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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS - ICEB MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS - MPEC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS - ICEB MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS - MPEC

FABIANA QUARESMA DA COSTA

PRÁTICAS EDUCACIONAIS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A PREVENÇÃO DO ABUSO AGUDO DE ÁLCOOL POR ALUNOS DO ENSINO

MÉDIO

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FABIANA QUARESMA DA COSTA

PRÁTICAS EDUCACIONAIS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A PREVENÇÃO DO ABUSO AGUDO DE ÁLCOOL POR ALUNOS DO ENSINO

MÉDIO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Biologia

Linha de Pesquisa: Saúde e educação: ensino e aprendizagem, atividades diferenciadas, sequência didática, neurociência e outros recursos e abordagens educacionais.

Orientadora: Profa. Dra. Luciana Hoffert Castro Cruz

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me conceder saúde e energia para concluir esse trabalho;

À minha querida orientadora Profa. Dra. Luciana Hoffert Castro Cruz, pelos meses de dedicação, pelo apoio e ajuda. Muito obrigado pelo importante e coerente trabalho de revisão;

A todos os funcionários e alunos da EEPMSA;

Aos professores do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências que contribuíram para minha formação;

Aos colegas de Mestrado, por caminharem ao meu lado, me auxiliando e encorajando nos momentos mais difíceis;

Aos meus familiares, agradeço por entenderem minha ausência;

Aos verdadeiros amigos, pelo incentivo, carinho, cumplicidade e também por tornarem a caminhada mais leve;

À Profª Gabriela Souza e ao Prof. Fábio Augusto, por aceitarem participar como membros da banca de qualificação, contribuindo para melhoria do trabalho;

Ao Prof. Marcos Sá e ao Prof. Leandro Márcio Moreira, por aceitarem participar como membros da banca de defesa final, contribuindo para aprimorar o trabalho;

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“O caminho da verdade exige um esquecimento: é preciso esquecer-se do

aprendido, a fim de se poder lembrar daquilo que o conhecimento enterrou. ”

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RESUMO

O início do consumo de álcool pelos adolescentes é cada vez mais precoce e o crescente volume ingerido entre os jovens sugere a necessidade de intervenções pedagógicas preventivas que auxiliem no processo de conscientização dessa população, levando a redução do consumo de álcool. Uma escola efetivamente inclinada na promoção da saúde deve desenvolver projetos e métodos que permitam o aumento da criticidade do aluno sobre o uso de drogas lícitas ou ilícitas. Com objetivo de averiguar o conhecimento de alunos do ensino médio sobre os efeitos do

binge drinking (abuso agudo) de álcool no cérebro, almejando também uma possível

mudança de postura após intervenção pedagógica, foi elaborada e aplicada uma sequência didática. Escolhida uma escola de Belo Horizonte, todos os alunos do primeiro ano do ensino médio foram convidados a participar, com adesão de 56 alunos. Após aplicação de critérios de inclusão e exclusão, a amostra final (n=55) foi composta por estudantes do sexo masculino (36,4%) e feminino (63,6%), com média de idade de 15,53 anos. Dentre os participantes, um grande número de adolescentes (90,9%) afirma já ter tido o primeiro contato com o álcool. Inicialmente, 35,8% dos participantes acreditavam que o uso prolongado de álcool causava prejuízo somente ao fígado, dando origem a cirrose hepática. Após a realização das intervenções, houve diminuição significativa na porcentagem de alunos que acreditavam que o dano causado pelo álcool era somente ao fígado (16,6%), apontando possível aquisição de conhecimento. Em relação ao abuso agudo (binge

drinking), 70,2% dos estudantes não sabiam ao certo do que se tratava, embora

49,1% dos adolescentes já tenham consumido cinco ou mais doses de bebida alcoólica numa mesma ocasião. Ademais, após as intervenções, a maioria dos estudantes (75%) reduziram o consumo de bebidas alcoólicas. Esses resultados em conjunto, demonstraram a eficácia da intervenção pedagógica proposta em promover a conscientização de estudantes de ensino médio sobre o consumo de bebidas alcoólicas.

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ABSTRACT

The alcohol consumption among adolescents is initiated at young age and, growing volume drunk among young people suggests the necessity of preventive pedagogical interventions that can avoid alcohol consumption. An effectively motivated school, engaged in health promotion, should develop projects and methods that would increase student's criticalness about the use of licit or illicit drugs. In order to verify high school students´ knowledge about the effects of binge drinking on the brain, also

aiming a possible change of posture after pedagogical intervention, a didactic sequence was created. One Belo Horizonte´s school was chosen. All freshman´s high school students were invited to participate, and 56 students applied for this research. After meeting inclusion and exclusion criteria, final sample (n = 55) was composed of male students (36.4%) and female students (63.6%), with a mean age of 15.53 years. Among participants, a large number of adolescents (90.9%) stated that they already had their first contact with alcohol. Initially, 35.8% believed that prolonged use of alcohol could cause injury to liver alone, leading to liver cirrhosis. After interventions, there was a significant decrease in percentage of students who believed that damage caused by alcohol was only to the liver (16.6%), pointing to possible knowledge acquisition. Concerning binge drinking, 70.2% of students were

not sure about its definition, although 49.1% of adolescents had already drunk five or more drinks at once. In addition, after interventions, a large majority (75%) have reduced the consumption of alcoholic beverages. These results together, demonstrated the effectiveness of pedagogical intervention in order to promote awareness about alcohol consumption in high school students.

Keywords: Didactic sequence; binge drinking; prevention of alcohol abuse, health

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas do desenvolvimento do Projeto...29 Figura 2- Experimentação de bebida alcoólica na vida entre estudantes do 1º ano do ensino médio...36 Figura 3- Ingestão de 5 doses ou mais numa mesma ocasião: binge drinking entre estudantes do 1º ano do ensino médio...38 Figura 4- Local da ingestão de 5 doses ou mais numa mesma ocasião binge drinking drinking entre estudantes do 1º ano do ensino médio...39 Figura 5- Companhia no momento do binge drinking entre estudantes do 1º ano do ensino médio...40 Figura 6- Faltar à aula sem autorização dos pais ou “Matar aula” entre estudantes do

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Figura 16- Uso e abuso de álcool no padrão binge drinking entre adolescentes do 1º ano do ensino médio...54 Figura 17- Conhecimento acerca do padrão binge drinking entre adolescentes do 1º ano do ensino médio...55 Figura 18- Percepção dos adolescentes sobre dose-dependência do álcool entre adolescentes do 1º ano do ensino médio...55 Figura 19- Relação entre o uso de álcool e prejuízos causados ao SNC de acordo com alunos do 1º ano do ensino médio...56 Figura 20- Conhecimento dos prejuízos ao fígado e ao SNC, de acordo com alunos do 1º ano do ensino médio...57 Figura 21- Conhecimentos sobre os sintomas do dia seguinte, popularmente

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CNS – Conselho Nacional de Saúde

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente EJA – Educação de Jovens e Adultos

EUA – Estados Unidos da América

ICEB – Instituto de Ciências Exatas e Biológicas IDEB – Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico

IBM –International Business Machines

MPEC – Mestrado Profissional em Ensino de Ciências OMS – Organização Mundial de Saúde

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PROERD – Programa Educacional de Resistência às Drogas PROPP Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

