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Análise gravimétrica dos resíduos domiciliares de unidades habitacionais de pequeno porte na cidade de Natal - RN.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

LORENA SOARES MONTEIRO BORGES

ANÁLISE GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS DOMICILIARES DE UNIDADES HABITACIONAIS DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE NATAL - RN.

NATAL 2019

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Lorena Soares Monteiro Borges

ANÁLISE GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS DOMICILIARES DE UNIDADES HABITACIONAIS DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE NATAL - RN.

.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de graduação em engenharia ambiental, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do grau de Engenheira Ambiental.

Orientadora: Profa. Dra. Débora Machado de Oliveira Medina.

NATAL 2019

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LORENA SOARES MONTEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Engenheira Ambiental outorgado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca Central Zila Mamede da referida Universidade.

A transcrição de qualquer trecho desta tese é permitida, desde que realizada de acordo com as normas da ética científica.

DISSERTAÇÃO APROVADA EM _____ / _____ / _____

COMISSÃO EXAMINADORA:

________________________________________ Profa. Dra. Débora Machado de Oliveira Medina.

Orientadora/Presidente – UFRN

____________________________________ Prof. Dr. Douglas do Nascimento Silva

Conselheiro - UFRN

___________________________________________ Dra. Bruna Maria Emereciano das Chagas

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“Rico é aquele que sabe ter o suficiente. ” Lao Tze

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DEDICATÓRIA

À minha mãe Jane Régia pelo apoio incondicional.

Ao meu marido David Borges que esteve comigo em todos os momentos me dando forças e me apoiando na realização deste trabalho.

Ao meu filho, por quem tenho profundo interesse em deixar um mundo ambientalmente seguro.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente a Deus por ainda me permitir respirar durante todo o processo de elaboração deste trabalho.

Dedico, também, especial agradecimento ao meu marido David Borges, que mesmo tão ocupado esteve sempre ao meu lado, me apoiando e estimulando minha caminhada acadêmica e ao meu filho Kadu que embora não colabore com a elaboração deste trabalho é o motivo pelo qual insisto em fazê-lo. Obrigada.

À minha mãe Jane e meu pai César, exemplos de força e determinação.

À Profa. Débora Medina, por toda sua disposição em me orientar na conclusão de mais este trabalho, por momentos onde dispôs toda sua intelectualidade e paciência, pelas boas e reconfortantes conversas sobre o cotidiano nada fácil de um acadêmico.

À direção da Escola de Ciências e Tecnologia, por me acolher durante o curso e apoiar mesmo depois de deixa-la, cedendo o seu veículo institucional para transportar o material analisado. Fundamental neste trabalho.

Aos amigos da UATR que me deram o prazer de sua companhia e atenção. Ao Sr. Iran, que em nossas idas e vindas me presenteou com boas conversas.

À Andreza Silva por me permitir fazer parte e me acompanhar em todo o trabalho até os últimos momentos.

Aos moradores do Bloco 38 do Condomínio Bairro Latino pela colaboração fundamental para execução deste trabalho.

À todos aqueles que me cederam parte do seu tempo, em uma conversa rápida de corredor, até mesmo meias palavras trocadas via whatsapp e que de alguma maneira colaboraram para que eu chegasse ao fim de mais esse percurso. A todos o meu muito obrigada.

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RESUMO

O acelerado processo de transformação pela qual passa a sociedade contemporânea apresenta consequências ambientais significativas que expõem dois relevantes problemas: a enorme quantidade de resíduos gerados e a sua composição. A sociedade deixou de consumir prioritariamente produtos orgânicos e passou a consumir produtos industrializados, que retiram da natureza a matéria prima, e levam demasiado tempo para se decompor gerando grande volumes de resíduos. Vidro, plástico, metais, borracha, papéis e outros materiais acumulados e erroneamente dispostos no ambiente evidenciam um consumo exagerado, a cultura do desperdício, do mau uso dos recursos naturais e da falsa certeza de que esses recursos são infindáveis. Conhecer os resíduos produzidos e reconhecer seu mau uso pode ser o inicio de uma mudança cultural positiva no tratamento de resíduos para otimização do uso de materiais processados e de recursos naturais, proporcionando economia e melhor condição do ambiente em que vivemos. Este trabalho tem por objetivo analisar os resíduos gerados em um condomínio residencial de Natal-RN e propor melhorias para o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos e para o consumo consciente dos moradores a fim de se alcançar um ambiente sadio e responsável Do ponto de vista da geração de resíduos. Para tal, os resíduos gerados em um dos blocos do Condomínio Residencial Bairro Latino na referida cidade, foi integralmente analisado por duas semanas. O estudo evidenciou que 71,35% do resíduo gerado é orgânico, seguido dos resíduos não recicláveis com 11,05% e dos plásticos com 7,95% do total coletado. A elevada porcentagem de resíduos orgânicos aponta que os moradores não fazem uso consciente dos alimentos e que esses resíduos poderiam ser melhor aproveitados reduzindo este volume. Outro fator relevante é que do percentual de plásticos flexíveis, 63% são provenientes das sacolas de supermercado e os outros 37% são embalagens plásticas de produtos industrializados, principalmente alimentos. Diante destes resultados percebe-se que os resíduos gerados poderiam ter um volume bem inferior caso os produtos fossem utilizados responsavelmente em sua totalidade. A ausência de informação e comprometimento com ações de gestão de resíduos diminuem as chances dos materiais serem destinados à reciclagem, uma vez que tem sua integridade comprometida no despejo impedindo que em sua condição seja reciclado. Dessa forma é importante a orientação e incentivo aos moradores para que eles venham contribuir para um ambiente residencial mais sustentável a fim de ter retorno não somente ambiental, mas financeiro no seu modo de vida de consumo.

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ABSTRACT

The accelerated transformation process that contemporary society goes through has significant environmental consequences that expose two relevant problems: the huge amount of waste generated and its composition. Society has decreased consumptio organic products as a matter of priority and has started to consume industrialized products, which take raw materials from nature and take too long to decompose, generating large volumes of waste. Glass, plastic, metals, rubber, paper and other materials accumulated and mistakenly disposed of in the environment show an exaggerated consumption, the culture of waste, the misuse of natural resources and the false certainty that these resources are endless. Knowing the waste produced and recognizing its misuse can be the beginning of a positive cultural change in waste treatment to optimize the use of processed materials and natural resources, providing savings and better condition of the environment in which we live. This study aims to analyze the waste generated in a residential condominium in Natal-RN and propose improvements for the proper management of solid waste and conscious consumption of residents in order to achieve a healthy and responsible environment, from the point of view of waste generation. Therefore, the waste generated in one of the blocks of the Bairro Latino Residential Condominium, in Natal, was fully analyzed for two weeks. The study showed that 71.35% of the waste generated is organic, followed by non-recyclable waste with 11.05% and plastics with 7.95% of the total collected. The high percentage of organic waste indicates that residents do not make conscious use of food and that this waste could be better utilized by reducing this volume. Another relevant factor is that of the percentage of flexible plastics, 63% come from grocery bags and the other 37% are plastic packaging of processed products, especially food. Thus it is clear that the waste generated could have a much smaller volume, if the products were used responsibly in their entirety. The lack of information and commitment to waste management actions reduce the chances of materials being recycled, since their integrity is compromised in the disposal, preventing in its recycling. Therefore, it is important to guide and encourage residents to contribute to a more sustainable residential environment in order to have not only environmental but also financial return on their consumer lifestyle.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Localização do Condomínio Bairro Latino ... 32

