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Constituição de Geocomunidades de Informação Geográfica em Meio Empresarial

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Academic year: 2021

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i Trabalho de Projecto apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão do Território, na área de especialização em Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica, realizado sob a orientação científica do Professor Doutor José António Tenedório e da Doutora Engª Teresa Santos.

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iv

Dedico este este Trabalho de Projecto aos meus pais, meus amigos e ao meu tio avó pelo apoio demonstrado ao longo

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que de forma directa ou indirecta me apoiaram e incentivaram para a conclusão desta etapa importante na minha vida.

Em primeiro lugar, agradeço ao Professor Doutor José António Tenedório e à Doutora Engª. Teresa Santos pela incansável ajuda, motivação, confiança e partilha de conhecimentos demonstrados desde a concepção da estrutura do trabalho até à finalização do mesmo.

Em segundo lugar, quero expressar um enorme obrigado ao Engº Mamede Barreiros pela ajuda concedida durante a elaboração deste trabalho.

Agradeço também, a todos os meus amigos.

Por fim agradeço e dou o meu profundo e sincero agradecimento a toda a minha família pelo constante apoio e motivação nas horas mais complicadas.

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vi Constituição de Geocomunidades de Informação Geográfica em Meio Empresarial

João Pedro Gomes Marques

RESUMO

PALAVRAS-CHAVE: Crowdsourcing, Neogeography, API, NokiaHere, MapWIki, Google Maps, Volunteered, Contributed, Mashup, SIG, OSM, Expert-Community, produsers, spatial data infrastructure, crowdsourcing, Web 2.0,

O presente trabalho de projecto, realizado no âmbito do Mestrado em Gestão do Território, Área de Especialização em Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica, ministrado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, regista o trabalho desenvolvido sobre a constituição de geocomunidades de informação geográfica em meio empresarial. Este trabalho foi realizado com o apoio partilhado FCSH e Nokia Portugal.

O trabalho projecto está dividido em duas partes. Uma primeira parte que consiste numa abordagem teórica sobre a evolução dos SIG, sobre o estado da arte, sobre a nova geografia (neogeography); contem também uma abordagem sobre o crowdsourcing e as suas funcionalidades e potencialidades, caracterização dos seus utilizadores e o seu valor económico e social. Esta primeira parte tem o intuito de tentar chegar a uma conclusão sobre qual a melhor opção para uma empresa, no que toca à criação de base de dados geográficas olhando para as variadíssimas opções que existem no mercado desde base de dados governamentais, às privadas até às base de dados de cariz voluntário e sem custo para o utilizador ao aceder a essa informação. A segunda parte, de natureza prática, pretende cruzar dados e informação sobre duas Expert-Community que foram criadas com o intuito de testar a plataforma Map-Wiki da Nokia durante doze meses. Apesar de ser uma parte mais prática, conta também com uma breve retrospectiva da Nokia e das aplicações baseadas em Global Position Systems, uma explicação sobre o que é o Nokia Here e uma comparação entre as várias propostas existentes no mercado.

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vii Creation of an Expert Community in Geographic Information System in a Business

Environment

João Pedro Gomes Marques

ABSTRACT

KEYWORDS: Crowdsourced, Neogeography, API, Nokia Here, Google Maps, Volunteered, Contributed, Mashup, GIS, OSM, Expert-Community, produsers,

spatial data infrastructure, crowdsourcing, Web 2.0,

The following project in Masters of Territory Management, with specialization in Remote Sensing and Geographic Information Systems, taken at ‘’Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa’’, intended to demonstrate the work produced by the master degree student alongside Nokia Portugal.

This project has been divided into two sections. The first section consists of a theoretical approach about the evolution of GIS, about the state of art, about the new neogeography, also containing an in depth approach about crowdsourcing; its functionality and potential, the characterization of their users and their social and economic value. This first section has the intension of reaching a conclusion to make the best option for a company relating the geographic database.

The second section, practical, is intended to cross data and information about two expert-communities that have been created with the intension of testing the platform of map-wiki of Nokia from the last 12 months. Despite being a practical approach it counts as a brief retrospective of Nokia in the GPS market, an explanation of what Nokia Here is and a comparison of various existing proposals in the market.

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viii

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x Abreviaturas

CGI Contributed Geographic Information GPS Global Positioning System

PDA Personal Digital Assistant

VGI Volunteered Geographic Information OSM Open Street Maps

API Application Programming Interface LSB Location Business Service

GI Geographic Information

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1

Introdução

Contexto

O Trabalho de Projecto, elaborado no âmbito do Mestrado em Gestão do Território, na Área de Especialização em Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica, intitulado «Constituição de geocomunidades de informação geográfica em meio empresarial», resulta da conjugação dos meus interesses de investigação aplicada com os interesses da integração de conhecimento da Nokia Portugal provenientes do contexto universitário português na cadeia de valor da informação produzida para o utilizador de plataformas móveis de comunicação e informação da empresa. Neste contexto, conheci o projecto MapWiki, em Março de 2012, quando o interlocutor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) me convidou para moderar a relação entre estudantes da FCSH e o staff técnico da Nokia Portugal. Surgiu então a sugestão, por parte do interlocutor da FCSH, que procurava um aluno interessado, com disponibilidade imediata, para “coordenar” uma equipa de alunos da FCSH, para um projecto pioneiro em Portugal em matéria de produção de informação geográfica para plataformas móveis. Foi então criada uma equipa de 15 alunos para executarem as tarefas propostas pela Nokia Portugal.

Objectivo

O projecto referido consiste na criação de uma geocomunidade designada MapWiki, que posteriormente foi renomeada para NOKIA HERE, que pretende dar ao utilizador a hipótese de criar os seus próprios mapas de acordo com as suas necessidades, ajudando de forma voluntária outros possíveis utilizadores que também irão usufruir da mesma informação. Este “princípio” constitui uma forma de criar e trocar informação de forma voluntária. Contudo, a grande diferença relativamente a outras geocomunidades é que a informação é validada posteriormente por técnicos especializados da Nokia, o que faz com que a informação cedida por voluntários tenha precisão e exactidão controladas. Trata-se de uma plataforma que tem como missão ajudar o utilizador em movimento a explorar o espaço em que se move, independentemente da maneira de viajar; quer seja de carro, a pé ou em transportes públicos. Esta permite a edição avançada de mapas, a criação de comunidades e a sua

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2 gestão. A informação gerada por essa comunidade é-lhe devolvida podendo ser usada em software ESRI ou outro (desde que com conversão de dados). Um dos grandes trunfos do MapWiki é a sua facilidade de utilização por qualquer pessoa; desde o simples utilizador que quer actualizar o mapa da sua cidade até ao utilizador profissional, que através de edição avançada cria um mapa com atributos específicos de acordo com os seus objectivos.

A comunidade de experts, designação que a empresa adoptou e da qual a FCSH faz parte, entre outras universidades portuguesas, funciona como grupo de produtores/utilizadores com conhecimentos de informação geográfica. Por esta via, a Nokia incorpora valor na cadeia de experimentação de funcionamento da sua comunidade e testa a pertinência da sustentabilidade dessa comunidade bem como (e sobretudo) o desempenho da tecnologia de edição e difusão de geo-informação.

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3

Capitulo I – Estado da Arte e Conceitos

1.

1.1 Estado da Arte e a sua Evolução

Com a evolução da tecnologia no que toca a telemóveis, Personal Digital Assistant, portáteis, GPS e da própria internet, assistiu-se a uma explosão na partilha de informação geográfica em que qualquer pessoa pode ser um Volunteered Geographic Information em qualquer ponto da Terra. É graças a esta evolução que o conceito de geo-comunidade se difundiu e se tornou no que é hoje: uma “plataforma” aberta a todos os que queiram partilhar informação georreferenciada.

