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Viviane Cardoso Pires

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Academic year: 2021

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Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Biológicas

Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre

Biologia Floral de Gossypium barbadense e Abelhas Potencialmente Carreadoras de Pólen de Gossypium hirsutum latifolium para Gossypium barbadense (Malvaceae) no Distrito Federal: Subsídios para a Análise de Risco de Fluxo Gênico de Algodoeiros Geneticamente Modificados no Brasil

Viviane Cardoso Pires

Belo Horizonte

Fevereiro de 2009

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Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Biológicas

Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre

Biologia Floral de Gossypium barbadense e Abelhas Potencialmente Carreadoras de Pólen de Gossypium hirsutum latifolium para Gossypium barbadense (Malvaceae) no Distrito Federal: Subsídios para a Análise de Risco de Fluxo Gênico de Algodoeiros Geneticamente

Modificados no Brasil

Viviane Cardoso Pires

Dissertação apresentada ao curso de Pós- graduação em “Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre” da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Profº Dr. Fernando Amaral da Silveira Co-orientação: Dr

a

Carmen Sílvia Soares Pires

Belo Horizonte

Fevereiro de 2009

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À minha família, em especial aos meus pais

Dedico

(4)

AGRADECIMENTOS

Através deste trabalho tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas e ser acolhida por muitas famílias. Sou muito grata a todos que contribuíram para que este trabalho fosse realizado.

Quero agradecer ao Profº Fernando pela orientação, amizade, confiança e pela forma acolhedora que me recebeu no Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas.

Obrigada por toda a contribuição à minha formação acadêmica!

À Dr. Carmen, por ter aberto as portas pra mim no Cenargen, e disponibilizado as melhores condições para a realização deste trabalho. Obrigada pelos conselhos, pelos puxões de orelha e pelo seu dinamismo que me impulsionava naqueles momentos em que tudo dava errado.

Aos pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em especial à Dr. Eliana, Dr. Edison e Dr. Débora pelas contribuições diretas a esse trabalho.

Ao CNPq pela bolsa concedida e à Finep pelo apoio financeiro.

A todos aqueles que se disponibilizaram a ir comigo ao campo, em especial à Aline, Glauce, Pablo e Carmen, que suportaram sol, chuva, poeira, frio, e as noites mal dormidas quando tínhamos que acordar de madrugada.

À Carmen e ao Tamin por terem disponibilizado a fazenda que nos serviu de apoio durante a realização dos experimentos.

À Cecília e ao Eduardo pela companhia e ajuda nos finais de semana e feriados no Cariru.

A todos os motoristas que me acompanharam nas coletas, em especial ao Sávio, Sr.

José Dias e Camilo pelo cuidado e preocupação.

Aos moradores das propriedades dos núcleos rurais que sempre nos recebiam com tanto carinho, em especial ao Sr. Joaquim e a Dona Nilda que abriram as portas de sua casa e me adotaram como filha.

Ao Pablo, Michely e Gisele pela ajuda com a pesagem das sementes.

À todos os companheiros de laboratório do Cenargen pela amizade e trocas de experiências: Paulina, Aline, Glauce, Pedro, Vinícius, Tiara, Marina, Kelly e Pablo.

À Luciane por ter aceitado dividir apartamento comigo, e por toda força e amizade que construímos durante os meses que estivemos juntas.

À Paulina, Aline e Glauce que foram mais do que companheiras de trabalho pra mim. Vocês tornaram os meus dias em Brasília mais divertidos!

À família mineira do Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas, Carol, Alex, Carmecita, Andrezza, Dora, Roderic, Roselaine, Rafa, Rodolfo, Pepe, Mateus, Estefani, Eustáquio e Rose.

À Carol e ao Gabriel por terem me recebido em sua casa. À Carol por toda a amizade, companhia e pela discussões que contribuíram para construção desse trabalho.

Ao Alex e a Maíra por terem me acolhido e me dado todo o apoio quando cheguei em Belo Horizonte. Aos meus avós mineiros Dra. Lúcia e Dr. Eugenio por terem me adotado assim que me conheceram.

Às minhas companheiras de estada aqui em Belo Horizonte, Carmen, Marcela, Taciane e Estefane, pela amizade, paciência e carinho que construímos durante esses dias de convivência.

Aos meus tios Edson e Gissele e às minhas primas Silvinha e Claudinha pelo

acolhimento e apoio espiritual que me deram em Brasília.

(5)

À Bruna, por todo o apoio e pela amizade de todos esses anos que me dão força a cada dia.

Ao meu namorado, Wallyson, por todo o amor, companheirismo e paciência durante esses dois anos entre Belo Horizonte e Montes Claros. Obrigada pelas suas palavras de incentivo que me deram forças para ir sempre adiante. Agradeço também por ter aceitado abrir mão daquele feriado e me acompanhar nas coletas.

Aos meus pais, Jailson e Marilsa, por terem acreditado neste sonho, e me dado toda a força emocional, espiritual e financeira para suportar as dificuldades e a distância. Aos meus irmãos Lílian e Raphael por todo amor e carinho que também me dão força pra continuar.

A Deus, toda honra e toda glória, porque a sua graça e misericórdia me sustentaram

dia a dia.

(6)

ÍNDICE

LISTA DE FIGURAS... vi

LISTA DE TABELAS... viii

RESUMO... ix

ABSTRACT... x

INTRODUÇÃO... 01

OBJETIVOS... 04

MATERIAL E MÉTODOS... 04

Área de estudo... 04

Biologia Floral... 08

A) Antese... 08

B) Dinâmica de Produção de Néctar... 08

Sistema Reprodutivo... 08

Visitantes Florais... 09

A) Frequência relativa... 10

B) Comportamento de Forrageamento e Papel na Polinização... 10

C)Transporte de Pólen... 11

RESULTADOS... 14

BIOLOGIA FLORAL... 14

Antese... 14

Néctar... 16

SISTEMA REPRODUTIVO... 19

VISITANTES FLORAIS... 22

Comportamento... 26

Polinizadores Potenciais... 30

Transporte de pólen de G. hirsutum latifolium Delta Opal para G. barbadense... 30

DISCUSSÃO... 33

BIOLOGIA FLORAL... 33

SISTEMA REPRODUTIVO... 34

VISITANTES FLORAIS... 35

(7)

POLINIZAÇÃO... 36

ESPÉCIES COM POTENCIAL PARA FLUXO GÊNICO... 37

CONCLUSÕES... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 41

(8)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição dos 13 sítios de coleta utilizados neste trabalho. Alguns pontos, por serem muito próximos, estão sobrepostos no mapa. Fonte: Google Earth 2008...07 Figura 2: Sítios de estudo de abelhas (A e B); Flor de Gossypium barbadense em diferentes estágios de abertura (C1 – C4); em D flor velha de G. barbadense; em E, maça (fruto verde) sendo predada por Anthonomus grandis (bicudo); capulhos (fruto maduro) de G.

barbadense var. brasiliense em F; e em G capulho de G. barbadense var. barbadense.