Figura 2: Condomínio Bairro Latino - Bloco 38 ... 32

Figura 3: Casa de lixo mais próxima do Bloco 38. Fonte: SILVA, 2019. ... 33

Figura 4: Recipientes utilizados para recolher os resíduos analisados. Fonte: SILVA, 2019. . 34

Figura 5: Pesagem do material coletado com a primeira amostra ... 35

Figura 6: Seleção de material para pesagem ... 36

Figura 7: Pesagem de material orgânico... 38

Figura 8: Pesagem das subcategorias de plásticos ... 41

Figura 9: Pesagem das subcategorias de papel/papelão ... 44

Figura 10: Materiais rejeitados no processo de reciclagem ... 44

Figura 11: Material classificado como não reciclável ... 45

Figura 12: Pesagem de vidro ... 46

Figura 13: Pesagem do material metal amostrado ... 47

Figura 14: Pesagem de material têxtil amostrado ... 48

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Disposição final de RSU na região NE (toneladas/dia). ... 22

Gráfico 2: Composição dos resíduos gerados no ano de 2010.. ... 23

Gráfico 3: Distribuição das quantidades de resíduo orgânico durante o experimento ... 39

Gráfico 4: Caracterização gravimétrica referente às frações de resíduos. ... 40

Gráfico 5: Distribuição das quantidades de resíduo sanitário durante o experimento ... 40

Gráfico 6: Frações da categoria Plástico/Polímero... 41

Gráfico 7: Distribuição das quantidades de plástico/polímero durante o experimento ... 42

Gráfico 8: Distribuição das quantidades de papel/papelão durante o experimento ... 43

Gráfico 9: Distribuição das quantidades de vidro durante o experimento ... 45

Gráfico 10: Distribuição das quantidades de metal durante o experimento ... 46

Gráfico 11: Distribuição das quantidades resíduos sem expressividade durante o experimento ... 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Composição gravimétrica dos resíduos domiciliares de Natal em 2010 ... 24 Tabela 2: Classificação dos resíduos domiciliares do condomínio Bairro Latino ... 38

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

NBR Norma Brasileira

PEGIRS/RN Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte

PET ou PETE Tereftalato de polietileno

PVC Policloreto de Vinila ou cloreto de vinila

PP Polipropileno

PS Poliestireno

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos RCC Resíduos da Construção Civil

RS Resíduos Sólidos

RSD Resíduos Sólidos Domiciliares RSS Resíduos de Serviços de Saúde RSU Resíduos Sólidos Urbanos

RN Rio Grande do Norte

SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SUASA Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária UATR Unidade de Armazenamento Temporário de Resíduos UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 16

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 19

2.1. DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ... 19

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS ... 20

2.3. PANORAMA GERAL DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS.... 22

2.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ... 25

2.5 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA ... 25

2.6 MÉTODOS DE TRATAMENTO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS ... 27 2.6.1 Aterro Sanitário ... 28 2.6.2 Compostagem ... 29 2.6.3 Incineração ... 29 2.6.4 Reciclagem... 30 3. MATERIAIS E MÉTODO ... 31 3.1 ÁREA DE ESTUDO ... 31

3.2 COLETA DAS AMOSTRAS ... 33

3.3 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA ... 34

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 37

5. CONCLUSÃO ... 50

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1. INTRODUÇÃO

O crescimento populacional e o desenvolvimento urbano e tecnológico nas cidades impulsionam o aumento do consumo de bens e serviços estimulados pela economia capitalista resultando no aumento do consumo de produtos industrializados que consequentemente contribui com o aumento no consumo de recursos naturais para atender a demanda industrial. Dessa forma, os volumes de resíduos sólidos gerados acompanham o desenvolvimento urbano e tecnológico, porém o destino adequado desses resíduos gerados ainda é um desafio para a sociedade no mundo moderno (MENEZES et al., 2019; SANTAELLA et al., 2014; SCHMITZ, 2012; OENNING et al., 2012).

A geração de mais resíduos, em geral, traz como consequência mais impactos ambientais. As indústrias passaram a utilizar grande quantidade de recursos naturais para abastecerem suas fábricas e atenderem as exigências do mercado que se tornou cada vez mais consumista. O problema se agrava com a expansão e o adensamento dos aglomerados urbanos, já que a infraestrutura sanitária da maioria das cidades brasileiras não acompanha o ritmo acelerado desse crescimento (PEREIRA & CURI, 2013; TULLIO, 2019).

O intenso consumo dos recursos naturais combinado à falta de gestão de resíduos sólidos podem facilmente conduzir a um desequilíbrio ambiental grave. Os resíduos produzidos pela atividade humana ameaçam a qualidade de vida e a saúde ambiental se não forem corretamente geridos. Associado ao aumento da produção de bens decorrentes da tecnologia de extração de recursos naturais e da sua manufatura, principalmente a partir da revolução industrial, a sociedade ampliou muito suas demandas. A produção de resíduos sólidos está condicionada as atividades do homem e dentre outros fatores ao seu poder de consumo. Paralelamente os bens que no passado tinham uma vida útil muito longa passaram a ser substituídos com grande intensidade, até chegarmos à era dos produtos descartáveis (PEREIRA & CURI, 2013; FRANCO, 2012; SEMARH, 2012), além da ideia atual da obsolescência planejada, onde os produtos são projetados para terem durabilidade e tempo de vida limitados, que estimula a troca de produtos repercutindo diretamente no aumento da produção de resíduos (PEREIRA & CURI, 2013; CASARIL, et al, 2009).

A correta destinação destes resíduos é um grande desafio enfrentado pela sociedade brasileira nos dias de hoje. A disposição inadequada dos resíduos propicia a contaminação do ar, solo e das águas superficiais e subterrâneas; além da proliferação de vetores e doenças,

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comprometendo assim o bem-estar social e do meio ambiente (ALCÂNTARA et al., 2010). Desta forma, considerando a permanência de antigos problemas relacionados ao seu gerenciamento inadequado, os resíduos sólidos vêm ganhando destaque como um grave problema ambiental contemporâneo (TULLIO, 2019).

Segundo Alcântara et al. (2010), desde o surgimento dos primeiros centros urbanos, a produção de lixo se apresenta como um problema de difícil solução. O lixo na linguagem técnica é sinônimo de resíduos sólidos e consiste nos materiais descartados pelas atividades humanas. Monteiro et al. (2001), contestam o conceito de lixo como coisa inservível, uma vez que aquilo que não tem valor para uns, pode ser a matéria prima para outro produto ou processo.

Diante dessas questões, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010, onde são reunidos o conjunto de princípios, objetivos, diretrizes, instrumentos, metas e ações para a gestão integrada e gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos surge como marco legal e chama a atenção para a problemática dos resíduos, para seu tratamento e aborda medidas que trazem ganhos econômicos ao serem adotadas como por exemplo a coleta seletiva (BRASIL, 2010). A política determina ainda a elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos nos níveis estadual, municipal e regional bem como do Plano Nacional de Resíduos Sólidos; estabelecimento de metas para a erradicação de lixões; prevê a elaboração de planos de gerenciamento de resíduos sólidos por partes das empresas; além da implantação da coleta seletiva e logística reversa (GOUVEIA, 2012).

