• Nenhum resultado encontrado

Diálogos com o estágio supervisionado: os desafios metodológicos da docência, e de leituras dos alunos no ensino médio.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Diálogos com o estágio supervisionado: os desafios metodológicos da docência, e de leituras dos alunos no ensino médio."

Copied!
78
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

PROFESSORA: ELDA SILVA DO NASCIMENTO MELO

ANA IZABEL BEZERRA HISTER PONTES

Diálogos com o estágio supervisionado – os desafios metodológicos da

docência, e de leituras dos alunos no ensino médio.

(2)

Diálogos com o estágio supervisionado – os desafios metodológicos da

docência, e de leituras dos alunos no ensino médio.

RELATÓRIO ANALÍTICO DE PRÁTICA EDUCACIONAL APRESENTADO COMO REQUISITO Á AVALIAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PARA OBTENÇÃO DE TÍTULO DE LICENCIADO EM CIÊNCIAS SOCAIS.

ORIENTADORA: ELDA SILVA DO NASCIMENTO MELO.

(3)

Diálogos com o estágio supervisionado – os desafios metodológicos da docência, e de leituras dos alunos no ensino médio.

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Ciências Sociais, no curso de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela banca examinadora:

Aprovado em:___/___/____

_______________________________________________________ Prof.ª. Drª. Elda Silva do Nascimento Melo

Departamento de Educação -UFRN (Orientadora)

________________________________________________________ Prof.ª. Drª. Cynara Teixeira Ribeiro

Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação -UFRN (Membro)

________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Carvalho Assunção

Departamento de Antropologia-UFRN (Membro)

(4)

Á família...

Agradeço a minha família como um todo, por tudo pela torcida, pelo carinho, respeito e amor principalmente nas horas mais difíceis. Agradeço a todos os meus tios e tias pelo amor e atenção de verdadeiros pais dedicados a mim. A meus primos agradeço as risadas e o entendimento pelas minhas escolhas e pela pessoa que sou, pois onde há amor não há espaço para diferenças. Ao meu irmão e minha irmã pelo apoio. A Maryana Bezerra e Heverton Carlos minha primos/irmãos por simplesmente existir!

Em especial agradeço a meus pais as pessoas mais importantes e fundamentais para que pudesse chegar onde cheguei, agradeço a todos esforços e dedicação, agradeço a minha mãe por insistir que a educação seria um caminho, do qual hoje confesso que mudou minha vida. E a meu grande mestre, amigo e companheiro de lutas meu pai por me ensinar a não desistir, deixar de sorrir e ter fé sempre, com está frase: "nunca deixe a tristeza se apoderar do seu coração, abra os braços pra vida por que ela te espera de braços abertos para um novo amanhã" (frase da música: tire os grilos da cabeça, banda: Renato e seus blue CAPS, composição: Alessandro)

A Roberta por ter salvado minha vida, e, portanto estar aqui hoje concluindo mais uma etapa da minha vida.

Á os amigos, colegas de curso e universidade...

Agradeço a estes pelo acolhimento que só a família de coração que são os amigos podem dar, sem vocês com certeza não chegaria onde cheguei de forma tão sã, diante de toda paz, amor, bons momentos que tornaram minha caminhada mais leve fazendo assim que pudesse continuar caminhando sabendo que sempre poderia contar com o apoio de vocês, só tenho mesmo a agradecer e espero poder contar e retribuir o amor de cada um de vocês até o fim de minha vida, vocês são parte mim e eu de vocês. Sem vocês a vida não seria tão doce.

(5)

Aos colegas de curso e universidade, por compartilhar todas as angustias e vitorias dentro e fora das salas de aulas, agradeço as todas as vivencias dentro e fora da universidade, pelas conversas e brincadeiras corredores e nas lutas por um mundo melhor, me fazendo acreditar que mudar sempre é preciso e possível. Os levarei comigo sempre. “

Companheirx me ajude que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor! (frase inspirada na música: lavadeira, composição: edigar mão branca, autor da frase: desconhecido).

Aos mestres...

A profa. Elda Melo que me proporcionou uma experiência de estagio incrível, sendo minha docente em todas as quatro etapas do estágio tive a oportunidade de contar com toda sua destreza, calma, sagacidade e amor a educação e à docência, para que pudesse fazer cada etapa dos estágios da melhor forma possível, a ela só tenho a agradecer por preparar o terreno para que pudesse me apaixonar pela educação. Espero um dia ser uma professora que nem você.

A o prof. Augusto Cesar, meu tutor em todas as etapas do estágio, assim como tutor na escola onde atuo como bolsista do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), se mostrando como um verdadeiro mestre e me dando todo apoio necessário desde os meus primeiros contatos na escola, e fazendo com que não me assustasse com todo aquele novo ambiente que é a escola, agradeço a paciência e o apoio, pois assim são os mestres além de lhe mostrar o caminho lhe acompanham.

A profa. Cynara Teixeira Ribeiro por me mostrar que a sala de aula pode sim ser um ambiente leve, livre de opressão e de imensa liberdade em busca do saber.

Ao PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) ...

Por me dar a oportunidade de ter um contato com a escola que vai além das experiências com os estágios supervisionados, sendo umas das maiores contribuições

(6)

Tendo participado de dois editais do projeto (2012 e 2014) agradeço referente a minha primeira ligação com o PIBID em 2012 a coordenador Gilmar Santana por me ensinar o quão doce, ético e lúcido pode ser a experiência docente, assim como a todos os colegas que tornaram esse primeiro contato com a escola algo mais leve. Já referente a minha volta ao projeto em 2014 agradeço aos coordenadores Ana patrícia Dias e Douglas Araújo por acreditarem no projeto e dar a oportunidade de viver com mais profundidade as experiências docentes me deixando muito mais preparada e confiante para encarar a docência, e encorajando buscar sempre melhorar e me dedicar à docência de forma sabia. Não poderia deixar de agradecer aos colegas que me deram todo apoio e força necessária para continuar no projeto mesmo com todos os desafios, agradeço a vocês todas as risadas, carinhos e esforços compartilhados.

(7)
(8)
(9)

I - FIGURAS

Figura 1: imagem retirada do tumblr, fazendo alusão ao epígrafe.

Figura 2: fachada da Escola Estadual Professor Anísio Teixeira. Foto: Augusto Cesar. Figura 3: mapa de localização da escola, Google maps, 2015

Figura 4: foto anisio teixeira.

Figura 5: panorâmica das imediações da escola, praça cívica e bairro de Petrópolis. Figura 6: pátio da escola, foto de Ana Izabel.

Figura 7 espaços livre citado acima. Google maps. Figura 8: carrinho que transporta o data show.

Grupo de figuras 9: fotos referentes a oficinas de leituras. II – TABELAS

Tabela 1: número de alunos por turno.

(10)

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO. ...11

CAPÍTULO II. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA. ...12

CAPÍTULO III. FASES DE DESCOBERTAS – PENSANDO E SE INSERINDO NOS ESTÁGIOS DOCENTES...24

III.I: TORNANDO-SE DE CASA, OBSERVAÇÕES E FAMILIARIZAÇÃO COM A ESCOLA. ...24

III.II: MINHAS PRIMEIRAS CONTRIBUIÇÕES PARA A ESCOLA. ...30

CAPÍTULO IV. FAZENDO-SE DOCENTE, AGORA EM SALA DE AULA. ...39

CAPÍLO V. PIBID – CIÊNCIAS SOCIAIS. ...47

CONSIDERAÇÕES FINAIS. ...50

REFERENCIAS. ...53

(11)

I - INTRODUÇÃO

Como pensar à docência sem pensar em sua prática?

É dessa forma que os estágios supervisionados de formação de professores tornam-se de fundamental importância para os que fazem a licenciatura. O estágio é o momento de agir, de estar diante das dores e delícias de ser educador. No estágio pensamos e tratamos sobre a prática, sobre a educação, é um momento privilegiado do curso, pois é nele que se tem a oportunidade de sistematizar o que foi apreendido.

