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Tema: Cavalo Crioulo Seleção genética e Aptidão Grupo: Francine Philippsen e Karina Colonetti. Histórico

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Academic year: 2021

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Universidade Federal de Pelotas Centro de Desenvolvimento Tecnológico

Núcleo de Biotecnologia Disciplina de Genômica de Equinos

Prof.ª Priscila de Leon

Tema: Cavalo Crioulo – Seleção genética e Aptidão Grupo: Francine Philippsen e Karina Colonetti

Histórico

Em sua essência, crioulo significa ‘de origem espanhola’. De fato, os espanhóis, em 1493 introduziram no que hoje é São Domingos, no Haiti, o que vem a ser o antepassado de todos os cavalos crioulos americanos.

A partir da introdução de cavalos espanhóis e da sua disseminação no Panamá, Colômbia, e Peru, a introdução sequencial em Nova Granada, Flórida, Rio da Prata e no Paraguai, sendo esses últimos por Pedro de Mendonza (1535) e Alvar Núñez Cabeza de Vaca (1541), originou-se o atual cavalo crioulo brasileiro, a partir da miscigenação daqueles rebanhos.

Etnograficamente é difícil estabelecer uma única raça como antepassado do cavalo crioulo. Dentre as tentativas de esclarecer a origem do animal, Prado (1941), fez um estudo das "ascendências" etnográficas do cavalo chileno de 1541. Segundo o autor, os tipos primitivos de cavalos que tiveram marcada influência na conformação do Crioulo, são: o cavalo Celta e o Saloutre, o Bérbere (Africana), o Asiático (Árabe) e o Germânico (nórdico), bem como o Andaluz. Estes tipos de cavalos podem dar uma idéia aproximada, segundo Prado, do que foi o cavalo espanhol daquela época. O professor Ruy D'Andrade estudou os elementos básicos da população equina da península Ibérica, o que representa uma valiosa contribuição para o estudo dos antepassados de nossos Crioulos, confirmando a origem europeia dos mesmos, ainda que marcadamente influídos pelo tipo bérbere ou africano, mas alheios, quase por completo, a influência do asiático ou árabe.

Verifica-se (Goulart, 1964) que a criação de cavalos se inicia nas reduções do Rio Grande do Sul em 1634, com os animais trazidos pelos padres jesuítas espanhóis Cristóbal de Mendonza e Pedro Romero, de Corrientes, para onde os cavalos haviam sido levados, a partir de Assunção, por Alonso de Vera e Aragón, em 1588.

Destacam-se, no cavalo Crioulo, entre as características comuns herdadas de seus antepassados, a alçada mediana que dificilmente chega ou supera 1,50 metros, sua cabeça curta, triangular, de perfil reto ou subconvexo, as orelhas curtas bem separadas e amplas em sua base e pouco perfiladas, o pescoço erguido, a garupa pouco inclinada e o temperamento ativo, herança do bérbere, se unem a abundância de crinas e cola, o aspecto "baixo e forte" e o caráter tranquilo de seus antepassados europeus.

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Aspectos morfológicos

O cavalo é um animal onde se conjugam a estrutura e a função. Seu corpo é adaptado para a velocidade e para sua grande dimensão, e é esta combinação que nos ajuda a compreender a sua estrutura. Os seus membros são especializados, têm um número de dedos muito reduzido e são acompanhados pela perda dos músculos - os que permitem a outros animais agarrar objetos. O cavalo apenas move os membros para frente e para trás, o que lhe dá excelentes meios de propulsão. A força de que necessita é dada por músculos muito desenvolvidos, que estão ligados aos ossos das coxas, tronco e antebraços.

Cabeça curta, perfil retilíneo, ligeiramente sub-côncavo ou sub-convexo, com ganacha delineada, forte e moderadamente afastada. A fronte é larga e bem desenvolvida, com o chanfro largo e curto. Em termos de comprimento, pode-se dizer que a cabeça do animal é curta, com orelhas do mesmo feitio, afastadas, bem inseridas e com mobilidade, possuindo olhos proeminentes e vivazes. Já o pescoço, cuja inserção com a cabeça é limpa e resistente, no tórax é rigorosamente apoiada no peito, possuindo o bordo superior sub-convexo com crinas grossas e abundantes, enquanto o bordo inferior é retilíneo. O pescoço é amplo, forte e musculoso, de comprimento mediano.