O aparecimento do VGI apenas foi possível com o desenvolvimento da chamada Web 2.0. Antes disso era impossível sequer imaginar sites no qual se pudesse descarregar e carregar informação, como estamos habituados. Antes deste boom tecnológico todos os sites acessíveis eram apenas de leitura, acedidos através de hyperlinks que nos levariam a outra página e assim sucessivamente. Eram também páginas constituídas apenas por texto, e pouca informação visual. Com isto quer-se dizer que são apenas páginas web em que a troca de informação é apenas entre o servidor onde se encontra alojada a página e o utilizador final. O utilizador está limitado apenas à leitura da informação que lhe é dada sem qualquer possibilidade de adicionar ou modificar conteúdos.

A Web 2.0 permitiu criar troca de informações entre todos os utilizadores e levou à criação de comunidades de utilizadores como as Wikis, Redes Sociais, Blogs, partilha de vídeos e, no que toca à geografia, a criação de geo-wikis como o OpenStreetMap, GoogleMaps, BingMaps, MapWiki, WikiMapia.

Usando a definição de Goodchild (2007, 27) percebemos que ‘’The early Web was primarily one-directional, allowing a large number of users to view the contentes of a comparatively small number of sites, the new Web 2.0 is a bi-directional

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4 collaboration in which users are able to interact with and provide information to central sites, and to see that information collated and made availabe to others’’1

Com esta nova abordagem na maneira de aceder à internet surgiram novos termos que já fazem parte do nosso dia-a-dia desde o map mashup, crowdsourcing, mapping aplications programming interfaces (API), neogeography, geostack, tags e folksonomies.

A Web 2.0 não é uma versão nova da internet a nível tecnológico mas sim uma evolução na maneira de ver a internet por parte dos programadores e utilizadores finais da web. Contudo apesar de não ser uma tecnologia criada de raiz, baseia-se em novos protocolos e aplicações. A figura seguinte demonstra a criação e usabilidade dos conteúdos de um site Web 2.0.

Ilustração 1 – Como funciona a WEB 2.0 Fonte: Criação própria

Que benefício trouxe a WEB 2.0?

- Informação partilhada pode ser exposta, descoberta e manipulada de várias maneiras dependendo do seu propósito e do seu público-alvo;

- Participação activa dos utilizadores;

- Aplicações são desenhadas de raiz e são criadas em função do seu objectivo e das suas necessidades

1 Goodchild, M.F. (2007) - Citizens as Voluntary Sensores: Spatial Data Infrastructure in the World of Web 2.0. International Journal of Geographical: 24-32

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5 - O conceito de partilha é um dos pilares da WEB 2.0 que permite que toda a gente tenha acesso de forma gratuita a conteúdos, ideias e por vezes ao código base de algumas aplicações que permite que o utilizador use e modifique de acordo com os seus objectivos;

- A comunicação de informação nos dois sentidos, entre os leitores e o servidor onde está alojado a informação, criou uma relação de contribuição entre utilizadores.

Contudo esta mudança na maneira de se ver a internet não criou só novas funcionalidades na criação de informação geográfica como também aperfeiçoou as que já existiam.

Recuando um pouco e olhando para a década de 90 verifica-se que antes do boom da World Wide Web (WWW) já havia ferramentas de visualização de mapas, tal como o Xerox PARC Map View (Ilustração 2), contudo era uma aplicação com funcionalidades bastante rudimentares, entre as quais era permitido visualizar o mapa-mundo, usar ferramentas de Zoom In e Out e controlar a visualização de rios e fronteiras. Foi o início de uma nova era na área da informação geográfica.

Ilustração 2 - Xerox PARC Map View

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6 Havia 3 modos de aceder a esta informação geográfica: através de Public Mapping Sites, Web Mapping Servers e a Geographic Web Services, sendo esta ultima a maneira mais ‘’sofisticada’’ de o fazer.

Em 1995 apareceu no Reino Unido o MultiMap.com com o objectivo primário de fornecer mapas para telemóveis, contudo foi na sua versão de site que teve o seu grande sucesso. No mesmo ano, 1996, foi criado nos EUA o MapQuest e logo a seguir apareceram uma série de serviços com o mesmo objectivo tais como o StreetMap, Yahoo! Maps, Microsoft MapPoint e o Map24. Todos eles tinham características idênticas e ofereciam o acesso a queries de localização e direcções. Tal como o Xerox PARC Map View, este permitiam visualizar o mapa-mundo e zoom in e out.

Porque as características destes serviços estavam limitadas à evolução da tecnologia existente na altura, era compreensível o porque de oferecerem tão ‘’pouco’’. Como podemos verificar, na ilustração 3, o mapa visível era de tamanho reduzido por vários factores, estava limitado ao tamanho dos monitores da altura, abaixo de 14’’, sendo comum na altura haver bastante publicidade espalhada pela página web e porque a largura de banda (bandwidth) disponível era extremamente limitada (estávamos numa altura de ligações à internet através de cabo telefónico). Era uma experiência lenta e pouco interessante do ponto de vista do utilizador.

Ilustração 3 - O TIGER Map Server, ano de 1997

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7 Resumindo, até 2005 todos os serviços de fornecimento de informação geográfica foram melhorando o seu desempenho e a seu modo de apresentação ao público, mas de maneira algo limitada pois o desenvolvimento de Internet-based mapping application permaneciam bastante complexas e isto limitava o aparecimento de novos developers, para além do elevado custo de criação de uma aplicação de web mapping. Este custo elevado devia-se em parte ao preço exorbitante da cartografia de base que teria que ser usada na web mappings.

Ilustração 4 - Acesso a Mapas pré-Web 2.0

Fonte: https://www.e-education.psu.edu/geog863/resources/l3_p3.html

Tudo mudou com o aparecimento em massa das ligações de banda larga, com a massificação de aparelhos de GPS, com o aumento da capacidade computacional e queda dos preços dos mesmos e, por fim, com desenvolvimento do eXtensible Markup Language (XML) e Simple Object Acess Protocol. No que toca à evolução da Web 2.0, estão-lhe associados alguns factores como a já referida massificação de aparelhos GPS pelo mundo (GPX), o Asynchronours JavaScript e XML (AJAX) e as APIs.

Olhando para a actualidade verificamos a existência de várias plataformas de WebMapping (GeoWeb) com as quais podemos interagir, desde o Google Earth,

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8 Microsoft Virtual Earth / Bing Maps, NASA’s World Wind ao Yahoo! Maps. O Sistemas de Informação Geográfica também começa a ser amplamente usado pelos media através das plataformas GeoMedia, SpatialMedia, Map Tv e MapTube, para troca de informação entre os media e a população. Este novo papel do GIS como media consiste num paradigma fundamental de mudança do SIG do velho modelo de criação de informação geografia numa secretária para um novo modelo em que o SIG é vista como comunicação e partilha de informação de forma constante sobre o planeta e o que se passa à sua superfície. Como já foi referido anteriormente este paradigma assenta também nas mudanças tecnológicas que aconteceram nos últimos 10 a 15 anos, pois sem elas não seria nada disto possível.

1.2 Porque é que se tem usado o SIG no social media?

A explosão no crescimento do GEOWEB e na criação de informação por parte dos utilizadores através de variadíssimos API’s, fez dos SIG uma poderosíssima ferramenta de media para o publico interagir, e ainda mais importante tornou os SIG numa ferramenta de diálogo e interacções de problemas sociais.