Sendo divido em quatro etapas denominadas Estágio Supervisionado de Formação de Professores I, II, III e Estágio Supervisionado de Formação de Professores para o Ensino Médio. A primeira etapa do estágio busca fazer um diagnóstico do ambiente escolar e sua comunidade; na segunda etapa do estágio supervisionado é realizada uma intervenção na escola, abordando temas que foram percebidos como importantes para a escola, nas observações da primeira etapa do estágio. Nas duas etapas seguintes, o estágio consiste em apoiar o professor supervisor da escola e realizar a regência em sala de aula. Ademais, o foco geral que perpassa todo trabalho se dá na questão metodológica, de como realizamos a prática de nossas regências e como pretendemos atuar enquanto docentes fora dos espaços oferecidos pela universidade, ou seja, em nossa profissão.

Foi usado como referencial teórico principal Freire (1996) onde encontrei-me veemente em todas as questões que envolvem minha prática docente, além de outro autores complementares, a fim de pensar o planejamento das aulas e demandas sobre a leitura e a escola, dentre estes estão Petit (2008) e Haydt (2006) utilizados para trabalhar o tema da leitura; Libâneo (1994) e Masetto (1997) para se elucidar a questão do planejamento e para as questões de inspirações etnográficas, para me familiarizar e estranhar o ambiente escolar utilizamos Levi Strauss (2005) e Gilberto Velho (1987).

Escolhemos como campo do estágio a Escola Estadual Professor Anísio Teixeira. Tal escolha se deu pelo contato já existem com escola, onde já atuávamos como bolsista do programa PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) antes mesmo de se iniciar a etapa dos estágios.

O presente relatório se divide em caracterização da escola, relato teorizado e refletido sobre a prática nos estágios supervisionados e experiências do PIBID, somado a este processo do fazer-se docente, além de considerações finais, na qual avalio a

(12)

prática do estágio, Docência e curso de ciência sociais (licenciatura) como um todo, além das referências, anexos, planos de aula e fotos.

(13)

II - CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

Figura 2: fachada da Escola Estadual Professor Anísio Teixeira. Foto: Augusto Cesar.

Como já mencionado a escola campo onde foram realizadas todas as etapas dos estágios supervisionados para formação de professores e experiências docentes, assim também como atividades do PIBID e demais atividades descritas no presente relatório foi a Escola Estadual Professor Anísio Teixeira, situada na Rua Trairi – 480, Petrópolis, na cidade de Natal. Sendo um estabelecimento mantido pelo estado do Rio Grande do Norte e gerenciado pela Secretaria de Educação e Cultura /SEEC/RN. Criada pelo decreto – Lei 6.480, no dia 18 de setembro de 1974, portaria de funcionamento nº 282176 de 16/12/1976 no Diário oficial nº3.907.

(14)

Anísio Spínola Teixeira foi um um jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Muito importante nas decadas de 1920 e 1930, pois ele difundiu os presupostos do movimento da escola nova que tinha como objetivo a renovação do ensino, dando ênfase no desenvolvimento intelectual e na capacidade de julgamento, em preferência a memorização.

Figura 4: Anísio Teixeira, google.

Para Anísio Teixeira a educação deveria ser para todos. Assim, seria um modo de democratizar realmente a sociedade. Escreveu várias obras, sendo profundamente preocupado com a educação brasileira, defendia que esta deveria ser livre de privilégios para as elites. Segundo Teixeira (1936, p.247) “Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina de preparar democracias. Essa máquina é a da escola pública”. Portanto, a Escola Estadual Professor Anísio Teixeira recebe este nome como forma de homenagenar este educador que se empenhou em pensar, repensar e melhorar a educação pública brasileira.

A escola em seu início objetivava formar para o mercado de trabalho, por meio do ensino profissionalizante de qualidade. Procurava desenvolver competências e habilidades para o exercício da cidadania, oferecia cursos de assistência em administração, técnico em contabilidade e secretariado e técnicas bancárias. Sob um projeto lançado pelo governo do estado em 1988 dentro das instalações onde atuava o Centro de Educação Profissionalizante Jessé Pinto Freire – CENEP. Mas para a elaboração/continuação do projeto foi necessário readaptar a estrutura, assim o CENEP funciona até hoje e fica localizado ao lado do Anísio Teixeira, na rua Trairi.

(15)

Figura 5: panorâmica das imediações da escola, praça cívica e bairro de Petrópolis.

A adaptação resultou em uma divisão estrutural que inclui a diminuição do ambiente escolar. Com isso, o atendimento aos alunos caiu aproximadamente em 40%, incluindo também a perda da quadra de esporte e do auditório. Atualmente, a escola é considerada modelo, sua estrutura é antiga, porém conservada. Encontra-se na esquina da Av. Prudente de Morais com a Rua Trairi, ela não é única situada nessa região, considerada central, existem outras escolas por perto, sendo o bairro onde se localiza a escola considerada uma área nobre da cidade de Natal.

A perda da quadra de esportes até hoje é sentida pelos estudantes da escola, pois geralmente além do pátio é na quadra de esportes onde estes encontram um espaço para suas interações, socialização, jogar, brincar, conversar, paquerar, ficar entre um horário e outro quando não há professor e etc. Desta forma, os estudantes ficam alocados apenas no pátio da escola, que não é apropriado para ser usado como área de convivência, com apenas algumas mesas e cadeiras de plástico, amontoadas em um canto da parede, na maioria das vezes, pois nem nestas os estudantes têm disposição para se acomodar, o que interfere também no funcionamento das aulas, pois as turmas, que ficam no térreo, ainda não dispõem de ar condicionado e ficam com as portas abertas, obtendo uma visão ampla de todo pátio. Desta forma, quem está fora e quem está dentro das salas podem se observar e se comunicar, o que acaba tirando a atenção de quem está dentro da sala de aula. O pátio é usado para culminância não só de espaço

(16)

de convivência dos estudantes, mas também como refeitório, pois a escola não possui um. Nesse local também é onde fica o único bebedouro da escola.

Figura 6: pátio da escola, foto de Ana Izabel.

O entorno do colégio é formado por uma praça, outras escolas, cigarreiras, lojas, clínicas, podendo se considerar que é uma região em sua maioria comercial, o que pode ser atrativo para os estudantes do turno noturno, já que estes estudantes trabalham durante o dia, no entorno da escola e estudam durante a noite.

A escola cercada por muros possui em sua frente o estacionamento, por onde temos acesso ao portão de entrada ao ambiente escolar. Logo ali, no início temos um espaço livre em que existem muitos quadros de aviso e propaganda, como também existem tabelas dos projetos que atuam na escola, fotos antigas do colégio, antes da mudança estrutural.

(17)

Figura 7: espaços livre citado acima. Google maps.

A escola é de grande porte, mas atua apenas com o ensino médio e realiza suas atividades nos três turnos, sendo no noturno o ensino médio diferenciado, pois os estudantes deste período trabalham durante o dia e tem uma certa pressa em receber o certificado de conclusão do ensino médio, assim o ano letivo é dividido por blocos(semestres). São 1.000 horas no primeiro semestre e 1.000 horas no segundo semestre, sendo ofertada uma parte das disciplinas no primeiro semestre e outra parte das disciplinas no segundo semestre. Apenas as disciplinas de português, matemática e educação física são ofertadas nos dois semestres. A faixa etária do público alvo desde turno vai de 16 anos até 80 anos.

No turno matutino existem 16 turmas, no vespertino 16 turmas e no noturno 6 turmas do 1ª a 3º ano. A escola tem um total de 1.599 estudantes, sendo 19 deles com deficiência auditiva. Existem também alunos com problemas mentais. Estes, em entrevista, foram apenas citados e não especificados em números ou especificidades dos problemas. Estes alunos recebem atendimento especial da escola, na sala de recursos multifuncionais, que funciona todos os dias, exceto na sexta-feira onde a pessoa encarregada pela sala faz um curso de aperfeiçoamento garantido pela secretaria estadual de educação. Assim, os estudantes podem utilizar os recursos dispostos na sala num período entre turnos.

