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Diferentes tipos de base de dados crowdsourced system com contribuição activa São usados na contribuição activa, maioritariamente, sistemas open e hybrid O

2. Evolução da criação de informação

5.1 Diferentes tipos de base de dados crowdsourced system com contribuição activa São usados na contribuição activa, maioritariamente, sistemas open e hybrid O

sistema Open é baseado numa plataforma não-proprietária que confia nas informações criadas pelos seus utilizadores e não restringe a edição dessa mesma informação por parte de outros utilizadores. É um sistema que fornece também de forma gratuita os dados criados e editados pela comunidade.

O sistema hybrid, o termo vem do uso de base de dados comum e de crowdsourcing, usualmente é baseado numa plataforma proprietária, usa informação criada via crowdsourcing mas em pequena escala, ou seja, apenas permite contribuições de tipos de informação muito limitada. Este tipo de sistemas apesar de permitirem crowdsourcing, a informação criada a partir deste modo é depois analisada de forma extensiva e rigorosa antes de ser introduzida na base de dados final.

No que toca a sistemas open (abertos) podemos dar como exemplo o OpenStreetMaps (OSM), na qual todas as contribuições são aceites e todos podem editar. Contudo de modo a não haver demasiados erros e a precisão da informação ser reduzida, criou-se um sistema de feedback que permite avaliar e premiar os utilizadores credíveis e confiáveis da comunidade, o que leva a que a informação criada e introduzida por estes utilizadores ser automaticamente inserida na base de dados final. Esta informação pode ser revista por outros utilizadores do mesmo estatuto. Este tipo de abordagem presume que quantas mais pessoas (olhos) houver a editar uma determinada zona melhor é, pois assim será possível remover falhas, spam, informação incompleta e até errada da zona. São sistemas que são caracterizados por se self-healing ao longo do tempo, ou seja, novas edições são avaliadas e modificadas, caso necessário, por todos os utilizadores com boa reputação.

Já os sistemas de compilação híbridos, mistura de crowdsourcing e base de dados de mapas tradicional, usam as contribuições de crowdsourcing apenas como indicador de mudança e sinal para que a entidade perceba que naquela região existe

41 algo que tem que ser modificado e actualizado. Estas contribuições públicas não são vistas como confiáveis mas apenas como indicação de um possível erro a actualizar. A informação que acaba por ser necessária actualizar passa por um longo caminho de pesquisa, controlo de qualidade antes de ser aceite e publicada na base de dados final. Olhando para o exemplo, de uma base de dados governamental, do Swiss Federal Office of Topography em que este integrou o conceito de crowdsourcing no seu sistema de base de dados de GIS, verificamos que isto permitiu a actualização das bases de dados actuais como criou uma nova forma de relação com os seus clientes. Apesar de ser necessário a revisão e a sua aprovação pelos técnicos antes de ser actualizada a base de dados, é possível carregar informação de GPS tracks, anexos, notificações de erros, linhas e superfícies.

Nas base de dados com fins comerciais, a Google, usando o Google Maps é o líder no uso do sistema hibrido e um dos primeiros a adoptar o sistema de crowdsourcing (não nos moldes actuais) nas suas base de dados GIS, o seu primeiro projecto de nome Google Map Maker foi desenvolvido com o intuito de alargar a oferta de cartografia em zonas distantes e isoladas onde os principais map suppliers não conseguiam chegar e fornecer essa informação. Até 2009 a informação de base era fornecida pela NAVTEQ e pela Tele Atlas (actual TomTom), contudo pós 2009 a informação passou a compilada e criada pela própria Google. A base de dados foi criada com recurso ao método tradicional de criação de informação geográfica e não por crowdsourcing, mas apesar disto foi concebido uma área para o utilizador poder reportar possíveis erros e problemas e permitiu também o uso do Google Map Maker para editar, com um certo limite, alguns layers de informação.

A actual TomTom (antiga Tele Atlas) teve algum sucesso com a implementação do crowdsourcing no seu programa Map Share, parte integrante do conceito TomTom Personal Navigation Device (PND). Contudo devido a problemas financeiros este conceito foi abandonado e focaram as prioridades de recolha de informação através de sistemas passivos.

Tal como a TomTom a NAVTEQ (agora pertencente à NOKIA) foi bastante bem sucedida na recolha através de sistemas passivos, devido ao seu grande número de

42 parceiros na área dos transportes e nos mercados de navegação. Este data flow foi beneficiado também por grande parte dos telemóveis da Nokia estarem fornecidos e ligados aos servidores da NAVTEQ. Contudo no que toca ao crowdsourcing, foram menos bem-sucedidos, em grande parte pela plataforma (Map Reporter) ser pouco popular, pouco user friendly e pouco intuitiva, mas em 2011 a Nokia introduziu em algumas áreas do planeta o acesso, muito limitado e restritivo, à sua nova plataforma Map-Wiki que veio com o intuito de demonstrar que o crowdsourcing é um conceito com futuro, será debatido esta plataforma num capítulo mais à frente.

É importante relembrar que tanto o Google, NAVTEQ e TomTom limitam os tipos de edições permitidas aos seus utilizadores. E ao contrário do Google, tanto a NAVTEQ como a TomTom usam a comunidade como maneira de perceber onde há mudanças a fazer numa determinada área. Ambas as plataformas quando há edições a fazer, procuram por utilizadores que tenham um feedback positivo e que sejam authorative e trusted source para que possam validar as mudanças na informação geográfica. Em casos extremos onde não é possível confirmar a informação através de data mining, procede-se ao envio de um representante da empresa para averiguar a área de modo a alterar as mudanças exigidas e demonstradas pela comunidade.

