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O SINASC como fonte de informação sobre fecundidade no Rio Grande do Norte, 2000

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O SINASC como fonte de informação sobre fecundidade no Rio

Grande do Norte, 2000

Lára de Melo Barbosa

Flávio Henrique Miranda de Araújo Freire

Palavras-chave: SINASC, avaliação, fecundidade, Sistema de Informação.

Resumo

Várias são as fontes de dados no Brasil sobre o número de nascimentos que podem se constituir em referência para estimativas de fecundidade, dentre as quais destacam-se o Censo Demográfico e o Registro Civil. O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC foi implantado pelo Ministério da Saúde, mais recentemente, como instrumento de coleta sobre os nascimentos, e foi objeto de avaliação deste trabalho focalizando os municípios do Rio Grande do Norte em 2000.

Destaca-se que com a introdução do SINASC dispõe-se em nível municipal, anualmente, não somente das informações sobre nascimentos, mas também informações sobre as mães, as características do parto e da gravidez.

Esse trabalho analisou estimativas do nível da fecundidade segundo o SINASC de forma a se ter uma idéia do grau de cobertura. O instrumental de avaliação de uma nova fonte de dados é a comparação com uma fonte existente, considerada como referência. A metodologia utilizada consistiu em comparar as informações sobre nascidos vivos para 2000 provenientes do SINASC com as oferecidas pelo Censo Demográfico de 2000 nos municípios do Rio Grande do Norte.

Outro objetivo visou avaliar o grau de cobertura do SINASC segundo as condições socioeconômicas dos municípios. Para isso, analisamos o grau de cobertura do SINASC com relação ao Censo, à luz do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), através do cálculo do coeficiente de correlação e de uma análise do grau de cobertura segundo quartis do IDH-M.

O quadro delineado apontou o SINASC como uma importante fonte de informação. Comparando-se os resultados das estimativas do nível da fecundidade provenientes do Censo, que fornecem resultados que refletem melhor a situação da fecundidade, com as do SINASC, pode observar que, para alguns municípios, os níveis da fecundidade revelados pelo SINASC mostraram-se similares àqueles do Censo. Por outro lado, observou-se, em outros municípios, a existência de sub-enumeração no SINASC.

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú-

MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004”.

Professora do Departamento de Estatística/UFRN. Pesquisadora do Grupo de Estudos Demográficos - GED Professor do Departamento de Estatística/UFRN. Pesquisador do Grupo de Estudos Demográficos - GED

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O SINASC como fonte de informação sobre fecundidade no Rio

Grande do Norte, 2000

Lára de Melo Barbosa

Flávio Henrique Miranda de Araújo Freire

1 - Introdução

A dinâmica demográfica recente brasileira tem sido determinada pela tendência de redução dos níveis da fecundidade. Esse declínio da fecundidade, que no Brasil iniciou-se nos anos 60, não ocorreu de forma homogênea em todo País, tendo inicialmente atingido os estratos populacionais mais abastados em termos socioeconômicos das áreas urbanas das regiões Sul e Sudeste e posteriormente as populações rurais das regiões Norte e Nordeste (Carvalho, 1973; Carvalho & Paiva, 1976; Berquó, 1977; Wood & Carvalho, 1988; Araújo & Camarano, 1996)

Os níveis de fecundidade da população nordestina ainda situam-se entre os mais elevados do Brasil devido ao fato de só nos anos 80 a Região ter-se incorporado ao movimento nacional de redução do número de nascimentos1, e que, apesar de já ser elevado o percentual de

usuárias de métodos anticonceptivos (68,2%, em 1996) há ainda uma expressiva fração da população que não tem acesso ao adequado planejamento familiar e com necessidades de anticoncepção insatisfeitas, além de serem elevadas as taxas de falha e descontinuidades (Ferreira, 1994; Ferraz, 1994).

Por outro lado, a região Nordeste é o locus da pobreza nacional, de altas taxas de mortalidade infantil, das carências sociais e nela estão 28,1% do total do efetivo demográfico do País, e nada menos do que 46,4% da população rural brasileira, segundo o Censo Demográfico de 2000. Portanto, pode-se imputar que a trajetória futura da população brasileira está intrinsecamente associada à evolução da população nordestina e particularmente do comportamento da sua fecundidade. Neste sentido, é da maior relevância dispor-se de informações que permitam monitorar a trajetória da fecundidade da Região.

Várias são as fontes de dados no Brasil sobre o número de nascimentos que podem se constituir em referência para estimativas da fecundidade e da natalidade nacional. São elas, principalmente, os Censos Demográficos, as Pesquisas Nacional de Amostra de Domicílio - PNADs e o Registro Civil. Outra importante fonte de informação sobre fecundidade são as pesquisas conduzidas pela BEMFAM, em nível regional, em distintos anos. O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC foi implantado pelo Ministério da Saúde, mais recentemente, como instrumento de coleta sobre os nascimentos, e é objeto de avaliação deste trabalho focalizando os municípios do Rio Grande do Norte em 2000. Dessa forma, o objetivo principal desse trabalho é avaliar se as informações do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC, do Ministério da Saúde, no que se refere aos municípios do Rio Grande do Norte, prestam-se à mensuração dos níveis de fecundidade. Constitui-se um outro

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú-

MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004”.