Nos últimos anos temos assistido por parte da comunicação social, com particular destaque no social media, no uso cada vez maior do mapping e a location-based na criação e distribuição da informação. Com isto percebemos que os media começam a tornar-se cada vez mais como um SIG. Este novo papel dos media como SIG pode ser explicada em duas perspectivas. Uma primeira em que os grandes canais / agências de notícias (Televisões, Jornais) aumentam o uso da informação provenientes por esta via e por geospatial technologies para contar as suas histórias aos seus ouvintes e telespectadores. Verificamos isso quando observamos diariamente o recurso ao Google Earth ou Bing Maps para mostrar o trânsito, a meteorologia ou demonstrar uma determinada área onde ocorrem grande parte dos crimes em Portugal ou em qualquer outra região do mundo. Hoje em dia são raros os casos em que uma agência noticiosa não usa informação geográfica como complemento à informação comum, temos assistido a um aumento de news media que incorporaram nos seus sites informação geo-espacial e funcionalidades de mapping. Por exemplo o The Guardian usa como base o Google Maps, já a revista Time usa o ESRI’s MapShop.

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9 Estas agências noticiosas disponibilizam estes mesmos dados aos seus utilizadores e permitem que estes sejam descarregados e manipulados pelos leitores.

Numa segunda perspectiva, temos o uso do social media através do location-based na qual sites como o Facebook, Twitter, LinkedIn lideram esta tendência que é uma das características resultantes da tecnologia WEB 2.0. Trata-se de uma tendência que transformou não só o mundo computacional mas também mudou e estimulou a sociedade de variadíssimas maneiras. Podemos dividir o Location-Based social networking em três grupos: um grupo de Social check-in sites que engloba o FourQuase, Gowalla, Blockchalk, Brightkite, Whrrrl e o Mytown. Um segundo grupo de Social review sites tais como Yelp, Geodelic, Tellmewhere, Groupon, Blippy e The HOtList. Por fim temos os Social Scheduling / Events sites, entre eles o Loopt, Plancast, Meetup, Eventful, Upcoming, Geoloqi.

Toda esta evolução no que se refere ao Social Media como SIG pode ser vista como uma extensão de uma longa história do jornalismo cartográfico. Como diz a jornalista Krissy Clark (2011) “The best journalism is like a map. It shows where you are in relation to others; it provides a sense of topography, a glimpse into a new world, or a better understanding of a familiar one. Ideally, journalism helps citizens and communities discover where they area, so they can better decide where they are going,”2

2 Clark, K. (2011) – Journalism on the Map: A Case for Location-Aware Storytelling.

http://www.nieman.harvard.edu/reports/article/102425/Journalism-on-the-Map-A-Case-for-Location-Aware-Storytelling.aspx

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10 1.3 Conceitos base do WEB 2.0

AJAX (Asynchronous JavaScript and XML) – Trata-se de um grupo de técnicas de desenvolvimento de páginas web usadas pelo lado do cliente (client-side) de modo a criar Asynchronous web applications, ou seja, com esta técnica é possível enviar e receber informação do servidor sem interferir com a visualização e comportamento da página aos olhos do utilizador. O termo AJAX é um conjunto de tecnologias entre as quais: HTML e CSS usadas na apresentação da webpage, DOM (Document Object Model para disponibilizar conteúdos dinâmicos, XML usado na troca de informação e XSLT para a manipulação dessa mesma informação, XMLHttpRequest é o termo usado para a asynchronous communication, e por fim o JavaScript que agrega todas estas tecnologias numa só.

XML (Extensible Markup Language) – É uma linguagem que define as regras de encoding em documentos num formado padrão, que torna possível a leitura por utilizadores e por computadores. Os objectivos desta linguagem são a simplicidade, a generalidade e a usabilidade através da internet. O formato desta informação é textual com um forte suporte através de Unicode. Apesar de uma linguagem desenhada para documentos, o XML, também se encontra largamente distribuído em data structures, como por exemplo os web services. Muitas das API’s foram desenvolvidas para ajudar os programadores no processamento de informação XML.

APIs (Application Programming Interface) – É juntamente com o AJAX / XML um das maiores evoluções da WEB 2.0 e criou um novo standart no Web Mapping. O API facilitou a criação de aplicações para todos os gostos e feitios. Antes do aparecimento das APIs eram criadas aplicações com base no WMS na qual era necessário um elevado conhecimento de programação e server management. Através de várias APIs os utilizadores têm acesso a bases de dados centralizadas de informação geográfica no qual incluem mapas, imagens de satélite e buildings outlines.

Desde o aparecimento dos primeiros visualizadores de mapas online até aos dias de hoje, passamos de mapas rudimentares com poucas, ou nenhumas, funcionalidades para mapas online com todo o tipo de funcionalidades, à criação de mapas com uma facilidade inacreditável, criando um experiência agradável e eficiente. Esta nova

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11 geração de Web Mapping caracteriza-se também pela interacção entre utilizadores, a rapidez de resposta entre servidor / utilizador e a integração de informação geográfica com qualquer tipo de informação o que levou os programadores e utilizadores a usarem informação geográfica nas suas aplicações e sites.

GPX (GPS eXchange Format) – É um formato de XML programado para interagir com GPS de forma fácil e eficaz. É caracterizado por ser open source e pode ser usado de maneira livre e sem qualquer necessidade de pagar pela licença.

É o formato usado para criar waypoints, rotas e caminhos no aparelho de GPS, ou seja, guarda todo o tipo de informação sobre um determinado local desde a elevação, store location, o tempo. Esta informação pode ser mais tarde interligada com outro tipo de softwares, como por exemplo, programas de tracking permitindo ao utilizador ver que caminho usou hoje na sua corrida, qual a sua inclinação, velocidade média, etc..

Olhando de uma forma mais teórica para o GPX, percebemos que se uma aglomerado de pontos não estiver interligado trata-se de waypoints, se estes pontos tiverem ligados entre si passa a ser um caminho (tendo um waypoint inicial e um final, com vários pontos intermédios pelo meio) e por fim uma rota (uma lista de waypoints organizados que representam uma série de turn points que levam ao destino final). Este formato exige apenas a latitude e longitude para se criar um waypoint, todos os outros elementos são opcionais. A Garmin usa o GPX com extensões próprias que permitem guardar informação sobre a rua, número de telefone, categoria de negócio, temperatura do ar e outros parâmetros.

LBS (Location based services) – É um conceito que tem como base tecnológica os telemóveis a internet e o uso do GPS, no qual através da localização do utilizador temos acesso a informação referente a eventos (desde cinema, concertos, festas), pontos de interesse (restaurantes, museus, hospitais, parques) dessa mesma zona. A definição teórica de location based é um serviço de informação acessível através de dispositivos móveis através da rede móvel, ou wifi, e que usa a localização do dispositivo móvel para apresentar informação referente à área.

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12 Ilustração 5 – Como se criou o LBS

Fonte: elaboração própria

O Location Business Service é o resultado final da intersecção de três conceitos, a própria internet, os dispositivos moveis e a base de dados espacial / SIG. Apesar de não ser um conceito totalmente novo, foi graças às novas tecnologias que evolui até aos dias de hoje. Na ilustração 5 está exposta a configuração comum a um LBS, que tem com base a prestação de serviços e conteúdos (à qual está ligada a uma geo database) por parte de um operador, é necessário também o dispositivo móvel, com uma antena de GPS, que vai servir de receptor da informação pedida. É aqui que entra em cena a terceira fase, o sistema de posicionamento global que é o coração do LBS e que informa o utilizador da sua posição em determinada área. Por fim a comunicação entre o telemóvel, já com a posição correcta, e o serviço de telecomunicação que vai permitir o acesso à informação pedida anteriormente pelo utilizador.

