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Governança corporativa em uma instituição de ensino superior privada: um estudo de caso

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LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE

MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO

ANDRÉ LUIZ NASCIMENTO VILELA

GOVERNANÇA CORPORATIVA EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

PRIVADA: UM ESTUDO DE CASO.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

em Sistemas de Gestão da Universidade

Federal Fluminense como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de

Gestão. Área de Concentração: Organizações

e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de

Gestão da Responsabilidade Social e

Sustentabilidade

Orientador:

Letícia Helena Medeiros Veloso, Ph.D.

Niterói, RJ

2016

(2)

Ficha catalográfica: Sanny Catheriny Gregorio Borges – CRB-06/3058

V695g Vilela, André Luiz Nascimento.

Governança corporativa em uma instituição de ensino superior privada: um estudo de caso /André Luiz Nascimento Vilela. – 2016. 116 f. : enc.

Orientadora: Letícia Helena Medeiros Veloso.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Escola de Engenharia.

Referências: f. 65-70

1. Governança Corporativa. 2. Gestão no Ensino Superior. 3. Responsabilidade Social. 4. Sustentabilidade Econômica I. Título. II. Veloso, Letícia Helena Medeiros. III. Universidade Federal Fluminense, Escola de Engenharia.

(3)
(4)

Aos meus pais, Benedito Pereira Vilela e Rosângela

Nascimento Vilela, por desde a minha infância enfatizarem

que a educação é o melhor caminho para conseguir alcançar

todos os seus sonhos.

(5)

A toda minha família pelo incentivo e em especial a minha esposa Mariella e meu

filho Noah pelos inúmeros finais de semana ausentes.

Aos amigos de sala de aula que sempre me incentivaram e apoiaram nos momentos de

dificuldades.

Ao meu mentor Prof. Stefano Barra Gazzola pelo apoio, incentivo e também ao Grupo

Educacional Unis.

Aos professores do LATEC, em especial minha orientadora Prof.ª Drª. Leticia Veloso.

E aquela que sempre estava presente nas dúvidas e que sempre trazia a melhor

solução, Bianca Feitosa.

(6)

I Have a Dream(Eu tenho um sonho).

I Have a Dream que tenhamos um país mais justo.

I Have a Dream que a educação brasileira seja prioridade.

I Have a Dream de vivermos num país sem corrupção.

I Have a Dream que nossa saúde seja igual para todos.

I Have a Dream que o professor brasileiro tenha seu salário

igual ao do Presidente do Brasil.

I Have a Dream que nossas crianças possam nadar em lagos e

cachoeiras como um dia nós fizemos.

I Have a Dream que nossos políticos trabalhem pela

sociedade e não por interesse próprio.

(7)

A Governança Corporativa é um tema muito estudado em todo o mundo, prevalecendo,

porém, os estudos referentes à área empresarial abrangendo tanto empresas privadas quanto

públicas. Organizações que possuem uma melhor coordenação conseguem se diferenciar das

demais, pois elas possuem melhores condições, ferramentas de análise de sua gestão e

eficácia, e assim elas logram de competências diversas frente aos demais concorrentes. Parece

correto afirmar que algumas organizações no Brasil necessitam de modelos de gestão que

contemplem os princípios da Governança Corporativa, bem como as instituições de ensino

superior, e que consequentemente, garantam os interesses de todos, da sociedade, do Estado.

Neste trabalho, considerando as instituições educacionais como organizações, parte-se do

princípio de que, para estas entidades, o modelo de governança corporativa, também pode ser

utilizado, pois tal uso poderia provocar uma nova forma de gestão e, além disso, possibilitar a

estas organizações adquirir vantagens competitivas e diferenciando-as das demais. Tal

questão se revela ainda mais importante porque o mercado brasileiro de ensino superior passa

por mudanças, como fusões e aquisições entre as instituições de ensino superior privadas,

entrada de grupos internacionais, escassez dos recursos financeiros, diminuição pela procura

por cursos superiores e o aumento da competição dentro deste mercado. Portanto, após os

estudos realizados numa instituição de ensino superior privada, pode-se chegar à conclusão

que, apesar dela não possuir um sistema de governança corporativa estruturada, ela possui

vários indicadores que se aproximam deste sistema, à grande maioria do corpo diretivo da

instituição possui conhecimento destes indicadores e suas aplicações. Alguns membros do

grupo diretivo da IESP credita que através destes indicadores, as atividades relacionadas à

gestão foram impactadas positivamente, foi proporcionado assim o aperfeiçoamento dos

mecanismos de gestão, a transformação no processo de ensino e na aprendizagem, através

destes indicadores pode-se averiguar a melhoria na qualidade da educação desta instituição de

ensino superior privada.

Palavras-chave: Governança Corporativa, Gestão no Ensino Superior, Responsabilidade

(8)

Corporate governance is a topic widely studied around the world, prevailing, however, the

studies on the business area covering both private companies and public. Organizations that

have better coordination can differentiate themselves from the others, because it has better

conditions, analysis tools of their management and effectiveness, and so it manages several

front skills to other competitors. It seems fair to say that some organizations in Brazil require

management models that address the principles of Corporate Governance, as well as higher

education institutions, and thus ensure the interests of all of society, the state. In this paper,

considering the educational institutions as organizations, we assume that for these entities, the

corporate governance model, can also be used, as such use could cause a new form of

management and, in addition, enable these organizations acquire competitive advantages and

differentiating the others. This question is revealed even more important because the Brazilian

market for higher education undergoes changes, such as mergers and acquisitions among

private higher education institutions, international groups entry, limited financial resources,

decrease the demand for higher education and increasing competition within this market.

Therefore, after the studies in a private higher education institution, one can conclude that,

although it does not have a structured corporate governance system, it has several indicators

that approaches this system, the vast majority of the governing body of the institution You

have knowledge of these indicators and their applications. Some members of the steering

group of IESP credits that through these indicators, the activities related to management were

positively impacted thus was provided the improvement of management mechanisms, the

transformation in the teaching and learning through these indicators can determine the

improvement in the quality of education of this private higher education institution.

