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Requalificação do centro comunitário: conectando coletivo e ambiente

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE ARQUITETURA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ESPECIALIZAÇÃO EM ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HABITAÇÃO E DIREITO À CIDADE RESIDÊNCIA PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, URBANISMO E ENGENHARIA

Trabalho de Conclusão

Requalificação do centro comunitário:

conectando coletivo e ambiente.

Ana Claudia Teixeira Frederico Balani, Arquiteta e Urbanista - Profissional Residente. Prof.ª Ma. Heliana Faria Mettig Rocha, Arquiteta e Urbanista - Tutora

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Assistência Técnica, Habitação e Direito à Cidade, como requisito de conclusão do curso, para obtenção do título de especialista e implantação do projeto experimental de Residência Profissional em Arquitetura, Urbanismo e Engenharia da Universidade Federal da Bahia, integrado ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Arquitetura, com apoio da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia.

SALVADOR/BA Fevereiro de 2015

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CRÉDITOS DA ELABORAÇÃO DA PROPOSTA Autoria

Ana Claudia Teixeira Frederico Balani, Arquiteta e Urbanista - Profissional Residente. Prof ª Ma. Heliana Faria Mettig Rocha, Arquiteta e Urbanista – Tutora.

Colaboração

Membros da equipe “Nova Esperança, meio ambiente Urbano”: Cleiton Airon Alves Arruda, Urbanista.

Igor Alves Borges, Urbanista.

Rafaela Costa Alonso, Arquiteta e Urbanista.

Vagner Damasceno Freitas de Cerqueira, Arquiteto e Urbanista. Auxílio na produção e finalização das imagens 3D:

Fernanda Árabe Castejon, Arquiteta e Urbanista. Liliane Silva, Arquiteta e Urbanista.

Auxílio com os arquivos digitais dos painéis: Julia Danysse Tonussi Goncalves, Design.

Revisão de textos, auxílio na produção de tabelas e gráficos: Rodrigo Balani, Engenheiro Eletricista.

Orientação para formatação do texto: Dra. Amanda Cristina Esteves Amaro, Bióloga.

Consultoria Legislação:

Adelaide Cristina Rosas Luna, Arquiteta e Urbanista. Paolo Pelegrino, Arquiteto e Urbanista.

Arquitetura e Urbanismo:

Dra. Angela Gordilho Souza, Arquiteta e Urbanista. Ma. Letícia Jorge Wassal, Arquiteta e Urbanista. Arquitetura e Paisagismo:

Dra. Maria Aruane Santos Garzedin, Arquiteta e Urbanista. Dr. Raul Pereira, Arquiteto e Urbanista.

Meio ambiente e aproximação comunitária:

Geneci Braz de Souza, Engenheiro Agrônomo e Especialista em Meio Ambiente.

Apoio

ABENE (Associação Beneficente dos moradores de Nova Esperança). INEMA (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos).

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SESSÃO DE AVALIAÇÃO DO TRABALHO FINAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Data da banca: 11/12/2014

Local: Sala da Congregação, ás 14hs. FAU UFBA.

Título: Requalificação do Centro Comunitário de Nova Esperança-Ipitanga: Conectando coletivo e ambiente

Tutora: Profa. Arqta. Ma. Heliana Faria Mettig Rocha

Membro Interno: Profa. Arqta. Dra Maria Aruane Santos Garzedin

Membro externo: Arqta. Maria Emilia Rodrigues Regina (Especialista em projetos arquitetônicos/ Politècnica de Catalunya)

Representante da Comunidade: Rosimere Conceição dos Santos e Pedro Viana Filho.

Representante Instituição Participante: Engenheiro Agrônomo Geneci Braz de Souza. (Especialista em Meio Ambiente / INEMA)

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“Uma árvore é uma folha e uma folha é uma árvore. A casa é a cidade e a cidade é a casa. Uma árvore é uma árvore, mas também é uma folha enorme. Uma folha é uma folha, mas também é uma pequena árvore. A cidade não é a cidade a menos que seja também uma grande casa. A casa não é a casa a menos que seja também uma pequena cidade”. Aido van Eyck.

“Tree is leaf and leaf is tree. House is city and city is house. A tree is tree but it is also a huge leaf. A leaf is a leaf but it is also a tiny tree. A city is not a city unless it is a huge house. A house is a house only if it is also a tiny city.” Aido van Eyck.

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RESUMO

A água é um importante componente para o planejamento urbano, indispensável para a manutenção da vida e desenvolvimento econômico. Com o avanço da urbanização mundial, este recurso tem se tornado cada vez mais escasso e inapropriado para uso, por conta da poluição dos rios e morte das nascentes. No Brasil o desmatamento das áreas de mananciais de abastecimento de água, a pressão da ocupação habitacional e a falta de planejamento dos governos e dos planos de desenvolvimento urbano criaram um grave cenário de crise hídrica em diversos estados. Na cidade de Salvador o complexo de represas de abastecimento de água de Ipitanga, inserida na APA (Área de Proteção Ambiental) Joanes Ipitanga, vem sofrendo também com estes fatores que levaram diversas outras cidades brasileiras a degradação dos mananciais. Este trabalho prestou assistência técnica gratuita em Arquitetura, Urbanismo e Engenharia para a comunidade de Nova Esperança, localizada nas margens da terceira represa do sistema de abastecimento de Ipitanga e que vive uma tensão permanente entre crescimento urbano e meio ambiente. Preocupado com as condições habitacionais e sanitárias precárias da comunidade e com a garantia da qualidade e da disponibilidade deste recurso natural na cidade de Salvador e Região Metropolitana este trabalho agiu de forma local, com o intuito de fortalecer a resiliência comunitária e semear uma nova forma de se relacionar com o manancial, através da educação ambiental. O projeto de assistência técnica é composto pelo diagnóstico técnico participativo elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano” e pelo Estudo Preliminar de requalificação do centro comunitário.

O Estudo Preliminar conecta a área da ABENE com os espaços coletivos através da criação de áreas de lazer e circulação. A sede da associação recebe projetos de arquitetura (reforma da sede existente e novo volume com cozinha e rádio comunitária) e arquitetura paisagística (espaços multiuso com jardins produtivos).

Palavras-chave: Assistência técnica, educação ambiental, resiliência comunitária, arquitetura, paisagismo.

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ABSTRACT

Water is an important component for urban planning, indispensable for the preservation of life and economic development. With the advancement of global urbanization this feature has become increasingly scarce and inappropriate for use, due to the pollution of the rivers and death of springs. In Brazil, the deforestation of water supply source areas, the pressure of housing occupation and the negligence of planning by governments and urban development plans have created a severe water crisis in several states, including Sao Paulo, in greater evidence in recent months. At Salvador the complex Ipitanga water supply dams has suffered with these factors that led several other Brazilian cities to degradation of water sources. Inserted in the Environmental Protection Area Joanes Ipitanga, the headwater is tensioned by urban growth with many usages, such as housing , housing projects of social interest , industrial and agricultural uses. This project provided free technical assistance in Architecture, Urban Planning and Engineering for the community of New Hope, located on the borderline of the third dam of Ipitanga supply system. Concerned about the precarious living conditions of the community and ensuring the quality and availability of this natural resource in the city of Salvador and the metropolitan area this work acted locally, in order to strengthen community resilience and sow a new way of relating with the fountain, through environmental education. The technical assistance project consists both the Preliminary Study of upgrading the community center and the participatory process carried out with the community during the year 2014. The Preliminary Study connects the area of ABENE with collective spaces through the creation of leisure and circulation areas. The association's headquarters receives architectural projects (reform of the existing headquarters and new volume with kitchen and community radio) and landscape architecture (multipurpose spaces with productive gardens).

Key words: Technical assistance, environmental education, community resilience, architecture, landscaping.

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LISTA DE SIGLAS

ABENE – Associação Beneficente dos moradores de Nova Esperança. APSE - Área de Proteção Sócio Ecológica.

