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GESTÃO DE SERVIÇOS SOCIAIS: novas competências profissionais? Rayoni Ralfh Silva Pereira Salgado. Universidade São Francisco

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Academic year: 2021

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GESTÃO DE SERVIÇOS SOCIAIS: novas competências profissionais?

Rayoni Ralfh Silva Pereira Salgado Universidade São Francisco

Instituto Superior de Ciências Aplicadas – ISCA Faculdades/Limeira-SP

ray.asocial@hotmail.com

Resumo: A identidade profissional do Assistente Social é um constante processo em

construção, que requer resgates históricos e o desenvolvimento de habilidades e competências que correspondam às novas demandas do mercado de trabalho e da sociedade. As mudanças são rápidas e exigem a qualificação profissional. Neste cenário, refletir as práticas da profissão e construir um perfil profissional baseado nos conceitos de gestão, torna-se um diferencial para a inclusão no mercado. O objetivo desta pesquisa é apontar a importância deste tema na formação em Serviço Social enfatizando as relações humanas. A pesquisa realizada teve caráter qualitativo. Realizou-se revisão de literatura a partir de produções cientificas nacionais. Verificou-se que os profissionais devem deVerificou-senvolver suas habilidades e competências nas atividades de trabalho e nas relações estabelecidas com as pessoas que os cercam, e que tais características não se adquirem somente nas cadeiras

universitárias, é um processo de aprimoramento constante.

Palavras-chave: Gestão; Serviço Social; Assistente Social

Apoio financeiro: sem apoio.

Introdução

Os Assistentes Sociais, independente dos espaços ocupacionais em que estão inseridos, devem captar novas mediações e requalificar o fazer profissional, atribuindo-lhe particularidades e descobrindo alternativas de ação (IAMAMOTO, 1997). Um dos maiores desafios atualmente para o Serviço Social, segundo a autora, é o

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desenvolvimento da capacidade de decifrar a realidade para construir propostas de trabalho criativas, capazes de preservar e efetivar direitos a partir da demanda emergente do cotidiano, “ser um profissional propositivo e não só executivo.” (IAMAMOTO, 2007, p. 20). As práticas de gestão em Serviço Social se tornam uma ferramenta eficaz no cotidiano de trabalho, porém, compreender e assimilar tais práticas ainda é um desafio aos profissionais.

O Serviço Social na contemporaneidade deve voltar seu fazer profissional para além de um trabalho na esfera da execução, rompendo com uma visão endógena constituída historicamente, mas atuar na formulação e gestão de políticas públicas, conforme demandas do mercado atual. O presente trabalho propõe discutir as práticas de gestão no âmbito da profissão, bem como, apontar a importância deste tema na formação acadêmica dos futuros Assistentes Sociais com enfoque nas relações humanas.

Embora o Serviço Social tenha mantido um viés conservador, de controle da classe trabalhadora até meados de 1970 no Brasil, o mesmo experimentou novas influências ao final deste período e início dos anos 1980, por meio da luta contra a ditadura e pelo acesso universal aos direitos sociais, civis e políticos do proletariado (IAMAMOTO e CARVALHO, 1995; NETTO, 1992; PEREIRA, 2008). Essa nova leitura da sociedade tem exigido dos Assistentes Sociais o comprometimento com a afirmação de um projeto profissional que prime pela equidade e justiça social.

Entretanto, pensar nesse “novo” fazer profissional requer o engajamento contra o conservadorismo, arraigado em práticas meramente pontuais, imediatistas e paliativas, reduzidas a atividades administrativas. Desse modo, a academia tem um papel fundamental na formação profissional, pois através das características do docente, do discente, dos objetivos do ensino e dos conteúdos apreendidos, essa nova leitura da sociedade e da práxis profissional, influenciarão a construção de novos instrumentais de trabalho e intervenção, atribuindo um perfil mais crítico e propositivo aos Assistentes Sociais contemporâneos.

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A pesquisa realizada é qualitativa e como forma de analisar o tema em questão foi realizada revisão de literatura a partir do levantamento de produções científicas nacionais, consultadas através de livros, artigos e sites de pesquisa científica (BOM SUCESSO, 1997; IAMAMOTO, 1995, 1997, 2007; NETTO, 1992; OLIVEIRA, 1993; QUEIROZ, 1994; SILVA, 2006), dentre outros.

Discussão

Silva (1995, p.35) considera que, historicamente, o Serviço Social “(...) não deve ser entendido como uma cronologia de fatos, mas na sua ligação com o contexto geral da sociedade”. As questões sociais – campo de intervenção da profissão – se mesclam à política, economia, trabalho, ética e com a percepção do ser humano enquanto um ser dotado de direitos.

A formação profissional deve “viabilizar a capacitação teórico-metodológica e ético-política, como requisito fundamental para a execução de atividades técnico-operativas, com vistas à apreensão crítica dos processos sociais, numa perspectiva de totalidade” (BRASIL, 1999).

