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O Impacto da Política Monetária no Crescimento Económico, o caso de Angola (2008 á 2017) - Xikola Yetu

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE ECONOMIA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

O IMPACTO DA POLITICA MONETÁRIA NO CRESCIMENTO

ECONÓMICO, O CASO DE ANGOLA (2008 á 2017)

Por:

Jaime Panda Bengui

Juelma Patrícia da Silva Quintas Ambrósio

Monografia submetida ao Departamento de Economia para obtenção de grau de Licenciatura em economia.

Orientador: João Zumba, MSc

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE ECONOMIA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

O IMPACTO DA POLITICA MONETÁRIA NO CRESCIMENTO

ECONÓMICO, O CASO DE ANGOLA (2008 á 2017)

Por:

Jaime Panda Bengui

Juelma Patrícia da Silva Quintas Ambrósio

Monografia submetida ao Departamento de Economia para obtenção de grau de Licenciatura em economia.

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Epígrafe

“O maior favor que se pode fazer a uma semente é enterrá-la.”.

(4)

A Deus, todo-poderoso pelo dom gratuito que nos concedeu que e a Vida, aos nossos Pais que sempre apostaram na nossa formação e aos nossos familiares em geral que estão sempre ao nosso lado (marido e esposa).

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Agradecimentos

Primeiramente, a Deus por ter permitido chegarmos ate aqui, especialmente a nossas famílias que tem nos apoiado para desenvolvermos as actividades do quotidiano.

Ao nosso orientador Professor; (João Zumba, MSc), que sempre nos passou

tranquilidade, boas referências bibliográficas, além de ter estimulado a nossa independência e autodeterminação em todo esse processo, sempre com senso crítico que pudesse nortear a elaboração da monografia.

Agradecemos aos queridos colegas e amigos; em especial (Sérgio Avelino Francisco Inácio SONHO), que nos acompanharam nesta empreitada, fazendo desta uma experiência mais intensa no sentido humano e que continuam fazendo parte dela de uma forma ou de outra, auxiliaram a compreender o aprendizado que estava nas entrelinhas do conhecimento formal.

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Resumo

O presente trabalho propõe-se a estimar o impacto da política monetária no crescimento económico, o caso de Angola (2008 á 2017), na qual começa-se por fazer um levantamento bibliográfico sobre a teoria da política monetária, crescimento económico, conceitos e definição, focando nos instrumentos e mecanismos de transmissão da política monetária.

Em termos práticos aplicando o método dos mínimos quadrados ordinários (MQO), verifica-se que os valores mínimos e máximo da taxa de crescimento real do PIB durante o período foram, aproximadamente 2,10% e 11,20% em mil milhões de Kwanzas, com uma média da taxa de crescimento real do PIB de 4,67% em mil milhões de Kwanzas, onde a politica monetaria não teve impacto, mais com um crescimento de 8,50% em 2012.

(7)

Abstract

This paper proposes to estimate the impact of monetary policy on economic growth; the case of Angola (2008 to 2017), which begins by making a bibliographical survey on the theory of monetary policy, economic growth, concepts and definition, focusing on the instruments and mechanisms of monetary policy transmission.

In practical terms, using the OLS method, it can be seen that the minimum and maximum real PIB growth rates during the period were approximately 2.10% and 11.20% in Kwanzas, with an average real PIB growth rate of 4.67% in Kwanzas, where monetary policy not had impact, but it growth 8,50% in 2012.

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Lista de abreviaturas

AD - Demanda agregada

BNA - Banco Nacional de Angola BM - Base Monetária

CPM - Comité da politica monetária EBT - Emissão de bilhetes do tesouro

MQO - Método dos mínimos quadrados ordinários NMC - Notas e moedas em circulação

RBT - Resgate de bilhetes do tesouro

SLP - Curva da oferta agregada de longo prazo SCP - Curva da oferta agregada de curto prazo SQR - Soma dos quadrados dos resíduos BC - Banco Central

PIB - Produto Interno Bruto

Tx - Taxa de crescimento em percentagem do PIB VAR -Vectores auto regressivos

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Lista de Gráficos

Gráfico nº01 - Curva de Phillips na versão de Friedman ………10

Gráfico nº;02- Operações de Mercado Aberto (E.BT)………..38

Gráfico nº; 03 - Operações de Mercado Aberto (R.BT)………...39

Gráfico nº; 04- Reservas Obrigatória………....39

Gráfico nº; 05- Operações de Redesconto………....40

(10)

Lista de Tabelas

Tabela nº;01- Evolução das variáveis em estudo (2008-2017) ……….………...………37 Tabela nº;02- Estatísticas descritivas, usando as observações de 2008 – 2017………42 Tabela nº;03- Mínimos Quadrados (OLS), usando as observações 2008-2017 (T =10)

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Índice

Agradecimentos...………....I Resumo………...II Abstract………...III Lista de abreviaturas……….………IV Listas de gráficos……….…...V Listas de tabelas………...VI

Introdução

Formulação do problema……….…………...1 Objectivo geral……….………...1 Objectivo específico……….…...1 Hipótese de estudo………….………...……..2 Variáveis em estudo……….…...2 Justificativa………...2 Importância………...,,,2 Relevância Social………...2 Valor teórico………...3 Metodologia de investigação………3 Técnica de pesquisa………....3 Delimitação do problema………...3 Estrutura do trabalho………..3

Capitulo I: Fundamentação teórica da política monetária e crescimento económico…....4

1.1.1- Breve historial da política monetária….………...………...4

1.1.2 - Conceito de Politica Monetária………...………..………..4

1.1.3 - Tipo de Politica Monetária………...………..……….5

1.1.4 -Teorias da política monetária ………..………..………..6

1.1.4.1 - Teoria da política monetária do modelo Irving Fisher..………..…..…...6

1.1.4.2 - Teoria da politica monetária do modelo keynesiano e do neo-keynesiano...…….7

1.1.4.3-Nova teoria da política monetária no modelo de Freidman……….…...…..8

(12)

1.1.4.3.2 - Controle do desemprego …...…….………..………...…..…...9

1.1.4.4 -Teoria da política monetária neo-classica (expectativas racionais) ………...…...11

1.1.5 – Objectivo da política monetária………....……….…....13

1.1.5.1 - Estabilidade de preços…...……….….…….13

1.1.5.2 - Estabilidade na taxa de juros………...………...…...14

1.1.5.3 - Elevado nível de emprego…..………...………...…..….14

1.1.5.4 - Crescimento económico ………...………...…..….14

1.1.5.5 - Estabilidade do mercado cambial .………...………...…...….14

1.1.6 - Instrumento da política monetária………...…15

1.2 - Crescimento económico……….………..…...15

1.2.1 -Medição do crescimento económico………..…...16

1.2.2 – Outras medidas que serve de indicadores do crescimento económico……..…...17

1.2.2.1 - Produção industrial.…..………..………...17

1.2.2.2 - Taxa de desemprego.………..………...18

1.2.2.3 - Inflação………..………...18

1.2.3 - Fontes do crescimento económico…..………..…………...19

1.2.3.1- Acumulação de capital…………...…………...………..…………...19

1.2.3.2 - Aumento no factor trabalho………..……..……….………...19

1.2.3.3 - Progresso tecnológico………..…..……….……….20

1.2.4 - Modelos de crescimento económico...…………..……….………....….21

1.2.4.1 - Modelo de Harrod-Domar…………..……….………21

1.2.4.2 - Modelo de Solow……….……..……….………...23

1.2.4.3 - Teoria de crescimento com progresso técnico endógeno…..….……….26

Capítulo II: Caracterização dos instrumentos da política monetária e os mecanismos de transmissão……….………...27