Etapas do experimento do sistema reprodutivo de H – K.. ...13 Figura 3: Estágios de abertura das flores de G. barbadense, em diferentes intervalos de horário no período da manhã, em 9 de abril de 2008, no núcleo rural Cariru, Distrito Federal, Brasil...14 Figura 4: Estágios de abertura de flores de G. barbadense, em diferentes intervalos de horário no período da manhã, em 15 de fevereiro de 2008, no campo experimental da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnogia, em Brasília, DF, Brasil... 15

Figura 5: Flor envelhecida à esquerda (rosada) e botão floral ainda fechado e já apresentando pigmentação rosada na extremidade apical, à direita... 15

Figura 6: Volume médio de néctar secretado por flores de G. barbadense em três intervalos:

A) 9h – 11h; B) 12h – 14h; C) 15h – 17h. Os dados foram obtidos em diferentes dias:

08/05/08 (dia 1); 28/05/08 (dia2); 06/06/08 (dia3), respectivamente...17

Figura 7: Concentração média observada no néctar de flores de G. barbadense em três

intervalos: A) 9h – 11h; B) 12h – 14h; C) 15h – 17h. Os dados foram obtidos em

diferentes dias: 08/05/08 (dia 1); 28/05/08 (dia2); 06/06/08

(dia3)...18

Figura 8: Proporção de frutos produzidos (cinza) e abortados (negro) por algodoeiros

(Gossypium barbadense) sob cinco tratamentos de sistema reprodutivo (N – natural; PCM

– polinização cruzada manual; AE – autopolinização espontânea; AM – autopolinização

manual; e AG – agamospermia), nos núcleos rurais Cariru e Capão Seco, Distrito Federal,

Brasil...19

Figura 9: Peso médio dos frutos produzidos em quatro tratamentos do sistema reprodutivo

(AE – autopolinização espontânea; AM – autopolinização manual; N – natural e PCM –

polinização cruzada manual) nos núcleos rurais Cariru e Capão Seco, Distrito Federal,

Brasil...20

(9)

Figura 10: Número médio de sementes produzidas em quatro tratamentos do sistema reprodutivo (AE – autopolinização espontânea; AM – autopolinização manual; N – natural e PCM – polinização cruzada manual) nos núcleos rurais Cariru e Capão Seco, Distrito Federal, Brasil...20 Figura 11: A – Lagarta de Pectinophora gossypiella (lagarta rosada) em fruto de Gossypium barbadense; B – pupa do Anthomonus grandis (bicudo)...21

Figura 12: Número de espécies e freqüência relativa de abelhas coletadas por mês, entre setembro de 2007 e setembro de 2008, em 13 localidades do Distrito Federal – Brasil...23 Figura 13: Número de espécies e exemplares de abelhas coletados em diferentes horários do dia durante o período de setembro de 2007 e setembro de 2008, no Distrito Federal, Brasil...23 Figura 14: Fêmeas de Melissodes nigroaenea (A), Ptilothrix plumata (B), Apis mellifera (C) e Halictidae (D e E); Macho de Melitoma segmentaria (F); entrada do ninho de Ceratina (G); pupas do ninho de Ceratina em diferentes estádios de desenvolvimento...29

Figura 15: Freqüência de abelhas em G. barbadense (F. Gb) e em G. hirsutum latifolium

Delta Opal (FGh). As freqüências em G. hirsutum latifolium Delta Opal foram calculadas a

partir dos dados de Cardoso (2008) coletados no Distrito Federal em 2005 e 2006...32

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sítios de estudo com informações sobre as propriedades. Ind.– número de indivíduos de G. barbadense; nc – dado não coletado; des – desconhecida...06

Tabela 2: Espécies de abelhas visitantes das flores de G. barbadense, com informações do número de indivíduos fêmeas (F) e machos (M); freqüência relativa (abelhas/hora) nas flores; recurso coletado – néctar (Ne) e pólen (P); índice de comportamento (IC) e tempo de visita com média, desvio padrão (SD) e número de observações (N); e índice de polinização (IP): VP (visitante pilhador) e PP (polinizador potencial).Dados não observados (n.o.); não se aplica (n.a.)...24

Tabela 3: Riqueza, abundância e diversidade de abelhas nas localidades estudadas no Distrito Federal. O local 2 foi retirado das análises...26

Tabela 4: Espécies de abelhas que ocorreram em Gossypium barbadense e em Gossypium hirsutum latifolium Delta Opal (Cardoso, 2008) no Distrito Federal e parâmetros utilizados para o cálculo do Índice de Eficiência Relativa de Transporte de Pólen (ERTP):

pGh = freqüência com que a espécie carrega pólen de G. hirsutum no corpo; e Gb –

freqüência com que a espécie toca o estigma de G. barbadense; área de forrageamento em

hectares; e freqüência relativa da espécie de abelha na espécie de algodão em que ela for

menos freqüente...31

(11)

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo principal estudar a biologia floral e o sistema reprodutivo de Gossypium barbadense, e identificar entre os visitantes florais, as espécies com potencial para carrear pólen de algodoeiros convencionais e geneticamente modificados para G. barbadense. Esses dados poderão subsidiar as proposições de medidas que visem o manejo do fluxo de genes entre as diferentes espécies de algodoeiro, tais como barreiras físicas e áreas de exclusão. Entre janeiro e junho de 2008, foram realizados os experimentos de biologia floral e sistema reprodutivo. Entre setembro de 2007 e setembro de 2008, realizaram-se coletas quinzenais de abelhas nas flores e observações sobre seu comportamento. As coletas foram realizadas em 13 localidades do DF. Uma estimativa da eficiência das espécies visitantes florais como polinizadoras potenciais, foi empregado um “índice de comportamento”, considerando a freqüência com que os indivíduos de cada espécie tocavam o estigma e transportavam pólen de G. barbadense. Foi realizada, também, uma estimativa da possibilidade de fluxo de pólen mediado pelas abelhas comuns às flores de G. barbadense e G. hirsutum (espécie genéticamente modificada no Brasil) no Distrito Federal. Para isto, utilizaram-se dados biológicos e ecológicos (comportamento de coleta de pólen em G. hirsutum e contato com o estigma de G.

barbadense, área de forrageamento e menor freqüência relativa) dos visitantes florais nas duas plantas para compor um índice de eficiência relativa de transporte de pólen (ERTP). A antese de G.

barbadense se iniciou às 5h30, e a deiscência das anteras também ocorreu neste horário, sendo anterior a antese e deiscência das anteras de G. hirsutum. O volume de néctar aumentou ao longo do dia, mas a sua concentração não. Apenas no tratamento de agamospermia houve menor produção de frutos e não houve diferença entre os tratamentos autopolinização manual, polinização cruzada manual, autopolinização espontânea e polinização natural quanto ao peso dos frutos e ao número de sementes por fruto. Esses dados mostraram que G. barbadense é uma planta autocompatível, não produz sementes sem fecundação e a polinização cruzada não aumenta a produção de frutos e sementes. Foram coletados 634 exemplares de abelhas nas flores de Gossypium barbadense, distribuídos em cinco famílias, 28 gêneros e 36 espécies. Foram coletadas, em média, 4,2 abelhas/hora, sendo a maior riqueza em espécies obtida em março e a maior freqüência relativa entre abril e junho. As três espécies mais freqüentes foram Augochlora thalia (1,05 abelhas/hora), seguida de A. esox (0,52) e Ceratina cfr. asuncionis (0,51). As espécies consideradas polinizadoras efetivas potenciais foram Augochlora thalia, Melissodes nigroaenea e Ptilothrix plumata; cinco espécies foram consideradas polinizadoras ocasionais (Apis mellifera, Melissoptila cnecomala, Ceratina cfr. asuncionis, Augochlora esox e Lithurgus huberi) e sete foram consideradas apenas visitantes florais. Dezesseis espécies são comuns às flores de G. hirsutum e G. barbadense no Distrito Federal, sendo quatro potenciais espécies carreadoras de pólen transgênico para G.

barbadense. A espécie que apresentou a maior eficiência potencial no transporte de pólen, de acordo com o ERTP, foi Melissodes nigroaenea, seguida de Apis mellifera, Lithurgus huberi, e Ptilothrix plumata . A principal restrição à eficiência destas três espécies de abelhas silvestres foi sua freqüência relativamente baixa nas flores dos algodoeiros. Em outras regiões e sob outras condições ambientais essas abelhas podem ter sua eficiência potencial aumentada ou diminuída e o tipo de polinizador e seu papel pode ser diferente do observado no Distrito Federal. De forma geral, em áreas de plantio próximas de manchas de vegetação nativa, há maior diversidade de polinizadores, aumentando as chances de fluxo gênico se indivíduos de G. barbadense estiverem próximos aos plantios de algodoeiro geneticamente modificado. Medidas de isolamento dos algodoeiros transgênicos são necessárias para conter o fluxo de genes para algodoeiros não transgênicos, minimizando os efeitos do algodoeiro geneticamente modificado sobre a fauna e a flora.

Palavras-chave: polinização; biossegurança; Melissodes nigroaenea; Ptilothrix plumata; Apis

mellifera.

