• Nenhum resultado encontrado

Palavras- chave: Herança cultural, identidade, costume, tradição, chimarrão.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Palavras- chave: Herança cultural, identidade, costume, tradição, chimarrão."

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

A HERANÇA CULTURAL GAÚCHA ATRAVÉS DO HÁBITO DO CHIMARRÃO1

GLAUCIA LOPES OLIVEIRA2 LUANA DE ANDRADE ORNELLAS3 WESLEY PEREIRA GRIJÓ4

Resumo: Esse trabalho se propõe analisar as dimensões culturais existentes no hábito cotidiano do consumo do chimarrão, junto a moradores da cidade de São Borja, a fim de verificar qual é a relação do chimarrão com hábitos cotidianos e identidade cultural. Buscaremos conhecer por meio desta pesquisa, algumas características dos consumidores, tais como frequência, horário de consumo e o significado do chimarrão em suas vidas. Para isso, utilizamos como base teórica conceitos ligados a identidade cultural, tradição e cotidiano. A metodologia de cunho qualitativa, com base no questionário semiaberto, para melhor identificar o real motivo das pessoas passarem esse hábito de geração em geração, como suporte para o tratamento dos dados daremos centralidade na análise temática. Evidenciamos que o cotidiano dos gaúchos fronteiriços é marcado pela tradição e pela forte presença das marcas do consumo do chimarrão como fomentadoras da identidade cultural.

Palavras- chave: Herança cultural, identidade, costume, tradição, chimarrão.

1 GT 05: Cultura, Sustentabilidade e Desenvolvimento

2 Estudante de Graduação do 6º semestre do Curso de Relações Públicas da UNIPAMPA, e- mail:

glaucia1996oliveira@gmail.com

3 Estudante de Graduação do 6º semestre do Curso de Relações Públicas da UNIPAMPA, e-mail:

deornellas.luana@gmail.com

4 Professor Adjunto do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM,

(2)

INTRODUÇÃO

O chimarrão, ao longo de muitas gerações, compõe a identidade do Rio Grande do Sul. É o um dos legados que foi deixado pelos índios guaranis, muito antes de se ter a descoberta do Brasil por Cabral. Pensando nessas divergentes relações entre o passado e o presente que pretendemos trabalhar sobre como esse hábito ainda é visto nos dias atuais, e de que forma ele é inserido na vida das novas gerações que são cada vez mais influenciadas a diferentes opções de forma de consumo e lazer.

Quando pensamos no Rio Grande do Sul, dentro de várias características, é impossível não destacar o hábito do consumo do chimarrão. O gaúcho que oferece seu chimarrão em uma roda de amigos, torna-se hospitaleiro, pois faz de seu chimarrão um gesto de muita simpatia.

A cultura do estado do Rio Grande do Sul é muito abrangente, por isso, pesquisar essas simbologias que caracterizam os gaúchos, é objeto de muita importância. A busca de mais conhecimentos é essencial para que não se percam os resquícios de sua origem, para disseminar e manter viva nas novas gerações, um legado que ficou escrito na historia e ainda permanece vivo em alguns hábitos. E é através desse habito do chimarrão, que é passado de pai para filho, que iremos nos basear.

Em vista de todos esses aspectos essa pesquisa tem como objetivo geral, identificar através do habito do chimarrão as características históricas e culturais que ainda permanecem vivas no cotidiano dos habitantes de São Borja e para isso foram usadas bibliografias baseadas em conceitos sobre a identidade gaúcha, cultural, regional e também sobre o consumo do chimarrão.

A metodologia é de cunho qualitativo, com auxilio da pesquisa bibliográfica, documental. Como técnica para obter as informações mais concretas, usamos o questionário online semiaberto.

Por afim após a aplicação do questionário online, os dados coletados foram analisados e foi possível chegar a conclusão de que mesmo com o passar de tanto tempo após a chegado dos Guaranis, o hábito mantém- se vivo na vida das pessoas, mesmo que diferentes motivos.