(18)

TABELA1 - TABELA INDICATIVA: NÚMERO DE ALUNOS POR TURNO.

Os estudantes observados, independentemente de qualquer diferença física ou intelectual, tem uma boa relação com a comunidade escolar assim como uns com os outros. Os estudantes surdos, que são maioria entre aqueles com necessidade especial, têm uma boa relação com a escola e são dedicados, não apresentando déficits de aprendizagem e têm uma boa convivência com os estudantes e resto da comunidade escolar, não havendo assim, nenhum caso de discriminação ou preconceito com estes, o que garante uma boa convivência dentro na escola.

Não há casos graves de violência, ameaças, preconceitos ou desordem de qualquer tipo. Os estudantes são, em sua maioria, apáticos e, alguns muito afetivos, permitindo um ambiente mais tranquilo para se iniciar o fazer-se docente.

Para a manutenção do sistema escola, há atualmente uma equipe de 97 funcionários, sendo 57 professores (incluindo professores readaptados) e 40 servidores. De acordo com a coordenação pedagógica seria necessários professores substitutos que deveriam ser enviados pela Secretaria Estadual de Educação, o que nunca ocorre, além de psicólogos para assistir os estudantes e o corpo docente.

A escola se mostra muito aberta para receber qualquer tipo de projeto que dentro dos seus paramentos venham a somar ao processo educativo. Como é o caso de projetos que visem o combate as drogas. Além disso, recebe muito bem os estagiários, deixando-os a vontade para perguntar, opinar, observar e ministrar suas aulas.

A seguir apresentamos a comunidade escolar, com a quantidade de integrantes dos vários segmentos da escola.

TURNOS Nº DE ALUNOS

MATUTINO 727 VESPERTINO 626

(19)

TABELA 2 – TABELA INDICATIVA: COMUNIDADE ESCOLAR

Partindo de uma visão interna, o prédio de primeiro andar possui em seu térreo quatro salas de aula, um pátio e uma sala que já serviu de sala de aula, depósito e hoje serve de sala de jogos, onde são ofertadas aulas de taekwondo, ministradas com autorização por um estudante da própria escola. Ainda no pátio há uma escultura de um globo, uma sorveteria (privada) onde seu dono um senhor intitulado por “Tico” atua não só como vendedor de sorvete mais também como “quebra galho” da escola. Sendo assim, qualquer probleminha de ordem estrutural que ocorra, Tico está lá para resolver, sendo não oficialmente mais por consideração de toda comunidade escolar e disponibilidade própria, uma espécie de zelador da escola. Em minhas primeiras visitas à escola foi uma espécie de informante daquele ambiente.

A escola conta ainda com uma cozinha, uma dispensa, dois banheiros para os estudantes e mais dois para os funcionais. Há, também, mais dois banheiros para estudantes no primeiro andar que não funcionam. Os banheiros são limpos, porém muito velhos, não adaptados e não há expectativas para que estes sejam reformados e adaptados, são todos sempre um masculino e um feminino sempre um ano lado do outro. Os banheiros dos estudantes se localizam no corredor principal da escola e os dos funcionários fica no corredor da secretaria, onde há também uma copa, um almoxarifado e uma sala de recursos multifuncionais já citada acima.

Em um corredor paralelo ao citado acima existe a sala dos professores, uma biblioteca, uma sala de artes usada por qualquer professor da escola e muito utilizada para oficinas do projeto ProEMI, e, uma sala para serviços gerais utilizada pelos funcionários da escola. Ainda perto desse ambiente, existe uma entrada que permite a

COMUNIDADE ESCOLAR QUANTIDADES

ALUNOS 1599

ALUNOS SURDOS 19

PROFESSORES 57

(20)

chegada à sala da coordenação pedagógica e dos arquivos. Dos últimos espaços citados, cinco são ambientes climatizados, a biblioteca, sala dos professores, diretoria, secretaria, coordenação pedagógica. Ainda no térreo, há quatro salas de aula, estas como já dito não possuem ar condicionado. Portanto, permanecem com a porta aberta dando ampla visão para o pátio e dispersando a atenção dos estudantes que estão dentro de sala de aula.

Já no primeiro andar há treze salas de aula, uma sala de informática que possui 20 computadores, dos quais 12 estão funcionando e oito em manutenção. Este laboratório, funciona todos os dias e todos os turnos e pode ser usado apenas para atividades escolares. Há uma sala de vídeo usada pelos professores mediante agendamento, assim estes se reversam no uso da sala e em um espaço aberto entre as salas há um banco grande onde os estudantes ficam em períodos de intervalo ou horários vagos. A forma de chegar ao primeiro andar são duas, a escada e a rampa.

No interior do colégio, além de tudo já descrito, há poucas árvores, e um canteiro verde, esquecido, próximo a cozinha, onde poderia haver, por exemplo, uma horta com ervas para temperar a merenda escolar. Nas salas de aula do primeiro andar existem: ar condicionados, que são novidade na escola, tendo sido instalados no ano de 2014. Dessa forma, melhorou um pouco mais o ambiente da sala de aula que antes era muito quente, o que interferia inclusive no processo de ensino-aprendizagem. Há em cada sala também um quadro branco, um cesto de lixo pequeno, carteiras sem conforto, algumas paredes pichadas e um ambiente não muito limpo, principalmente, após o intervalo, pois como não há refeitório, alguns estudantes vão comer dentro das salas e acabam deixando pratos, copos e talhares na sala após o intervalo.

Não há Datashow ou dispositivos tecnológicos nas salas, mas há uma curiosidade na escola “um carrinho do Datashow”. Trata-se de uma invenção feita pela gestão da escola a fim de facilitar o transporte do Datashow para dentro da sala de aula, pois a escola possui apenas um aparelho e havia uma perda de tempo muito grande ao levar o mesmo e instalá-lo cada vez que ia ser usado, assim foi confeccionado um simples carrinho de ferro que suporta todo material necessário para que o Datashow funcione (Datashow, computador, cabos, etc.). Assim, o professor basta dirigir o carrinho.

(21)

Figura 8: carrinho que transporta o Datashow.

O diagnóstico feito na escola envolveu também a parte legal que a rege, em suma o Projeto Político Pedagógico – PPP, o qual contém as normas, regimento e estatuto.

Em entrevistas com a equipe pedagógica constatou-se que a escola possui todos esses documentos e que a comunidade escolar conhece tanto o regimento quanto o estatuto em seu primeiro dia de aula, não todo, apenas fragmentos, sendo apresentados para os estudantes pelos próprios professores em suas primeiras aulas, é entregue uma cópia com as principais regras aos estudantes. A mesma cópia que foi entregue a mim e, segue em anexo.

As regras envolvem praticamente orientações que vão desde o uso do fardamento, violência na escola e agressões, acessibilidade a condutas dentro e fora de sala de aula, a fim de atingir o melhor convívio e funcionamento da escola. Como por exemplo os artigos a seguir.

Art. 7 – Só será permitida a entrada do aluno devidamente fardado (camiseta da escola, calça jeans básica azul, tênis preto ou branco, não sendo permitido blusas curtas e outros acessórios como gorros, bonés, bandadas em desconformidade com o uniforme da instituição), estando sujeito a: I – advertência verbal, II – recolhimento dos objetos em desconformidade, III – suspensão de 1 a 3 dias. [...] Art. 30 – caso o aluno cometa agressão física ou verbal ao colega, estará sujeito: I – advertência verbal, II – recolhimento dos objetos em desconformidade, III – suspensão de 1 a 3 dias.

(22)

Foi possível observar que, em relação ao fardamento, o artigo não é totalmente cumprido por parte dos estudantes, nem suas punições aplicadas por parte da escola, assim como, a punição para casos de agressão como mostra o artigo 30 é o mesmo pensado para descumprimento de regras menos graves como é o não uso do fardamento ou o uso de acessórios. Estas formas de punição poderiam ser repensadas por parte da escola já que a pena aplicada pelo não uso do fardamento é a mesma aplicada a casos de agressões. Sendo o não uso do fardamento ou uso de acessórios uma forma que geralmente tolhe uma parte da característica cultural e principalmente estética do estudante, já os casos de agressão que interferem bem mais no andamento do bom convívio deveria ser avaliado com mais seriedade por parte da gestão escolar.