PSE Programa Saúde na Escola SNC – Sistema Nervoso Central

SPSS Statistical Package Social Science

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...12

1.1 Efeitos do álcool no cérebro...15

1.2 Comportamento do adolescente...16

1.3 Influência familiar e midiática...17

1.4 Escola como espaço formal de aprendizagem...19

1.5 Abordagem de álcool nos livros didáticos...22

1.6 Sequência didática como ferramenta de ensino...23

2 JUSTIFICATIVA ...26

3 OBJETIVOS ...28

3.1 Objetivo geral...28

3.2 Objetivos específicos...28

4 METODOLOGIA ...29

4.1 Local...29

4.2 Plano amostral...30

4.3 Critérios de inclusão e exclusão ...31

4.4 Instrumentos...31

4.5 Análise e interpretação dos resultados...33

4.6 Procedimentos éticos...34

5 RESULTADOS ...36

5.1 Caracterização da amostra...36

5.2 Padrão de consumo binge drinking...37

5.3 Influência do álcool na frequência escolar e no estudo...40

5.4 Riscos relacionados ao uso de álcool...42

5.5 Consumo de outras Drogas...43

5.6 Conhecimento dos efeitos do álcool...45

5.7 Análise textual discursiva...48

5.8 Elaboração do roteiro...50

5.9 Mudança de postura após intervenção...51

5.10 Conhecimento adquiridos após intervenção...54

5.11 Percepção do aluno após intervenção...58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...63

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1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2014), o uso nocivo de álcool é responsável por 5,9% das mortes em todo mundo, além do aumento do risco de doença cardíaca isquêmica e acidente vascular encefálico. Da utilização dita social ao uso e abuso problemático, é a droga mais consumida no mundo, gerando grande número de doenças e mortes em muitos países. Sua ingestão normalmente está associada ao comportamento social e cultural, como celebrações, comemorações, reuniões de negócios, eventos esportivos, encontros sociais, culturais e até religiosos.

No Brasil, resultados do I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool, revelam que 52% dos brasileiros acima de 18 anos bebem, pelo menos uma vez ao ano (LARANJEIRA et al., 2007). Entre eles, 60% dos homens e 33% das mulheres consumiram 5 doses ou mais de bebida alcoólica na ocasião em que mais beberam no último ano. Do conjunto dos homens adultos, 11% bebem todos os dias e 28% consomem bebida alcoólica de 1 a 4 vezes por semana, preferencialmente cerveja (61%), vinhos (25%) e destilados (12%). Além disso, a região que mais se destacou no que diz respeito à frequência de consumo de bebidas alcoólicas e também por possuir o menor número de abstinentes foi a Sul. No que se refere à quantidade, a região Nordeste foi quem se destacou pelo grande volume ingerido (LARANJEIRA et al., 2007).

No II Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de Álcool e Drogas, os dados encontrados mostram que 50% dos adultos brasileiros bebem. Entre eles, 53% o fazem ao menos uma vez por semana, sendo que 47% dos homens e 27% das mulheres fazem ingestão de 5 doses ou mais de bebida alcoólica em uma mesma ocasião. Além disso, as pesquisas também apontaram que o número de indivíduos que experimentaram álcool antes dos 15 anos de idade era de 13% em 2006 subindo para 22% no ano de 2012. Similarmente, em relação ao consumo regular até os15 anos, o número salta de 8% em 2006 para 14% em 2012 (LARANJEIRA et al., 2014).

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em que as estatísticas brasileiras sugerem uma política nacional ineficiente na prevenção ao uso de álcool, revelando falta de estratégias, ações impertinentes e carência de estudos científicos adequados.

Em outros países, como os Estados Unidos da América (EUA), as políticas de prevenção à redução do consumo de álcool estão avançadas. Existem sites específicos, como o National Institute on alcohol abuse and alcoholism para

informação da população, bem como diversas pesquisas e ações preventivas sobre o uso de álcool. Além disso, campanhas educativas incentivam toda a população a alcançar um estilo de vida saudável até 2020 ( Em Portugal, há o desenvolvimento

de programas educacionais, como o “Parar para Pensar”, com objetivo de alertar os

jovens quanto aos efeitos maléficos gerados pelo uso e abuso de álcool através de atividades desenvolvidas na escola (BARROSO; MENDES; BARBOSA, 2013). Além disso, Portugal também aderiu, desde 1994, à Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde, significando avanço na promoção da saúde (PRECIOSO, 2004).

Diante do exposto, alguns países estão notoriamente empenhados em desenvolver práticas preventivas que reduzam os danos causados à saúde da população pelo consumo abusivo de álcool. Todavia, ainda que pesquisas apontam que crescimento econômico do Brasil nos últimos 10 anos tenha sido o maior da história, segundo Cruz et al., (2012), o país ainda está muito aquém no que diz

respeito à criação e desenvolvimento de políticas públicas eficazes na prevenção ao consumo abusivo de álcool.

Neste contexto, em 2005, durante o também crescimento da indústria de

bebidas alcoólicas, o Brasil sediou a “1ª Conferência Pan-Americana sobre álcool”.

Ao final deste evento foram elaboradas recomendações para priorizar a prevenção, adotar estratégias regionais baseadas em estudos científicos e manter atenção especial para gestantes, jovens, adolescentes e indígenas, segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA, 2016). Com o evento, também ficou clara a necessidade de estudos mais aprofundados para entender as causas do alcoolismo, otimizando o tratamento e a prevenção dos pacientes.

Mariano (2007) realizou um trabalho de revisão da literatura sobre o

alcoolismo no Brasil, e constatou que “o estudo sobre o alcoolismo continua

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fenômeno”. Aponta ainda a necessidade de estudos mais aprofundados que possam

contribuir para uma melhor compreensão do fenômeno. A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2014) atribui ao álcool problemas socioeconômicos e confere responsabilidade aos países pela formulação, implementação, monitoramento e avaliação das políticas públicas para reduzir o uso nocivo do álcool.

O alcoolismo pode ser classificado em dois tipos: o alcoolismo agudo e o alcoolismo crônico, que se diferem quanto à duração e quanto às consequências psicológicas e sociais do abuso de álcool. O alcoolismo agudo pode levar a acidentes de trânsito ou embriaguez ocasional, gerando mal-estar e vômito. O alcoolismo crônico compreende o consumo de álcool de maneira abusiva em um longo período de tempo (meses), que pode gerar dependência química de ordem clínica, psicológica e social. Atualmente, outra classificação tem ganhado notoriedade entre os bebedores, o binge drinking ou abuso agudo de álcool, que

significa beber várias doses de álcool em um curto intervalo de tempo (JUNQUEIRA et al., 2013; CALAÇA, 2006; FREITAS, 2013). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que uma dose padrão contenha entre 10 e 12g de álcool puro, o equivalente a uma lata de cerveja ou chope (330 ml), uma taça de vinho (100 ml) ou uma dose de bebida destilada (50 ml).

O binge drinking é estabelecido internacionalmente em 5 doses ou mais para

homens e 4 doses ou mais para mulheres (LARANJEIRA et al., 2007). As estatísticas brasileiras sobre uso de álcool dentro desses padrões entre a população adulta, indica que 28% (33,6 milhões de pessoas) já bebeu dentro desse padrão pelo menos 1 vez no último ano. Destes, 40% pertencem ao sexo masculino e 18% ao sexo feminino (LARANJEIRA et al., 2007). Em 2012, esse número subiu para 59% de adultos praticantes do binge drinking, sendo 66% homens e 49% mulheres.

Além disso, foi relatado que a classe econômica menos favorecida é também aquela que mais ingere doses numa mesma ocasião (LARANJEIRA et al., 2014), podendo causar sérios problemas econômicos, sociais e de saúde, inclusive com sérios danos ao Sistema Nervoso Central (SNC).