(3)

A tradição é um elemento fundamental para manter a essência de um povo, pensando desta forma em relação ao hábito do chimarrão é que se torna possível observar a ligação gerada entre tradição e chimarrão, segundo nos aponta o site do Ministério do turismo, “No Rio Grande do Sul, o chimarrão é mais do que um símbolo da tradição. Herança cultural dos índios guaranis, o chimarrão está presente na maneira acolhedora de receber os visitantes e na forma autêntica de celebrar a vida. Estima-se que 11 milhões de gaúchos se unam na paixão por essa bebida simples feita de água quente e erva-mate, que ganhou uma data no calendário: 24 de abril, o Dia Estadual do Chimarrão.” Em uma definição mais simples, a tradição é vista como um efeito do passado que no presente continua a ter aceitação e continuidade, assim fortalecendo o conjunto de valores e práticas já enraizadas no Rio Grande do Sul.

Seguindo neste contexto para melhor esclarecer o foco desta pesquisa, é que buscamos as relações entre a tradição e chimarrão, destacando a identidade gaúcha como um dos motivos que ainda hoje fazem com que essa chama permaneça acesa.

“(...) a identidade marca o encontro de nosso passado com as relações sociais, culturais e econômicas nas quais vivemos agora... a identidade é a intersecção de nossas vidas cotidianas com as relações econômicas e políticas de subordinação e dominação”. (RUTHERFORD, apud WOODWARD, 2000, p. 19).

Dentre as inúmeras discussões referentes a questão de identidade cultural, é possível perceber que para alguns autores a identidade cultural é um conjunto de características simbólicas e históricas que são compartilhadas entre membros de uma mesma sociedade. É todo o conjunto de conhecimentos, valores e características herdadas de seus entes passados.

As pessoas são influenciadas pelas culturas existentes em sua vivencia, mas vão construindo sua própria identidade em cima disso. Larrain (2003, p.30) afirma que “Há três grandes concepções de identidade, a essencialista, a construtivista e a histórico-estrutural. Entendemos que a primeira está relacionada como uma essência da alma e dos traços que os indivíduos trazem ao nascer. É o tipo de concepção que não se leva em conta a história, e sim da essência de cada ser.

A concepção construtivista está ligada a construção de valores e as mudanças de práticas sociais. A construção histórico-estrutural tem a identidade como uma forma de construção social, das relações que são estabelecidas entre um individuo ao outro, através da coletividade.”

Percebemos na citação acima, que o chimarrão não é nada além de um agregador de valores e contribuinte na formação da identidade de um povo, que mesmo de divergente maneiras cultivam esse hábito de tomar o chimarrão com a família e amigos.

(4)

Seguindo esses aspectos ligados a esse hábito podemos destacar sua importância no que diz respeito a forma acolhedora que o chimarrão deixa o ambiente onde se encontra e assim definir o chimarrão da seguinte maneira, segundo aponta Jacks (1999, p.152), ‘‘Tomar chimarrão é um costume que reúne as famílias há muito tempo, em determinados horários do dia, conforme o hábito de cada um, para compartilhar do ato social da roda do chimarrão’’.

No Rio Grande do Sul a hospitalidade é uma constante na vida do gaúcho. E o mate, quer no núcleo familiar, ou entre amigos, desempenha a função do agregador, harmonizando através do calor humano esta simbiose afetiva, pelo clima de respeito que floresce por entre os mates conversados. (FAGUNDES, p. 34)

Portanto como já citado acima por Fagundes, o chimarrão é o que forma a rede de comunicação entre as pessoas , principalmente pelo fato da hospitalidade ser uma marca registrada dos gaúchos “ Acolher bem sempre foi uma marca cultural significativa do Povo Gaúcho e um dos seus princípios sociais mais importantes. Por isso, que a tradicional hospitalidade gaúcha, dos Sulistas do Brasil deve ser um valor exercitado e mantido.” (BLOG HOSPITALIDADE DO GAÚCHO, 2011).

Portanto logo abaixo poderemos observar durante a analise dos dados coletados essas relações que os gaúchos tem com a herança do chimarrão.

A ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO ONLINE.

Essa pesquisa tem a natureza de cunho qualitativa, pois descreve características de consumidores de chimarrão, verificando assim o vinculo entre o hábito do chimarrão e a tradição passada por gerações, utiliza-se da pesquisa descritiva e bibliográfica como finalidade, a técnica utilizada foi o questionário online com questões semiabertas.

A pesquisa teve seu inicio com o intuito de verificar as razões pelas quais esses participantes residentes em São Borja, ainda mantém essa tradição. Para isso foi aplicado o questionário semiaberto online, gerado no sistema Google, que utilizou- se das questões objetivas como: Nome, idade, com que frequência essas pessoas costumam tomar chimarrão, em qual horário e por fim uma questão dissertativa a qual os participantes poderiam expressar o por que cultivam o hábito em suas vidas.

(5)

O questionário teve sua organização dividida em duas semanas durante o final do mês de Julho e começo de Agosto do respectivo ano. A primeira semana foi utilizada para a organização e estruturação das questões e a segunda para a aplicação do questionário que foi disponibilizado na rede social Facebook em grupos da própria Universidade e também em perfis pessoais das aplicadoras do questionário e de participantes que o acharam o de suma importância para a contribuição da sociedade tradicionalista. O questionário teve como objetivo conseguir no mínimo sessenta respostas. Porém ao final de quatro dias de aplicação pode- se observar que o número de participantes foi além do esperado, conseguindo- se assim cento e vinte participantes.

Dando continuidade a analise desses dados coletados iremos observar as respostas dos participantes nas questões objetivas e algumas das respostas dadas na questão dissertativa, buscando desta forma entender como o hábito do chimarrão influência no cotidiano dos participantes desse questionário.

Figura 1: Gráfico representativo sobre a frequência com que os participantes tomam chimarrão.

No gráfico acima podemos perceber a assiduidade dos participantes em tomar o chimarrão todos os dias, mesmo que em diferentes situações a bebida é utilizada muitas vezes como uma forma de evitar sonolência durante o trabalho, e também serve como um companheiro durante horários em que esteja sozinho, ou até mesmo nas rodas de amigos no final do dia após um dia de trabalho a bebida com certeza serve como uma forma de calmaria.

(6)

Figura 2: Gráfico representativo referente ao horário em que as pessoas costumam tomar chimarrão.

No demonstrativo acima, podemos notar ainda mais forte a presença desse hábito na vida dos participantes, de modo que a maioria costuma tomar a bebida durante os três horários do dia, claro sem esquecer da ênfase que pode ser percebida no horário da tarde. Logo podemos compreender que esse horário dentre os demais tem um maior número de participantes por ser na maioria das vezes o horário o qual as pessoas estão chegando em casa, ou até mesmo a chegada de uma visita ou para um momento de passeio dentre tantas outras coisas as quais o chimarrão pode estar presente.

Abaixo temos algumas das respostas dos respectivos participantes do questionário online e podemos perceber a forte influência que o chimarrão tem no cotidiano das mais diferentes pessoas, além disso estamos falando de diferente faixas etárias de idade como veremos no gráfico a seguir, portanto falar desse símbolo gaúcho é falar de uma cultura, um povo que mesmo em diferentes idades, consegue demonstrar sua paixão e acolhimento quando está com uma cuia de chimarrão em suas mãos, assim como nos aponta o site Fé Gaúcha “É na roda de mate que esta tradição assume seu apogeu, agrupando pessoas sem distinção de raça, credo, cor ou posse material (o homem vale pelos seus atos). Irmanados dentro deste clima de respeito, o mate vai integrando os homens numa trança de usos e costumes, que floresce na intimidade gaúcha.” Portando todas as respostas se encaixam corretamente nessa citação, pois cada pessoa tem sua percepção e maneira de demonstrar o significado que um simples hábito tem em sua vida, principalmente pelo fato desse hábito ser uma forma de aproximação entre as pessoas.

(7)

Figura 3: Gráfico referente a idade dos participantes.