O PPP foi feito por duas equipes pedagógicas, e não foi disponibilizado para apreciação, nem tão pouco para ser colocado em anexo neste relatório, pois como dito em entrevista: “- ele está muito feio”. Há ainda o indicativo que um novo PPP está sendo feito neste ano de 2015, sendo pensado por toda equipe pedagógica e de funcionários da escola que tenham interesse em construí-lo, o mesmo também não poderá ser disponibilizado, pois será finalizado após a entrega e apresentação deste trabalho.

O plano da escola é um guia de orientação para o planejamento do processo de ensino. Os professores precisam ter em mãos esse plano abrangente, não só para uma orientação do seu trabalho, mas para garantir a unidade teórico-metodológicas das atividades escolares. (LIBÂNEO, 1994, pág. 225).

A escola possui conselho escolar atuante formado por professores, direção, coordenação, funcionários da secretaria, alunos e pais de alunos com reuniões que acontecem a cada última sexta do mês. Já as reuniões de pais são feitas ao fim de cada bimestre. Uma equipe financeira formada dentro da escola pelo diretor, vice e coordenador administrativo e pedagógico cuida de toda parte financeira e necessidades da comunidade escolar.

Sobre os programas atuantes na escola são apenas dois o ProEMI, (Programa Ensino Médio Inovador) e o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência). Sendo o ProEMI, (Programa Ensino Médio Inovador) criado através da portaria nº 971/2009, compõe uma das ações do Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE, com o objetivo de fortalecer as propostas curriculares nas escolas de Ensino Médio a fim de ofertar e garantir formação integral dos estudantes a partir de

(23)

ações inovadoras, assim o programa atua na escola a fim de que os estudantes entrem em contato com o saber, através de diversos meios de aprendizagem, sendo feito através de oficinas que garantem que os estudantes passem um tempo a mais na escola. Assim, o ano letivo é dividido em blocos por semestre, aumentando a carga horaria de 600h para 1000h por semestre e garantindo maior tempo de permanência dos estudantes na escola. Sendo cada professor da escola responsável por uma oficina que cruzem os temas dados em sala de aula com os temas das oficinas. Assim, o estudante escolhe as oficinas de forma livre, de acordo com seu interesse. O professor de sociologia, por exemplo, faz oficinas de fotografia.

O PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) é um programa de incentivo e valorização do magistério e de aprimoramento do processo de formação de docentes para a educação básica, vinculado a Diretoria de Educação Básica Presencial – DEB – da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. O PIBID oferece bolsas para que alunos de licenciatura exerçam atividades pedagógicas em escolas públicas de educação básica, contribuindo para a integração entre teoria e prática, para a aproximação entre universidades e escolas e para a melhoria de qualidade da educação brasileira. Atualmente estão na escola, o PIBID – Ciências Sociais, que atua acompanhando o professor supervisor da escola de forma que os bolsistas que atuam na escola possam fazer intervenções dentro e fora das aulas de sociologia, assim como fazer sequências didáticas, dando a oportunidade que vai além dos estágios supervisionados de formação de professores III e para o Ensino Médio, de atuar como docente, aperfeiçoando ainda mais o fazer docente dos que tem oportunidade de participar do projeto. Na escola em questão, o PIBID – ciências sociais trabalhar na forma de subgrupos: o de imagem - que visa trabalhar os temas dados em sala de aula na exploração dos mais variados recursos imagéticos; o subgrupo de leituras - que visa trabalhar os temas dados em sala de aula a partir do recorte de leituras dos mais variados tipos e gêneros; e o subgrupo do qual tenho feito parte, o subgrupo de teatro do oprimido - que trabalha com as técnicas e dinâmicas de teatro de Augusto boal1, também usando os temas dados em sala de aula sendo estes refletidos nas

dinâmicas. A escola também conta com PIBIDs de Matemática, Espanhol e Física. A escola não possui esportes que a represente oficialmente, nem treinos e aulas para tal, pois não possui espaço físico e como já citado perdeu sua única quadra de

1 Augusto Boal, foi um diretor de teatro e dramaturgo brasileiro, fundador do teatro do oprimido, que alia teatro a ação social, as técnicas de teatro do oprimido são usadas pelos bolsistas do PIBID – ciências sociais.

(24)

esportes em sua primeira adaptação para criação do CENEP Jessé Pinto Freire. Assim, para suas representações nos JERN’s (Jogos Escolares Do Rio Grande Do Norte) os estudantes se organizam em times improvisados e são treinados pelos professores da escola em locações arranjadas por estes professores. Assim, tudo é feito informalmente, sendo as aulas de taekwondo já citadas também uma improvisação.

O que pode-se perceber da escola é que há muito mais boa vontade por parte da comunidade escolar do que estrutura e recursos. Não só a equipe pedagógica, funcionários, professores e até mesmo os estudantes mesmo apáticos parecem minimamente se esforçar para que a escola se mantenha da melhor forma possível. O ambiente da escola é em suma tranquilo sendo a E. E. P. Anísio Teixeira considerada uma escola modelo.

III - FASES DE DESCOBERTAS – PENSANDO E SE INSERINDO

NOS ESTÁGIOS DOCENTES

(25)

III.I - TORNANDO-SE DE CASA, OBSERVAÇÕES E FAMILIARIZAÇÃO COM A ESCOLA.

Estando em um curso de licenciatura, seriam os estágios supervisionados para formação de professores a parte fundamental do curso, onde o licenciando estaria ansioso para se iniciar na docência e pôr em prática aquilo que foi preparado para realizar. Nesse sentido, o estágio é dividido em quatro etapas. A primeira se constitui em observar o ambiente escolar, a segunda em fazer uma intervenção sob a luz das observações da primeira etapa, e a terceira e quarta etapas, é quando o licenciando assume o papel de docente e se lança nesse mundo tão diverso que se mostra a sala de aula. Portanto, este capítulo dedica-se a explorar as duas primeiras etapas, que se dão mais como uma espécie de preparação/laboratório para as futuras etapas dos estágios.

No primeiro semestre de 2013 comecei a primeira etapa do estágio, todos estão entusiasmados para então fazer um contato com a escola. Foi pedido cautela pela professora Elda Silva do Nascimento Melo, que acompanhou como docente todas as

etapas do estágio expressas neste trabalho.

Para a primeira etapa do estágio a orientação é de apenas observar o ambiente escolar. Fazendo uma etnografia deste ambiente, não se apegar apenas aos problemas ou questões que primeiro nos saltam aos olhos, observando desde seus entornos até a sala de aula. Ou seja, se fazer presente nesta observação para que possamos colher material suficiente para pensar um plano de intervenção que será posto em prática na segunda etapa dos estágios.

Aqui foi trabalhado algo muito visto até então no curso nas disciplinas de antropologia, usando a etnografia e um de seus métodos a observação participante. Assim, pude conhecer a escola em todos os seus ambientes, em diversas visitas, sendo ministrada uma aula da disciplina de estágio para formação de professores na URFN, onde recebíamos orientações e discutíamos temas referentes ao estágio e outra dedicada a aproximação com a escola. Assim, fomos tentando entende-la, me encontrei veemente com a expressão usada pelo antropólogo francês Claude Lévi-Strauss “de perto e de longe” (2005, p.79), que se trata justamente de ver de perto, se aproximar de alguma cultura ou objeto de estudo, no caso a escola, para, então, entender este ambiente e ali aplicar o conhecimento que se tem sobre cultura ou sobre o objeto de estudo. Com isso, pude estudar o ambiente escolar, estando inserida nele, mas mantendo um

(26)

distanciamento para que as questões e demandas não se tornassem algo familiar e naturalizado.

