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RJHR 2:2 (2009) Jovânio Luiz Pereira

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A ARCHĒ NA FORMAÇÃO DO PENSAMENTO NEOTESTAMENTÁRIO

Jovânio Luiz Pereira1

RESUMO

O cenário no qual o Novo Testamento foi escrito não é um bloco isolado na história. As alusões, apropriações, bem como as refutações também exploravam, além das concepções transmitidas pelos escritos e pela tradição judaica, alguns conceitos já existentes no mundo helênico. No que se refere à busca por aquilo que os filósofos gregos anteriormente definiram como archē (princípio, origem), os escritores neotestamentários também foram influenciados por concepções presentes na Filosofia grega. Muito tempo antes daqueles autores utilizarem este termo, os gregos já o discutiam interessados pela questão da busca por um lugar comum, um princípio, ponto ou elemento fundamental do qual ou pelo qual todas as coisas vieram à existência. O uso da archē nos escritos do Novo Testamento e suas contribuições para a formação do pensamento neotestamentário é o que este artigo propõe analisar.

PALAVRAS-CHAVE: archē, princípio, Novo Testamento, formação, pensamento.

ABSTRACT

The landscape in which the New Testament was written is not an isolated brick in history. The allusions, appropriations, as well as the refutations also explored, besides the thoughts transmitted by the writings and Jewish tradition, some concepts already existent in the Hellenic world. Regarding the search for what the Greek philosophers previously defined arche (beginning, origin), the new-testament writers were also influenced by ideas that are present in the Greek Philosophy. Long before these authors used this term, the Greeks had already discussed it interested in the issue of the search for a common place, a principle, point or key element of which or by whom all things came to exist. The use of arche in the writings of the New Testament and its

contributions to the formation of new-testament thought is what this article aims at analyzing.

KEY-WORDS: archē, beginning, New Testament, formation, thought.

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Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Teologia Urbana (UNIFIL) e especializando em História do Cristianismo Antigo (UnB).

jovaniop@hotmail.com

.

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INTRODUÇÃO

(1) Apresentação do Tema

De modo geral, é possível encontrar em quase todos os povos ou culturas, meios ou simplesmente tentativas que visam explicar a origem de todas as coisas. “A busca pela archē sempre esteve diante do homem, seja ela acerca da criação... da linguagem, do mal, até mesmo da origem de Deus ou dos deuses” (GESCHÉ, 2004, p. 41). Sempre existiram e sempre existirão aqueles que de alguma forma querem saber onde, quando e como tudo começou.

Este artigo apresenta, em síntese, parte desta busca pela archē dentre os filósofos gregos, associado às formas como os autores neotestamentários a utilizaram, avaliando onde os principais conceitos já existentes foram imitados, alterados ou meramente apropriados. Apresenta ainda algumas implicações dessa neologia neotestamentária para a formação do que se revelaria posteriormente, no intuito de expandir para além da terminologia, em direção a um sentido mais amplo, os principais usos do termo no Novo Testamento.

(2) Delimitação do Tema

O problema deste tema resume-se basicamente às seguintes situações. Quanto à presença da archē nos textos neotestamentários, para que se afirme se houve apropriação, influência, negociação, interpolação ou ações de outra natureza, primeiramente será preciso ir ao encontro dos seus possíveis significados dentre os textos filosóficos anteriores. Em segundo lugar será necessário identificar se os conceitos elaborados pelos filósofos gregos sobre a archē ainda repercutiam durante o século I e II na região do Mediterrâneo. Logo, uma análise comparativa relativamente ao arcabouço conceitual em ambos os contextos possibilitará a identificação das diferentes formas como a archē foi empregada na formação do pensamento cristão.

Em terceiro lugar, para uma melhor discussão sobre o pensamento neotestamentário será preciso ainda esclarecer que tipo de pensamento pretende-se abordar. Esta segunda questão nos remete a outros problemas não tão simples de serem resolvidos. Isto porque questões ligadas à canonicidade, datação e autoria dos textos neotestamentários são constantemente levantadas e colocadas em xeque. Não há consenso, por exemplo, quanto aos livros de autoria paulina, tampouco podemos afirmar com precisão quando os textos neotestamentários foram concluídos.