(12)

ABSTRACT

Floral Biology of Gossypium barbadense and Potential Pollen-Carrier Bees from Gossypium hirsutum latifolium to Gossypium barbadense (Malvaceae) in the Distrito Federal, Brazil:

Contributions to the Risk-Analysis of Gene Flow of Genetically Modified Cotton in Brazil.

The aims of this work were to study the floral biology and reproductive system of Gossypium barbadense and to identify the potential gene-flow agents from the genetically modified cotton to that species. The experiments on floral biology and reproductive system were conducted between January and June 2008. Bees were sampled and their behavior on cotton flowers observed biweekly, between September 2007 and September 2008. Sampling was done in 13 sites in the Distrito Federal. An estimate of the potential of flower-visiting bees as pollinators was done with a

“behavior index”, which considered the frequency with which bees of each species touched the cotton-flower stigma and transported its pollen. Additionally, the possibility of pollen-flow mediated by the bees common the flowers of G. barbadense and G. hirsutum (genetically modified species planted in Brazil) in the Distrito Federal was estimated. For this, biologic and ecologic data of the flower visitors on the flowers of both cotton species were employed to compose an index of relative efficiency in pollen-transportation (ERTP). Anthesis and anther dehiscence of flowers of G.

barbadense begun at 05:30 am. Nectar standing crop but not nectar concentration increased along the day. Only flowers under the agamospermy treatment produced less fruits and there were no differences in the fruit weight and number of seeds per fruit among the other treatments (manual autopollination, manual cross-pollination, expontaneous auto pollination and natural pollination).

Six-hundred and thirty-four bee specimens were collected belonging to 36 species of 28 genera of five families. An average of 4.2 bees/hour were collected with the largest species richness being recorded in March and the largest relative frequency between April and June. The three most frequent species on the cotton flowers were Augochlora thalia (1.05 bees/hour), followed by A.

esox (0.52) and Ceratina cfr. asuncionis (0.51). The species considered to be potential effective pollinators of G. barbadense were Augochlora thalia, Melissodes nigroaenea and Ptilothrix plumata; five species were considered occasional pollinators (Apis mellifera, Melissoptila cnecomola, Ceratina cfr. asuncionis, Augochlora esox and Lithurgus huberi), and seven were considered as mere floral visitors. Sixteen bee species are common to the flowers of G. hirsutum and G. barbadense in the Distrito Federal, of which four are potential pollen carriers of genetically- modified pollen to G. barbadense. The species with the largest potential efficiency in pollen transportation, as measured by the ERTP, was Melissodes nigroaenea, followed by Apis mellifera, Ptilothrix plumata and Lithurgus huberi. The main restriction to efficiency of these three wild-bee species was their relatively low frequencies on the cotton flowers. In other regions and under other environmental conditions, the potential efficiency of these species may be increased or decreased and the type and role of the cotton pollinators may be different from those in the Distrito Federal.

Generally speaking, in crop fields near patches of native vegetation, there is larger pollinator diversity and the chances of gene flow to occur increases where individuals of G. barbadense are near fields of genetically-modified cotton. Thus, measures to isolate transgenic cotton are necessary to restrict gene flow to conventional cotton species and varieties.

Key words: pollination, biosecurity, Melissodes nigroaenea; Ptilothrix plumata; Apis mellifera.

(13)

INTRODUÇÃO

Das espécies cultivadas no Brasil, o algodão é uma das principais culturas que apresentam alto risco de escape gênico de variedades geneticamente modificadas para outras variedades e espécies não transgênicas, uma vez que elas ocorrem em simpatria e não há barreiras reprodutivas para impedir o fluxo gênico entre elas. (Barroso & Freire, 2003; Fontes et al, 2006; Johnston et al, 2006).

As variedades transgênicas estão sendo cultivadas há mais de uma década em várias partes do mundo, e as primeiras delas foram desenvolvidas para tolerância aos herbicidas e aos insetos (James, 2004). No Brasil, a primeira cultura transgênica a ser liberada para uso comercial foi a soja, depois vieram pesquisas com o milho e o algodão. Em 2005, o algodoeiro resistente à lagarta rosada (algodoeiro Bt) foi aprovado e, atualmente, há variedades de milho sendo comercializadas e outras culturas sendo estudadas, como o arroz tolerante a glifosinato de amônio (CTNBio, 2009).

Uma das principais pragas do algodoeiro é a lagarta rosada (Pectinophora gossypiella). As fêmeas desta mariposa depositam seus ovos nas flores e frutos do algodoeiro, causando danos e, conseqüentemente, queda na produção (Fontes et al 2006). O principal método de controle desta lagarta é a aplicação de um inseticida que tem como princípio ativo a toxina da bactéria Bacillus thuringiensis, sendo os cristais Bt ativados no intestino dos insetos, liberando e ativando a toxina que os leva à morte (Fontes et al, 2003). O gene dessa bactéria, que expressa a proteína Cry1Ac em diferentes partes da planta como nas raízes e no pólen (Dale et al, 2003), foi introduzido no genoma do algodoeiro Bt (Grossi-de-Sa et al, 2006).

Existem cerca de 44 espécies diplóides (2n = 26) e 5 espécies alotetraploides (2n = 52) do gênero Gossypium em todo o mundo (Fryxel et al 1992; Freire, 2000). Aqui no Brasil, são encontradas três espécies alotetraploides, Gossypium hirsutum (variedades latifolium e marie gallante), G. barbadense (variedades barbadense e brasiliense) e uma espécie endêmica do nordeste - G. mustelinum (Freire, 2000).

Atualmente, a única espécie cultivada no país para fins comerciais é Gossypium hirsutum

(Johnston et al, 2006), sendo a variedade latifolium cultivada em larga escala, principalmente no

domínio do Cerrado (Freire, 1998; Fontes et al, 2006). Há três regiões de produção de algodão no

Brasil — a) a Meio-Oeste, que compreende os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás,

Minas Gerais e oeste da Bahia e é responsável por mais de 80% da produção de fibra; b) a região

Meridional, da qual fazem parte os estados de São Paulo e Paraná (10% da produção); e c) a região

Nordeste, que compreende todos os estados do nordeste do Brasil, menos o oeste da Bahia, e que é

responsável por apenas 2,5% da produção nacional (Fontes et al, 2006).

(14)

O algodoeiro endêmico do Brasil, G. mustelinum, só ocorre no semi-árido nordestino, nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia (Freire, 2000; Hilbeck et al, 2006a). É uma espécie nativa que não tem sido cultivada e, devido ao seu tamanho populacional restrito, está ameaçada de extinção. Além das atividades agrícolas e a exploração pecuária, o fluxo gênico de outras espécies de algodão para G. mustelinum é mais uma ameaça à sobrevivência das populações naturais desta espécie (Barroso e Freire, 2003, e autores citados por eles).

Gossypium barbadense ocorre em praticamente todo o território brasileiro (Hilbeck et al, 2006a), sendo ausente ou encontrado em menor quantidade em áreas de cerrado, devido à ocupação e exploração recentes, e ausente em terras baixas do semi-árido nordestino, devido à baixa precipitação (Freire, 2000). A variedade brasiliense, originária da bacia Amazônica (Stephens, 1973), é conhecida no Brasil como rim-de-boi por apresentar sementes fortemente coladas entre si, lembrando um rim (Freire, 2000; Barroso & Freire, 2003). Já a variedade barbadense possui centro de origem no norte da Colômbia e sul do Equador (Stephens, 1973; Barroso & Freire, 2003) e apresenta sementes descoladas.

Independentemente da variedade, G. barbadense é uma espécie arbórea que apresenta sementes sem linter, fibras de coloração que variam de creme a marrom, sendo encontrada no Brasil na forma semi-domesticada (Freire, 2000; Barroso & Freire, 2003). O cultivo desse algodoeiro em pequenas lavouras e fundos de quintal foi mantido ao longo das gerações e, hoje, encontramos G.

barbadense em pequenas quantidades nas propriedades para uso medicinal (Fontes at al, 2006).