Apesar de usarem o crowdsourcing na criação das suas bases de dados geográficas, companhias como a TomTom e Nokia (NAVTEQ), continuam na preferir usar na fase final por avaliar a informação, criada por outros, usando os seus próprios métodos de controlo e de avaliação.

43 5.2 Como funciona o crowdsourcing num sistema híbrido e aberto?

Usando o OSM como base de análise percebemos que foi uma plataforma com um sucesso acima da média no que toca à criação e compilação de um map database num ambiente de crowdsourcing, contudo esta plataforma não pode ser colocada ao nível de um verdadeiro sistema SIG, isto porque não possui o data quality, nem o data specifications necessário. Estes dois factores são limitativos do alcance do crowdsourcing em funções mais comerciais e onde seja necessário usar base de dados geográficas com informação fidedigna e credível.

As bases de dados geográficas tradicionais são conhecidas por serem usadas na navegação, location-based services, GIS e outras aplicações que tenham como standard, a nível da qualidade, um nível acima da base de dados do OSM (em que estas são VGI). Muitas bases de dados comerciais são constantemente actualizadas por imposição contractual, o que leva a emprega prestadora do serviço a ter uma permanente actualização da área pretendida pelo cliente, ao contrário do sistema de crowdsourcing que a área é apenas actualizada caso o utilizador tenha interesse ou vontade de o fazer. Isto leva-nos a um ponto em que percebemos que uma base de dados geográfica credível e comercial nunca poderá ter como pilar apenas um sistema VGI, pois nesse sistema de criação de dados, não há obrigações ou imposições por parte de ninguém, o que leva muitas vezes a determinadas áreas só serem actualizadas uma vez.

44 Ilustração 11 – Sistema híbrido de aquisição de informação geográfica

Fonte: elaboração própria

Olhando de uma maneira mais teórica percebemos que o sucesso do crowdsourcing como base de dados está directamente ligado ao número de contribuições feitas pelos participantes, ou seja, se há poucos participantes na plataforma haverá pouca informação criada nessa mesma plataforma. As contribuições feitas por um single user para uma determinada área, não são contribuições com a data quality necessária para ser usado com fins comerciais, tais como navegação, location-base services, GIS e outro tipo de aplicações nas quais a informação usada tem um mínimo de qualidade que o crowdsourcing ainda não atingiu. O facto de ser necessário haver de vez em quando uma actualização nessa mesma área, faz com que tenha que haver contribuidores que queiram actualizar essa mesma área, o que pode não acontecer, contrariando a ideia de que este sistema de criação de informação se self-healing over time (em que erros e actualizações são feitas ao longo do tempo por outros utilizadores e em que é necessário um fluxo constante de novos contribuidores para substituir os que já estão inactivos e desinteressados).

45 Dando o exemplo do OSM, desde na sua criação até 2013, este atraiu cerca de 1.000.000 contribuidores24, mas verifica-se que a contribuição regular e frequente é uma excepção à regra. Usando os dados fornecidos em The OpenStreetMap Contributores Map (2013)25, baseados em informação recolhida até 2013, mostram que a grande maioria (300.000 utilizadores = 30%) dos utilizadores do OSM só por uma vez criaram um changeset na plataforma e apenas 200.000 utilizadores criaram um node. De uma perspectiva mais local, Haklay (2008)26 demonstra que cerca de 70% da informação existente para Inglaterra foi criada por cerca de 50 contribuidores, uma tendência que na pesquisa de Budhathoki (2010)27 a nível global também acontece pois cerca de 0.6%, de todos os utilizadores mundiais, têm em média cerca de 100.000 POI’s cada um.

Ilustração 12 – Contribuidores activos no OSM Fonte: http://neis-one.org/2013/01/oooc/

24 http://blog.openstreetmap.org/2013/01/06/1-million-openstreetmappers/ 25 http://neis-one.org/2013/01/oooc/

26 Haklay, M. (2008) – Understanding the quality of user generated mapping. Department of Civil Environmental and Geomatic Engineering, University College London

27 Budhathoki, N.; Haklay, M.; Nodovic-Budic, Z. (2010) – Who map in OSM and Why? Presentation at State of the Map, Open Street Map

46 6. O que é o OSM?

O OpenStreetMaps também conhecido por OSM foi criado por Steve Coast em 2004. O objectivo foi conceber um mapa online em que todas a informação seria criada por voluntários e que seria livre de ser usado por qualquer pessoa, e não teria restrições ao nível de licenças no seu uso. Qualquer pessoa pode editar o mapa, discutir o que já foi criado, criar tutoriais, aceder a informação já existente, modificar essa informação, etc..

Trata-se de uma plataforma onde o utilizador é convidado a participar e a editar ou criar de acordo com as suas necessidades, sem seguir qualquer tipo de regras ou objectivos. Os utilizadores são motivados a contribuir por uma serie de razões, já referidas nos primeiros capítulos do trabalho, entre elas motivações pessoais e por vezes motivações altruístas. A plataforma tem a particularidade de suportar actualizações constantes e validar a informação de maneira quase instantânea. Toda a informação criada e editada no OSM é ONLINE e acessível em qualquer parte do planeta. Foi usado como informação de base inicial centenas de GPS tracks e mais recentemente fotografias aéreas através de uma cooperação com a Yahoo!.

Uma particularidade do OSM é o facto de permitir à comunidade que responda de forma rápida a situações de emergência em que é necessário o acesso a mapas actualizados. Dando como exemplo o terramoto de 2010 no Haiti, assistiu-se nas horas seguintes ao mesmo a uma actualização, por parte de voluntários em tempo real, da cartografia das zonas afectadas pelo terramoto. Compilando informação pós terramoto com a informação pré terramoto foi possível organizar e coordenar ajuda para as áreas mais atingidas pelo acidente natural.