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No que diz respeito à canonicidade seguir-se-á uma análise baseada nos 27 livros tradicionalmente apresentados.2 Por outro lado, uma vez que a datação e a autoria dos textos neotestamentários são imprecisas e por não sabermos classificá-los devidamente numa ordem histórica, compreende-se que a alternativa proposta por Culmann (2007, p. 15), isto é, de trabalhar com estes textos a partir do estilo literário, seja para esta abordagem o caminho mais apropriado.

(3) Objetivos

O objetivo deste artigo é analisar os diversos conceitos existentes entre os gregos quanto à archē (origem, princípio), e suas relações com a formação do pensamento neotestamentário. Trata-se de uma abordagem que visualiza identificar interferências de idéias disseminadas no mundo helênico que paulatinamente afetaram a maneira de pensar e compreender a origem das coisas no pensamento cristão em fase de formação no século I e II.

(4) Justificativa

A Filosofia grega é uma importante fonte de pesquisa para a compreensão da formação do pensamento neotestamentário. Tanto na Filosofia, que especulou sobre os seus significados, quanto no Novo Testamento, onde também aparece, o uso e o sentido da archē é amplo e variado. Ainda que o aramaico tenha sido o dialeto utilizado por um número considerável de judeus no Mediterrâneo, a língua grega, especialmente por sua força e maior abrangência foi aquela que os escritores escolheram para transmitir suas mensagens. Ora, ao apropriarem-se desta língua, conseqüentemente, suas raízes conceituais também foram abraçadas.

A grande popularidade do grego é uma das razões por que os autores do Novo Testamento escolheram essa língua: ela tinha um potencial de atingir um número maior de pessoas. Outra razão é que, na época em que os cristãos começaram a escrever o Novo Testamento, eles haviam aprendido a amar a versão da Septuaginta do Antigo Testamento, uma tradução grega das Escrituras em hebraico. Quando os escritores do Novo Testamento citavam o Antigo Testamento, eles o citavam da Septuaginta. (MILLER; HUBER. 2006, p.71).

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O primeiro cânon foi obra de Marcião por volta do ano 150 d.C. Seus critérios quanto à escolha foram puramente teológicos e suas concepções separavam o Deus do Antigo do Deus do Novo Testamento, não admitindo, portanto, relação entre estes escritos. Posteriormente, a lista antiga que mais se aproxima da que temos hoje é a do cânon de Muratori (falecido em 1750), descoberto na Biblioteca Ambrosiana em Milão. Finalmente, conclui Culmann (2007, p. 91, 92), “essas discussões foram concluídas, grosso modo, sem ter alcançado um fim definitivo, no Oriente (com exceção da Síria) e no Ocidente no final do século IV. As datas decisivas são, para o Oriente, a 39ª carta pascal de Atanásio em 367 e, para o Ocidente, o Sínodo de Roma de 382 e os concílios africanos de Hipona (393) e de Cartago (397)”.

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A região da Palestina, concentradora de grupos judaicos mais radicais, por mais resistente que demonstrasse ser, não ficou alheia às interferências provocadas pela cultura grega. Até mesmo em Jerusalém é possível encontrar relações de negociação com o mundo helênico.

A influência do pensamento grego no Judaísmo da Palestina também se estabeleceu, em um grau até hoje não compreendido. Embora nenhum grupo ou partido que o representasse explicitamente fosse ativo nos dias de Jesus, sentia-se essa corrente de pensamento bem presente. Provavelmente devia-se encontrar em todos os níveis da sociedade, mas tinha maior evidência entre os mais instruídos e nas áreas mais urbanas. (ELWELL; YARBROUGH, 2002, p. 60).

Os escritos neotestamentários foram favorecidos pelo contexto e pela época. Opressão militar, guerras, pobreza, espiral do endividamento, crise na identidade religiosa são temas que, em conjunto, clamavam por transformações que pudessem afetar diversos estágios da vida.