Keywords: Corporate Governance, Management in Higher Education, Social Responsibility,

(9)

Figura 01 – Metodologia do trabalho ...22

Figura 02 - Tipos de instituições de ensino superior ... 26

Figura 03 – Estrutura de GC utilizada mundialmente pelas organizações ... 34

Figura 04 – Modelo de Governança Corporativa no Brasil ...39

Figura 05 – Evolução do modelo de governança corporativa no Brasil ... 40

(10)

Gráfico 01 - Os principais benefícios percebidos da Governança ... 24

Gráfico 02 – Evolução do número de matrículas de graduação, por categoria administrativa 29

Gráfico 03 – Você possui conhecimento do que é governança corporativa ... 52

Gráfico 04 – A IES utiliza os princípios da governança corporativa ... 53

Gráfico 05 – Que grau você atribui aos mecanismos de transparência na IES ... 54

Gráfico 06 – Sobre o princípio da prestação de contas, qual a forma utilizada pela IES ... 55

Gráfico 07 – A responsabilidade corporativa, que é a sustentabilidade, as ações ligadas a área

ambiental, social, estão presentes nas decisões e no planejamento estratégico da IES ... 56

Gráfico 08 - Os conselheiros ou dirigentes da IES já tiveram alguma capacitação sobre

governança corporativa ... 57

Gráfico 09 - O Sistema de governança corporativa está implantado na IES ... 58

Gráfico 10 - Você acredita que os princípios de transparência, prestação de contas, equidade

entre as partes interessadas e responsabilidade corporativa são utilizadas na sua IES ... 59

Gráfico 11 - Existe algum tipo de indicador que mensura estes tópicos, transparência,

prestação de contas, equidade entre as partes interessadas e responsabilidade corporativa ... 60

Gráfico 12 - A IES tem o interesse em continuar utilizando as ferramentas do sistema de

Governança Corporativa ... 61

(11)

Quadro 01 - Perfil da IES, segundo a Característica mais frequente no Brasil ... 29

Quadro 02 – Dados da instituição pesquisada ... 48

(12)

Tabela 01 - Evolução do Número de Instituições de Educação Superior... 17

Tabela 02 - Evolução do Número de Instituições de Educação Superior ... 27

Tabela 03 - Número de Instituições de Educação Superior ... 28

Tabela 04 - Códigos de Governança Corporativa de 1992 à 2007... 32

Tabela 05 - Códigos de Governança Corporativa de 2008 à 2015... 33

(13)

BOVESPA –Bolsa de Valores de São Paulo

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CC – Conselho Curador

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

ECGI - European Corporate Governance Institute

FEPESMIG – Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas

FIES – Fundo de Financiamento Estudantil

GC – Governança Corporativa

IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES – Instituição de Ensino Superior

IESPs - Instituição de Ensino Superior Privadas

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IPGC – Índice de Práticas de Governança Corporativa

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério da Educação

MPE – Ministério Público Estadual

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PIB – Produto Interno Bruto

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PROUNI – Programa Universidade para Todos

SEMESP – Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo

SOX – Lei Sarbanes Oxley

(14)

1. INTRODUÇÃO ... 15

1.1 Contextualização ... 15

1.2 Situação Problema ... 17

1.3 Objetivo Geral ... 19

1.3.1 Objetivos Específicos ... 19

1.4 Pergunta da Pesquisa ... 19

1.5 Justificativa e Relevância da pesquisa ... 20

1.6 Delimitação da Pesquisa ... 21

1.7 Estrutura do Trabalho ... 22

2. REVISÃO DA LITERATURA ... 23

2.1 PANORAMA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA ... 25

2.2 BASE TEÓRICA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA ... 30

2.3 GOVERNANÇA CORPORATIVA NO MUNDO ... 31

2.4 GOVERNANÇA CORPORATINA NO BRASIL ... 37

2.5 GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS IES ... 40

3. METODOLOGIA ... 44

4. ESTUDO DE CASO ... 47

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 50

6. CONCLUSÃO ... 63

6.1 Recomendações para futuros trabalhos ... 64

REFERÊNCIAS ... 65

APÊNDICES ... 71

(15)

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A Governança Corporativa é um tema muito estudado em todo o mundo, prevalecendo

porém, os estudos referentes à área empresarial abrangendo tanto empresas privadas quanto

públicas.

De acordo com Carvalho (2003), Governança Corporativa é o conjunto de

mecanismos instituídos para fazer com que o controle atue de fato em benefício das partes

envolvidas que tenham direitos legais sobre a empresa, minimizando a possibilidade de se

estabelecer certo oportunismo.

Organizações que possuem uma melhor coordenação conseguem se diferenciar das

demais, pois possuem melhores condições, ferramentas de análise de sua gestão e eficácia, e

assim logram de competências diversas frente aos demais concorrentes.

Segundo o Código do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015),

as boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações

objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de

longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade

da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum.

Mindlin (2009) especifica que os modelos de governança são espécies de

monitoramentos para que os administradores tomem decisões baseadas também nos interesses

dos stakeholders da fundação, visando uma maior segurança desse grupo.

O International Finance Corporation (2016), salienta que a governança corporativa é

definida como as estruturas e os processos pelos quais as empresas são dirigidas e

controladas. A boa governança corporativa ajuda as empresas a operarem com mais

eficiência, melhorarem o acesso ao capital, reduzirem riscos e se protegerem contra a má

gestão.

Segundo Florez-Parra, et al. (2014), o sistema de governança corporativa traz

mecanismos com a finalidade de gerar uma melhor organização da empresa, bem como o

equilíbrio das forças nas tomadas de decisão; é um controle institucional a fim de atingir os

objetivos traçados pela corporação.

As citações acima se referem à Governança Corporativa como um sistema de forças

que equilibram o poder entre os proprietários (shareholders), representados por acionistas

(16)

controladores e minoritários, e os (stakeholders), representados por gerentes, empregados,

governo e comunidade.

Parece correto afirmar que algumas organizações no Brasil necessitam de modelos de

gestão que contemplem os princípios da Governança Corporativa, bem como as instituições

de ensino superior, e que consequentemente, garantam os interesses de todos, da sociedade,

do Estado.

Conforme Teixeira et al. (2015), hoje as grandes empresas que atuam no Brasil

querem consolidar-se no mercado mundial beneficiando-se de ideias e tecnologias. Entretanto

ao se deparar com o mercado brasileiro, tem-se uma decepção ao detectar a falta de uma mão

de obra qualificada e especializada, principalmente em áreas como saúde, engenharia e

mecânica, bem como as dificuldades encontradas em questões ligadas às instituições de

governança, em que as carências notadas são qualitativas, como ciências jurídicas, contábeis e

administrativas.

Neste trabalho, considerando as instituições educacionais como organizações, parte-se

do princípio de que, para estas entidades, o modelo de governança corporativa, também pode

ser utilizado, pois tal uso poderia provocar uma nova forma de gestão e, além disso,

possibilitar a estas organizações adquirirem vantagens competitivas, diferenciando-as das

demais.

Tal questão se revela ainda mais importante porque o mercado brasileiro de ensino

superior passa por mudanças, como fusões e aquisições entre as instituições de ensino

superior privadas, entrada de grupos internacionais, escassez dos recursos financeiros,

diminuição pela procura por cursos superiores e o aumento da competição dentro deste

mercado.

De acordo com Trivelli (2015), uma série de operações financeiras entre as empresas

do setor educacional vem acontecendo. As operações de maior impacto vieram em 2007,

envolvendo instituições como Anhanguera Educacional, Estácio de Sá, Kroton Educacional e

o Sistema Educacional Brasileiro. De 2001 a 2008, a movimentação de capitais no mercado

educacional passou de R$ 10 bilhões para R$ 90 bilhões de reais.

É neste contexto que a presente dissertação investiga em que medida a governança

corporativa pode apresentar melhorias na gestão das IESP – Instituições de Ensino Superior

Privadas. Através de um estudo de caso, será analisado se esta instituição de ensino superior

possui os princípios básicos ou indicadores de um sistema de governança corporativa e se

realmente eles estão incorporados à gestão.