Professora do Departamento de Estatística/UFRN. Pesquisadora do Grupo de Estudos Demográficos - GED Professor do Departamento de Estatística/UFRN. Pesquisador do Grupo de Estudos Demográficos - GED 1 Para maiores detalhes consultar: Carvalho & Wong, 1990; Moreira, 1993; Camarano & Beltrão, 1995;

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objetivo do trabalho, avaliar o grau de cobertura do SINASC segundo as condições socioeconômicas dos municípios norte-rio-grandense.

1 O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC

No início da década de 902, o Ministério da Saúde implantou, a nível nacional, o Sistema de

Informação sobre Nascimentos - SINASC, envolvendo não só os Cartórios do Registro Civil, mas, principalmente, os estabelecimentos de saúde que fornecem atendimento a partos. Entre seus objetivos buscava-se reduzir o sub-registro, o registro atrasado de nascimentos e a ampliação do acervo de dados epidemiológicos, além de agilizar o acesso às informações. O SINASC, através das informações da Declaração de Nascido Vivo – DN, permite, pela primeira vez, com freqüência anual, dispor-se, no âmbito municipal, não só informações sobre nascimentos ocorridos no ano, mas, também, informações sobre a mãe (entre as quais sua idade e instrução), as características do parto e da gravidez, assim como dados epidemiológicos sobre o recém-nascido. Desta forma fica possível obter-se, anualmente, com estreito lapso de tempo entre a ocorrência do nascimento e a disponibilidade dos dados, diversos importantes indicadores que mensuram condições de saúde inclusive níveis e padrões de fecundidade segundo características presentes na DN.

Como afirma Mello Jorge et al. (1993):

“Esse é um sistema alternativo ao do Registro Civil, que possibilita a análise dos nascimentos vivos segundo novas e importantes variáveis (peso ao nascer, duração da gestação, grau de instrução, Índice de Apgar no primeiro e quinto minutos), acrescidas daquelas provenientes das informações do Registro Civil, por força de lei (Lei 6.01513)”(Mello Jorge et al., 1993)

A DN, instrumento de coleta do SINASC, é um formulário padronizado em nível nacional, cuja emissão é de exclusividade do Ministério da Saúde, que deve ser preenchido no estabelecimento de saúde onde ocorreu o nascimento vivo, ou naquele que tenha providenciado atendimento imediato ao recém-nascido. A DN deve ser preenchida no Cartório de Registro Civil, no caso de nascimentos ocorridos em domicílios ou em outros locais que não os mencionados anteriormente e que não tenham tido imediata atenção em estabelecimentos de saúde3.

Ao utilizar documentos individualizados, sendo os mesmos preenchidos nos próprios estabelecimentos de saúde, o SINASC apresenta a uma vantagem adicional, como define Mello Jorge (1993):

“...o processamento da informação pode ser feito em qualquer nível (distrital, municipal, regional, estadual), permitindo uma certa autonomia no manuseio dos dados, além de maior oportunidade de acesso”.

2 O Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) se efetivou oficialmente, no país, em 1990

(Ministério da Saúde, 1990; Melo Jorge et al., 1992a)

3 O formulário da DN é pré-numerado e emitido em três vias, sendo dividida em 8 blocos de variáveis: 1)

identificação numérica da DN; 2) informações relativas ao Cartório de Registro Civil onde o nascimento foi registrado; 3) dados sobre o local de ocorrência do nascimento vivo; 4) informações sobre a características do recém-nascido (data e hora do nascimento, sexo, raça/cor, peso ao nascer e índice de Apgar no primeiro e quinto minuto); 5) características da gestação e do parto (duração da gestação, tipo de gravidez, tipo de parto, e número de consultas de pré-natal); 6) informações sobre a mãe (nome, local de residência, idade, instrução, história reprodutiva); 7) identificação do pai (nome); 8) responsável pelo preenchimento e respectiva função. Este formato refere-se aos anos considerados no estudo.

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Vale ressaltar que o conceito de nascido vivo no SINASC obedece ao definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS):

“Nascimento vivo é a expulsão ou extração completa de um produto de concepção do corpo materno, independentemente da duração da gravidez, o qual, depois da separação, respire ou dê qualquer outro sinal de vida, tal como batimentos do coração, de contração voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical e estando ou não desprendida a placenta. Cada produto de um nascimento que reuna essas condições se considera como um criança nascida viva” (art. 23 da Constituição da Organização Mundial de Saúde).