2.1 - Instrumentos da política monetária…….…….……..………...…,.27

2.1.1 - As operações de mercado aberto….….…….……..………,....27

2.1.2 - Reservas Obrigatórias…….………….…….……..……….….28

2.1.2.1 - O Multiplicador Monetário…..….….…….……..……….…....28

2.1.3 - Operação de redescontos………….….…….……..……….………...30

(13)

2.2 - Mecanismos de transmissão da política monetária.…..………….………31

2.2.1- Mecanismo tradicional da taxa de juro…….……..…..………....31

2.2.2 - Mecanismo de crédito….……….……..…..………….………32

2.2.3 - Outros mecanismos de preços de activos………..…...………….………...33

2.2.3.1 - Os efeitos da taxa de cambio sobre as exportações………...33

Capitulo: III - Teste empírico: Do caso de angola (2008 á 2017)….………...35

3.2 - Modelo Econométrico.……..………35

2.1- Definição do modelo…………..……….………....35

3.3 - Evolução da economia Angolana………...………...37

3.3.1 - Representação gráfica…….………...38

3.3.2 - Determinação do Modelo para economia Angolana………..…..………..41

3.3.2.1 - Estatística descritiva do modelo e sua interpretação…………...…………...42

3.3.2.2 - Determinação dos parâmetros do modelo………...43

3.3.2.3 - Apresentação e discussão dos resultados……....……….………...43

Conclusão…...………...45

Sugestões………46

Bibliografia….….………..47

(14)

Introdução

O presente trabalho tem como tema; “O impacto da política monetária no crescimento económico, o caso de Angola (2008 á 2017) ”.

O desenvolvimento económico é o principal objectivo duma nação, o crescimento económico depende muito de como o governo conduz a política económica, a política monetária é o instrumento ideal para promover e garantir o crescimento económico sustentado.

Formulação do problema

Os keynesianos acreditam que a política monetária não é capaz de promover o crescimento económico, porque encontraram ligações frágeis entre a taxa de juro nominal e o investimento, em oposição, os monetaristas afirmam que é possível promover o crescimento económico com política monetária expansionista, ainda que seja temporária.

A autoridade monetária em Angola com objectivo de garantir a preservação do valor da moeda nacional e o crescimento económico, toma medidas para regularizar o funcionamento da actividade económica.

Pergunta de Investigação

Que impacto tem a política Monetária no crescimento da economia Angolana?

Objectivos Objectivo geral

 Caracterizar e avaliar o impacto da política monetária no crescimento económico de Angola no período (2008 á 2017)

Objectivos específicos

 Analisar o impacto da política monetária no crescimento da economia angolana

 Verificar se Angola no longo prazo com a política monetária alcança o crescimento económico sustentável

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Hipóteses de estudo

Dada as condições de Angola é de se esperar que:

H0: A política Monetária tem um impacto positivo sobre o crescimento econômico de Angola.

H1: A política monetária tem um impacto negativo sobre o crescimento econômico de Angola.

Variáveis em estudo Dependente:

Taxa de crescimento real do PIB.

Independente:

Operações de mercado aberto (emissão de bilhetes do tesouro); Operações de mercado aberto (resgate de bilhetes do tesouro); Reserva obrigatória;

Operação de redescontos.

Justificativa Importância

A política monetária é um instrumento fundamental de actuação do governo para acelerar e desacelerar o crescimento económico. Uma dada política monetária tomada pela autoridade com objectivo de incentivar o crescimento económico é importante, principalmente nos países em via de desenvolvimento como é o caso de Angola.

Relevância social

A abordagem desta questão tem particular relevância social, visto que a política monetária tomada altera o comportamento dos agentes econômico e suas consequências afectam a toda sociedade em geral.

(16)

Valor teórico

Apesar dos estudos existentes sobre o tema (impacto da política monetária no crescimento económico), o presente trabalho visa contribuir para o aprofundamento do tema e que possa servir como fonte de pesquisa para a comunidade acadêmica.

Metodologia de investigação

Este trabalho de pesquisa terá um enfoque quantitativo, utilizando o método hipotético dedutivo (análise comparativa e econométrica), através de dados da economia angolana. Utilizaremos a estimação e inferência (através de modelos econométricos) da função de relação de produção, (analisando o impacto da política monetária, taxa de crescimento do PIB, operações de mercado aberto (emissão de bilhetes do tesouro), operações de mercado aberto (resgate de bilhetes do tesouro), reserva obrigatória, operação de redescontos).

Técnicas de pesquisa

Para o presente trabalho de pesquisa as técnicas utilizadas são: Revisão bibliográfica (através de artigos, livros, internet, etc).

Delimitação do problema

O impacto da política monetária no crescimento económico; o caso de Angola no período de (2008 á 2017).

Estrutura do trabalho

Este trabalho, para além da introdução, conclusão e sugestões, está estruturado por três (03) capítulos.

O primeiro capítulo, trata-se da Fundamentação teórica da Politica Monetária e crescimento económico, efectuando uma revisão da literatura, na qual apresentamos as teorias da política monetária e alguns modelos de crescimento económico.

O segundo capítulo, apresenta os instrumentos da política monetária e os mecanismos de transmissão na economia.

O terceiro capítulo apresenta a evolução das variáveis em estudo na economia de Angola, Apresentação e discussão dos resultados do teste empírico.

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Capitulo I: Fundamentação teórica da política monetária e crescimento

económico

Neste capítulo, começa-se por narrar de forma breve a história da teoria da política monetária, em seguida procede-se os conceitos e as teorias de política monetária e crescimento económico óptica de distintos autores, assim como a medição e os modelos de crescimento económico.

1.1.1. Breve historial da política monetária

Durante a história moderna verifica-se que os países optam em utilizar a política monetária para gerir a economia. Ela é inclusive importante para conter e superar crises.

Após a grande depressão dos anos 30, na Alemanha, o Reichsbank implementou uma política de aproximar a economia Alemã ao pleno-emprego, mas com o cuidado de reduzir a criação de crédito perto da inflação. O banco da Inglaterra chegou a conceder ajuda direita ao sector industrial. O Federal Reserve optou pela política monetária frouxa contraindo a oferta de moeda para deter possíveis pressões inflacionárias. De uma maneira geral começou a ganhar expressão a ideia de que o estado pode intervir positivamente na economia1.

Em Angola no período em análise o BNA tem vindo adoptar uma política monetária de estabilidade dos preços dos bens e serviços para conter a inflação.

1.1.2. Conceitos de política monetária

Para MARQUES (1986), a política monetária é o conjunto de ações introduzidas pelo banco central, sob orientação do Governo, dirigidas a todos os agentes económicos e destinadas a conseguir regularizar o funcionamento da actividade económica por meio dos instrumentos apropriados nos quais a moeda desempenha o papel central.

De acordo com Leite (2000), no seu entender o banco central é o responsável pelo acionamento da política monetária tanto quanto dos instrumentos da política

1 Eduardo BASTIAN, Bancos centrais: Teoria e história dissertação de mestrado, instituto de economia, Rio

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económica que por sua vez afectam os comportamentos das variáveis monetárias, visando no controlo da actividade económica e do nível geral dos preços.

Para este trabalho adota-se o conceito Segundo PASSOS (2002), a política monetária é o conjunto de medidas adoptadas pelo banco central com objetivo de controlar a oferta de moeda e as taxas de juros, de forma a assegurar a liquidez da economia de um país. Ou seja é o processo através do qual o banco central tenta influenciar a situação geral da economia através do manejo de variáveis monetárias.

1.1.3. Tipo de política monetária

Existem segundo Nordhaus (1988), dois principais tipos de políticas monetária a serem adoptados por qualquer autoridade monetária; Expansionista e contracionista.