BATTRE- Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos Ltda. CAB – coeficiente de aproveitamento.

CEASA – Central de abastecimento.

INEMA - Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. IO – índice de ocupação.

IP – índice de permeabilidade.

LOUS – Lei de Ocupação e Uso do Solo.

MCMV - Programa Nacional de Habitação Popular, Minha Casa, Minha Vida. ONG – Organização não governamental.

OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. PDDU – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.

SEDUR - Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano. SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem comercial. SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. ZEIS - Zona Especial de Interesse Social.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - APA Joanes Ipitanga e RMS. Elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano”. Julho de 2014. ... 2 Figura 2 - Localização das represas do sistema Ipitanga. Elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano”. Julho de 2014. ... 3 Figura 3 - Pontos de referência na área de Ipitanga. Elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano”. Julho de 2014. ... 4 Figura 4 - Recorte do mapa 04A PDDU 2012. Elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano”. Julho de 2014. ... 7 Figura 5 - Limites de Nova Esperança. Fonte: PMS/SICAD, 2006. CONDER, SICAR/RMS,2009 apud SANTOS et alli, 2010. ... 9 Figura 6 - Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS Nova Esperança/Barro Duro. Fonte: Lei Nº 7400 / 2008 - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador. ... 10 Figura 7 - Faixa etária da população em Nova Esperança. Elaborado pela equipe "Nova esperança meio ambiente urbano". Junho 2014. ... 11 Figura 8 - Concentração de domicílios sem esgotamento sanitário em Salvador. Fonte: IBGE, Censo 2010. Adaptado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 12 Figura 9 - Concentração de domicílios sem abastecimento de água em Salvador. Fonte: IBGE, Censo 2010. Adaptado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 13 Figura 10 - Concentração de existência de esgoto a céu aberto em Salvador. Fonte: IBGE, Censo 2010. Adaptado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 14 Figura 11 - Concentração de existência de acúmulo de lixo nas vias em Salvador. Fonte: IBGE, Censo 2010. Adaptado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 14 Figura 12 – Execução inacabada do projeto de saneamento básico proposto pela. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 21 Figura 13 – Esgoto a céu aberto nas margens do manancial Ipitanga. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 21 Figura 14 – Oficina 1: O bairro que temos: problemas e qualidades. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 15/04/2014. ... 30 Figura 15 – Oficina 1: Quadro de problemas. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 15/04/2014. ... 31 Figura 16 – Oficina 1: Quadros de problemas e qualidades. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 15/04/2014. ... 31 Figura 17 – Oficina 2: Sistematização das redes. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 22/04/2014. ... 32

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Figura 18 – Oficina 2: Sistematização das redes. Elaboração: Equipe Nova Esperança, meio

ambiente urbano. 2014. ... 32

Figura 19 – Oficina 3: Roda de Escuta com a comunidade na sede da ABENE. Fonte: ABENE. 24/04/2014. ... 33

Figura 20 – Oficina 4: Elaboração do Biomapa. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 29/04/2014. ... 34

Figura 21 – Oficina 4: Elaboração do Biomapa. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 29/04/2014. ... 34

Figura 22 – Oficina 4: Roda para fechamento da oficina. Fonte: ABENE. 29/04/2014. ... 35

Figura 23 – Oficina 5: Visita ao território guiada pelos moradores. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 06/05/2014. ... 36

Figura 24 – Oficina 5: Visita ao território guiada pelos moradores. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 06/05/2014. ... 36

Figura 25 – Oficina 5: Visita ao território guiada pelos moradores. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 06/05/2014. ... 36

Figura 26 – Oficina 6: Apresentação de referências de projetos de Assistência Técnica. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 13/05/2014. ... 37

Figura 27 – Oficina 7: Projeto emergencial. Fonte: ABENE. ... 38

Figura 28 – Oficina 7: Projeto emergencial. Fonte: ABENE. ... 38

Figura 29 – Oficina 7: Estudo Preliminar emergencial. Fonte: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 15/05/2014. ... 38

Figura 30 – Oficina 8: Matriz de prioridades. Fonte. ABENE. 2014... 39

Figura 31 - Identificação das localidades. Elaboração: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 42

Figura 32 - Mapa de áreas verdes e vazios urbanos. Elaboração: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 43

Figura 33 - ABENE. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 44

Figura 34 - Campo de terra. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 44

Figura 35 – Frente da ABENE, Rua Castro Alves. Foto: Ângela Gordilho. 2014... 44

Figura 36 - Rua Paramirim. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 45

Figura 37 - Rua Paramirim. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 45

Figura 38 - Banco da beira da represa. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 45

Figura 39 - Residência na beira da represa. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 45

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Figura 41 - Lixo nas margens da represa. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente

urbano. 2014. ... 46

Figura 42 - Margens da represa. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 46

Figura 43 - Mapa de áreas potenciais. Elaboração: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 46

Figura 44 - Diagrama da proposta de assistência técnica. Elaboração: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. Abril de 2014. ... 47

Figura 45- Topografia esquemática, indicações de circulação de pedestres, carros e localização das edificações existentes. Elaboração do próprio autor. Dezembro de 2014. ... 51

Figura 46 - Parâmetros de ocupação da APSE. Lei 3.592 DE 16/11/85. ... 52

Figura 47 - Fluxograma. Elaborado pela autora. Dezembro de 2014. ... 54

Figura 48 – Fluxograma e diagrama do programa. Elaborado pela autora. Dezembro de 2014. ... 55

Figura 49 - Implantação do Estudo Preliminar. Elaboração do próprio autor. Dezembro de 2014. ... 56

Figura 50 - ABENE. Foto: Pedro Viana Filho. Setembro de 2014. ... 56

Figura 51 - Planta do pavimento térreo. Elaboração do próprio autor. Dezembro de 2014. ... 57

Figura 52 - ABENE. Foto: Pedro Viana Filho. Setembro de 2014. ... 58

Figura 53 - ABENE. Foto: Pedro Viana Filho. Setembro de 2014. ... 58

Figura 54 - Inauguração da nova sede da ABENE. Fonte: ABENE. Junho de 2014. ... 59

Figura 55 - Planta do pavimento superior. Elaborado pela autora. Dezembro de 2014. ... 60

Figura 56 - Detalhe da cozinha comunitária. Elaborado pela autora. Dezembro de 2014. ... 61

Figura 57 - Ilustração do Estudo Preliminar da cozinha. Elaborado pela autora. Dezembro de 2014. ... 61

Figura 58 - Ilustração do Estudo Preliminar da cozinha. Elaborado pela autora. Dezembro de 2014. ... 62

Figura 59 – Estudo Preliminar do projeto de paisagismo. Elabora pela autora. Dezembro de 2014. ... 62

Figura 60 - Base de espécies. Elaboração do próprio autor. Dezembro de 2014. ... 63

Figura 61 - Detalhe do jardim sensorial. Elaboração do próprio autor. Dezembro de 2014. ... 64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Projetos previstos pela CONDER e estágios de execução da obra em 2014. Elaborado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 22 Tabela 2 - Detalhamento das ações propostas. Elaborado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 29 Tabela 3 - Cronograma de atividades previstas (por semanas), descrito no Plano de Trabalho. Elaborado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 30 Tabela 4 - Matriz de prioridades. Elaborada pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 39 Tabela 5 - Cronograma de atividades realizadas, por semanas. Elaborado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 41 Tabela 6 - Propostas individuais de assistência técnica. Elaborado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014. ... 49 Tabela 7 - Cálculos dos índices com referência na lei de APSE. Elaborado pela autora, 2014. 52 Tabela 8 - Cálculo de áreas. Elaborado pela autora. 2014 ... 52 Tabela 9 - Cálculo de áreas do Estudo Preliminar. Elaborada pela autora. 2014. ... 53 Tabela 10- Cronograma estimado para elaboração dos projetos de arquitetura e engenharia. Elaborado pela autora. 2015. ... 65 Tabela 11 - Equipe para desenvolvimento das próximas etapas de projeto. Elaborada pela autora. 2015. ... 66 Tabela 12 - Fatores para cálculo de honorário. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 66 Tabela 13 - Fatores para cálculo de honorário. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 67 Tabela 14 - Fatores para cálculo de honorário. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 67 Tabela 15 - Orçamento para os projetos de reforma da sede da ABENE. Fonte: Sistema CAU BR. Elaborado pela autora. 2015. ... 68 Tabela 16 - Fatores para cálculo de honorário do projeto arquitetônico da nova edificação. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015, ... 69 Tabela 17 - Fatores para cálculo de honorário dos projetos de instalações hidráulicas e de águas pluviais da nova edificação. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 69 Tabela 18 - Fatores para cálculo de honorário do projeto de instalações elétricas da nova edificação. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 69

