PER PLANO DE RECUPERAÇÃO
Parajudicial Judicial
Iniciativa do devedor Iniciativa do devedor ou dos credores
Recuperação da
empresa/reestruturação de passivo
Execução universal/concurso de credores
Controlo pela administração Controlo passa para AJ
Situação difícil/insolvência iminente Insolvência
Votação por escrito Votação em assembleia
PER
Processo Especial de Revitalização
Novo paradigma no processo de insolvência
Satisfação dos credores pela forma prevista num plano de insolvência, baseado, nomeadamente:
• Na recuperação da empresa, ou, não sendo tal possível • Na liquidação do património
Vide Artigo 192º, do CIRE
Quem pode requerer?
O devedor que se encontre em situação económica difícil ou em situação de insolvência meramente iminente, mas que ainda seja suscetível de recuperação.
O que é a situação económica difícil?
Dificuldade séria para cumprir pontualmente as suas obrigações, designadamente por ter falta de liquidez ou por não conseguir obter crédito.
Como se requer?
• Declaração escrita do devedor e de, pelo menos, um credor, manifestando a vontade de encetar negociações
• Requerimento ao tribunal
• O tribunal nomeia, imediatamente, administrador judicial provisório (Documentos constantes do nº1, do artigo 24º, do CIRE)
Tramites seguintes
• Comunicar a todos os credores que não tenham subscrito a declaração inicial o início das negociações, convidando-os a participar e informando da documentação patente na secretaria do Tribunal.
• Os credores dispõem de 20 dias para a reclamação de créditos junto do administrador judicial provisório, após publicação do despacho de nomeação deste no portal Citius.
• Elaboração da lista provisória no prazo de cinco dias.
• Impugnações no prazo de cinco dias úteis, após publicitação, devendo as impugnações ser decididas pelo juiz no mesmo prazo. • As negociações deverão ser concluídas no prazo de dois meses,
Efeitos
• Consagra-se um período de “Stand Still”. O processo obsta à instauração de quaisquer ações para cobrança de dívidas contra o devedor e suspende, quanto a este, as ações em curso com idêntica finalidade.
• Suspendem-se, igualmente, os processos em que tenha sido requerida a insolvência do devedor na data de publicação no portal Citius do despacho de nomeação do administrador judicial provisório, desde que não tenha sido proferida sentença declaratória da insolvência.
• O devedor fica impedido de praticar atos de especial relevo sem que previamente obtenha autorização para a realização da operação pretendida por parte do administrador judicial provisório.
Como se obtém a aprovação do plano?
• Aprovação por maioria de dois terços dos votos emitidos. • A votação efetua-se por escrito.
• O juiz pode ou não proceder à homologação, aplicando-se em especial os artigos 215º e 216º do CIRE.
É possível interromper o processo negocial? Quais as consequências se o PER fracassar?
• Conclusão antecipada da impossibilidade de alcançar acordo, por parte do devedor ou de credores que representem, pelo menos, dois terços.
• Decurso do prazo previsto para as negociações.
• Caso o devedor se encontre em situação de insolvência, o que deverá ser atestado pelo administrador provisório, o encerramento do processo acarreta a insolvência do devedor.
• O termo do processo impede o devedor de recorrer ao mesmo durante os dois anos posteriores.
E se o devedor precisar de financiamento para a revitalização?
• As garantias mantêm-se ainda que o devedor seja declarado insolvente no prazo de dois anos.
• Quanto aos montantes financiados, consagra-se privilégio creditório mobiliário geral, graduado com prioridade perante o privilégio creditório mobiliário geral concedido aos trabalhadores.
E se o devedor alcançar, previamente, o acordo da maioria necessária?
O processo especial de revitalização poderá iniciar-se mediante a apresentação pelo devedor de acordo extrajudicial de recuperação, previamente celebrado, logo sujeito a homologação judicial.
E os credores preteridos?
• Os efeitos do plano homologado impõe-se a todos os credores, mesmo que tenham votado contra ou não tenham, sequer, participado nas negociações.
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
Boa fé
Consensualismo Igualdade
Lealdade
Equilíbrio das prestações Função social do contrato
QUADRO LEGAL ESPECIAL
Créditos e privilégios do Estado (direitos
indisponíveis)
Créditos laborais e posições jurídicas (regime específico)
PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DO PLANO
Igualdade dos credores da insolvência, sem prejuízo das
diferenciações justificadas por razões objectivas (art. 194º, CIRE)
NORMAS IMPERATIVAS RELEVANTES
Formação de maioria Regras de legitimidade Normas procedimentais
Providências possíveis
• Perdão ou redução do valor dos créditos, quer quanto ao capital quer quanto aos juros;
• Condicionamento do reembolso de todos os créditos, ou de parte deles, às disponibilidades do devedor;
• Modificação dos prazos de vencimento e/ou das taxas de juro dos créditos, bem como a implementação de períodos de carência de pagamento de capital e/ou juros;
• Constituição de novas garantias; • Cessão de bens aos credores.
Benefícios Fiscais
Não entram para a formação da matéria colectável do devedor as variações patrimoniais positivas resultantes das alterações das suas dívidas previstas em plano de recuperação (Cfr. art. 268º, do CIRE);
O valor dos créditos que forem objecto de redução, ao abrigo de plano de recuperação, é considerado como custo ou perda do respectivo exercício, para efeitos de apuramento do lucro tributável dos sujeitos passivos do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e do imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas (Cfr. art. 268º, do CIRE);
Estão isentos de imposto do selo, quando a ele se encontrem sujeitos, diversos actos previstos em planos de recuperação, como sendo a realização de operações de financiamento; as modificações de prazos de vencimento ou das taxas de juro dos créditos sobre a [insolvência]; os aumentos de capital; as conversões de créditos em capital; a emissão de letras ou livranças; a dação em cumprimento de bens da empresa e a cessão de bens aos credores, entre outras (Cfr. art. 269º, do CIRE);
Estão isentas de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis diversas transmissões de bens imóveis, integradas em qualquer plano de recuperação, como sendo, designadamente, as que decorram de dação em cumprimento de bens da empresa e da cessão de bens aos credores (Cfr. art. 270º, do CIRE).