(17)

A escolha da IESP se deu mediante grande abertura da instituição em participar da

pesquisa quando procurada, por ser uma instituição conhecida e já consolidada na região do

Sul de Minas, com 50 anos de existência, e a proximidade entre o pesquisador e os dirigentes

da IESP.

O Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC foi a ferramenta

de apoio para o estudo, bem como a referência no mapeamento dos indicadores básicos para

um sistema de governança corporativa, após esse mapeamento foram apontados os

indicadores - Transparência, Equidade, Prestação de Contas (accountability), e

Responsabilidade Corporativa. Os presentes indicadores abordados acima foram utilizados

como base de estudos nesta dissertação.

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA

Segundo Lakatos, Marconi (1985), o problema é uma dificuldade teórica ou prática,

no conhecimento de alguma coisa de real importância, para qual se deve encontrar uma

solução.

Conforme Asti Vera (1988), o ponto de partida da pesquisa é, pois, a existência de um

problema que se deverá definir, examinar, avaliar e analisar criticamente para, em seguida, ser

tentada uma solução.

O cenário da educação superior brasileira em 2015 mostra que este segmento da

sociedade estava em fase de ajustes, tanto em números de alunos matriculados nas instituições

de ensino superior, quanto em abertura de IES. Segundo o último Censo da Educação

Superior, observa-se o fechamento de algumas IES, houve uma diminuição de 25 IES entre os

anos de 2012 e 2013.

Tabela 01: Evolução do Número de Instituições de Educação Superior, segundo a

Categoria Administrativa – Brasil – 2010 - 2013.

(18)

Coloca-se assim em questão a real necessidade na busca de um padrão de qualidade no

ensino superior; em resumo, de um avanço nos índices relacionados a educação superior

brasileira.

Considerando-se que esta não pode ser pautada somente no crescimento das

universidades, mas também na qualidade do que tem sido ensinado a estes jovens em sala de

aula, bem como na capacitação e preparação do corpo docente das IES.

Um pressuposto deste trabalho é que, em toda sociedade moderna, percebe-se que a

alavanca do desenvolvimento e do progresso também passa pela educação, e por isso ela é de

extrema importância para toda a população.

Neste sentido é que se insere o presente estudo, cuja proposta foi verificar se os

indicadores básicos do sistema de governança corporativa, segundo o código das melhores

práticas do IBGC, estão sendo utilizados nas IESP – a partir do estudo de caso aqui proposto,

e se o uso destes indicadores tem possibilitado ganhos na gestão da instituição, melhorias da

qualidade do seu ensino.

Com os avanços na sociedade brasileira, a profissionalização da gestão nas

universidades se torna essencial. Desta forma, através de uma melhor gestão, pode-se

caminhar para um padrão de excelência e qualidade da educação superior brasileira. Parte-se

aqui do princípio de que, somente através da eficiência da gestão é que o país conseguirá

elevar seu padrão de educação.

Portanto, se as instituições não tiverem uma gestão eficiente, profissional, capaz de

garantir um padrão de qualidade, sua perenidade será interrompida em um curto espaço de

tempo, pois o mercado educacional no Brasil se encontra bastante acirrado, particularmente

com a chegada ao país de grandes grupos financeiros, os quais estão por trás de algumas

instituições educacionais.

A sociedade brasileira não pode ficar com uma educação superior estagnada.

Precisam-se cada vez mais de indicadores que possam elevar a qualidade acadêmica,

priorizando-se a qualificação dos professores e destas instituições. Tal proposição se torna

ainda mais relevante uma vez que se percebe a presença de grandes fundos de investimentos

interessados somente em rendimentos, deixando de lado os principais pilares da educação que

são o ensino, a qualidade educacional e o avanço de uma sociedade.

Segundo Sguissardi (2008), as principais críticas referem-se ao grau de

mercantilização do ensino oferecido, à não interferência do Estado na atuação pedagógica dos

cursos de graduação, à falta de regulação sobre a participação das IESPs (Instituições de

Ensino Superiores Privadas) no mercado financeiro, e aos modelos de incentivo de expansão

(19)

por meio do Programa Universidade para Todos (PROUNI) e do Fundo de Financiamento

Estudantil (FIES), bem como à falta de regras sobre os programas curriculares nos cursos de

graduação das IESPs.

A proposta de utilização dos indicadores básicos de um sistema de governança

corporativa se torna de grande utilidade, pois acredita-se que com este modelo, será possível

contribuir para melhoria da gestão, da qualidade educacional desta instituição pesquisada.

1.3 OBJETIVO GERAL

O presente estudo analisa, através de um estudo de caso em uma Instituição de Ensino

Superior Privada, se os indicadores básicos de um sistema de governança corporativa estão

sendo aplicados à sua gestão.

1.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Mapear os indicadores básicos do sistema de governança corporativa, tendo como

base o código das melhores práticas do IBGC.

 Verificar se estes indicadores básicos da governança corporativa estão sendo

utilizados na instituição pesquisada.

 Analisar e explicar estes indicadores, com base no estudo de caso, e como eles

poderão proporcionar alguma melhoria na gestão, bem como na qualidade educacional

desta instituição.

 Verificar a eficácia na utilização destes indicadores na gestão desta instituição de

ensino superior privada.

1.4 PERGUNTA DA PESQUISA

Este estudo analisou se os indicadores básicos de um sistema de governança

corporativa estão sendo aplicados na gestão de uma instituição de ensino superior privada, a

partir de um olhar detalhado sobre uma única instituição, e se estes indicadores de gestão têm

proporcionado melhorias na qualidade educacional desta IES. Poder-se-ia, assim, atestar a

eficácia destes indicadores quando utilizados numa instituição de ensino superior privada.

(20)

1.5JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Com o crescimento da educação superior no Brasil torna-se de extrema necessidade

uma gestão profissional e eficiente para administrar estas organizações.

Devido à diversidade de ferramentas e indicadores de gestão utilizados pelas mais

diversas instituições de ensino superior, a proposta de utilização dos indicadores de

governança corporativa se apresenta como uma alternativa útil, pois acredita-se que, com os

indicadores deste sistema, será possível contribuir para a melhoria da qualidade educacional

da instituição pesquisada.

Um dos desafios enfrentados pelas instituições de ensino superior privadas no país é a

dificuldade de se adaptarem a mecanismos de gestão apropriados a sua especificidade, no

caso, instituições de ensino. No atual momento em que o ensino superior encontra-se diante

de mudanças, como manter e aumentar a qualidade desse ensino? Para além da excelência da

formação dos docentes, por exemplo, ou da infraestrutura adequada dos espaços, a

necessidade de se combinar qualidade acadêmica com uma gestão também de qualidade se

coloca como desafio central. É neste sentido que o presente estudo pretende oferecer uma

contribuição.