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Tabela 19 - Fatores para cálculo de honorário do projeto de estrutura da nova edificação. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 70 Tabela 20 - Orçamento para os projetos da nova edificação, com cozinha e rádio comunitária. Fonte: Sistema CAU BR. Elaborado pela autora. 2015. ... 71 Tabela 21 - Fatores para cálculo de honorário do projeto arquitetônico da cozinha comunitária. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 71 Tabela 22 - Fatores para cálculo de honorário dos projetos de instalações hidráulicas e de águas pluviais da cozinha comunitária. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 72 Tabela 23 - Fatores para cálculo de honorário do projeto de instalações elétricas da cozinha comunitária. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 72 Tabela 24 - Fatores para cálculo de honorário do projeto de estrutura da cozinha comunitária. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 72 Tabela 25 - Orçamento para os projetos da cozinha comunitária. Fonte: Sistema CAU BR. Elaborado pela autora. 2015. ... 74 Tabela 26 - Fatores para cálculo de honorário para o projeto arquitetônico do novo volume de escada e caixa de água. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 74 Tabela 27 - Fatores para cálculo de honorário para o projeto de estrutura do novo volume de escada e caixa de água. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 74 Tabela 28 - Fatores para cálculo de honorário dos projetos de instalações hidráulicas e de águas pluviais do novo volume de escada e caixa de água. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 75 Tabela 29 - Fatores para cálculo de honorário do projeto de instalações elétricas do novo volume de escada e caixa de água. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 75 Tabela 30 - Orçamento para os projetos do novo volume de escada e caixa de água. Fonte: Sistema CAU BR. Elaborado pela autora. 2015. ... 76 Tabela 31 - Fatores para cálculo de honorário do projeto de arquitetura paisagística para as áreas externas da ABENE. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 77 Tabela 32 - Fatores para cálculo de honorário do projeto de estrutura de madeira para os pergolados. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 77 Tabela 33 - Fatores para cálculo de honorário para os projetos de instalações hidráulicas e de águas pluviais para as áreas externas da ABENE. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 77 Tabela 34 - Fatores para cálculo de honorário do projeto de instalações elétricas para as áreas externas da ABENE. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 78

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Tabela 35 - Fatores para cálculo de honorário para o projeto de luminotécnica para as áreas externas da ABENE. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 78 Tabela 36 - Fatores para cálculo de honorário para o levantamento arquitetônico de toda a ABENE. Fonte: Sistema CAU BR. Tabela elaborada pela autora. 2015. ... 78 Tabela 37 - Orçamento para os projetos das áreas externas da ABENE. Fonte: Sistema CAU BR. Elaborado pela autora. 2015. ... 80

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SUMÁRIO

1. Área e comunidade ... 1

1.1. Nome do bairro e localidade ... 1

1.2. Nome da Associação Parceira e personalidade Jurídica ... 1

1.3. Endereço completo e Telefone/E-mail/ Website/ Blog ... 1

1.4. Nome e função do representante legal e principais lideranças para contato ... 1

2. Descrição da área, problemática e justificativa para a proposta de assistência técnica ... 2

2.1. Caracterização da área ... 2

2.1.1. Localização e situação de Ipitanga... 2

2.1.2. As interferências ... 5

2.1.3. Caracterização territorial ... 7

2.1.4. Caracterização socioeconômica ... 10

2.1.5. Caracterização da infraestrutura urbana ... 11

2.2. Histórico da ocupação ... 15

2.2.1. Mobilização social ... 15

2.2.2. O início da propriedade coletiva ... 16

2.2.3. Reconhecimento do bairro ... 17

2.3. Análise dos projetos em andamento em Nova Esperança ... 18

2.3.1. Projetos da CONDER para Nova Esperança ... 18

2.3.2. Plano Urbanístico Ambiental do Vetor Ipitanga – SEDUR ... 23

2.3.3. Minha Casa Minha Vida, Governo Federal ... 23

2.4. Justificativa para a proposta de assistência coletiva ... 27

3. Pesquisas, oficinas e metodologias na definição da proposta de assistência técnica . ... 27

3.1. Planejamento da metodologia participativa ... 28

3.1.1. Objetivos específicos das oficinas ... 28

3.1.2. Detalhamento das metas ... 28

3.1.3. Cronograma ... 29

3.2. Oficinas realizadas ... 30

(15)

3.2.2. Oficina 2 – Identificação das redes de colaboração existentes no bairro. ... 31

3.2.3. Oficina 3 – Avaliação das oficinas e metodologia. ... 32

3.2.4. Oficina 4 – Formação do grupo de trabalho e elaboração do Biomapa. ... 33

3.2.5. Oficina 5 – Percepção do território, com visita guiada pelos moradores. .... 35

3.2.6. Oficina 6 – Referências de projeto de Assistência Técnica... 37

3.2.7. Oficina 7 – Projeto emergencial para a área externa da ABENE. ... 37

3.2.8. Oficina 8 – Definição de prioridades para projetos de Assistência Técnica 39 3.2.9. Considerações sobre as oficinas realizadas ... 40

3.2.10. Cronograma ... 41

3.3. Definição da proposta de assistência técnica ... 41

3.3.1. As áreas potenciais para projetos na comunidade ... 44

3.3.2. Propostas individuais de assistência técnica ... 47

4. Projeto proposto, abordagem conceitual e planejamento das próximas etapas previstas para desenvolvimento e implantação do projeto ... 49

4.1. Justificativa do projeto no âmbito da proposta geral coletiva e conceitos adotados. ... 49

4.2. Conceito do projeto ... 49

4.3. Objetivos ... 50

4.4. Definição de conteúdos, programa, detalhamentos e outras definições do projeto ... 50

4.4.1. Legislação ... 50

4.4.2. Programa ... 53

4.4.3. Fluxos, deslocamentos e espacialização do programa de projeto. ... 54

4.4.4. Estudo Preliminar do centro comunitário, plantas e especificação de materiais. ... .55

4.5. Definição dos principais meios necessários para o desenvolvimento ou implantação do projeto/ anteprojeto, como subsidio para efetivação de um Termo de Referência. ... 65

5. Cronograma previsto (prazos para próxima etapa) ... 65

6. Equipe Técnica e Orçamento (desenvolvimento da próxima etapa do projeto) ... 66

6.1. Composição da equipe técnica, recursos humanos e formação profissional... 66

6.2. Orçamento previsto para o desenvolvimento da próxima etapa do projeto. ... 66

6.2.1. Projeto (arquitetura e engenharia) de reforma do prédio existente. ... 66

6.2.2. Projeto (arquitetura e engenharia) para a nova edificação. ... 69

6.2.3. Projeto (arquitetura, paisagismo e engenharia) para as áreas externas da ABENE.. . ... 77

(16)

7. Viabilidade institucional, econômica e financeira. ... 80

Possibilidades de parcerias governamentais, institucionais e privadas. ... 80

7.1. Empresas ... 80

7.2. ONGS(s) e OSCIP(s) ... 80

7.3. INEMA - Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos ... 80

7.4. Prefeitura Municipal de Salvador ... 80

7.5. SENAI ... 81

7.6. SENAC ... 81

7.7. SESI ... 81

8. Referencias bibliográficas ... 81

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1. Área e comunidade

1.1. Nome do bairro e localidade

Bairro Nova Esperança. Salvador, Bahia, Brasil. Localidade: Cepel.

