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Um aspecto da semelhança entre as formações ígneas de Angola e do Brasil

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Academic year: 2021

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Um aspecto da semelhança entre as formações ígneas de Angola e do Brasil

Autor(es):

Andrade, Miguel Montenegro de

Publicado por:

Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico; Centro de Estudos

Geológicos

URL

persistente:

http://hdl.handle.net/10316.2/37975

Accessed :

10-Feb-2021 16:26:45

digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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P U B L I C A Ç Õ E S D O M U S E U E L A B O R A T Ó R I O M I N E R A L Ó G I C O E G E O L Ó G I C O E D O C E N T R O D E E S T U D O S G E O L Ó G I C O S D A U N I V E R S I D A D E D E C O I M B R A

Memórias

e Notícias

G. Soares de Carvalho —

A geologia do baixo Mondego nos arredores de Coim­ bra.

M. Montenegro de Andrade —-

Um aspecto da semelhança entre as for­ mações ígneas de Angola e do Brasil. J.

M. Cotelo Neiva —

Jazigo de blenda de possível interesse económico.

J. Custódio de Morais —

Nível do mar no Quaternário.

S U M Á R I O

(3)

Um aspecto da semelhança

entre as formações ígneas de Angola

e do Brasil

por

M

iguel

M

ontenegrode

A

ndrade

Assistente da Universidade de Coimbra Bolseiro do Instituto para a Alta Cultura

No decurso dos estudos petrográficos de rochas ígneas de Angola que temos estado a realizar surgem-nos às vezes aspectos curiosos da flagrante semelhança exis­ tente entre as formações ígneas do Brasil e as suas con­ géneres angolanas.

Vamos descrever um dos exemplos que testemunham tal parentesco, estabelecendo para este fira comparação entre o Morro de Araçoiaba, da Fazenda Federal de Ipa­ nema (1), no estado de S. Paulo, Brasil, e o Monte Cha- maco, da região do Lobito, Angola.

Veremos que as rochas ígneas que constituem uma e outra formação são as mesmas e intrusivas, em ambos os lados, no «Complexo» cristalofilino.

(1) L

einz

, V

iktor — Petrologia das Jazidas de Apatite de Ipa­ nema, Boletim n.° 4 da Divisão de Fomento da Produção Mineral. Departamento Nacional da Produção Mineral. Ministério da Agri­ cultura, Rio de Janeiro, Brasil.

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Deve salientar-se ainda que em ambas não se encon­ traram até agora formas extrusivas, não tendo, portanto, havido derrames superficiais correspondentes às activi­ dades plutónicas, resultando deste facto apenas rochas holocristalinas granosas.

É verdade que próximo do Monte Chamaco afloram traquitos e outras rochas vulcânicas ácidas, mas desco­ nhecem-se as relações entre ambas as ocorrências.

O Monte Chamaco é uma pequena elevação situada a cerca de 17 kms., em linha recta, a oeste da estrada de Novo Redondo ao Egipto, entre os rios Cubai e Eval.

Apesar da sua diminuta importância topográfica, cons­ titue uma das mais curiosas formações ígneas do litoral angolano pela variedade de rochas alcalinas que se encon­ tram na parte central.

É por algumas amostras desta formação que vamos tentar dar ideia da sua petrología e estabelecer compa­ ração entre os tipos de rochas que nela ocorrem e os descritos por Viktor Leinz pertencentes aos jazigos de apatite de Ipanema.

Seguiremos na exposição a ordem do termo mais ácido para o mais básico desta curiosa série

litológica-N o r d m a i k i t o— Rocha de grão médio, com o feldspato como elemento dominante e único reconhecível à vista desarmada, em cristais de hábito prismático, entre os quais se nota preenchimento intersticial. Ao microscó­ pio verifica-se constituição predominantemente feldspá­ tica, de ortose mais ou menos albitizada, em cristais de

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hábito tabular delimitando espaços intersticiais ocupa­ dos pelos elementos acessórios, designadamente quartzo finamente granular, minérios de ferro, albite e prenite.