Falar de governança corporativa implica pensar nas instituições educacionais, nesse

caso, as que lidam com a educação superior, como organizações num sentido mais amplo, e

este debate ainda não está bem desenvolvido na sociedade atual. Pelo contrário, pensa-se

comumente a educação como um setor à parte, regido por regras próprias que não as das

organizações, num sentido mais geral.

O senso comum muitas vezes imagina a educação, e talvez principalmente a educação

superior, como guiada puramente por ideais alheios ao mundo dos negócios; supõe-se que as

estruturas e mecanismos mais modernos e eficazes da gestão não se aplicam facilmente a

essas organizações. No entanto, qualquer gestor de uma instituição saberá avaliar a

importância e, até, a urgência de se estabelecerem melhores práticas na sua governança.

Segundo Teixeira et. al. (2015), a educação superior do Brasil anda dissociada do

mercado de trabalho, não pela falta de interesse dos alunos, professores e pesquisadores, mas

pela própria natureza da gestão, estratégia de crescimento e incentivo dos órgãos reguladores

que fomentam o ensino superior brasileiro.

Portanto, este trabalho propõe um novo olhar teórico sobre as bases mesmas de uma

instituição de ensino superior privada. Assim, torna-se viável e adequado utilizar a literatura

sobre organizações, sistemas de gestão, qualidade educacional e neste sentido este trabalho irá

(21)

contribuir para tal reflexão teórico-conceitual: ao analisar os princípios básicos da governança

corporativa e verificar a aplicação deste modelo de governança nas IESP, propõe-se também

um olhar sobre essas instituições que seja moldado pela literatura na área organizacional.

Finalmente, ao pensar as IES como organizacionais e estudá-las a partir da literatura

organizacional, contribui-se também para repensar uma questão muito mais ampla, que é a da

qualidade no ensino superior brasileiro: toda a discussão sobre governança corporativa

aplicada tanto às organizações em geral, quanto às IES, em particular, pressupõe uma busca

por padrões de qualidade na gestão organizacional, o que, neste caso, se traduz numa

discussão sobre potenciais e esperados avanços de uma educação superior que seja pautada

por esses modelos.

As instituições de ensino superior brasileiras privadas tiveram em 2011 faturamento

totalizando R$ 33 bilhões, o equivalente a 1% do PIB do país (SEMESP, 2013). Portanto, a

preocupação com sua sustentabilidade é de extrema importância, dentre outros motivos,

porque além de atender a milhares e milhares de alunos, estas instituições empregam quase

800 mil profissionais, entre professores e administrativos.

Diante deste fato, este estudo acadêmico procurou demonstrar a aplicabilidade de um

modelo de gestão já conhecido pelas organizações de capital aberto e pela literatura

acadêmica da área, que é a governança corporativa, embora a mesma não seja utilizada por

todas as instituições de ensino superior brasileiras; na verdade, o tema ainda é pouco

conhecido no meio e são relativamente poucas as instituições que o utilizam.

Assim, este trabalho irá avançar o debate acadêmico-científico sobre os temas,

transparência, equidade, prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa,

bem como sobre os limites e possibilidades da governança corporativa e sua aplicabilidade

nas instituições de ensino superior, quanto para uma gestão universitária eficiente baseada

nestes indicadores de gestão.

1.6 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Devido ao vasto número de IES no Brasil e a complexidade de se analisar

territorialmente todas as organizações, esta pesquisa limitar-se-á a atuar dentro do munícipio

de Varginha – MG, analisando especificamente a Fepesmig – Fundação de Ensino e Pesquisa

do Sul de Minas, mantenedora do Grupo Educacional UNIS -- através de um estudo de caso.

(22)

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta dissertação está estruturada em seis capítulos.

O primeiro capítulo apresenta as ideias iniciais que fomentaram o estudo, revelando o

contexto da pesquisa, a situação problema, os objetivos a serem alcançados e as questões

norteadoras, bem como a justificativa, a relevância e a delimitação da pesquisa.

O segundo capítulo traz o referencial teórico que fundamenta esta dissertação, ou seja,

a governança corporativa.

O terceiro capítulo descreve a metodologia utilizada, em particular quanto à análise

bibliográfica sobre as publicações acerca do tema em governança corporativa.

No quarto capítulo é apresentado o estudo de caso, as entrevistas e as suas

contribuições.

O quinto capítulo traz os resultados obtidos no estudo de caso, bem como na literatura

levantada.

E no sexto e último capítulo as conclusões e as recomendações para estudos futuros.

Figura 01. Metodologia do trabalho

1

1

A figura 01 e as demais figuras, tabelas, gráficos e quadros que não possuírem citação especifica são de

(23)

2. REVISÃO DA LITERATURA

Segundo Bogoni et. al. (2010), umas das questões-chave para uma boa gestão nas

instituições de ensino superior é possuir uma administração profissional capaz de conduzir a

organização ao sucesso, garantindo assim a sua sustentabilidade perante a sociedade. A

Governança Corporativa propõe o uso eficiente dos recursos, bem como o uso de mecanismos

de transparência e prestação de contas.

Conforme Neto (2014), o ensino superior brasileiro vem experimentando rápida

expansão, seja no âmbito público, seja no privado. No momento encontra-se entre os maiores

mercados potenciais do mundo, sendo o maior da América Latina. Atualmente, estão em

funcionamento mais de 2.300 instituições de ensino superior, mantendo mais de seis milhões

de alunos matriculados.

Pode-se dizer, então, que em termos quantitativos a educação no país avançou

bastante. Resta, agora, o desafio de se elevar a qualidade dessa educação. Diante deste cenário

é fundamental um sistema de gestão que auxilie o administrador educacional em suas funções,

objetivando a construção de um padrão de excelência educacional, possibilitando um ensino

de qualidade.

Parte-se aqui do princípio de que somente através da eficiência na gestão é que o país

conseguirá elevar seu padrão de educação. Portanto, se as instituições de ensino não tiverem

uma gestão eficiente, profissional, capaz de garantir sua excelência, sua longevidade será

interrompida num curto espaço de tempo.

Com os avanços na sociedade brasileira, a profissionalização de gestão nas

universidades se torna essencial. Somente desta forma, através de uma melhor gestão, pode-se

caminhar para um padrão de excelência e qualidade da educação superior brasileira.

Segundo Lapworth

2

(2004, tradução nossa), hoje a lenta deliberação prejudica a

capacidade de uma instituição para responder a um ambiente externo em rápida mutação e

isso levanta a tensão entre o desejo cultural para consulta e consenso, com a necessidade de

tomada de decisão rápida e complexa.

Uma vez que não possui-se ainda um modelo específico de gestão para as instituições

de ensino superior, esta dissertação se propõe a discutir o modelo da Governança Corporativa.

2

Today, the slow deliberation of Senates and Faculty Boards hinders an institution’s ability to respond to a

rapidly changing external environment and this raises tension between a cultural desire for consultation and

consensus, and the necessityof speedy and complex decision-making.

(24)

Referente a este modelo, a dissertação argumenta vir a ser um caminho, ou mesmo uma base,

para a melhoria da gestão, bem como a qualidade da educação.