A Filosofia... era decadente, e o advento do cristianismo coincidia com tal decadência. Nessa ocasião já não mais existiam propriamente filósofos no estilo consolidado por Platão e Aristóteles, e sim os tais movimentos filosóficos, dentre os quais sobressaiam o Estóico, o Epicurista e o Neoplatônico (SPINELLI, 2002, p. 14).

No entendimento de Jeremias (2005, p. 93):

A influência helenística é sensível na quantidade de palavras gregas transpostas para a literatura rabínica. É a civilização e não a política que condiciona essa influência. Por tal motivo, é mais importante do que a influência exercida por Roma.

É o modus operandi, o status quo, a maneira de pensar e agir que processa essas influências, resultando em mudanças na identidade que permitem compreender a vida sob novas perspectivas. Não basta simplesmente ler a Torá, é preciso dar-lhe sentido.3 Não significa, todavia, que todas as concepções e sentidos são expostos a partir de abordagens estritamente judaicas. Havia interações, presentes inclusive na forma como os conceitos eram explanados.

Quanto às interações entre culturas no Mediterrâneo Antigo, (CHEVITARESE; CORNELLI, 2007, p. 21) descartam as noções de influências de uma cultura sobre a outra, priorizando a idéia de “negociação”. Basicamente referem-se a formas como os judeus e cristãos apropriavam-se das demais culturas e ao mesmo tempo

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Lucas é um destes entusiastas cuja memória faz menção às palavras de Jesus na sinagoga de Nazaré; a Torá não é simplesmente lida, mas interpretada à luz do acontecimento (Lc 4.16-21).

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nas a partir de suas próprias identidades. Na medida em que as relações se desenvolviam, especialmente no âmbito comercial e religioso, as concepções adquiriam novas formas.4

(5) Referencial Teórico

A pesquisa foi realizada a partir de estudos concebidos no âmbito da crítica literária, tendo como objeto citações de filósofos gregos que discutiram o tema da archē antes da composição dos escritos neotestamentários. As considerações apresentadas por Reale e Antiseri (2005), Jaeger (2001) e por Spinelli (2002) foram cruciais para a interpretação dos conceitos de origem filosófica.

Baseada ainda nos textos de Brown (2006), Chevitarese e Cornelli (2007), Koester (2005), Jeremias (2005), Stegemann (2004), e Elwell e Yarbrough (2002), foi possível uma maior aproximação do sitz im laben - lugar de vivência, dos cristãos do século I e II. Esses autores são responsáveis pela apresentação panorâmica do cenário neotestamentário. Permitiram compreender o quanto questões políticas, sociais e econômicas interferem na vida religiosa.

Finalmente, visando compreender as relações da archē com a formação do pensamento neotestamentário, outros autores como Culmann (2007), Mateos e Barreto (1999), Miller e Huber (2006), Nestle-Aland (1994) e o Antigo Testamento Poliglota (2003) canalizaram a discussão para dentro do universo bíblico, apesar de toda diversidade temática envolvendo a questão. Permitiram relacionar os textos e conectar ao máximo as idéias, ou ainda, identificar quais eram suas desconexões.

Sitz im Laben

O Novo Testamento é plural. Diversos fatores corroboram para os acontecimentos nele registrados. A diversidade de pensamento, especialmente em relação à interpretação da Torá, iniciou-se num estágio bem anterior. Foi após a destruição do Templo de Jerusalém em 586 a.C, seguida pelo Cativeiro Babilônico, que os textos judaicos começaram a se relacionar com outros tipos de literatura. Posterior ao Cativeiro surgiu três tradições no Talmude: um palestino, um babilônico e outro alexandrino.

Após a destruição do Primeiro Templo (586 a.C.) os judeus transportados para a Babilônia desenvolveram no exílio uma tradição oral, composta ainda por valores espirituais do judaísmo, onde nutriam a esperança do retorno à Jerusalém e adoração no Monte Santo. Entretanto, também criaram uma forma particular de se observar essas tradições e, mesmo com o retorno do exílio, os judeus da Babilônia mantiveram uma tradição diversa ao que era praticado no Templo de Jerusalém.