A política monetária expansionista consiste no aumento da oferta de moeda reduzindo assim a taxa de juro básica e estimulando o investimento maioritariamente no sector privado. Essa política é adoptada quando a economia está em recessão visando aumentar a demanda agregada e para geraremprego.

Do ponto de vista monetário, o aumento da moeda em circulação por intermédio do banco central, é um dos meios da política monetária expansionista. Através do aumento da moeda em circulação, e da consequência procura de bens, a economia crescer mais do que uma política monetária restritiva. De igual forma, o aumento do consumo e do investimento público aumenta a procura de bens, aumentando a produção nacional (apenas em parte, visto que muitos bens são importados).

Ao Contrario, a política monetária contrancionista consiste em reduzir a oferta de moeda aumentando assim a taxa de juros e reduzindo o investimento no sector privado. Essa modalidade da política monetária é aplicada quando a economia está sofrendo alta inflação, visando reduzir a demanda agregada e, consequentemente o nível de preços.

A política monetária contracionista reduzir a oferta de moeda e retarda o ritmo da actividade económico ao retirar o dinheiro em circulação e tornando o crédito mais difícil de obter.

De acordo com Blanchard (2007), os consumidores aumentam os gastos se o crédito for fácil de obter, provocando o aumento da pressão inflacionarias, fazendo com que os preços subam. Se a inflação sobe mais alto do que esperado, o banco central usa a política contrancionista para desacelerar o ritmo de crescimento da economia e reduzir a inflação.

(19)

As políticas mais restritivas tem vantagens de permitirem politicas mais expansionistas no futuro, na medida em que se equilibram as contas pública, primeiro, para depois poder baixar os impostos e incentivar o investimento. As politicas expansionistas com recurso a investimento públicos podem agravar o desequilíbrio orçamental e, desta forma, pôr em causa a sustentabilidade futura das contas publicas.

As políticas expansionistas costumam estar associadas a actuação do Estado em contra ciclo com períodos económicos. O Estado arrecada mais impostos e investe menos nos períodos de crescimento económico para depois gastar mais e baixar os impostos nos períodos de recessão economica.

1.1.4. Teorias da política monetária

Para Abreu et. all. (2012), As teorias que explicam sobre a procura da moeda diferenciam-se, particularmente, pelo papel que atribuem a taxa de juro e a importância da ligação entre a esfera real e a monetária, com as consequentes implicações sobre o grau de eficácia da política monetária e sobre os seus mecanismos de transmissão a todo sistema económico.

1.1.4.1. Teoria da política monetária do modelo Irving Fisher.

Segundo Irving Fisher (1911), citado por Carvalho et. all. (2007), Popularizou a versão da Teoria Quantitativa da Moeda, na qual, passou a ser denominada versão de transações de Fisher; elaborou uma equação para explicar a sua versão sobre a teoria quantitativa da moeda:

MV = PT (1.1.1) Onde:

(M) é a quantidade de moeda em circulação; (V) a velocidade de circulação da moeda;

(P) os preços correspondentes dos bens e serviços; e, (T) a quantidade de transações com bens e serviços.

Para Carvalho et. all. (2007), Mostra a explicação dada pelo Fisher, sobre a equação que diz, o lado direito da equação (MV) corresponde aos bens e serviços transacionados, ao passo que o lado esquerdo (PT) diz respeito ao total de moeda utilizada para pagamentos durante certo intervalo de tempo, composto pela quantidade de moeda multiplicada por sua velocidade de circulação.

(20)

A velocidade da moeda é considerada uma variável estável, que muda vagarosamente no tempo, e que por sua vez depende dos fatores institucionais, com frequente regularidade e correspondência entre recebimentos e gastos.

No entanto, o volume de negócios é também considerado uma variável exógena. Para tal, as mudanças de equilíbrio no nível dos preços ocorrem devido às mudanças no estoque de moeda e o nível de preços, portanto, passa a ser considerado como uma variável passiva, determinada pela oferta de moeda2.

1.1.4.2. Teoria da política monetária do modelo keynesiano e do neo-keynesiano

Segundo Marshal e Pigou (1910 á 1920), citados por Carvalho et. all. (2007), desenvolveram uma outra versão da teoria quantitativa da moeda com a participação de Keynes conhecida como a abordagem de Cambridge,

Para Keynes, a equação de Cambridge por ele elaborada, já incorpora uma transformação na equação quantitativa original de Fisher que considera apenas o nível de renda (y), e não o volume de transações (T), assumindo a seguinte forma: MV = Py (1.1.2)

Ao assumir este formato da equação (1.1.2), a interpretação da variável V passa a sofrer uma leve transformação. Onde esta, que antes representava a velocidade de circulação da moeda, nesta nova abordagem passa a ser tratada como a velocidade-renda da moeda. Ou seja, V se torna o número de vezes que a moeda é utilizada para viabilizar transações com a renda.

Portanto, a versão Cambridge aparece como uma nova relação obtida a partir desta nova versão, resumida da seguinte forma:

M = kPy (1.1.3) Onde;

(k) é a razão entre o estoque de moeda; (M) e a renda nominal; e,

(Py), representando assim o inverso da velocidade-renda da moeda.

Esta equação para os monetaristas passou a ser denominada por equação de demanda por moeda.

2 CARVALHO, F. C & et all. Economia monetária e financeira. Teoria e política. 2 ed., Rio de Janeiro:

(21)

Segundo Carvalho et. all. (2000), uma expansão monetária que visa reduzir o desemprego deve ser prioridade no mercado aberto, e que a eficácia da política monetária para alterar as variáveis reias dependerá da forma como os agentes económicos decidem alocar as suas riquezas.

1.1.4.3. Nova teoria da política monetária no modelo de Friedman

Carvalho et. all. (2007), Mostra a reformulação de uma nova teoria com base a equação de Cambridge, apresentada pelo Milton Friedman na qual afirmava que a Teoria Quantitativa da Moeda era uma teoria de demanda por moeda.

Portanto, com base na versão de Cambridge (M = kPy), a equação de Friedman assume o seguinte formato:

(M/P)d =ky (1.1.4)

Ou seja, a demanda por saldos reais (M/P)d depende essencialmente do nível da renda real (y), sendo uma fração (k) da mesma. Sendo y e k variáveis estáveis, pois dependem de variáveis econômicas que se comportam de modo previsível.

Conclui Friedman que a demanda por moeda determinada pelas duas variáveis do lado direito da equação (1.1.4) deveria ser estável e previsível.

A renda (y), conforme a equação (1.1.4), também deve ser devidamente reconhecida como a renda permanente dos agentes. A renda dos indivíduos resulta de receitas que são permanentes e não de receitas que são transitórias. Sendo então a demanda por moeda um fenômeno que visa essencialmente viabilizar as transações com bens e serviços, e sendo estas pautadas pela parte da renda que é mais estável, a mesma se torna então uma variável previsível.

Diante do exposto, expõe-se a função demanda por moeda de Friedman: (M/P)d = f(y,r,pe,…) (1.1.5)

A equação (1.1.5), nada mais representa do que a própria equação (1.1.4) na forma expandida, tendo como detalhe adicional o fato de substituir k por seus determinantes, no caso r, pe, etc. Deste modo, trata-se apenas de uma nova forma de apresentação da equação M = kPy, desejando assim uma representação modernizada do velho quantitativismo. Como a variável k pode variar ao longo do tempo, ela deve ser substituída pelas variáveis que a determinam (taxa real de juros, expectativa inflacionária, etc.), prevalecendo a influência da renda real (permanente).

(22)

Mas como opera a política monetária no modelo monetarista? Friedman tentou demonstrar com o modelo que a moeda importa. Contudo, acreditava que a política monetária não tinha nenhum poder para afectar permanentemente as variáveis reais, em particular, a taxa de juros real e o nível de emprego e renda real. Ou seja, apesar de ser eficaz para alterar variáveis reias ela não pode ser utilizada para este fim, porque todo processo inflacionário tem causa monetária e que, por tanto uma política monetária contracionosta é a única solução para conter a inflação que tara como efeito o desemprego.