O gerenciamento dos resíduos sólidos deve-se iniciar pela sua caracterização, uma vez que esta possibilita uma maior compreensão acerca da quantidade e qualidade dos resíduos, bem como das variabilidades às quais estão sujeitos. De acordo com Monteiro et al. (2001), a composição gravimétrica ou composição física é uma forma de conhecer a composição dos resíduos sólidos de uma determinada localidade, uma vez que traduz o percentual de cada componente de uma amostra de resíduos em relação ao montante total amostrado.

Segundo o mesmo autor, a composição dos resíduos pode variar de uma localidade para outra em função de características sociais, econômicas, culturais, geográficas e climáticas, ou seja, dentro de uma mesma cidade podem haver regiões, ou mesmo bairros, com características gravimétricas distintas em relação aos demais. A obtenção da composição gravimétrica de uma determinada localidade é de grande importância para a avaliação da

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possibilidade de aproveitamento comercial das frações recicláveis bem como da fração orgânica para a produção de composto orgânico. Além disto, quando realizada por regiões de uma cidade, permite a determinação justa de tarifas de coleta, necessidade de rotas de coleta seletiva e o correto dimensionamento das mesmas, bem como das rotas convencionais (MONTEIRO et al., 2001).

O conhecimento da composição e da quantidade dos resíduos gerados é de extrema importância uma vez que, permitem dimensionar os problemas relacionados aos RS e, assim, buscar práticas que os minimizem. Além disto, a caracterização gravimétrica subsidia a elaboração de qualquer programa ou projeto relacionado aos RS, sendo, portanto, um importante instrumento de gestão integrada (STREB, 2004).

Em um sistema condominial de residências existe um elevado potencial na recuperação de materiais recicláveis uma vez que é possível alcançar o gerador e intervir na coleta desses materiais ao passo que também podem representar um gargalo no que tange à geração de resíduos e gestão dos mesmos (SILVA, 2019). Para Bassani (2011) os condomínios residenciais respondem positivamente à adoção de programas de coleta seletiva e de campanhas de informação aumentando a quantidade e qualidade dos materiais destinados à reciclagem.

Silva (2019) menciona que os condomínios residenciais são considerados grandes geradores de resíduos sólidos, pois ultrapassam a geração de 200 litros por dia de acordo com inciso XII, no artigo 3º da Lei Municipal 4.748, de 30 de abril de 1996, que regulamenta a Limpeza Urbana do Município de Natal e complementa que a Lei Municipal 6.227/11 estabelece a obrigatoriedade de condomínios e edifícios residenciais com mais de dez unidades habitacionais a manterem em suas dependências recipientes destinados à separação de resíduo orgânico (composto de materiais originados de organismos vivos) e inorgânico (composto de materiais de produtos manufaturados).

Diante do exposto, o presente trabalho tem por objetivo analisar estatisticamente a composição gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares (RSD) do bloco 38 do Condomínio Residencial Bairro Latino, em Natal/RN a fim de se conhecer a composição dos resíduos gerados e propor soluções para melhoria da problemática do lixo além de estimular a reflexão dos condôminos sobre sua responsabilidade na geração de resíduos.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Em seu artigo 3º, o inciso XVI da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010), define resíduo sólido como sendo:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviável em face da melhor tecnologia disponível.

Segundo a definição da Associação Brasileira de Normas Técnicos (ABNT) em seu item 3.1 da NBR 10.004, resíduos sólidos são:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Além das diversas definições para resíduos sólidos, outra discussão está relacionada às diferentes abordagens dos termos lixo, resíduos sólidos e rejeito. Comumente, o primeiro é utilizado de forma corriqueira e popular e engloba as definições de rejeito e resíduo. Assim como a definição de resíduo sólido, a Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), também define o termo rejeito e traz a compreensão de que trata-se dos resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

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Nesses termos, esses conceitos trazem consigo inúmeros aspectos relacionados, abordados a seguir.

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

A caracterização de resíduos consiste em determinar os principais aspectos físico-químicos, biológicos, qualitativos e/ou quantitativos da amostra. Os parâmetros analisados dependem para qual fim serão utilizados. Os resultados analíticos auxiliam na classificação do resíduo para a escolha da melhor destinação do mesmo. Portanto, envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, além de seus constituintes e características com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.

Os resíduos sólidos apresentam uma vasta diversidade e complexidade. A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser criteriosa e estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que lhe deu origem.

A NBR 10004/04 da ABNT dispõe sobre a classificação dos resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente, classificando-os em:

 Classe I (Perigosos): que consideram a inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e patogenicidade dos materiais.

 Classe II (Não Perigosos)

 Classe II – A (Não-Inertes): podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

 Classe II – B (Inertes): quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

A Lei 12.305/2010 classifica os resíduos quanto a sua natureza ou origem em resíduos domiciliares, resíduos de limpeza urbana, resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, resíduos dos serviços públicos de saneamento básico, resíduos industriais, resíduos de serviços de saúde, resíduos da construção civil, resíduos agrossilvopastoris, resíduos de serviços de transportes e resíduos de mineração.

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Além da classificação citada, o texto preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos propõe outra forma para agrupar tais resíduos, que considera o local ou atividade em que a geração ocorre, ou seja, sua origem. Em seu Art. 13, apresenta classificação sintetizada a seguir:

Resíduos Domiciliares: originários de atividades domésticas em residências urbanas. Divididos em materiais recicláveis (metais, aço, papel, plástico, vidro, etc.) e matéria orgânica.

Resíduos de Limpeza Urbana: originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana.

Resíduos Sólidos Urbanos: Resíduos domiciliares e de limpeza urbana.

Resíduos dos Serviços Públicos de Saneamento Básico: os gerados nessas atividades excetuados os resíduos sólidos urbanos;

Resíduos da Construção Civil: gerados nas construções, reformas, reparos e demolições, bem como na preparação de terrenos para obras.

Resíduos com Logística Reversa Obrigatória: pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; produtos eletroeletrônicos e seus componentes; entre outros a serem incluídos.

Resíduos Industriais: gerados nos processos produtivos e instalações industriais; normalmente, grande parte são resíduos de alta periculosidade.

Resíduos Sólidos de Serviços de Transporte: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira.

Resíduos de Serviços de Saúde: gerados em qualquer serviço de saúde conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA e SNVS;

Resíduos Sólidos de Mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração e beneficiamento de minério.

Resíduos Sólidos Agrossilvopastoris (orgânicos e inorgânicos): dejetos da criação de animais; resíduos associados a culturas da agroindústria, bem como da silvicultura; embalagens de agrotóxicos, fertilizantes e insumos.

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2.3. PANORAMA GERAL DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS No Brasil, a disposição dos resíduos no solo acontece comumente em muitos municípios, sem qualquer critério técnico para preservação do meio ambiente (MENEZES et al., 2019). Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), ainda nos dias de hoje, grande parte dos resíduos produzidos no Brasil é disposta em lixões ou em aterros controlados trazendo prejuízos ambientais e econômicos notáveis.

Em sua publicação Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2018/2019, referente ao ano de 2018, a ABRELPE constatou que 40,5% dos resíduos coletados no Brasil foram destinados de forma incorreta, o que correspondente a 29,5 milhões de toneladas de RSU que ainda são encaminhados aos lixões e aos aterros controlados, que não contam com um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a saúde das pessoas e o meio ambiente contra danos e degradações.