Em vários artigos recentemente publicados têm surgido a preocupação em realizar estudos avaliativos das informações do SINASC, no sentido de conhecer mais profundamente se essa fonte de informação é confiável à mensuração dos níveis e padrões da fecundidade, configurando-se assim, numa nova fonte para a análise da evolução demográfica e o planejamento social.

Em um estudo precursor avaliando as informações que constam da DN, Mello Jorge (1993) realizou estudo no qual tinham como metas: a) identificar dificuldades em relação ao preenchimento da DN e de seu fluxo; b) avaliar o potencial de utilização das informações do SINASC contemplando cobertura e fidedignidade dos dados produzidos.

Mello Jorge (1993) relacionaram possíveis fontes de erros: a) não notificação, por parte da equipe hospitalar, de nascidos vivos com baixa chance de sobrevivência, acarretando assim em uma não emissão da DN; b) outra fonte de subenumeração é a transformação, no papel, de um nascido vivo, que falece logo após o nascimento, em óbito fetal, prática que se relaciona a vários fatores, tais como: custos psicológicos para as mães; simplificação dos trâmites legais e ainda o menor comprometimento do hospital com relação aos seus serviços; c) um outro fator que contribui para a subenumeração do sistema é a falta de consciência de cidadania por parte dos pais com relação ao registro dos seus filhos em cartório, entre aqueles nascimentos ocorridos em domicílios.

Entretanto, os autores mostraram que a dimensão quantitativa destes erros é relativamente modesta. No que diz respeito à não emissão da DN por parte do serviço de estatística médica do estabelecimento, foi encontrado apenas 0,5% de casos, nos municípios paulistas selecionados. Com relação ao duplo registro para uma mesma criança, os erros encontrados por Mello Jorge et al (1993) apresentaram porcentagens desprezíveis - 0,1%; contudo é interessante lembrar que esta estatística se refere a cinco municípios paulistanos, onde os autores afirmam que a implantação do SINASC ocorreu de forma global e simultânea.

Nos últimos anos, tendo como referência os dados relativos ao Nordeste, alguns estudos foram realizados com o objetivo de avaliar a qualidade do SINASC, dentre eles destacam-se: Um estudo realizado por Moreira (1998) que analisou o grau de cobertura do SINASC nos estados do Ceará e de Pernambuco e mostrou ser boa a cobertura do SINASC quando comparados aos dados do Censo Demográfico, uma vez que o grau de cobertura situava-se em 72% dos nascimentos, no Ceará, e 83,2% em Pernambuco.

Barbosa (1999), em um estudo de avaliação dos dados do SINASC entre os anos de 1994 a 1997 nos estados nordestinos, encontrou valores bastante razoáveis de cobertura do SINASC vis-a-vis o Censo Demográfico e PNADS para alguns estados como é o caso, por exemplo, dos estados do Rio Grande do Norte e Pernambuco. Entretanto, para algumas outras áreas, há, por outro lado, evidências de uma subestimação dos níveis da fecundidade pelo SINASC, compatível com a idéia de não completa implementação do Sistema.

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Diante de tais considerações e tendo em consideração que é o SINASC é uma importante fonte de informação já que permite cálculos de indicadores de saúde relevantes para o planejamento e avaliação das ações de saúde, nesse trabalho se pretende responder a seguinte questão: O SINASC é uma fonte de informação confiável sobre fecundidade no âmbito municipal do Rio Grande do Norte, 2000? Em outras palavras, a informação existente sobre o número de nascimentos no SINASC no âmbito municipal do Estado do Rio Grande do Norte é fidedigna?

2 Procedimentos metodológicos

A metodologia a utilizada neste trabalho é desenvolvida em duas etapas: a primeira visa avaliar a qualidade das informações do SINASC, assim, buscou-se proceder uma comparação entre os níveis da fecundidade segundo esta nova fonte de informação e os resultados obtidos das informações do Censo Demográfico de 20004, de forma a se ter uma idéia geral do seu grau de cobertura. Esse procedimento pressupõe que os parâmetros de nível da fecundidade mais confiáveis são os provenientes do Censo demográfico realizado em 2000, pelo seu caráter universal e pelas análises já efetuadas de sua confiabilidade.

Os níveis da fecundidade da SINASC serão avaliados pelas taxas de fecundidade de total. As taxas de fecundidade total estimadas pelo Censo foram obtidas pelo método indireto da razão P/F proposto por Brass (1968) e as do SINASC por método direto, como segue:

=n* nTEFx TFT

onde, nTEFx é a taxa específica de fecundidade para o grupo etário x;x+n, sendo n igual a 5 (grupos qüinqüenais) e x igual a 15, 20, 25, 30, 35, 40, 45. As nTEFx são obtidas da seguinte forma: x n x n Pf NV TEF=

para nNVx indicando o número de nascidos vivos em 2000 de mulheres entre x e x+n anos, e nPfx a população feminina do grupo etário (x;x+n) em 10 de julho de 2000.