Entretanto, uma profissão, como conjunto de saberes socialmente instituídos, não substituirá os profissionais que modulam sua competência técnica a sua personalidade autônoma, capacidades e aptidões em lidar e se relacionar com a demanda que atende. Segundo Roca (2001 apud Turck, 2009), a excelência, não recai tanto sobre a profissão em si mesma, quanto nos profissionais, nas suas motivações e na sua identificação com seu processo de trabalho, sobre seu talento cooperativo e sua confiança, sobre o apoio mútuo e a capacidade de tomar decisões conjuntas.

Ser Assistente Social não é somente apreender habilidades e técnicas desprovidas do sentido humano, é conhecer e desenvolver a “competência relacional” (TURCK, 2009). O profissional que desconsidera tal competência ignora o compromisso com o novo, com a criatividade e com a práxis, permitindo que a

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ditadura dos protocolos confunda o Serviço Social com a gestão de um departamento administrativo (ROCA, 2001 apud TURCK, 2009).

Transforma-se em um profissional que assume somente habilidades técnicas, sem o sentido relacional, demonstra a dicotomia entre a teoria e a prática, que não estabelecem um ponto de conexão. Ou seja, abstém-se de um olhar flexibilizado que cria estratégias e permite se adentrar ao novo, sem receios e limitações.

Existem alguns pré-requisitos aos profissionais que atuam no Serviço Social atualmente, dentre eles: a produção de conhecimentos sobre a realidade social, formulação, implementação, gestão e a avaliação de políticas sociais (planos, programas e projetos) – que não são desenvolvidos somente pelo Estado, mas também por entidades privadas e/ou terceiro setor.

O campo de atuação do Assistente Social é bastante diversificado, atuando na administração direta e indireta, hospitais, sistema judiciário, penitenciárias, sindicatos, organizações não-governamentais, associações, empresas, assessoria, consultoria etc.

Considerando o olhar e a intervenção do Serviço Social nos processos sociais, o profissional desta área tem sido requisitado a compor equipes multiprofissionais, aprofundando o conhecimento necessário em outras áreas do saber. Portanto, a compreensão das práticas de gestão enquanto competências profissionais são fundamentais na formação acadêmica, pois os Assistentes Sociais têm assumido cargos gerenciais nos espaços em que prestam serviços.

Fleury e Fleury (1995) mencionam que devido ao acelerado processo de mudanças por que passam as organizações e as sociedades, o processo de aprendizagem se torna cada vez mais indispensável. A aprendizagem possibilita o aperfeiçoamento e o desenvolvimento de ferramentas que gerenciam as situações apresentadas no cotidiano de trabalho.

A gestão enquanto competência deve ser analisada além das questões técnicas, pois competência é, no conceito de Zarifian (1996), assumir responsabilidades frente a situações complexas de trabalho, ou seja, o profissional necessita ser dinâmico ao lidar com as situações adversas e inusitadas.

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Os profissionais, independente da área em que atuam, devem analisar suas práticas constantemente, refletindo os impactos das mesmas nas tarefas em que se propõem realizar, enfatizando a importância de sua interação na convivência com os outros (equipe de trabalho; público atendido e sociedade em geral). Torna-se imprescindível construir a sua competência nas relações estabelecidas com os demais, não trabalhando com o conhecimento técnico isolado ou apenas na execução de tarefas rotineiras, mas articulando-as em seu desenvolvimento humano e profissional.

Para um bom relacionamento humano, é necessário saber lidar com o outro (SÁ, 2001). As práticas de gestão aliadas às relações humanas tornaram-se bastante debatidas atualmente, pois, as pessoas representam a principal ferramenta da gestão, do desenvolvimento e crescimento das organizações. Sendo assim, faz-se necessário que cada um se torne um agente de transformação de si e de sua própria realidade (ROGERS, 1970).

As relações humanas podem se tornar conflituosas e, por isso, é preciso buscar “soluções” que resolvam ou amenizam uma determinada situação. Em momentos de conflitos, o homem pode lançar mão de sua criatividade e intelectualidade para administrar o problema. Não há forma de conviver sem relacionar-se com o outro e com o mundo, se ele está no mundo. (SILVA, 2006, p.20).

Acredita-se que o Assistente Social através de sua formação generalista, que possibilita o contato com as ciências humanas e sociais, possui o domínio de ferramentas necessárias para ser um bom gestor e desenvolver-se pessoal e profissionalmente em suas relações com as pessoas.

Em tempos de globalização é necessário saber lidar com o desenvolvimento tecnológico e com as relações humanas. A aprendizagem como vimos, deve ser constante. Conhecer a área em que irá atuar/gerenciar; as pessoas; transmitir os conhecimentos adquiridos de forma eficaz e valorizar o conhecimento dos outros, são ferramentas valiosas no desenvolvimento das práticas de gestão.

A valorização do ser humano, a preocupação com sentimentos e emoções, e com a qualidade de vida são fatores que fazem a diferença. O trabalho é a forma como o homem, por um lado, interage e transforma o meio ambiente, assegurando a sobrevivência, e, por outro, estabelece relações interpessoais, que teoricamente serviriam

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para reforçar a sua identidade e o senso de contribuição. (BOM SUCESSO, 1997, p.36).