Entre as espécies de algodoeiro existentes no país, G. barbadense é a que mais provavelmente pode receber genes das lavouras de algodoeiro convencional e geneticamente modificado devido à sua ampla distribuição geográfica e proximidade com os cultivos de algodão convencional e geneticamente modificado, fato este que pode comprometer a variabilidade existente (Barroso &

Freire, 2003).

Todas essas espécies encontradas aqui no Brasil são compatíveis entre si e produzem híbridos férteis (Barroso & Freire, 2003; Johnston et al, 2006). As taxas de cruzamento podem variar, mas de modo geral, elas são reduzidas a medida que aumenta a distância entre as plantas (Kareiva et al, 1994; Barroso & Freire, 2003), e pode ser maior em áreas onde a atividade dos polinizadores é mais intensa como em plantios próximos de vegetação nativa (Freire, 2002 citado por Barroso & Freire, 2003).

Os polinizadores responsáveis pela fecundação cruzada dos algodoeiros são as abelhas

(McGregor, 1976; Erickson, 1983; Silveira, 2003). Apesar dos algodoeiros serem auto-férteis e

parcialmente auto-polinizáveis, uma parte significativa da produção de algodão é originada de

polinização cruzada (Mcgregor, 1976 e autores citados por ele). As flores dos algodoeiros

(15)

apresentam cor e forma típicos de plantas entomófilas, além de possuírem cinco nectários que atraem abelhas e outros insetos (quatro extraflorais e um floral), (Free, 1970; McGregor, 1976). Os grãos de pólen são relativamente grandes e viscosos e dificilmente transportados pelo vento (Erickson, 1983; Kaziev apud McGregor, 1976), necessitando de insetos vetores para promover a polinização cruzada (Free, 1970; McGregor, 1976).

A espécie Apis mellifera é considerada o principal agente polinizador dos algodoeiros e de grande importância no desenvolvimento de híbridos (McGregor, 1959; Moffet et al, 1975; Waller et al, 1981; Waller, 1982; Eisikowitch & Loper, 1984; Loper & Davis, 1985; Waller et al, 1985; Loper et al, 1987; Mamood et al, 1990; Queiroga et al, 1993; Rhodes, 2002; Danka, 2005). Entretanto, há em todo o mundo, além do gênero Apis, cerca de 52 gêneros de abelhas das famílias Apidae, Halictidae e Megachilidae, citados como visitantes florais e/ou polinizadores dos algodoeiros (Maxwell-Lefroy, citado por Linsley, 1958; Free, 1970; McGregor, 1976; Erickson, 1983; Pires et al, 2006; Cardoso et al, 2007; Silva, 2007). Só no Brasil, há em torno de 47 gêneros e mais de 80 espécies de abelhas que foram observadas principalmente nas flores do algodoeiro cultivado (Sanchez Junior & Malerbo-Souza, 2004; Melo & Zanella, 2005; Pires et al, 2006; Cardoso et al, 2007; Silva, 2007). Já para Gossypium barbadense e outras espécies e variedades não cultivadas no país, o único estudo dos visitantes florais é o de Pires e col. (2006) que registrou 26 espécies de abelhas nesses algodoeiros.

Devido à aprovação do cultivo e comercialização do algodoeiro transgênico no Brasil, são necessários estudos sobre as funções e os grupos ecológicos relacionados com a cultura para a garantia da coexistência das culturas geneticamente modificadas com as culturas convencionais e, também, com as espécies silvestres, sem que haja redução da variabilidade genética das espécies silvestres (Hilbeck et al, 2006a; Pires et al, 2006). A identificação dos grupos funcionais que representam a biodiversidade associada à cultura, bem como o seu papel ecológico no ambiente é o primeiro passo proposto por Hilbeck e col. (2006b) na análise de risco da introdução de plantas geneticamente modificadas. Para o estudo de caso com o algodão, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Embrapa Algodão selecionaram quatro grupos funcionais para estudo, sendo eles:

inimigos naturais, herbívoros não-alvo da planta transgênica, microorganismos de solo e os polinizadores (Pires et al, 2006).

O estudo das espécies de abelhas que visitam e polinizam os algodoeiros é de grande

importância, pois elas podem ser susceptíveis à intoxicação pelo algodoeiro Bt (se alimentam de

pólen e néctar) e além disso, são as principais agentes de fluxo de genes através do pólen de

variedades de algodoeiro transgênico para as demais espécies e variedades não transgênicas

(Silveira 2003).

(16)

OBJETIVOS

• Verificar se há características da biologia reprodutiva de Gossypium barbadense que favoreçam sua polinização por variedades de algodão herbáceo (convencional e geneticamente modificado);

• Verificar se a quantidade de frutos produzidos e o número sementes produzidas pela polinização cruzada são maiores que a produção de frutos e sementes dos demais tratamentos (autopolinização e agamospermia);

• Verificar quais são os visitantes florais do Gossypium barbadense no Distrito Federal;

• Identificar, entre os visitantes florais de Gossypium barbadense, quais são seus prováveis polinizadores;

• Verificar quais espécies de abelhas são carreadoras potenciais de pólen de G. hirsutum latifolium Delta Opal para G. barbadense.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo faz parte de um projeto mais amplo intitulado “Preservação da Identidade e Co- existência no Brasil de Espécies e Variedades de Algodão Não Transgênico com Variedades de Algodão Transgênico” desenvolvido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Embrapa Algodão, com a colaboração do Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas Silvestres do Departamento de Zoologia da UFMG.

Área de Estudo

Este trabalho foi realizado em 13 sítios de estudo localizados no Distrito Federal (Figura 1).

O clima da região é definido como tropical de savanas, Aw, de acordo com a classificação de Köppen, com temperaturas médias variando de 12°C a 28,5°C. A região apresenta duas estações bem definidas, seca e chuvosa, com médias anuais de precipitação variando entre 1.200mm e 1.800mm (IBGE, 2007).

A seleção da maioria dos sítios de estudo foi feita a partir do trabalho de Souza (2006) que

identificou propriedades rurais que apresentavam indivíduos de G. barbadense em Goiás, Minas

Gerais e no Distrito Federal. Para o presente estudo, foram priorizadas os sítios com maior número

de indivíduos de G. barbadense no Distrito Federal. A maioria deles era constituída por pequenas

propriedades, onde, em geral, os algodoeiros estavam cercados por policultivos de culturas como

café, citros, feijão, milho, abóbora, maxixe, quiabo e hortaliças. Além das plantas cultivadas, alguns

produtores também mantêm a vegetação rasteira (plantas espontâneas). No entorno dessas

(17)

propriedades, há grandes fazendas com plantios de soja, sorgo, milho e pastagens.

Um dos sítios de estudo foi o campo experimental da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), onde, além de G. barbadense, outras espécies e variedades de algodoeiros foram plantadas: G. hirsutum var. latifolium Delta Opal, G, hirsutum var. marie-galante, G. mustelinum (algodoeiro endêmico do nordeste do Brasil) e, também, o algodoeiro transgênico G.

hirsutum latilolium Nu Opal. Esta área, de aproximadamente 900 m

2

, está próxima de uma Mata de Galeria.

Os sítios de estudo estão apresentados na Tabela 1 com as suas coordenadas geográficas, o número de indivíduos de G. barbadense dentro da propriedade, a área estimada em hectares, e observações sobre o ambiente do entorno e práticas culturais. A coleta de abelhas foi interrompida no Sítio 2 a partir de janeiro de 2008 e no Sítio 1 a partir de maio de 2008, por dificuldade de acesso ao primeiro local e ao corte dos algodoeiros no segundo.

Quanto ao trato dado aos algodoeiros, no Cenargen foram realizadas aplicações do pesticida

Endosulfan para o controle do bicudo (Anthomonus grandis) e da lagarta rosada (Pectinophora

gossypiella) a cada 15 dias. Esta aplicação, entretanto, não foi suficiente para conter o bicudo, que

prejudicou o desenvolvimento dos botões, inviabilizando parte dos experimentos que seriam

realizados na área. No núcleo rural Cariru (Sítio 11), foram realizadas duas aplicações do mesmo

pesticida utilizado no Cenargen para controle do bicudo, em intervalos de aproximadamente dois

meses. Os algodoeiros estavam próximos de lavouras nos Sítios 1 e 12, e possivelmente tiveram

contato com os pesticidas utilizados nos cultivos de milho, soja e citros. Nos demais sítios, não

foram realizadas aplicações de nenhum tipo de inseticida e os proprietários não realizam nenhum

manejo para o controle de pragas. Nas propriedades rurais de modo geral, os algodoeiros não são

irrigados, mas podem receber podas no período que antecede as chuvas na região (agosto-

setembro). Apenas no Cenargen as plantas foram irrigadas, no período seco, duas vezes por semana.