É importante ressaltar que, a unidade de análise deste trabalho é o município, o que na grande maioria dos casos configura área com baixo contingente populacional, pelo menos em se tratando de população exposta ao risco de ter um filho. Além disso, no caso dos dados censitários, acrescente-se o fato de que as informações sobre fecundidade ora utilizadas fazem parte do questionário da amostra do censo 2000. Como conseqüência, as taxas de fecundidade estimadas no nível municipal sofrem grande instabilidade devido ao mero acaso – flutuações aleatórias. O acréscimo ou decréscimo de um nascimento em áreas com efetivo populacional diminuto pode causar grande oscilação na taxa mensurada.

De modo a superar essas dificuldades relacionadas às oscilações dos pequenos números, alguns autores sugerem a necessidade de suavização das taxas específicas de fecundidade (Marshall, 1991; Bernardinelli & Montomoli, 1992; Assunção, 1996). Nesse trabalho o procedimento do Bayes Empírico foi aplicado tanto às informações provenientes do Censo, como daquelas provenientes do SINASC, de forma a proceder uma correta comparação entre as mesmas.

4 Shryock & Siegel (1980) ressaltam que o instrumental clássico de avaliação de uma nova fonte de dados é a

comparação com uma fonte previamente existente, devidamente avaliada e considerada como referência sobre a informação

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O estimador bayesiano empírico utilizado é operacionalizado da seguinte forma (Marshall, 1991): θi =m+Ci ×

(

xim

)

onde Ci é dado por

      + −       = i M M i n m n m s n m s C 2 2

onde: θi é a taxa suavizada; m é a taxa média global ou a taxa média dos vizinhos; xi é a taxa da área i; s2 é a variância da taxa a ser estimada; nM é a população média global ou a média dos vizinhos; ni é a população da área i.

Deve-se ter em conta que, na fórmula do estimador Bayesiano Empírico proposto por Marshall (1991), o multiplicador Ci será próximo de 1, caso a população da área i (ni) mostre valor elevado. Nesse caso, a taxa suavizada (θi) tenderá a ter o mesmo valor da taxa estimada sem a aplicação do procedimento, xi. Caso contrário, se a população da área i possuir efetivo populacional muito reduzido, tem-se que Ci será próximo de zero, implicando em que a taxa suavizada (θi) tenderá a ser próxima da taxa média.

Neste trabalho utilizou-se o estimador empírico de Bayes adaptado à distribuição de Poisson dos dados. Utilizou-se como conceito de vizinhança, os municípios limítrofes aquele cujo estimador bayesiano estava sendo estimado.

Deve-se ressaltar ainda que, tanto para o dados de fecundidade do Censo Demográfico quanto para os dados do SINASC, o estimador bayesiano foi usado para as taxas específicas de cada grupo etário das mulheres. Desta maneira, a taxa de fecundidade total passou a ser uma resultante das taxas específicas bayesianas.

A segunda etapa do desenvolvimento metodológico desse trabalho visa avaliar o grau de cobertura do SINASC segundo as condições socioeconômicas dos municípios norte-rio-grandense. Para isso, analisamos o grau de cobertura do SINASC com relação ao Censo, à luz do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)5, através do cálculo do

coeficiente de correlação e de uma análise do grau de cobertura segundo quartis do IDH-M. O grau de cobertura foi medido através do quociente entre os nascimentos provenientes do SINASC no numerador, e os nascimentos oriundos do Censo Demográfico no denominador. Cabe ressaltar que, nascimentos do SINASC são obtidos através do produto das TEF suavizadas pelo método bayesiano pela população feminina do respectivo grupo etário. Os nascimentos do Censo foram obtidos exatamente da mesma maneira, acrescentando-se apenas que as TEF, nesse caso, são as taxas corrigidas pelo método da razão P/F de Brass (1968).

Vale destacar que foi ainda utilizado um teste de hipótese para verificar a significância da correlação entre a cobertura do SINASC e o IDH-M. Esta estatística t tem distribuição t-de-Student com n-2 graus de liberdade e tem a seguinte formulação:

2 n r 1 r t 2 − − =

5 O IDH-M é um índice sintético que mensura as condições de vida de uma determinada população. Esse

indicador, que permite proceder comparações entre os resultados de distintos municípios, é composto por um conjunto de medidas básicas: “além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, também leva em conta dois outros componentes: longevidade e educação”, como define PNUD (2003).

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3 Análise dos resultados

3.1 Avaliação dos níveis da fecundidade revelados pelo SINASC e Censo

O Mapa 1 apresenta a configuração espacial do nível da fecundidade dos municípios do Rio Grande do Norte, para o ano 2000, segundo as duas fontes de dados consideradas nesse trabalho. Os dois primeiros mapas apresentados mostram a configuração espacial da fecundidade calculada a partir dos dados censitários. Os dois mapas seguintes revelam o padrão espacial da fecundidade segundos as informações provenientes do SINASC.