A linha superior ganha destaque em sua caracterização, já que é um dos itens mais importantes nas premiações de fundo morfológico. A cernelha tem destaque moderado e é musculosa. O dorso é bem unido a cernelha e ao lombo, possui caráter mediano e também é musculoso, tal como o lombo, o qual une suavemente o dorso e a garupa. A garupa é moderadamente larga e comprida, levemente inclinada, propiciando, desta forma, boa descida muscular para os membros posteriores. A cola possui uma inserção dando uma perfeita continuidade na linha superior da garupa, sendo dotados de um sabugo curto e grosso, com crinas expeças e abundantes.

Quando o quesito é o tórax, ventre e flanco deve-se ter em mente que o peito é amplo, largo e profundo, com encontros bem separados e musculosos. As paletas da raça possuem inclinação e comprimento medianos, sendo musculosas e caracterizam-nas encontros bem separados. As costelas são arqueadas e profundas, formando um ventre de perfil sub-convexo, com razoável volume e muito bem unido ao tórax e ao flanco, que, por sua vez, é curto, cheio e une harmonicamente o ventre ao posterior.

Os membros anteriores e posteriores, quando falamos em braços e cotovelos, são musculosos, com braços inclinados e cotovelos afastados do tórax. Os antebraços são aprumados, também musculosos e afinam-se até o joelho, os quais, por sua vez, são fortes, nítidos e no eixo. As canelas são curtas, com tendões fortes e definidos além de aprumadas. Já os boletos são secos, arredondados, também fortes e nítidos, com machinhos na parte posterior. As quartelas possuem comprimento médio, de caráter forte, espesso, nítido e medianamente inclinadas. Os cascos tem volume proporcional ao corpo, são duros, densos, sólidos e aprumados, com a mesma inclinação da quartela. De preferência, pretos. Os quartos são musculosos, com nádegas profundas, pernas moderadamente amplas, musculosas tanto interna

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quanto externamente. Os garrões são amplos, fortes, secos, paralelos ao plano mediano do corpo, com ângulo anterior medianamente aberto.

A ABCC prega algumas medidas padrão, e os difere para machos, fêmeas e castrados: Medidas exigidas pela ABCCC:

Altura Alçadas Tórax (Perímetro mín.*) Canela (Perímetro Mín.*) Mín. Max.

Machos 1,40 1,50 1,68 0,18

Fêmeas 1,38 1,50 1,70 0,175

Castrados 1,38 1,50 1,68 0,18

*Não existe máximo estabelecido.

O peso oscilará, geralmente, entre 400 e 450 quilos. Seleção genética e características

Trazida à América do Sul pelas mãos dos espanhóis, a raça crioula foi forjada por meio de um processo de seleção natural de cerca de 500 anos, que lhe concedeu duas de suas principais qualidades: a rusticidade e a resistência. Em meio ao rigor do inverno sulino, restaram apenas os cavalos mais fortes da raça, aqueles que conseguiram resistir e se adaptar às condições climáticas, à seca e à falta de alimento.

Desde o início, a criação de Cavalos Crioulos teve o objetivo de selecionar e produzir animais para lidar com gado, era essa a necessidade das estâncias no Sul do País, um cavalo que fosse rústico, bom de montaria e resistente.

No início da década de 70, surgiram as primeiras provas funcionas, juntamente com as provas de resistência, o que alavancou uma nova forma de criar e selecionar a raça, buscando animais mais habilidosos, sem perder a sua essência de ser um cavalo de campo.

Os eqüinos da raça Crioula, entre as demais raças, são os que mais se destacam em rusticidade, com maior poder de conversão alimentar em campos de baixa oferta de alimento. São animais que enfrentam qualquer adversidade climática desde o sol abrasador até as grandes geadas levantadas pelos ventos de outono e inverno. Muito resistente a terrenos encharcados, rochosos e acidentados, Após árduos trabalhos, tem poder de recuperação grande e rápido sem precisar de interferência humana (PONS, 1996).

Para melhor entender a capacidade da raça crioula, um hipólogo francês chamado Baron estudou e utilizou uma formula para melhor demonstrar entre raças de tração. O objetivo deste estudo foi procurar o equilibro entre funcionalidade e rusticidade da raça. A formula preconizada por Baron (PT X 56) / altura, para melhor elucida - lá diríamos que PT equivalente ao perímetro torácico ao quadrado; o nº.56 é uma constante criada por Baron que multiplicada, o resultado seria dividido pela altura do cavalo. Assim chegamos à capacidade de carga do cavalo (PONS, 1996). Conhecedor da capacidade individual de carga e das aptidões funcionais de cada cavalo,

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chegou-se a conclusão de que os de menos capacidade de carga eram os mais funcionais, porém com menos recuperação, e por outro lado os de maior capacidade eram os menos funcionais, porém com poder de recuperação fantástico, portanto mais rústicos, apartar deste ponto foi iniciando o cruzamento destes indivíduos para um melhor resultado genético na seleção e aprimoramento da raça crioula. (PONS, 1996).

