Componente Segurança Pública
Diagnóstico Regional
Índice
I - Introdução Pg 3
II - Um comparativo estatístico Pg 4
III - Aparato e capacidade institucional Pg 7
IV - Leitura regional Pg 18
V - Bibliografia Pg 21
I - Introdução
Há uma singularidade no que diz respeito às políticas de segurança pública no Brasil: por um lado, o tema se apresenta como um problema cada vez mais relevante para uma parte significativa dos municípios brasileiros, sendo um dos elementos que contribui para o desenho social e político dos territórios urbanos. Ao mesmo tempo, do ponto de vista da gestão e governança, o papel assim como as atribuições municipais em se tratando de segurança pública ainda não estão claramente definidos, seja de uma perspectiva legal, seja no repertório de práticas à disposição das cidades.
Com efeito, podemos dizer que, hoje, há um descompasso entre demanda e capacidade institucional nesta esfera política particular, na medida em que a violência e criminalidade são desafios das cidades, mas não parecem ser ainda um campo claro de intervenção para as cidades.
Essa tensão entre relevância do problema e a disposição e capacidade institucional das cidades para responder a ele pode ser percebida numa leitura regional das iniciativas municipais das 13 cidades que compõem o diagnóstico. Ela está expressa pela heterogeneidade da qualidade e alcance das respostas governamentais a cenários para os desafios associados à segurança e criminalidade, que são também diversos. Tal heterogeneidade mostra, em primeiro lugar, que entre os 13 municípios a centralidade da temática da segurança pública é variada. Mas, além disso, ela é também reveladora de uma agenda política em construção. Nesse sentido, sublinha a necessidade de um diagnósticos capaz de conjugar as especificidades locais com as potencialidades de ações pensadas a partir de uma perspectiva regional.
Assim, esse documento de diagnóstico regional do Convênio Litoral Sustentável aborda com
maior profundidade dois temas centrais: (I) a formulação de questões regionais a partir dos
diagnósticos municipais; e (II) a identificação dos espaços de organização, articulação e gestão
regional. Partindo desses aspectos em particular, a seguir apresentamos uma análise das
políticas de Segurança Pública nos 13 municípios em área do Pré-Sal.
II - Um comparativo estatístico
Do ponto de vista dos registros criminais, os 13 municípios abordados no âmbito do Convênio Litoral Sustentável estão distribuídos entre o Deinter 6 e o Deinter 1
1.
Sequência 1: Estatísticas dos municípios do Deinter 6
05101520
Taxa em 2011
(por 100 mil habitantes)
Cubatão Itanhaém
Mongaguá Peruí
be São
Vicente Gua
rujá Santos
Praia Grand
e Bertioga
Homicídio Doloso
0
100200300400
Taxa em 2011
(por 100 mil habitantes)
Cubatão Santos
Monga guá
São Vicente
Peruí be
Praia Grand
e Itan
haém Gua
rujá Berti
oga
Furto e Roubo de Veículos
0
2004006008001000
Taxa em 2011
(por 100 mil habitantes)
Cubatão Santos
Monga guá
Gua rujá
São Vicente
Peruí be
Itanhaém Praia
Grand e
Berti oga
Roubo
0
500100015002000
Taxa em 2011
(por 100 mil habitantes)
Itan haém
Santos Mongaguá
Cubatão Peruí
be Gua
rujá São
Vicente Berti
oga
Praia Grand
e
Furto
As tabelas apresentadas na sequência 1 permitem a comparação entre os municípios objeto do Convênio Litoral Sustentável que fazem parte do Deinter 6: Bertioga, Cubatão, Itanhaém,
1
O DEINTER 6 foi criado através do Decreto n°44.448/1999. Sua sede está localizada no município de Santos, e suas funções conjugam ações da polícia judiciária, administrativa e preventiva especializada. Sob sua responsabilidade estão 4 delegacias seccionais: Santos, Itanhaém, Registro e Jacupiranga. O DEINTER 6 possui também em sua estrutura, a Delegacia de Investigação de Crimes de Extorsão Mediante Seqüestro de Santos, o Grupo de Operações Especiais – GOE, a Unidade de Inteligência Policial e o Núcleo de Ensino Policial situado em Praia Grande (site da
Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo -
SSP/SP.<www2.policiacivil.sp.gov.br/x2016/modules/mastop_publish/?tac=DEINTER_6>, consulta feita em 16/04/2012). O DEINTER 1 é responsável por uma região com aproximadamente 2,2 milhões de habitantes, e conta com as Delegacias Seccionais de Polícia de São José dos Campos, Taubaté, Jacareí, São Sebastião, Guaratinguetá e Cruzeiro (site da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo -SSP/SP.
<http://www.ssp.sp.gov.br/noticia/lenoticia.aspx?id=27013>, consulta feita em 07/06/12).