O Nordeste foi a região com menor índice de cobertura de coleta de RSU no país: seus 1.794 municípios geraram 53.975 toneladas em 2018, das quais 81,1% foram coletadas. Dos resíduos coletados, ao menos 6 em cada 10 toneladas vão para aterros controlados e lixões. Ou seja: mais de 28 mil toneladas por dia são depositadas em locais que podem causar poluição ambiental, com danos à saúde da população, como demonstrado no Gráfico 1 a seguir.

Gráfico 1: Disposição final de RSU na região NE (toneladas/dia).

Fonte: ABRELPE (2019)

Ainda segundo a ABRELPE (2019) entre 2017 e 2018, a geração de RSU no Brasil aumentou quase 1% e chegou a 216.629 toneladas diárias o que resulta em uma geração per capta de 1,039 kg/hab/dia em 2018 enquanto que no Nordeste essa geração foi um pouco menos expressivo, sendo de 0,951 kg/hab/dia.

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O número de municípios que possui alguma iniciativa de coleta seletiva também aumentou no Brasil de 3.923 em 2017 para 4.070 em 2018 e acompanhando esse aumento o Nordeste passou de 902 municípios em 2017 para 978 em 2019.

Em 2008, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE, eram 10 municípios com alguma iniciativa de coleta seletiva correspondendo a 5,99% dos municípios do Estado. Dados oficiais atualizados são escassos, porém a SEMARH divulgou em nota para imprensa que em 2017 8,4% dos municípios do RN tinha alguma iniciativa relacionada à coleta seletiva.

No Rio Grande do Norte, apenas 5,39% dos municípios tinha alguma iniciativa de coleta seletiva em 2010, isso representa apenas 9 municípios do RN, segundo o levantamento dos programas de coleta seletiva realizado pelo PEGIRS/SEMARH.

Os serviços de limpeza urbana no município de Natal são regulamentados pela Lei Municipal nº. 4.748 (Código de Limpeza Urbana), de 30 de abril de 1996, segundo a qual a exploração desses serviços compete exclusivamente a Companhia de Serviços Urbanos de Natal - URBANA, entidade autárquica, criada pela Lei Municipal n° 2.659, de 28 de agosto de 1979, dotada de personalidade jurídica, patrimônio e receitas próprias, com autonomia financeira, administrativa e técnica.

Segundo dados da URBANA (NATAL, 2015), no ano de 2010 foram coletadas 370.984 toneladas de resíduos sólidos, incluindo os domiciliares, entulho e resíduos da construção civil, podação, resíduos de serviços de saúde e coleta seletiva. O Gráfico 2 mostra a composição em termos percentuais (NATAL, 2015).

Gráfico 2: Composição dos resíduos gerados no ano de 2010.

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Cerca de 65% do total de resíduos gerados em Natal tem origem domiciliar e apenas 1% é proveniente de coleta seletiva. Esses percentuais demonstram a ineficiência do sistema visto que a fração reciclável representa aproximadamente 26,6%, conforme a caracterização gravimétrica apresentada na Tabela 1, evidenciando o potencial do Município para implantar ações de coleta seletiva e reciclagem, porém denuncia a necessidade de estratégias que aumentem a eficiência do sistema de coleta seletiva.

Tabela 1: Composição gravimétrica dos resíduos domiciliares de Natal em 2010

Informações divulgadas pela impressa no ano de 2018 indicam que a zona sul da capital, onde residem 172 mil pessoas, produz diariamente 226 toneladas de resíduos, gerando um 1,3 kg/hab/dia, bem acima da média nacional que é de 1,039 kg/hab/dia e da média para o nordeste que é de 0,951 kg/hab/dia para o ano de 2018 (TRIBUNA DO NORTE, 2019).

Como todo o processo de implantação de coleta seletiva necessita de um programa de educação ambiental constante e da participação de toda a sociedade para que seja efetiva, em Natal esse processo ainda está em passos lentos. Segundo o Plano de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos de Natal a coleta seletiva implantada na capital atinge apenas cerca de 5% de todo o material com potencial reciclável gerado no município em 2018 (NATAL, 2015).

Essa porcentagem ainda é pequena em relação a meta estipulada pelo PGIRS elaborado no ano de 2012 o qual prevê que até 2027 se esteja recolhendo por meio da coleta seletiva cerca de 70% dos resíduos secos passíveis de reciclagem ou reaproveitamento

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2.4 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O gerenciamento de resíduos sólidos envolve um conjunto de ações normativas, técnicas/operacionais, de planejamento e monitoramento, baseadas em critérios ambientais, sanitários e econômicos para destinar corretamente o resíduo gerado.

Como principais metas do gerenciamento, as quais aumentariam a eficiência do sistema, pode-se elencar duas principais: não geração, redução, reutilização, aproveitamento dos resíduos e reciclagem. Na busca por atingi-las, os Municípios, competentes para selecionar as melhores estratégias e instrumentos de manejo sustentável, devem atentar-se para cada etapa da cadeia do lixo, incluindo a que precede a coleta e, portanto, exige a participação e envolvimento dos geradores (empresas e pessoas), responsáveis pela redução e separação na fonte. Esse é o princípio do Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, instituído pela Constituição como competência do poder público, que deve evitar e suspender o envio de resíduos para lixões e aterros controlados, adotando melhores alternativas (MENEZES et al., 2019; GOUVEIA, 2012; MONTEIRO et al., 2001).

2.5 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA

O gerenciamento integrado deve começar pelo conhecimento dos resíduos gerados pelo município, uma vez que, vários fatores influenciam na sua composição: sazonalidade, aspectos climáticos, regionais, temporais e possíveis flutuações na economia. Portanto, as amostragens devem ser realizadas sistematicamente (SOUZA, 2009).

Pessin et al. (2006) destacam que diagnosticar os resíduos gerados por meio de sua composição gravimétrica ou caracterização quanti-qualitativa (determinação de tipos e quantidades de resíduos) é importante para que se possa realizar uma gestão desses resíduos de forma correta e ambientalmente segura a partir do dimensionamento do problema e assim buscar práticas que o minimizem. Este conhecimento só poderá ser obtido por meio de uma caracterização detalhada do resíduo, pautada em métodos claramente estabelecidos.

Caracterizar o resíduo sólido urbano de um município, ou determinar a composição física do resíduo produzido por uma população é de primordial importância para qualquer projeto relacionado a resíduo sólido. Segundo ITP/CEMPRE (2000) quando se realiza a caracterização do resíduo sólido urbano em um município, deve-se definir bem o objetivo desta (Streb et al, 2004).

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Segundo Guadagnin et al (2001) apud Souza (2009), a identificação e caracterização dos constituintes de cada localidade são fundamentais na determinação da alternativa tecnológica mais adequada, desde a etapa de coleta, transporte, reaproveitamento, reciclagem até a destinação final dos rejeitos em aterros sanitários ou controlados.

O Quadro 1 identifica algumas das informações necessárias ao planejamento do gerenciamento do resíduo municipal, obtidas por meio da caracterização quantitativa e qualitativa dos resíduos.

Quadro 1: Informações pertinentes ao planejamento do gerenciamento do lixo municipal.

Parâmetro Descrição Importância

Taxa de geração por habitante (kg/habitante.dia)

Quantidade de lixo gerada por habitante num período de tempo especificado. Refere-se aos volumes efetivamente coletados e à população atendida.

Fundamental para o planejamento de todo o sistema de gerenciamento do lixo, sobretudo, no dimensionamento de instalações e equipamentos.

Composição física

Refere-se às porcentagens das várias frações do lixo, tais como papel, plástico, madeira, trapo, metal, vidro, etc.