Uso ester termo “familiar”, pois para mim a escola já era um ambiente familiar, haja vista que minhas primeiras interações com a escola não se deram através da iniciação dos estágios, pois já havia mantido contado com a mesma escola através do PIBID no ano de 2012. Atuando no PIBID – Ciências Sociais pude erriquecer ainda mais minha experiência docente como será retomado diversas vezes no presente relatório. Desta forma, as primeiras questões que antes foram vistas por mim no contato com a escola, já não me chamavam tanta anteção, passava assim, a fazer parte daquele ambiente, mas sob o pensamento de Gilberto velho antropólogo brasileiro, vi a importancia de “estranhar o familiar”,(1987, p.133) que tambem pode ser um “distanciamento” do objeito estudado mesmo que lhe seja familiar. Esse estranhamento e/ou distanciamneto garante ao trabalho do antropólogo/professor/pesquisador uma relativização que lhe capacita a estudar o seu objeto sem tendenciamentos. Desta forma, pude perceber que o professor nunca deixa de ser pesquisador, pois cada sala de aula é um mundo e é sempre necessário um pouco de etnografia para entendê-la não só ela como todo ambiente escolar.

Professores são eles que estão em permanente Contato com eventos educativos, cuja análise interpretativa está na essência da pesquisa educacional. Para pesquisar é preciso fazer registros adequados desses eventos, e a participação de professores nessa tarefa pode ter valor inestimável. (MOREIRA, 1988, pág. 49)

O professor pesquisador centra-se na consideração da prática, que passa a ser meio, fundamento e destinação dos saberes que suscita, desde que esses possam ser orientados e apropriados pela ação reflexiva do professor. (MIRANDA, 2006, pág. 135)

Assim nestes primeiros contatos e neste aprofundamento por meio das observações para a primeira etapa dos estágios, pude perceber, em geral, uma certa apatia por parte dos estudantes. Estes são bons nas suas próprias interações, já em sua maioria desinteressados em relação aos estudos e as aulas. Inclusive, com a disciplina de sociologia que exige bastante leitura, o que não é um hábito para estes estudantes. Esse déficit da leitura é um problema que atinge não só os estudantes secundaristas, mas os brasileiros como um todo.

(27)

Dados do Pisa2 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que medem os

índices de desenvolvimento dos estudantes em vários países, mostrou que o Brasil ficou em 55ª na posição do ranking de leitura, o que significa um déficit que acarreta inclusive o mau desempenho destes estudantes.

Em observações feitas e conversas informais com os estudantes, a frase que sempre vinha à tona sobre o que acham da disciplina de sociologia era a mesma: “ah sociologia não serve pra nada!

Somando as observações feitas para o estágio I e experiências vividas no PIBID, pude comparecer a escola nos três turnos, o que mostra um quadro bem interessante do comportamento deste lugar e seus agentes.

Os estudantes do turno da manhã são mais dispersos, ativos e bagunceiros; os estudantes do turno da tarde são carinhosos e desinteressados e, em sua maioria, apáticos; e os estudantes do noturno são bastante interessados, mais velhos e trabalham durante o dia. Esta impressão superficial sobre o comportamento dos estudantes me ajudaram a escolher o turno da tarde que concomitante também se tornaria o turno onde atuaria, inclusive, para realizar as intervenções do PIBID, pois me senti à vontade e acolhida de forma especial por toda comunidade escolar neste turno principalmente pelos estudantes.

Os aspectos e diagnósticos que envolveram minhas observações foram muitos. Entendi que a escola não é um ambiente formado apenas por estrutura física, professores e estudantes, percebi que existem histórias e realidades vividas pelos estudantes em seu cotidiano. Ou seja, que ali há mais do que culturas, com vários personagens e expectativas diferentes, mais do que o ambiente escolar pode lhes proporcionar. Alguns estudantes frequentam a escola por pura obrigação, imposta pelos pais ou responsáveis, outros poucos gostam de estudar e querem fazer algum curso superior, outros já trabalham e querem conseguir o diploma de ensino médio para provar a si mesmo que são capazes, outros veem o único ambiente onde eles podem socializar e se apresentar a sociedade a escola virando palco da vida destes estudantes.

Diante de tantas diversidades, dores e delicias de estar compartilhando deste ambiente com toda comunidade escolar, alguns problemas me saltaram aos olhos e aqui gostaria apenas de aponta-los: falta de estrutura física, como já citado na caracterização da escola; falta de mais equipe pedagógica como a inclusão de psicólogos, por exemplo;

2 Dados retirados http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/12/03/pisa-desempenho-do-brasil-piora-em-leitura-e-empaca-em-ciencias.htm.

(28)

falta de programas que combatam as drogas na escola, o que não é apenas um problema isolado deste escola; falta de investimento do governo na educação pública de qualidade; desinteresse por parte dos estudantes em especial pelas aulas de sociologia.

Este último me chamou atenção, pois ao observar os estudantes pensei em mim mesma quando era estudante e vi que o desinteresse continua o mesmo.

Entendo que deveria ter uma soma de esforços para fazer com que os estudantes pudessem se integrar da melhor forma com o processo de ensino aprendizagem. Somei a estes diagnósticos, minhas experiências vividas no PIBID – ciências sociais em 2012, que buscava temas abordados nas aulas de sociologia de forma lúdica e dinâmica. Nem mesmo com esta forma inovadora e as propostas de intervenção que talvez fossem mais atrativas para os estudantes conseguimos fazer com que estes se interessassem pela leitura, o que se refletia da mesma forma em sala de aula, os estudantes simplesmente não leem e não demostram nenhum interesse pela leitura seja ela de qual gênero for. Como futura docente me preocupo e me pergunto se tal desinteresse persistira e qual poderá ser minha contribuição para a educação e principalmente para os estudantes.

Portanto, elencando este desinteresse nos estudos que permeia várias questões, desde metodologia utilizada pelo professor, ao capital cultural que o estudantes trazem, e até mesmo um ambiente com condições postas para um melhor desempenho destes estudantes, atrelando também o desinteresse pela leitura, também um desinteresse e um baixo desempenho em sala de aula, principalmente pela disciplina de sociologia, decido trabalhar tal problemática no estágio supervisionado de formação de professores II, Onde foi feito um trabalho em dupla com outra colega de disciplina na UFRN. Tal trabalho seria no formato de oficina nas escolas diante das demandas encontradas na primeira etapa do estágio.

Assim, concluo minha primeira etapa dos estágios, com a certeza do quão importante é esta aproximação e este tempo dedicado a observar/pesquisar o ambiente escolar para desta forma melhor entende-lo e poder fazer algum trabalho que venha a somar a este e tentar fazer a diferença. Sentindo-me mais empoderada para entrar novamente em contato com os estudantes, sabendo que é apenas um dos primeiros passos para iniciar minha carreira docente, recorro a Freire (1996) que afirma que:

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo, educo e

(29)

me educo. Pesquiso para conhecer e o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 1996, pág. 16)

Considerarei levar esta prática de ser tanto professor quanto pesquisador, pois com ela consegue muito mais recursos para pensar minha atuação enquanto docente. Pesquisando os alunos e a sala de aula consigo dar um retorno muito melhor do que apenas chegar até ela para passar conhecimento, pesquisando, observando e ouvindo foi onde encontrei os pontos chaves de como deveria ser minha postura docente.

(30)

Levando em consideração as experiências e observações vividas, principalmente, da primeira etapa do estágio é chegada a hora de intervir e estreitar ainda mais o contato com os estudantes. Desta vez, em forma de oficina.

Orientados pela professora da disciplina de estágio na UFRN, soubemos que ainda não é a hora de tomar a frente da sala de aula e que devíamos apenas realizar um plano de intervenção para ser posto em prática na escola, o mesmo foi feito e no segundo semestre de 2013, onde pudemos realizar oficinas em grupo, neste contato pudemos trabalhar em dupla.