As limitações da política monetária seriam assim: A incapacidade de controlar as taxas de juros e taxa de desemprego de longo prazo.

1.1.4.3.1. Controle das taxas de juros

Para Carvalho et. all. (2007), No que concerne ao controle das taxas de juros, uma redução inicial na mesma provoca processos cumulativos de demanda e renda que aumentariam a demanda por moeda (pelo motivo de transação); a quantidade de moeda real, por seu turno, é reduzida devido ao aumento de preços, ambos resultando em taxas de juros mais altas. O resultado é que toda tentativa de manter as taxas de juros baixas tem forçado as autoridades monetárias a se engajar cada vez mais em compras de mercado aberto.

A autoridade monetária pode fazer a taxa de mercado menor do que a natural apenas por meio da inflação (aumentos na quantidade de moeda). Se a autoridade monetária tenta manter a taxa nominal de mercado abaixo da taxa, nominal natural, essa última se eleva com as expectativas de inflação, de forma que o Banco central terá de gerar mais inflação (ampliar a quantidade de moeda) para manter a taxa de juros de mercado abaixo da natural. O mesmo processo cumulativo aconteceria a se a autoridade monetária desejasse ter uma taxa de juros de mercado mais alta do que a natural.

1.1.4.3.2. Controle do desemprego

Segundo Carvalho et. all. (2000), diz que para Friedman existe uma taxa de desemprego natural na qual os salários reais crescem de acordo com sua taxa de crescimento natural de longo prazo. E que se a taxa de desemprego natural for maior do que a desejada pela autoridade monetária, a autoridade monetária aumentará a

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quantidade de moeda para reduzir a taxa de desemprego em encontra partida as taxas de juros diminuem, inicialmente, uma vez que as pessoas têm mais dinheiro que desejariam, estimulando, dessa forma, a renda e gastos crescerão.

No começo, o aumento da renda e da demanda irão expandir o emprego e o produto mais do que os preços. Como os preços esperados eram aqueles que prevaleciam antes do aumento da quantidade de moeda, os empregadores e os empregados aumentarão a produção e o tempo de trabalho uma vez que acreditam estar havendo um aumento de suas rendas reais. Assim, os empresários perceberão primeiro que os salários reais não aumentaram, antes, reduziram. Os empregados, por sua vez, ainda continuarão com a ilusão de que terão rendimentos reais maiores, se dispondo a trabalhar mais. Tal como Friedman denominou de ilusão monetária.

Gráfico nº01 - Curva de Phillips na versão de Friedman

Este gráfico (1) expressa os resultados de uma política monetaria expansionista em que se parte de uma situação de equilíbrio sem decepção de expectativas. No ponto A, a taxa corrente de desemprego é igual a taxa natural do desemprego. Isto quer dizer que neste ponto, a inflação esperada é igual a inflação efectiva. Mas quando os empregados subestimam a inflação futura em razão de uma política monetária expansionista, o desemprego se reduz, para ponto, onde a taxa corrente do desemprego é menor do que a taxa natural. A curva de Phillips indica que quanto maior for a ilusão de expectativas, maior será a diferença entre a taxa corrente e taxa natural de desemprego.

(24)

Como no caso das taxas de juros, a taxa de desemprego pode ser mantida abaixo da taxa “natural” apenas por meio da inflação. O problema com a política monetária é que ela não pode controlar as variáveis reais se as autoridades monetárias assim desejarem, porque existem muitos factores intervenientes que estão fora do alcance da política monetária.

A autoridade monetária deveria guiar a si mesma, por meio das magnitudes que ela controla, e não por aquelas que ela não controla. Isto é, o banco central não pode controlar variáveis reais, como a taxa de juros e o nível de emprego. Mas pode controlar variáveis nominais, como a taxa de câmbio, o nível de preços e os agregados monetários (M1, M2, M3, etc.). A taxa de crescimento e o próprio agregado seriam menos importantes. Seria melhor ter uma taxa fixa que na média produzisse uma taxa de inflação ou deflação moderada, desde que fosse constante, do que sofrer grandes e erráticas perturbações.

Dentre as possibilidades acima enumeradas, a mais desejável, ou factível, seria o controlo sobre os agregados monetários (metas monetárias), por seguintes razões:

a) O controlo da taxa de câmbio (metas cambiais) poderia significar o controlo de toda a economia por intermédio do controlo da fração da mesma que representa a corrente de comércio (fração do comércio exterior na renda nacional). Do mesmo modo, caso o banco central viesse a optar pelo controlo do nível de preços (metas inflacionárias), o efeito da política monetária sobre os mesmos se daria por meio indirecto.

b) Evitar mudanças bruscas na política adotada. Porque as autoridades, tendem a determinar suas acções de acordo com as condições de hoje – mas suas acções terão efeitos na economia entre seis aos quinze meses mais tarde. Consequentemente, elas se sentirão impelidas a pisar no freio, ou no acelerador, de acordo com a situação, de forma muito violenta. O que leva a falha das autoridades monetárias.

1.1.4.4. Teoria da política monetária neo-clássica (expectativas racionais)

De acordo com Carvalho et all. (2007), no final da década de 1970, surgi a corrente neo-clássica, liderada por Robert Lucas, Thomas Sargent e Neil Wallace. Suas diferenças em relação ao monetarismo de Friedman se deu basicamente em

(25)

relação a forma como os agentes formavam suas expectativas. Estes propuseram a hipótese das expectativas racionais.

A corrente neo-clássica acreditava que, se os agentes são maximizadores de satisfação, como defendia Friedman, então eles optimizam também a utilização das informações que recebem. Isto implica que não formam expectativas olhando unicamente para trás (backward-looking3), mas também olham para o futuro (forwardlooking4). Por esta razão, as expectativas, para os neo-clássicos, não podem ser adaptativas, mas sim racionais.

Ao se afirmar que as expectativas são racionais os neo-clássicos estão supondo que todo e qualquer agente possuem o mesmo modo de entender a economia e que tal modo corresponde à verdadeira forma de operações da economia. Isto é:

´´Os agentes sabem que um aumento da oferta monetária provocará inflação, tal como sugere a teoria monetarista. Assim, um aumento da oferta de moeda anunciada pelo governo representa apenas uma mensagem de que os preços e salários irão se elevar; então, a única reação dos agentes deve ser se antecipar elevando os preços e salários da economia. Nada mais do que isso ocorre. Em outras palavras, uma política monetária expansionista será ineficaz para alterar as variáveis reais, por exemplo, o nível de emprego e produto´´, (Carvalho et. All., 2007).

A hipótese da existência de uma taxa natural de desemprego é o ponto de partida para a construção da teoria neo-clássica de que a política monetária é ineficaz para alterar as variáveis reais da economia. Quando a taxa corrente de desemprego coincide com a taxa natural, a economia encontra-se em posição de equilíbrio, uma vez que as famílias e as firmas estão sempre agindo racionalmente, buscando maximizar, respectivamente, satisfação e lucro. Ou seja, estão tomando decisões coerentes com os seus objectivos.

3Backword-looking, expressão inglesa, para denotar que os agentes econômicos formam expectativas

olhando apenas para a trás e não para o que poderá acontecer no futuro.

4

(26)

Para Carvalho et. all. (2000), as decisões de políticas monetárias expansionistas conhecidas pelos agentes não provocam qualquer aumento no nível de emprego e do produto real causam simplesmente aumento geral de preços equivalente ao aumento do estoque de moeda.

