAKI, N., BEGOSSI, A., ZUCHIWSCHI, E., LACERDA, V. D., MIRANDA, T. M. (2016). Homegardens in a micro-regional scale: contributions to agrobiodiversity conservation in an urban-rural contexto. Ethnobiology and Conservation, 5(6), 1-17. DOI: 10.15451/ec2016-8-5.6-1-17

RIVERO, S., ALMEIDA, O., ÁVILA, S., OLIVEIRA, W. (2009). Pecuária e desmatamento: uma análise das principais causas diretas do desmatamento na Amazônia. Nova Economia, 19(1), 41-66. DOI: 10.1590/S0103-63512009000100003

ROCHA, A. F., PAULA, D. C. J., SOUZA, N. S., SILVA, P. C. B., MIRANDA, A. S., ZAMADEI, T., SOUZA, A. P., MACHADO, N. G., SANTOS, F. M. M., NOGUEIRA, J. S., NOGUEIRA, M. C. J. A. (2015). Variações microclimáticas de áreas urbanas em biomas no estado de Mato Grosso: Cuiabá e Sinop. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, 4, 246-257. DOI: 10.19177/rgsa.v4e02015246-257

SALTOS, R. V. A., VÁSQUEZ, T. E. R., LAZO, J. Á., BANGUERA, D. V., GUAYASAMÍN, P. D. R., VARGAS, J. K. A., PEÑAS, I. V. (2016). The use of medicinal plants by rural populations of the Pastaza province in the Ecuadorian Amazon. Acta Amazônica, 46(4), 355-366. DOI: 10.1590/1809-4392201600305

SANTOS, M. J. C., PAIVA, S. N. (2002). Os sistemas agroflorestais como alternativa econômica em pequenas propriedades rurais: estudo de caso. Ciência Florestal, 12(1), 135-141. DOI: 10.5902/198050981707

SELUCHINESK, R. D. C. (2008). De heróis a vilões: imagem e auto-imagem dos colonos da Amazônia mato-grossense (Tese de doutorado). Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.

SILVA, D. B., SALOMÃO, N. A., CARVALHO, P. C. L., WETZEL, M. M. V. S. (2006). Jenipapo. In: Vieira RF, Costa TSA, Silva DB, Ferreira FR, Sano SM. 2006. Frutas Nativas da Região Centro-Oeste do Brasil. Brasília-DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

SILVA, N., LUCENA, R. F. P., LIMA, J. R. F., LIMA, G. D. S., CARVALHO, T. K. N., SOUSA JÚNIOR, S. P., ALVES, C. A. B. (2014). Conhecimento e uso da vegetação nativa da caatinga em uma comunidade rural da Paraíba, Nordeste do Brasil. Boletim Museu de Biologia Mello Leitão, 34, 5-37.

SIVIERO, A., DELUNARDO, T. A., HAVERROTH, M., OLIVEIRA, L. C., MENDONÇA, A. M. S. (2011). Cultivo de espécies alimentares em quintais urbanos de Rio Branco, Acre, Brasil. Acta Botânica Brasílica, 25(3), 549-556. DOI: 10.1590/S0102-33062011000300006

SOUZA, V. C., LORENZI, H. (2008). Botânica Sistemática - Guia ilustrado para a identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II. Nova Odessa: Plantarum.

(24)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 61161-61184 aug. 2020. ISSN 2525-8761

SOUZA, M. C. S., PIÑA-RODRIGUES, F. C. M. (2013). Desenvolvimento de espécies arbóreas em sistemas agroflorestais para recuperação de áreas degradadas na floresta ombrófila densa, Paraty, RJ. Revista Árvore, 37(1), 89-98. DOI: 10.1590/S0100-67622013000100010

STRONG, J. N., FRAGOSO, J. M. V. (2006). Seed Dispersal by Geochelone carbonaria and Geochelone denticulata in Northwestern Brazil. Biotropica, 38(5), 683–686. DOI: 10.1111/j.1744-7429.2006.00185.x