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13 AS principais funções, ilustração 6, do LBS são orientação e localização, navegação, procura de pessoas ou objectos, identificação e reconhecimento de pessoas ou objectos e procura de eventos.

Ilustração 6 – Principal configuração do um LSB

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14 Capitulo II – Constituição de GeoComunidades

2. Evolução da criação de informação

O crescimento deste tipo de informação foi enorme nos últimos anos, cerca de 1 a 5 exabyte por dia e este valor engloba todo de informação desde information-sensing mobile devices, aerial sensory tecnologies (remote information-sensing), cameras, RFID (radio-frequency identification) readers, wireless sensor networks e outros. Cerca de 90% de toda a informação foi criada nos últimos 2 anos e estes valores vêem-se duplicados a cada 2 anos3. Ultrapassou-se a marca do zettabyte em 2010 e em 2011 este valor era de 1,8 zettabyte de data, e esta explosão de criação de informação está a mudar em todos os aspectos nas áreas governamentais, empresariais, educacionais e da ciência. Gantz e Reinsel (2011)4 afirmam que o data flow actual poderá aumentar cerca de 50x em 2020, o que tornará também necessário o aumento de 75% das infrastruturas actuais para conseguirem lidar com este aumento brutal de informação. O custo de todo este armazenamento tem-se reduzido nos últimos anos e entre 2005 e 2011 este custo desceu cerca de 5/6. Pela primeira vez na história temos capacidade de acompanhar e armazenar informação onde tudo se encontra em tempo real.

No que toca directamente ao data flow de informação geográfica desde cedo esteve na vanguarda, no que toca à criação de grandes volumes de informação quer em formado raster (detecção remota) quer em vectorial (detailed property surveys).

Tudo isto foi possível devido ao boom dos computadores e da internet, mas olhando para a ilustração 7 verificamos que só América do Norte, Europa e Oceânia tem taxas de penetração da internet superior a 60%, ou seja, os países desenvolvidos. Isto faz-nos perceber que mais de metade da população continua a não ter acesso à internet, em que Africa tem uma taxa de penetração de apenas 15,6% bastante abaixo da média mundial de 34,3%. A distribuição geográfica da informação armazenada em 2010 reflecte mais uma vez as diferenças entre os vários continentes. Vemos uma parte do mundo, América do Norte e Europa, com cerca de 10 a 70 vezes mais

3 Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012) - Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, Springer

4 Gantz, J., Reinsel, D. (2011) – Extracting value from chaos. Http://www.emc.com/collateral/analyst-reports/idc-extracting-value-from-caos-ar.pdf

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15 informação armazenada que o resto do mundo, incluindo Africa, Asia e América Latina. É curioso perceber que esta informação está normalmente menos disponível nas áreas onde é mais precisa, verificamos isto através dos inúmeros problemas que surgiram no Darfur em 2006, no terramoto no Haiti em 2010 e na explosão da plataforma petrolífera da BP no golfo do México em 2011.

Ilustração 7 – Taxas de penetração da internet a nível mundial Fonte: www.internetworldstats.com/stats.htm

Já no que toca ao número de utilizadores por área geográfica (ilustração 8), verificamos sem surpresas que é no continente asiático que existem mais utilizadores de internet com mais de 1000 milhões, seguido da Europa com 518 milhões. Verifica-se que apesar de ter uma taxa de penetração relativamente baixa (cerca de 27,5% mas que se encontra a aumentar a um ritmo acelerado) o continente asiático tem o maior número de utentes activos na internet.

Isto leva-nos a perceber que é um mundo ainda bastante dividido e com grandes diferenças dos países mais desenvolvidos para os em via de desenvolvimento.

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16 Para se ter noção deste crescimento e na aproximação entre utilizadores, recuamos até 1967, altura em que o psicólogo Stanley Milgram e a sua equipa chegaram à conclusão que seria preciso 6 passos para ligar 2 pessoas totalmente anonimas entre si em qualquer parte do planeta5. Em Dezembro de 2011 o Facebook e o Yahoo! fizeram a mesma experiência com dados actuais e chegaram à conclusão que os 6 passos tinham sido reduzidos para 4,7 passos, devido à ligação das pessoas à internet.

Ilustração 8 – Utilizadores da internet a nível mundial Fonte: www.internetworldstats.com/stats.htm

5 Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012) - Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, Springer

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17 3. Neogeography

Segundo Turner (2006, 2-3): ‘’Consists of a set of techniques and tools that fall outsider the realm of traditional GIS. Where historically a professional cartographer might use ArcGIS, talk of Mercator versus Mollweide projections, and resolve area disputes, a neogeographer uses a mapping API like Google Maps, talks about GPX versus KML, and geotags his photos to make a map of his summer vacation.

Essentially, Neogeography is about people using and creating their own maps, on their own terms and by combining elements of an existing toolset.

Neogeography is about sharing location information with friends and visitors, helping shape context, and conveying understanding through knowledge of place’’6

Já Goodchild (2009) ‘’(…) has been defined as a blurring of the distinctions between producer, communicator and consumer of geographic information. The relationship between professional and amateur varies across disciplines. The subject matter of geography is familiar to everyone, and the acquisition and compilation of geographic data have become vastly easier as technology has advanced.’’7. Ou seja, os “novos geógrafos” são todas aquelas pessoas que produzem, comunicam e consomem informação geográfica não necessitando de ter qualquer ‘’background’’ ou de formação na área. Apenas gostam e podem contribuir com informação que julgam importante.

Rana e Joliveau (2009) afirmam, também, que ‘’the old geography involves a prescribed role/interaction between the four main components, namely the audience, the information, the presenter and the subject, which are common to most standard practices of learning. In NeoGeography, there are, however, no such boundaries on roles, ownership and interactions of these four components.’’8. Com isto percebemos

que parece questionar-se o conceito de Geografia, sublinhando o papel da relação entre as componentes informacionais.

6 Turner, A. J. (2006) -Introduction to neogeography. Sebastopol, CA: O’Reilly Media Inc

7 Goodchild, M. (2009) - NeoGeography and the nature of geographic expertise. Journal of Location

Based Services, 3, 2, 82–96

8 Rana, S.; Joliveau, T. (in press) - Editorial: special issue on neogeography. Journal of Location Based

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18 Passou a ser uma geografia acessível a todos os interessados, não se limitando apenas aos utilizadores profissionais, cientistas ou cartógrafos. É uma geografia onde toda a gente passa a participar, criar mapas e informação. É um conceito que nasceu com o aparecimento da WEB 2.0 e automaticamente se estandardizou. Segundo Anderson9 a Neogeography baseia-se em 6 pilares fundamentais, Individual Production and user generated content, Harnessing the power of the crowd, Data on an epic scale, Architecture of participation, Network effects e Openness.

Apesar de ser um conceito difícil de definir, percebemos que o Neogeography é toda uma ideia nova de se fazer geografia deixando para trás velhos métodos e abraçando as novas tecnologias e as suas vantagens a curto, médio prazo. Deixou de ser uma geografia fechada para ser algo aberto e alcançável a todos os interessados, desde o utilizador sem qualquer formação na área até ao técnico qualificado. Passou-se de uma geografia trabalhosa, por exemplo na elaboração de mapas em que o processo de criação era longo, complexo e caro. Necessitava de trabalhadores com formação acima da média no uso de técnicas de fotogrametria, o equipamento para observações e análise era extremamente caro e era necessário um investimento suplementar para a sua impressão em grandes formatos e escalas. Hoje estes problemas deixaram de existir, ou os seus custos deixaram de ser proibitivos. O OpenStreetMap é um bom exemplo do que os geógrafos amadores podem criar com pouquíssima formação na área, tanto do lado da cartografia como da aquisição e compilação de informação. Conduto, convém alertar que a função do OSM não é fornecer informação na qual os geógrafos com elevada formação académica possam usar, mas sim fornecer uma alternativa credível às antigas bases de dados authoritative que se tornaram ao longo dos tempos demasiado caras para manter e demasiado caras e complicadas de usar para o utilizador comum poder aceder.