Então, quando que a política monetária seria eficaz para os neo-clássicos? Somente as políticas monetárias que causam surpresa poderiam provocar efeitos reais na economia. Portanto, bastaria que o banco central adotasse um procedimento de expansão monetária5.

No modelo neo-clássico, agentes privados erram porque são surpreendidos. A surpresa é sempre fruto da introdução de novas variáveis no mundo real ou da alteração inesperada da magnitude de variáveis já existentes. No caso de intervenções monetárias discricionárias, a surpresa ocorre em função de alterações não antecipadas do estoque de moeda que resultam em erros de expectativas, consequentemente, em alguma discrepância entre a taxa de desemprego corrente e a taxa natural.

1.1.5. Objectivo da política monetária

De acordo com Abreu et all. (2012), a Política Monetária tem como objectivos a estabilidade de preços, da taxa de juros e do sistema financeiro, o elevado nível de emprego, o crescimento económico e a estabilidade do mercado cambial.

1.1.5.1. Estabilidade de preços

É desejável para um país a estabilidade de preços, pois a inflação pode ser extremamente prejudicial à economia e assim torna difícil a interpretação da informação que os preços transmitem no que concerne à escassez de recursos que leva, deste modo, à má distribuição dos mesmos e consequentemente, à queda do bem-estar da população. A inflação pode dificultar ainda a elaboração de projectos do Governo, de empresas e das famílias, pois gera incerteza na economia, em relação a preços futuros.

5 A explicação da eficácia da política monetária para os neo-clássicos está baseada em: Carvalho et all,

(27)

1.1.5.2. Estabilidade na taxa de juros

Uma economia deve procurar ter a estabilidade na taxa de juros, pois igualmente às flutuações dos níveis de preços, as taxas de juro dão lugar à incerteza na economia, o que põe em causa a tomada de decisões das famílias e das empresas em relação à poupança, aos projectos e aos investimentos. O Banco Central considera a estabilidade da taxa de juros como um objectivo da política monetária, devido à necessidade de criar um ambiente favorável para as decisões de poupança, investimentos e à existência de pressões políticas, pois, o Banco Central é frequentemente responsabilizado pelas elevações das taxas de juro do Produto e sobre o nível de preços.

1.1.5.3. Elevado nível de emprego

Para Mishkin (1998), um elevado nível de emprego, que acompanhe a estabilidade do nível de preços, é considerado um objectivo da política monetária, pois, o desemprego elevado representa um sério problema social. Uma das soluções para a redução do nível de desemprego pode ser a definição duma política do Governo de forma a criar mais postos de trabalho, fornecer as melhores informações sobre emprego e elaborar os programas de formação.

1.1.5.4. Crescimento económico

O objectivo de crescimento económico está associado com o objectivo de elevado nível de emprego, pois as empresas tendem a investir em bens de equipamento para aumentar a sua eficiência na produção. Quando o desemprego é elevado, as empresas procuram produzir com mão-de-obra intensiva versus capital intensivo.

1.1.5.5. Estabilidade do mercado cambial

É importante para uma economia globalizada a estabilidade do mercado cambial, pois, as oscilações das taxas de câmbio causam incerteza e prejudicam os negócios dos exportadores e importadores, o que torna mais difícil planificar as actividades futuras. Uma apreciação cambial, torna as exportações mais caras e perdem competitiva no mercado internacional, ao passo que as importações se tornam mais baratos. Quanto, a uma depreciação cambial, torna mais barata as

(28)

exportações e competitivas no mercado internacional, pode elevar o nível de preços dos produtos domésticos por isso o Banco Central procura tomar medidas de Política Monetária para evitar alterações repentinas significativas da taxa de câmbio.

1.1.6. Instrumento da política monetária

Vários autores abordam sobre os instrumentos da política monetaria tais como, Abreu et. all. (2012), Lopes e Vasconcellos (2000), o Banco Central têm à disposição três instrumentos para o controle da moeda nomeadamente as reservas obrigatórias, as operações de mercado aberto e as operações de redesconto.

No entanto Rossetti (2003), na sua discussão sobre os instrumentos de Política Monetária considera também as reservas obrigatórias, a taxa de redesconto e as

operações de mercado aberto, mas acrescenta o controlo qualitativo do credito (controlo direto do credito). Estes instrumentos e os mecanismos de actuação na

economia são aprofundados no segundo capítulo deste trabalho.

1.2. Crescimento Económico

De acordo com Blanchard (2007), crescimento económico é o aumento do valor de mercado ajustado pela inflação dos bens e serviços produzidos por uma economia ao longo do tempo, ou o aumento contínuo do produto agregado ao longo do tempo. Este é medido com a taxa percentual do aumento do Produto Interno Bruto real, geralmente em termos

per capita.

(1.2.1)

Para Samuelson e Nordhaus (2012), crescimento económico representa a expansão do PIB potencial, ou produto nacional, de um país. Que ocorre quando a fronteira de possibilidade de produção de um país se desloca para fora.

O crescimento do produto per capita é um objectivo importante do governo porque está associado ao crescimento dos rendimentos reais médios e ao aumento do nível e vida.

De acordo com Blanchard (2007), há dois motivos para examinarmos os números do produto per capita em vez do produto total. A evolução do padrão de vida de um país é

(29)

dada pelo crescimento do seu produto per capita e não pela sua evolução total. E, quando comparamos o desempenho económico de países diferentes, os números dos produtos devem ser ajustados para que se levem em conta as diferenças no tamanho da população, é exactamente isso que o produto per capita faz.

O produto per capita normalmente é calculado em termos reais, isto é, termos ajustados à inflação que serve para eliminar o efeito de distorção da inflação sobre os preços dos bens produzidos, para medição do crescimento económico, utiliza-se a contabilidade da renda nacional, uma vez que o crescimento económico é medido com a variação percentual anual do PIB.

Sendo o crescimento económico, o aumento da produção nacional e renda nacional, é causada por dois factores principais: um aumento da demanda agregada (AD) e um aumento da oferta agregada (capacidade produtiva).

A taxa de crescimento económico refere-se à taxa anual geométrica de crescimento do PIB entre o primeiro e o último ano durante um determinado período de tempo. Implicitamente essa taxa de crescimento é a tendência do nível médio do PIB ao longo do período, que ignora as flutuações do PIB em torno desta tendência.

A taxa de crescimento em percentagem do PIBt-1 real é dada por: Tx 100 PIB-PIBt-1

PIBt-1 (1.2.2)

1.2.1. Medição do crescimento económico

Para Samuelson e Nordhaus (2012), o crescimento económico envolve o crescimento do produto potencial (nível máximo de produto que a economia pode gerar) a longo prazo. Sendo o PIB a medida mais abrangente do produto total de uma economia.

O PIB corresponde ao valor de todos os bens e serviços finais produzidos num país durante um determinado ano. É o valor que se chega quando se aplica a medida monetária aos diversos bens e serviços, que um país produz com os seus recursos de terra, trabalho e capital. O PIB é igual ao total da produção de bens de consumo, de investimento, das despesas públicas e das exportações líquidas para outros países, ou seja:

(30)

Os autores consideram que, de todos os conceitos de macroeconomia, o conceito individual é o PIB, pois faz parte das contas nacionais do produto e do rendimento, que são um conjunto de estatísticas que permitem aos decisores políticos determinar se a economia está em contracção ou em expansão e se há ameaça de uma grave ameaça de recessão ou inflação.

O PIB pode ser:

a) PIB nominal, medido com preços correntes de mercado;

O PIB nominal utiliza os preços correntes para atribuir um valor a produção de bens e serviços da economia.

b) PIB real, medido com preços constantes. Sendo esta, a medida do produto analisada mais frequentemente.

O PIB real não é afectado por variação dos preços, as alterações do PIB real refletem apenas as mudanças nas quantidades produzidas.