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Enquanto isso, a tradição Alexandrina - desenvolvida no Egito, resultou noutra tradição da qual originou a Septuaginta, 5 reconhecendo elementos da cultura, tradição e oralidade do judaísmo bem diferentes daquele praticado em Jerusalém. Segundo Gonzalez (2004, p. 40) “foi em Alexandria que essa helenização lingüística do Judaísmo alcançou seu ápice”.

Por volta do ano 340 a.C. iniciou-se a era de domínio grego que se estendeu aproximadamente até o ano 168 a.C. Depois que as tropas de Alexandre conquistaram a Palestina, após sua morte (323 a.C.) e posterior divisão do Império Macedônio, a região passou a ser controlada pelos Ptolomeus. Com isto, nas negociações de paz o Sumo Sacerdote do Templo, além de líder religioso, tornou-se também um líder político capaz de intermediar conflitos. Quanto mais perto do poder, mais gritantes eram as tradições.

Por outro lado, as tropas Selêucidas avançavam na região contra os Ptolomeus, até que Antíoco III conseguiu controlar a Judéia. Seu sucessor ao trono, Antíoco IV Epífanes, foi extremamente agressivo aos costumes, leis e tradições judaicas. O Livro dos Macabeus registra que ele “fez construir sobre o altar dos holocaustos a Abominação da desolação” (1Mc 1.54). Segundo A Bíblia de Jerusalém (2004, p. 721) “trata-se da profecia registrada no livro de Daniel, 9.27 e 11.31, um altar a Baal-Shamem ou Zeus Olímpico”. Sabe-se que essa interpretação é polêmica, contudo, não vem ao caso.

Perto do ano 169 a.C. os gregos perderam uma guerra para os Macabeus. Este grupo de resistência lutou cerca de trinta anos para não serem dominados pela cultura grega. Todavia, quando chegaram ao poder helenizaram a região; tornaram-se os Asmoneus, dos quais descendem os Fariseus, importante grupo religioso no cenário neotestamentário. Com isto o controle deixou de existir e passou a ser negociado.

O espaço Templo/Sinagoga foi importante para o processo lento e contraditório de canonização da literatura judaica. A religiosidade dos judeus da diáspora não era a mesma dos judeus de Jerusalém. A literatura de caráter mais exotérico e apocalíptico era considerada não-canônica. Havia um anseio por uma identidade judaica exclusiva. Com isto o Templo no monte Gerizim, em Samaria, foi sendo cada vez mais desprezado pelos Judeus de Jerusalém.

Não obstante, aos poucos o Judaísmo se sentiu atraído pela cultura grega. Esse processo ficou conhecido como aculturação. Apesar do Templo de Jerusalém manter as características litúrgicas, a vida fora dele se relacionava com o mundo grego.

É no Templo que todas as linhas de pensamento terão embate. Os Fariseus - grupo mais conhecido e citado pelo Novo Testamento - representam “os separados” e principais responsáveis pela manutenção da identidade e vida em torno do Templo. São

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Também conhecida como Versão dos Setenta ou simplesmente LXX. Trata-se da tradução da Bíblia Hebraica para o grego koiné (comum), com adição de outros livros e sentenças originalmente escritos em grego. A tradução foi feita em Alexandria, Egito, entre o século III e I a.C.

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apresentados pelos Evangelhos como aqueles que “guias cegos, que coam o mosquito, mas engolem o camelo” (Mt 23.24).6

Os Saduceus, com fortes tendências à origem dos Macabeus ou à reforma de Esdras e Neemias, vão ganhando força à medida que o Templo vai se reorganizando. Devido à forma como enfatizavam a Lei, menciona Gonzalez (2004, p.34), que o Talmude chama-os, ainda que de forma um tanto inexata, de “Epicuristas”.

Já os Essênios era um grupo religioso revolto contra a tradição helênica e a favor da restauração de Israel. São ritualistas e cenobitas, isto é, reclusos, porém praticantes de ações públicas. Estes três grupos, em conjunto, representam o que os irmãos Stegemann (2004, p. 164-216) definem como “Mestres da Justiça”.