A albitização da ortose não apresenta o aspecto que estamos habituados a ver. Com efeito, dentro de alguns dos seus cristais observam-se ninhos constituídos por emaranhados de hastes de albite; nalguns casos, porém, esta substituiu normalmente aquele feldspato, orientando a fina estriação polissintética numa só direcção, pelo que confere à ortose aspecto fibroso. A albite pura e lím­ pida, de macias largas, forma também, por vezes, em torno da ortose, orlas mais ou menos desenvolvidas. Outro aspecto particular da ortose é a presença de abundantes e finas agulhas de um mineral que supo­ mos ser a egirite, por analogia com outras rochas onde ela ocorre nas mesmas circunstâncias e onde forma tam­ bém cristais desenvolvidos, nos quais é possível reco­ nhecer-se as suas propriedades ópticas características. A orientação dos referidos acículos, segundo a estriação albítica, mais contribui para dar à ortose aquele aspecto fibroso a que nos referimos.

Viktor Leinz considera o quartzo do nordmarkito da Mina Nova, de Ipanema, como sendo os restos de areni­ tos não completamente assimilados pelo magma.

Se na rocha de Angola não aparecem provas eviden­ tes de assimilações, pelo menos não é vulgar encontrar-se no quartzo de cristalização magmática o aspecto que nesta rocha apresenta, em agregados finamente granu­ lares, com franjas de limonite, sugerindo calcedónia. Quando muito a sua origem estaria relacionada com manifestações de carácter hidrotermal.

Os minerais acessórios constam de magnetite e de prenite. A primeira ou se apresenta em plagas inters­ ticiais ou em pequenos e abundantes cristais com ten­ dências idiomórficas.

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As composições modais da rocha de Angola (1) e do Brasil (2) são as seguintes:

Umptekito — Entre as rochas que conhecemos desig­ nadas por este nome e as de Angola existem notáveis discrepâncias que justificam a criação de nova espécie dentro da família 2113P da classificação de Johannsen a par do pulaskito, do umptekito e do larvikito. Todavia, por enquanto, preferimos designá-la por umptekito por ser a destas três a mais parecida com a de Angola.

A simples observação esta rocha sugere-nos imedia­ tamente os sienitos nefelínicos de Monchique embora não possua nefelina. Apresenta estrutura granitóide, grão grosseiro, e um tom cinzento-claro, que lhe é conferido pelo predomínio da ortose, cujos cristais, de hábito prismático, delimitam espaços cuneiformes, ocupados pelos restantes componentes, exclusivamente

barilitos.

Ao microscópio verifica-se uma textura intersertal grosseira, em que a ortose, como elemento dominante, representa 86,7 % do volume total da rocha. É micro- pertítica e as suas secções paralelas a (010) extinguem-se segundo um ângulo que varia entre 50 e 90 em relação aos traços da clivagem basal. Alguns cristais apresen­ tam, especialmente junto das cavidades miarolíticas, orla de albite, cuja geminação é paralela ou normal aos

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dos. Uma ou outra plaga de ortose mostra aspecto fibroso devido à sua substituição por albite nas condições a que anteriormente nos referimos. A alteração é incipiente, quando presente. Incluiu augite violácea, faialite e apa­ tite idiomórfica.

A piroxena dominante apresenta as características da titanaugite, mostrando-se geralmente xenomórfica, de cor violácea fracamente policróica e com orlas ou manchas de egirite-augite. Notámos um cristal mixto, uma metade de egerite-augite e a outra de titanaugite. Quando incluída na ortose esta piroxena apresenta tom violeta-esverdeado, pálido, e extinção de 46o.

A egirite-augite, que aparece nas cavidades miarolí- ticas, condicionou, geralmente, a estas a sua morfologia. Num cristal de núcleo mais claro do que os bordos a extinção destes foi de 90, correspondendo já a uma egi­ rite impura, ao passo que o núcleo se extinguia com ângulo de 32o.

A faialite caracteriza-se por um tom amarelado e um ângulo dos eixos ópticos vizinho de 50o. Se umas vezes aparece no seio da ortose, outras subordinou-lhe a sua cristalização. E òpticamente negativa, mostra-se isenta de alterações, com excepção de um ou de outro veio de produ­ tos secundários castanho-avermelhados ou esverdeados.

A enigmatite caracteriza-se pela cor castanho-escura, por vezes quase opaca, pelo acentuado policroísmo em castanho-escuro e castanho-avermelhado e por uma extin­ ção de 45o. Em luz reflectida parece à primeira vista magnetite.

A hastingsite é policróica em azul-esverdeado e ama- relo-esverdeado, òpticamente positiva e o seu ângulo de extinção que medimos foi de 30o.

