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Elementos de validade do negócio jurídico Parte I

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Academic year: 2021

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Elementos de validade do negócio jurídico – Parte I

Consoante narrado, os elementos de validade estão previstos no artigo 104 do Código Civil:

CC/02. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei

Agente capaz

A vontade é elemento do negócio jurídico. Para a validade da declaração de vontade, é indispensável a capacidade das partes. No que se refere à pessoa física ou natural, devem-se observar os artigos 3º e 4º do CC/02:

CC/02. Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.

CC/02. Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;

III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;

IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

Com relação às pessoas jurídicas, devem ser representadas por seus órgãos constituídos na forma da Lei, ativa e passivamente.

No que se refere à incapacidade relativa, é importante a leitura do artigo 105, CC/02:

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CC/02. Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

A incapacidade relativa é exceção de natureza eminentemente pessoal, invocável somente em proveito do incapaz.

Ao interessado que for capaz não será permitido alegar em seu proveito a incapacidade relativa da parte adversa.

Além de não poder ser invocada pela parte adversa em proveito próprio, a incapacidade relativa, se arguida pelo incapaz, não beneficiará os demais integrantes do polo em que se encontra, por se tratar de circunstância pessoal incomunicável a terceiros.

Exemplo: alguém se obrigou a uma prestação em favor de alguém com 17 anos: não pode invocar essa condição para se eximir da prestação.

Objeto lícito, possível, determinado ou determinável

O negócio jurídico somente será considerado válido se referir-se a um objeto lícito:

que não atenta contra a Lei, a moral, os bons costumes e a boa-fé. O objeto também deve ser possível e determinado ou determinável.

A impossibilidade inicial do objeto não gera a nulidade do negócio, se for relativa.

Somente a nulidade absoluta vai gerar a nulidade do negócio. Se ele ainda puder ser cumprido, não se fala em invalidade.

É a consagração do princípio da conservação negocial ou contratual, segundo o qual busca-se a manutenção da vontade dos envolvidos.

CC/02. Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.

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Exemplo: carro vendido que não pode ser fabricado por greve. A possibilidade do objeto surge com a paralização da referida greve.

Elementos de validade do negócio jurídico – Parte II

Forma prescrita ou não defesa em Lei

Com regra, a declaração de vontade não exige forma especial, senão quando a Lei prever. É a consagração do Princípio da Liberdade das Formas:

CC/02. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.

O artigo 108 prevê exigência legal de forma para determinadas situações:

CC/02. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Destaca-se a observância do princípio da função social dos contratos, quando o legislador presume que os proprietários de imóveis com valor inferior ao estabelecido não teriam condições de arcar com os custos da escritura pública.

As partes podem estabelecer solenidades, visando segurança do contrato e a sua autenticidade.

CC/02. Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.

Assim, a autonomia das partes na formalização do negócio jurídico é privilegiada.

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Vontade ou consentimento livre

A manifestação de vontade é elemento basilar do negócio jurídico.

O consentimento pode ser expresso (escrito, de forma pública ou particular; ou verbal) ou tácito (comportamento que implique anuência ou renúncia).

A manifestação da vontade subsiste ainda que o contratante tenha feito a reserva mental de não querer o que manifestou:

CC/02. Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

Se o outro contratante tinha conhecimento da reserva mental então o negócio é uma farsa e não subsiste

Atenção: Regra: quem cala NÃO consente. O silêncio somente implica anuência quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e quando não for necessária a autorização expressa.

CC/02. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

De acordo como artigo 112, nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção do que o sentido literal da palavra:

CC/02. Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

Trata-se de uma relativização do princípio do “pacta sunt servanda”, que define a força

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obrigatória das convenções. Deve-se buscar o sentido real do que se foi pactuado.

Exemplo: cliente faz reserva em hotel de “2 quartos com 3 camas”. Intenção: 2 quartos, um com 2 e outro com 1 cama. Cobrança pelo hotel: 2 quartos com 3 camas em cada.

O artigo 113 trata da aplicação do princípio da boa-fé objetiva dos negócios. A Lei da Liberdade Econômica, de 2019, acrescentou dois parágrafos ao referido artigo:

CC/02. Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio;

(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

O primeiro inciso do parágrafo primeiro consagra o princípio venire contra factum proprium non potest, segundo o qual é vedado o comportamento contraditório da parte.

O último inciso do mesmo parágrafo cria uma cláusula geral nova e muito importante:

racionalidade econômica das partes. Para cumpri-la devem ser considerados os comportamentos típicos das partes perante o mercado e em outras negociações similares, os riscos e as expectativas de retorno dos investimentos.

CC/02. Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de

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lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

O referido parágrafo concede maior liberdade aos proponentes, que podem incluir regras de interpretação contratual que não contrariem a Lei.

Por fim o artigo 114 trata da interpretação estrita dos negócios jurídicos benéficos.

Assim, a doação ou a fiança devem ser interpretados restritivamente, sem efeito ampliativo:

CC/02. Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.

Vício de consentimento – se a vontade não for livre, o negócio jurídico será anulável.

Referências

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