A governança corporativa é utilizada em grandes organizações -- várias delas sendo

multinacionais, outras nacionais -- muitas delas bem gerenciadas. Na verdade, este modelo de

gestão é aplicável a qualquer tipo de organização, sendo ela pequena, média ou grande, de

capital aberto ou fechado.

Através do IBGC e a Booz&Company (2010), foi realizado um segundo estudo sobre

o panorama da Governança Corporativa no Brasil, frente ao primeiro estudo realizado em

2003, o estudo consistia em verificar qual o panorama atual da G.C, suas principais

dimensões, à evolução recente e as principais oportunidades de melhoria. Foram analisadas

empresas de controle nacional selecionadas entre as 500 maiores do País, com faturamento

superior a R$ 200 milhões por meio da coleta de informações via questionários e entrevistas.

Gráfico 01 - Os principais benefícios percebidos da Governança estão associados à

transparência, imagem e gestão das empresas.

Fonte: IBGC/Booz&Co –(2010).

Conforme Ribeiro (2012), a Governança Corporativa vem ganhando cada vez maior

notoriedade, sendo vista como detentora de um conjunto de melhores práticas, capazes de

fomentar a imagem de muitas organizações no cenário dos negócios.

(25)

As maiores referências em governança corporativa e que influenciaram pesquisadores

da atualidade se deram através dos estudos e publicações de Adolf Berle e Cardiner Means,

em 1932, Ronald Coase, em 1937, John Kenneth Galbraith em 1967 e Adrian Cadbury, 1992.

2.1 - PANORAMA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA

A grande transformação na educação superior brasileira ocorreu com a promulgação

da Constituição Federal de 1988.

Na Constituição Federal de 1988 foi instituído o princípio da autonomia

universitária. Ele flexibilizou e agilizou o processo para universidades e centros

universitários criarem novos cursos. Com isso, entre 1985 e 1996, o número de

universidades privadas saltou de 20 para 64, em contraponto ao número de

faculdades (que não gozam da autonomia dada pela Constituição Federal de 1988)

que diminuiu (TRIVELLI, 2015, p. 18).

Com a alteração do texto em 2006 na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

ocorrem algumas transformações na educação superior do Brasil, como: um enorme

crescimento de matrículas, criação de instituições de ensino superior e a principal delas, a

mais impactante para o setor, a liberação destas instituições de ensino para atuar com fins

lucrativos.

Segundo Sampaio (2011), antes de 1996, as organizações de ensino básico e superior

eram proibidas de ter finalidade lucrativa. Em contrapartida, contavam com subsídios e

incentivos governamentais.

Segundo Schwarfzman (2002), as normas gerais que regem o ensino superior

brasileiro, tanto público como privado, constam de dois instrumentos legais principais, a

Constituição Federal de 1988 (artigos 207, 208, 213 e 218) e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei 9394/1996). Além destes instrumentos principais, existe um grande

número de Medidas Provisórias, Decretos, Resoluções e Pareceres do Conselho Nacional de

Educação, Conselhos Profissionais e outros órgãos e Portarias Ministeriais que são

promulgadas com grande freqüência, visando regulamentar e implementar as normas

constitucionais e da LDB.

As instituições de ensino superior no Brasil possuem diferentes tipos de estruturas

acadêmicas e também características administrativo/pedagógicas distintas.

(26)

UNIVERSIDADES

FACULDADES

CENTROS UNIVERSITÁRIOS

Conforme decreto nº 5.773/06 às instituições de ensino superior brasileiras serão

organizadas desta forma (figura 02), o referido decreto é o documento legal que estabelece as

normas de criação, supervisão, fiscalização e funcionamento da educação superior brasileira.

Figura 02 – Tipos de IES

Além das estruturas básicas abordadas acima, temos outros tipos de organizações da

educação superior:

a) Universidades

b) Universidades especializadas

c) Centros Universitários

d) Institutos Superiores de Educação

e) Centros de Educação Tecnológica ou Técnica

f) Faculdades Isoladas

(27)

De acordo com o último Censo da Educação Superior -- 2013 disponibilizado em 2015

o Brasil possui as seguintes instituições de ensino superior, conforme gráfico.

Tabela 02–Número de instituições de educação superior, por organização acadêmica,

segundo as faixas do número de matrículas – Brasil – 2013.

Fonte: Censo da Educação Superior (2015).

Quanto à organização acadêmica atualizada das instituições, notam-se as seguintes

definições:

- Faculdade - categoria que inclui institutos e organizações equiparadas, nos termos do

Decreto n° 5.773, de 2006;

- Centro Universitário - dotado de autonomia para a criação de cursos e vagas na sede, está

obrigado a manter um terço de mestres ou doutores e um quinto do corpo docente em tempo

integral;

- Universidade - dotada de autonomia na sede, pode criar campus fora de sede no âmbito do

Estado e está obrigada a manter um terço de mestres ou doutores e um terço do corpo docente

em tempo integral;

- Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia para efeitos regulatórios, equipara-se a

universidade tecnológica;

- Centro Federal de Educação Tecnológica - para efeitos regulatórios, equipara-se a centro

universitário.

Quanto às questões de gestão, administração, estas organizações podem ser caráter de

pública ou privada, nas privadas elas podem ter ou não a característica sem fins lucrativos.

(28)

As Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras mantidas pelo Poder Público, na

forma (i) Federal, (ii) Estadual ou (iii) Municipal, são financiadas pelo Estado, sendo assim

elas não cobram matrícula ou mensalidade.

As instituições privadas sem finalidade de lucro são as: comunitárias, que incluem em

sua entidade mantenedora representantes da comunidade; confessionais, que atendem a

determinada orientação confessional e ideológica; e filantrópicas, que prestam serviços à

população, em caráter complementar às atividades do Estado (art. 20 da LDB). E as com fins

lucrativos - instituição mantida por ente privado, com fins lucrativos.

Percebe-se que com o passar dos anos a educação superior no Brasil tende ainda a

crescer, de acordo com (Sampaio, 2011), ainda existe um contingente de quase 70% dos

egressos do ensino médio fora das cadeiras universitárias no Brasil.

A educação superior brasileira tem crescido com o passar dos anos, isso mostra que a

população tem acessado cada vez mais a educação superior, vejamos conforme tabela do

censo da educação superior.

Tabela 03 - Evolução do número de matrículas de graduação, segundo a organização

acadêmica – Brasil – 2010 - 2013.

Fonte: Censo da Educação Superior. (2015).

Ainda que na atual conjuntura o Governo Federal se esforce para expandir o número

de matrículas e instituições no sistema federal de ensino superior, grande parte deste universo

se encontra nas instituições privadas conforme constata-se no gráfico.

(29)

Gráfico 02 – Evolução do número de matrículas de Graduação, por Categoria

Administrativa – Brasil – 2009-2013.

Fonte: Censo da Educação Superior. (2015).

No que se refere à forma de organização acadêmica das IES, o Censo mostrou o

predomínio das faculdades privadas, que são instituições que atuam em um número reduzido

de áreas do saber, não possuindo autonomia para criar programas de ensino e cursos, e seu

corpo docente pode ter titulação, no mínimo, de pós-graduação lato sensu.