1.2. Nome da Associação Parceira e personalidade Jurídica

ABENE – Associação Beneficente dos moradores do bairro de Nova Esperança. CNPJ: 32700718/0001-87.

1.3. Endereço completo e Telefone/E-mail/ Website/ Blog

Endereço: Rua Castro Alves, número 08. Bairro Nova Esperança, Salvador, Bahia, Brasil. CEP: 41402-400.

Email de contato: abene.abene@gmail.com Telefone: a associação não possui telefone fixo.

Página do facebook: “ABENE – Associação Beneficiente dos Moradores do Bairro Nova Esperança”. (sic)

1.4. Nome e função do representante legal e principais lideranças para contato Osvaldo C. Santos, presidente.

Telefone de contato: (71) 8285 2298

Bernardo Lopes, fundador e ex-presidente. Telefone de contato: (71) 3301 5350

Cristiane, vice-presidente.

Telefone de contato: (71) 9973 2202

Pedro Viana Filho, diretor de meio ambiente. Telefone de contato: (71) 8179 8626 / 8517 4214.

Email(s): pedro_filho@hotmail.com / pedrrofilho@gmail.com

Rosimeire Conceição dos Santos, moradora do bairro. Telefone de contato: (71) 8150 8830

(18)

2. Descrição da área, problemática e justificativa para a proposta de assistência técnica 2.1. Caracterização da área

2.1.1. Localização e situação de Ipitanga

O manancial do Ipitanga está localizado na Região Metropolitana de Salvador (RMS) e faz fronteira com oito municípios (São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde, Candeias, Dias D`Ávila, Camaçari, Simões Filho, Salvador e Lauro de Freitas).

Figura 1 - APA Joanes Ipitanga e RMS. Elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano”. Julho de 2014.

O manancial faz parte de duas Unidades de Conservação, a Área de Proteção Ambiental Joanes Ipitanga e o Parque Ipitanga I. A APA Joanes-Ipitanga foi instituída com uma área de 600.000ha pelo Decreto Estadual nº 7.596 (BAHIA, 1999) e possui cobertura vegetal

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característica do bioma da Mata Atlântica composta por vegetação de restinga, remanescentes de vegetação ombrófila e manguezais. O Parque Metropolitano do Ipitanga I, instituído pelo Decreto Estadual 32.915 (BAHIA, 1986), está situado nos municípios de Salvador e Simões Filho com uma área de aproximadamente 667ha, apresentando um expressivo índice de cobertura vegetal.

O manancial do Ipitanga integra a maior Bacia do Município de Salvador, tanto em volume quanto em superfície, sendo responsável por grande parte do abastecimento de água da RMS. A Bacia possui “[...] três barramentos para o abastecimento humano (as Represas Ipitanga I, II e III), que afluem para o Rio Joanes, integrando-se ao sistema de barragens Joanes-Ipitanga, que são operadas (planejadas, gerenciadas e administradas) pela EMBASA [...].” (SANTOS, PINHO, MORAES, & FISCHER, 2010, p. 311). O abastecimento parte da montante da Represa III em direção à Represa I, onde é feita a captação pela concessionária.

Figura 2 - Localização das represas do sistema Ipitanga. Elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano”. Julho de 2014.

Além de sua importância ambiental e no abastecimento de água da cidade de Salvador, a região em estudo vem se destacando por sua localização estratégica que margeia os limites

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de oito municípios da RMS, com grandes equipamentos instalados, e por sua extensão territorial, com diversos tipos de uso e uma grande parcela do território com vegetação preservada. Dessa maneira, a área tem sido tratada como a última fronteira na expansão urbana de Salvador. (SARNO, 2011)

Apesar do Sistema hídrico do Ipitanga estar situado numa APA, este possui ocupação de usos variados como usos industriais, residenciais, aterro sanitário, pedreiras, matadouro, agricultura, entre outros. Ao longo dos anos, diversas ocupações informais surgiram na localidade, sendo algumas de ocupações mais concentradas e outras mais rarefeitas. As ocupações continuam acontecendo seja pela expansão gradual de áreas já consolidadas, seja pela migração de grupos de outras regiões em casos como os desabrigados pelas chuvas de Salvador.

Figura 3 - Pontos de referência na área de Ipitanga. Elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano”. Julho de 2014.

Ipitanga sofre pressão por ocupação dos municípios limítrofes (Salvador, Simões Filho e Lauro de Freitas), como principal vetor de expansão urbana. Atualmente, recebe grandes

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investimentos em empreendimento habitacionais de interesse social e também está inserida nos planos de expansão do aterro sanitário e da área industrial.

A preocupação com o sistema fluvial do Ipitanga está atrelada a implantação de equipamentos diversos e aos avanços com as ocupações na área e infraestrutura instalada ou escassa, que afetam a qualidade do manancial e, consequentemente, o abastecimento de água na RMS. As projeções de futuro do manancial do Ipitanga são preocupantes, visto que o aumento da demanda dos usos múltiplos dos recursos hídricos, na ampliação da produção de alimentos, no aumento do consumo e industrialização, associados ao crescimento acelerado da cidade sem planejamento adequado culminou na deterioração e morte da maior parte dos rios urbanos da malha fluvial de Salvador. Hoje, isto representa um problema que afeta a qualidade de vida da população e, principalmente, a saúde pública.

Conforme a Política Nacional de Recursos Hídricos no Brasil, a água é um bem de domínio público, dotada de valor econômico e deve ser assegurada a atual e futura geração a necessária disponibilidade em padrões e qualidade adequada conforme seus usos. Não obstante, a falta de abastecimento de água e saneamento para a população carente residente na área é uma realidade.

A relevância do projeto deve-se à preocupação com a qualidade do ambiente em que vive um elevado numero de famílias que margeiam o manancial, assim como as práticas que agridem o ecossistema, ocupações inadequadas e a qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos existentes que oferecem 40% do abastecimento de água para a cidade de Salvador. (Diagnóstico Ambiental da APA Joanes Ipitanga, apud MOURA et al, 2013.)

2.1.2. As interferências

Até 2007 a região de Ipitanga era considerada como área rural. A partir do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano - PPDU (SALVADOR, 2008) passou a ser considerada zona urbana, o que culminou na defasagem da conformação e infraestrutura local em relação aos parâmetros adequados para a nova caracterização. A permanência do aterro sanitário é um desses exemplos, visto que tal equipamento não pode estar situado em zona urbana.

As diversas carências existentes, aliadas a importância de sua atual configuração (situação geográfica e áreas livres) geraram (e geram) diferentes tipos de intervenções na região. As próprias comunidades que ali residem interferem no ambiente construído multiplicando edificações, que em sua maioria não se inserem nas premissas da cidade legal e nos parâmetros de preservação do ecossistema.

A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER), através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desenvolve projetos para a área desde 2004. Os projetos visam prover infraestrutura viária e saneamento às comunidades já consolidadas.

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Contudo, projetos já licitados foram desenvolvidos e não foram efetivamente executados na fase de obras, sem previsão definida para conclusão.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) em parceria com a HIDROS e com a FFA está desenvolvendo para região o projeto Vetor IPITANGA. O projeto engloba grande parte do manancial do Ipitanga e tem o intuito de consolidar a área ao integrá-la com as cidades do entorno através da delimitação de um parque metropolitano, de um complexo esportivo, de vias de acesso e criação e regulamentação de ZEIS.