Como o PIB real mede a produção de bens e serviços, reflete a capacidade da economia em atender as necessidades e desejos da produção. O PIB real é uma melhor medida do bem-estar económico do que o PIB nominal.

1.2.2. Outras medidas que indicam o crescimento económico

De acordo com Blanchard (2007), um indicador de crescimento económico, é uma estatística sobre a actividade económica. Os indicadores económicos permitem, a análise do desempenho económico e as previsões de desempenho futuro. Uma aplicação de indicadores económicos é o estudo dos ciclos de negócios, contudo além do PIB, podem se mencionar outros indicadores do crescimento económico, nomeadamente: produção industrial, taxa de desemprego e inflação.

1.2.2.1. Produção industrial

Revela a variação mensal da produção física da indústria nacional. Serve como indicador preliminar da evolução do PIB industrial e como elemento de actualização do painel de produtos.

(31)

1.2.2.2. Taxa de desemprego

A taxa de desemprego é definida pela relação entre número de pessoas e a população economicamente activa.

Para Mankiw (2004), a utilização deliberada dos recursos é um dos aspectos mais importantes do desempenho da economia. Como os trabalhadores constituem o principal recurso, a manutenção do nível de emprego é uma das grandes preocupações das autoridades económicas. Sendo a taxa de desemprego o instrumento que mede a percentagem das pessoas que desejariam trabalhar, mas não encontram colocações.

Como a força de trabalho é constituída pela soma dos empregados e desempregados; E, a taxa de desemprego, a percentagem da força de trabalho que não está empregada, temos:

Equação da força de trabalho : (1.2.4) Taxa de desemprego será: (1.2.5)

Onde:

L - força de trabalho, E - empregados e; U - desempregados.

1.2.2.3. Inflação

Para Blanchard (2007), inflação é o aumento generalizado e permanente dos níveis de preços do sistema económico, resultando em deterioração do poder aquisitivo da moeda e depreciação dos valores dos activos.

O cálculo é efectuado por meio de uma média da variação dos preços pesquisados para os diferentes produtos, ponderada pelas quantidades produzidas, consumidas ou comercializadas dos bens, a partir de parâmetros primários obtidos das pesquisas de orçamentos familiares e até de matrizes de relações intersectoriais.

(32)

1.2.3. Fontes do crescimento económico

De acordo com Mankiw (2004), são três as fontes de crescimento económico: acumulação de capital, aumento no factor trabalho e progresso tecnológico.

1.2.3.1. Acumulação de capital

Segundo Samuelson e Nordhaus (2012), os factos mais salientes da história económica envolvem com frequência a acumulação de capital. O capital inclui bens tangíveis como estradas e centrais eléctricas, equipamentos como computadores, bem como activos intangíveis como patentes e programação de computadores.

Para Mankiw (2004), a produtividade marginal do capital nos informa o quanto aumenta o total da produção quando o capital é acrescido em uma unidade. Sendo assim quando o capital é acrescido em ΔK unidades, o produto aumenta aproximadamente PMgK ΔK, ou seja:

ΔY PMgK ΔK (1.2.6) A produtividade marginal do capital, é dada por:

PMgK = F(K,L + 1) – F (K,L) (1.2.7)

1.2.3.2. Aumento no factor trabalho

Para Samuelson e Nordhaus (2012), o factor trabalho consiste na quantidade de trabalhadores e nas qualificações da população activa. Um país que realiza grandes investimentos de capital, esses bens apenas podem ser eficazmente usados e mantidos por trabalhadores qualificados e treinados.

De acordo com Mankiw (2004), ao relacionarmos o factor trabalho e o produto, procura-se saber o quanto aumento a produção quando se verifica aumento de unidades de trabalho.

Para isso usa-se a produtividade marginal do trabalho que nos dá a informação o quanto varia a produção quando o factor trabalho é acrescido em 1 unidade, ou seja:

(33)

Deste modo, o montante adicional da produção é dado por: ΔY PMgL ΔL (1.2.9)

1.2.3.3. Progresso tecnológico

De acordo com Samuelson e Nordhaus (2012), o progresso tecnológico corresponde às alterações no processo de produção ou à introdução de novos produtos ou serviços.

Os economistas ponderam a muito tempo a forma de incentivar o progresso tecnológico dada a sua importância na melhoria dos níveis de vida. O progresso tecnológico é um processo complexo e multifacetado não tendo sido encontrado uma fórmula única para o sucesso; O progresso tecnológico que aumenta o produto com um dado conjunto de factores, é um elemento crucial no crescimento dos países. A nova teoria do crescimento procura descobrir os processos que geram o progresso tecnológico. Essa abordagem salienta que o progresso tecnológico é um produto que está sujeito a graves falhas de mercado porque a tecnologia é um bem público que tem uma produção dispendiosa mas uma reprodução de baixo custo. Sendo assim os governos procuram cada vez mais proporcionar fortes direitos de propriedade intelectual para quem desenvolve novas tecnologias.

De acordo com Mankiw (2004), na prática o progresso tecnológico aperfeiçoa a função de produção; Para qualquer quantidade determinada de factores, somos capazes de gerar maior quantidade de produto hoje do que no passado.

Incluindo o progresso tecnológico, a função de produção aparece sob a forma: Y = AF(K, L) (1.2.10)

Temos assim, A, um indicador para o nível actual da tecnologia, chamado de produtividade total dos factores. A produção agora aumenta, não somente em razão dos aumentos no capital e no trabalho mas também por causa dos aumentos na produtividade total dos factores.

A equação fundamental do crescimento económico com o progresso tecnológico é dado por: ( ) ( ) (1.2.11)

(34)

Em que ΔA/A corresponde ao crescimento na produtividade total dos factores.

1.2.4. Modelos de crescimento econômico

Existem diversos modelos de crescimento económico, como o modelo de Harrod-Domar, modelo de Solow e a teoria de crescimento com o progresso técnico.

1.2.4.1. Modelo de Harrod-Domar

Segundo Dornbusch (1998), o modelo de Harrod-Domar assenta na hipótese keynesiana sobre o papel fundamental que o investimento tem na determinação do comportamento dinâmico da economia. Neste modelo, o investimento produtivo é sempre igual à poupança, a longo prazo, a disponibilidade do factor trabalho é o cerne do crescimento. Uma acumulação de capital na economia possibilita que o produto cresça e que o desemprego diminua.

Este modelo considera, como principais factores explicativos da taxa de crescimento, a poupança interna (poupança gerada em cada economia) e a produtividade de capital; Por sua vez, evidencia dois aspectos importantes do crescimento:

1) Proporção do rendimento que uma economia poupa; 2) Produtividade marginal do capital.

Não incorpora a existência de progresso técnico nem muitos outros factores dos quais depende o crescimento económico de um país ou região. Ao considerar a relação directa entre taxa de poupança interna e a taxa de crescimento de uma economia, Harrod-Domar não tiveram presente a capacidade limitada para gerar poupança nos países menos desenvolvidos, dado o seu baixo rendimento per capita.

Segundo Souza (2005), são necessárias cinco fases, pelas quais qualquer país deve passar para atingir o crescimento auto sustentado, ou seja, a fase em que a economia de um dado país gera poupança suficiente para garantir os níveis de crescimento desejado, estas fases são: etapa tradicional, etapa de transição, etapa do trade-off em direcção ao crescimento auto-sustentado, fase de maturidade e era do consumo em massa.

As economias dos países menos desenvolvidos encontram-se na primeira ou na segunda etapa. Para atingirem a etapa seguinte a mais difícil, a taxa de investimento terá de

(35)

ser financiada com recursos internos mas também externo, onde se destaca a ajuda ao investimento. Assim, o aumento de recursos disponíveis na economia terá como consequência rendimentos adicionais que, por sua vez, poderão influenciar a poupança interna (propensão à poupança), evitando-se situações de dependência de ajuda externa e o crescimento auto-sustentado não é posto em causa.