1.1 Efeitos do álcool no cérebro

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déficits neuropsicológicos encontrados nos apreciadores de álcool. Dependendo de alguns fatores como a gravidade do comprometimento, idade e os distúrbios clínicos envolvidos, a recuperação dos problemas é possível. Uma avaliação neurocognitiva pode ser um instrumento útil para a detecção dos possíveis problemas causados pela ingestão de bebida alcoólica, principalmente em excesso (CUNHA, 2004). Barroso, Mendes e Barbosa (2013) esclarecem que:

[...] O álcool atua como depressor do Sistema Nervoso Central, interagindo no sistema de neurotransmissores, potenciando a ação do ácido gama-aminobutírico (GABA), um importante neurotransmissor inibitório, e inibindo a ação do glutamato, um importante neurotransmissor excitatório. Estas ações interferem como depressor do funcionamento cognitivo e motor. (BARROSO; MENDES; BARBOSA, 2013).

Ainda segundo esses autores, o álcool também interfere no aumento das atividades de determinadas áreas cerebrais, designadamente na liberação de endorfinas, o que induz um estado transitório de euforia, podendo com o efeito, reforçar o desejo de consumir álcool (BARROSO; MENDES; BARBOSA, 2013).

Em um estudo com jovens de idade entre 16 a 19 anos, Squeglia et al. (2011) observaram que o consumo de álcool está associado a diferenças específicas na ativação do córtex frontal, temporal e córtex cerebelar, prejudicando o desempenho cognitivo. Este estudo estabelece ainda que em relação ao consumo excessivo de álcool, jovens do sexo feminino são mais vulneráveis aos efeitos neurotóxicos do álcool quando expostas durante a adolescência, enquanto os jovens do sexo masculino são mais resistentes aos efeitos deletérios do consumo excessivo.

Em outra pesquisa recente, desenvolvida por Squeglia e colaboradores (2015), foi detectado a diminuição do desenvolvimento das substâncias cinzenta cortical e da substância branca do corpo caloso de adolescentes que consomem álcool em comparação a adolescentes abstinentes. Além disso, constatou-se que indivíduos do sexo feminino e masculino apresentam padrões semelhantes de anormalidades estruturais encefálicas, com prejuízo no desenvolvimento de tarefas comportamentais, na atenção e na memória de trabalho (SQUEGLIA et al., 2015).

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adolescência gera mudanças na neurobiologia do hipocampo, gerando déficit cognitivo, perda de memória e aumentando a probabilidade de desenvolvimento de psicopatologias tardias (VETRENO; FULTON, 2015). A recuperação da memória também é prejudicada no dia seguinte após uso e abuso de álcool (VESTER et al., 2003).

Imagens cerebrais e estudos relacionados ao abuso de álcool têm demonstrado que o consumo abusivo durante a adolescência e início da vida adulta pode levar a pequenas e significativas deformidades na estrutura e na função do cérebro. Entre elas, a redução do volume do hipocampo, a diminuição da substância branca, atraso da resposta neural durante o processamento de informações e redução da resposta do cérebro durante tarefas que exigem memória de trabalho (TAPERT; CALDWELL; BURKE, 2004). Coincidentemente, na adolescência também ocorre o amadurecimento das faculdades cognitivas, aumento de plasticidade cortical e do sistema límbico, além da produção de novos neurônios na região do hipocampo (VETRENO; FULTON, 2015). Todos esses processos apontam para a necessidade de maior atenção durante esta fase.

1.2 Comportamento do adolescente

De acordo com o Art. 2º do Estatuto da Criança e Adolescente ECA (1990) admite-se adolescente, para os efeitos desta Lei, a pessoa entre doze e dezoito anos de idade. Nesta fase, ocorrem modificações hormonais, sua imagem corporal ainda não se encontra estabelecida constituindo busca da independência e de identidade, gerando uma tendência à indisciplina e desorganização (FEIJÓ;

OLIVEIRA, 2001). Segundo Barroso e colaboradores (2013), “este estágio é

caracterizado pela perda do mundo infantil, em que são comuns as dificuldades de

partilha e o descumprimento de regras”. Além disso, ainda podem sofrer pressão

socioeconômica, influência de vários tipos de mídia (televisão, internet, cinema, vídeo game e músicas), vitimização ou abuso físico e sexual, tudo isso, enquanto se preparam fisicamente e psicologicamente para a vida adulta (FEIJÓ; OLIVEIRA, 2001).

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2009). Quanto mais precoce o início de uso de álcool, maior o risco de dependência e também de surgirem consequências graves ocasionando problemas para o usuário, seus familiares e pessoas com quem convivem (PECHANSKY; SZOBOTA; SCIVOLETTOB, 2004).

Estudos apontaram que, em média, 55% dos estudantes relataram ter consumido bebidas alcoólicas nos últimos 12 meses (VIEIRA et al., 2007; LARANJEIRA et al., 2007; TAVARES, 2001), sendo que 41% das crianças com faixa etária entre 10 e 12 anos já experimentaram álcool ao menos uma vez na vida. Em relação ao início da experimentação, 99% dos adolescentes o fizeram antes de completar 18 anos de idade (VIEIRA et al., 2007) e o consumo no último mês foi referido por 23% dos adolescentes (STRAUCH et al., 2009). Além disso, quase 35% consomem bebida alcoólica pelo menos uma vez por ano e 24% bebem pelo menos uma vez por mês.

Para adolescentes, o número de doses é tão importante quanto à frequência em que bebem. Entre os meninos que ingeriram álcool no último ano, 27% consumiram 3 doses ou mais por situação e 25% consumiu 5 doses ou mais, contrastando com 11% de meninas (LARANJEIRA et al., 2007). Diante dos dados apresentados, faz-se necessário um estudo da influencia midiática a qual esses jovens estão sendo expostos, bem como uma análise do perfil e histórico familiar em que os adolescentes estão inseridos.

1.3 Influência familiar e midiática

Segundo Bandura (2008), as pessoas podem aprender comportamentos, valores e crenças a partir do exemplo de outrem, imitando o comportamento observado. O processo de aquisição de novos comportamentos em decorrência da imitação de pautas de condutas a partir de modelos é chamado modelação. Ademais, a exposição a um modelo pode ter efeitos como aprender novas respostas, inibir ou desinibir respostas que estavam esquecidas ou ainda instigar, produzindo respostas similares a de um modelo. De toda forma, o comportamento alheio interfere na conduta de cada um, de forma benéfica ou prejudicial (BANDURA, 2008 p.124).

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visualizado de modo indiscriminado. O primeiro contato com o álcool se dá, na maioria das vezes, no contexto familiar, confirmando a influência de familiares próximos como fator determinante para o consumo de álcool (BARROSO, MENDES e BARBOSA 2013).

A família exerce um papel fundamental no desenvolvimento e amadurecimento da criança, determinando funções e comportamentos sociais pertinentes para toda vida. Ela atua diretamente na prevenção e na promoção da resiliência (SCHENKER; MINAYO, 2005). Além disso, pais saberem onde os filhos se encontram quando não estão com eles (FARIA et al., 2011) ou ter um membro próximo da família com história de abuso de álcool podem ser considerados fatores de proteção, de modo que os indivíduos bebam menos ou até nem o faça (HARRINGTON; VELICER; RAMSEY, 2014). Contudo, o fator econômico (salário), a baixa escolaridade, pais bebedores e a ausência da figura paterna atuam como fatores de risco determinantes para a indução ao consumo de álcool e cigarro no ambiente familiar (RUIZ; ANDRADE, 2005).

Por outro lado, existe claramente o problema em relação à mídia. Pesquisas apontam que os adolescentes brasileiros mais expostos às propagandas de cerveja são aqueles que mais gostam delas e, consequentemente, consomem álcool em maiores quantidades em relação àqueles menos expostos, ainda que menores de idade (VENDRAME et al., 2009). Ainda, alunos do ensino fundamental associam propagandas de bebidas alcoólicas ao consumo de cerveja e quanto mais eles prestam atenção nos comerciais, mais o consumo de bebida aumenta (FARIA et al 2011).