Esta nova geografia assenta, entre vários conceitos, num conceito primordial de nome MashUp e que tem como base o uso de APIs. Com isto é possível criar e agregar qualquer tipo de mapa com outro tipo de informação interessante e pertinente, chamando-se a esta técnica de MashUp. Esta técnica consiste na combinação de

9 Batty, Michael; Hudson-Smith, Andrew; Milton, Richard; Crooks, Andrew. (2010)– Map mashups, Web 2.0 and the GIS revolution. Annals of GIS, Vol.16, 1; 1-13

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19 informação de vários sites e fontes que vão produzir um novo layer de informação de acordo com as necessidades dos utilizadores.

As principais características do MashUp são a combinação, visualização e agregação e acaba por ter como objectivo a recriação da informação de maneira mais fácil e acessível, tanto para o uso pessoal como profissional. Inicialmente o conceito de mashup tinha como mercado o consumer-based, contudo verifica-se um uso crescente por parte das empresas (business mashups), usando esta técnica para combinar informação interna existente com informação externa de modo a criar novas maneiras de interpretar a informação.

Existem portanto 3 classes de mashup:

Consumer Mashup que combina a informação de várias fontes e compila tudo num só layer de modo a facilitar a leitura e a sua compreensão, tudo isto é feito no browser do utilizador.

Business Mashup em que se combina informação interna com outro tipo de serviço externo à empresa. Este tipo de mashup é visualmente muito rico, pois mostra diversa informação de várias fontes internas e externas.

Data Mashup combina vários tipos de informação e media de múltiplas fontes numa só representação. A combinação de todos estes recursos cria um novo e distinto web service que não era fornecido inicialmente por nenhuma das fontes.

No que toca à distinção dos vários tipos de mashup podemos caracterizar em 4 tipos: Basic Portals em que o mapa é disponibilizado como base e os utilizadores

podem-no personalizar à sua vontade, com informação fornecida pelo próprio site ou de outro site. O exemplo mais óbvio é o Google Maps com o seu MyMaps.

• Aplicações que são programadas em cima da plataforma usando os métodos disponibilizados pelo site ou plataforma. Esta vertente dos mashup é a mais usada.

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20 • Secondary Software, também apelidado de middleware, na qual é fornecido a informação base dos basic portals e permite interagir com outros programas, por exemplo de GIS.

Basic Software, diferente do Basic Portals na medida em que permite o utilizador criar o conteúdo do mapa, no qual o OSM é o melhor exemplo. Todos os mashup são normalmente combinados entre estas quatro variantes, não quer dizer com isto que não haja outros tipos de mashup porque os há, contudo são normalmente aplicações de cariz profissional exigindo formação avançada e competências para as usar que o utilizador comum não possui.

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21 4. Crowdsourcing

Segundo Howe (2008) crowdsourcing ‘’(…) represents the act of a company or institution taking a function once performed by employees and outsourcing it to an undefined (and generally large) network of people in the form of an open call. This can take the form of peer-production (when the job is performed collaboratively), but is also often undertaken by sole individuals. The crucial prerequisite is the use of the open call format and the large network of potential laborers.’’10. Esta definição dá-nos a uma visão global do conceito de crowdsourcing. Demonstra que é um conceito em que qualquer cidadão se converte num potencial criador de informação e, no caso da Geografia, num criador de informação geográfica.

De acordo com Goodchild (2007) a informação geográfica voluntária define-se por ‘’the harnessing of tools to create, assemble, and disseminate geographic data provided voluntarily by individuals.’’11. Isto revela que a criação de informação geográfica deixou de ser algo feito exclusivamente por pessoas com conhecimentos na área, ou empresas, e passou a ser acessível a qualquer pessoa com vontade de criar e partilhar nova informação geográfica.

Com todos os avanços referidos no capítulo anterior, chegamos a uma etapa em que os Web Mappings passaram de estar acessíveis apenas a uma pequena minoria para fazerem parte do nosso dia-a-dia, aplicações como o Google Maps, OpenStreetMaps, WikiMapia são triviais e encontram-se acessíveis a partir de qualquer computador portátil ou telemóvel. Isto fez com que a informação criada e inserida nestas bases de dados esteja a aumentar todos os dias a um ritmo alucinante

O conceito de user-generated content não é recente (IAB, 2008; OECD, 2007). Existem numerosos exemplos de participação pública em Sistemas de Informação Geográfica no qual as empresas estavam interessadas em saber o feedback dos utilizadores sobre determinado assunto. A diferença entre o antes da WEB 2.0 e o depois é o aumento da

10 Howe, J. (2008) - Crowdsourcing: How the Power of the Crowd is Driving the Future of Business. Business Books, Great Britain.

11 Goodchild, M.F. (2007) - Citizens as sensors: The world of volunteered geography. GeoJournal, 69: 211-221.

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22 influência que a comunidade ganhou aos olhos das empresas, o utilizador comum passou a ter uma voz na qual as empresas confiam.

Como muitas empresas privadas já descobriram, o potencial do uso da VGI em ambiente governamental é gigantesco, em parte porque as agências de Mapping governamentais têm orçamentos limitados e não abrangem todas as zonas pretendidas. É aqui que entram os utilizadores e criadores de informação geográfica amadores, pois representa uma oportunidade real destas instituições governamentais manterem as suas bases de dados actualizadas com informação de grande valor, nomeadamente nas zonas de high-use.

Uma das questões cruciais que se mantêm é o que motiva e o que leva os utilizadores a fornecerem informação geográfica de forma gratuita e constante. Haverá diferenças entre os vários utilizadores, e em última análise isto influencia a natureza, a frequência e a qualidade das suas contribuições? Como se caracteriza os utilizadores?

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23 4.1 Caracterização dos utilizadores de crowdsourcing

Ilustração 9 - Diagrama de utilizadores

Fonte: Coleman, J.D; Georgiadou, Y.; Labonte, J. (2009) - Volunteered Geographic Information: The Nature and Motivation of Produsers. International Journal of Spatial Data Infrastructures Research, 4: 332-358

1) Neophyte – Alguém sem qualquer formação no assunto, mas que possui interesse, tempo e vontade de dar a sua opinião sobre o assunto;

2) Interested Amateur – Alguém que ‘’descobriu’’ o interesse sobre o tema, começou a instruir-se através da leitura, consultou outros colegas e experts na área e já se aventura sozinho na aplicação;

3) Expert Amateur – Alguém que sabe o suficiente sobre o tema, e é a paixão que o motiva mas a sua vida profissional não passa pelo assunto.

4) Expert Professional – Alguém que estudou e pratica sobre o assunto, depende do seu conhecimento no seu local de trabalho. Trata-se de alguém com elevado nível académico.

5) Expert Authority – Alguém que tem formação elevada no assunto e que tem uma grande experiencia ao ponto de ser reconhecido pela comunidade por ter criado ou ajudado a criar produtos de high-quality.