Foi feito, portando, de acordo com as observações da primeira etapa do estágio, uma oficina de leituras com os alunos da escola estadual professor Anísio Teixeira, onde atuei em todas as etapas do estágio. Decidiu-se fazer esta oficina, pois foi percebido além de muito desinteresse pelas aulas de sociologia, um extremo desinteresse e dificuldade com a leitura, essencial para as aulas de sociologia por se tratar de uma disciplina muito teórica e que exige um mínimo de leitura. Dessa forma, o objetivo de tal oficina era incentivar a leitura em seus mais variados aspectos e gêneros, assim como trabalhar temas abordados nas aulas de sociologia, ajudando aos estudantes a melhorarem seu desempenho e, principalmente, valorizando seus conhecimentos de mundo, geralmente desvalorizados no processo de ensino aprendizagem.

Outro objetivo do grupo de leituras era que este continuasse após a intervenção, utilizando o espaço da biblioteca para discussões de leituras dos mais variados gêneros, o que infelizmente não ocorreu. Porém, a oficina enquanto nós estagiárias estávamos como mediadoras foi bastante proveitosa e pudemos encontrar nela não só excelentes leitores como também escritores.

Portanto, o trabalho de intervenção se deu em quatro encontros com os estudantes, sendo possibilitado em cada encontro a leitura em seus mais variados aspectos, sendo feita a leitura de imagens, músicas, apresentação de leituras feitas pelos próprios estudantes, assim como estes foram também “intervencionistas”, ou seja, estes trouxeram suas leituras. E as “leituras” sobre as obras que estes trouxeram, sendo a intervenção algo sendo feito não só por parte de nós estagiárias para os estudantes mas com os estudantes participando ativamente, tentando assim aproveitar o máximo de conhecimentos que estes tem, valorizando não só este conhecimento como também o integrando com o processo de construção dos saberes.

Foi realizada também uma avaliação ao final de cada intervenção por parte dos estudantes a fim de ter um feedback destes e para podermos pensar melhor as próximas

(31)

intervenções, reconhecendo a avaliação como parte fundamental do planejamento e como ponto de partida para os ajustes, para que a prática docente se dê da melhor forma sempre. O intuito aqui é de não apenas passar conhecimento, mas que este seja um processo de troca onde não só o professor seja o principal construtor e sim que seja um mediador entre seus saberes e os saberes dos estudantes que também devem ser levados em consideração para que este processo seja cada vez mais enriquecedor. Assim,

Planejamento para que ele se constitua em instrumento eficiente de ação educativa é necessário que apresente um sistema de avaliação isso significa que permita revisões constantes e frequentes nas diversas instancias consideradas anteriores. Dessa forma, será possível fazes ajustes e adaptações o próprio plano ou mesmo sua correção no decorrer do percurso. Os aspectos a serem avaliados são: objetivos, recursos e meios utilizados, participação dos membros do processo educativo em cada nível, enfim, resultados obtidos, problemas encontrados e soluções apresentadas. (MASETTO, 1997, pág. 80).

Este trabalho foi fruto de muito planejamento, que segundo Libâneo (1994) é de extrema importância para o processo de ensino aprendizagem, pois é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, sendo este planejamento devendo ser feito desde a primeira etapa do estágio, onde apenas observávamos a escola. Desta forma, já nos inserindo na docência pois como já citado por Freire (1996) o professor nunca deixa de ser pesquisador, sendo o planejamento uma forma consciente e sistemática de atingir objetivos em sala de aula. Esta teria por finalidade a construção do saberes de forma que estes contribuíssem, não só para o desempenho dos estudantes dentro da escola, mas também na sociedade. Este planejamento vai além da sala de aula, pois para ser completo ele precisa levar em consideração as experiências de vida dos estudantes, assim como tudo que envolve a comunidade escolar, sempre no intuito de somar para o melhor convívio e permanência destes estudantes na escola, assim também como para os docentes, principalmente iniciantes, para que possamos aproveitar de melhor forma possível nossa prática.

O planejamento é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes na sociedade. A ação de planejar, portanto não se reduz, portanto, ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo, [é antes a atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo como referências permanentes as situações didáticas concretas (isto é a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a

(32)

comunidade que interagem no processo de ensino aprendizagem. (LIBÂNEO, 1994, pág. 222).

Passado um pouco a fase do planejamento sem abandoná-la totalmente, é chegada a hora de começarem as intervenções, estas ocorreram nos meses de outubro e novembro do segundo semestre de 2013. Fizemos divulgações na escola, passando nas salas de aulas e através de conversas com os estudantes. Foram abertas inscrições para as oficinas e apenas estudantes do turno da manhã se inscreveram, por isso as oficinas se deram no turno da tarde com o horário sempre a combinar com os estudantes para que ficasse da melhor forma pra eles.

É importante frisar que em uma escola com mais de 100 alunos, o número de estudantes que se interessaram pelas oficinas foram apenas três, assim as oficinas foram realizadas com estes três. Ou seja, podemos observar um quadro bem evidente, o desinteresse pela leitura o que tem refletido também no desempenho em sala de aula.

Procuramos fazer uma oficina de forma dinâmica e lúdica, trazendo o gosto pela leitura, seja ela qual e de que gênero fosse, a fim de suscitar o gosto por ler. Assim, usamos a autora Michele Petit, antropóloga francesa que estuda a leitura em espaços de crise, como em área de guerra por exemplo. Em seu livro “A arte de ler (2009)” a autora aborda o tema sobre incentivo à leitura, que vai desde a leitura de um poema que lhe faz viajar até as leituras necessárias para as disciplinas na escola, por exemplo. O que queríamos era jogar uma isca mais atrativa para fisgar o peixe, ao invés de jogar apenas leituras obrigatórias para os estudantes, deixá-los livres, a fim de criar gosto pela leitura para poder introduzir os assuntos e temas pertinentes à disciplina de sociologia.

O leitor não é passivo, ele opera em um trabalho produtivo, ele reescreve. [...] Mas ele também é transformado: encontra algo que não esperava e não sabe nunca aonde isso poderá levá-lo. (PETIT, 2009, pág. 28-29)

Dessa forma podemos dizer que nós éramos o que Petit, chama de “agentes” da leitura. Tanto nós docentes fazendo o papel de “agente” facilitador ou motivador, assim também como os estudantes que faziam o papel de “agente” moderador, pois este era quem decidia como moderar o incentivo levado por nós sobre as leituras e o conhecimento adquirido em suas leituras. Sendo os dois de fundamental importância nesse processo, essa troca seria o que Freire trata em um dos capítulos do seu livro “pedagogia da autonomia (1996)”. O capítulo intitulado “Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos” trata justamente sobre a importância deste dois agentes no

(33)

processo de ensino aprendizagem, onde não só o professor passa conhecimento mas há uma troca e uma soma dos conhecimentos trazidos pelo professor e os conhecimentos já trazidos pelos estudantes, conhecimentos estes que não podem deixar de ser aproveitados.

Respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os da classes populares, chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática comunitária - mas também, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos. (FREIRE, 1996, pág. 16)

Nas intervenções provamos na prática, o que a autora trata em seu texto sobre os “agentes de leituras”, vimos e constatamos estudantes leitores e, em especial, mediadores das suas próprias leituras. Para delinear claramente exponho rapidamente cada intervenção a fim de mostrar como se deu este processo tanto de incentivo à leitura como de construção dos saberes a partir dela e dos diferentes modos de leitura. “Nossas

escolas não estão sendo um espaço no qual a leitura seja um meio de criatividade e de prazer, mas sim o espaço no qual a leitura e escrita se associam a tarefa obrigatória e chata, castradora”. (BARBETO 2010, pág. 6).

No primeiro encontro tivemos o acolhimento do grupo dos três estudantes e discutimos sobre as várias formas de leituras que poderíamos fazer. Em seguida, houve a apresentação de um vídeo que partia de uma posição contraria sobre o hábito de ler, mostrando justamente o quão vazio pode ser um mundo sem leituras, assim o objetivo do vídeo era incentivar o hábito da leitura, logo após apresentação do vídeo, distribuímos imagens entre os estudantes e pedimos que legendassem tais imagens a partir de sua “leitura”, mostrando assim que a imagem também pode ser incorporada como um recurso para a leitura, a fim de enriquecê-la e estimulá-la. Estas imagens estavam em consonância com os temas trabalhados na disciplina de sociologia, para unir o conhecimento de mundo destes estudantes aos conhecimentos necessários, visando um melhor desempenho na disciplina de sociologia. Feito isso, fizemos uma discussão acerca das diversas formas de leituras. Um dos estudantes fala a respeito do tema “uma pessoa que não lê é um boneco parado no tempo”.