Figura 4: Resposta de um determinado participante do questionário.

(8)

Figura 5: Respostas de determinados participantes do questionário.

CONCLUSÃO

Como podemos observar neste trabalho o hábito do chimarrão, mesmo com o passar dos anos segue tendo grande influência na vida do povo Gaúcho, conforme podemos analisar essa herança do chimarrão vinda do Guaranis, notamos que ela vai mito além de uma bebida consumida em diferentes horários e motivos, ela significa a identidade e é uma característica influenciadora a qual os gaúchos apresentam aos visitantes de São Borja e demais regiões do Rio Grande do Sul.

Por fim, após a aplicação dessa pesquisa com cento e vinte participantes fica nítido que o chimarrão ainda será passado por muitas gerações e será cada vez mais valorizado, afinal mesmo sem perceber ele aproxima as pessoas e no mundo atual o que falta muitas vezes é uma roda de conversa e um chimarrão, para que as pessoas reacendam as grande vivências.

(9)

REFERÊNCIAS

FAGUNDES; G. C. P. Cevando o mate: No rumo de uma cultura própria. 2ª Ed. Porto Alegre- RS: AGE, 1980

Felippi, Ângela Cristina Trevisan. "Jornalismo e identidade cultural construção da identidade gaúcha em Zero Hora." (2006).

Gil, Antônio Carlos. "Como classificar as pesquisas." ______. Como elaborar projetos de

pesquisa 4 (2002): 41-56.

PÁDUA; E. M. M. Metodologia de pesquisa: Abordagem teórico- prática. 17ª Ed. Campinas- SP: Papirus, 2012

Neves, José Luis. "Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades." Caderno de

pesquisas em administração, São Paulo 1.3 (1996): 2

Felippi, Ângela Cristina Trevisan. "Jornalismo e identidade cultural construção da identidade gaúcha em Zero Hora." (2006).

Discussão do conceito de identidade nos estudos culturais. Disponível em: http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/a/a2/GT3-_26Identidade_conceito_celacom.pdf. Acesso em: 20 de Julho de 2016.

Chimarrão é celebrado como símbolo da cultura gaúcha. Disponível em:

http://www.turismo.gov.br/ultimas-noticias/561-chimarrao-e-celebrado-como-simbolo-da-cultura-gaucha.html. Acesso em: 04 de Agosto de 2016.

(10)

Hospitalidade do Gaúcho. Disponível em:

http://aprendertradicionalismo.blogspot.com.br/2011/12/hospitalidade-do-gaucho.html Acesso em: 20 de Julho de 2016.

Chimarrão. Disponível em: http://www.fegaucha.com.br/chimarrao.htm. Acesso em: 30 de Julho de 2016.

Referências

Documentos relacionados

Iudicíbus (1991) fala que o fluxo de caixa é o instrumento mais importante para o gerente financeiro, pois, através dele, programa as necessidades ou não

1) src; 2) input; 3) output. A Figura 1 mostra o diagrama de execução do produto de nowcasting, no diretório src existem todos os script-shell para a execução do

Esta seção está subdividida em: Número de certificações ISO 14001 na América Latina considerando os 39 setores industriais em 2010 e, especificamente, no setor

– uma comunidade africana mais antiga, com características culturais que dificultam a adesão à prevenção, a ser infectada em Portugal por via sexual mas também pela utilização

11h Prato Típico Galinhada da Fenachim Espaço Galinhada 11h30 Costelão Rotary Chimarrão – UTI Neonatal Morada Velha 14h Copa Chimarrão de Skate - Final Pista de Skate 14h

Com propagação radial a intensidade dessas ondas mecânicas diminui no meio, não focando a possível energia de refração num único ponto do espeleotema..

File Station Unidades virtuais, pastas remotas, editor ACL Windows, compressão / extração de ficheiros arquivados, controlo de largura de banda para utilizadores/grupos

Esta etapa inicia-se na estiagem de 2001, a partir de 15 de maio quando as vazões em trânsito foram conduzidas através do Túnel com o lançamento das ensecadeiras de montante