Certamente a família e a mídia não são as únicas causas diretas do consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes em idade escolar. Porém, um conjunto de medidas poderia contribuir para redução dos números de jovens que consomem álcool regularmente. A responsabilidade social da indústria do álcool e da família não pode ser negligenciada pela legislação vigente. Portanto, a promoção de comportamentos saudáveis pode até se iniciar com a família, mas grande parte da educação para a saúde ocorre na fase escolar e pode continuar ainda na faculdade, no ambiente de trabalho, no trânsito e também no convívio social (PRECIOSO, 2004).

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De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a escola, mesmo com todas as suas contradições e limitações, ocupa um espaço privilegiado na vida dos adolescentes e jovens, influindo, intencionalmente ou não, na construção de suas identidades e projetos de vida (BRASIL, 1998). É na escola que os diferentes grupos de jovens se encontram, cada qual com sua experiência de vida, demarcando seus territórios como forma de organização paralela em que a prática do consumo de alguma droga passa a ser o caminho para pertencer a um grupo. (AQUINO, 1998 p.40).

A problemática do consumo de álcool e outras drogas, principalmente entre adolescentes, é um dos temas emergentes que mais vem demandando uma ação da escola (BRASIL, 1998). A proposta do Ministério da Educação, no contexto dos PCNs para o Ensino Fundamental e Ensino Médio é oferecer uma educação comprometida com a cidadania, elegendo alguns temas de relevância social, como saúde, violência, consumo de álcool, drogas e suas consequências, preconceitos, meio ambiente entre outros. O local apropriado para que se ocorra aprendizagem é a escola e o professor é o profissional dedicado a exercer a mediação entre o conhecimento e o aluno. Isso irá proporcionar desenvolvimento e compreensão de mundo para que possam coletar e processar informações, desenvolver sua comunicação, avaliar situações, tomar decisões e ter atuação positiva e crítica em seu meio social (BRASIL, 1998).

Uma escola efetivamente inclinada na promoção da saúde deve desenvolver projetos, trabalhos e métodos eficazes que permitam o aumento da criticidade do aluno sobre a temática das drogas lícitas ou ilícitas, corroborando com estudos acerca do uso do álcool (CARVALHO e CARLINI-COTRIM, 1992; CLEMENTE et al., 2005; MOREIRA, 2005; ARALDI et al., 2012). Além disso, programas de formação continuada que resultem no aperfeiçoamento de professores, auxiliando na prevenção do consumo excessivo de álcool, ou pelo menos, atrasando a idade de iniciação, precisam ser desenvolvidos (REYES et al., 2013) e implementados.

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desenvolvimento das competências necessárias à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente (BRASIL, 1990).

A utilização de álcool por jovens e adolescentes em idade escolar tornou-se um problema de saúde, sociocultural e econômico (STRAUCH et al, 2009). O desenvolvimento de programas de prevenção no espaço formal de ensino visa a união da saúde com a escola (BARROSO, MENDES e BARBOSA, 2013). Projetos de incentivo, informação e capacitação de professores para atuarem na prevenção do uso de álcool pelos alunos envolvem ações dirigidas como palestras e elaboração e projetos pedagógicos (CLEMENTE et al., 2005).

A escola constitui um importante espaço para o aprendizado em saúde e educação, pois os alunos tornam-se potenciais multiplicadores de atitudes e conhecimentos (BRASIL, 2007). Todavia, a educação em saúde necessita de profunda renovação e afirmação das ações de promoção da saúde, que incluem, em todo âmbito, a teoria e prática da informação, educação e comunicação. Uma capacitação adequada do pessoal é indispensável para assegurar seu êxito (MARCONDES, 1972; BUSS, 1999; LEONELLO, 2006). Notadamente, mesmo com o avanço do tempo, a necessidade de melhoria na formação do profissional ligado diretamente à saúde na escola é essencial.

Segundo Clemente (2005), mesmo diante das dificuldades, os docentes se mostram receptivos aos projetos, articulando ações em sala de aula e aumentando o vínculo entre saúde e escola. No entanto, para auxiliar as práticas educativas docentes na prevenção do uso de álcool pelos adolescentes, o professor, cotidianamente, deve reconhecer a existência do abuso de álcool pelos alunos (MOREIRA, 2005). A maioria dos coordenadores pedagógicos e também os próprios docentes consideram que os professores fazem esse reconhecimento, no entanto, não estão preparados para lidar com este assunto e por isso delegam a tarefa a outros profissionais ou órgãos, como Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD) ou psicólogos (MOREIRA, 2005; ARALDI et al., 2012). Faz-se

necessário “um trabalho mais constante e prolongado com os professores para que

de fato eles se tornem agentes multiplicadores na divulgação de informações corretas e apropriadas sobre o uso de álcool na construção de ações intersetoriais

psicossociais” (CLEMENTE et al,. 2005).

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técnicas científicas com a realidade vivida por eles, para que efetivamente ocorra sensibilização sobre os prejuízos do consumo de álcool. Segundo Barroso, Mendes e Barbosa (2013), com o conhecimento sobre o assunto sobre os prejuízos causados pelo álcool, o aluno será capaz de fazer um discernimento mais eficiente, podendo optar pelo melhor caminho a seguir, que seria a não experimentação ou a não utilização de bebida alcoólica. Entretanto, o professor apresenta pouca iniciativa referente à proposição e execução de ações preventivas contra o uso abusivo de álcool (ARALDI et al., 2012), não por medo de repressão, mas por falta de preparo, comodismo, escassez de recursos e incentivos (MOREIRA, 2005) ou ainda, falta de consciência que o álcool acarreta prejuízos graves.

Segundo Pelizzari et al (2002), o próprio educador, praticante da sua área de conhecimento, é uma ferramenta do saber do aluno, e reforça ainda:

Se ele for apaixonado pela sua área de conhecimento e for capaz de encantar, o aluno poderá talvez perceber que existe algo pelo qual alguém de fato se interessou e que talvez possa valer a pena seguir o mesmo caminho. Mas se essa não for a realidade vivida pelo professor, se ele apenas transmitir aquilo que leu nos livros, por mais que ele fale de determinado assunto, todo corpo estará dizendo o contrário e o aluno provavelmente terá aquele conhecimento como algo para apenas ser cumprido, porque a mente humana é capaz de fazer leituras bastante profundas dos detalhes aparentemente insignificantes, mas que certamente têm um grande poder de semear profundo significados (PELIZZARI et al., 2002).

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1.5 Abordagem do álcool nos livros de ciências

Os professores utilizam o livro didático como o instrumento principal que orienta o conteúdo a ser administrado, a sequência desses conteúdos, as atividades de aprendizagem e avaliação para o ensino das ciências. Indiscutivelmente, o uso do livro didático é um instrumento muito utilizado para o ensino e aprendizagem, no

entanto, é necessária uma avaliação cuidadosa dos conteúdos trazidos por ele. “Na

maioria dos casos, os livros até então analisados discorrem superficialmente sobre o alcoolismo e ou tabagismo, não evidenciando o fato de que o sistema imunológico

seja afetado propiciando o surgimento de patologias” (MONTAGNANI; MENEZES;

PINGE-FILHO, 2009).

Segundo Carlini-Cotrim e Rosemberg (1991), o álcool e tabaco são as drogas mais mencionadas em alguns livros de ciências e, de fato, ambos são as drogas mais usadas pelos estudantes. Normalmente aparecem incluídos nos capítulos sobre sistema respiratório (tabaco), digestivo (álcool) ou sistema nervoso (álcool e outras drogas). Entretanto, ao serem mais bem analisados, apresentam inúmeras inadequações. Os efeitos são tratados de forma genérica, sem que haja especificação de doses, padrão de uso ou tipo de droga. Além disso, a incidência é tratada de modo impreciso e a prevenção é abordada de forma generalista. Quanto a imagens, as poucas ilustrações sobre consumo de bebida alcoolica presentes nos livros, trazem uma maioria quase absoluta de representação do sexo masculino, podendo causar uma falsa ideia de que o sexo feminino não se interessa por álcool ou drogas.