Os Zelotes eram partidários da luta armada, violenta, frente à cultura helênica e romana; um grupo de radicais ortodoxos de esquerda.7 Outros grupos contraditórios e de

menor destaque foram os Tanaitas, de origem Palestina e redatores do Talmude; e os Amoraitas, oriundos do período do Cativeiro Babilônico e despreocupados quanto às exigências do Templo.

No tempo de Jesus havia uma rica diversidade de pensamento religioso. Segundo Elwell e Yarbrough (2002, p. 54) “não havia um ponto de vista único, comum, mas sim conjuntos de idéias e práticas sobrepostas ou até mesmo conflitantes que, todas juntas, eram chamadas de judaísmo do Segundo Templo”.

É importante identificar o pensamento judaico diferenciando-o do pensamento de Jesus. Para os irmãos Stegemann (2004, p. 218, 219), do ponto de vista da sociologia da religião, deve haver distinção inclusive entre o “movimento” de Jesus até a sua morte no ano 30 d.C. (não institucionalizado), da “instituição”, evidenciada entre os anos 50 a 70 d.C.

No que tange à formação das idéias no contexto neotestamentário, isto é, à forma de compreender a mensagem cristã, algumas fontes, não necessariamente escritas, se destacam. A primeira delas, obviamente, são os escritos judaicos (a Lei, os Profetas e os Salmos).8 Mas é importante mencionar que, distante dos meandros do Templo e das

Sinagogas, estas fontes escritas são propagadas no contexto do século I especialmente por meio da LXX. Trata-se, portanto, de textos judaicos disseminados na língua grega.

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A alusão parece se referir ao antigo processo de produção de vinho da região, onde camelos eram utilizados como meio de transporte das uvas. Após serem prensadas as uvas seu suco escorria pelas tábuas, caindo diretamente nos tachos, cuja boca era protegida por um tecido no intuito de coar os mosquitos. Aos camelos competia alimentarem-se das cascas que sobravam e eram lançadas fora. Os Fariseus conheciam esse processo e sabiam como livrar-se das moscas e ao mesmo tempo alimentar os camelos. Segundo a crítica o que não sabiam era como relacionar o conhecimento que possuíam da Torá com suas aplicações práticas.

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Mt 10.4; Mc 3.18; Lc 6.15 e At 1.13 registram que Simão, um dos doze, era membro deste grupo.

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Conforme Lc 24.44. Uma das fortes características dos escritos neotestamentários é que eles buscam sempre uma chancela dos textos judaicos anteriores como forma de validação dos seus atos e discurso.

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Na época de Jesus, havia duas escolas de pensamento farisaico diferentes - os seguidores de HILLEL e os seguidores de SHAMAI. Hillel tinha revolucionado o pensamento rabínico com um novo método de exegese que permitia uma interpretação mais liberal da lei. Gamaliel (filho de Hillel e professor do Apóstolo Paulo; At 22.3) foi o líder dos fariseus de 25 a 40 d.C. Depois da destruição de Jerusalém, em 70 d.C., Johanan bem Zakkai se encarregou de reformular o farisaísmo em Jamnia em 90 d.C.; estabeleceu-se base para a corrente principal do Judaísmo que chega até os nossos dias. (ELWELL; YARBROUGH, 2002, p. 56, 57).

Foi Fílon (25 a.C. - 50 d.C.), um judeu que vivia em Alexandria, o primeiro a tentar formular uma síntese entre o Antigo Testamento e o pensamento grego, mas sem prosseguimento. Segundo Reale; Antiseri (2005, p. 26) foi ele quem “preparou a civilização medieval e as bases daquilo que viria a ser o pensamento cristão ‘europeu’”.

Pierrard (1983, p. 14), classifica-o como um típico representante dos judeus helenizados, cuja organização doutrinária elaborada a partir de um sistema teológico e filosófico, foi capaz de alcançar as comunidades judaicas da Ásia menor e Síria. Esse sistema prepararia o caminho para a teologia cristã.

