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ESTUDO DO SANEAMENTO BÁSICO NA COMUNIDADE RURAL MOCAMBO, BARREIRAS-BA

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Academic year: 2021

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XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos

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ESTUDO DO SANEAMENTO BÁSICO NA COMUNIDADE RURAL

MOCAMBO, BARREIRAS-BA

Neilza Nogueira da Silva1*; Jaqueline dos Santos Soares2; Pedro Pereira dos Santos3; Júlia Ferreira da Silva4.

RESUMO

O saneamento é um fator indispensável para a promoção da saúde pública devendo ser oferecido de forma universal, porém as comunidades rurais são as que mais têm sofrido com os problemas de falta de saneamento. O objetivo deste trabalho foi analisar as condições de saneamento na comunidade Mocambo, zona rural do município de Barreiras-BA e identificar os problemas de saúde publica relacionados a esta questão. A pesquisa foi realizada entre os meses de setembro e dezembro de 2014, com visitas à comunidade e aplicação de questionários, com perguntas relativas aos serviços de saneamento disponíveis e a situação da saúde dos moradores. Com os dados levantados foram realizadas análises quantitativas e qualitativas em relação à situação do saneamento e saúde dos moradores. Os resultados evidenciaram condições favoráveis apenas em relação ao abastecimento de água, que é contínuo e de boa qualidade, sendo o lixo e o esgoto fatores que precisam de soluções urgentes.

Palavras - chave: saúde ambiental; abastecimento de água; esgotamento sanitário

STUDY OF THE BASIC SANITATION IN THE RURAL COMMUNITY MOCAMBO, BARREIRAS-BA

ABSTRACT:

Sanitation is an important factor for the promotion of public health should be offered universally, but the rural communities are those that have suffered most with the problems of lack of sanitation. The objective of this study was to analyze the sanitation conditions in Mocambo community, rural area of the municipality of Barreiras-BA and identify health publishes problems related to this issue. The survey was conducted between September and December 2014 with visits at community and application of questionnaires with questions relating to the sanitation services and the health situation of the residents. With the data collected were realized quantitative and qualitative analysis in relation to sanitation and health situation of the residents. The results showed favorable conditions only in relation to water supply, which is continuous and of good quality, the garbage and sewage factors that need urgent solutions.

Keywords: environmental health; water supply; sewage

__________________________________________________________________________________________________ 1Universidade Federal do Oeste da Bahia, Centro das Ciências Exatas e das Tecnologias. Neilza10@gmail.com. 2Universidade Federal do Oeste da Bahia, Centro das Ciências Exatas e das Tecnologias. Jaquelinesoares122@gmail.com. 3Universidade Federal do Oeste da Bahia, Centro das Ciências Exatas e das Tecnologias. pedro.crf@hotmail.com. 4

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INTRODUÇÃO

O saneamento é um fator indispensável para a promoção da saúde pública e todos deveriam ser contemplados com estes serviços, uma vez que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social (Segre, 1997), assim como o saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social (BRASIL, 2006).

Moraes (1994) define saneamento básico como:

O conjunto de ações, entendidas, fundamentalmente, como de saúde pública, compreendendo o abastecimento de água em quantidade suficiente para assegurar a higiene adequada e o conforto, com qualidade compatível com os padrões de potabilidade; coleta, tratamento e disposição adequada dos esgotos e dos resíduos sólidos; drenagem urbana de águas pluviais e controle ambiental de roedores, insetos, helmintos e outros vetores e reservatórios de doenças (Moraes, 1994, s.p.).

Para Heller e Casseb (1996), o sistema de abastecimento de água representa “o conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água potável de uma comunidade para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros usos”. Enquanto para Sperling, Costa e Castro (1995) esgotos sanitários são consequência do uso da água. De modo que a falta da sua adequada destinação acarreta a poluição do solo, águas superficiais e subterrâneas, constituindo focos de disseminação de doenças.

No Brasil, o déficit do setor de saneamento básico é elevado, principalmente no que se refere aos serviços de esgotamento e tratamento de esgotos, com carência mais evidente nas áreas periféricas dos centros urbanos e nas zonas rurais, onde está concentrada a população mais pobre (Galvão Junior, 2009).

As comunidades rurais são as que mais têm sofrido com os problemas de falta de saneamento, esse fator, em muitos casos, vem também atrelado à situação de extrema pobreza, uma vez que esta é uma realidade para uma parcela significativa da população rural. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), apesar de abrigar pouco mais de 15% da população brasileira, é nas áreas rurais que se concentram quase metade das pessoas “extremamente pobres” no país, 46,7% (FUNASA, 2011).

A contaminação da água, por exemplo, deve ser tomada, não só como causa de agravos à saúde, mas também como consequência de processos sociais e ambientais, configurando uma cadeia de eventos relacionados ao saneamento que são monitorados através de indicadores específicos (Ezzati et al., 2005).

A OMS estima que 30% dos danos à saúde estão relacionados aos fatores ambientais decorrentes de inadequação do saneamento básico (água, lixo, esgoto e drenagem), poluição atmosférica, exposição a substâncias químicas e físicas, desastres naturais, fatores biológicos (vetores, hospedeiros e reservatórios) entre outros (BRASIL, 2006).