(18)

Tabela 1: Sítios de estudo com informações sobre as propriedades. Ind.– número de indivíduos de G. barbadense; nc – dado não coletado; des – desconhecida.

Propriedades Posição geográfica

Ind. Área

(ha) Informações Gerais N

o

Nome Latitude Longitude

01 Coperbrás -15.7525 -47.5475 3 des. Plantios de milho, soja e algodão (utilização de agrotóxicos) 02 Tabatinga

chácara 34 -15.79539 -47.53077 1 56 Coletas interrompidas em Jan/08 03 Tabatinga

chácara 1 -15.75787 -47.60223 2 2

Maracujazeiro, plantio de abóbora, pitangueiras, mangueira

e limoeiro na propriedade 04 Rajadinha -15.73546 -47.65757 4 0.5 Propriedade próxima de uma

pequena área de vegetação nativa

05 Rio Preto n.c. n.c. 3 des.

Indivíduos de G. barbadense e pés de acerola próximos, dentro

de uma escola rural 06 Jardim I

chácara 108 -16.02521 -47.37893 3 5

Abóbora, chuchu, horta, pés de mexerica e espécies ruderais

(picão) na propriedade 07 Jardim II

chácara 79 -16.01144 -47.37979 2 4 Feijão guandu, que atraía muitas abelhas

08 Jardim II

chácara 64 -16.01144 -47.38005 5 11 Cafezal, ipezinho, Ipomea 09 Lamarão

chácara 24 -15.96936 -47.49701 4 des. Cajueiro e mangueira 10 Capão Seco

chácara 07 -15.95866 -47.54769 6 12 Pés de café, jabuticaba, quiabo, picão. Próximo de riacho

11 Cariru

chácara 20 -15.92322 -47.51986 19 6.5

Abacateiro, jabuticabeira, goiabeira, pés de café, plantio de maxixe, quiabo, abóbora, milho, arroz. Próximo de pastagem e

plantio de soja

12 Tabatinga

chácara 90 -15.75175 -47.58886 3 43

Plantio comercial de limão, laranja e mexerica, fazia uso de agrotóxico na lavoura (próximo do algodoeiro)

13 Cenargen -15.72876 -47.90005 15 des. Próximo de mata de galeria

(19)

Figura 1: Distribuição dos 13 sítios de coleta utilizados neste trabalho. Alguns pontos, por serem

muito próximos, estão sobrepostos no mapa e o Sítio 5 não está na figura devido a falta da

coordenada geográfica. Adaptado do Google Earth 2008. Acessado em fevereiro de 2009.

(20)

Biologia Floral A) Antese

Para determinar o horário de abertura das flores e da deiscência das anteras de G.

barbadense, foram observadas 28 flores no Cenargen em 15 de fevereiro de 2008 e 22 no núcleo rural Cariru, em nove de abril de 2008. As observações foram realizadas de hora em hora, das 6:30h às 11:30h da manhã, no Cenargen, e das 5:30h às 11:30h, no Cariru. O diâmetro interno da abertura das corolas foi medida com um paquímetro e a abertura das anteras foi observada com uma lupa de mão e com auxílio de uma lanterna (no primeiro horário), em busca de pólen exposto. Foi considerada como abertura qualquer espaço acima de 1 mm, o que já permitiria a passagem de pequenos insetos e seu contato com as estruturas reprodutivas da flor.

As medidas da abertura floral foram divididas em cinco classes: (C1) fechada; (C2) 1mm ≤ C2 < 8 mm ; (C3) 8 mm ≤ C3 < 16 mm ; (C4) 16 mm ≤ C4 < 24 mm (C5) aberta, 24 mm ≤ C5 < 50 mm.

B) Dinâmica de produção de néctar

O volume e a concentração do néctar das flores de Gossypium barbadense foram medidos nos dias 8 e 28 de maio de 2008 e no dia 6 de junho de 2008, no núcleo rural Cariru. No dia anterior ao experimento, os botões florais que iriam abrir no dia seguinte foram ensacados. Os dados foram coletados em três horários ao longo do dia, sendo o intervalo (A) de 9:00h às 11:00h;

(B) de 12:00h às 14:00h e (C) das 15:00h às 17:00h. Em cada intervalo, uma parte das flores foi recolhida para a retirada do néctar, sendo ele extraído da flor uma única vez, devido à dificuldade de acesso aos nectários florais (método destrutivo). As flores permaneceram ensacadas até serem recolhidas para coleta dos dados no respectivo intervalo. Ao final dos três dias, o volume e a concentração do néctar de 95 flores foram medidos, sendo 35 flores no primeiro intervalo e 30 em cada um dos demais. Retirou-se o néctar do nectário floral com o auxílio de capilares de 3µl, 5µl e 10µl. Quando os capilares não foram totalmente preenchidos, foi medida a altura de néctar ocupado no capilar com um paquímetro e os valores posteriormente convertidos em µl. A concentração do néctar foi medida com um refratômetro manual (Bellimgham, mod. 45-81 Eclipse, resolução: 0,5%

Brix, alcance: 0 – 50% BRIX). Os valores de volume e concentração nos três dias e horários do dia foram comparados através do teste de Kruskall-Wallis, com nível de significância de 0,05 com o auxílio do programa Systat 10.2. (Systat, 2002).

Sistema Reprodutivo

Para avaliar a contribuição da polinização cruzada para a produtividade da planta, foram

realizados cinco tipos de tratamento nas flores de G. barbadense, nos núcleos rurais Cariru (Sítio

(21)

11) e Capão Seco (Sítio 10). Como o número de flores disponível por dia era pequeno, o experimento foi realizado ao longo de doze dias, entre março e abril. Contudo, em cada dia, todos os tratamentos foram realizados em um mesmo número de repetições. Ao final do experimento, foi obtida uma amostra de aproximadamente 30 botões por tratamento.

Os tratamentos foram: AG (agamospermia – emasculação do botão em pré-antese e impedimento da ação dos visitantes no dia seguinte (flor ensacada) para verificar se a flor produz fruto e semente na ausência de pólen); PCM (polinização cruzada manual – a flor emasculada recebe pólen de outras flores); AM (autopolinização manual – o pólen depositado no estigma manualmente é o da própria flor); AE (autopolinização espontânea – o botão é ensacado para impedir a ação de visitantes) e N (natural – a flor é marcada e ensacada apenas no final do experimento, permitindo a ação dos visitantes).

Os botões em pré-antese (Figura 2H) foram preparados e ensacados no dia anterior, com exceção os do tratamento natural, que foram apenas etiquetados. No dia seguinte, entre 9:00h e 11:00h os cruzamentos foram realizados com auxílio de pincel e placas de petri (Figuras 2I e 2J) e, às 14:00 h, as flores do tratamento natural foram ensacadas (Figura 2K).

As flores empregadas nos experimentos foram observadas a cada 15 dias para verificar as taxas de abortamento. Na fase de capulho, quando a fibra está exposta e o fruto é considerado maduro (Figura 2F e 2G), os capulhos foram coletados para verificação do número e peso das sementes produzidas. No laboratório, os capulhos foram pesados e, depois, as sementes foram contadas e pesadas separadamente.

Para verificar se a quantidade de frutos produzidos e abortados variou entre os tratamentos utilizamos o teste χ

2

com nível de significância de 0,05 e, para comparar o peso dos frutos e o número de sementes por fruto utilizamos o teste de Kruskall-Wallis, com nível de significância de 0,05, uma vez que os dados não apresentaram distribuição normal.