A magnetite e a apatite são relativamente abundan­ tes como acessórios, aparecendo também alguma pirite. A magnetite inclui apatite e mostra-se idiomórfica em

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Esta rocha fica, assim, enquadrada na família 13 da classificação de Johannsen, visto o seu parentesco mais chegado com as rochas nefelínicas do que com as rochas com sílica livre. Dadas as restantes características caber- -lhe-á o símbolo 2113P, figurando ao lado do pulasquito, do larviquito e do umptequito, embora com mais seme­ lhanças com esta última.

Segundo a classificação de Shand, trata-se de uma rocha eucristalina, saturada, peralcalina, leucocrata (índice de cor 13), símbolo XSkα(13).

A rocha que Viktor Leinz descreve como umpte­ quito tem a seguinte composição:

Lusitanito — Macroscopicamente o aspecto desta rocha é deveras curioso devido ao hábito prismático da egirite que, juntamente com a ortose, que ocorre em cristais relação à ortose e às piroxenas. Quanto à apatite apa­ rece como inclusões dos outros minerais.

A composição real volumétrica é a seguinte: 42

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bem individualizados, alguns dos quais atingem 1 cm. de comprimento por 0.5 de largura, constituem os dois com­ ponentes essenciais.

A amostra com estas características macroscópi­ cas apresenta-se microscopicamente como associação de cristais desenvolvidos de ortose e prismas de egirite, notando-se ainda agregado granular fino de ortose e de albite, sobretudo entre os prismas da egirite. Os feno- cristais de ortose incluem egirite idiomórfica. A apatite também aparece incluída na ortose, bem como na egi­ rite. Entre o emaranhado dos prismas da piroxena observam-se pequenos ninhos de sílica microcristalina, nalguns casos verdadeiros grãos de quartzo, e plagas de calcite, bem como óxidos de ferro hidratados, e, raramente, zeolites incolores e fibrosas. Também se encontram aglomerados de trabéculas de albite, salpi­ cadas de impurezas. Através de um desses aglomera­ dos notou-se delgado veio de sílica microcristalina e envolvendo agregado granular de quartzo, com orlas de limonite, e plagas de calcite, dispostos ao longo do eixo do referido veio.

Notam-se variações na cor da piroxena, que apre­ senta estructuras zonadas, com núcleo ora verde-claro e bordos mais escuros, ora mais escuro que as orlas que são verde-pálidas. Em qualquer dos casos as cli­ vagens encontram-se em continuação do núcleo para a orla, mas as extinções são de sinal contrário. Estas variações da cor são muitas vezes irregulares, apare­ cendo manchas claras em oposição com a cor mais intensa do restante cristal. Outras vezes é um cristal que aparece metade de uma cor metade de outra. Deve, porém, notar-se que o valor de extinção das orlas é sem­ pre inferior ao do núcleo, quer este seja mais escuro quer mais claro do que a orla. Nos cristais de núcleo mais carregado a extinção foi de 40o, enquanto que as

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orlas se extinguem a 19o. No primeiro caso denotam natureza diopsídica, e no segundo aproxima-se da com­ posição da egirite, sendo nesta mais forte o policroísmo e menor a birrefrigência do que naquele. Também se notam transformações da piroxena numa anfíbola azu­ lada, hastingsítica. São muito vulgares as corrosões da piroxena, ocupadas por calcite, minérios de ferro hidra­ tados, inclusivamente goetite e limonite, e sílica micro- cristalina, com cristais de quartzo contornados por pelí­ culas limoniticas.

A ortose apresenta-se de aspecto turvo, devido à presença de finíssimas inclusões de egirite que formam também espécie de veios.

Noutra amostra desta rocha os cristais da piroxena incluídos na ortose encontram-se alterados, quer total­ mente, embora subsistindo os primitivos contornos, dentro dos quais se encontram manchas de óxidos de ferro hidratados, quer apenas os núcleos. Alguns res­ tos permitem verificar tratar-se de egirite de cor verde- -carregada e fortemente policróica, em contraste com as orlas de cor clara, e por vezes com manchas quase inco­ lores, policróicas e de birrefrigência mais elevada que a dos núcleos. Estes e as orlas dão extinções muito bai­ xas características da egirite.