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Ainda de acordo com a OMS, acredita-se que ações de saneamento possam reduzir em 80% o número de casos de febre tifoide, tracoma e diminuir pela metade o número de infecções cutâneas. Assim, a implantação ou melhoria dos sistemas de abastecimento de água e tratamento de esgotos reflete uma diminuição considerável no índice de doenças relacionadas com a água, além do aumento da vida média da população beneficiada e da diminuição da mortalidade, particularmente da mortalidade infantil.

No Brasil, estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgado pelo Instituto Trata Brasil (2010) estima que o número de internações no sistema hospitalar poderia ser reduzido em 25% e a mortalidade em 65% com o acesso universal ao saneamento (FUNASA, 2011).

O objetivo deste trabalho foi analisar as condições de saneamento na comunidade Mocambo, zona rural do município de Barreiras-BA e identificar os problemas de saúde pública relacionados a esta questão.

MATERIAL E MÉTODOS

A comunidade Mocambo possui uma população de 1400 habitantes, inseridos em 162 famílias e localiza-se a uma distância aproximada de 10 km da sede do município, sentido São Desiderio (BARREIRAS, 2010).

O trabalho foi desenvolvido entre setembro e dezembro de 2014. Para o diagnóstico da situação do saneamento básico da comunidade foi elaborado um questionário fechado (Anexo I), com questões relacionadas à vulnerabilidade financeira da família, abastecimento de água, destinação final dos efluentes domésticos e dos resíduos sólidos e saúde ambiental. O questionário foi aplicado de maneira que, no mínimo 10% das famílias da comunidade participassem da entrevista. Foram selecionadas vinte e duas moradias, correspondentes a 13,6%, o que permitiu qualificar e quantificar os dados de forma genérica. As perguntas foram realizadas em forma de diálogo para aqueles que tinham interesse em participar. De acordo com as respostas dos entrevistados foram surgindo novas perguntas. As respostas foram analisadas e utilizadas para o levantamento do diagnóstico das condições de saneamento da comunidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As famílias da Comunidade Mocambo são constituídas, em média, por quatro pessoas, com renda familiar que varia de um a dois salários mínimos, com baixo grau de escolaridade (ensino fundamental).

A coleta de resíduos sólidos é realizada apenas uma vez na semana pela prefeitura de Barreiras sem nenhum tipo de separação. Como esta coleta semanal é insuficiente, ela contribui para o acúmulo do lixo e aparecimento de vetores. Sendo assim, muitos moradores relataram que queimam o lixo produzido, para evitar o aparecimento de vetores como baratas e ratos. Em 72,7% das residências eles aparecem com frequência e o combate é realizado pelos próprios moradores.

A prática da coleta constante é de extrema importância, uma vez que os resíduos sólidos constituem um problema sanitário por favorecerem a proliferação de agentes etiológicos causadores de doenças, tais como: diarreias infecciosas, amebíase, teníase e outras parasitoses. Serve ainda de

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criadouro e esconderijo de ratos, responsáveis pela transmissão da peste bubônica, leptospirose e tifo murino (BRASIL, 2006).

O sistema de tratamento de efluentes é do tipo individual, com o uso de fossa, porém grande parte dos moradores lança seus efluentes oriundos de pias e lavatórios nas vias públicas (22,7%) e nos quintais (36,4%). Em toda a malha urbana foi observado a presença de grande quantidade de esgoto sendo lançado de forma inadequada, in natura (Figura 1). Já o esgoto do banheiro, considerado águas negras, é lançado em fossas (95,5%), o percentual de 4,5% dos moradores que ainda lançam estas águas diretamente no solo, representa as moradias que não possuem banheiro ou outra alternativa e fazem suas necessidades ao ar livre. Os efeitos causados pelos esgotos lançados nos córregos são proliferação de doenças e degradação ambiental, também atraem vetores e causam incômodo aos moradores devido ao mau cheiro e ao aspecto estético.

O abastecimento de água local é feito por meio de um sistema do tipo simples, composto por 10 reservatórios com uma demanda local de 168.000 L dia-1 e uma vazão de 7 m3 h-1, sendo o manancial do tipo poço (BARREIRAS, 2010). A EMBASA (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) fornece água a 100% da comunidade, diariamente e sem interrupções.

O armazenamento da água nas residências é feito em caixas d’água. Para o consumo 50% da população utiliza o filtro; 9,1% costuma ferver a água, mas 40,9% tem o hábito de usar a água diretamente da torneira, sem a utilização de nenhum tratamento.

Os riscos para a saúde relacionados com a água podem ser oriundos da ingestão de água contaminada por agentes biológicos (bactérias, vírus e parasitos), pelo contato direto, ou por meio de insetos vetores que necessitam da água em seu ciclo biológico (BRASIL, 2006).