Quadro 01 - Perfil da IES, segundo a Característica mais frequente - Brasil – 2013.

Fonte: Censo da Educação Superior. (2015).

Os resultados apontados ao longo desta dissertação, conforme dados do Censo da

Educação Superior, confirmam a tendência histórica de que as IES brasileiras são em sua

maioria, pertencentes à rede privada.

(30)

2.2 – BASE TEÓRICA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA

Muitas são as denominações atualmente para a governança corporativa, sendo uma das

primeiras abordagens aquela proposta por Adolf Berle e Gardiner Means, quando da

publicação do livro The Modern Corporation and Private Property, (BERLE e MEANS,

1932). Tal abordagem foi o alicerce para fundamentação do que hoje é a governança

corporativa.

Exclusivamente no continente americano, uma legislação específica foi oficializada e

que influenciou diversas mudanças no sistema de governança corporativa daquele país.

Em 30 de julho de 2002 a Lei Sarbanes Oxley foi assinada pelo então Presidente dos

Estados Unidos, George Bush, a fim de regular, melhorar os mecanismos de fiscalização do

mercado acionário, comitês de auditoria e penalidades para crimes de fraudes e do colarinho

branco. O texto na íntegra referente à lei SOX consta no anexo 02. (ESTADOS UNIDOS,

2002).

Outras bases teóricas da governança corporativa são as obras de Ronald Coase, --

principalmente aquela intitulada de The Nature of the Firm, (1937), que evidencia o papel da

firma como engrenagem na orientação da economia -- John Kenneth Galbraith, com o livro

The Industrial State (1967), que abordada as questões relacionadas à estrutura de poder e

gestão, e Adrian Cadbury, que em 1992 elaborou o primeiro código de governança

corporativa denominado Relatório Cadbury.

Segundo o Cadbury Report

3

(1992, tradução nossa), a governança corporativa é o

sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e controladas.

A definição de governança corporativa seria o sistema utilizado pelos stakeholders

como forma de controlar os administradores.

Numa definição mais ampla, "governança corporativa" refere-se às instituições

privadas e públicas, incluindo disposições legais, regulamentares e práticas

comerciais aceitas, que juntos reger o relacionamento, em uma economia de

mercado, entre gestores de empresas e empresários ("corporate insiders"), por um

lado e aqueles que investem os recursos na empresa, por outro. Os investidores

podem incluir fornecedores de financiamento do capital próprio (acionistas),

fornecedores de financiamento da dívida (credores), fornecedores de capital humano

a empresa (funcionários) e fornecedores de outros ativos tangíveis e intangíveis que

as empresas podem utilizar para operar e crescer. (OECD, 2001, p. 13).

(31)

Segundo o Código do IBGC (2015), os principais objetivos da Governança

Corporativa são: preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos

e contribuindo para sua longevidade.

Segundo Lodi (2000), o movimento da Governança Corporativa se originou nos

Estados Unidos, no início dos anos 90, em decorrência de necessidades específicas de

administradores de fundos de pensão, que sentiam uma necessidade de maior segurança nos

investimentos realizados com dinheiro dos mutuários, os quais se caracterizavam, na grande

maioria, como acionistas minoritários e que sofriam com a falta de informações objetivas e

transparentes para orientar suas decisões de investimento.

Segundo Wright et al.(2000), a Governança Corporativa refere-se a um sistema de

gestão no qual as estratégias da empresa são monitoradas pelo Conselho de Administração

para garantir a efetividade da administração e um maior retorno para os acionistas, zelando

pelos direitos dos sócios minoritários, principalmente após a ocorrência de alguns escândalos

financeiros.

Segundo Carvalho (2003), Governança Corporativa é o conjunto de mecanismos

instituídos para fazer com que o controle atue de fato em benefício das partes envolvidas com

direitos legais sobre a empresa, minimizando o oportunismo.

Os autores mencionados referem-se à Governança Corporativa como forças que

equilibram o poder entre os proprietários (shareholders), representados por acionistas

controladores e minoritários, e os (stakeholders), representados por diversos públicos

interessados.

Na maioria dos sistemas e organizações que possuem como modelo de gestão a

Governança Corporativa, sua estrutura está caracterizada pela separação entre proprietários e

administradores.

2.3 – GOVERNANÇA CORPORATIVA NO MUNDO

Em grande parte dos sistemas de governança corporativa a base organizacional está

configurada na separação entre propriedade e gestão. Vários autores como Fontes Filho

(2004) defendem uma estrutura de governança corporativa baseada em dois conjuntos, sendo

eles: o modelo shareholder ou financeiro, onde o interesse principal é para o acionista e o

modelo stakeholders ou de públicos de interesses.

Segundo Duarte (2007), os sistemas básicos em governança corporativa mais

encontrados pelo mundo podem ser divididos entre 03 modelos: o anglo-saxão ou de proteção

(32)

legal, vigente nos Estados Unidos (EUA) e no Reino Unido; o modelo nipogermânico,

baseados em grandes investidores e em bancos da Europa, predominante na Europa

Continental, Alemanha e Japão; e o baseado na propriedade familiar, prevalecente no restante

do mundo.

Embora os modelos de governança existentes ao redor do mundo se baseiem em três

sistemas básicos, atualmente existe mais de 430 países que possuem códigos das melhores

práticas de governança corporativa.

Conforme as tabelas 04 e 05 pode-se perceber que a criação do primeiro código de

boas práticas se deu em 1992 pelo Reino Unido e somente em 1999 foi redigido o primeiro

código brasileiro, portanto são informações e práticas recentes na cultura empresarial tanto no

Brasil quanto em outros países.

Tabela 04–Códigos de Governança Corporativa de 1992 a 2007.

(33)

Tabela 05 – Códigos de Governança Corporativa de 2008 a 2015.

Fonte: European Corporate Governance Institute. (2015).

Em grande parte das organizações que já utilizam o modelo de governança

corporativa, sua estrutura organizacional está baseada em Acionistas, Conselho de

Administração e Presidente.

(34)

Segundo Waack (2002), este modelo tem sido utilizado mundialmente nas estruturas

que possuem o sistema de governança corporativa, veja na figura 04.

Figura 03 – Estrutura de GC utilizada mundialmente pelas organizações.

Fonte: WAACK, (2002).

Segundo Serafim et al. (2010), o tema governança corporativa tornou-se conhecido

mundialmente na década de 1980 nos Estados Unidos (EUA), após grandes escândalos

financeiros ganharem notoriedade em todo o mundo, como o caso Texaco

4

.

Outros casos conhecidos de empresas americanas em 2001 foram Enron, Arthur

Andersen e Worldcom.

Com os acontecimentos na economia americana, o governo dos Estados Unidos se viu

numa encruzilhada e teve que intervir com medidas legislativas que pudessem restaurar a

confiança perdida pelo mercado. Sendo assim várias ações foram tomadas como a criação de

procedimentos fiscalizadores, a criação em 2002 da Lei Sarbanes-Oxley responsável por

4

O caso Texaco constituiu, segundo Carlsson, R; Owership and value creation: Strategic corporate governance

in the new economy chip. New York: John Wiley & Sons, 2001, um dos mais importantes vetores de impulsão

desse movimento.