Segundo Oliveira (1993) exige-se um novo perfil de competências no mercado de trabalho, e a questão da educação e da formação acadêmica precisa corresponder às exigências dos campos de atuação entre instituições educacionais e de formação profissional. É descobrir alternativas de ação, captando novas mediações e requalificando o fazer profissional (IAMAMOTO, 1997).

Perfil inovador, crítico, ousado e com iniciativa dificilmente pode ser formado pelo ensino convencional. Requer o engajamento do profissional em se capacitar constantemente. Todavia, percebe-se a necessidade das instituições de ensino promover tal debate na formação dos alunos, considerando que o mercado de trabalho, seja para Assistentes Sociais, ou não, requer profissionais dinâmicos, com capacidade de construir novas propostas de trabalho, atuando de maneira propositiva com ganhos expressivos para as organizações em que estão inseridos.

Nas palavras de Queiroz (2004), as organizações estão cada vez mais interessadas em pessoas que saibam usar sua habilidade e toda sua competência em prol do crescimento das mesmas. Somente o conhecimento e os diplomas adquiridos ao longo da vida não são suficientes, é preciso colocar em prática tudo que se aprendeu.

Conclusão

Habilidade e competência não se adquirem somente nas cadeiras universitárias, são características que necessitam de aprimoramento constante, quer seja nas atividades de trabalho e/ou nas relações estabelecidas com as pessoas que nos cercam.

As práticas de gestão em Serviço Social não devem ser consideradas como novas competências profissionais, pois estão interligadas à capacidade do profissional em saber planejar, organizar, dirigir e controlar as ações e as relações interpessoais em seu espaço de atuação. Tal conceito não é recente, porém em tempos de grande

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concorrência, o profissional que possui as características de gestão terá grandes oportunidades de se manter e se destacar no mercado cada vez mais exigente.

O Assistente Social deve desempenhar seu trabalho para além de serviços meramente administrativos permeados de protocolos, mas, construir um perfil inovador e crítico capaz de atuar em diferentes abordagens. Sendo assim, ao profissional qualificado é requisitada uma intervenção investigativa, através da análise da realidade social, por meio de pesquisas, formulação, execução e avaliação de serviços, programas e políticas sociais. Para empreender uma ação, é necessário analisar as condições, as forças presentes, preparando-se para situações imprevisíveis, que requerem estratégias, meios e recursos para produzir os efeitos desejáveis.

Somente a partir dessa percepção, é possível pensar e repensar práticas de gestão no seio da profissão, refletindo nos espaços em que os profissionais estão inseridos.

Portanto, o profissional deve conhecer e aprimorar suas habilidades e competências, colocando-as em prática. Adaptar-se às novas exigências do mercado e não recusar os desafios de trabalho também são pré-requisitos para aqueles que almejam se destacar profissionalmente.

Assim, a identidade profissional do Assistente Social é um constante processo em construção, que requer resgates históricos e o desenvolvimento de habilidades e competências que correspondam às novas demandas do mercado e da sociedade.

Referências

BOM SUCESSO, Edina de Paula. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Dunya, 1997.

BRASIL. Diretrizes Curriculares: Curso de Serviço Social. Ministério da Educação.

Brasília/DF. 1999. Disponível em:

<http://www.cfess.org.br/js/library/pdfjs/web/viewer.html?pdf=/arquivos/legislacao_diret rizes.pdf>. Acesso em: 06 jan. 2016.

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FLEURY, A.; FLEURY, M.T.L. Aprendizagem e Inovação Organizacional: as experiências de Japão, Coréia e Brasil. São Paulo: Atlas, 1995.

IAMAMOTO, Marilda V.; CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo: Celats/Cortez, 1995.

IAMAMOTO, Marilda Vilela. Renovação e conservadorismo no serviço social: ensaios críticos. 4.ed. São Paulo: Cortez, 1997.

__________,. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2007.

NETTO, José Paulo. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1992.

OLIVEIRA, João B.A. A empresa inteligente. Porto Alegre: Ortiz, 1993.

PEREIRA, Raiumunda B. C. S. Proposta curricular do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Maranhão. Revista Serviço Social e Sociedade. 2008.

QUEIROZ, Eugênio Sales. Habilidade e Competência. 1994. Disponível em: < http://www.psicologia.pt/profissional/emprego/ver_artigo.php?id=67&grupo=1> . Acesso em: 07 jan. 2016.

ROGERS, Carl R. Tornar-se Pessoa. Lisboa: Moraes Editores, 1970. SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. São Paulo: Atlas, 2001.

SILVA, Rosana Cristina Ferreira. A dialética do prazer na profissão docente. Dissertação (Mestrado em Educação defendida em 28/abr/2006). Três Corações: UNINCOR –2006.

TURCK, Maria da Graça Maurer Gomes. Competência Relacional: uma habilidade necessária no exercício profissional. Disponível em: <http://www.graturck.com.br/Downloads/comprelac.pdf>. Acesso em: 07 jan. 2016. ZARIFIAN, P. A Gestão da e pela Competência. Seminário Educação Profissional, Trabalho e Competências. Rio de Janeiro, Centro Internacional para a Educação, Trabalho e Transferência de Tecnologia, Mimeo, 1996.

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