Além do exposto, Montagnani; Menezes; Pinge-Filho (2009) inferem que o efeito do álcool é citado apenas no estudo do fígado, onde cita-se a patologia clássica (cirrose hepática) e também no capítulo do sistema nervoso central, onde se classifica o álcool e outras drogas segundo a ação sobre o SNC, bem como enunciando suas patologias mais proeminentes.

(25)

Ao invés de se transmitirem precisões conceituais, dados sobre incidência, análise das causas e orientações para prevenção e tratamento, ocorre uma hipertrofia do efeito do uso de drogas, mais especialmente de sua dependência. Neste caso, pouco cuidado se tem com as informações objetivas, como o conceito ou a classificação das drogas. Foi possível ler

que “o alcoolismo é um termo usado para denominar os efeitos das bebidas

alcoólicas sobre o organismo” ou que “o álcool etílico, o ópio e a cocaína

seriam drogas euforizantes” (CARLINI-COTRIM e ROSEMBERG, 1991).

Diante do exposto, é um grande desafio abordar temas transversais de educação em saúde, tanto no livro didático quanto na sala de aula. Uma vez que o livro didático sozinho não apresenta alternativas eficientes para prevenção ao uso de álcool e outras drogas, a divulgação do conhecimento científico fica sob responsabilidade da escola e do professor, que precisam encontrar alternativas eficientes para que ocorra o aprendizado dentro da proposta do Ministério da Educação.

1.6 Sequência didática como ferramenta de ensino

As contribuições da didática de ensino são muito importantes para o objetivo da proposta final, o aprendizado. A importância do planejamento e execução do

conteúdo irá definir o sucesso ou insucesso das práticas. “A utilização de uma

sequência bem desenvolvida, em um contexto de sala de aula presencial, permite a troca de informações entre os colegas, sendo notória a construção de conceitos

durante esse processo”. Além disso, possibilita ao professor atuar como orientador

do processo junto ao aluno, modificando seu papel tradicional de expositor do conteúdo (GROENWALD; ZOCH; HOMA, 2009). Dessa forma, as sequências didáticas atendem ao formalismo metodológico do professor que pesquisa sua prática ao rigor teórico das ciências, e aos objetivos educacionais condizentes com o currículo, aprimorando o desenvolvimento argumentativo, crítico e moral dos alunos (SANTOS, 2001).

Na elaboração de uma sequência de ensino é necessário, além de embasamento, entender o processo motivacional de sua construção. A maneira de configurar as sequências de atividades é um dos traços mais claros que determinam

as características diferenciais da prática educativa. “Se realizarmos uma análise

(26)

que são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais (ZABALA, 2015 p11).

“Um procedimento, também chamado de regra, técnica, método, destreza,

habilidade, é um conjunto de ações coordenadas e com uma finalidade, quer dizer, dirigidas para a realização de um objetivo”. Neste caso, o objetivo é aprender a

realizar ações, que irão proporcionar maior desenvolvimento e entendimento por parte dos discentes. Dessa forma, ensinar algo que se aprende requer considerar a natureza específica dos conteúdos procedimentais (ZABALA, 2016 p11-15). Por isso, o procedimento de elaborar e aplicar uma sequência didática requer mais que planejamento.

Segundo Zabala (2015), é preciso propor aos alunos exercícios e atividades que ofereçam o maior número de produções e condutas para que as informações sejam processadas, a fim de que oportunizem todo tipo de dados sobre as ações a empreender. O autor infere ainda que é preciso:

Mover-se nos parâmetros de referências metodológicas extremamente abertas à participação do aluno para conhecer o processo que cada um segue. Procurar fórmulas organizativas que permita a atenção individualizada, o que implica o planejamento estruturado de atividades em pequenos grupos ou individualmente, para que exista a possibilidade de atender a alguns alunos enquanto os demais estão ocupados em suas tarefas. Tudo isso deve permitir a individualização do tipo de ajuda, já que nem todos aprendem da mesma forma nem no mesmo ritmo e, portanto, tampouco o fazem com as mesmas atividades (ZABALA, 2015 p76).

(27)

2 JUSTIFICATIVA

(28)

O grande número de incidentes associados ao abuso do álcool, o aumento do número de mortes em acidentes de trânsito, a recorrência de agressões físicas e

verbais entre indivíduos alcoolizados e também o aumento de DST’s devido a prática de relações sexuais sem preservativos merecem um olhar mais atento das autoridades. Todos esses problemas possivelmente gerados pela falta de conhecimento dos jovens sobre os efeitos do uso e abuso de álcool podem ser sanados em longo prazo, promovendo a integridade física e mental desses adolescentes, reduzindo gastos com tratamentos de saúde e melhorando a qualidade de vida dos futuros trabalhadores e motoristas.

O Ministério da Educação e da Saúde, por meio de um decreto presidencial, instituíram o Programa Saúde na Escola (PSE), que busca a integração e a articulação permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde, com a participação da comunidade escolar, envolvendo as equipes de saúde da família e da educação básica. O programa apresenta como principal meta contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde, ampliando o alcance das ações do Sistema Único de Saúde (SUS) através de intervenções que contemplam os estudantes e suas famílias. Com isso, visa-se fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades no campo da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar, bem como prevenir e reduzir o consumo de álcool e de outras drogas (BRASIL, 2007).

Uma vez que as equipes de saúde da família não estão presentes no cotidiano escolar, cabe ao professor e à escola desenvolverem estratégias de melhoria no ensino da educação em saúde. A escola é um local privilegiado para realizações de intervenções, no entanto, pesquisa realizada entre professores e gestores escolares constatou que 85% desses profissionais não se sentem capacitados para abordar o tema na escola e que 92% dos professores apresentam interesse em receber informações acerca dos efeitos do álcool no corpo e sobre como trabalhar o tema com os alunos (ROMANO et al., 2012).

(29)

também contribui para o consumo de bebidas alcoólicas. Os jovens expostos a propagandas de bebidas alcoólicas fazem relação entre os comerciais e a vida real (FARIA et al., 2011). Por isso, sobretudo nos países em desenvolvimento, em que o uso e abuso dessa substância vêm apresentando tendências ao consumo de risco (OMS, 2005), surge a necessidade de intervenções e medidas educativas de prevenção e promoção da saúde direcionadas à jovens e adolescentes.

Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo averiguar como uma sequência didática pode influenciar a compreensão das consequências do abuso agudo de álcool entre adolescentes do ensino médio. Pretende-se com isso, investigar as falhas conceituais e os conhecimentos adquiridos após aplicação de atividades diferenciadas, visando apontar as lacunas, bem como uma forma eficiente de aperfeiçoar a aprendizagem dos estudantes que consomem ou não bebidas alcoólicas.

3 OBJETIVOS

3.1 - Objetivo Geral

Ampliar o conhecimento de alunos do primeiro ano do ensino médio sobre os efeitos do abuso agudo de álcool no cérebro, verificando também possíveis mudanças conceituais e comportamentais sobre o consumo de bebidas alcoólicas após intervenções pedagógicas diferenciadas.

3.2 - Objetivos Específicos

(30)

 Aumentar o nível de conhecimento dos alunos a partir de aula expositiva interativa.

 Desenvolver, aplicar e avaliar uma oficina pedagógica por meio de aula expositiva dialógica, utilizando texto para discussão.

 Propor alternativas para a educação em saúde, especialmente sobre uso e abuso de álcool através de uma sequência didática, que constituirá o produto deste Mestrado Profissional em Ensino de Ciências.