Comentam Boehner; Gilson (1995, p. 34-58) que Fílon teria influenciado as primeiras interpretações teológicas à luz da Filosofia grega. Na opinião de Culmann (2007, p. 66) sua obra filosófico-teológica “representa a tentativa mais avançada que um judeu jamais fez para pensar sua fé em categorias gregas”.

Estas observações são importantes uma vez que consideram o pensamento cristão como sendo fruto de uma mescla entre conceitos filosóficos e judaicos. Mas Reale; Antiseri (2005, p. 379, 381) apontam ainda para o fato de que a mensagem neotestamentária, ao contrário [da Filosofia], fala da criação, precisamente in limine: “No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1.1). E os criou através de sua palavra: Deus disse e as coisas vieram à existência. Para eles “Deus é o Ser por sua própria essência e a criação é participação no ser, ou seja, Deus é o ser e as coisas criadas não são ser, mas têm o ser (que receberam por participação)”.

A ARCHĒ NA FILOSOFIA

A própria filosofia nasceu devido à busca da archē, da busca da realidade última, que transcende o que é próximo e comum e define e explica os elementos da experiência diária. Sproul (2002, p.15-16) afirma que três preocupações dominavam a mente dos primeiros filósofos: a busca da monarquia,9 da unidade em meio à diversidade e a busca

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O autor explica que esta palavra trata-se da junção entre dois termos. O prefixo mono quer dizer “um, singular” e a raiz do termo, que é a mais importante, é archē, que significa “principal, começo, raiz”. Ela é muito usada como prefixo em português, como em arcebispo, arquiinimigo, arquétipo, arquiduque, arcanjo... Na busca pela

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do cosmo sobre o caos, que em geral, podem ser resumidas como sendo a busca de respostas metafísicas para o mundo físico. Esta busca, obviamente de cunho teológico, também pode ser percebida nos textos neotestamentários.

Para Jaeger (2001, p. 5) “o ‘Começo’ não quer dizer início temporal apenas, mas ainda a.rch/ (archē) origem ou fonte espiritual, a que sempre, seja qual for o grau de desenvolvimento, se tem de regressar para encontrar orientação”. Desta forma, a archē pode também ser relacionada com elementos metafísicos, além daquilo que é visível.

Conceitos quanto à archē adquiriram peso e maior abrangência a partir de Homero (séc. VIII a.C.). Nos textos antigos basicamente significa “início”, “começo”, “ponto de partida”, “início original”, “a primeira causa”, “poder”, “autoridade”, “governo”. Na Filosofia grega a archē desenvolveu um sentido especial, como sendo “o ponto onde algo novo começa no tempo, o fim do qual pode ser visto desde o início. Quando alguém falava no início (archē), o fim (télos), também estava sendo considerado” (COENEN; BROWN, 2000, p. 367). Spinelli (2002, p. 91) afirma que “na arché está o télos, isto é, no ponto de partida do processo da geração está o objetivo ou ‘causa final’”.

Diferentes pensadores gregos se destacaram na discussão da archē. Tales (séc. VII a.C.) foi o primeiro filósofo a afirmar a existência de um princípio originário único, a causa de todas as coisas que existem. Segundo Tales a origem estava na água, uma vez que a nutrição de todas as coisas é úmida. Conquanto, o termo arch, (archē, princípio, origem) não derive de Tales, na opinião de Reale e Antiseri (2005) ele é aquele que melhor conceitua o pensamento sobre a origem de todas as coisas. Segundo Spinelli (2002, p. 73) “quanto a Aristóteles, ele não só levou a sério a questão posta por Tales, como também foi o primeiro a se empenhar tanto em compreendê-la quanto em explicá-la”.

Dentre outros pensadores gregos que se destacaram nessa discussão estão Anaximandro de Mileto (séc. VII a.C), onde a arch (archē, o princípio) é o a;peiron

(A-peiron, o infinito); No conceito de Spinelli (2002, p. 79) a tradução mais apropriada é

“indefinido” ou “ilimitado”. Também esclarece que “o ápeiron não corresponde a nenhum elemento empírico constitutivo das coisas”. Anaxímenes de Mileto afirmou que a archē é o ar; Xenófanes de Cólofon (570 a.C.), identificou a terra como o elemento primordial; Heráclito de Éfeso (séc. VI – V a.C.), atribuiu a origem ao fogo; e finalmente Pitágoras (530 a.C.), afirmou que a essência está nos números (REALE; ANTISERI, 2005, p. 29-47).

