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Crítica: A Forma da Água

Publicado por marcelo Em 20 de fevereiro de 2018 à00 15:41 Em | Comentários Desativados

Guillermo del Toro é um cineasta nascido no México. Espantosamente, este latino conseguiu enorme espaço no cinema americano. Para conquistar seu lugar ao sol, ficou conhecido por dirigir filmes de aventura e ficção. Entre estes destacam-se Blade II (2002), Hellboy (2004 e 2008) e Círculo de Fogo (2013 e 2018). O sucesso nestas fitas, o oportunizou realizar obras mais abstratas, beirando o realismo fantástico. Destas podemos citar: O Labirinto do Fauno (2006) e A Colina Escarlate (2015).

Agora, Del Toro chegou ao ápice nesta linhagem com “A Forma da Água” (The Shape of Water, EUA, 2017). O filme mistura vários gêneros num longa indicado para 13 prêmios da Academia

Cinematográfica de Los Angeles, o famoso Oscar.

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O silêncio dos inocentes

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A forma da água conta a história de Elisa Esposito (Sally Hawkins, Goodzila, 2014), uma simples servente, muda de nascimento, que tem dificuldade de estabelecer contato com outros seres

humanos. Elisa trabalha em um laboratório do governo americano na década de sessenta, em plena guerra fria. Seus únicos amigos são o vizinho Giles (Richard Jenkins, Comer, Rezar, Amar, 2010) e a falante Zelda (Octavia Spencer, A Cabana, 2017), sua parceira de limpezas. A rotina da moça se transforma quando o governo traz, para seu local de trabalho, uma descoberta secreta. Trata-se de um espécime mutante. Uma mistura de ser aquático com homem, que foi capturado em plena selva amazônica.

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A língua dos sentimentos

Inacreditavelmente, Elisa descobre-se atraída pela criatura (interpretada por Doug Jones, de Hellboy, 2004). Aos poucos vai descobrindo que, além de um monstro, o ser também possui sentimentos. Mais que isto, diferente dos humanos, ele consegue se comunicar facilmente com a menina. Não demora para a moça se apaixonar pelo monstro. Nisto, ela descobre que o governo deverá eliminar o espécime para dissecá-lo e descobrir seus segredos. A partir dai a garota precisa elaborar um plano para resgatar o homem-peixe e levá-lo à segurança. Mas será o mundo exterior mais seguro para alguém tão diferente¿

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Torre de Babel

A forma dá água é uma grande mistura de gêneros. Trata-se de um belo romance, um filme sobre monstros, uma fita de espionagem, e por vezes um divertido musical. Del Toro não faz esta

construção para alcançar maior público, mas para elaborar uma linda fábula. Esta mostra que, não importa a forma, o amor pode acontecer nos lugares mais inesperados. O mexicano apresenta esta alegoria ao celebrar a relação entre um monstro e uma simples servente. Nada seria mais inusitado, mas o romance aflora e por ele vale a pena enfrentar o mundo e abandonar todas referências.

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Vozes do passado

O homem anfíbio teve como base “O Monstro da Lagoa Negra” (1954), de uma forma muito mais romantizada e leve do que a criatura do clássico dos filmes de terror. Num primeiro momento, o mutante parece repugnante e violento. Mas logo transforma-se em alguém inteligente, meigo e gentil, capaz de roubar sentimentos. A fita apresenta também uma subtrama da guerra fria, de uma forma invertida. Aqui existe um espião soviético, que surpreende como bom moço, contra o vilão americano, insaciável em capturar e dissecar o mutante.

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A Música como palavras

O filme se destaca também por sua parte estética. A película tem o seu desenrolar conduzido por filmes e músicas da década de cinquenta assistidos por Elisa. Eles servem de termômetro para as emoções que estão por vir. Nisto é possível assistir inclusive cenas de películas da nossa Carmem Miranda, ilustrando um momento alegre da obra, enquanto canta Chica, Chica, Boom, Chic.

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THE SHAPE OF WATER Doug Jones and Sally Hawkins O Som do verde

Impressiona também que praticamente todos os elementos do filme utilizam tonalidades de verde. O monstro é verde, a piscina onde ele é preso apresenta um liquido verde barrento, os uniformes das serventes são verde azulado, o carro do vilão é verde petróleo e as tortas, consumidas em uma lanchonete, pelo vizinho Giles, são verde limão. Até mesmo as roupas, quando mais sóbrias, não passam de um marrom esverdeado. Talvez a escolha da paleta faça referência a água de onde foi retirado a criatura. Talvez esteja querendo fornecer ao espectador a sensação de estar no meio de um lago. Quem sabe seja uma lembrança da corrupção da natureza. Pode ser tudo isto, ou apenas uma preferência do autor pela cor. Em filmes arte toda a resposta pode estar certa.

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Sally Hawkins and Octavia Spencer in the film THE SHAPE OF WATER. Photo courtesy of Fox Searchlight Pictures. © 2017 Twentieth Century Fox Film Corporation All Rights Reserved

Frases roubadas

Embora se firme como um filme cult, existem easter eggs na fita, típicos de nossa filmografia atual.

Vários deles estão nos filmes musicais apresentados e nos artefatos da época. Ficamos tentando descobrir onde já vimos aqueles elementos. Existem duas referências especiais que chamam a atenção. A primeira é quando o vilão Strickland (Michael Shannon, Animais Noturnos, 2016) questiona

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a falante Zelda, se ela conhece a face de deus. A atriz, interpretou o todo poderoso em A Cabana (2017), numa clara alusão a outra fita . No outro momento a criatura anfíbia aceita ovos cozidos de Elsie, exatamente como faz “Abe” Sapien o monstro aquático dos dois filmes de Hellboy, também dirigidos por Guillermo del Toro.

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Silenciando o preconceito

Nesta mistura o filme acaba se tornando uma obra que versa principalmente sobre preconceitos. São várias vezes que são demonstradas reações negativas que a humanidade acaba tendo por quem é diferente. Isto acontece em especial com a criatura, que é considerada um animal sem consciência.

Apenas por este motivo acaba torturada seguidamente. A maldade do ser humano vai além. O vilão Stricklan, pratica desde assédio sexual a jovem muda, até racismo contra sua colega negra. A

homofobia, contra Giles, o vizinho, também é demonstrada em determinado momento. Percebe-se no filme que monstros são os que praticam o ódio, simplesmente por terem de conviver com diferenças.

Este adjetivo, monstro, jamais poderia ser utilizado em um ser inocente por ter escamas e guelras.

Um marco ensurdecedor

“A Forma da Água” é um ótimo filme e poderá ser um marco contra o preconceito de várias maneiras, caso venha a ganhar o Oscar. Primeiro por Del Toro, que é mexicano. Só isto já é um soco no

estomago de todos grupos fascistas americanos. Segundo porque o diretor iniciou a carreira em filmes considerados de baixa qualidade. Mesmo assim está a um passo de ocupar o lugar de maior destaque da academia de cinema. Por último, porque o vencedor pode ser um filme de monstro. Isto é

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inconcebível para muitos cartolas de Hollywood. Estes sempre tentam rebaixar filmes imaginativos a um segundo escalão.

Falar para todo mundo ouvir

Se “A Forma da Água” vencer o Oscar estará comprovado que, mesmo a mais abstrata fantasia, pode realizar grandes feitos. É possível ir além, e até conquistar o maior reconhecimento do cinema. De quebra ainda pode-se combater alguns preconceitos incrustados na indústria audiovisual americana.

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