No modelo de Harrod-Domar, a reposição do capital não é uma condição suficiente para o crescimento económico, é preciso adições líquidas de capital.

Introduzindo o termo taxa de crescimento natural, a taxa requerida para manutenção do pleno emprego e a taxa de crescimento natural, determinada pela força de trabalho, não é necessariamente igual à taxa de crescimento real, determinada pela poupança, desta maneira, não há tendência inerente de atingir o pleno emprego.

De acordo com Graça (2012), o modelo de Harrod-Domar tem os seguintes pressupostos:

1) A poupança é igual a uma fracção constante do produto, isto é, St = syi; 2) O coeficiente produto-capital é 1/θ;

3) A condição de equilíbrio da economia é fechada, St = It; 4) A poupança cresce a uma taxa constante n.

As equações do produto são da dinâmica dp estoque de capital físico. Na perspectiva da sua actualização, o produto é descrito por:

Yt = Ct + St (1.2.12)

Sendo ẟ a taxa de depreciação do capital, a lei dinâmica do estoque de capital é: Kt+1 = (1 - ẟ)Kt + It (1.2.13)

Para Blanchard (2007), neste modelo, as baixas taxas de crescimento do rendimento

per capita podem dever-se à baixa propensão para investir e poupar, a baixa eficiência

produtiva, 1/θ, altas taxas de depreciação, ẟ, e de crescimento populacional. O modelo de Harrod-Domar, apresenta as seguintes limitações:

a) As taxas de poupança e crescimento populacional exógeno e a tecnologia que utiliza capital e trabalho em proporções fixas, são importantes limitações deste modelo;

(36)

b) Ao assumir que o capital e o trabalho devem ser usados em proporções fixas na função de produção, o modelo gera equilíbrio no fio da navalha, se a força de trabalho e o capital cresceram à taxas diferentes a economia experimentará estrangulamentos.

1.2.4.2. Modelo de Solow

O modelo de Solow, mostra as diferenças das taxas de crescimento entre países, as diferenças em níveis de renda entre países, a relação entre níveis de renda e taxas de crescimento, a convergência de países diferentes para o mesmo nível de vida.

Segundo Souza (2005), apresenta algumas hipóteses fundamentais deste modelo: 1) Somente um bem é produzido;

2) A função poupança é S = sY, onde S é a poupança agregada, s é a propensão marginal a poupar (s < 0 < 1) e Y a renda ou produto da economia;

3) Não há depreciação e a condição de equilíbrio é ΔK S I, o que significa dizer que a variação do estoque de capital (ΔK) é igual a poupança agregada (S), que também é igual ao investimento (I);

4) A força de trabalho (L) cresce a uma taxa constante e exógena igual a n;

5) A função de produção agregada tem retornos constantes à escala e assume a seguinte forma: Y = T f(K,L). Nesta função ambos os insumos devem ser utilizados na produção, sem capital ou sem trabalho a produção é nula, além disso, o insumo capital possui produto marginal positivo, porém decrescente. O modelo de Solow, relacionando poupança, acumulação de capital e crescimento demográfico, procura explicar a variação do produto per capita. A função de produção Y = T f(K,L), é transformada em termos per capita, Y/L = T f(K/L,L/L), ou seja:

Y = T f(k), (1.2.14)

Onde y é a produção per capita, k é o capital per capita (a relação capital trabalho) e T é o nível tecnológico, que afecta as produtividades marginais do capital e do trabalho.

(37)

No equilíbrio, I = S = sY porém, uma parcela do investimento bruto, I, destina-se à depreciação do capital fixo (dK), sendo d a taxa de depreciação, pelo que ΔK I – dK;

ΔK sY – dK (1.2.15)

Como Solow trabalha em termos per capita, a equação (1.2.15) precisa ser dividida por L:

ΔK/L sy – dk, (1.2.16)

De a cordo com Souza (2005), a suposição básica de Solow é que no equilíbrio estável, existe uma relação k K/L constante, sendo que ΔY/Y ΔK/K ΔL/L n.

A taxa natural de crescimento demográfico, n, como em Harrod-Domar, apresenta-se como uma variável exógena, que depende de factores biológicos e culturais e não de variáveis do modelo.

Considerando o progresso técnico nulo, o equilíbrio estável exige que uma variação positiva da relação k = K/L (maior quantidade de capital por trabalho) seja acompanhada por uma variação superior do estoque de capital, em relação ao crescimento demográfico, n, ou seja:

Δk/k Δk/k-n, (1.2.17)

Dividindo a expressão (1.2.16) por L, obtém-se que ΔK/L Δk + nk, substituindo o segundo membro desta equação em (1.2.18), chega-se a equação fundamental de Solow:

Δk sy – (n + d)k, (1.2.18)

Esta equação fundamental mostra que o aumento do capital por trabalhador (Δk), o aprofundamento do capital, precisa ser igual à poupança per capita (sy), menos a aplicação do capital, (n + d)k. A proporção nk da poupança serve para equipar os novos trabalhadores que ingressam no mercado de trabalho, com a mesma relação K/L dos que já se encontram empregados; a parcela dk precisa ser usada para depreciar o capital per

capita adicional.

A primeira parte da equação fundamental, sy indica que, nada mais é do que poupança por trabalhador e, desde que neste modelo a poupança é automaticamente transformada em investimento, ela pode ser também interpretada como sendo o fluxo de investimento por trabalhador. O segundo termo da equação, (n + d)k, é o montante de investimento que seria necessário para manter a relação capital-trabalho constante, dado

(38)

que a força de trabalho está crescendo a uma taxa proporcional, isto é, a extensão do capital e o capital se deprecia a uma taxa d.

No estado estável de longo prazo, o aprofundamento do capital Δk é nulo, a poupança per capita sY torna-se igual à ampliação do capital (n + d)k, sendo a relação K/L constante:

sY = (n + d)k, (1.2.19)

Neste caso, a poupança agregada é suficiente para fornecer capital à poupança que cresce a uma taxa n ΔY/Y e para depreciação do capital existente.

O modelo de Solow mostra a dinâmica de longo prazo de uma economia capitalista desenvolvida, que se dirige a um estado de equilíbrio estável. Neste ponto, o crescimento demográfico e a tecnologia determinam o ritmo de crescimento equilibrado.

Apesar de pressupor perfeita flexibilidade de preços dos factores e de ser mecanista e harmonioso, o modelo de Solow não considera as expectativas empresariais, ao excluir a função investimento, factor que pode afectar o crescimento equilibrado.

De acordo com Graça (2012), ao assumir que o trabalho e o capital podem combinar-se em proporções variáveis, devido à variação dos preços relativos, Solow resolve o problema do equilíbrio no fio de navalha do modelo de Harrod-Domar.

No estado estacionário, ou equilíbrio de longo prazo, todas as variáveis, isto é, o produto, capital e população, crescem a taxas iguais, neste modo, no longo prazo, o modelo prescreve que não existe crescimento económico, isto é, o rendimento per capita é constante, para que o estoque de capital por trabalhador se mantenha constante, a economia deve poupar bastante para repor o capital depreciado e dotar os novos trabalhadores do capital necessário.

A taxa de crescimento de longo prazo do estoque de capital e da renda nacional é a taxa de crescimento da força de trabalho que, por hipótese, é uma constante exógena n. A economia invariavelmente tende para uma tendência de crescimento balanceado, qualquer que seja a relação capital-trabalho (k) inicial.

O produto por trabalhador, capital por trabalhador, o consumo por trabalhador e a poupança por trabalhador são constantes a longo prazo.