O Mapa 1 ainda representa a configuração espacial das taxas de fecundidade total estimadas sem a aplicação da metodologia bayesiana (mapas a esquerda) e com a aplicação da metodologia bayesiana (mapas a direita). De posse de tais mapas, podemos constatar a suavização que o método bayesiano opera nas taxas calculadas da forma usual.

A inspeção visual do Mapa 1, de um lado, permite concluir que as taxas baysianas se mostram mais suaves, sem grandes discrepâncias entre os vizinhos diminuindo o efeito de descontinuidade entre os níveis de fecundidade de municípios limítrofes, permitindo assim, uma identificação mais clara das tendências e gradientes em larga escala da fecundidade no Estado. Ressalte-se que a ocorrência de municípios com taxas muito discrepantes de seus vizinho fica mais evidente nos mapas referentes aos dados oriundos do SINASC.

O efeito da estimativa bayesiana nas taxas de fecundidade total pode ser melhor percebido através do Gráfico 1. A taxa direta está no eixo horizontal e a taxa bayesiana está no eixo vertical. A linha tracejada indica a reta y igual a x, e a linha contínua é a reta de regressão entre os dois eixos do gráfico. Do ponto de vista prático, o que se vê da relação entre estas duas retas é que os valores mais baixos da taxa calculada pelo método direto são puxados um pouco para cima no eixo vertical e, por outro lado, aqueles valores mais altos são puxados um pouco para baixo no eixo vertical. Como o eixo vertical representa exatamente o estimador bayesiano, isso mostra a suavização que as taxas de fecundidade estão experimentando, principalmente, nos valores extremos, na forma de uma contração para o valor médio dos vizinhos.

No que se refere especificamente ao padrão espacial da fecundidade no Rio Grande do Norte, segundo as duas fontes de dados em questão, centraremos os comentários nas taxas bayesianas devido a correção que este método efetua nas taxas originais.

Quando analisamos o Mapa referente aos dados oriundo do Censo Demográfico, observamos que os níveis de fecundidade são mais elevados, nas áreas que compreendem às mesorregiões Agreste Potiguar e Leste Potiguar, com destaque para as microrregiões de Baixa Verde, Litoral Nordeste e Agreste Potiguar. Em linhas gerias, esse mesmo padrão espacial também é verificado com os dados do SINASC. Contudo, chama a atenção o diferencial na intensidade de cor entre os mapas do Censo e do SINASC, indicando ampla sub-estimação das taxas de fecundidade total calculadas a partir do SINASC. Além disso, observa-se também que essa sub-estimação ocorre de maneira generalizada ao longo do território do Rio Grande do Norte. O Mapa 2 mostra a configuração espacial do grau de cobertura do SINASC em relação ao Censo para o Rio Grande do Norte. Constata-se que a sub-enumeração do SINASC é generalizada ao longo do Estado, sem que se consiga visualizar um padrão espacial bem definido. De acordo com os resultados, a cobertura do SINASC poderia ser considerada pouco confiável em 90 dos 166 municípios do Rio Grande do Norte. O grau de cobertura estimado para esses municípios ficou aquém do que se considera satisfatório – grau de cobertura inferior a 80%, indicando a necessidade que um efetivo esforço seja empreendido para a completa implementação do SINASC nesses municípios.

Entretanto, existem alguns municípios do Estado onde os resultados relativos ao grau de cobertura mostram que as taxas obtidas originadas dos dados do SINASC se assemelham

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bastante às derivadas do Censo de 2000, como é o caso das microrregiões de Natal, Macaíba, Pau dos Ferros, Seridó Ocidental e Seridó Oriental. A cobertura poderia ser considerada confiável em 30% dos municípios do Rio Grande do Norte, uma vez que nesses municípios o resultado referente à TFT oriundo do SINASC atinge uma cifra superior a 90% daquela resultante do Censo

Cumpre destacar que, o grau de cobertura do SINASC para alguns municípios revelou-se acima de 100%. Em Natal – capital do Estado, o valor encontrado foi de 112%, cifra que indica uma TFT obtida pelo SINASC ligeiramente superior a daquela encontrada ao utilizar os dados censitários. Uma hipótese é que esse fato se deve à “invasão” de nascimentos de mães residentes em municípios vizinhos.