Visitantes Florais

As abelhas visitantes das flores de G. barbadense foram coletadas quinzenalmente, nos 13 sítios de estudo, entre setembro de 2007 e setembro de 2008. As coletas foram realizadas em geral das 9:00h – 17:00h, não se tendo iniciado mais cedo devido à distância dos sítios de coleta. Apenas no Sítio 11 foi possível realizar algumas observações antes das nove da manhã.

As flores foram inspecionadas para observação do comportamento e coleta das abelhas

durante cerca de 30 min em cada sítio de estudo. O esforço de coleta foi calculado, multiplicando-se

o tempo de coleta pelo número de coletores. Dados de temperatura e umidade de cada local foram

(22)

tomados com um termo-higrômetro digital. As abelhas foram coletadas diretamente nas flores em frascos plásticos e, posteriormente, foram mortas em câmaras mortíferas contendo acetato de etila.

Ainda no campo, elas receberam o código do coletor e a identificação do local. No Laboratório de Ecologia, Semioquímicos e Biossegurança do Cenargen, os espécimes foram montados em alfinete entomológico, etiquetados e triados. No Laboratório de Sistemática e Ecologia de Abelhas da Universidade Federal de Minas Gerais, eles foram identificados ao nível de espécie com auxílio de lupa, chaves taxonômicas e por comparação com exemplares previamente identificados por especialistas. Uma parte dos exemplares foi depositada na coleção da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e os demais no Laboratório da UFMG. A classificação adotada para as abelhas foi a de Silveira e col. (2002).

A) Freqüência relativa

A freqüência relativa das espécies (abelhas/hora) foi calculada dividindo-se o número total de indivíduos coletados de cada espécie, ao longo de um ano (set/2007 – set/2008), pelo total de horas de coleta. Este total foi igual ao somatório do tempo de coleta diário em cada local (30 min), vezes o número de visitas a cada local). Isto possibilitou a comparação das abundâncias das várias espécies coletadas neste trabalho e, também, dos resultados do presente trabalho com os de outros levantamentos em que se empregaram diferentes esforços de coleta (Silveira et al, 1993; Silveira &

Godínez, 1996).

B)Comportamento de Forrageamento e Papel na Polinização

O tipo de comportamento foi registrado em uma planilha para cada abelha na flor e o tempo de visita foi marcado sempre que possível, mesmo quando a abelha já estava na flor no início da observação. Depois de observado o comportamento, as abelhas foram coletadas para identificação.

Foi definido um índice de comportamento (IC), utilizando informações sobre dois comportamentos importantes para a polinização: coleta e/ou transporte de pólen no corpo e contato com o estigma:

IC = ( Σ p

i

×e

i

)/n, onde:

p = 1, quando o i-ésimo indivíduo observado na flor estava coletando e/ou transportando pólen, ou 0, no caso contrário;

e = 1, quando o i-ésimo indivíduo observado na flor tocava o estigma, ou 0, no caso contrário;

n = número total de indivíduos da espécie observados na flor.

(23)

Todas as espécies que apresentaram IC igual a zero foram consideradas espécies

“pilhadoras” (Pi), pois utilizam os recursos (néctar e pólen), mas não contribuem para a polinização.

Os visitantes florais com IC diferente de zero foram considerados polinizadores potenciais (PP). O IC dessas espécies foi multiplicado pelas respectivas freqüências relativas, o que denominados de IP (índice de polinização). As espécies com maior IP seriam aquelas espécies com maior potencial para realizar a polinização nas flores de G. barbadense.

C)Transporte de Pólen

No Cenargen (Sítio 13), além das coletas realizadas em G. barbadense, também foram realizadas algumas coletas no algodoeiro cultivado e no geneticamente modificado, com o propósito de definir as espécies que visitam mais de um tipo de algodoeiro e que podem realizar fluxo gênico.

Contudo, devido ao ataque do bicudo na área, esses dados ficaram prejudicados e optou-se por comparar as observações feitas neste estudo, nas flores de G. barbadense (GB), com os de outros levantamentos realizados no Distrito Federal, nas flores de Gossypium hirsutum latifolium Delta Opal (GH) (Pires et al, 2006; Cardoso, 2008).

A eficiência relativa das várias espécies no transporte de pólen de G. hirsutum latifolium Delta Opal para G. barbadense foi avaliada com o índice aqui denominado de Índice de Eficiência Relativa de Transporte de Pólen (ERTP), que levou em consideração parâmetros que refletem o comportamento e a freqüência das espécies nas flores e, ainda, seu raio de vôo.

Foram utilizados quatro parâmetros para calcular o ERTP:

1- carreamento de pólen de GH no corpo – este dado variou entre 0-1 e foi obtido do levantamento de Cardoso (2008). Para aquelas espécies em que o comportamento não foi observado em G. hirsutum, convencionou-se usar o valor máximo igual 1. Isso porque nas observações em campo, até mesmo abelhas pequenas ao entrarem na flor sujavam o corpo com pólen, ou por tocarem nas anteras ou pelo contato com o pólen que fica impregnado nas pétalas.

2- polinização de GB – foi utilizada a freqüência média com que cada espécie toca o estigma de G. barbadense;

3- a área estimada de forrageamento das espécies, em hectares;

4- a freqüência relativa da espécie de abelha na espécie de algodão, das duas consideradas, em que ela é menos abundante.

Para a estimativa da área de forrageamento, foram medidas as distâncias intertegulares de 10 exemplares de cada espécie (exceto para Dialictus sp. 8, que teve apenas 4 indivíduos observados).

Essas medidas foram tomadas com retículos acoplados à ocular de um microscópio estereoscópico e

(24)

convertidas em milímetros. A distância intertegular média de cada espécie foi aplicada no modelo de Greenleaf e col. (2007), para se obter a estimativa da sua distância de forrageamento. Greenleaf e col. (2007) usaram diferentes métodos para obter as distâncias de forrageamento. Como esses dados poderão auxiliar na tomada de decisão de medidas de biossegurança, optou-se por utilizar a distância estimada máxima que essas espécies podem percorrer. Calculou-se, então, a área de forrageamento, em hectares, para cada espécie de abelha, empregando-se a fórmula da área de uma circunferência com raio igual à distância de vôo obtida para a espécie.

Para se ter um valor de referência para a comparação da eficiência relativa de várias espécies neste e em outros estudos, com base nos ERTPs calculados, foi utilizada a espécie Apis mellifera em uma condição hipotética, em que ela apresentasse todos os comportamentos favoráveis ao fluxo (transporte de pólen do GH e contato com o estigma de GB em todas as visitas). A freqüência relativa desta espécie, para o cálculo deste valor de referência, foi a sua freqüência média obtida em plantios de algodão (G. hirsutum var. latifolium) em várias regiões do Brasil (Pires et al, 2006). A Apis mellifera foi escolhida como padrão por ser a espécie mais comum no algodoeiro herbáceo (Pires et al, 2006) e em várias culturas agrícolas, possuir distância de forrageamento intermediária, e ser uma espécie cosmopolita.

Para compor os índices ERTP para cada espécie, os quatro parâmetros relacionados acima foram multiplicados, divididos pelo valor de referência estimado para Apis mellifera, na condição hipotética descrita acima, e multiplicados por cem.

× 100

×

×

×

×

×

= ×

h h h h

i i i i

i

p e a f

f a e

ERTP p , onde:

ERTP

i

= índice de eficiência relativa de transporte de pólen da espécie i.

h = Apis mellifera em situação hipotética

p = frequência com que as abelhas da espécie carregam pólen de GH (para Apis na situação hipotética p = 0,8);

e = frequência com que as abelhas da espécie tocam o estigma de GB (para Apis na situação hipotética e = 1);

a = área de forrageamento da espécie em hectares (para Apis mellifera na situação hipotética, a = 548 ha);

f = freqüência relativa da espécie de abelha na espécie de algodão em que ela for menos frequente

(abelhas/hora – para Apis em situação hipotética f = 3,88).