Ponto de partida para estudos de aproveitamento das diversas frações e para a compostagem.

Teor de matéria orgânica

Quantidade de matéria orgânica contida no lixo. Inclui matéria orgânica não-putrescível e não-putrescível.

Avaliação do processo de compostagem. Avaliação do estágio de estabilização do lixo aterrado.

Fonte: Adaptado de ABRELPE (2019); SOUZA (2009)

A composição gravimétrica identifica o percentual de cada componente em relação ao peso total da amostra de lixo analisada (IBAM, 2004). Os componentes mais comuns são: matéria orgânica, metal ferroso, borracha, papel, metal não-ferroso, couro, papelão, alumínio, pano/trapo, plástico rígido, vidro, madeira, ossos, plástico mole, cerâmica e agregados finos. Portanto, é possível identificar o aproveitamento tanto das frações recicláveis para comercialização quanto da matéria orgânica para a produção de composto orgânico. (MONTEIRO et al., 2001).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) apresenta como um de seus objetivos a observância da seguinte ordem de prioridade: “Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” (BRASIL, 2010).

A necessidade de minimizar o resíduo é defendida em documentos como: EPA (2004); Agenda 21 (2004); Streb et. al., (2003); IPT/Cempre (2000); Brundtland (1991); e, Teixeira (1999); entre outros, que afirmam ser conveniente, para se lidar com a geração de resíduo sólido, priorizar-se sistemas que busquem e/ou proporcionem uma diminuição da quantidade

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de resíduo a ser descartada e, consequentemente, o seus impactos ambientais associados (Streb et al., 2004).

Dentro do que preconiza a PNRS, a coleta seletiva se faz fundamental para viabilizar a reciclagem, reutilização e disposição final ambientalmente adequada. Segregar os RS na origem é extremamente importante no que tange à sustentabilidade uma vez que melhora qualidade dos recicláveis; mantém o valor agregado do material; reduz o volume tratado ou disposto e aumenta a vida útil dos aterros sanitários.

A composição gravimétrica dos resíduos gerados por uma população permite conhecer melhor as quantidades produzidas de cada material e dimensionar estruturas e processos para o tratamento e manejo desses resíduos. A partir do volume gerado e das frações de sua composição é possível dimensionar uma usina de triagem e compostagem contemplando os espaços para acomodar cada tipo de resíduo bem como a estrutura necessária para um possível tratamento. Conhecendo os volume de resíduo orgânico e não recicláveis, por exemplo, é possível viabilizar e projetar biodigestores, incineradores ou usinas de pirólise para produção de energia elétrica.

Devido à sua complexidade, a gestão dos RSU pode representar despesas significativas para os governos locais. Esta despesa tende a variar de acordo com as características do município (tamanho, relevo, distância até o local de disposição final) e a qualidade do serviço prestado (coleta seletiva de materiais recicláveis, coleta de resíduos volumosos, frequência da coleta e da varrição etc.) (IPEA, 2012). Dessa forma, investir em ações de conscientização e educação ambiental pode representar um meio de economia no processo de gestão de RSU pelo poder público.

2.6 MÉTODOS DE TRATAMENTO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS

A PNRS estabelece dentre o rol de tecnologias para a destinação final ambientalmente adequada dos resíduos: “A reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, entre elas a disposição final” (BRASIL, 2010). A compostagem e a biodigestão (com ou sem conversão energética) são as tecnologias mais recomendadas mundialmente para a reciclagem dos resíduos orgânicos (ESA, 2014).

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Dentre os métodos de tratamento dos resíduos, enquadram-se a disposição final em aterro sanitário e o tratamento através do processo de compostagem e incineração, além da destinação para reciclagem que serão abordados neste trabalho por serem mais comuns.

2.6.1 Aterro Sanitário

A definição técnica para aterro sanitário é apresentada pela NBR 8.419 (ABNT, 1992):

Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário.

A partir da disposição final de resíduos em aterros, as populações de microorganismos presentes multiplicam-se transformando o material biodegradável em massa parcial ou totalmente bioestabilizada, através do processo de decomposição anaeróbia que gera gases, principalmente o metano, direcionado a drenos para condução dos mesmos a atmosfera ou para queima. (SCHMITZ, 2012; TENÓRIO; ESPINOSA, 2004). Trata-se de uma das práticas de tratamento de resíduo mais utilizada por ser simples e de baixo custo, porém requer a disponibilidade de grandes áreas próximas aos centros urbanos que não comprometam a segurança e o conforto da população, provoca a desvalorização das áreas do entorno exige mão de obra habilitada para o gerenciamento de aterros.

Tenório & Espinosa (2004) apontam ainda como pontos negativos a perda de matérias-primas e da energia contida nos resíduos, o transporte dos resíduos a longas distâncias, além dos riscos de contaminação do lençol freático e do solo devido a produção de chorume e percolados, que necessitam de tratamento, são passivos ambientais constantes, a necessidade de manutenção e vigilância após o fechamento do aterro, monitoramento contínuo e permanente para fins de avaliação das águas superficiais, através da piezometria e a obrigatoriedade de apresentar vida útil superior a dez anos

Com relação aos critérios técnicos para instalação dos aterros sanitários, os mesmos devem ser dotados de base impermeável, drenagem de gases, lixiviados e águas pluviais e os

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efluentes líquidos gerados (chorume ou percolado) devem ser tratados em estação de tratamento de efluentes (SCHMITZ, 2012).

O aterro sanitário é a única opção aceita atualmente para a destinação dos resíduos que não podem ser reciclados ou compostados. Entretanto, os mesmos recebem inadequadamente resíduos reaproveitáveis e recicláveis resultando em prejuízos econômicos pela não utilização destes resíduos na indústria da reciclagem e na diminuição da vida útil do aterro sanitário (SCHMITZ, 2012).

2.6.2 Compostagem

Comumente a maior fração dos resíduos sólidos domésticos é de resíduos orgânicos. O processamento mais adequado nesse caso é a compostagem, técnica desenvolvida com a finalidade de acelerar, com qualidade, a estabilização da matéria orgânica, transformando os resíduos orgânicos em adubo para o solo. (SCHMITZ, 2012). A autora define ainda que os resíduos orgânicos constituem todo material de origem animal ou vegetal e cujo acúmulo no ambiente não é desejável.

Trata-se de um processo controlado de decomposição microbiana de oxidação e oxigenação de uma massa heterogênea de matéria orgânica no estado sólido e úmido, pelo controle da temperatura, aeração e umidade. Sua finalidade é obter, mais rapidamente e em melhores condições, a estabilização da matéria orgânica em processos consecutivos de junção e revolvimento da massa orgânica que leva à aceleração da decomposição produzindo um composto orgânico de qualidade.

2.6.3 Incineração

Segundo Lima (2004) apud Schmitz (2012) a incineração é definida como o processo de redução de peso, do volume e das características de periculosidade dos resíduos, com a consequente eliminação da matéria orgânica e características de patogenicidade, através da combustão controlada em termos de aeração, em alta temperatura (acima de 900 °C) e em tempo pré-determinado onde os compostos orgânicos são reduzidos a seus constituintes minerais, principalmente dióxido de carbono e vapor d’água, além de sólidos inorgânicos (cinzas).