Pelagem

Na raça crioula os eqüinos possuem uma grande infinidade de pelagens, esta sendo a maior em variedade e composição já conhecida. Ás denominações se dá por pequenos detalhes como marcas na cara, membros e cabelos do rabo e crinas. (ABCCC, 2003). Ás pelagens pode ser de capas sólidas e compostas, como os tubianos, oveiros e bragados. Não se admite para registro animais albinos e pintados, dando-se em consideração as variações e mutações de ordem genética. As pelagens mais tradicionais da raça são mouras, gateada e rosilha (ABCCC, 2003).

Modalidades e Aptidões

A seleção genética do cavalo Crioulo garantiu condições de alto rendimento em diversas provas de esporte equestre. As provas de laço e paleteada movimentam um número enorme de cavalos competindo semanalmente em toda a região Sul, onde mesmo nas provas não oficiais como nos rodeios, há uma preferência pelo cavalo Crioulo.

Nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde os esportes western são muito praticados, alguns cavalos Crioulos já realizam provas de Três Tambores, Seis balizas, Team Roping (laço em dupla), Team Penning (campereada) e competem igualmente com outras raças mais tradicionais no ramo. Na modalidade de Rédeas, o desempenho do Cavalo Crioulo está mais que provado, assim como nas provas de resistência.

O Nordeste é uma região onde ainda há poucos Cavalos Crioulos, mas tem impressionado bastante nas competições de Vaquejada, principalmente, pela sua coragem e aptidão vaqueira e vem ganhando cada vez mais adeptos.

É muito marcante a capacidade do Cavalo Crioulo de se adequar aos diversos estilos e modalidades, sendo espontâneo e intuitivo em provas contra o tempo, como é o caso do Team Roping e Três Tambores, onde depois de devidamente treinados, trabalham praticamente sozinhos, com pouco comando do cavaleiro. E da mesma forma, trabalha com completa submissão ao cavaleiro, principalmente em modalidades que exigem um alto nível de precisão, como é a Vaquejada e Rédeas.

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O Freio de Ouro é a maior e mais popular promoção da raça Crioula e, talvez, a maior competição de animais puros de uma só raça no Brasil. A competição surgiu em 1982 e foi sendo aperfeiçoada ao longo dos anos. Divide-se em diversas provas, cada qual com uma pontuação específica a ser conquistada pelo cavalo e pelo ginete. A primeira fase é a avaliação morfológica. Em seguida vem o julgamento funcional. A grande final do Freio de Ouro é disputada em agosto, durante a Expointer, sendo que a prova mostra ao público as habilidades de cavalo e do ginete, reproduzindo nas pistas os trabalhos do dia-a-dia no campo, além de testar a doma, a resistência, a docilidade, a aptidão vaqueira e a coragem, que formam a funcionalidade do cavalo Crioulo. Este sistema de avaliação morfológico e funcional, formado por nove etapas, sendo oito funcionais, das quais quatro são de trabalho com gado, propiciou um animal com um biótipo apropriado, onde se ressalta, principalmente, seu equilíbrio, sua musculatura, estrutura óssea, angulações e uma capacidade funcional muito grande. Isso garante as condições de alto rendimento do Cavalo Crioulo em diversas provas de esporte equestre.

Bibliografia

LAROUSSE ; Larousse dos Cavalos, 1ª ed., São Paulo, SP: Larousse do Brasil, 2006.

PONS, D.S., O Cavalo Crioulo: Seis Décadas de Experiência, Editora Agropecuária Ed.: Guaíba, 1993.

PONS, D.D. ; O Cavalo Crioulo, 1ª ed., Editora Saraiva. P.T. 250, 1996.

ABCCC; Associação Brasileira de Criadores de cavalos Crioulos, Manual do Criador.

Disponível em:

http://www.racacrioula.com.br/uploads/arquivos/7cab9664412f84d11c878d156a8a61fc.pdf http:// www.abccc.com.br

http://www.cavalocrioulo.org.br/

Referências

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