Acionistas

Conselho de Adm.

(CA)

Presidente do CA

Diretor Presidente

Diretoria

 Elegem e destituem

o CA

 Aprovam as contas

 Elege e destitui a

diretoria

 Fixa atribuições e

remunerações

 Aprova o plano

estratégico

 Monitora o negócio

 Toma decisões

estratégicas

Dirige o conselho

 Executa decisões e

objetivos definidos

pelo CA

 Presta contas ao CA

 Executa operações

 Mobiliza estratégias

Trabalho harmônico

entre o presidente do CA

(Chairman) e o diretor

presidente (CEO)

Controlador

Acionistas minoritários

(35)

aumentar a segurança dos investidores em relação aos responsáveis pelas empresas e pela

criação de alguns fundamentos, normas, baseadas nas melhores práticas da governança

corporativa, Compliance, Accountability, Disclosure, Fairness, (conformidade legal,

prestação de contas, transparência e senso de justiça).

Segundo Greene (2003), a Lei Sarbanes-Oxley foi o instrumento legislativo mais

importante que o Congresso dos Estados Unidos aprovou desde 1930.

Em 2004, houve a publicação realizada pela Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE), intitulada de Principles of Corporate Governance,

que objetivava o funcionamento ajustado das organizações e dos mercados de capitais. Tal

documento tornou-se referência internacional para os mais diversos setores da sociedade,

propagando ainda mais os ganhos através de uma boa estrutura de governança corporativa.

2.3.1 – Modelo Anglo-Saxão

Este modelo de governança corporativa prevalece principalmente nos países Estados

Unidos da América, Reino Unido, Canadá e Austrália. Ele direciona suas ações

principalmente para a criação de valor para os acionistas, que é o objetivo principal para estas

organizações. Nelas, as participações em ações são pulverizadas, facilitando assim o

monitoramento, pois por meio do mercado, pela variação dos preços, é facilmente percebido,

pelos seus administradores, o bom gerenciamento ou não nestas organizações.

Segundo Caamaño (2007), o mercado de capitais nestes países é altamente

desenvolvido e tem como características a pronta resposta quando alguma atitude da empresa

sai de seu histórico de normalidade, refletindo-se rapidamente no preço das ações. Tal

comportamento indica o consentimento ou reprovação das ações dos controladores.

Em virtude da menor necessidade de monitoramento, a transparência se torna de

grande utilidade, pois os acionistas carecem de informações. Sendo assim, a periodicidade

destes informativos é fundamental e a rigidez sobre o uso das informações também aumenta,

para que assim se consiga avançar um bom funcionamento do sistema de governança neste

tipo de organização.

(36)

De acordo com BORGES e SERRÃO (2005, p. 117):

No modelo anglo-saxão, o objetivo primordial das empresas tem sido

tradicionalmente a criação de valor para os acionistas, enquanto nos países cujo

modelo se aproxima do modelo nipo-germânico, as empresas devem equilibrar os

interesses dos acionistas com aqueles de outros grupos que são impactados pelas

suas atividades, como empregados, fornecedores, clientes e comunidade. É possível

distinguir estes dois tipos extremos de controle corporativo: shareholder, no qual a

obrigação primordial do administrador é agir em nome dos interesses dos acionistas;

e stakeholder, na qual, além dos acionistas, um conjunto mais amplo de interesses

deve ser contemplado.

Embora o modelo anglo-saxão sofra algumas críticas em seus países de origem, no que

se refere às questões do formato de governança corporativa, ele é o modelo mais utilizado e é

o que prevalece em um dos maiores mercados financeiros do mundo, o mercado americano.

Segundo Borges e Serrão (2005), embora seja temerário apontar para a hegemonia do

modelo anglo-saxão, cabe reconhecer a importância do mercado financeiro americano como

fonte de recursos para empresas do mundo inteiro.

Conforme Duarte (2007), no final da década de 80 as características do modelo de

governança anglo-saxão provocaram nas empresas norte americanas uma perda de

competitividade considerável frente às empresas japonesas, devido às vantagens competitivas

que o sistema de governança nipo-germânico proporcionava às empresas japonesas.

2.3.2 – Modelo Nipo-Germânico

Neste outro modelo de governança corporativa, predominante no Japão, Alemanha,

Holanda, Suíça, Suécia, Áustria, Dinamarca, Noruega e Finlândia, prevalece o controle da

maior parte das ações nas mãos dos investidores. A propriedade é mais concentrada, sendo

estas participações acionárias de longo prazo. Percebe-se que neste modelo a relação entre

proprietários e administradores é bem acentuada, bem definida, evitando-se assim os

problemas de agência.

No modelo nipo-germânico, a propriedade é mais concentrada (na Alemanha, os cinco

maiores acionistas detêm, em média, 40% do capital e, no Japão, 25%), e muitas participações

acionárias são de longo prazo. No Japão, por exemplo, entre 50% e 70% das ações de

empresas listadas nas bolsas de valores são detidas por outras empresas, no sistema de

participações acionárias cruzadas que une os membros dos keiretsus (NIKKEI WEEKLY,

1997).

(37)

Segundo Caamaño (2007), tal como na Alemanha, a estrutura de propriedade das

empresas está concentrada em grandes investidores, por meio de uma ligação cruzada entre as

companhias, conhecida como Keiretsu, formando fortes conglomerados econômicos. Segundo

Andrade e Rossetti (2004), o Keiretsu é mais que um conglomerado econômico, e é também

uma grande família.

No modelo de Governança Corporativa do Japão verificam-se traços culturais

enraizados na postura à frente das organizações. Segundo Silveira (2002), como consequência

da cultura coletivista da sociedade japonesa, o objetivo das empresas no Japão tem sido o

equilíbrio dos interesses dos stakeholders e a garantia do emprego vitalício para seus

funcionários.

Segundo estudos realizados por Carlsson (2001), o sistema de Governança

Corporativa da Alemanha apresenta três características distintas:

- Gestão Coletiva das Companhias;

- Modelo de equilíbrio de interesses dos stakeholders – e não a maximização da

riqueza dos acionistas, como objetivo final das companhias;

- Papel restrito do mercado de capitais no fornecimento do capital de risco.

2.4 - GOVERNANÇA CORPORATIVA NO BRASIL

As práticas de governança corporativa no Brasil iniciaram-se principalmente pelas

empresas multinacionais de origem americana que possuíam filiais no país, e que via de regra

seguiam o formato gerencial da matriz; como já dito anteriormente, o modelo de governança

utilizado nos países americanos é o modelo anglo-saxão.

Segundo Fontes Filho (2004), diferente daquele bloco, o desenvolvimento econômico

do Brasil foi promovido pelo Estado, por empresas multinacionais e fortes grupos familiares,

resultando em um modelo de formação empresarial com alta concentração da propriedade.