Nessas condições, a eficácia na redução de volume dos resíduos é de cerca de 95%, obtendo-se como produto sólido apenas cinzas, o que reduz drasticamente a necessidade de espaço em aterro sanitário. Em contrapartida, a técnica exige altos investimentos financeiros em razão da necessidade de implementos tecnológicos para minimizar a poluição do ar gerada

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pela emissão de gases tóxicos, especialmente dioxinas e furanos, advindos da queima do resíduo, o que, aliado aos impactos gerados pela incineração fazem desta forma de tratamento uma alternativa de alto custo (IBAM, 2004), mas com a possibilidade de gerar energia para geração de vapor ou eletricidade.

Mesmo se tratando de um método caro, alguns materiais obrigatoriamente devem ser destinados a este tipo de tratamento devido seu alto grau de periculosidade como é o caso dos resíduos hospitalares ou contaminantes potenciais.

No Rio Grande do Norte atualmente existem duas empresas que possuem incineradores instalados: a Brasóleo, localizada em Carnaubais-RN e a BS Cryl em Jardim do Seridó-RN.

2.6.4 Reciclagem

Reciclar significa transformar materiais usados em novos produtos para o consumo, utilizando-se de materiais descartados como matéria-prima sendo anteriormente separados e descartados de forma seletiva e direcionados adequadamente para postos de coleta. Nesse contexto, a coleta seletiva de resíduos sólidos pressupõe a separação dos materiais recicláveis ainda na fonte produtora.

Dentre os benefícios de realização da reciclagem cita-se especialmente a diminuição da quantidade de resíduo a ser aterrada, a preservação de recursos naturais e a redução dos custos de produção.

2.6.5 Geração de energia

A PNRS em sua Lei N° 12,305/2010 prevê que a recuperação energética de RSU seja implantada como forma de destinação final ambientalmente adequada dos resíduos, considerando a viabilidade técnica e ambiental de cada tecnologia (BRASIL, 2010).

Algumas tecnologias já são adaptadas para geração de energia como é o caso da incineração. O funcionamento básico de uma usina termoelétrica consiste na transformação da energia térmica proveniente de um combustível em energia mecânica, que por sua vez é convertida em energia elétrica. Nesse caso os resíduos que não forem destinados aos demais processos existentes ou até mesmo aqueles que podem ser reciclados ou reutilizados podem também servir de biomassa para a queima nos processos de pirólise e incineração para a produção de energia elétrica.

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Por meio da fermentação anaeróbia produzindo biogás que é derivado do lixo, esgoto ou esterco bovino, suíno etc., os resíduos tornam-se matéria prima para substituição do GLP (Gás liquefeito de petróleo), combustível na geração de energia elétrica. Dessa forma os aterros sanitários podem ter implantados em seus projetos tradicionais usinas que coletam nos drenos de gases a matéria prima para seus processos de geração de energia pela queima de gases, principalmente o metano. Pelo mesmo processo, porém em escala menor, o biodigestores também geram gases que podem ser coletados e convertidos para a geração de energia elétrica.

Os custos de investimento em energia renovável são em sua maioria, superiores aos necessários para a adoção de fontes tradicionais. Não obstante, invariavelmente as energias renováveis trazem consigo externalidades positivas passíveis de serem mensuradas, como o desenvolvimento das áreas econômica e social. Adicionalmente, investimentos na geração de energia que se utiliza do biogás como fonte combustível podem ser viáveis economicamente devido à apropriação de receitas oriundas da venda da energia elétrica e da comercialização dos créditos de carbono (PNUD, 2010).

3. MATERIAIS E MÉTODO

3.1 ÁREA DE ESTUDO

O Condomínio Residencial Bairro Latino, está localizado na Avenida Alameda das Mansões, 3696, no bairro de Candelária em Natal – RN. O condomínio tem um perfil de moradores tradicional e principalmente idosos e jovens estudantes favorecido pela sua localização central e proximidade do campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O condomínio conta com 47 blocos de três andares cada, com 4 apartamentos por andar totalizando 12 apartamentos por bloco (Figuras 01 e 02).

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Figura 1: Localização do Condomínio Bairro Latino

Para realizar o experimento, foi selecionado o Bloco 38 do condomínio (Figura 02) localizado pelas coordenadas Lat. 5°50'38.81"S e Long. 35°12'45.48"O, onde haviam 11 apartamentos ocupados e gerando resíduos.

Figura 2: Condomínio Bairro Latino - Bloco 38

O estudo da Caracterização dos Resíduos Sólidos do bloco n.38 do Condomínio Bairro Latino, no bairro de Candelária em Natal-RN, teve por finalidade determinar a composição gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares das 12 unidades habitacionais do referido condomínio que fossem representativos de todo o condomínio. Para isso foi realizada a analise amostral do referido bloco de apartamentos em sua totalidade.

A análise buscou determinar os tipos das frações que compõem os resíduos e, de acordo com elas, se estudar as possibilidades de tratamento e/ou disposição final. Ao se analisar proposta de programa de coleta seletiva, também é fundamental realizar essa caracterização,

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para que se possam estimar as quantidades de resíduos recicláveis a serem coletados e a geração de renda ou economia em projetos de destinação final.

Os resíduos gerados nos apartamentos são depositados e acondicionados em duas casas de lixo (Figura 03) existentes, sem nenhuma divisória física de materiais ou espaços. Os moradores são encarregados de dispor seus resíduos, geralmente dispostos em sacolas plásticas originárias de supermercados, nas casas de lixo e em uma frequência de três vezes na semana o resíduo é coletado pela empresa VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL S.A. que presta serviço terceirizado para a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (URBANA).

Figura 3: Casa de lixo mais próxima do Bloco 38.

Fonte: SILVA, 2019.

Para a viabilização da coleta dos resíduos, foi disponibilizado um recipiente, separado das casas de lixo, que ficou disposto na saída do bloco, na parte externa do mesmo, com avisos indicativos da finalidade do recipiente e informações sobre o experimento e coletas.

3.3COLETA DAS AMOSTRAS

Anteriormente à disponibilização do recipiente, os condôminos foram notificados por escrito e presencialmente de que por um período de duas semanas, compreendidas entre os dias 09 a 23 de setembro, os resíduos deveriam ser depositados no recipiente localizado na parte externa do bloco em detrimento ao acondicionamento tradicional.

Para a determinação da composição gravimétrica do RSU, foi analisada a programação da coleta do lixo realizada pela empresa VITAL ENGENHARIA, que presta serviços a Prefeitura através da URBANA, e de acordo com essa programação foi planejado o presente procedimento amostral. As coletas foram realizadas as segundas, quartas e sextas feiras,

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sempre antes da passagem da coleta pública. totalizando 6 amostras, na tentativa de simular a coleta convencional sem alterar os procedimentos costumeiros dos condôminos no descarte de seus resíduos. O recipiente foi recolhido pelo veículo institucional da UFRN a serviço da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) e levado a Unidade de Armazenamento Temporário de Resíduos (UATR) na UFRN para análise.

Figura 4: Recipientes utilizados para recolher os resíduos analisados.

Fonte: SILVA, 2019.

3.3 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA

A composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente em relação ao peso total da amostra de resíduo analisada. Esta avaliação permite escolher a melhor destinação para cada tipo ou grupo de resíduos, possibilitando, desta forma, a segregação dos resíduos e rejeitos na fonte geradora (REZENDE et al., 2013). A gravimetria dos resíduos gerados no bloco 38 do Condomínio Bairro Latino foi executada tomando-se os resíduos acondicionados nos recipientes destinados à coleta dos resíduos do referido bloco e levados a UATR-UFRN onde foi devidamente analisado.