Contudo esta caracterização não pode ser levada totalmente a sério, porque por exemplo um utilizador Neophyte pode ter pouco ou nenhum conhecimento sobre tecnologias de posicionamento e os seus procedimentos mas pode estar muito

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24 familiarizado com a zona em questão a ser mapeada. Já um utilizador Expert Professional pode perceber sobre a organização das especificações no mapeamento, a limitação de uma unidade de GPS mas ter limitações de conhecimento no que toca aos atributos. Outro exemplo pode ser dado ao Interested Amateur no qual este pode ter o conhecimento de como usar um GPS portátil e a sua posterior introdução num Web mapping software mas não ter ideia das especificações formais associadas à localização, delineamento e classificação das features numa base de dados governativa. As caracterizações da tabela servem para se ter uma ideia básica de como se pode dividir os vários criadores de informação geográfica, ou seja como base de apoio. Goodchild (2009) reconhece que ‘’…the old distinction between the non-expert amateur and the expert professional is quickly blurring’’ e que ‘’… we are all experts in our own local communities’’12.

Coleman, Georgiadou e Labonte (2009)13 dividem a comunidade de voluntários em 4 áreas:

1. Mapping and Navigation: Onde o objectivo é contribuir para um public map series, como o USGS National Map Corps, ou para uma base de dados que é utilizada por automobilistas, ou seja a Tom Tom, Nokia (antiga Navteq);

2. Social Networks: Esta contribuição é feita em sites como o OpenStreetMaps, WikiMapia, Mapwiki (Nokia);

3. Civic / Governmental: É feita por voluntários preocupados com a sua área de residência que usam este modo para demonstrar possíveis problemas na sua cidade, ou região.

4. Emergency Reporting: Onde o voluntário reporta a presença de todo o tipo de acidentes desde a acidantes de viação, acidentes naturais (Fogos, cheias, protestos) a incidentes (assaltos, distúrbios).

Na tabela em baixo temos a união destas 4 áreas com os vários tipos de utilizadores na criação de informação geográfica.

12 Goodchild, M. (2009) - NeoGeography and the nature of geographic expertise. Journal of Location Based Services, 3, 2, 82–96

13 Coleman, J.D; Georgiadou, Y.; Labonte, J. (2009) - Volunteered Geographic Information: The Nature and Motivation of Produsers. International Journal of Spatial Data Infrastructures Research, 4: 332-358

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25 Mapeamento e Navegação (GPS-based Car Navigation) Redes Sociais

(OSM) Civil / Governamental (PPGIS) Emergency Reporting

Neophyte Depende do aparelho de GPS nas direcções e segue as instruções para adicionar um POI usando o aparelho. Identifica falhas na cobertura do mapa, está familiarizado com a zona em questão. Está também interessado em fazer uma contribuição inicial.

Views a GIS map in town hall metting around the siting of a power plant in the town. Usa o smartphone para adicionar informação detalhada sobre a localização de um potencial início de incêndio. Interested Amateur É proprietário de um GPS pessoal usa-o exaustivamente e faz bastantes contribuições. Percebe e compreende as limitações e benefícios da tecnologia em questão para fazer contribuições fidedignas. É proprietario de equipamento, está à vontade com programas de edição de informação e os seus processos. É um contribuidor regular na edição de mapas e de outros tipo de contribuições.

Citizen fashions a map to present a counter clain in a town hall meeting around siting of a power plant in the town.

Desloca-se de um lado para o outro para fotografar e geotagged photos a mostrar, por exemplo uma inundação ou cheias. Expert Amateur Está familiarizado com os benefícios e limitações de múltiplos sistemas e é proprietários de mais que um sistema ou aparelho. Pode e faz de vez em quando melhorias na informação de outros utilizadores. Domina de maneira profissional os equipamentos. Actualiza e edita contribuições de outros. Participa nos desenvolvimentos do software e nos decision-making. Individuo familiarizado com as condições dadas no seu bairro e com as operações feitas no sistema Web-Based PPGIS Familiarizado com os requerimentos necessários para a criação de informação de emergência e pode voluntariamente viajar para os sítios afectados para fornecer informação na hora.

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26 Expert Professional Profissional no Mapeamento ou serviços de Location Based Profissional no Mapeamento ou serviços de Location Based Conhecedor de planeamento urbano Cria um plano de emergência e cria pessoalmente tarefas com o mapeamento das posições correctas dos fogos e das cheias Expert Authority Trata-se de um especialista que é consultado por outros profissionais em relação a problemas específicos e a novos desenvolvimentos. Planeamento urbano com elevado conhecimento de desenvolvimento local na área de interesse Trata-se de um especialista que é consultado por outros profissionais em relação a problemas específicos e a novos desenvolvimentos. Tabela 1 – Diferentes tipos de utilizadores e respectiva qualificação

Fonte: Coleman, J.D; Georgiadou, Y.; Labonte, J. (2009) - Volunteered Geographic Information: The Nature and Motivation of Produsers.

Segundo Anthony et al., Swartz, Ortega et al. Priedhorsky et al. (2007)14 haverá outras possíveis caracterizações dos utilizadores:

- A sua Humanidade, ou seja, se é uma contribuição feita por uma pessoa ou por um bot programado para o efeito;

- A frequência, tipo da contribuição do utilizador;

- A qualidade e a veracidade da informação dada pelos voluntários;

- Se a reputation for reliability das contribuições passadas influencia a lifespan das contribuições futuras.

14 Coleman, J.D; Georgiadou, Y.; Labonte, J. (2009) - Volunteered Geographic Information: The Nature and Motivation of Produsers. International Journal of Spatial Data Infrastructures Research, 4: 332-358

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27 4.1.1 O que motiva os voluntários?

1 – Altruísmo – Contribuições meramente para o benefício de outros e sem qualquer promessa de retorno ou ganho para o próprio;

2 – Interesse pessoal ou profissional – Contribuições feitas com parte de um projecto profissional, ou pessoal.

3 – Estimulação Intelectual – Usar as próprias contribuições para melhorar as technical skills, o conhecimento e a experiencia sobre o assunto;

4 – Protecção e melhoramento de um investimento pessoal

5 – Recompensa Social – Fazer parte de uma network ou comunidade onde através da colaboração, discussão e desenvolvimento de um certo recurso, o contribuidor adquire uma sensibilidade de que a informação dada é importante para essa mesma comunidade online.

6 – Reputação pessoal (melhoria) – Oportunidade de contribuir para desenvolver uma identidade online que seja respeitada, confiável e valorizada pela comunidade (Wikipedian peers), aumentando com isto a sua valorização pessoal.

7 – Pride of Place – Onde adicionar informação sobre um grupo ou comunidade pode ser bom para public relations, turismo, desenvolvimento económico ou simplesmente demonstrar que aquela área ou estabelecimento já se encontra no online map.

Adaptando estas motivações aos VGI’s, podemos separar em vários grupos. O Altruísmo, o Interesse pessoal ou profissional e a Recompensa Social são os principais motivadores dos cidadãos interessados em criar e partilhar informação sobre problemas naturais ou de origem humana. Já o Pride of Place tem um papel importante no que toca ao encorajamento dos indivíduos na actualização de Points of Interess, estradas, ruas nas suas áreas de residência ou trabalho para bases de dados do Google Earth, OpenStreetMap ou até mesmo MapWiki. Similarmente a Recompensa Social, o Interesse Profissional ou Pessoal e o Pride of Place são todas as motivações para os utilizadores e contribuidores das mapping parties do OSM. Na

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28 protecção e melhoramento de um investimento pessoal existe a motivação de melhorar e actualizar um determinado serviço, tal como o TomTom’s MapShare de modo a se ter ganhos para o próprio através dessa actualização.

4.1.2 Aspectos negativos do VGI

Nem todos os contribuidores podem estar interessados em fornecer informação fidedigna. As motivações por detrás destes utilizadores são facilmente identificáveis:

A – Mischief: Utilizadores que utilizam as comunidades para lançar confusão, alterando informação legítima por informação errada, ou muitas vezes com informação imprópria.