Mapa 1

Rio Grande do Norte - Taxas de Fecundidade Total (TFT), calculadas diretamente e através do estimador bayesiano empírico, segundo o Censo e SINASC - 2000

Taxa de Fecundidade Total (originais) Taxa de Fecundidade Total suavizadas pelo Método Bayes Empírico Censo Demográfico

TFT suavizada pelo Bayes Emp Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (34) 3,2 a 3,8 (30) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (33) 0,9 a 1,8 (11) 0

O

50 kilometers 100

TFT suavizada pelo Bayes Emp Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (34) 3,2 a 3,8 (30) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (33) 0,9 a 1,8 (11) TFT suavizada pelo Bayes Emp

Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (34) 3,2 a 3,8 (30) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (33) 0,9 a 1,8 (11) 0

O

50 kilometers 100 Micro Baixa Verde

Micro Litoral Nordeste

Micro Agreste Potiguar

TFT suavizada pelo Bayes Emp Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (34) 3,2 a 3,8 (30) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (33) 0,9 a 1,8 (11) 0

O

50 kilometers 100

TFT suavizada pelo Bayes Emp Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (34) 3,2 a 3,8 (30) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (33) 0,9 a 1,8 (11) TFT suavizada pelo Bayes Emp

Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (34) 3,2 a 3,8 (30) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (33) 0,9 a 1,8 (11) 0

O

50 kilometers 100 Micro Baixa Verde

Micro Litoral Nordeste

Micro Agreste Potiguar

SINASC TFT calculadas diretamente SINASC 2000 3,8 a 8 (1) 3,2 a 3,8 (14) 2,4 a 3,2 (53) 1,8 a 2,4 (56) 0,9 a 1,8 (42) 0

O

50 kilometers 100 TFT calculadas diretamente SINASC 2000 3,8 a 8 (1) 3,2 a 3,8 (14) 2,4 a 3,2 (53) 1,8 a 2,4 (56) 0,9 a 1,8 (42) TFT calculadas diretamente SINASC 2000 3,8 a 8 (1) 3,2 a 3,8 (14) 2,4 a 3,2 (53) 1,8 a 2,4 (56) 0,9 a 1,8 (42) 0

O

50 kilometers 100

TFT suavizada pelo Bayes Empírico SINASC 2000 3,8 a 8 (1) 3,2 a 3,8(3) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (87) 0,9 a 1,8 (17) 0

O

50 kilometers 100

TFT suavizada pelo Bayes Empírico SINASC 2000 3,8 a 8 (1) 3,2 a 3,8(3) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (87) 0,9 a 1,8 (17) TFT suavizada pelo Bayes Empírico

SINASC 2000 3,8 a 8 (1) 3,2 a 3,8(3) 2,4 a 3,2 (58) 1,8 a 2,4 (87) 0,9 a 1,8 (17) 0

O

50 kilometers 100

Fonte dos dados básicos: SINASC 2000 e Censo Demográfico 2000. TFT calculada pelo Método Brass

Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (37) 3,2 a 3,8 (25) 2,4 a 3,2 (54) 1,8 a 2,4 (35) 0,55 a 1,8 (15) 0

O

50 kilometers 100

TFT calculada pelo Método Brass Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (37) 3,2 a 3,8 (25) 2,4 a 3,2 (54) 1,8 a 2,4 (35) 0,55 a 1,8 (15) TFT calculada pelo Método Brass

Censo Demográfico 2000 3,8 a 8 (37) 3,2 a 3,8 (25) 2,4 a 3,2 (54) 1,8 a 2,4 (35) 0,55 a 1,8 (15) 0

O

50 kilometers 100

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Gráfico 1

Rio Grande do Norte - Dispersão entre TFT original e TFT bayesiana, calculadas a partir do SINASC 2000 para o Rio Grande do Norte

Fonte dos dados básicos: SINASC 2000 e Censo Demográfico 2000.

Mapa 2

Rio Grande do Norte – Grau de cobertura (%) - SINASC em relação ao Censo - 2000

Grau de Cobertura das TFT (%) SINASC em relação ao Censo - 2000

105 a 151 (23) 84 a 105 (44) 74 a 84 (31) 59 a 74 (43) 27 a 59 (25) 0

O

50 kilometers 100

Grau de Cobertura das TFT (%) SINASC em relação ao Censo - 2000

105 a 151 (23) 84 a 105 (44) 74 a 84 (31) 59 a 74 (43) 27 a 59 (25) Grau de Cobertura das TFT (%) SINASC em relação ao Censo - 2000

105 a 151 (23) 84 a 105 (44) 74 a 84 (31) 59 a 74 (43) 27 a 59 (25) 0

O

50 kilometers 100

Micro Pau dos Ferros

Micro Seridó Oriental e Seridó Ocidental

Micro Natal

Grau de Cobertura das TFT (%) SINASC em relação ao Censo - 2000

105 a 151 (23) 84 a 105 (44) 74 a 84 (31) 59 a 74 (43) 27 a 59 (25) 0

O

50 kilometers 100

Grau de Cobertura das TFT (%) SINASC em relação ao Censo - 2000

105 a 151 (23) 84 a 105 (44) 74 a 84 (31) 59 a 74 (43) 27 a 59 (25) Grau de Cobertura das TFT (%) SINASC em relação ao Censo - 2000