Por que para Tales a água é a arché e, para outros, o ar, o fogo, a terra, ou mesmo esses quatro elementos juntos? A explicação que encontramos em Aristóteles é porque “a maioria dos primeiros

monarquia, os filósofos procuravam a substância principal ou dominante, chamada archē, a partir da qual todas as coisas são feitas ou existem.

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filósofos acreditava que os únicos princípios” explicativos da constituição das coisas existentes tinham que ser “de índole material” (SPINELLI, 2002, p. 76).

A ARCHĒ NA LXX E NO NOVO TESTAMENTO10

A LXX emprega o termo archē para traduzir mais de trinta palavras hebraicas, embora muitas das mesmas ocorram apenas uma ou duas vezes. Archē é utilizada como substantivo para traduzir os termos hebraicos `ôläm, de um tempo distante (Js 24.2; Is 63.16, 19) ou qqeºdem, “antiguidade, desde tempos antigos” (Sl 74.2; Mq 5.2). Empregado assim, não somente significa o passado distante quanto o tempo (qqeºdem queria dizer originalmente o início e, portanto, o Oriente), como também o estado que existiu uma vez, o começo de uma nação ou do mundo (aiôn = Criação).

É inegável que o conceito de criação ex nihilo, a partir do nada, ocupa lugar importante em toda a Bíblia, especialmente nos escritos de Sabedoria. Theissen e Merz (2004, p. 374) ao comentar esse estilo de literatura (inclusive Fílon), consideram a concepção de que “Deus criou o mundo por meio de sua sabedoria... em partes do Judaísmo isso levou à crença na Torá como uma grandeza cósmica, que se identificou com a sabedoria de Deus e estava presente em toda a criação”.

Em alguns casos, as conotações do início e da categoria mais alta vêm juntas em certas passagens como no Salmo 111.10, onde o temor do Senhor é archē tēs sophias (“o princípio da sabedoria”). De acordo com esta passagem, a archē é o princípio que governa os componentes do início, progresso e resultado do todo.

No Novo Testamento o termo archē pode ser encontrado mais de cinqüenta vezes, conforme as principais citações abaixo.

“No princípio era o Verbo...” (VEn avrch/| h=n o` lo,goj - en archē en o logos) - Jo 1.1 e 1Jo 1.1.

“A sentença en archê ên pode significar que o logos coexistia com o princípio narrado em Gn 1.1 ou então que João corrige a concepção de Gênesis indicando qual foi o verdadeiro princípio. Em todo caso, a palavra/projeto precederia a obra criadora. A forma durativa ên indica, contudo, duração em que incide momento concebido como pontual (em archê). A existência da palavra precede, portanto, a existência do princípio, e a tradução adequada é, por conseguinte: No princípio (referido ao Gênesis) já

existia a palavra. Esta, enquanto projeto formulado, é anterior ao

“princípio”; enquanto palavra criadora, dá-lhe origem (1.3:

mediante ela tudo existiu). (MATEOS; BARRETO, 1999, p. 33).

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As citações em língua hebraica foram extraídas do Antigo Testamento Poliglota (2003). Os textos em língua portuguesa pertencem à tradução de João Ferreira de Almeida (1999). Os textos em grego são do Novum

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“Então, lhe perguntaram: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que desde o princípio (avrch.n - archēn) vos tenho dito?” (Jo 8.25).

“Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o principio (avrch/j - archēs)” (Mt 19.8).

“Ele é o cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o princípio (avrch, - archē), o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia” (Cl 1.18).

“... Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio (avrch. -

archē) da criação de Deus...” (Ap 3.14).

“... Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio (avrch. - archē) e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida” (Ap. 21.6; 22.13).