Guarujá, Mongaguá, Peruíbe, Santos, São Vicente e Praia Grande . Sob essa perspectiva, alguns aspectos merecem ser ressaltados:
Dentre esse grupo de cidades, Bertioga é a que registra as menores taxas para os crimes de
“homicídio doloso”, “roubo”, e “furto e roubo de veículos”. Apenas para o crime de “furto”, o município tem a segunda menor taxa. Ainda assim, a diferença é muito discreta. Onde há maior distância entre as taxas observadas em Bertioga e o município com os maiores índices é em relação ao crime “furto e roubo de veículos”. A análise comparativa mostra como, de acordo com os dados até 2012, o município seria um dos mais seguros do litoral.
Já no caso de Cubatão, temos um cenário distinto. Quando comparado às outras cidades da mesma região, o município registra as maiores taxas para os crimes de “homicídio doloso”,
“roubo”, e “furto e roubo de veículos”. Apenas para o crime de “furto”, o município tem taxas intermediárias em relação às outras cidades. Ainda assim, os índices são elevados. A análise comparativa deixa claro como a violência e criminalidade são, hoje, grandes desafios para o município e reiteram a necessidade de políticas de prevenção.
Itanhaém apresenta um quadro semelhante. Em relação a outras cidades da mesma região, o município registra a 2ª maior taxa de “homicídios dolosos”. A cidade também lidera a comparação em se tratando do crime de “furto”. Já para os crimes de “roubo” e “furto e roubo de veículos”, o município faz parte do grupo de cidades com as maiores taxas.
No espectro das cidades com taxas “intermediárias”, temos o Guarujá, sobretudo no que se refere aos crimes de “homicídio doloso” e “roubo”. Em se tratando dos crimes de “furto” e
“furto e roubo de veículos”, o município está no grupo que registra os menores índices.
Ainda assim, como vimos, quando analisados individualmente, os índices do município demandam atenção. Somados ao aumento dos homicídios observado em 2012, tais indicadores sublinham a necessidade de políticas específicas para enfrentar a violência e a criminalidade no município.
Quando comparada às outras cidades da mesma região, Mongaguá tem a terceira maior taxa de homicídio doloso. O mesmo acontece para os crimes de “roubo”, e “furto e roubo de veículos” e “furto”. Ainda que as dinâmicas da própria cidade devam ser consideradas individualmente para um diagnóstico municipal, a comparação é importante porque mostra como Mongaguá compartilha desafios relativos à segurança pública com outros municípios da região.
Já no caso de Peruíbe a oscilação é mais relevante. Quando comparada às outras cidades da
mesma região, o município ocupa um lugar intermediário, mas está mais próximo do grupo de
cidades com as taxas mais elevadas. Em se tratando de crimes contra o patrimônio como
“roubo”, e “furto e roubo de veículos”, a cidade novamente ocupa um lugar intermediário, mas nesse caso agrupada com as cidades com os menores índices.
No que se refere ao crime “furto”, o município volta a ter taxas elevadas em relação aos outros municípios onde esse tipo de ocorrência tem registros menores.
No grupo das cidades com as menores taxas, podemos citar Praia Grande que, em 2011, teve a segunda menor taxa de homicídios dolosos quando comparada às outras cidades da mesma região. O mesmo acontece em se tratando de crimes contra o patrimônio como “roubo”, e
“furto” (no caso do último, o município teve a menor taxa em 2001).
Em se tratando de “furto e roubo de veículos” a cidade tem a 4ª menor taxa, mas ainda pode ser agrupada entre os municípios com os índices mais baixos na região.
Quando comparada às outras cidades da mesma região, Santos registra a terceira menor taxa de “homicídio doloso”. Contudo, em se tratando dos crimes de “roubo”, e “furto e roubo de veículos”, o município tem a segunda maior taxa da região. A análise comparativa evidencia um quadro municipal distinto em relação aos crimes contra a vida e crimes contra o patrimônio. Essa diferença é um indicativo importante que deve nortear abordagens específicas das políticas de segurança pública.
Por fim, São Vicente também ocupa um lugar intermediário quando comparada às outras
cidades da mesma região em relação aos homicídios dolosos. Estando mais próxima do grupo
de cidades com as taxas mais baixas. O mesmo acontece para os crimes de “roubo”, e “furto e
roubo de veículos”. No caso do primeiro, a diferença entre São Vicente e as outras cidades é
muito pequena. Em relação ao segundo, a diferença entre São Vicente e as cidades com as
maiores taxas é mais evidente. Já no que se refere ao crime “furto”, o município tem a terceira
taxa mais baixa da região.