Conforme Borges e Serrão (2005), a governança corporativa no Brasil aparece em

meados dos anos 70, após o surgimento dos primeiros conselhos de administração e marcada

pela divisão de poderes entre acionistas e gestores. Desde então, percebe-se um movimento,

se não constante, pelo menos progressivo em direção a uma maior preocupação com a questão

da governança corporativa e temáticas afins.

Assim, em primeiro lugar tivemos a Lei das Sociedades Anônimas 6.404/1976, que

regulamentou a divisão de poderes entre diretoria e o conselho de administração.

(38)

Também em 1976, a Lei 6.385/1976 disciplinou o mercado de capitais e criou a

Comissão de Valores Mobiliários – CVM.

Com a abertura econômica do país na década de 90 a participação de investidores

estrangeiros nas empresas brasileiras cresceu devido a uma série de privatizações em nível

estadual e federal, que acabou provocando uma melhora nas práticas de gestão destas

organizações.

Depois de muito tempo, já nos anos 1990 e 2000, o Código de Melhores Práticas de

Governança Corporativa foi lançado pelo IBGC, em 1999. Este foi atualizado em 2015, já em

sua 5ª edição. Ainda antes destas atualizações, foram lançadas as Práticas Diferenciadas de

Governança Corporativa do Novo Mercado da BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo,

em 2000, e a Cartilha de Recomendações da CVM sobre Governança Corporativa, divulgada

em 2002.

Percebe-se, portanto, que há um caminho sendo seguido, um caminho em direção à

preocupação cada vez maior com a governança corporativa. Sendo assim, pode-se concordar

com Borgerth (2012), que sugere que não falta ao Brasil o estímulo à adoção de boas práticas

de Governança Corporativa, o que falta é a sua divulgação ao mercado e à sociedade como

um todo. Além disso, diz o mesmo autor, falta uma maior conscientização dos agentes da

Governança Corporativa no interior das organizações, para que estes passem a ver suas

posições não como uma chancela de poder (como é muitas vezes o caso, sugere Borgerth

(2012)), mas sim como um compromisso com a empresa e seus usuários da informação

contábil.

Em resumo, as empresas no Brasil estão reformulando suas práticas de governança

corporativa para enfrentar os desafios impostos pela nova realidade econômica

brasileira.

Mas, ainda é cedo para avaliar se tais mudanças serão suficientes para essas

empresas competirem globalmente, ou se talvez será necessário aprofundar as

reformas no sentido de um maior compartilhamento da propriedade e do controle.

(MCKINSEY, 2001).

Com as transformações que estão ocorrendo neste novo modelo emergencial de

governança corporativa, as organizações brasileiras passaram a ter um menor custo de capital,

melhores estratégias de negócios, e até o aumento da sua atratividade frente ao mercado de

ações.

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa este esquema de estrutura

de governança, tal como visto na figura 04, é o mais indicado e utilizado no país.

(39)

Figura 04 – Modelo de Governança Corporativa no Brasil

Fonte: IBGC – 2015.

Segundo Pereira (2004), no Brasil as boas práticas de GC têm sido destaque há algum

tempo, principalmente pela maior competitividade entre as empresas, as mudanças na Lei das

Sociedades Anônimas – Lei 10.303/01, a necessidade de atrair mais capital estrangeiro para

promoção do desenvolvimento, a preparação das novas gerações que deverão assumir os

negócios familiares, e a tendência de profissionalização dos conselhos de administração.

No atual cenário da governança corporativa no Brasil, percebe-se uma transição de

modelos, conforme a figura 05, passando-se agora para organizações mais estruturadas em

relação às práticas de governança, com administradores mais preparados e conscientes de suas

responsabilidades, provocando assim uma evolução no modelo de governança corporativa

brasileira.

(40)

Figura 05 – Evolução do modelo de governança corporativa no Brasil.

Fonte: IBGC. (2013).

2.5 – GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS IES

Nota-se que no Novo Mercado da BOVESPA, lançado em 2000, foi criado um

segmento diferenciado para empresas de capital aberto, sem os entraves do Estado, a fim de

buscar vantagem competitiva e valorizar as ações da empresa. Para entrar neste novo

segmento, a empresa teria que assinar um contrato de adesão com a BM&BOVESPA.

Reconhecendo que as regras são bastante rígidas, a BM&Bovespa lançou três segmentos de

governança corporativa, o Novo Mercado, e os níveis I e II, com o objetivo de ter condições

de atender empresas com maturidades diferentes. Tal modelo funciona como um selo de

qualidade, cujo sucesso está atrelado no acordo firmado entre ambas as empresas.

Por que então que as instituições de ensino superior não podem buscar algo

semelhante e assim criarem de forma independente, desvinculada dos ainda existentes

entraves burocráticos do MEC, uma autarquia a fim de avaliar seu desempenho? Com isto,

sugere-se, uma possibilidade em buscar uma qualidade educacional, uma qualidade da sua

gestão, de seu modelo de governança e também a transparência em suas atividades. Esta seria

(41)

uma contribuição fundamental a ser alcançada na adoção do sistema de Governança

Corporativa nas IES.

Segundo Ribeiro e Famá (2002), o Novo Mercado da Bovespa é uma seção destinada

à negociação de companhias que se submetam [voluntariamente] a exigências mais

avançadas, em termos de direitos dos acionistas investidores e melhores práticas de

governança corporativa. Da mesma forma que a BM&BOVESPA criou seus parâmetros para

um sistema de governança corporativa de qualidade, acredita-se que as IES também podem

criar seu sistema de governança corporativa, objetivando melhores práticas de gestão.

Segundo Borges e Serrão (2005), a Governança Corporativa, em sentido mais geral,

pode versar sobre o sistema de governo, a administração e o controle de uma instituição

qualquer, seja empresarial ou não, filantrópica ou com fins lucrativos, controlada por capitais

públicos ou privados, e independentemente da forma adotada, seja ela societária, associativa,

ou cooperativa. Governança Corporativa não é assunto privativo de companhias. Qualquer

instituição possui uma estrutura de governança, um conjunto de procedimentos e controles

que disciplina as relações entre os nela envolvidos.

Segundo Brasil (2016), algumas instituições de ensino superior estão passando por

sanções impostas pelo órgão regulador no Brasil, o MEC, sendo constatados através de

verificações in loco, diz o autor, sérios problema de gestão, de qualidade educacional e

financeira.

Segundo Neto (2014), quanto mais os abusos são constatados nas esferas públicas e

privadas, maior a desconfiança e maior a procura por modelos de gestão que venham a

solucionar problemas pela implementação de sistemas mais confiáveis.

Conforme Semesp (2013), as instituições de ensino superior privadas tiveram em 2011

o faturamento de R$ 33 bilhões, o equivalente a 1% do PIB do país.

Portanto, a preocupação com sua sustentabilidade financeira é de extrema importância,

dentre outros motivos, porque além de atender a milhares e milhares de alunos, estas

instituições empregam quase 800 mil profissionais, entre professores e administrativos.

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