Após a coleta, os resíduos foram transportados para um local abrigado, plano e livre de umidade. O material foi depositado sobre uma superfície impermeabilizada (lona plástica) abrindo-se todas as sacolas, sacos, caixas e outros materiais em que estava acondicionado (Figura 05), e posteriormente separados em categorias baseadas nas metodologias propostas por Siqueira et al. (2016), Rezende et al. (2013), Costa et al. (2012), Oenning et al. (2012), Monteiro et al. (2001) e consideradas as especificações e orientações técnicas estabelecidas no Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos elaborado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Monteiro et al., 2001) e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM, 2015).

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Figura 5: Pesagem do material coletado com a primeira amostra

Após uma análise imediata da composição aparente dos resíduos, decidiu-se pela sua segregação em 12 categorias: orgânicos, papel/papelão, plástico/polímeros, subdividido em plástico rígido, plástico flexível e isopor, vidro, metal, não recicláveis; resíduo sanitário, têxtil/trapo, medicamentos e madeira de forma coerente com suas características visuais.

Os orgânicos compreendem todo resíduo de origem vegetal ou animal. Papel e papelão são os resíduos que embora orgânico tem em sua composição celulose, são biodegradáveis e se diferenciam apenas pela gramatura. Os compostos popularmente conhecidos por plástico são polímeros que possuem características distintas podendo se configurar em diversos tipos. Para este trabalho os polímeros foram classificado em plástico flexível, que compreende os polietilenos tais como as sacolas de supermercado, embalagens de alimentos e produtos, plástico rígido, que compreende embalagens de produtos com maior rigidez capaz de absorver impactos na função de proteger o produto que guarda tais como PET, PP, PVC, etc. e isopor que compreende os poliestirenos. Os vidros e metais não foram subdivididos devido seu pequeno volume. O resíduo têxtil é todo material derivado de sobra da produção, linhas, retalhos ou peças de roupas descartadas. Os resíduos sanitários são aqueles provenientes dos banheiros dos apartamentos. Medicamento compreende as caixas, flaconetes, frascos, blister, o medicamento em si e ainda instrumentos de aplicação de medicamento. Por fim os não recicláveis que são aqueles materiais que não possuem interesse ou viabilidade econômica em sua reciclagem ou ainda impedimento pela falta de tecnologia.

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Foram processadas no total 6 amostras, as quais foram coletadas, pesadas e separadas as frações previamente estabelecidas na massa de resíduos. Após desensacolar o residuo procedeu-se a separação de todo material de acordo com os componentes escolhidos para realizar a determinação da gravimetria neste trabalho e conforme preconizado em Monteiro et al., (2001).

O material segregado foi acondicionado em sacolas plásticas individuais (Figura 06) e, posteriormente, cada uma das frações foi pesada com o auxílio de uma balança digital. Com a massa das frações, foi possível determinar o percentual de cada uma delas em relação ao montante total, obtendo-se, assim, a gravimetria de cada amostra.

Figura 6: Seleção de material para pesagem

Dado o volume reduzido da coleta inicial, optou-se por realizar a análise integral do conteúdo dos recipientes a fim de se obter valores mais representativos das frações de materiais. Nessa pesquisa, optou se por não utilizar o método de quarteamento, o qual visa redução da amostra para pesagem e obtenção do peso específico. Assim, uma amostra temporal dos resíduos foi trabalhada, com quantitativo referente ao volume de resíduos gerados no período de quatorze dias, em período típico do cotidiano não abrangendo datas comemorativas, feriados ou períodos festivos uma vez que nesses períodos, a produção de lixo pode ser alterada, mascarando a realidade.

Dos elementos de caracterização física dos RSU descritos em Monteiro et al., (2001) e Pereira Neto (2007): composição gravimétrica, peso específico, teor de umidade,

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compressividade e geração per capita, o presente estudo, em conformidade com os objetivos, realizou apenas a composição gravimétrica e geração per capita.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O principal enfoque deste estudo foi direcionado aos resíduos domiciliares classificados pela NBR 10004 como pertencentes à Classe II (Não perigosos), conhecidos vulgarmente como “resíduos comuns” e classificados pela PNRS como resíduos domiciliares.

Paralelamente à realização da gravimetria foi realizado um levantamento porta a porta a fim de se obter o número de moradores e a renda familiar de cada unidade habitacional. No bloco 38 do condomínio Bairro Latino vivem 11 famílias, totalizando 40 moradores. A média de resíduos produzidos diariamente foi de 20,9 kg/dia, logo a produção per capta é de 0,52 kg/hab/dia, compatível com a média estabelecida por Monteiro et al (2001) para municípios com população urbana entre 30 a 500 mil, a qual é de 0,5 a 0,8 kg/hab./dia. O valor bem abaixo da média para Natal, que é 1,3 kg/hab/dia, se deve principalmente pelo fato de que em alguns apartamentos vivem até sete estudantes que possuem hábito de passar a maior parte do dia fora de casa e portanto executar suas atividades diárias externas à moradia como alimentar-se por exemplo. A maioria dos apartamentos (5 unidades) declararam ter renda familiar de seis a nove salários mínimos (de R$ 5.988,00 até 8.982,00), enquadrando-se na classe B2 segundo critério de classificação econômica no Brasil feito pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (SILVA, 2019; ABEP, 2019). Ainda pela mesma classificação, dois apartamentos se enquadram na classe C2 (de R$ 998,00 até R$ 2.994,00) e quatro apartamentos na Classe C1 (de R$ 2.994,00 até R$ 5.988,00) (SILVA, 2019).

A composição gravimétrica média das amostras de resíduos analisadas, no período de 2010, para a cidade de Natal pode ser visualizada na Tabela 01. Os valores de cada grupo de componentes estão expressos em percentual e, podem ser comparados com os valores constantes na Tabela 02, indicam que o volume de material orgânico gerado pelos moradores do condomínio foi de 71,35% e superam em 18,9% a média nacional e em 112,7% a média na capital do RN o que torna notória a expressividade dos volumes de resíduos orgânicos com seus 446 kg de material coletado.

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Tabela 2: Classificação dos resíduos domiciliares do condomínio Bairro Latino Gerado Coletado Classificado Material (Kg) (%) (Kg) (%) (Kg) (%) (Kg) (%) (Kg) (%) (Kg) (%) TOTAL % Papel/Papelão 1,110 13,77 0,790 2,50 1,600 6,94 0,325 3,99 1,100 4,23 1,855 6,45 38,218 6,11 Plástico/Polímero 0,830 10,30 2,160 6,83 2,750 11,94 0,465 5,71 1,360 5,24 2,170 7,54 49,740 7,95 Vidro 0,000 0,00 1,730 5,47 0,420 1,82 0,000 0,00 0,000 0,00 1,120 3,89 10,561 1,69 Metal 0,095 1,18 0,130 0,41 0,110 0,48 0,165 2,03 0,160 0,62 0,460 1,60 5,829 0,93 Orgânico 5,040 62,53 23,160 73,20 15,160 65,80 6,340 77,84 20,010 77,04 20,265 70,45 446,378 71,35 Não reciclável 0,145 1,80 0,165 0,52 0,155 0,67 0,000 0,00 0,260 1,00 0,100 0,35 4,819 0,77 Sanitário 0,410 5,09 2,860 9,04 2,690 11,68 0,760 9,33 2,935 11,30 2,110 7,34 58,197 9,30 Têxtil 0,370 4,59 0,135 0,43 0,015 0,07 0,000 0,00 0,000 0,00 0,510 1,77 6,112 0,98 Medicamentos 0,050 0,62 0,050 0,16 0,140 0,61 0,090 1,10 0,150 0,58 0,175 0,61 3,723 0,60 Madeira 0,010 0,12 0,46 1,45 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 2,048 0,33