Outra interferência na região é a construção, em larga escala, de habitações de interesse social, como aquelas pelo programa Minha Casa Minha Vida. Diversos empreendimentos já foram construídos ou estão em fase de construção, como Ceasa I e II e Coração de Maria. Nos últimos anos, devido a escassez de terrenos na cidade de Salvador a região passou a ser visada como uma área potencial para implantação desses empreendimentos por conta da oferta de terrenos de valor reduzido.

A escassez de grandes vazios urbanos na porção mais urbanizada da cidade de Salvador atrelada a disponibilidade de terrenos nas regiões periféricas, torna preocupante a grande demanda de implantação de unidades habitacionais previstas no Plano Estratégico da Prefeitura de Salvador 2012-2016 (SALVADOR, 2012). A possibilidade de implantação desses empreendimentos nas proximidades do manancial do Ipitanga, associada aos impactos no ecossistema local, assim como à destinação dos resíduos das habitações, do abastecimento de água e do desmatamento da vegetação nativa são critérios que carecem de um planejamento urbano mais adequado à área.

Segundo relatórios do Plano Vetor Ipitanga, existem diversos projetos habitacionais previstos e em execução na área, tais como os empreendimentos: Barro Duro I, Barro Duro II, BA-526 e Bom Sucesso. Nas imediações do Centro de Abastecimento de Salvador (CEASA) e próximo aos já citados conjuntos estão em fase de implantação os empreendimentos Ceasa I, Ceasa II, Ceasa III, Ceasa IV e Ceasa V, do Programa Minha Casa Minha Vida. Encontra-se em construção o empreendimento Coração de Maria, executado por meio do mesmo programa. O empreendimento Bosque das Bromélias, também, está parcialmente localizado na área de estudo.

É relatada a existência de indústrias instaladas na região também como fontes de impacto socioeconômicos e ambientais (SARNO, 2011). Indústrias de grande porte, como a fábrica da Coca-Cola, se localizam nas proximidades da BA-526 e da BR-324 e unidades industriais de pequeno porte (curtumes, matadouros, carvoarias e fábricas de sabão) se encontram dispersas na área, em muitos casos sem controle ambiental adequado.

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Quanto às questões viárias, mobilidade e macroacessibilidade, é possível identificar, no PDDU, previsões de intervenções no sistema viário da região (mapas1 04A e 05A do PDDU Salvador (SALVADOR, 2012)). O recorte do mapa 04A localiza intervenções como a construção de um anel viário (via arterial) de ligação da BA-526 (CIA-Aeroporto) com o município de Lauro de Freitas, assim como, a construção da Linha Viva que está projetada para ser conectada com a rodovia BA-526 atravessando o bairro do Cassange, indicados pelas linhas tracejadas em vermelho.

Figura 4 - Recorte do mapa 04A PDDU 2012. Elaborado pela equipe “Nova Esperança, meio ambiente urbano”. Julho de 2014.

2.1.3. Caracterização territorial

O bairro de Nova Esperança está inserido na poligonal da APA Joanes-Ipitanga e localizado nos limites de Salvador, divisa com Simões Filho e Lauro de Freitas. O surgimento do bairro ocorreu a partir da ocupação espontânea na Fazenda do Barro Duro, em meados da década de 1970. De acordo com informações de moradores antigos, havia uma promessa de venda de lotes populares pelo dito proprietário, o que, por não se realizar e pela pressão do crescimento urbano, resultou na ocupação por um grande grupo de famílias sem moradia.

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O bairro encontra-se as margens da Represa III e parte da Represa II. É atravessado pela rodovia BA-526, via expressa sob consórcio da Bahia Norte, que garante a ligação entre os municípios citados anteriormente. Na porção norte do bairro encontra-se a Comunidade de Atendimento Sócio educativo (CASE) para menores infratores, ao sul estão situadas as pedreiras de Aratu e Carangi e o aterro sanitário, localizado na porção sudeste.

Nova Esperança possui uma área de aproximadamente 12,403 km² e uma população de 6.672 habitantes (IBGE, 2010), o que corresponde a 0,25% da população de Salvador, apresenta densidade demográfica de 5,37 hab/ha. A poligonal abrange quatro localidades: Cepel I, Cepel II, Bom sucesso e Campo Verde, a área do Aterro Sanitário Metropolitano e a CEASA.

O bairro é caracterizado por infraestrutura precária, possuindo poucos equipamentos públicos e de lazer, dentre os quais se destacam: a Unidade de Saúde da Família, a Associação Beneficente de Moradores de Nova Esperança (ABENE), o Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, a Escola Municipal de Nova Esperança Arx Tourinho (ensino fundamental I), um grande campo de futebol e o manancial.

De acordo com o Projeto de Regularização Fundiária desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano -SEDUR e CONDER, a área inicialmente pertencente a diversos proprietários foi declarada como pública para fins de desapropriação pelo Decreto nº 10.453 de 13 de setembro de 2007 pelo Governo do Estado da Bahia.

No entanto, em 2008, a área passa a ser considerada como Zona Especial de Interesse Social, denominada ZEIS Nova Esperança/Barro Duro conforme a Lei 7400/2008, porém ainda não regulamentada para viabilização do Projeto de Regularização Fundiária da CONDER e das propostas de urbanização especial.

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Figura 5 - Limites de Nova Esperança. Fonte: PMS/SICAD, 2006. CONDER, SICAR/RMS,2009 apud SANTOS et alli, 2010.

A área também está sobre os parâmetros das seguintes legislações:

• LOUOS (LEI Nº 3.377 DE 23 DE JULHO DE 1984, Anexo 5) - Estabelece diretrizes de proteção ambiental à intervenções do tipo: desmatamentos, escavações, intervenções nos recursos hídricos e loteamentos.

• PDDU (LEI Nº7.400 2008) - Estabelece parâmetros para uso e ocupação do solo através da delimitação dos Corredores de Usos Diversificados- Corredor Especial do Ipitanga, delimitação da área de ZEIS, diretrizes para Áreas de Proteção Ambiental - APA Joanes/Ipitanga.

• Código Florestal (LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012) - Estabelece parâmetros de ocupação para zonas limítrofes à mananciais: Faixa de preservação (0 a 50 metros) e a Faixa de Transição (50 a 100 metros).

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• Política Nacional de Recursos Hídricos (LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997) - Institui diretrizes para gestão de recursos hídricos articulando às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País.

• Política Nacional de Educação Ambiental – Lei 9.795 (BRASIL, 1999) - Estabelece parâmetros de educação ambiental para o engajamento da população na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.

Figura 6 - Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS Nova Esperança/Barro Duro. Fonte: Lei Nº 7400 / 2008 - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador.

2.1.4. Caracterização socioeconômica

O bairro de Nova Esperança está delimitado em 9 setores censitários, de acordo com divisão estabelecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os limites dos setores censitários não abrangem toda a poligonal espacial do bairro conforme a delimitação da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS) e CONDER. Foram considerados os dados e a delimitação estabelecida pelo IBGE, visto que a parcela de diferença não possui uma população considerável, aproximadamente 60 habitantes, conforme comparativo de dados.

As comunidades do bairro de Nova Esperança se encontram numa área muito dinâmica, vizinhos do Centro de Abastecimento de Salvador (CEASA), centro distribuidor de

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alimentos para toda a RMS, próximo aos polos industriais de Camaçari, Simões Filho e Centro Industrial de Aratu (CIA). No entanto, 85,28 % da população economicamente ativa tem rendimento de até 1 salário mínimo, sendo que mais da metade destes não possuem rendimento algum.

Com base na distribuição etária da população, percebe-se que aproximadamente metade da população está na faixa entre 0 a 21 anos. Entretanto, há na região somente uma escola de nível fundamental I e uma escola de nível médio, em fase de construção. Desse modo, constata-se que não é ofertado serviço de educação para uma faixa de jovens entre 11 e 15 anos.

Figura 7 - Faixa etária da população em Nova Esperança. Elaborado pela equipe "Nova esperança meio ambiente urbano". Junho 2014.