O Novo Testamento utiliza os conceitos existentes sobre a archē de modo bem semelhante aos encontrados nos demais textos em língua grega, tanto nos filosóficos quanto na LXX, especialmente quando se trata de significar um primeiro ponto no tempo ou autoridade. A grande novidade está na identificação do que compreendem ser a origem ou causa de todas as coisas.

O conceito sobre a archē foi uma das formas encontradas pelos autores neotestamentários para conduzirem o discurso. Contudo, conforme registra Spinelli (2002, p. 18) “não recorreram à Filosofia como se fosse uma outra doutrina”. Não obstante, por meio dela, terem disseminado suas crenças.

Tanto nos Evangelhos, quanto nos textos de tradição paulina, assim como na literatura apocalíptica e demais escritos, a maioria menciona o que seus autores acreditavam ser a archē, ou ainda, o que teria causado todas as coisas. Análises filológicas realizadas por Zerwick (1984) nos textos citados ajudam-nos compreender que quando os autores neotestamentários falavam sobre a criação do mundo, em concomitância com a origem da vida, há fortes conexões com o Gênesis.

Por outro lado, ao contrário do que afirmavam e consideravam os filósofos ser a

archē, Jesus, como o filho de Deus, é inserido no discurso como modelo, causa ou até

mesmo agente causador de todas as coisas.

Estas conexões são cruciais para a construção do pensamento neotestamentário, que resultará na formação da identidade cristã e distinguirá o que é ser cristão do que é

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ser judeu. Apesar das dificuldades encontradas quanto à cronologia dos textos neotestamentários, há certo consenso na perspectiva que relaciona o Apóstolo Paulo como o precursor da literatura cristã. Com maior grau de confiança, Culmann (2007, p. 41) menciona que “a primeira Carta aos Tessalonicenses foi escrita no ano 50; dos escritos cristãos que possuímos é a primeira em data”. Segundo Koester (2005, p. 2, 3) grande parte da literatura neotestamentária foi produzida a partir dos escritos de Paulo.

Por outro lado, Brown (2006, p. 9) considera os textos de João como “a chave que nos abrirá a vida da igreja”. Culmann (2007, p. 32) afirma que “sua perspectiva especial, é uma fonte de informações sobre os fatos e, mesmo em alguns pontos, mais segura do que a dos sinóticos”. A despeito dos diferentes pontos de partida compreendidos por estes autores, é importante considerar que, conforme as passagens bíblicas citadas, tanto nos textos de tradição paulina, quanto nos sinópticos e em João, a archē foi desenvolvida com relevantes argumentos que a identificam diretamente com Jesus, ou ainda que o apontam como conhecedor e partícipe das coisas criadas.

CONCLUSÃO

Com base nos argumentos expostos, este artigo conclui que o uso das concepções quanto à archē representam um importante papel no processo de formação do pensamento neotestamentário, uma vez que foi por seu intermédio que seus autores fundamentaram alguns de seus principais conceitos. Observou-se que o pensamento neotestamentário possui fortes conexões com afirmações contidas no Antigo Testamento, conforme se pode observar nas correlações entre passagens como Jo 1.1 e Gn 1.1.

Não há evidências explícitas de que os autores neotestamentários tinham interesses em refutar conceitos filosóficos, nem tampouco afirmá-los. As relações mais evidentes apontam para a apropriação da língua, em conjunto com sua força e significado. Quanto a este é generalizadamente canalizado para a pessoa de Jesus ou para o Deus Criador. Logo, não se trata meramente de se fazer uso da língua, mas apropriar-se dela e por meio da mesma reapresentar o que seus precursores (os filósofos gregos) anteriormente afirmaram.

Na formação do pensamento neotestamentário, a archē não é a água, mas Jesus é a fonte da água da vida (Jo 4.14; Ap 21.6; 1Co 10.4). A archē também não é o infinito ou o ilimitado; Jesus é não somente o infinito, mas ainda o “Princípio [avrch.] e o Fim” [te,loj] (Ap 21.6; 22.13).

Implica afirmar ainda que a archē contribuiu para a formação e aceitação do discurso messiânico, centralizou a revelação divina na pessoa de Jesus e consolidou a afirmação de inspiração dos textos cristãos neotestamentários.

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