105 a 151 (23) 84 a 105 (44) 74 a 84 (31) 59 a 74 (43) 27 a 59 (25) 0

O

50 kilometers 100

Micro Pau dos Ferros

Micro Seridó Oriental e Seridó Ocidental

Micro Natal

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3.2 Avaliação do grau de cobertura do SINASC segundo as condições socioeconômicas dos municípios do Rio Grande do Norte

Na análise empreendida na seção anterior, o objetivo principal era verificar a cobertura do SINASC ao longo dos municípios do Estado do Rio Grande do Norte, de forma a conhecer a efetiva implantação dessa base de dados no que se refere a sua capacidade em obter o real número de nascimentos ocorridos nos municípios do Estado. Com efeito, reconhece-se ser relevante investigar mais detalhadamente as diferenças entre o SINASC e o Censo Demográfico, sendo assim, buscou-se nesse trabalho identificar características específicas dos municípios, selecionando-se para tal análise, como variável socioecômica, o IDH-M. A hipótese é que em áreas menos desenvolvidas do ponto de vista social e econômico, a qualidade dos registros de informação é menor devido às dificuldades operacionais e à não percepção da importância da qualidade da informação como subsídio para a gestão pública. Neste sentido, a relação estreita entre o IDH-M e o grau de cobertura do SINASC indica que a hipótese lançada acima é verdadeira.

O Mapa 3 traça uma caracterização geográfica das condições socioeconômicas dos municípios do Rio Grande do Norte. A inspeção visual dos resultados apresentados no referido Mapa revela, em linhas gerais, que de leste a oeste e de norte a sul do Estado do Rio Grande do Norte, há um elevado número de municípios onde o IDH-M é razoavelmente baixo.6 Entretanto, cabe ainda mencionar a identificação de quatro importantes aglomerações

geográficas nos quais os Índices revelam-se mais elevados que os demais: a primeira área compreende toda a microrregião de Natal; uma segunda área onde se localizam as zonas do Seridó Ocidental e Seridó Oriental, uma outra que compreende alguns municípios na microrregião de Pau dos Ferros e, por fim, a microrregião de Mossoró.

Mapa 3

Rio Grande do Norte – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - 2000

Micro Natal

Índice de Desenvolvimento Humano 2000 0,688 a 0,788 (23) 0,651 a 0,688 (27) 0,627 a 0,651 (44) 0,604 a 0,627 (34) 0,544 a 0,604 (38) 0

O

50 kilometers 100

Índice de Desenvolvimento Humano 2000 0,688 a 0,788 (23) 0,651 a 0,688 (27) 0,627 a 0,651 (44) 0,604 a 0,627 (34) 0,544 a 0,604 (38) Índice de Desenvolvimento Humano

2000 0,688 a 0,788 (23) 0,651 a 0,688 (27) 0,627 a 0,651 (44) 0,604 a 0,627 (34) 0,544 a 0,604 (38) 0

O

50 kilometers 100 Micro Mossoró

Micro Seridó Oriental e Seridó Ocidental Parte da micro Pau

dos Ferros

Micro Natal

Índice de Desenvolvimento Humano 2000 0,688 a 0,788 (23) 0,651 a 0,688 (27) 0,627 a 0,651 (44) 0,604 a 0,627 (34) 0,544 a 0,604 (38) 0

O

50 kilometers 100

Índice de Desenvolvimento Humano 2000 0,688 a 0,788 (23) 0,651 a 0,688 (27) 0,627 a 0,651 (44) 0,604 a 0,627 (34) 0,544 a 0,604 (38) Índice de Desenvolvimento Humano

2000 0,688 a 0,788 (23) 0,651 a 0,688 (27) 0,627 a 0,651 (44) 0,604 a 0,627 (34) 0,544 a 0,604 (38) 0

O

50 kilometers 100 Micro Mossoró

Micro Seridó Oriental e Seridó Ocidental Parte da micro Pau

dos Ferros

Fonte dos dados básicos: PNUD/IPEA/FJP/IBGE.

6 O IDH-M situa-se entre valores de 0 a 1, quanto mais próximo de 0, menor é o nível de condições de vida na

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O coeficiente de correlação linear encontrado entre IDH-M e cobertura do SINASC foi de 0,205. Através da aplicação de um teste de hipótese para verificar a significância desta correlação, conclui-se que ela é significativa (a um nível de significância de 5%), apesar de fraca. A estatística do teste foi t=2,687. Isto quer dizer que para municípios com maior IDH-M, a cobertura do SINASC com relação ao Censo é também maior. Este é, por exemplo, o caso de Natal que tem IDH-M igual a 0,78 (maior do Estado) e cobertura de 1,12, ou seja, em Natal o número de nascimentos do SINASC é 12% maior que no Censo Demográfico, para o ano 2000. O diagrama de dispersão entre IDH-M e o grau de cobertura do SINASC com relação ao Censo ilustra bem esta análise.