(25)

Figura 2: Sítios de estudo de abelhas (A e B); Flor de Gossypium barbadense em diferentes estágios de abertura (C1 – C4); em D flor velha de G. barbadense; em E, maça (fruto verde) ovipositando por Anthonomus grandis (bicudo); capulhos (fruto maduro) de G. barbadense var. brasiliense em F;

e em G capulho de G. barbadense var. barbadense. Etapas do experimento do sistema reprodutivo de H – K.

A A B B

C1 C 1 C C2 2 C C3 3 C C4 4

D D E E F F G G

H H I I J J K K

(26)

RESULTADOS Biologia Floral Antese

As flores de G. barbadense iniciaram sua abertura antes das 5:30 h. Na figura 1C, é possível observar as flores em diferentes estágios de abertura. No intervalo de 5:30 h a 6:30 h, de 22 flores observadas no Cariru, 91% já haviam iniciado sua abertura (Figura 3). Às 8:30 h, 7% das flores (n = 2) já estavam totalmente abertas no Cenargen (Figura 4) e 54,5% (n = 12) no Cariru. Do meio para o final da tarde, as flores começaram a murchar e a cor das pétalas mudou de amarelo para rosa.

(Figura 5).

0 5 10 15 20 25

5:30h 6:30h 7:30h 8:30h 9:30h 10:30h 11:30h

N º d e o b s e rv a ç õ e s

24├ 50 mm (Aberta) 16├ 24 mm

08├ 16 mm 01├ 08 mm Fechada

Figura 3: Estágios de abertura das flores de G. barbadense, em diferentes intervalos de horário no período da manhã, em 9 de abril de 2008, no núcleo rural Cariru, Distrito Federal, Brasil.

Quanto à deiscência das anteras, verificou-se que, ao contrário do observado em G. hirsutum

latifolium Delta Opal (Cardoso, 2008), as anteras podem se abrir antes da abertura da flor. No

primeiro horário, de 17 observações no Cariru, apenas 6 flores apresentavam a antera ainda fechada,

e, às 07:30 h, todas as flores apresentavam anteras abertas. Em um dia de observação não

sistemática, as anteras de uma flor ainda fechada, às 5:30 h, já estavam se abrindo. Em dias frios

(final de maio, início de junho) as pétalas demoraram mais para abrir (6:00 h e 7:00 h). Durante a

realização da coleta de abelhas no início de junho, observamos no núcleo rural Rajadinha (Sítio 4),

às 15:00h aproximadamente, botões florais maiores que os botões em pré-antese, com aspecto

(27)

abaulado, e rosados na extremidade apical (Figura 5), como as flores que vão envelhecendo e mudam de cor. Ao abrimos esse “botão” verificamos que as anteras estavam abertas e o pólen exposto, sendo possivelmente uma flor nova que não abriu as pétalas.

0 5 10 15 20 25 30

6:30h 7:30h 8:30h 9:30h 10:30h 11:30h

N º d e o b s e rv a ç õ e s

24├ 50 mm (Aberta) 16├ 24mm

08├ 16 mm 01├ 08 mm Fechada

Figura 4: Estágios de abertura de flores de G. barbadense, em diferentes intervalos de horário no período da manhã, em 15 de fevereiro de 2008, no campo experimental da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnogia, em Brasília, DF, Brasil.

Figura 5: Flor envelhecida à esquerda (rosada) e botão floral ainda fechado e já apresentando pigmentação

rosada na extremidade apical, à direita.

(28)

Néctar

O volume médio de néctar observado nas flores de G. barbadense foi de 21,84µl ± 16,9, sendo o

menor valor obtido no primeiro intervalo do dia 8 de maio de 2008 (1,8µl) e, o maior valor, no

terceiro intervalo do dia 28 de maio (81,7µl). Há um aumento no volume de néctar das flores ao

longo do dia (Figura 6) — nos três dias de amostragem, o volume do terceiro intervalo foi

significativamente maior que o do primeiro (Dia 1 H= 21,06 gl=2 p<0,001; Dia 2 H=13,38 gl=2

p=0,001; Dia 3 H=12,28 gl=2 p= 0,002). Já a concentração média de açúcares do néctar foi de

21,93% ± 2,76, sendo o valor mínimo 16% (obtido nos dias 8 de maio e 6 de junho de 2008) e o

valor máximo 29% (obtido em 28 de maio de 2008). Diferentemente do volume, a concentração não

variou ao longo do dia (Dia 1 H= 0,84 gl=2 p=0,66; Dia 2 H=0,80 gl=2 p=0,67; Dia 3 H=1,42 gl=2

p=0,49) (Figura7).

(29)

Figura 6: Volume médio de néctar secretado por flores de G. barbadense em três intervalos: A) 9h – 11h; B) 12h – 14h; C) 15h – 17h. Os dados foram obtidos em diferentes dias: 08/05/08 (dia 1); 28/05/08 (dia2); 06/06/08 (dia3), respectivamente.

A B C

Intervalo

0 10 20 30 40 50 60 70 80

V ol um e( di a1 )

A B C

Intervalo

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

V ol um e (d ia 2)

A B C

Intervalo

0 10 20 30 40 50 60 70 80

V ol um e (D ia 3)

(30)

Figura 7: Concentração média observada no néctar de flores de G. barbadense em três intervalos: A) 9h – 11h; B) 12h – 14h; C) 15h – 17h. Os dados foram obtidos em diferentes dias: 08/05/08 (dia 1); 28/05/08 (dia2); 06/06/08 (dia3).

A B C

Intervalo

15 20 25 30

C on ce nt ra çã o (d ia 1)

A B C

Intervalo

15 20 25 30

C on ce nt ra çã o (d ia 2)

A B C

Intervalo

14 16 18 20 22 24 26

C on ce nt ra çã o (d ia 3)

(31)

Sistema Reprodutivo

A produção de frutos foi pouco influenciada pelos tratamentos de sistema reprodutivo.

Comparando as quantidades de frutos produzida e abortada (Figura 8), encontramos diferenças significativas apenas entre o tratamento de agamospermia e os demais (X

2

= 40,8; gl = 4; p <

0,0001). O tratamento que produziu a maior quantidade de frutos foi o natural (80% das flores), seguido de autopolinização manual (71%), polinização cruzada manual (68,7%) e autopolinização espontânea (67,7%), mas essas diferenças não foram significativas (X

2

= 1,4; gl = 3; p = 0,7). O tratamento de agamospermia foi o que produziu menos frutos (9,7% das flores). Os frutos produzidos provavelmente foram consequência de contaminação do estigma com pólen, durante a manipulação dos botões florais. Os tratamentos também não influenciaram o peso dos frutos (H=2,66; gl=3; p= 0,45) (Figura 9), nem o número de sementes produzido por fruto (H=6,93; gl=3;

p=0,45) (Figura 10).

0 5 10 15 20 25 30 35

AG AM AE PCM N

Figura 8: Proporção de frutos produzidos (cinza) e abortados (negro) por algodoeiros (Gossypium

barbadense) sob cinco tratamentos de sistema reprodutivo (N – natural; PCM – polinização cruzada

manual; AE – autopolinização espontânea; AM – autopolinização manual; e AG – agamospermia),

nos núcleos rurais Cariru e Capão Seco, Distrito Federal, Brasil.

(32)

Figura 9: Peso médio dos frutos produzidos em quatro tratamentos do sistema reprodutivo (AE – autopolinização espontânea; AM – autopolinização manual; N – natural e PCM – polinização cruzada manual) nos núcleos rurais Cariru e Capão Seco, Distrito Federal, Brasil.

Figura 10: Número médio de sementes produzidas em quatro tratamentos do sistema reprodutivo

(AE – autopolinização espontânea; AM – autopolinização manual; N – natural e PCM – polinização

cruzada manual) nos núcleos rurais Cariru e Capão Seco, Distrito Federal, Brasil.

(33)

Apesar de todos os botões empregados nos cinco tratamentos terem sido ensacados até o completo desenvolvimento dos frutos, ocorreram ataques da lagarta rosada e do bicudo em todos os tratamentos (Figura 11). A porcentagem de ataque não foi diferente entre os tratamentos (X

2

= 0,85;

gl=3; p= 0,83) e, em média, 56% dos frutos sofreram algum tipo de dano. Possivelmente esses danos se deveram a ovos depositados pelas fêmeas na fase inicial de desenvolvimento dos botões florais, antes que estes fossem ensacados.