TIAGO, P. V., ROSSI, A. A. B., PEDRI, E. C. M., FERNANDES, J. M., TIAGO, A. V., LIMA, J. A. (2019). Levantamento etnobotânico do jatobá (Hymenaea courbaril L., Fabaceae) no norte do estado de Mato Grosso, Brasil. Gaia Scientia, 13(1), 80-90. DOI: 10.22478/ufpb.1981-1268.2019v13n1.44089

TULER, A. C., PEIXOTO, A. L., SILVA, N. C. B. (2019). Plantas alimentícias não convencionais (PANC) na comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia, 70. DOI: 10.1590/2175-7860201970077

UEDA, S., IWAHASHI, Y. (1991). Production of anti-tumor-promoting iridoid glucosides in Genipa americana and its cell cultures. Journal of Natural Products, 54(6), 1677-1680. DOI: 10.1021/np50078a032

UMETSU, R. K., PEREIRA, N., CAMPOS, E. M. F. P., UMETSU, C. A., MENDONÇA, R. A. M., BERNASCONI, P., CAMARGO, M. F. (2012). Análise morfométrica e socioambiental de uma bacia hidrográfica amazônica, Carlinda, MT. Revista Árvore, 36(1), 83-92. DOI: 10.1590/S0100-67622012000100010

ZAPPI, D. C., SASAKI, D., MILLIKEN, W., IVA, J., HENICKA, G. S., BIGGS, N., FRISBY, S. (2011). Plantas vasculares da região do Parque Estadual Cristalino, norte de Mato Grosso, Brasil. Acta Amazônica, 41(1), 29-38. DOI: 10.1590/S0044-59672011000100004

ZAPPI, D. C., SEMIR, J., PIEROZZI, N. I. (1995). Genipa infundibuliformis sp. nov. and notes on Genipa americana (Rubiaceae). Kew Bulletin, 50(4), 761-771.

WARD, M., DICK, C. W., GRIBEL, R., LOWE, A. J. (2005). To self, or not to self…a review of outcrossing and pollen-mediated gene flow in neotropical trees. Heredity, 95(4), 246-254. DOI: 10.1038/sj.hdy.6800712

Imagem

Figura 1. Município de Carlinda, localizado ao norte do Estado de Mato Grosso, Brasil
Figura 2. Realização de entrevistas etnobotânicas e apresentação de fotos da  Genipa americana para esclarecimento  sobre a espécie de estudo
Figura  3.  Caracterização  dos  entrevistados,  segundo  a  faixa  etária,  atuação  profissional,  escolaridade,  estado  civil  e  naturalidade
Figura 4. Produção entre os agricultores entrevistados no município de Carlinda – MT.
+4

Referências

Documentos relacionados

Por isso, o interesse básico que define os antagonismos e, consequentemente, a relação entre as classes, é a propriedade privada dos meios de produção, definindo também

Algumas empresas que operam e/ou prestam serviços de assessoria e consultoria no mercado internacional 4êm construído -Sistemas de informação (“Mercocard”,

Segundo Bahia (2016), firma-se uma parceria entre Instituição de Ensino Superior (IES) e escolas públicas das Secretarias da Educação (municipais ou estaduais),

Na realidade o que torna relevante o estudo das dunas deste sistema geoecológico não são apenas as suas datações relacionadas com a evolução paleoclimática global, mas

Esta tese está dividida em seis capítulos: Capítulo 1, introdução, apresenta o problema, justificativa, área de estudo, dados, e objetivos gerais e específicos; Capítulo

Para os solos de floresta de terra firme, apesar das taxas de produção e fluxos de curto prazo terem sido menores em relação aos outros tipos de solo, os fluxos de CH4 e CO2 longo

Ao enunciar objectivos tão amplos corremos o risco, desde logo, de uma proposta como esta ser considerada irrealista. 11 É obvio que um processo deste tipo terá de passar por uma