 Produzir um roteiro preliminar, que será transformado, posteriormente, em vídeo de animação educativo e poderá constituir um dos subprodutos desta dissertação.

4 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de campo com abordagem mista (qualitativa e quantitativa), que visa investigar, esclarecer, construir e documentar atitudes e comportamentos, a fim de responder ou solucionar os questionamentos da pesquisa, previamente estabelecidos. “Uma pesquisa em educação em ciências é entendida

como a produção de conhecimentos, resultantes da busca de respostas a perguntas

sobre ensino, aprendizagem, currículo e contexto educativo em ciências”

(MOREIRA, 2011 p.73).

(31)

1. Consentimento da escola e professora

2. Consentimento dos pais e alunos

3. Aplicação do questionário pré-teste

4. Aula expositiva dialógica

6. Redação da carta e discussão em grupo

7. Elaboração de roteiro escrito

8. Aplicação do questionário pós-teste

9. Apresentação dos resultados para a escola

10. Conclusão do trabalho 5. Leitura e discussão de texto

Figura 1: Etapas do desenvolvimento do projeto

4.1 Local

O trabalho foi realizado em uma escola pública da Rede Estadual de Ensino, na região Oeste de Belo Horizonte/MG. A cidade está situada na região Centro-Sul de Minas Gerais, com população de 2.491.109 habitantes e uma área de unidade territorial de 331,401 Km2 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSICA, 2014).

(32)

4.2 Plano amostral

Para definição da amostra foi adotada uma técnica probabilística de amostragem aleatória simples, a qual permite a mesma oportunidade de participação para todos os elementos que compõem o grupo. Como a população escolar escolhida é finita, optou-se pelo método Poisson, uma vez que ele permite converter médias numa probabilidade para resultados variáveis. A população alvo foi de 180 alunos do 1º ano do Ensino Médio, matriculados no turno da manhã. A margem de erro utilizada foi de 10 pontos percentuais para mais ou para menos. A proporção para o cálculo se deu em 0,5 e a confiabilidade manteve-se em 95%. O tamanho mínimo da amostra para esses padrões se definiu em 52 participantes.

Foram convidados a participar do chamado “Projeto de Prevenção ao uso de álcool” todos os alunos matriculados no 1º ano do Ensino Médio no turno da manhã, que se subdividem em 6 turmas. No entanto, apenas parte dos alunos, aleatoriamente, se interessou em participar da pesquisa. No total, aceitaram

participar do “Projeto de prevenção ao uso de álcool” 56 alunos, distribuídos entre as turmas:

Turma A B C D E F Total

Nº alunos 24 12 1 3 5 11 56

Tabela 1: Número de alunos participantes por turma

4.3 Critérios de Inclusão e Exclusão

Os critérios de inclusão dos alunos foram estudantes regularmente matriculados no primeiro ano do ensino médio da referida escola, de ambos os sexos. O público escolhido foi devido ao fato dos alunos nesta faixa etária já terem tido acesso ou experimentado bebidas alcoólicas (LARANJEIRA et al., 2007; STRAUCH et al., 2009; PECHANSKY; SZOBOTA; SCIVOLETTOB, 2004).

(33)

matutino foi escolhido intencionalmente, devido à maior probabilidade de identificarem-se estudantes que se enquadram nos critérios de inclusão.

Do total de 56 alunos, foi excluído um questionário, pois o aluno apresentava idade superior a 18 anos (N=55). Houve ainda respostas em branco para algumas questões que foram ajustadas pelo programa estatístico utilizado e caracterizadas

como “omisso sistema”, o que pode ser observado na apresentação dos resultados.

4.4 Instrumentos

Para a coleta de dados, foi aplicado um questionário pré-teste (ANEXO I), com intuito de verificar o perfil dos alunos, seus padrões de consumo e também o nível de conhecimento sobre os efeitos do álcool no cérebro e a prática do binge

drinking. As perguntas do questionário foram adaptadas a partir de um guia prático

para educadores, elaborado pelo programa “Movimento pé no chão”, que foi

desenvolvido e aplicado pelo governo do estado de São Paulo. O projeto piloto apresentou parceria com a Secretaria de Saúde, Secretaria de Educação e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

A aplicação do questionário ocorreu na última semana do mês de junho de 2016, semana das provas bimestrais, logo após o recreio. Os sujeitos desta pesquisa foram instruídos a se encaminharem para uma sala separada, para não interferirem nas atividades dos estudantes que não tiveram interesse em participar. Após responderem ao questionário, foram liberados pela direção da escola, juntamente com os demais alunos. Na sequência, a escola entrou no período chamado recesso escolar de julho.

Com o retorno das atividades escolares na primeira semana de aula do mês de agosto, foram retomadas as atividades. Para aumentar o conhecimento dos alunos a partir de aula expositiva interativa, foi apresentada uma palestra sobre os efeitos do álcool no cérebro do adolescente. A palestra abordou dados científicos, como idade de experimentação e consumo, conceito e danos causados pelo binge

drinking, os efeitos em longo prazo do álcool no organismo, principalmente no SNC

e também os efeitos imediatos do uso e abuso de álcool.

Baseando-se na Pirâmide de Edgar Dale (1969), foi utilizado o recurso visual

do Power Point, de modo que os alunos pudessem ver, participar, perguntar e

(34)

era premiado com uma bala de caramelo. Devido ao grande número de faltosos, foi necessária apresentação em dois momentos distintos.

Com base em um texto de linguagem fácil (ANEXO II), retirado de uma revista

eletrônica, sobre “como o álcool age no corpo” e influencia nas atitudes posteriores

ao consumo, foi realizado um debate, no formato de grupo de discussão (VASCONCELOS, 2011). Os alunos, sentados em círculo, receberam o texto ilustrado, e foram orientados a ler em silêncio. Em seguida, o texto foi lido em voz alta e todos acompanharam a leitura. Com a pergunta motivadora escrita no quadro

“Qual o órgão mais prejudicado com os efeitos do álcool? ”, abriu-se o debate. Os alunos foram divididos em dois grupos para adequação ao espaço físico da sala bem como para oportunizar a participação de todos os envolvidos. Com uma discussão embasada em conhecimentos prévios e nas vivências dos próprios adolescentes, logo se segregaram as opiniões acerca do posicionamento contra ou a favor do uso e abuso de álcool.

Em seguida, foi então solicitado que os alunos elaborassem uma carta de despedida aos familiares (ANEXO III), mediante suposição de estarem enfermos e necessitarem viajar para tratamento. O objetivo era unir o conhecimento adquirido a emoção, para que pudessem acrescentar seus conhecimentos prévios ao texto desenvolvido. A atividade proposta contava com mínimo de 10 linhas e máximo de 17 linhas, para tentar não os desmotivar na produção.

Em outro momento, os estudantes foram reunidos em grupo de 3 a 5 componentes e orientados a desenvolver um roteiro de vídeo de animação educativo para crianças ou adolescentes, baseado nos trabalhos da Universidade das Crianças. Os alunos foram orientados a escrever um roteiro divertido, prático, com linguagem fácil, de modo a se tornar educativo a todos os possíveis públicos. Este roteiro de vídeo educativo constituirá um dos subprodutos desta dissertação e se encontra descrito integralmente ao final do trabalho (ANEXO IV).

Ainda, para mensurar os conhecimentos adquiridos durante as atividades e possíveis mudanças de padrões de consumo, foi aplicado um questionário pós-teste (ANEXO V) aos alunos participantes. A aplicação do questionário ocorreu na última semana do mês de setembro de 2016, também durante o período de provas bimestrais, mantendo o formato da aplicação do pré-teste.