Os dados socioeconômicos identificam uma população majoritariamente precária, em que mais de um terço não possuem rendimentos. No entanto esta população está inserida em um espaço economicamente dinâmico, com diversas indústrias, centrais logísticas, produção agrícola e comércio atacadista. Se, por um lado, essas atividades econômicas indicam um potencial de inserção de mão de obra para a população local, por outro, é notória a existência de “subempregos” ou ocupações informais relacionadas ao Centro de Abastecimento de Salvador (CEASA) aí localizado.

2.1.5. Caracterização da infraestrutura urbana

Segundo dados do IBGE, a área concentra indicadores precários de urbanização e infraestrutura na cidade de Salvador. Foram observados fatores de infraestrutura de abastecimento de água, esgotamento sanitário e serviço de coleta de lixo, além de existência de esgoto a céu aberto, acúmulo de lixo nas vias, pavimentação de vias, existência de calçadas, iluminação pública e arborização nas vias, segundo levantamento do Censo (IBGE,

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2010). Os dados mostram que a área concentra os piores resultados no saneamento básico e urbanização na cidade de Salvador, comparando-se com outras áreas da cidade.

Figura 8 - Concentração de domicílios sem esgotamento sanitário em Salvador. Fonte: IBGE, Censo 2010. Adaptado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014.

No município de Salvador, a área onde se localiza o Sistema Ipitanga é a que apresenta os resultados demográficos mais alarmantes do Censo (IBGE, 2010). A área no entorno da Represa III possui a maior concentração de assentamentos precários do Sistema Ipitanga, com ocupações que apresentam condições precárias de saneamento2.

O bairro de Nova Esperança é composto por 9 setores censitários, possui cerca de 1998 famílias, sendo que 101 não possuem banheiro em casa. Dos que possuem banheiro, 86,8% dos domicílios não possuem ligação à rede geral de esgoto, e mesmo morando à beira da represa que abastece a RMS, 30,1% dos domicílios não são abastecidos pela rede geral de água. Analisando os dados do Censo, obteve-se um resultado contraditório, a maior concentração de domicílios sem abastecimento de água em Salvador está justamente na área do entorno do Sistema Ipitanga. Os dados do IBGE ainda mostram que 10,27% dos domicílios

2 Considera-se saneamento como a junção dos elementos: abastecimento de água, esgotamento

sanitário, manejo de águas pluviais e drenagem urbana e gerenciamento de resíduos sólidos e coleta de lixo, conforme Política Nacional de Saneamento Básico (Lei 11.445/2007). No entanto, os dados apresentados não apresentam informações sobre o manejo de águas pluviais e drenagem urbana, visto que foram coletados da tabela Domicílios_13, extraída do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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não estão servidos pela coleta de lixo e cerca de 15 domicílios não possuem ligação de energia elétrica.

Com relação à infraestrutura de urbanização da área, no que tange as variáveis de pavimentação de vias, existência de calçadas, arborização, iluminação pública, esgoto a céu aberto e acúmulo de lixo nas vias, a área apresenta os piores indicadores, na comparação com outras áreas na cidade de Salvador. Os mapas 8 e 9 apresentam as concentrações de setores onde há existência de esgoto à céu aberto e de acúmulo de lixo nas vias, respectivamente.

Figura 9 - Concentração de domicílios sem abastecimento de água em Salvador. Fonte: IBGE, Censo 2010. Adaptado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014.

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Figura 10 - Concentração de existência de esgoto a céu aberto em Salvador. Fonte: IBGE, Censo 2010. Adaptado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014.

Figura 11 - Concentração de existência de acúmulo de lixo nas vias em Salvador. Fonte: IBGE, Censo 2010. Adaptado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014.

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2.2. Histórico da ocupação

Para compreender o processo histórico de ocupação do bairro de Nova Esperança e concepção da propriedade comum como bem coletivo, é necessário obter informações extras bibliográficas, a partir de vivências e memória dos moradores mais antigos. De acordo com relatos dos moradores, as primeiras ocupações tiveram início nos anos 1970, logo após a instalação da Central de Abastecimento de Salvador em 1973, marcado também pela finalização das barragens do complexo Ipitanga-Joanes, iniciada em 1931. No entanto a ocupação não se estendeu de forma significativa.

Quando no ano de 1981, foi instalada a usina de asfalto pela companhia CEPEL3 para pavimentação e expansão da BA 526. Na época havia cerca de 30 casas, nas proximidades da usina, quando a partir deste momento iniciaram as novas ocupações, em busca de oportunidade de trabalho nas obras executadas pela CEPEL na região, o que caracteriza a ocupação de forma espontânea, não organizada ou motivada por grupos específicos.

A ocupação não se deu de forma tão fácil e pacífica, pois os supostos donos do terreno, fazendeiros na região, colocaram um preposto na área para evitar invasões. No entanto, este preposto, que deveria controlar a área para evitar ocupações, acabou favorecendo o processo de ocupação, iniciando a comercialização irregular de algumas parcelas de terra. Porém, a divisão da terra em propriedades era definida pelos ocupantes, que em cerca de 5 anos já havia ocupado grande parte das parcelas disponíveis no assentamento.

No período mais intenso de ocupação, entre 1981 e 1986, quando o assentamento iniciou o processo de consolidação, o preposto da fazenda já não tinha mais o controle da ocupação, quando surgiram invasões não “autorizadas” e comercialização de parcelas de terras por outros grupos de “grileiros” e especuladores informais. Neste período, também, foram intensificadas as disputas por terra, por diferentes grupos especuladores, que tentaram “grilar” terras e desapropriar parte dos invasores tentando se passar por proprietários originais.

2.2.1. Mobilização social

A partir de 1986 a ocupação já estava se consolidando, no entanto as condições de moradia ainda eram extremamente precárias, tanto em relação ao material das edificações, que eram improvisados, por conta da insegurança na ocupação, quanto no atendimento com serviços básicos como água e energia. Neste período os moradores começaram a se organizar, na tentativa de obter serviços essenciais para garantir a sua sobrevivência. Foi neste período que o grupo construiu uma rede clandestina para captar água no lado oposto à pista e em seguida foram feitas as ligações residenciais.

O grupo também iniciou um movimento para requisitar os serviços de eletricidade com a companhia de energia elétrica. Na época a companhia requisitou um abaixo assinado de

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solicitação e uma cobrança no valor de 51 milhões de cruzeiros para fazer a implantação da rede geral. Depois de negociações entre o grupo de moradores e a companhia, o valor final do pagamento foi de 11 milhões de cruzeiros e a rede foi implantada.

Diante da necessidade de organização para mobilizações e luta pela moradia, um grupo de moradores estava sendo organizado espontaneamente, o que resultou na formação da associação de moradores no ano de 1987, com o nome de Associação Beneficente dos Moradores de Nova Esperança ABENE, sob a liderança do morador Bernardo Lopes, eleito em votação organizada por toda a comunidade.

2.2.2. O início da propriedade coletiva

Com o fim das obras de infraestrutura viária na região, a CEPEL fechou a usina de asfalto e no ano de 2001 desocupou o terreno que estava sendo utilizado, deixando um grande vazio urbano no meio do bairro de Nova Esperança, visto que todo o entorno estava ocupado. A disponibilização do terreno gerou interesse por diversos atores, entre eles os moradores que queriam ocupar para especular no futuro, grileiros com o objetivo de lotear e vender parcelas de terra e a associação de moradores com o objetivo de ter um espaço de interesse coletivo.

Tomando ciência dos diversos interesses e da tentativa de invasão do terreno pelos moradores, a ABENE preparou uma assembleia no mesmo dia com os moradores do bairro para mediar este conflito de interesses. Na ocasião a associação de moradores propôs que a destinação do terreno fosse para o uso coletivo, justificando a necessidade de um planejamento de benfeitorias para o bairro, com equipamentos urbanos, posto de saúde, escola e outras estruturas que poderiam atender a demanda local. Foi dessa forma que foi decidido por unanimidade a destinação deste terreno para o uso coletivo.