B – Agenda: Grupos ou utilizadores individuais que alteram a informação motivados pelas suas crenças numa comunidade, organização ou causa, ou seja, criam e modificam informação de acordo com crenças e ideias próprias o que acaba por distorcer o propósito final.

C – Malice and/or Criminal Intent: Utilizadores com intenções prejudiciais e por vezes criminosas na esperança de obter ganho pessoal.

Nas opções A e C, torna-se mais complicado desenvolver uma aproximação automática para o problema que permita monitorizar, identificar e editar todas estas questões. Já existe uma aplicação com base no Wikipedia na qual as empresas se poderão basear para contrariar estes utilizadores com intuitos menos honrados, o WikiScanner, que consiste na procura nas diversas base de dados que ligam os milhões de edições que acontecem na Wikipedia e cruza esta informação com a informação dos ips dos utilizadores que criaram o artigo.

Apesar de começar a ser o uso de ferramentas apropriadas para contrariar estes utilizadores, a vigilância activa será sempre essencial, ou seja, terá que haver sempre pessoal competente e vigilante para investigar e combater possíveis informações criadas erradamente ou com intuito de estragar o que já foi criado.

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29 4.2 Informação Voluntária ou Não-Voluntária?

Apesar de toda esta euforia de criação de informação até que ponto a informação dada é voluntária? O conceito de Contributed Geographic Information demonstra que nem toda a informação partilhada é voluntária. Harvey (2012) diz ‘’CGI, refers to geographic information that has been collected without the immediate knowledge and explicit decision of a person using a mobile technology that records location’’. A informação partilhada sem o consentimento do utilizador, que começa a ser uma prática comum devido a massificação dos smartphones, consiste na utilização por parte das operadoras móveis de informação que o próprio telemóvel vai guardando como por exemplo a localização do cliente, onde entrou para almoçar, onde passou a noite. Ou seja, as operadoras aproveitam-se desta informação sem o conhecimento prévio do cliente e utilizam-na em variadas situações, desde estudos de mercado até facultar essa informação à qualquer força de segurança nacional ou internacional.

Harvey (2012)15 afirma que a diferença entre VGI e CGI é ‘’Crowdsourcing data collected with user control is volunteered, whereas crowdsourcing data collected with no or limited user control in contributed.’’

Usando o quadro em baixo como referencia, verificamo-nos logo algumas diferenças entre VGI e CGI. Em que o OPT-IN se refere à informação voluntária e o OPT-OUT à informação contribuída sem o utilizador saber.

Volunteered (Opt-in) Contributed (Opt-out) Collection Reuse Collection Reuse

Clarity + ? ? ?

Control + ? - -

Legenda: ‘’+’’ e ‘’–‘’ indica a possibilidade e a ausência, ‘’?’’ indica possibilidades ambíguas

Tabela 2 – Diferenças entre OPT-IN e OPT-Out Fonte: Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012)

15 Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012) - Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, Springer

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30 Volunteered (Opt-in) Contributed (Opt-out)

Clarity and specifics Vagueness and generalities Control over data collection Uncontrolled data collection Limited control over data reuse No control over data reuse Tabela 3 - Principais diferenças entre VGI e CGI

Fonte: Goodchild, M.F.; Sui, D.; Elwood, S. (2012)

Podemos chegar já a uma conclusão e dizer que a informação voluntária é criada quando o utilizador quer e este pode escolher a mesma que quer criar, sem qualquer tipo de imposição ou pré definição por parte de terceiros. O utilizador tem a liberdade de fazer o que acha melhor.

Podemos dar o OpenStreetMap e o GeoCaching, como exemplo de VGI (OPT-IN). Já no lado do CGI (OPT-OUT) está o Cell Tracking e o RFID. Esta distinção permite-nos perceber e clarificar a diferença que existe na criação, uso e reuse da informação e ajuda a responder a questões sobre a origem e qualidade da mesma.

4.2.1 Concretamente quais as diferenças entre OPT-IN e OPT-OUT?

Uma distinção pode ser feita por exemplo entre a informação que nós escolhemos recolher, como geotagged uma fotografia numa rede social e a informação que é recolhida automaticamente por uma estação de monitorização de poluição do ar, ou outro tipo de sensor web. As fotos que inserimos na rede social permitem-nos controlar o acesso e o seu objectivo, ou seja, trata-se de uma informação fornecida de maneira voluntária, mas se por alguma razão essa mesma fotografia é usada para outros fins que não o pretendido inicialmente e sem a nossa permissão, torna-se numa contribute information. Exemplos mais complexos aparecem quando a informação é criada e usada pelo utilizador (a tal fotografia), mas a companhia que gere o site decide usar a informação geográfica presente na fotografia, como onde foi tirada e por quem foi tirada e vende esta informação a mobile advertisers. Percebe-se que a grande diferença entre OPT-IN e OPT-OUT é a liberdade de escolha no momento da publicação ou criação da informação, ou seja, de um lado a escolha de como e quando quero criar ou usar informação e de outro lado quando estou a criar e fornecer informação sem ter o conhecimento, controle e, ou influencia nisso.

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31 Têm aparecido nos últimos anos alguns casos de informação que é recolhida sem o conhecimento dos utilizadores. Empresas com a Apple, Microsoft e Google têm em mãos situação embaraçosas, devido à descoberta dos benefícios (para as empresas) da recolha de informação sem conhecimento por parte dos utilizadores. Houve relatos de que mesmo desligando todos os serviços de localização, havia informação a ser enviada constantemente para as diversas operadoras e empresas, onde a única maneira de impedir este envio de informação não-voluntária era desligando o telemóvel. A privacidade da localização e os seus problemas de vigilância será um dos temas que o uso e abuso do mobile computing nos trará, em parte porque será necessário perceber até que ponto queremos ser vigiados nesta maneira, pois o CGI já começa a desempenhar um papel importantíssimo na maneira como as companhia e as agencias governamentais sabem e prevêem as actividades da população. Recuando apenas umas semanas temos visto nos órgãos de comunicação social, esta conduta ser comum por parte dos gigantes da indústria informática desde Microsoft, Apple, ao Facebook. Revelou-se através dos media que estas empresas cediam informações aos governos, incluindo o governo português, sobre determinados utilizadores que se encaixavam num determinado perfil (criminosos, pessoas com ligações a determinadas organizações, etc…) e desta maneira são controlados de maneira passiva pelos governos e policia.

Dando um exemplo concreto de este tipo de ‘’abuso’’ por parte das empresas, um membro do partido dos Verdes Alemão, Malte Spitz, levou uma destas empresas a tribunal de maneira a poder ter acesso a um relatório detalhado sobre os 7 meses que esteve vinculado a uma operadora. O resultado foram 35.831 registos não autorizados do seu dia-a-dia, desde informação de onde ele esteve durante este período e quando é que ele esteve: em que ruas o utilizador esteve, que autocarro, avião ou comboio apanhou, onde ele trabalhou, onde é que ele gosta de passar o seu tempo livre, e até onde é que ele dormiu e quando é que ele dormiu.

Até que ponto é isto legitimo? Assumindo que houve um contracto assinado em que dá o direito de recolha por via não voluntária, não existe maneira de fugir a esta recolha por parte das operadoras ou das empresas.

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32 Resumindo percebemos que as diferenças entre o OPT-In e o OPT-Out estão na escolha que o utilizador possui em relação ao controle que tem sobre o serviço (OPT-IN) ou aceitar o serviço e todos os seus termos e condições sem ter qualquer controle sobre o que fornece à empresa ou operadora (OPT-Out). O Opt-In permite mais liberdade, flexibilidade e controle, por exemplo, oferece a possibilidade de usar alguns serviços e funções de location service e ao mesmo tempo permite desactivar outros que não interessam ao utilizador. Já o OPT-Out não oferece qualquer tipo de escolha ao utilizador obrigando-o a usar o serviço tal como ele é, sem excepções, ou caso o utilizador não goste a única solução é não usar o serviço.