(35)

abordagens investigadas (conhecimento dos alunos, elaboração do roteiro preliminar que servirá de base para confecção de vídeo de animação educativo e verificação do conteúdo aprendido e grupo de discussão). Com isso, pretende-se superar as debilidades inerentes ao uso de um único método ou um único instrumentos de pesquisa (MOREIRA, 2011).

Ao finalizarmos as práticas, tabulações e triangulações dos dados, será necessário o retorno à escola para exposição dos resultados, conclusões e discussões que a pesquisa encontrará, visto que os alunos, participantes ou não, são os interessados diretos nos produtos da pesquisa.

4.5 Análise e interpretação dos resultados

Para análise descritiva das informações da amostra estudada, foi elaborado um banco de dados, utilizando-se o programa da IBM (International Business

Machines), o Statistical Package Social Science (SPSS), versão 24. Na elaboração

do banco de dados, foi realizada a prática de conferência dupla para minimizar possíveis erros de digitação e consequentemente erros na pesquisa. Em seguida foi utilizado o software GraphPad Prism, na versão 6.0 apenas para confecção dos gráficos.

Posteriormente, para atender ao primeiro objetivo específico “Verificar o nível

de conhecimento de alunos do primeiro ano do ensino médio sobre os efeitos do

consumo excessivo de álcool e seus prejuízos para o cérebro”, utilizou-se estatística descritiva, através de proporções e médias, depois de também utilizar o banco de dados do IBM para cruzamento das informações.

4.6 Procedimentos éticos

(36)

participantes assinaram termos de assentimento e consentimento para respaldar legalmente os alunos e a presente pesquisa.

Inicialmente, foi realizado contato com a direção da escola a fim de se apresentar detalhadamente a proposta de trabalho, juntamente com o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) a ser assinado pela direção da escola.

Contando com o apoio destas, foram esclarecidos os objetivos a todos os professores, alunos do ensino médio e equipe pedagógica, aos quais foram também apresentadas as propostas com aval estabelecido por termo de assentimento livre e esclarecido (TALE) pelos alunos, termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) de seus responsáveis e pelo professor titular da disciplina de ciências.

Todos os registros produzidos durante a pesquisa ficarão guardados sob a responsabilidade da orientadora da pesquisa, Profª. Drª. Luciana Hoffert Castro Cruz, em sua sala no Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB) da Universidade Federal de Ouro Preto e apenas poderão ser consultados por pessoas diretamente envolvidas na pesquisa. Tais registros serão destruídos após cinco anos da publicação da dissertação.

(37)

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Caracterização da amostra

A amostra final (n=55) foi composta por 36,4% de estudantes do sexo masculino e 63,6% do sexo feminino, com média de idade de 15,53 anos, corroborando com estudos de Botvin, Cristopher e Kenneth (2015). A maioria dos estudantes se declararam pardos, totalizando 52,7%. Consideraram-se brancos 25,5% dos estudantes e, apenas 14,5% se declaram negros. Os amarelos e indígenas somaram 7,2% conforme Tabela 2. A idade dos alunos pesquisados se manteve entre 14 e 17 anos de idade, em conformidade com pesquisa brasileira realizada por Laranjeira et al. (2007).

Tabela 2- Caracterização da amostra de estudantes do 1º ano do ensino médio

Frequência Porcentagem

Válido Branca 14 25,5

Preta / Negro 8 14,5

Parda 29 52,7

Amarela 2 3,6

Indígena 2 3,6

(38)

A figura 2 apresenta o número de adolescentes que já experimentou ou não bebida alcoólica.

V o c ê já e x p e r im e n t o u a lg u m a b e b id a a lc o ó lic a ?

%

Sim Nã o

0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 2- Experimentação de bebida alcoólica na vida entre estudantes do 1º ano do ensino médio

A grande maioria (90%) dos alunos deste estudo já teve o primeiro contato com o álcool, sugerindo aumento de consumo durante a vida, se comparado aos estudos de Vieira (2007) que avulta 62% e Botvin (2015) que aponta 50%. Outro fator importante é a idade da experimentação. Quase 23% dos jovens apontam idade de início aos 12 anos de idade, corroborando com achados de Montagnani (2009), que observou maior prevalência de experimentação na faixa etária de 12 a 13 anos e também indicando diminuição na idade, conforme alertou Laranjeira, em 2007.

Quando questionados sobre a idade da experimentação, entre os estudantes que já experimentaram algum tipo de bebida alcoólica, 72,7% lembram a idade que ocorreu o primeiro contato. Destes, 22,9% apontam idade de início aos 12 anos. Porém, este estudo revela que, 8,6% dos alunos experimentaram álcool entre 9 e 11 anos de idade (antes dos 12 anos) e 32,1% experimentaram entre 13 e 15 anos. No total, 63,6% dos estudantes experimentaram bebida alcoólica antes dos 15 anos de idade, conforme tabela 3.

Frequência Porcentagem Porcentagem válida

Válido Nunca tomei 5 9,1 9,1

Entre 9 e 15 anos 35 63,6 63,6

Não lembro 15 27,3 27,3

Total 55 100,0 100,0

(39)

Também é importante ressaltar que, entre os jovens que já experimentaram bebida alcoólica, 47,2% fez uso de álcool nos últimos 30 dias e 69,1% deles ingeriram algum tipo de bebida alcoólica nos últimos 12 meses.

5.2 Padrão de consumo binge drinking

Quando questionados sobre o que indicava o padrão binge drinking (abuso

agudo), 29,8% da amostra válida respondeu que é beber em grande quantidade, de maneira mais concentrada, em um intervalo de tempo reservado só para essa finalidade. No entanto, 70,2% dos estudantes não sabiam ao certo do que se tratava e destes, 48,9% acreditam que praticam o binge drinking quem já bebeu o suficiente

e precisa parar antes que se inicie a embriaguez, não estabelecendo número de doses. Os omissos no sistema somaram 14,5% da amostra.

Os dados revelam que mesmo sem conhecimento acerca do conceito de

binge drinking ou abuso agudo, mais de 49,1% já fizeram uso de cinco doses ou

mais de bebida alcoólica numa mesma ocasião conforme figura 3. Além disso, 32% deles afirmaram que já fizeram ingestão de algum tipo de bebida alcoólica, mesmo não fazendo dentro dos padrões de binge drinking.

V o c ê já to m o u 5 d o s e s o u m a is d e b e b id a a lc o ó lic a n u m a m e s m a o c a s iã o ?

%

Sim Nã o

Nã o lem

b ro 0

2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

(40)

Entre os alunos que praticaram o binge drinking, 34,6% o fizeram durante o

mês anterior a pesquisa e 41,8% no último ano. Para mais, dentre os praticantes do

binge drinking, se destacaram a preferência pela vodca, cerveja, vinho ou batida e

ice, respectivamente.

Realizando o cruzamento entre os gêneros e abuso agudo, pode-se inferir que a pesquisa não apontou diferenciação significativa entre meninos (51,4%) e meninas (48,6%). A diferença se deu apenas em recordar se já praticaram ou não o

binge drinking, somando 11% das meninas que não se recordam, e apenas 5% dos

meninos que afirmaram não se lembrar.

Outro fator importante em relação ao uso e abuso de álcool pelos adolescentes, é onde esse consumo ocorre. A figura 4 denota que, entre os alunos

que se lembraram, 18,2% estavam na “balada”, no bar ou em casa noturna. 9,1%

dos jovens apontam que estavam em casa de amigos ou conhecidos e 4,5% disseram estar na casa de familiares. Outros locais foram apontados por 15,9%

estudantes, entre eles festa junina, baile “funk”, Praça da Liberdade, “resenhas”, na

rua, no carnaval e até em excursão escolar.

(41)

S e v o c ê já b e b e u 5 d o s e s o u m a is n u m a m e s m a o c a s iã o , o n d e v o c ê e s ta v a n a ú ltim a v e z q u e is s o a c o n te c e u ?