A

B A

B

Figura 11: A – Lagarta de Pectinophora gossypiella (lagarta rosada) em fruto de Gossypium

barbadense; B – pupa do Anthomonus grandis (bicudo).

(34)

Visitantes Florais

A fauna de abelhas visitantes das flores de Gossypium barbadense foi representada por 634 exemplares de 36 espécies de cinco famílias (Tabela 2). Apidae foi a família mais diversificada e abundante, com 17 espécies de 14 gêneros e totalizando 51,4% dos espécimes coletados (n = 326). Halictidae foi representada por 11 espécies de 7 gêneros, correspondendo a 43,4% (n = 274) do total de exemplares. Os demais 5,4% de abelhas pertenciam a Megachilidae (n = 22), Andrenidae (n = 11) e Colletidae (n = 1), todas representadas por apenas uma espécie.

O esforço de coleta total foi de 148,8 horas de amostragem, sendo coletadas, em média, 4,2 abelhas/hora. A maior riqueza de espécies de abelhas foi obtida em março e as maiores freqüências relativas foram observadas entre abril e junho (Figura 12). Os maiores números de espécies e exemplares de abelhas foram coletados, durante todo o levantamento, entre 10h e 12h, (Figura 13). A riqueza e composição de espécies variaram entre os locais, sendo a diversidade maior no Cariru (local 11), seguido de Jardim II e Capão Seco (Sítios 8 e 10 respectivamente) (Tabela 3).

As três espécies mais freqüentes na amostra (Tabela 2) foram Augochlora thalia

(1,05 abelhas/hora), seguida de A. esox (0,52 abelhas/hora) e Ceratina cfr. asuncionis (0,51)

mas apenas a primeira apresentou comportamento favorável à polinização.

(35)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

se t/0 7 ou t/0 7

no v/0 7 de z/0 7

jan /08 fev /08

ma r/0 8 ab r/0 8

ma i/0 8 jun /08

jul /08 ag o/0 8

se t/0 8

n º d e i n d iv íd u o s /h o ra

0 5 10 15 20 25 30

n ° d e e s p é c ie s

nº de exemplares nº de espécies

Figura 12: Número de espécies e freqüência relativa de abelhas coletadas por mês, entre setembro de 2007 e setembro de 2008, em 13 localidades do Distrito Federal – Brasil.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h

N d e i n d iv íd u o s

0 5 10 15 20 25

N º d e e s p é c ie s

N° de indivíduos Nº de espécies

Figura 13: Número de espécies e exemplares de abelhas coletados em diferentes horários do dia

durante o período de setembro de 2007 e setembro de 2008, no Distrito Federal, Brasil.

(36)

24 Tabela 2: Espécies de abelhas visitantes das flores de G. barbadense, com informações do número de indivíduos fêmeas (F), machos (M) e operárias (Op) para as espécies de Apini; freqüência relativa (abelhas/hora) nas flores; recurso coletado – néctar (Ne) e pólen (P); índice de comportamento (IC) e tempo de visita com média, desvio padrão (SD) e número de observações (N); e índice de polinização (IP): VP (visitante pilhador) e PP (polinizador potencial). Dados não observados (n.o.); não se aplica (n.a.). * Essas espécies não foram categorizadas devido a ausência de dados de comportamento.

TÁXON Nº de

Indivíduos Total abelhas/hora Recurso Coletado pelas fêmeas

IC (F) Tempo de Visita Polinização

F M Média SD N Média SD N IP Categoria

ANDRENIDAE

Rhophitulus sp 10 1 11 0.07 Ne e P 0 0 2 n.o. n.a 0 0.00 Pi

APIDAE

APINAE

Apini Op

Apis mellifera (Linnaeus,1758) 8 0 8 0.05 P e Ne 1.0 0 3 30 n.a. 1 0.05 PP

Geotrigona mombuca (Smith, 1863) 2 0 2 0.01 n.o *

Paratrigona lineata (Lepeletier, 1836) 41 0 41 0.28 Ne 0 n.a 1 44 n.a 1 0.00 Pi

Tetragona clavipes (Fabricius, 1804) 23 0 23 0.15 P 0 n.a 1 15 n.a 1 0.00 Pi

Trigona spinipes (Fabricius, 1793) 3 3 6 0.04 Ne 0 n.a 1 n.o. n.a 0 0.00 Pi

Emphorini

Alepidosceles sp 0 1 1 0.01 n.o *

Ancyloscelis cfr. apiformes (Fabricius, 1793) 8 5 13 0.09 Ne *

Diadasina riparia (Ducke, 1908) 8 4 12 0.08 P 0 n.a 1 54 n.a. 1 0.00 Pi

Melitoma segmentaria (Fabricius, 1804) 6 37 43 0.29 P e Ne 0 0 2 215 120.2 2 0.00 Pi

Ptilothrix cfr. plumata (Smith, 1853) 21 31 52 0.35 P e Ne 1.0 0 5 43 n.a 1 0.35 PP

Eucerini

Melissodes nigroaenea (Smith, 1854) 34 1 33 0.22 P e Ne 1.0 0 19 37.87 16.4 8 0.22 PP

Melissoptila cnecomala (Moure, 1944) 3 0 3 0.02 P 1.0 n.a 1 n.o. n.a 0 0.02 PP

Exomalopsini

Exomalopsis (Exomalopsis) analis (Spinola,

1853) 0 1 1 0.01 n.o *

XYLOCOPINAE

Ceratinini

Ceratina (Calloceratina) cfr. chloris (Fabricius,

1804) 1 0 1 0.01 n.o *

Ceratina (Crewella) cfr. asuncionis (Strand,

1910) 74 2 76 0.51 P e Ne 0.1 0.3 10 51 58.2 6 0.05 PP

Ceratina (Crewella) sp 01 9 0 9 0.06 P e Ne *

Ceratina (Crewella) sp 02 1 0 1 0.01 Ne *

(37)

25

Continua...

Tabela 2: Continuação

TÁXON Nº de

Indivíduos Total abelhas/hora Recurso coletado pelas fêmeas

IC (F) Tempo de Visita Polinização

F M Média SD N Média SD N IP Categoria

COLLETIDAE

Hylaeus (Hylaeopsis) sp 0 1 1 0.01 n.o *

HALICTIDAE

HALICTINAE

Augochlorini

Augochlora (Augochlora) esox (Vachal, 1911) 74 3 77 0.52 P e Ne 0.16 0.38 18 108.8 115 11 0.08 PP Augochlora (Oxystoglossella) thalia (Smith,

1879) 135 21 156 1.05 P e Ne 0.44 0.5 27 36.13 31.8 23 0.46 PP

Augochlora (Augochlora) sp 01 1 2 3 0.02 Ne *

Augochlora (Augochlora) sp 02 1 0 1 0.01 n.o *

Augochlora (Augochlora) sp 03 1 0 1 0.01 n.o *

Augochloropsis cfr. patens (Vachal, 1903) 1 1 2 0.01 n.o *

Thectochlora brachycera (Gonçalves e Melo,

2006) 1 0 1 0.01 n.o *

Thectochlora cfr. alaris (Vachal, 1904) 2 0 2 0.01 n.o *

Halictini

Agapostemon sp 2 0 2 0.01 n.o *

Dialictus sp 01 12 0 12 0.08 n.o *

Dialictus sp 08 3 0 3 0.02 n.o *

Dialictus sp 09 4 0 4 0.03 P e Ne 0 0 2 30 14.1 2 0.00 Pi

Dialictus sp 10 1 0 1 0.01 n.o *

Dialictus sp 11 1 0 1 0.01 P *

Pseudagapostemon sp 1 0 1 0.01 n.o *

Rhinocorynura sp 4 0 4 0.03 n.o *

MEGACHILIDAE

Lithurgus huberi (Ducke, 1907) 15 7 22 0.15 P e Ne 0.5 0.53 8 60 n.a. 1 0.07 PP

Referências

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