A OPONIBILIDADE DO PLANO POR AVALISTAS E FIADORES
Vinculação dos credores ao Plano de Recuperação, face a terceiros fiadores e avalistas?
Fiança
• Um terceiro garante a satisfação do crédito ficando pessoalmente obrigado perante o credor (artigo 627º, do CC).
• A obrigação do terceiro fiador tem o conteúdo da obrigação principal e cobre as consequências legais e contratuais do não cumprimento culposo da obrigação da parte do devedor (artigo 634º, do CC).
Aval
• O aval é uma garantia que aparece ligada às obrigações cartulares. Aquele que presta o aval garante, dessa forma, no todo ou em parte, o cumprimento da obrigação de um determinado obrigado. • Surge no âmbito dos títulos de crédito, sendo nesse seio regulada
preenchimento)
Natureza Acessoriedade
A obrigação do fiador molda-se sobre a obrigação do devedor principal e a sua subsistência, desde o nascimento à extinção, depende da subsistência desta.
Autonomia
A obrigação do avalista sobrevive
independentemente obrigação garantida, se esta for nula, exceto nos casos em que a nulidade seja determinada por vício de forma.
Grau Subsidiariedade
Sendo eventual na fiança civil, consiste, em termos gerais, no facto de o fiador poder impedir a execução dos seus bens, enquanto o devedor tiver no seu património bens que puderem ser executados (benefício da excussão).
Solidariedade
O avalista não pode opor o benefício da excussão prévia, respondendo
solidariamente com o avalizado.
Defesa Em regra, o avalista poderá opor ao credor os meios de defesa decorrentes da relação entre este e o devedor.
Verificados os pressupostos de acionamento, o avalista não poderá opor, como sucede na fiança, os meios de defesa decorrentes da relação entre o credor e o devedor.
Conclusão das negociações com a aprovação de plano de recuperação do devedor
(…)
6 – A decisão do juiz vincula os credores, mesmo que não hajam participados nas negociações, e é notificada, publicitada e registada pela secretaria do tribunal, nos termos dos artigos 37º e 38º, que emite nota de custas do processo de homologação.
CAPÍTULO III
Execução do plano de insolvência e seus efeitos Artigo 217º, nº4, do CIRE
Efeitos gerais
(…)
4 – As providências previstas no plano de insolvência com incidência no passivo do devedor não afetam a existência, nem o montante dos direitos dos credores da insolvência contra os condevedores ou os terceiros garantes da obrigação, mas estes sujeitos apenas poderão agir contra o devedor em via de regresso nos termos em que o credo da insolvência pudesse exercer contra ele os seus direitos.
• O artº 217º, nº 4, do CIRE, aplica-se ao PER, pelo que, não obstante o plano de recuperação aprovado, o avalista de livrança subscrita pelo devedor avalizado pode ser executado pelo respetivo portador.
• A obrigação do avalista é uma obrigação autónoma, independente da relação subjacente entre o portador imediato e o subscritor e, como tal, os avalistas não podem opor exceções fundadas na relação subjacente, com exceção do pagamento.
• O plano de recuperação contém um conjunto de medidas que se aplicam à sociedade a revitalizar. Esse plano vincula-a e vincula os credores, mesmo os que não hajam participado nas negociações (nº 6 do artº 17º F), mas só vincula os credores relativamente à sociedade requerente e não relativamente aos terceiros.
Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, de 09/07/2014 Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 19/09/2013
a) Aplicação ao PER do regime do artigo 217º, nº4;
b) Efetivo incumprimento da obrigação garantida;
c) Igual tratamento em caso de votação favorável ou imposição pela maioria;
Dá-se a novação objectiva quando o devedor contrai perante o credor uma nova obrigação em substituição da antiga. (art.857º, CC)
A vontade de contrair a nova obrigação em substituição da antiga deve ser expressamente manifestada. (art. 859º, CC)
Identidade fundamental entre o PER e a insolvência?
Identidade entre plano de insolvência e plano de recuperação (novo nº3, do artigo 192º, do CIRE)?
A “incidência no passivo” cinge-se ao perdão ou contempla moratória/reestruturação?
Quanto ao incumprimento da obrigação garantida (condição de execução do aval),
E se o devedor original mantiver em dia as suas obrigações durante a negociação?
Em caso de incumprimento, há um papel saneador do Plano aprovado?
Quanto à igualdade de tratamento dos credores, independente do sentido de voto,
Um credor que aceita expressamente o plano, pode executar avalistas? Limites à autonomia do aval - abuso de direito
Alcance da norma “o plano vincula os credores, mesmo que não hajam participado nas negociações”. Podem os credores valer-se de não terem votado favoravelmente?
Nos casos em que não há perdão, é aplicável o artigo 217º, nº4, mesmo em insolvência?
Nesse sentido, Doutora Catarina Serra (Nótula sobre o artigo 217º, nº4, do CIRE)
E também, Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, de 24/04/2012
A possibilidade de execução dos avalistas no decurso das negociações
• Artigo nº 17º-E, nº1, do CIRE vs Resolução de Conselho de Ministros nº 43/2011
COIMBRA Rua João de Ruão, Torre do
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