A distinção dos dois conceitos Volunteered (Opt-in) e o Contributed (Opt-out) toca na definição ética do que é realmente é ser voluntário, ou seja, muitos utilizadores afirmam que ser voluntário é perceber o que se está a contribuir, como se está a contribuir, ter se controle sobre o que se contribui. O conceito da contribuição voluntária (Opting-in) clarifica que os criadores de informação voluntária concordam com que partilham e sabem as possibilidades dessa informação ser reutilizável. Por sua vez o conceito de Contributed (Opt-out) apesar de ser clara a sua função final, a aceitação desta envolve a perda de controlo e influencia sobre o que foi criado e limita o uso dessa informação no futuro.

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33 4.3. Valor da informação Geográfica

A recente explosão da informação geográfica voluntária introduziu novos desafios sobre o verdadeiro valor desta informação. Como é que a Geographic Information (GI) e a VGI podem ser classificadas em importância e potencial?

Vários sectores, desde os decision makers na área pública, privada e não-governamental, reconhecem que a GI pode ter um valor considerável na económica e no valor social, contudo como quantificar ou conceptualizar esta informação ainda é limitado e de resposta vaga. O uso de informação voluntária, user-generated como complemento à produção e uso da spatial data criou novos desafios na compreensão do valor da VGI.

Genovese et al (2009a)16 afirma que rotular o valor da informação geográfica é complicada por várias razões. Primeira porque não há um consenso predefinido de como é que o GI deve ser definido, ou seja, se é um produto, um processo ou um bem publico. Mesmo que a parte quantitativa do valor do GI (o que é necessário para criar, actualizar e distribuir um determinado data set) seja fácil de calcular, a vertente qualitativa do GI é dificilíssima de calcular. Longhorn e Blakemore (2008)17 demonstram que o valor dado a esse determinador data set pode variar de individuo para individuo, ou de empresa para empresa, porque há diferenças nas suas necessidades, recursos e objectivos.

Do ponto de vista de base de dados governamentais este valor económico pode ser definido pelo seu exchange value ou pelo valor que o comprador está disposto a pagar pela informação. Um das grandes motivações e expectativas dos produtores de informação, nos sectores públicos e governativos, é definir de forma concreta os benefícios para a económica nacional, ou seja, demonstrar que apesar do seu elevado custo de produção, manutenção é possível haver lucro e racionalidade numa altura em que existem restrições a níveis de orçamentos governamentais. Do lado das empresas

16 Genovese, E.; Cotteret, G.; Roche, S.; Caron, C.; Feick, R. (2009a) – Evaluating the socio-economic impact of geographic information: A classification of the literature. International Journal of Spatial Data Infrastruture research, 4, 218-238

17 Longhorn, Roger.; Blakemore, Michael. (2008) - Geographic Information: Value, Pricing, Production, and Consumption. Boca Raton, FL: CRC Press

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34 privadas o mote é a identificação e delimitação de um valor de referência com o actual mercado de GI e obter o máximo de lucros.

Compreender o valor qualitativo da authoritative GI provou ser mais complicado e complexo que calcular o valor desta informação através da vertente financeira, como o custo / beneficio / lucro / retorno do investimento. O cálculo dos benefícios através da vertente social são exprimidas através de haver mais informação na altura de decidir, na melhoria das capacidades de pequenos grupos terem acesso público a informação geográfica, melhoria dos serviços prestados pelo governo, ao acesso às tecnologias de spatial information que outrora estava apenas acessível a determinadas pessoas. Craglia e Novak (2006)18 identificaram três grandes tipos de benefícios sociais e políticos associados à authoritative gi.

• Benefícios associados aos cidadãos através do acesso fácil e descomplicado à informação criada. Mais transparência e facilidade de participação em assuntos relacionados com os GI, e interacção com as entidades competentes.

• Benefícios para o governo através da melhoria da colaboração com outros stake-holders dentro e fora do governo, melhoria da tomada de decisões, melhoria dos serviços prestados (serviços médicos, etc…), melhor gestão e planeamento do uso de terras e dos problemas ambientais.

• Benefícios para as entidades privadas no que toca ao aumento do conhecimento e da inovação, criação de novas áreas de negócio e de postos de emprego.

4.3.1 Como se quantifica e diferencia o valor desta informação autoritative para a informação voluntária?

O valor da informação geográfica voluntária tem aumentado nos últimos anos com a explosão das VGI sendo contudo impossível, mais uma vez, chegar a um valor concreto dessa mesma informação. Citando Cromprvoets (2010), Longhorn e Blakemore (2008) ‘’While there may be widespread recognition that GI has significant economic and social value, our understanding of how to quantify or even conceptualize

18 Craglia, M.; Nowak, J. (2006) – Report of international workshop on spatial data infrastructures: Cost-Benefit/Return on investment. Institue for Environment and Sustainability

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35 the value of GI remains limited’’19. A informação produzida não tem um valor fixo e por

isso é difícil estimar o seu valor. Sobre isto Longhorn e Blakemore (2008) dizem ‘’also note that the value of a given data set will often vary between individuals and/or organizations because of differences in their needs, resources and objectives’’20.

Percebemos que o valor da informação é diferente de objectivo para objectivo e de empresa para empresa.

Algumas empresas privadas conseguiram de maneira eficaz passar alguns aspectos da manutenção e criação da informação para os seus utilizadores através da criação de relatórios de erros e omissões. O Google Maps usou o termo ‘’Report a problem’’, a Garmin usa ‘’Report a map 35roblema’’ e na TomTom é usado o ‘’MapShare’’. Estes exemplos são a demonstração de que das base de dados privadas e authoritative GI começam a ser melhoradas e aumentadas através do VGI.

Voltando ao valor da informação através do VGI verificamos que se torna difícil, mais uma vez, de quantificar pois esta informação é privada contudo é possível ter uma ideia olhando para uma possível diminuição de custos e do aumento de ligação com os clientes associado aos serviços de GI que são actualizados diariamente.

Onde talvez se note mais uma evolução de valor na informação geográfica voluntária é na vertente social, em zonas afectadas por crises humanitárias, desastres naturais e em áreas cuja cobertura de mapas credíveis é pequeníssima. A plataforma Ushahidi-Haiti, criada em 2010 pós terramoto no Haiti, teve um enorme impacto social na gestão da catástrofe e no terceiro dia após a sua criação teve mais de 3000 contribuições e pedidos de auxílio, em que mais de metade foi submetida via SMS. Outra situação foi a necessidade de criação de mapeamento básico pois, devido à destruição da agência nacional de cartografia do Haiti, a pouca cartografia que existia foi destruída ou ficou inutilizada, foi então criada uma campanha de nome Drawing Together na qual foram pedidos voluntários através da internet para a criação e reconstrução de mapas capazes de ajudar a população local e os respectivos serviços de emergência. A OSM rapidamente criou uma plataforma específica, baseada no

19 Feick, Rob and Roche, Stéphane. (2012) - Understanding the Value of VGI. Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, 16, Springer

20 Feick, Rob and Roche, Stéphane. (2012) - Understanding the Value of VGI. Crowdsourcing Geographic Knowledge: Volunteered Geographic Information (VGI) in Theory and Practice, 18, Springer

Imagem

Ilustração 1 – Como funciona a WEB 2.0   Fonte: Criação própria
Ilustração 2 - Xerox PARC Map View
Ilustração 3 - O TIGER Map Server, ano de 1997
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