São mais vulgares as transformações da piroxena em hastingsite, algumas secções da qual mostram os dois sistemas de clivagem típico das anfíbolas; o policroísmo é verde-azulado e verde-amarelado e a extinção de 22®.

A egirite inclui apatite, e nas cavidades de alteração encontram-se os mesmos minerais nas condições referi­ das na primeira amostra.

A ortose, em cristais bem desenvolvidos, revela-se intensamente albitizada e algumas das suas plagas mos­ tram por este motivo aspecto fibroso devido à

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ção comum da fina estriação albítica, algumas hastes da qual, precisamente as mais desenvolvidas, fogem porém à regra. Com a fina estriação albítica alinham-se finos acículos de egirite, alguns veios dos quais, atravessando irregularmente o conjunto, se destacam pela sua quase opacidade. As inclusões de egirite dão aspecto turvo â ortose.

E evidente que o processo de albitização da ortose foi acompanhado pela «egirinização» da mesma, a qual, segundo cremos, deve ter afectado os próprios cristais primitivos da egirite, justapondo lhe as orlas mais cla­ ras, mas afectando ao mesmo tempo os núcleos, cuja des­ truição supomos relacionar-se com o desiquilíbrio entre a primitiva fase sólida, mais ferrífera, e a fase final, mais rica em álcalis mas assaz pobre em ferro.

Ainda outra amostra desta rocha, de grão mais fino que o das anteriores, e de textura intersertal, apresenta também a ortose como componente dominante, em cris­ tais rectangulares, mais ou menos albitizados e caulini- zados. Intersticialmente, nos espaços miarolíticos, ocor­ rem os restantes componentes em agregado granular, constando de ninhos de albite, em hastes ent ecruzadas, egirite muito clara, amarelo-pálida ou verde-pálida, neste último caso de cor irregular, às manchas, e policróica, e no primeiro sugerindo epídoto. Ocorrem também man­ chas de óxidos de ferro, cuja origem atribuímos à alte­ ração da egirite primitiva ferrífera, visto ser manifesta a pobreza do magma residual em ferro. É muito provável até que algum deste minério seja estranho ao próprio magma, porquanto esta rocha parece ser híbrida, dada a abundância de calcite e de quartzo com películas limo- níticas, cuja origem se relaciona com uma assimilação incompleta de calcários e grés ou calcários gresosos que afloram na região.

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(1) Incluindo manchas de hastingsite. (2) Nos 48 estão incluídos 13 de hastingsite. (3) Calculado por Trôger.

(4) 27 de de microclina e 21 de albite-ortose, na proporção de Ab6o Or4o.

Egirinito— Resta-nos descrever o termo mais básico desta interessante série, um egirinito ortosi-albítico, rocha de cor verde-negra, granosa, de grão médio, em que predomina a egirite, notando-se material intersticial indefinido e manchas de óxidos de ferro hidratados.

Ao microscópio trata-se de uma rocha de textura hipautomórfica-granular, essencialmente constituída por cristais hipidiomórficos de egirite, entre os quais se dis­ põe ortose mais ou menos albitizada. Notam-se também manchas de magnetite e de óxidos de ferro hidratados, limonite e goetite.

É frequente os cristais de egirite apresentarem orla bastante clara em oposição ao núcleo, de cor verde-car- regada e policróica em verde-esmeralda segundo X, verde erva segundo Y, e amarelo ou castanho-claro segundo Z. O policroísmo das orlas é o seguinte:

verde-A composição da amostra primeiramente descrita imédia de duas determinações) consta do quadro seguinte, onde figuram também a composição do lusitanito de Ipanema e o de Portugal, descrito, pela primeira vez, por Lacroix.

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-pálido, azulado, segundo X, amarelo-claro, esverdeado, segundo Y, e amarelo-pálido ou castanho-pálido segundo Z, notando-se algumas manchas incolores. Orla e núcleo apresentam as clivagens em continuação. Os valores da extinção das orlas são inferiores aos dos núcleos, tendo-se observado quanto às primeiras o valor de u, e ás segundas de 15. Deve contudo frisar-se que na maioria dos casos observados as extinções são de sinais con­ trários.

A birrefringência das partes mais claras é sempre mais elevada do que a das partes mais intensamente coradas.

Tal estrutura zonada leva-nos a concluir por uma diminuição na concentração do ferro durante o curso da cristalização, devendo ainda assinalar-se o facto de nas amostras em que se observam segregações de magne­ tite os tons da egirite serem ainda mais carregados, com a parte central mais escura que os bordos.