%

Nu n c a b

e bi

Nu n c a b

e bi 5 do s

e s o u m

a is

Ba l a da ,

ba r ou

c as a no t

u rn a

Ca s a d e

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ou c on h

e cid o s

Ca s a d e

fam ilia r

e s

Nã o lem

b ro Ou t

ros 0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 4- Local da ingestão de binge drinking drinking entre estudantes do 1º ano do ensino médio

A figura 5 evidencia o resultado sobre o questionamento acerca da companhia que o aluno se encontrava no momento do uso e abuso do álcool. Entre os alunos que se propuseram a responder essa questão, 2,2% afirmaram estar na companhia de familiares adultos, contudo, 40,0% declararam estar na companhia de amigos ou colegas.

S e v o c ê já b e b e u 5 d o s e s o u m a is n u m a m e s m a o c a s iã o , c o m q u e m v o c ê e s ta v a n a ú ltim a v e z q u e is s o a c o n te c e u ?

%

Nu n c a b

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Nu n c a b

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Am igo s

ou c ole

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Nã o lem

b ro Ou t

ros 0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 5- Companhia no momento do binge drinking entre estudantes do 1º ano do ensino médio

(42)

Em relação à frequência nas aulas no último mês (30 dias), a maioria dos alunos (58,2%) afirma que não faltou às aulas sem autorização dos pais ou responsáveis. Todavia, a soma do número de alunos que o fizeram, ao menos uma vez é de 41,8% (Figura 6).

N o s ú ltim o s 3 0 d ia s , q u a n to s d ia s v o c ê fa lto u a a lg u m a a u la s e m a u to r iz a ç ã o d o s s e u s p a is o u r e s p o n s á v e is ?

%

Nã o falte

i

F alte i de

1 a 3 d i

a s

F alte i de

4 a 8 d i

a s

F alte i 9 d

ias o u m

a is

0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 6- Faltar à aula sem autorização dos pais ou “Matar aula” entre estudantes do 1º ano do

ensino médio de escola pública de Belo Horizonte MG, 2016.

No tocante a deixar de estudar para sair ou divertir-se, colocando os estudos em segundo plano, 52,7% dos estudantes já o fizeram e destes, 18,2% fizeram e ingeriram bebidas alcoólicas. Este resultado pode indicar falta de interesse pelos estudos.

Analisando a situação de avaliação do aprendizado em ambiente escolar (prova) apontada na figura 7, constata-se uma minoria (14,5%) preocupada com os estudos. Contrariamente, 32,7% dos estudantes reconheceram que não estudam

antes das provas, assinalando a frase “não costumo estudar antes das provas”. Esta postura gera preocupação e reflexão sobre a localização do erro e a distância que o

separa da solução do problema da avaliação escolar. “A avaliação escolar pode ter

efeitos deletérios na relação que se estabelece entre os alunos e os objetos de conhecimento em questão. A partir dos relatos dos sujeitos participantes, é possível reafirmar que a avaliação se constitui em um dos pontos nevrálgicos do nosso

(43)

V o c ê já d e ix o u d e e s tu d a r p a r a u m a p r o v a p o r q u e q u e r ia s a ir p a r a s e d iv e r tir o u ir p a r a u m a fe s ta ?

%

Sim , m

a s n ã o in

g eri be b

ida a lc o

ó lic a

Sim e in

g eri be b

ida a lc o

ó lic a

Nã o , se m

p re e stu

d o a n te s

da s pro

v as

Nã o co s

tum o e s

tud a r a n

tes d as

p ro v a s 0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 7- Deixar de estudar para se divertir ou ir em uma festa entre estudantes do 1º ano do ensino médio.

(44)

Q u a is o s d ia s d a s e m a n a v o c ê c o s tu m a s a ir p a r a c u r t ir c o m o s a m ig o s e fa z e r in g e s tã o d e b e b id a a lc o ó lic a ?

%

3 a fe ira

6 a fe ira

Sá b a do

Do m ing o 0

2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 8- Dias em que estudantes do 1º ano do ensino médio costumam sair para curtir com amigos e fazer ingestão de bebidas alcoólicas.

5.4 Riscos relacionados ao uso de álcool

(45)

Q u e r is c o s v o c ê im a g in a q u e c o r r e u m jo v e m q u e in g e r e b e b id a a lc o ó lic a fr e q u e n t e m e n te ?

%

Ne n h um

ris c o

Ris c o le

v e

Ris c o m

o de r a do

Ris c o g

rav e

Nã o se i

qu e ris

c o c o rre 0

2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 9- Riscos que um jovem corre ao fazer ingestão de bebida alcoólica citado por estudantes do 1º ano do ensino médio.

5.5 Consumo de outras drogas

Os dados abaixo (Figura 10) mostram o padrão de experimentação de outras drogas, apontando que 36,4% dos adolescentes já experimentaram outro tipo de droga que não fosse álcool. O número de alunos que não experimentaram nenhum outro tipo de droga é 61,8%, mas estudos explicitaram que os dependentes químicos, em sua maioria, consideram que o consumo da bebida alcoólica influencia

(46)

V o c ê já e x p e r im e n to u o u tr o s tip o s d e d r o g a s ?

%

Nu n c a e

x pe r ime n

tei d rog a

s

Sim , já

e xp e rim

e nte i dro

g as

0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 10- Quantidade de jovens que já experimentaram outras drogas que não fosse álcool entre estudantes do 1º ano do ensino médio.

Dentre as drogas relacionadas na questão estavam maconha, cocaína, “loló”, “bala”, “doce”, cola de sapateiro, “crack” e remédios controlados. Apenas um aluno da amostra não respondeu a essa questão e, entre os que já experimentaram,

houve citação apenas da maconha, da cocaína, “loló” e da “bala”, caracterizando o

perfil de uso dos estudantes da região. Os alunos poderiam apontar mais de uma opção, portanto, foram tabuladas somente as drogas citadas em primeiro lugar, conforme tabela 4. Além disso, os omissos no sistema correspondem aos alunos que deixaram a questão sem resposta (em branco).

Frequência Porcentagem Porcentagem válida

Válido Maconha 17 30,9 85,0

Cocaína 1 1,8 5,0

Loló 1 1,8 5,0

“Bala” 1 1,8 5,0

Total 20 36,4 100,0

Omisso Sistema 35 63,6

Total 55 100,0

(47)

5.6 Conhecimento dos efeitos do álcool

No tocante ao conhecimento dos alunos sobre o efeito do álcool no cérebro do adolescente, registrou-se ótimo nível de conhecimento, já que 88,9% dos alunos apontaram que o álcool causa prejuízo na memória. Em relação a problemas desenvolvidos no Sistema Nervoso Central (SNC) de um adolescente que ingere álcool frequentemente, 45,5% dos participantes apontam a não formação de novas células (neurogênese), causando problemas de memória, raciocínio e atenção, conforme figura 11. Contudo, o número de alunos que acredita que o uso frequente de álcool não gera problema algum ao cérebro é de 21,8%.

U m a d o le s c e n t e q u e b e b e fr e q u e n te m e n t e , q u a n d o c h e g a r à id a d e a d u lt a , ir á a p r e s e n ta r p r o b le m a s n o S N C d e v id o a :

%

De f iciê

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0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0

Figura 11- Possíveis problemas apresentados pelo SNC de um jovem ao atingir a idade adulta, apontados por estudantes do 1º ano do ensino médio.

Imagem

Figura 1: Etapas do desenvolvimento do projeto
Tabela 1: Número de alunos participantes por turma
Figura 2- Experimentação de bebida alcoólica na vida entre estudantes do 1º ano do ensino médio
Figura 3- binge drinking entre estudantes do 1º ano do ensino médio
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Referências

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