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As Ameaças do Crescimento Urbano de Belém à Conservação do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi.

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Academic year: 2021

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Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Antonio Carlos Lobo Soares

Arquiteto e Museólogo, mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano Universidade da Amazônia - UNAMA

Tv. Vileta 1197 Aptº 1604, Pedreira, Belém, Pará, Brasil, CEP: 66.085-710 Fone: (91) 3244-4085, Fax: (91) 3217-6056

lobo.soares@ig.com.br

Marco Aurélio Arbage Lobo Arquiteto e Urbanista, D.Sc.

Universidade da Amazônia

Av. Alcindo Cacela 287, Belém, Pará, Brasil, CEP: 66.060-000 (91) 4009-3284 e 8111-2286

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Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Resumo

Este trabalho visa chamar a atenção das autoridades constituídas para os problemas que vêm ameaçando a conservação do Parque Zoobotânico - PZB do Museu Paraense Emílio Goeldi nos últimos vinte anos, em decorrência do crescimento urbano de Belém.

O Museu Paraense Emílio Goeldi surgiu em 1866 de uma associação de amantes da ciência (filomática), liderada pelo mineiro Domingos Soares Ferreira Penna, tendo sua primeira sede na rua São João, hoje João Diogo, a cerca de trezentos metros do centro comercial onde se encontra o mercado do Ver-o-pêso, em Belém. Em março de 1895, já sob a direção do naturalista suíço Emílio Goeldi, sua sede foi transferida para uma casa de campo do século XIX (Rocinha), entorno da qual surgiu o PZB, inaugurado em agosto de 1895 (CRISPINO;BASTOS;TOLEDO;2006).

O PZB ampliou-se ao longo do tempo, devido a sucessivas desapropriações do governo do Pará, vindo a ocupar a quadra inteira em volta da Rocinha, com 5,2 ha. Nele encontra-se exemplares da fauna e flora amazônicas, na sua maioria ameaçados de extinção; monumentos em homenagem a personagens da ciência na Amazônia; e edificações onde são expostos os acervos do Museu nas áreas de arqueologia, antropologia, zoologia, botânica, ecologia e ciências da terra.

Considerado o zoológico mais antigo do país, o PZB possui 21 viveiros onde se encontram exemplares da fauna amazônica como onças, macacos, araras, antas, jacarés, ariranhas, poraquês, cobras, garças, guarás, tucanos, mutuns, jacus, tartarugas, tracajás, jabotis, pavões-do-pará, dentre outros ameaçados ou em vias de extinção. São quase 70 espécies e mais de 2.000 indivíduos entre peixes, répteis, aves e mamíferos, cuja reprodução em cativeiro se constitui um atrativo a mais aos visitantes. No PZB vivem livres preguiças, camaleões, cutias, garças, etc.

O aquário do PZB, fundado em 1911, é o mais antigo do país. Sua pequena estrutura reúne espécies representativas da fauna ictiológica da região como pirarucu, poraquê, piranha, surubim, etc.

No PZB existem cerca de 300 espécies botânicas distribuídas em 60 famílias, num total aproximado de 3.000 exemplares. São árvores, arbustos e plantas de sub-bosque; madeiras de lei, frutíferas e palmeiras, estando nele representada a maioria das espécies amazônicas ameaçadas de extinção, uma das últimas áreas verdes na primeira légua patrimonial (6.600 m) de Belém.

Povoam o PZB dez monumentos construídos em homenagem a personagens da ciência na Amazônia que se relacionaram com o Museu, como Domingos Soares Ferreira Penna, Kurt Nimuendaju, Spix, Martius, dentre outros.

O prédio da Rocinha (espécie de casa de campo do século XIX) logo à sua entrada, é o mais antigo e mais importante por suas características arquitetônicas, históricas e culturais, sendo que outras edificações e chalés complementam o seu conjunto.

No ano de 1988, com a intensificação da especulação imobiliária no entorno do PZB, iniciou um movimento visando a sua preservação, que teve como auge um “grande abraço” dado no Parque em 21.05.1989. Divulgado no programa de TV de maior audiência do domingo à noite, mobilizou cidadãos; autoridades; empresários da construção civil; organizações de classe; cientistas; artistas; especialistas em meio ambiente e patrimônio histórico; instituições locais e nacionais e os ministérios públicos federal e estadual. Resultou em matérias e debates em jornais e televisões; shows; campanhas educativas; abaixo assinados e exposições de fotografias, desenhos e cartuns. Esta repercussão na mídia resultou no tombamento estadual e federal do Parque.