TOTAL por dia 8,060 100,00 31,640 100,00 23,040 100,00 8,145 100,00 25,975 100,00 28,765 100,00 625,625 100,00

12/set 14/set 17/set 19/set 21/set 24/set

11/set 13/set 16/set 18/set 20/set 23/set

09, 10, 11 11, 12, 13 13, 14, 15, 16 16, 17, 18 18, 19, 20 20, 21, 22, 23

O desperdício de alimentos tem-se mostrado uma prática no Brasil, com taxa em torno de 64% para matéria orgânica disposta em aterros ou lixões (PEREIRA NETO, 2007). Esta elevada porcentagem de resíduos orgânicos pode ser reflexo do perfil dos moradores do bloco de apartamentos escolhido para análise que em sua maioria são jovens estudantes que se alimentam de comida pronta ou fast food e raramente fazem algum preparo em casa, fato este que propicia o estrago de alimentos acondicionados por muito tempo em refrigeradores e despensas. Dentre os resíduos coletados foram observados alimentos frescos (Figura 07) ainda em sua embalagem comercial porém em estágio avançado de decomposição. Alimentos não perecíveis com a presença de insetos também foram observados o que evidencia e respalda a teoria colocada anteriormente.

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A média diária para a produção de resíduos orgânicos ficou em 15 kg com desvio padrão de 7,66 kg sendo cada morador responsável por gerar em média 0,38 kg de resíduo orgânico. O menor peso verificado foi no primeiro dia de amostra analisada, apenas 5kg, como mostra o Gráfico 03, porém 23,16 kg representando 62,5% do total de resíduos para aquela coleta e mantendo a proporcionalidade nas demais amostras sendo sempre a maior fração classificada.

Gráfico 3: Distribuição das quantidades de resíduo orgânico durante o experimento

O reaproveitamento da matéria orgânica é praticado em alguns municípios através da compostagem, que a transforma em adubo orgânico. A compostagem no Brasil vem sendo tratada apenas sob a perspectiva de eliminar o lixo doméstico e não como um processo industrial que gera produto, necessitando de cuidados ambientais, ocupacionais, marketing, qualidade do produto etc (NETO et al., 1999 apud SCHMITZ, 2010).

A quantidade de recicláveis tem grande representatividade compreendendo 16,68% do total de amostras (Gráfico 04) podendo este ser coletado diretamente na fonte geradora, através de programas de coleta seletiva, diminuindo assim a quantidade de resíduos a serem descartados nos seus destinos finais. Como pode ser observado, a matéria orgânica esta presente em sua maioria quando comparada as demais categorias.

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Gráfico 4: Caracterização gravimétrica referente às frações de resíduos.

Observando o Gráfico 04 é possível perceber que os resíduos sanitários representam 9,3% com 58 kg do total de resíduos coletados. O resultado incomum se deve ao fato que de no bloco de apartamentos existem moradores que possuem animais de estimação e utilizam o lixo do banheiro para o descarte dos dejetos dos animais. Dentre esses resíduos estão os tapetes higiênicos para cães, que se assemelha em função e volume a uma fralda descartável e ainda as areias higiênicas para gatos com alto poder absorvente e grande volume e peso. Por este motivo os valores para os resíduos sanitários estiveram bem a acima do esperado em algumas amostras justificando os valores discrepantes que vão de 0,4 kg a 2,9 kg (Gráfico 05) e incrementando os percentuais para esta categoria frente a outras que se esperava maior expressividade.

Gráfico 5: Distribuição das quantidades de resíduo sanitário durante o experimento

Dentre os materiais recicláveis de maior interesse o plástico teve a maior fração com 7,95%, o que corresponde a 50 kg do total de resíduos coletados, porém bem inferior a

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porcentagem média publicada pelo PEGIRS-RN para Natal que foi de 15,3%. Para este trabalho o plástico foi subdividido em plástico rígido, plástico flexível e isopor que também faz parte da família dos polímeros. A evidência dada ao isopor se deveu ao fato de que a quantidade desse resíduo foi notória na primeira amostra e, portanto contou na decisão de incluí-lo entre as categorias.

O Gráfico 06 expõe as frações dos tipos de plástico considerados para este experimento. Dos quase 50 kg de plástico coletado 46% corresponde ao plástico flexível, 45% ao plástico rígido e apenas 9% isopor (Figura 08).

Gráfico 6: Frações da categoria Plástico/Polímero.

Figura 8: Pesagem das subcategorias de plásticos: (a) Plástico rígido; (b) Isopor; (c) Plástico flexível

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Embora pareça pouco, o volume correspondente ao peso de 4,5 kg de isopor supera os demais plásticos e por isso torna-se relevante dentre as categorias observadas. Ademais o isopor esteve presente em todas as amostras conforme expõe o Gráfico 07. Dos 22,6 kg de plástico flexível coletados 63% deve-se às sacolas de supermercado ou sacos de feira, sendo o restante correspondentes à embalagens de alimentos.

Gráfico 7: Distribuição das quantidades de plástico/polímero durante o experimento

Os plásticos em aterros dificultam a compactação dos resíduos e prejudicam a decomposição dos materiais putrescíveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquido e gases gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica. Portanto, repensar o uso destas sacolas é fundamental para garantir a otimização dos aterros sanitários bem como os processos de reciclagem.

Ainda em observância ao Gráfico 04, o papel é a segunda categoria mais relevante com 6,11%, condizente com os percentuais médios para coleta seletiva na cidade do Natal que foi de 5,08%. A média para este material ficou em 1,1 kg por amostra. Os valores discrepantes (Gráfico 08), como 0,325 kg, se justificam pelo fato de que a categoria compreende o papel e papelão e em alguns dias não houve a presença de papelão, diminuindo o volume e peso registrado.

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Gráfico 8: Distribuição das quantidades de papel/papelão durante o experimento

Nesta categoria foi incluída também as embalagens tetrapak que repesentou cerca de 21% do material coletado nesta categoria. O papel contribuiu com 36% e o papelão com 43% do total do material coletado. Esses percentuais foram alcançados sem pretensão de gravimetria, uma vez que o volume de material não foi expressivo e pelo fato de que em algumas amostras pelo menos uma das subcategorias estavam ausentes. Embora esta categoria não tenha sido subdividida como foi o caso dos plásticos, no decorrer do experimento evidenciou-se a importância de fazê-lo uma vez que é um material largamente utilizado nas plantas de reciclagem sendo necessário maior atenção no modo de descarte para viabilizar sua reciclagem.

A Figura 09 mostra os materiais pesados e a condição em que eram encontrados nas amostras. Algumas embalagens que poderiam entrar no processo de reciclagem, apesar de serem contabilizadas na gravimetria, em uma situação real seriam rejeitadas devido sua condição de descarte. A Figura 10 mostra embalagens de papel contaminadas com líquidos orgânicos que em uma situação real inviabilizariam sua reciclagem, mas para que se tivesse um valor mais aproximado do que seria a produção da população amostrada esse material foi contabilizado na classe Papel/papelão.

Referências

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