A partir deste momento, decidido de forma participativa e unânime, a confiança sobre a gestão desta propriedade passou para a associação de moradores (ABENE). Infelizmente os conflitos de interesse não se encerraram por aí, pois ainda havia grupos externos de especuladores interessados na terra, que diversas vezes, se passando por proprietários, tentaram forçar uma apropriação da área, acompanhados até mesmo por policiais militares.

Estes conflitos mobilizaram a comunidade a “assegurar” a propriedade do terreno comunitário, levando-os a cercar a área e iniciar a ocupação do terreno, a fins estratégicos de evitar futuras tentativas de desapropriação. Assim, foram definidos alguns usos para este terreno, entre eles: sede da associação, igreja católica local, escola, posto de saúde e áreas de lazer, com campo de futebol e quadras de esporte.

A ABENE assumiu o papel gestor de terras, não somente no terreno coletivo, mas em toda a comunidade, informando a população sobre ocupações inadequadas, como muito próximas à beira do rio, ou evitando construções que invadissem as ruas e espaços públicos. A

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associação também foi responsável pela articulação junto à prefeitura para a disponibilização dos terrenos e solicitação da construção da escola e do posto de saúde.

2.2.3. Reconhecimento do bairro

O bairro de Nova Esperança, oficialmente delimitado e denominado pela Prefeitura Municipal de Salvador como Região Administrativa RA XV – Ipitanga possui diversas denominações, correspondentes com os diferentes períodos históricos e políticos vivenciados pelo assentamento. Hoje, a RA XV, leva o nome de Nova Esperança, sendo subdividida em quatro subáreas: CEPEL I, CEPEL II, Bom Sucesso e Jardim Campo Verde, anteriormente conhecida como Iraque.

O bairro de Nova Esperança ficou compreendido numa área de preservação ambiental APA a partir do ano de 1999, quando foi criada a APA Joanes-Ipitanga, tendo seu zoneamento econômico-ecológico regulamentado em 2002. Atualmente a área é caracterizada como Zona Especial de Habitação de Interesse Social (ZEIS) Nova Esperança - Barro Duro, pelas condições precárias de urbanização e características socioeconômicas da população, qualificadas como vulneráveis. A área está inserida numa região de alta importância ambiental, segundo Souza (2009), e essa ocupação desassistida já apresenta impactos ambientais consideráveis segundo Bahia (2008):

Inserida no contexto da oferta de água para a RMS, a bacia do rio Joanes, por meio de cinco barramentos, se configura como sendo de extrema importância na medida em que contribui com 40% do abastecimento de parte da população de Salvador, Candeias, Lauro de Freitas, Simões Filho, Dias DÁvila e São Francisco do Conde, além das indústrias do Pólo Industrial de Camaçari e do Centro Industrial de Aratu. (SOUZA, 2009)

De acordo com o monitoramento da qualidade das águas do rio Ipitanga realizado no primeiro trimestre de 2008, as águas do rio vem perdendo, ao longo do tempo, qualidade de montante à jusante, chegando onde deságua no rio Joanes com a qualidade considerada “péssima”, de acordo com o cálculo do índice de qualidade das águas (BAHIA. SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - SEMA, 2008)

Apesar das condições de suburbanização e marginalidade socioeconômica a que esta comunidade está exposta, algumas conquistas podem ser registradas, como a construção de uma escola, centro de assistência social e centro de saúde, além da sede da associação de moradores e outros equipamentos de serviços que passaram a atender o bairro, mesmo em situação de ocupação irregular. Essa série de ganhos deve-se à mobilização social e

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organização política da comunidade, o que se pode caracterizar como elemento de resiliência comunitária4.

2.3. Análise dos projetos em andamento em Nova Esperança

Como dito anteriormente, Nova Esperança é um bairro carente de infraestrutura e equipamentos urbanos, afastado do centro comercial e histórico do município de Salvador e que passa por um processo constante de aumento populacional devido à implantação de grandes empreendimentos habitacionais de interesse social, propostos pelo governo federal, como o programa Minha Casa Minha Vida e PAC – Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A CONDER, em parceria com o governo federal, implantou as primeiras ações do PAC no qual a região de Ipitanga entrou no grupo das 20 comunidades escolhidas para a primeira fase do programa habitacional, por meio da nova Política Nacional de Habitação de Interesse Social. Os projetos previstos para a área de Nova Esperança desde 2007 atingem a uma poligonal de execução com verba mista do governo estadual e federal.

Em 2013, a poligonal do bairro de Nova Esperança é considerada como macro área de estudo do Plano de Desenvolvimento Urbano “Vetor Ipitanga”, desenvolvido através da parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) e o consórcio HIDROS e FFA.

Não obstante, a comunidade de Nova Esperança ainda sofre com a falta de politicas públicas eficazes quanto às questões urbanas. As obras previstas para a comunidade encontram–se atrasadas em relação ao prazo estabelecido na ordem de execução do projeto físico, cujo modelo de projeto do PAC visa solucionar a situação atual da comunidade com reurbanização de áreas precárias.

De modo geral, o projeto de intervenção proposto para a comunidade não demonstra resolver satisfatoriamente as questões básicas necessárias para garantir a reurbanização adequada, pois não apresenta soluções garantam efetivamente aos moradores o direito à cidade5.

2.3.1. Projetos da CONDER para Nova Esperança

O diagnóstico e o partido urbanístico da CONDER para a localidade de Nova Esperança, Recuperação Ambiental e Requalificação Urbana, aconteceu entre os anos de 2004 e 2006, com captação de recursos para sua execução em 2007, por meio do PAC. Em

4 O conceito de resiliência tem origem no campo da Física como propriedade de um corpo de recuperar a

sua forma original após sofrer choque ou deformação. GORDILHO-SOUZA, A; ALONSO R. C; BORGES, I. A; Educação ambiental pelo direito à cidade: a experiência da residência profissional para assistência técnica em Nova Esperança - Ipitanga, Salvador, BA. CIETA) (WALKER, B. et al., 2004)

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O direito à cidade é aqui tomado com inspiração na obra de Henri Lefebvre (1968), que considera a cidade uma obra social coletiva.

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março de 2008 foi lançada a ordem de serviço para a sua execução, com previsão de término em 18 meses.

Conforme os projetos do PAC, o partido urbanístico para Nova Esperança previa a regularização fundiária e ações básicas de infraestrutura e saneamento básico, como a construção do sistema de drenagem pluvial e esgotamento sanitário, incluindo estações elevatórias e de tratamento de esgoto.

O partido urbanístico também era composto por projetos específicos para melhorias habitacionais, que propunham desde a regularização fundiária até os projetos de relocação de moradores em áreas de risco e a construção de empreendimentos de habitação de interesse social.

Para o sistema viário foram projetadas ruas, caminhos, escadas e passeios, a fim de melhorar a acessibilidade da população na comunidade. As ruas existentes receberam projetos para a execução da pavimentação, as quais, em maioria, eram estradas de terra.

Em relação os espaços públicos, foram projetados equipamentos urbanos e de lazer a partir da visão dos técnicos da companhia, como praças, parques, quadras poliesportivas, quiosques, centro comunitário, hortas e pomares. Entretanto, as áreas programadas para esses usos nem sempre tinham relação com a existente apropriação do lugar pela comunidade.

Os equipamentos propostos, separados de acordo com os usos, estão concentrados em uma única área e o seu desenho não favorece a existência de uma interação com a dinâmica pré-existente da comunidade. A ordenação e disposição dos equipamentos propostos no projeto da CONDER deixa evidente a falta de participação popular na tomada de decisões. Como exemplo desta desconexão entre proposta e realidade, podemos citar a construção em processo de mutirão da nova sede da associação, que aconteceu em um local completamente diferente do proposto pelo projeto. Isso enfatiza que a dinâmica de uso dos espaços no dia a dia da comunidade não esta contemplada no projeto proposto.