Ao contrário do que é vulgar, observa-se a egirite com manchas de goetite e de limonite.

Intersticialmente notam-se, como dissemos, ortose mais ou menos albitizada, albite, limonite e goetite. Algumas fracturas de egirite são preenchidas por agre­ gado fino destes minerais

Encontrámos uma biotite castanho-escura em amos­ tra rica em magnetite, mas em fraca percentagem.

A composição real deste egirinito é a seguinte:

(1) Compreendendo 5.9% de óxidos de ferro hidratados prove­ nientes da alteração da piroxena.

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Dada a elevada percentagem de egirite, esta rocha e pfàticamente uni piroxenito, em que a ortose ea magne­ tite são os principais acessórios.

Na classificação de Johannsen corresponde-lhe o sím­ bolo 319 P, tratando-se, portanto, de um «mela-kalisye- nito», a que juntaremos o termo específico egirínico.

Segundo a classificação de Shand, é uma rocha eucris- talina, saturada, peralcalina e melanocrata. Como o índice de cor está próximo de 90 podemos já considerá-la abrangida pelo grupo das hipermelânicas, portanto, na família dos perknitos, e a designação de egirinito ou piroxenito egirínico não lhe será descabida. O símbolo será XSH (89,2).

E curioso que após termos redigido estas linhas toma­ mos conhecimento do estudo de Viktor Leinz sobre as rochas alcalinas de Ipanema onde se designa por «orto- clasio aegirinito» uma rocha idêntica à nossa, proce­ dente das minas «Fernando Costa», «Mina Antiga» e «Derby» e cuja composição indicamos a seguir, junta- mente com a de Angola e a da rocha descrita por Trõger como tweitasito:

As diferenças entre as rochas do Brasil e de Angola respeitam apenas às percentagens dos minerais acessó­ rios e às texturas, que na do Brasil apresenta aspecto de um feltro formado por prismas de egirite, entre os quais se dispõem a ortose e a apatite, ao passo que na de Angola é, como vimos, granular com cristais bem desen­ volvidos e hipidiomórficos, separados por feldspatos alca­ linos intersticiais.

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Como resumo do que acabamos de expor condensa­ mos no quadro seguinte as composições das rochas a que nos referimos, do Monte Chamaco e do Morro de Ara- çoiaba.

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Pode, assim, ver-se mais facilmente que as maiores divergências incidem sobre a percentagem da magnetite e da apatite, sendo esta mais abundante nas rochas do Brasil e aquela nas de Angola.

Deve porém dizer-se que a magnetite, bem como a apatite, forma concentrações exploráveis nos jazigos de * (*)

(1) Incluindo albite.

(2) Compreendendo 0,9 de enigmatite. (3) Inclusive esfena.

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Ipanema, de segregação magmática, relacionadas com os egirinitos.

As concentrações de magnetite do Monte Chamaco são também de segregação magmática e ocorrem igual- mente no seio dos egirinitos.

A propósito, não seria descabido um reconhecimento geológico da região com vista ao seu interesse económico, dada a grande analogia entre as duas formações, embora pelo material que estudamos as perspectivas de grandes concentrações de apatite não sejam muito prometedoras.

No entanto aqui deixamos a sugestão para quem tem em Angola tais estudos a seu cargo.

Ainda do ponto de vista petrogenético são as mesmas as características de ambas as formações, porquanto revelam associação íntima entre os diversos tipos litoló­ gicos com variações locais de textura e de percentagens, sugerindo uma diferenciação realizada «in loco».

Supõem muitos geólogos que ao findar a Era Paleo­ zoica e durante parte da Mesozóica as regiões que hoje constituem os territórios da América do Sul, África Equatorial e Austral, índia, Austrália e Antártida se encontravam ligadas, formando um vasto continente meridional, a Gondwana, separada pelo Mar de Tetis das terras situadas ao Norte.

Wegener considera por essa mesma época apenas um único continente — a Pangaea — da qual se teriam sepa­ rado posteriormente os diversos continentes, mas Du Toit é da opinião da existência de dois continentes primor­ diais, a Laurásia, a norte, do qual faziam parte a

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rica do Norte e a Eurásia, e a Gondwana, a sul, abran­ gendo as terras situadas presentemente a sul do equador, incluindo a índia. Segundo Du Toit a Gondwana nian- teve-se individida até ao Jurássico ou princípios do Cretácico, altura em que a América do Sul começou a separar-se da África.