Podemos perceber a valorização da leitura e ainda o reconhecimento de sua importância por parte deste estudante. Aproveitamos a oportunidade apara conhecê-los melhor. Assim, perguntamos sobre suas leituras, entre as quais foram citadas: A Carteira(Machado de Assis), A Fantástica Fábrica de Chocolate(Roald Dahl), Alice no

(34)

País das maravilhas (Lewis Carroll), A outra face(Deborah Ellis), Através do Espelho(Jostein Gaarder), bilhões e bilhões (Carl Sagan), Caroline e o Mundo Secreto(Neil Gaiman), Nada Dura para Sempre(Sidney Sheldon), O Auto da Compadecida (ariano Suassuna), Vidas Seca (Graciliano Ramos).

Diante de um acervo tão vasto de leituras abrimos um espaço para que eles apresentassem uma de suas leituras realizadas no próximo encontro, tudo feito de forma livre. Neste primeiro encontro consideramos que a “leitura das imagens” é um ponto que podia ser usado como recurso metodológico em sala de aula, pois a imagem dispõe de importantes estratégias para comunicação de ideias, o que fomentou uma boa discussão na oficina e da mesma forma poderia ocorrer em sala de aula.

Tudo isso coloca o aluno e o professor diante de uma imensa gama de discursos e modos de produção e circulação desses discursos, o que proporcionará que ambos compreendam que a significação não está no enunciado, na materialidade, mas na enunciação e esta pode ser percebida por meio das pistas discursivas e até mesmo textuais. “Expandir nossa capacidade de ver significa expandir nossa capacidade de entender uma mensagem visual. (DONDIS, 2003, pág. 13).

No segundo encontro fizemos um sorteio para a leitura livre de poesias, assim os estudantes sorteavam um papel onde havia uma poesia para ser lida e apreciada em grupo. Neste segundo encontro os estudantes se mostraram muito empolgados, pois como relatado, todos adoravam o gênero textual e se sentiam a vontade com ele. Inclusive, umas das poesias sorteadas já era de conhecimento de uma das participantes da oficina. Esta fez uma contextualização com a realidade social, dizendo que a poesia falava sobre a degradação do homem. Em seguida, dois participantes fizeram a apresentação sobre suas próprias leituras como proposto no encontro passado, a primeira apreciação foi “Nada Dura para Sempre”. O estudante fez a mediação com as questões do estigma racial da mulher negra, na sociedade e sobre questões de moral e religiosas arraigadas na sociedade.

O segundo livro foi “bilhões e bilhões”. Sua mediação trouxe a reflexão sobre o respeito, morte e vida não só dos seres humanos, mas também dos corpos celestes, por exemplo, fazendo uma mediação inclusive com o que a bíblia ensina.

Podemos perceber como este simples recurso que é a poesia e, como já dito por Petit, nos faz viajar e decifrar nossa própria existência. Discutimos com os estudantes sobre quão pode ser prazeroso o hábito de ler e como este nos ajuda a ver o mundo cada vez de uma forma diferente. Uma das participantes da oficina afirmou que: “gostei da

(35)

intervenção porque finalmente eu pude falar sobre o que gosto e ser ouvida por isso, e também pela diversidade dos assuntos”.

A fala da estudante nos faz pensar sobre o que Freire (1996, p17.) afirma: “Ensinar exige saber escutar”, pois é na escuta que o professor aprender a como dialogar com o educando e facilitar assim suas trocas de conhecimentos. “O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, às vezes necessário, ao aluno, em uma fala com ele”. (FREIRE,1996, pág.71). O autor acrescenta ainda:

Por isso é que, acrescento, quem tem o que dizer deve assumir o dever de motivar, de desafiar quem escuta, no sentido de que, quem escuta diga, fale, responda. É intolerável o direito que se dá a si mesmo o educador autoritário de comportar-se como proprietário da verdade de que se apossa e do tempo próprio, pois o tempo de quem escuta é o seu, o tempo de sua fala. Sua fala, por isso mesmo, se dá num espaço silenciado e não num espaço com ou sem silêncio. Ao contrário, o espaço do educador democrático, que aprende a falar escutando, é cortado pelo silêncio intermitente de quem, falando, cala para escutar a quem, silencioso, e não silenciado, fala. (FREIRE, 1996, pág. 73).

A terceira intervenção ocorreu em uma espécie de pátio, que fica no primeiro andar do colégio, um espaço aberto e vazio entre as salas, pois a biblioteca se encontrava fechada neste dia. Para este encontro ficou programado que os estudantes trariam à tona a apresentação, de forma lúdica, de alguma de suas leituras e se possível de uma leitura nova. O objetivo deste encontro não foi alcançado, pois nenhum dos estudantes trouxeram a apresentação de suas leituras de forma lúdica como pedimos, mas mesmo assim estes apresentaram leituras já feitas e discutiram questões sociais que apareciam nas obras, afim de não perder o encontro.

Um deles apresentou “O Auto da Compadecida” trazendo à tona a questão da religiosidade e da seca, outra trouxe “A Carteira” levando em consideração as questões de lealdade, respeito, compromisso e a função da mulher na sociedade. O fato do que foi planejado não dar certo, nos mostra também outro lado da docência, que o professor deve ter sempre um plano “B”, as discussões sobre religiosidade e o papel da mulher na sociedade foram muito ricas e mais uma vez os conhecimentos já trazidos pelos estudantes foram essenciais para o desenvolvimento da conversa. Concluímos o encontro decidindo como seria nosso próximo encontro e vimos a necessidade de fazermos uma adaptação em nosso planejamento, trocando a leitura de um texto pela leitura de uma música escolhida por cada um dos estudantes. As músicas escolhidas foram: que país é esse? (Renato Russo), Admirável chip novo (Pitty), Born This Way (Lady Gaga). Notamos, como defende Freire, que o conhecimento é contínuo e que está

(36)

disponível nas mais diversas formas. O conhecimento é inacabado e, ainda que nós, enquanto sujeitos, somos inacabados, estamos em constante transformação e construindo conhecimento.

Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabado, sei que posso ir mais além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado. A diferença entre o inacabado que não se sabe com tal e o inacabado que histórica e socialmente alcançou a possibilidade de saber-se inacabado. Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influência das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, cultural e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo. (FREIRE, 1996, pág. 31).

No quarto e último encontro, também não pudemos utilizar o espaço da biblioteca, pois já havia uma outra atividade no ambiente. Fizemos apenas uma roda de cadeiras em um corredor ao lado da biblioteca. Escutamos as músicas trazidas pelos estudantes através do notebook pessoal, e depois discutimos. Cada estudante responsável por trazer uma música fez a mediação entre a poética da letra e os aspectos sociais existentes nelas. A música “que país é esse” de Renato Russo, foi pensada pelo estudante através da má distribuição de renda e a corrupção política no país.

Com a música “Admirável chip novo”, a mediação se deu através de como retratamos e reproduzimos nosso cotidiano na sociedade moderna e capitalista, que a todo momento parece ser controlada e programada, articulando com a sociologia, levamos o conceito da sociedade do controle, pensada e fundamentada por Deleuze (1992). Já a música “Born This Way” a mediação foi feita sobre a auto estima, tratado a superação e a individualidade, Remetemos ao ambiente escolar que muitas vezes leva a baixa estima dos estudantes prejudicando o desempenho pessoal e escolar. Podemos observar aqui mais uma vez como a leitura pode se dar de maneira prática e lúdica de forma que nem mesmo fuja dos assuntos abordados em sala de aula, e que aqui cabe mais um recurso que também poderia ser utilizado a fim de tornar os processos de construção dos saberes algo mais prazeroso para os estudantes. Finalizamos a oficina com uma surpresa para os estudantes, levamos livros para fazermos um sorteio para todos os participantes, os livros foram: O Mistério do Trem Azul(Agatha Christie); Um Gosto Amargo de Fim (Nilson Patriota); uma história de amor (Jill Robinson); Vida de Mulheres(Marina Massi); Voa, Menina, Voa(Gene Stone), tal sorteio fica como

(37)

incentivo pela leitura e lembrança deste momento de troca tão importante para nos futuras docentes.