Em países em desenvolvimento, grande parte das doenças mais comuns é proveniente da água de má qualidade. As doenças de maior ocorrência são as febres tifóide e paratifóide, disenterias bacilar e amebiana, cólera, esquistossomose, hepatite infecciosa, giardíase e criptosporidiose. Outras doenças denominadas de origem hídrica incluem as cáries dentárias (falta de flúor), fluorose (excesso de flúor), saturnismo (decorrente do chumbo) e metahemoglobinemia (teor elevado de nitratos). Além disso, a presença de substâncias tóxicas na água também pode ocasionar sérios riscos à saúde humana (Di Bernardo, 2005).

Mesmo com o crescente desenvolvimento econômico e social do Brasil, o excesso de mortes relacionadas à falta de estrutura sanitária continua afetando as regiões menos favorecidas dentro do perímetro nacional. A implementação de programas preventivos na área da saúde pública, que investiram contra as doenças imuno preveníveis, e a ampliação dos serviços de saneamento básico, cuja ausência é um item importante na prevalência elevada das mortes por doenças infecciosas e parasitárias, são exemplos de políticas a serem estimuladas em áreas específicas do País (IBGE, 2005).

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5 Figura 1–Via pública com lançamento de águas cinzas.

Os moradores relataram a ocorrência de dengue (36%) e diarreia (9%). Estas doenças podem estar vinculadas a questões de higiene pessoal, manipulação indevida dos alimentos ou armazenamento incorreto da água, sem a devida limpeza das caixas d’água.

De acordo com os habitantes, os agentes comunitários de saúde costumam realizar, na comunidade, reuniões e palestras para a orientação sobre os cuidados com a saúde e medidas sanitárias. Azeredo (2007) em trabalho semelhante, também verificou a participação dos agentes, e sua importância em transmitir informações e orientações que, de certa forma, impulsionaram nos habitantes mudanças saudáveis de comportamento, inclusive no uso de filtros e fervura da água.

Moraes et al (1999) indica que em pequenas localidades a tecnologia apropriada para o saneamento ambiental deve conciliar objetivos de simplicidade, baixo custo, eficiência técnica, facilidade operacional e compatibilidade das soluções com as condições da área, com segurança e boa qualidade dos serviços oferecidos à comunidade e com sua aceitação pela população.

Logo, algumas medidas para atenuação dos problemas encontrados poderiam ser tomadas, como a destinação correta do esgoto produzido na cozinha lançando-o em fossa; intensificação da coleta dos resíduos e aproveitamento do resíduo orgânico em compostagens. Deve haver na comunidade o desenvolvimento de um trabalho de educação em saúde com vistas a consolidar a participação e envolvimento da comunidade.

CONCLUSÃO

As condições de saneamento na comunidade Mocambo são melhores do que aquelas encontradas em muitas comunidades rurais, haja vista haver o abastecimento contínuo de água tratada. Isso faz com que muitas doenças sejam eliminadas. Porém, a coleta semanal de resíduos sólidos não é suficiente e a queima do lixo constitui um problema ambiental sério, contaminando o solo e o ar.

O esgoto lançado a céu aberto e o acúmulo do lixo propiciam o aparecimento de doenças na comunidade.

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6 REFERÊNCIAS

AZEREDO, C. M.et al. (2007).Avaliação das condições de habitação e saneamento: a importância da visita domiciliar no contexto do Programa de Saúde da Família. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 12, n. 3, June 2007. Disponível em:

<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232007000300025&lng=en&nrm=iso>. Acesso: 12/12/214. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232007000300025.

BARREIRAS, Prefeitura Municipal. Plano Setorial de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Barreiras, 2010. Disponível em: <http://barreiras.ba.gov.br/pdf/rel_pssb_barreiras.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2014.

BRASIL. FUNASA. (2006). Manual de saneamento. 4.ed.rev. – Brasília: Fundação Nacional de Saúde.

DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO, A. D. Métodos e Técnicas de Tratamento de Água. v.1. São Carlos, RiMa, 2005.

Ezzati M., Utzinger J., Cairncross S., Cohen A. J., Singer B. H. (2005) Environmental risks in the developing world: exposure indicators for evaluating interventions, programmes, and policies. J Epidemiol Community Health. 59(1):15-22.

FUNASA. (2011). Boletim informativo, saneamento rural. Edição nº 10. Disponível em <http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/blt_san_rural.pdf >. Acesso em 13 de dezembro de 2014.

HELLER, L.; CASSEB, M. M. S. Abastecimento de água. In: BARROS, Raphael Tobias de Vasconcelos. et al. (Ed.). Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995. 221

p. p. 63-111. (Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios, 2 v.).

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Informações Básicas Municipais - Perfil dos Municípios Brasileiros – Meio Ambiente. Rio de Janeiro, 2005. MORAES, L. R. S.et al. Projeto de saneamento ambiental com sustentabilidade para pequenas localidades. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 20, 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Abes, 1999. 13p

MORAES, L. R. S. Conceitos sobre Saneamento e Saúde. Salvador: DHS/UFBA, 1994. 6p. Não publicado.

SEGRE, M.; FERRAZ, F. C.(1997). O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.31, n. 5, Out. 1997. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S003489101997000600016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 13 de dezembro de2014. Dezembro, 2014. http://dx.doi.org/10. 1590/S0034-89101997000600016.

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