Sequência 2: Municípios Deinter 1
0
5001,0001,500
Taxa em 2011
(por 100 mil habitantes)
São Sebastião Ubatuba Caraguatatuba
Furto
0204060
Taxa em 2011
(por 100 mil habitantes)
Ubatuba Caraguatatuba São Sebastião
Furto e Roubo de Veículos
051015
Taxa em 2011
(por 100 mil habitantes)
Ubatuba Caraguatatuba São Sebastião
Homicídio Doloso
050100150200
Taxa em 2011
(por 100 mil habitantes)
São Sebastião Ubatuba Caraguatatuba
Roubo
As tabelas apresentadas na sequência 2 permitem a comparação entre os municípios objeto do Convênio Litoral Sustentável que fazem parte do Deinter 1: Caraguatatuba, São Sebastião e Ubatuba. A cidade de Ilhabela também faz parte do Deinter 1, mas não aparece no conjunto dos gráficos, isso porque os dados do município não estão disponíveis. A justificativa apresentada pela SSP/SP é que “Dado não disponibilizado devido à grande variabilidade nas taxas de homicídios dolosos Esta variação é decorrente de flutuações naturais que ocorrem nos dados, quando se trabalha com número pequeno de eventos, o que prejudica o dimensionamento do fenômeno, podendo levar a conclusões equivocadas sobre o aumento ou queda”. O mesmo princípio se aplica para outros tipos de crime. O fato da cidade não aparecer nos gráficos, reitera a percepção de que esse é um município com baixos indicadores de criminalidade.
A comparação entre as três outras cidades, sugere algumas considerações.
Caraguatatuba registra as menores taxas para os crimes de “furto” e “roubo” quando comparada às outras cidades da mesma região. Já no que se refere a furto e roubo de veículos, contudo, a cidade tem o segundo índice mais elevado, muito próximo à Ubatuba, o município da região com os maiores índices de ocorrências. O mesmo acontece com os “homicídios dolosos”: o município tem praticamente os mesmos índices que Ubatuba. A análise comparativa reitera a percepção de que a temática da segurança pública deve ser um elemento de preocupação e atenção das políticas públicas da cidade. A comparação dialoga, ainda, com dados de 2012 que apontam Caraguatatuba na contramão da onda de redução da criminalidade pela qual algumas cidades do litoral vêm passando, como, por exemplo, um aumento considerável no registro de homicídios dolosos.
Já São Sebastião registra as maiores taxas para os crimes de “furto” e “roubo” quando comparado aos outros municípios da mesma região. No que se refere a “furto e roubo de veículos”, contudo, a cidade tem o menor índice, significativamente mais baixo do que os outros dois municípios que fazem parte dessa análise. O mesmo acontece com os “homicídios dolosos”, mas nesse caso com uma diferença menor entre as três cidades. A análise comparativa mostra que São Sebastião é mais segura em comparação às cidades da mesma região, mas que que o crime de furto persiste como um problema.
Quando comparada às outras cidades da mesma região, Ubatuba é a 2ª colocada em se tratando das taxas para os crimes de “furto” e “roubo”. No que se refere a furto e roubo de veículos, contudo, a cidade tem o índice mais elevado entre as três. O mesmo acontece com os
“homicídios dolosos”: ainda que o município tenha praticamente os mesmos índices que Caraguatatuba, a cidade se destaca entre as três por conta das maiores taxas de homicídio.
A análise comparativa reitera a percepção de que a temática da segurança pública deve ser um elemento de preocupação e atenção das políticas públicas da cidade. A comparação dialoga, ainda, com dados de 2012 que colocam Ubatuba na contramão da onda de redução da criminalidade pela qual algumas cidades do litoral vêm passando.
III - Aparato e capacidade institucional
A seguir apresentamos informações referentes ao aparato e estrutura institucional relacionados à temática da Segurança Pública de forma comparada, segundo a distribuição das cidades analisadas no Convênio Litoral Sustentável por região dos Deinter.
Os dados apresentados foram obtidos junto a gestores municipais designados em cada cidade, a partir de um roteiro de perguntas pré-estabelecido. As informações foram obtidas entre os
meses de março e julho de 2012.
Tabela 1
2Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande
Santos São Vicente Possui
secretaria ou outro órgão especificame nte destinado à
SP?
Não Depto de
SP
Municipalcr iado pela Lei Municipal nº. 3.403
Secret.
Municipal de Defesa e Convivência Social.
Secret. de Trânsito e Seg.
Diretoria Municipal de Segurança,
Secretaria de Defesa Social.
Subsecretari a de
Assuntos
Sim, Secretaria Municipal de
Segurança.
Secret. de Transportes , Segurança e Defesa Social –
Possui Guarda Municipal?
90 Guardas Civis. Não armada.
Não 298 agentes.
A guarda não atua armada.
85 agentes.
Não atua armada.
Cerca de 50 guardas, que utilizam armas não letais.
75 guardas.
Não atua armada.
231 guardas em exercício 82 novos contratados .
atua armada
363 guardas desarmados .
220 agentes, desarmados .
Possui Plano municipal de segurança?
Não Não Não
cidade está em fase de contratação de empresa especializada.
Não Sim Não Plano
municipal de
segurança em fase de conclusão
Sim. Não
Possui lei Municipal que
Sim Sim Sim Não Sim. Não Não Sim. Sim.
2