Uma análise preliminar do projeto leva a crer que sua implementação atenderia grande parte das necessidades das comunidades. Entretanto, uma análise mais detalhada mostra que seguindo um ideário modernista6, o projeto desconsidera o potencial existente ao longo das

margens da represa, segrega a população e a faixa de proteção permanente, desarticulando as possíveis interações entre espaço urbano e meio ambiente.

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O pensamento modernista do planejamento urbano é marcado pelo enfoque rodoviarista e setorização espacial dentro das cidades. Os avanços da indústria ditou um novo ritmo para as cidades, impulsionou um modelo de cidade voltado para a lógica do automóvel, com pouca prioridade para os espaços públicos e de convivência, e pouca ênfase no pedestre.

(36)

Conforme o art. 4º da Lei nº 12.727/2012 as faixas no entorno de reservatórios naturais e barramentos serão considerados como Áreas de Preservação Permanente (APP)7, sendo que para o caso da represa do Ipitanga, a lei determina a preservação de uma faixa limítrofe de 100 metros. Entretanto, devido a existência de muitas casas dentro do limite exigido e de modo a evitar a relocação e/ou indenização, houve a flexibilização da faixa de preservação para 50 metros e criação da faixa de transição de 50 metros, onde não será permitido a execução de novas construções para garantir a preservação da área verde remanescente.

O projeto ainda prevê a criação de uma ciclovia as margens da faixa de preservação permanente, o que pode ser interpretado como um obstáculo limite ao avanço territorial. Não obstante a necessidade de meios alternativos de locomoção da comunidade, a ciclovia projetada não estabelece ligação com a CEASA, onde se concentra o maior fluxo pendular de moradores da região, o que torna a ciclovia projetada um elemento voltado ao lazer, perdendo sua capacidade de transporte alternativo.

A falta de integração do projeto da ciclovia na beira da represa com outros circuitos é mais um fator que mostra que os projetos são setoriais e não visam garantir um plano geral de desenvolvimento urbano e reurbanização da comunidade em integração com as áreas próximas da cidade com equipamentos e serviços públicos.

O projeto da CONDER prevê a regularização fundiária de 2254 famílias na área de intervenção, 539 famílias na área de reassentamento e 539 unidades habitacionais a serem construídas8. Com a paralisação das obras e constante necessidade da população por moradia, parte das unidades construídas foi invadida mesmo sem a conclusão da infraestrutura básica, como a rede de esgoto. Com o sistema de drenagem de águas pluviais e o sistema de esgoto do bairro inacabado e com as obras paradas, a população continua convivendo com o esgoto a céu aberto e com lançamento de esgoto no manancial.

7 Entende-se por Área de Preservação Permanente (APP), conforme Lei nº 12.727/2012, “(...) a área

protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.

8

Conforme previsto pelo plano de trabalho da CONDER, referente ao projeto de intervenção em Nova Esperança.

(37)

Figura 12 – Execução inacabada do projeto de saneamento básico proposto pela. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014.

Figura 13 – Esgoto a céu aberto nas margens do manancial Ipitanga. Foto: Equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014.

(38)

Em relação aos equipamentos urbanos, encontra-se em construção apenas uma escola de ensino médio, com 6 salas de aula. Os boxes comerciais, o parque infantil e o centro comunitário previstos no projeto ainda não foram iniciados e estão desarticulados à realidade atual.

Dentre todos os itens propostos, somente a parte da pavimentação das ruas encontra-se perto da conclusão total. Além do atraso na execução das obras e os problemas que a dificuldade de acesso a esses projetos causam à população, a demora na execução faz com que as propostas se tornem obsoletas. A cidade informal desenvolve-se em processo rápido e a comunidade sofre modificações a cada dia. Os itens previstos no partido urbanístico, que não foram desenvolvidos de forma participativa e já não atendem totalmente os desejos da comunidade, ficam cada vez mais longe de alcançar a sua meta de requalificação urbana e recuperação ambiental.

Nos quadros a seguir podemos comparar as necessidades da comunidade, levantadas durante as oficinas realizadas pelos residentes, e os projetos previstos pela CONDER, assim como a estagnação das obras e a incompatibilidade com a realidade e necessidade da comunidade.

Equipamentos previstos no projeto da CONDER

Estágio do projeto Estágio da obra Segundo a análise dos residentes, o projeto necessita de revisão para adequar as reais necessidades da comunidade? Obra iniciada Em andamento Obra concluída

Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

6 salas de ensino médio X X X X

Ciclovia na beira da represa X X X X Centro comunitário com

100m² X X X X

Quadras poliesportivas X X X X

2 praças X X X X

13 quiosques na beira da

represa, com 16m² cada. X X X X

01 horta X X X X

01 pomar X X X X

01 casa viver melhor com

36m². X X X X

Tabela 1 - Projetos previstos pela CONDER e estágios de execução da obra em 2014. Elaborado pela equipe Nova Esperança, meio ambiente urbano. 2014.

(39)

2.3.2. Plano Urbanístico Ambiental do Vetor Ipitanga – SEDUR

Em elaboração pelo consórcio SEDUR, HYDROS - Engenharia e Planejamento S/A e FFA - Arquitetura e Urbanismo LTDA, o plano urbanístico e ambiental e projetos específicos para o Vetor Ipitanga apresenta um plano físico-territorial para grande parte do manancial do Ipitanga, com o intuito de regularizar e controlar a ocupação da área e integrá-la à cidade.

Nova Esperança e Jardim Campo Verde (Barro Duro) estão incluídos na poligonal de abrangência do plano e, consequentemente serão beneficiados pelas diretrizes de macro e micro acessibilidade, planejamento ambiental, regulamentação de ZEIS nas localidades de Barro Duro e Bom Sucesso, ocupação e uso do solo e infraestrutura apontados para toda a área.

Apesar do plano do Vetor Ipitanga apontar diretrizes específicas para o bairro de Nova Esperança, o partido urbanístico não prevê o desenvolvimento de projetos específicos para o bairro, em função da existência dos projetos da CONDER citados acima.

O projeto tem o intuito de consolidar a área ao integrá-la com os municípios do entorno através da delimitação de um parque metropolitano, de um complexo esportivo, de vias de acesso e criação e regulamentação de ZEIS.

2.3.3. Minha Casa Minha Vida, Governo Federal

Em 2009, após a assinatura da Lei federal, nº 11.977 é lançado o Programa Nacional de Habitação Popular, Minha Casa, Minha Vida – PMCMV. Criado pelo Governo Federal em parceria com os estados e municípios, tornou-se um mecanismo de incentivo à produção habitacional ampliando as possibilidades de acesso à moradia digna para milhares de famílias brasileiras com renda mensal de até 10 salários mínimos, segundo informações do Ministério das Cidades.

Com o foco de reduzir o déficit habitacional de todo o país, o programa se divide em três faixas de atendimento (faixa 1, 2 e 3). A primeira faixa do programa atende a produção de unidades habitacionais de interesse social e as duas seguintes (faixas 2 e 3) para habitação de mercado (pessoas com renda de 03-06 e de 06-10 S.M.).

O ideal do programa MCMV na faixa 1, de interesse social, não é somente entregar as unidades habitacionais à população mais carente, mas restituir o direto à habitação instituído na Política Estadual de Habitação de Interesse Social (PEHIS). Segundo a Caixa Econômica Federal, o programa tem o intuito de qualificar a área urbana de habitação de interesse social diferente dos programas habitacionais do passado (BNH 1964-1985) com construção de unidades habitacionais isoladas, em terrenos distantes dos grandes centros sem alguma infraestrutura urbana ou equipamentos públicos.

Em Salvador, o programa, nas duas versões lançadas pelo governo federal, contratou através da parceria com o governo do Estado e prefeitura, 15.927 unidades habitacionais de

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