(39)

Aumento permanente na proporção a poupar, embora aumente o nível de produto e capital por trabalhador, não produz nenhuma mudança na taxa de crescimento económico a longo prazo; Sendo assim, a resposta de Solow reside no facto de que países que têm altas taxas de poupança e investimento tenderão a ser mais ricos, ceteris paribus.

Assim, países que acumulam mais capital por trabalhador e países com mais capital por trabalhador têm um maior produto por trabalhador. Já os países que têm taxas de crescimento populacional elevadas, tendem a ser mais pobres, de acordo com o modelo de Solow. Em tais economias, é necessário uma fração maior de poupança apenas para manter constante a razão capital-produto, tendo em vista o crescimento do populacional que ocorre a taxa n. Este alargamento do capital dificulta o processo de aprofundamento de capital, o que leva elas acumulem menos capital por trabalhador.

1.2.4.3. Teoria de crescimento com progresso técnico endógeno

Segundo Souza (2005), este modelo difere do anterior, apenas porque considera que o progresso tecnológico, que é determinado de forma exógena, aumenta a eficiência do trabalhador.

A teoria que trata do progresso técnico como elemento activo no processo de crescimento, afirma que exerce efeitos expansivos sobre o produto ao elevar a produtividade dos factores e ao transmitir esses efeitos entre as unidades produtivas.

Isto é feito acrescentando-se uma variável (A) à função de produção. Y = F(K, AL) = Kɑ(AL)1-ɑ (1.2.20)

O efeito do progresso tecnológico é o progresso técnico, que consiste em quatro factos básicos:

1) Mais produto pode ser produzido dando-se a mesma quantidade de insumos ou, equivalentemente, o mesmo montante de produto pode ser gerado com menores quantidades de um mais insumos;

2) O produto existente sofre uma melhoria qualitativa; 3) Produtos totalmente novos são produzidos;

4) O modelo neoclássico assume, por hipótese que este parâmetro cresce a uma taxa exponencial e exógena.

(40)

Capítulo II: Caracterização dos instrumentos da política monetária e os

mecanismos de transmissão

Neste capítulo, apresenta-se, cada instrumento de política monetária usado pelas autoridades para manter o controlo da actividade económica; tais como as reservas obrigatória, operação do mercado aberto, operação de redesconto e o controle do crédito. Em seguida debruça-se sobre os mecanismos de transmissão na economia, especificamente o mecanismo tradicional da taxa de juro, mecanismo de crédito e dos outros mecanismos de preços de activos.

2.1. Instrumentos da política monetária 2.1.1. As operações de mercado aberto

Operações de mercado aberto são instrumentos que o Banco Central utiliza quando tem como objectivo de contrair ou expandir a base monetária. Se o Banco Central tem o objectivo de contrair a base monetária, este vende parte dos seus títulos públicos e desta forma retira a moeda em circulação. Mas se pretende fazer a expansão monetária, o Banco Central compra títulos públicos no mercado, o que aumenta a moeda em circulação.

Segundo Mishkin (1998), as operações de mercado aberto são instrumentos importantes de política monetária, pois, são os principais determinantes dos movimentos da taxa de juros de curto prazo, da base monetária e são as maiores fontes de flutuações da oferta de moeda, isto é, as compras de bilhetes de tesouro no mercado aberto expandem a base monetária, o que eleva, portanto, a oferta de moeda e reduz as taxas de juro de curto prazo. As vendas de bilhetes de tesouro no mercado aberto reduzem a base monetária e a oferta de moeda.

O Banco Central conduz dois tipos de operações de mercado aberto, nomeadamente as operações dinâmicas de mercado aberto que visam implementar mudanças na política monetária como alterações no nível de reservas e a base monetária e as operações defensivas de mercado aberto que tem como objectivo anular o efeito das flutuações da base monetária e das reservas.

(41)

2.1.2. Reservas obrigatórias

De acordo com Lopes e Vasconcellos (2000), as reservas obrigatórias (ou reserva legal) são consideradas uma espécie de imposto sobre os depósitos à vista dos bancos comerciais. É exigido aos bancos comerciais que mantenham uma fracção dos seus recursos à vista junto do Banco Central.

A taxa de reservas obrigatórias afecta basicamente o tamanho do multiplicador dos meios de pagamento, ao determinarem qual será o montante de moeda que ficará disponível para os bancos comerciais cederem empréstimos.

Uma alteração nas reservas obrigatórias afecta a oferta de moeda, o que faz com que o multiplicador se modifique. Um aumento na taxa de reservas obrigatórias reduz a quantidade de depósitos que podem ser criados por um dado nível de base monetária o que leva a uma contracção da oferta de moeda; e uma redução das reservas obrigatórias leva a uma expansão da oferta de moeda devido à uma maior criação múltipla de depósitos.

Para Mishkin (1998), uma pequena modificação nas reservas obrigatórias tem efeitos significativos sobre a oferta da moeda pois altera o multiplicador monetário, por isso o Banco Central raramente recorre ou altera este instrumento de controlo monetário.

2.1.2.1. O Multiplicador Monetário

Para Fonseca (2010), O multiplicador monetário é o rácio entre a massa monetaria e a base monetaria. Esse multiplicador é a função de parâmetros cujos valores dependem do comportamento dos bancos e do sector não bancário.

Para Lopes e Vasconcellos (2000), os bancos comerciais podem formar três tipos de reservas:

1. As reservas obrigatórias recolhidas junto ao Banco Central como a proporção dos depósitos à vista, são utilizadas, entre outras coisas, para garantir-se a segurança mínima ao sistema bancário6;

6 O Sistema Bancário é aquele que tem o poder de criar moeda quer pela emissão quer pela multiplicação dos

depósitos. Fazem parte do sistema bancário o Banco Central, Bancos comerciais e cooperativas de crédito (Lopes e Vasconcellos, 2000).

(42)

2. A moeda corrente guardada nos próprios bancos, é uma espécie de caixa dos bancos comerciais ou também chamado de encaixes do sistema bancário;

3. As reservas voluntárias no Banco Central para atenderem o excesso de pagamentos frente a receção na compensação de cheques.

O processo de multiplicação do dinheiro requer alguns elementos essenciais para a sua concretização. A primeira fase da criação da moeda é o depósito no primeiro banco. Como existe uma taxa de reservas obrigatórias fixada pelo Banco Central, o banco comercial deve manter uma reserva bancária e o resto pode ser disponível para se fazer o empréstimo. E esse empréstimo é depositado no mesmo ou num outro banco que mantém a sua reserva bancária e põe à disposição o resto do valor que, por sua vez segue o mesmo processo que foi descrito anteriormente.

De acordo com Fonseca (2010), considera que o multiplicador monetário relaciona a expansão de depósitos à vista no sistema bancário com uma variação inicial de reservas. Este modelo pressupõe que os bancos comerciais não mantêm reservas adicionais, isto é, reservas acima das exigidas pelo Banco Central. O multiplicador monetário pode ser representado pela seguinte fórmula:

(2.1) e (2.2)

Onde:

m – multiplicador monetário; ro – taxa de reserva obrigatória; D – depósitos à vista;

R – reservas bancárias.

Base monetária (BM) consiste na soma das notas e moedas em circulação (NMC) mais reservas bancárias obrigatórias e adicionais ou voluntárias, que os bancos comerciais mantêm junto ao Banco Central. O Banco Central tem controle através do nível de moeda emitida e do nível de reservas bancárias quando não se considera reservas adicionais.

BM= NMC + reservas bancarias.

Para Mishkin (2000), o Banco Central pode controlar melhor a base monetária usando as reservas bancárias quando não se consideram as reservas adicionais, pois apesar de este fixar o nível de reservas obrigatórias, os bancos

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