As intervenções realizadas aconteceram de maneira produtiva e algumas surpreendentes, descobrimos que contávamos com estudantes escritores, com livros em andamento e outros até concluídos porem não lançados. Acrescentamos que o projeto realizado compreendia um espaço não oferecido pela escola, espaço aberto para os estudantes falarem, compreenderem e partilharem de suas leituras. Alcançamos alguns objetivos idealizados, como apresentar que a sociologia permeia os mais variados assuntos do cotidiano, conseguimos também incentivar a leitura, sendo que entendemos que a leitura é feita de várias formas.

Por fim, analisamos que o as atividades executadas descritas acima e planejada no projeto que segue em anexo foram realizadas de maneira satisfatória, lamentando apenas o pequeno número de estudantes, o que retrata que o desinteresse pela leitura é algo geral entre os estudantes da escola. Um ponto a ser importante a ser levantado sobre os estudantes participantes das oficinas é que foram em sua maioria mulheres, duas meninas e um menino, o que pode mostrar que o hábito da leitura pode passar também por uma questão de gênero o que não foi e nem será abordado no trabalho. Encontramos algumas dificuldades para o uso da biblioteca, está permanece fechada durante o período de intervalo e quando os estudantes precisam ir até ela para pegar um livro emprestado tem que se deslocar durante os horários de aula o que faz com que estes se dispersem ainda mais da aula, podemos perceber aqui que a escola também não oferece o mínimo suporte para incentivar a leitura de forma mínima que seja aos estudantes.

O ponto mais importante apreendido foi a troca de conhecimentos entre professor e estudante tão citada já por Paulo Freire, como em diversas vezes no presente trabalho, sendo este momento de troca onde o professor pode levar o estudante para entrar no jogo ou melhor entrar na aula, este momento de aproveitar os saberes do estudante como feito no decorrer de todas as intervenções da oficina é o momento onde realmente se cria um processo de ensino e aprendizagem, pois aqui o estudante não recebe apenas o conhecimento, mas juntamente com o professor cria um conhecimento. Pensamos que as metodologias utilizadas na oficina poderiam ser utilizadas facilmente em sala de aula, a fim de ampliar o universo de construção dos saberes, e trazer mais um recuso metodológico/pedagógico para que o professor possa cada dia se reinventar e desempenhar cada vez melhor seu papel, sendo a leitura não a fórmula mágica que vai

(38)

salvar o desinteresse destes estudantes ou incentiva-los a ler por prazer e a descobrir novos mundos, mas, a leitura e suas diversas formas e gêneros como mais um recurso válido e por que não didático.

Grupo de figuras 9: fotos referentes as oficinas de leituras.

(39)

Passadas as fazes de imersão ao ambiente que foram de extrema importância para me trazer até aqui com mais clareza de que a prática docente não é fácil, porém prazerosa, e que nela é necessária que nós docentes saibamos escutar e respeitar os saberes dos educandos, assim como sermos comprometidos com nossa prática docente estando abertos para nos reinventarmos sempre que preciso, assim como Paulo Freire defende em seu livro, Pedagogia da Autonomia. Entendo que a formação é parte fundamental do processo de ser educador e aqui é apenas o começo de muito aprendizado que vem pela frente.

Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro horas da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática. (FREIRE, 1991, pág. 58)

Começo esta etapa citando mais uma vez Paulo Freire, pois encontrei nesse pequeno trecho acima algo que sintetiza tudo que vivi e pude aprender em minha pequena “carreira” como docente dentro dos estágios. Destino está parte do trabalho a tratar das experiências em sala de aula, em que foram desenvolvidos tantos no estágio supervisionado de formação de professores III como no estágio supervisionado para formação de professores para o ensino médio.

Quero aqui enfatizar em minhas experiências as impressões sobre como se dá esta relação entre docente e discente, como é a descoberta do fazer-se professor. Não descartando as importantes experiências que foram o estágio I com toda observação feita à escola, que me levou a intervenção sobre a leitura que foi feita no estágio II já citada no capítulo anterior e minhas experiências como bolsista do PIBID, que também se somam neste processo das quais explicitarei melhor mais tarde. Entendo que todas estas etapas se confluem nesse movimento do meu fazer-se docente, o que está me fazendo e vai me fazer ao longo de um trajetória de mais aprendizado do que passar conhecimento, que é a docência. Não obstante a importância que tudo que vivi, dedico este capítulo a relatar, dividir e compartilhar todo esse mundo de experiências que foi o contato real como docente com a sala de aula.

Portanto é no primeiro semestre de 2014 que tudo começa, recebemos as orientações da professora do estágio para mais uma vez repensarmos o que já tínhamos vivenciado na escola até esta etapa. Para voltar as escola e fazer as intervenções, agora

(40)

sozinhos, sob a observação do professor da escola, em sala de aula, assumimos o papel de professor, assim é dado a nós a oportunidade de realizar as intervenções.

Supunha-se que com tanto contato com a escola até aqui estabelecido, com a etnografia e as oficinas, já nos sentíamos a vontade com o ambiente escolar. Mas a sala de aula se mostra ainda como um ambiente a parte de todo resto, pois é nela a culminância de todas as diversidades que há dentro da escola. Levando em consideração estes desafios inicias, mais um se soma ao desenvolvimento do estágio, desafio este que deve ser levado em consideração quando se aborda o tema da educação como um todo. Tal desafio é a precarização do trabalho do professor, que vem da desvalorização do seu papel em nossa sociedade. Assim, os professores da rede estadual de educação do Rio Grande Do Norte entram em greve. Este fato foi levado em consideração, como um ponto que se soma na formação docente de nós estagiário e não apenas como algo que atrapalha o andamento do estágio, pois é importante que desde de então reconheçamos que uma educação de qualidade passa não só pela formação do professor ou dedicação a sua prática, mas também a sua própria valorização. Assim também como defende Paulo Freire em seu livro Pedagogia Da Autonomia, defendo a luta dos professores como legitima e parte de sua prática.

A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas algo que dela faz parte. (FREIRE, 1996, pág. 39)

Portanto, o período de greve foi dedicado ao planejamento da ação didática, pois como defende Regina Haydt (2006, p.103), o planejamento da ação didática é importante para “prever as dificuldades que podem surgir durante a ação docente, para poder supera-las com economia de tempo”. Assim, durante o período da greve nos dedicamos a ministrar estas “docências” entre nós mesmos na disciplina de estágio, na UFRN. Usamos o livro de Anastasiou (2003) “Processo de ensinagem na universidade – pressupostos para as estratégias de trabalho em aula”. Desta forma, usamos as estratégias de ensinagem para pensarmos como seriam nossas docências. Assim, pudemos avaliar quais caberiam nas salas de aula do ensino médio.

Passado o fim da greve, o cronograma estava apertado. Assim, só foi possível ministrar duas aulas. Estas foram muito importantes, pois propiciou meu contato real com os estudantes, como docente. Chega a hora de pôr em prática as competências até

Referências

Documentos relacionados

O Museu Digital dos Ex-votos, projeto acadêmico que objetiva apresentar os ex- votos do Brasil, não terá, evidentemente, a mesma dinâmica da sala de milagres, mas em

nhece a pretensão de Aristóteles de que haja uma ligação direta entre o dictum de omni et nullo e a validade dos silogismos perfeitos, mas a julga improcedente. Um dos

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

Aplicam-se ao negociador as mesmas hipóteses legais de impedimento e suspeição dos juízes, conciliadores e mediadores. Se, no curso da negociação coletiva, sobrevier

Este trabalho teve como propósito fazer uma análise dos níveis de eficiência técnica dos produtores de manga do Distrito de Irrigação Senador Nilo