Gráfico 2

Rio Grande do Norte – Diagrama de dispersão entre o IDH-M e o grau de cobertura dos nascimentos do SINASC versus Censo - 2000

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 0,500 0,550 0,600 0,650 0,700 0,750 0,800 0,850 IDH Cob ertu ra

Fonte dos dados básicos: SINASC 2000 e Censo Demográfico 2000

Analisando, ainda, o grau de cobertura do SINASC segundo grupos de municípios, de acordo com os níveis atingidos no IDH-M. Os grupos foram escolhidos através do 10, 20 e 30 quartis. De acordo com os resultados apresentados na Tabela 1, observa-se, de um lado, que a cobertura do SINASC é muito baixa (0,65) justamente naqueles municípios que têm os piores valores do IDH-M, e de outro lado, para os municípios que possuem IDH-M mais elevados, o grau de cobertura do SINASC para o conjunto desses municípios é bem satisfatório (0,95). Por fim, cotejando os Mapas 2 e 3, é possível perceber visualmente a relação entre grau de cobertura do SINASC e o IDH-M. As áreas mais escuras no Mapa 2, caracterizadas por áreas com bom grau de cobertura do SINASC, em geral são as áreas também mais escuras no Mapa 3, ou seja, são as áreas com IDH-M mais elevado.

Em face das evidências aqui delineadas, pode-se concluir ser verdadeira a hipótese de que são nas áreas menos desenvolvidas que o grau de cobertura parece ser mais insatisfatório. Em razão de tais achados, mais atenção deve ser dispensada no esforço de uma completa implementação do SINASC nessas áreas menos desenvolvidas em termos socioecômicos.

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Tabela 1

Rio Grande do Norte - Grau de cobertura do SINASC em relação ao Censo, segundo categoria do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

Grupo Grau de Cobertura

IDH-M < 0,606 0,65

0,606 ≤ IDH-M < 0,631 0,80 0,631 ≤ IDH-M < 0,655 0,80

IDH-M ≥ 0,655 0,95

Fonte dos dados básicos: SINASC 2000 e Censo Demográfico 2000.

4 Considerações finais

A comparação entre os resultados referentes às estimativas do nível da fecundidade a partir das informações provenientes do Censo Demográfico de 2000, calculado por Brass (1968) e suavizado pelo procedimento do Bayes Empírico com as estimativas baysianas resultantes do SINASC apontam a existência de problemas de sub-registro de nascimentos dessa última base de dados. Contudo, há indicativos que para algumas áreas, os níveis da fecundidade revelados pelo SINASC mostram-se similares àqueles obtidos pelas informações censitárias. A configuração espacial do grau de cobertura do SINASC em relação ao Censo para o Estado mostrou que a sub-enumeração do SINASC é generalizada de norte a sul e de leste a oeste no Estado, dificultando a visualização de um padrão espacial definido.

Os resultados mostram que a cobertura do SINASC poderia ser considerada insatisfatória em metade dos municípios do Rio Grande do Norte, pois o grau de cobertura estimado para esses municípios revelou-se inferior a 80%. No entanto, municípios, como Natal, São Miguel e Doutor Severiano que fazem parte da mesorregião Oeste Potiguar e Leste Potiguar entre outros apresentam estimativas da fecundidade bastante similares entre as duas fontes. Em 30% dos municípios do Rio Grande do Norte os resultados relativos ao grau de cobertura mostram que as taxas obtidas originadas dos dados do SINASC se assemelham bastante às derivadas do Censo de 2000. Vale ressaltar que em Natal – capital do Estado, o valor encontrado foi de 1,12, tal valor pode indicar que nascimentos de mães que residem em municípios vizinhos à capital estão sendo estão sendo contabilizados para Natal pelo SINASC.

A análise do grau de cobertura dos dados do SINASC segundo condições de vida, medido através do IDH-M, mostrou que nas aglomerações menos abastadas, no que se refere a condições sócio-econômicas, são justamente as mesmas que possuem grau de cobertura do SINASC mais insatisfatória.

Reconhecidamente o SINASC é uma importante uma fonte de dados, anual e em nível municipal, do número dos nascimentos. O conhecimento desses números possibilita dimensionar demandas importantes de serviços de saúde e educação, além de servir como fonte de dados para cálculos de vários indicadores de saúde, dentre os quais a mortalidade infantil. Os resultados evidenciados nesse trabalho sugerem que esforços sejam empreendidos no sentido de universalizar e melhorar a coleta e a consolidação da informação, abrindo a possibilidade de melhor articular o desenvolvimento e a implantação de ações públicas mais eficazes com as reais necessidades da população norte-rio-grandense.

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