Ilustram este ponto de vista os mais variados argu­ mentos tanto de carácter geológico, cujos aspectos são múltiplos, como geofísicos, etc., e ainda os que se infe­ rem do estudo da distribuição da flora (4) e da fauna actuais e fósseis do globo terrestre.

Wegener invocou a favor das suas ideias, entre os argumentos de ordem litológica, as correspondências entre as formações alcalinas do Brasil e da África meridional, escrevendo: «The alcaline rocks are found exactly on the corresponding stretches of coast: on the Brazilian side, at different places in the Serra do Mar (Itatiaya, Serra do Gericino near Rio de Janeiro, Serra de Tinguá, Cabo Frio); on the African side, on the coast of Luderitzland, near Cape Cross north of Sva- kopmund, and again in Angola. At a greater distance from the coast, each with a diameter of about 30 Km., are the eruptive regions of Poço das Caldas in the south of the province of Minas Gerais and of Pilandsberg in the Rustenburg district of the Tranvaal. These alkaline rocks are very striking in the absolutely similar deve­ lopment of the plutonic, dyke and volcanic facies»...

Supomos que a comparação que acabamos de dar, entre as rochas alcalinas do Monte Chamaco e do Morroda Ara- çoiaba é o mais elucidativo exemplo de todos quantos (*)

(1) Campbell, Douglas Houghton Continental Drift and Plant Distribution. December, 1943.

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Elas são ainda reforçadas com o facto das duas ocor­ rências quase virem a tocar-se se imaginarmos os dois continentes unidos na posição primitiva, segundo as ideias de Du Troit, conforme o esquema que reprodu­ zimos de uma obra deste autor (1).

(1) Du Toit, Alexis. L. — Our Wandering Continents, 1937.

Wegener poderia invocar, sob o ponto de vista litológico, atendendo às similitudes tão flagrantes entre ambas as formações, mesmo quando consideradas em minúcia.

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Résumé

Aussi bien sur le «Morro de Araçoiaba» (Ipanema-S. Paulo- -Brésil) que dans la partie centrale du «Monte Chamaco» (Egito- -Lobito-Angola) on trouve les mêmes roches: nordmarkites, lusita- nites, umptekites et aegyrinites, lesquelles sont intimement associées

(1) Mouta, F.-O’Donnell, H. — Carte Géologique de l'Angola. Notice Explicative. Ministério das Colónias, 1933.

É até muito natural que o diastrofismo que provo­ cou tal separação tenha tido influência na génese de ambas as formações alcalinas, visto que as de Angola remontam a fins do Cretácico ou princípios do Ter­ ciário (1).

Em suma, verifica-se que tanto no Morro de Ara- çoiba (Ipanema-S. Paulo-Brasil) como na parte central do Monte Chamaco (Egito-Lobito-Angola) afloram as mesmas rochas, designadamente nordmarkitos, lusita- nitos, umptequitos e egirinitos, intimamente associados e revelando variações locais de composição e de textura, que sugerem diferenciação realizada «in loco».

Ambas as formações são intrusivas no «Complexo» cristalofilino e apresentam concentrações de magnetite, de segregação magmática, no seio dos egirinitos, não tendo sido, porém, até agora, encontradas no Monte Chamaco quantidades apreciáveis de apatite como em Ipanema.

A identidade destas duas províncias alcalinas é um magnífico exemplo a favor da teoria de Wegener, tanto mais que acontece quase coinciderem se imaginarmos os dois continentes unidos.

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et révèlent des variations locales de composition et de texture qui suggèrent une différenciation réalisée in-loco.

Dans les deux cas les formations sont intrusives dans le complexe criastallophyllien et présentent des concentrations de magnétite de ségrégation magmatique au milieu des aegyrinites. Cependante on n’a point trouvé jusqu’ici au Monte Chamaco de l’apatite en quantités apréciables comme en Ipanema.

L’identité des deux provinces alcalines est un magnifique exem­ ple pour illustrer la théorie de Wegener d’autant plus que’elles arrivent presque à coincider si nous imaginons l’union des deux continents: Afrique et Amérique du Sud.

Referências

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