De 1895 até hoje, a cidade envolveu o PZB e a população de Belém cresceu doze vezes, passando de 120 mil para 1,4 milhão de habitantes. Este crescimento trouxe a verticalização para o entorno do Parque e uma série de ameaças à sua conservação. Além dos cinco edifícios localizados nas vias de entorno, que já o sombreiam parcialmente e funcionam como uma barreira à circulação do vento em seu interior, outros novos estão sendo construídos na sua circunvizinhança. Também o crescimento do fluxo de veículos em volta do PZB vem ameaçando a sua preservação pela emissão de gases, produção de ruídos e a trepidação do solo, que abala as raízes das árvores e as fundações de suas edificações históricas.

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Goeldi Museum Zoobotanical Park.

Abstract

This paper aims to draw the attention of the authorities for the problems that are threatening the conservation of the Zoobotanical Park (PZB) of the Emilio Goeldi Museum during the last twenty years, due to the urban growth of Belém.

The Emilio Goeldi Museum emerged in 1866 from an association of science lovers (philomatic), led by Domingos Soares Ferreira Penna, and had its first headquarters in the street São João, today Joao Diogo, about three hundred meters from the commercial center where the Ver-o-Peso market is located in Belém. In March of 1895, under the direction of the Swiss naturalist Emilio Goeldi, its headquarters was transferred to a home-field of the nineteenth century (Rocinha), around which the PZB, inaugurated in August of 1895, was developed (CRISPINO;BASTOS;TOLEDO;2006).

The PZB was extended over time, due to successive disposessions executed by the government of Para, and came to occupy the entire block around the Rocinha, with 5.2 ha. There, one can find representative specimens of Amazon flora and fauna, most of which are threatened with extinction; monuments in honor of personages of the sciences in the Amazon, and buildings where the Museum collections in the areas of archaeology, anthropology, zoology, botany, ecology and the Earth Sciences are exposed.

Considered the oldest zoo in the country, the PZB has 21 cages that hold specimens of the Amazon fauna, such as jaguars, monkeys, macaws, tapirs, alligators, giant otters, electric fishes, snakes, herons, guarás, tucanos, mutuns, jacus, turtles, tracajás, jabotis, pavões-do-Pará, and other endangered or threatened species. There are almost 70 species and more than 2,000 individuals between fishes, reptiles, birds and mammals, whose reproduction in captivity is an extra attraction to the visitors. In the PZB we can find sloths, chameleons, agoutis, herons, etc, all living freely in the park.

The aquarium of the PZB, founded in 1911, is the oldest in the country. His small structure holds representative species of ichthyologic fauna of the region such as pirarucu, electric fish, piranha, etc.

In the PZB there are about 300 botanical species distributed among 60 families, a total of nearly 3,000 specimens. Those include trees, shrubs, plants of subforest, wood timber, fruit and palm trees, such that most of the threatened Amazonian species are represented there, one of the last green areas in the first 6.5 km of Belém.

In the PZB there also ten monuments built in honor of personages of the sciences in the Amazon who had connections with the museum, such as Ferreira Penna, Kurt Nimuendaju, Spix, Martius, and others.

The Rocinha building (a sort of home-field from the nineteenth century), situated at the main entrance, is the oldest and most important edification for its architectural, historical and cultural features, composing with the other buildings and chalets the building complex for the area.

In the 1988 year, motivated by the intensification of real estate speculation around the PZB, a movement aiming its preservation was initiated, which had as its peak the accomplishment of a symbolic "big hug" around the Park in the 21st of May 1989. This act, announced during the TV show of the largest audience on

Sunday night, mobilized citizens, authorities, civil construction entrepreneurs, class organizations, scientists, artists, specialists in the areas of environment and historical heritage, local and national institutions, and the Federal and State Public Prosecution Service. It resulted in articles and debates in newspapers and television, concerts, educational campaigns, multiple signed petitions, and exhibitions of photographs, drawings and cartoons. This repercussion in the media resulted in the park being promoted to the category of Cultural Patrimony by the State and the Federal government.

From 1895 to the current days, the city involved the PZB and the population of Belém grew twelve times, going from 120 thousand to 1.4 million inhabitants. This growth has brought the verticalization to the environment of the park and a series of threats to its conservation. In addition to the five buildings located in the areas surrounding the park, which already put it partially in the shadow and act as a barrier to the wind flow inside, new ones are being constructed in its surroundings. Also the growth of the flow of vehicles around the PZB is threatening its preservation by the emission of gases, production of noise and ground trepidation, which is challenging the roots of the trees and the foundations of their historic buildings.

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As Ameaças do Crescimento Urbano de Belém à Conservação do

Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi.

1 - INTRODUÇÃO

O presente artigo faz um relato histórico do Parque Zoobotânico (PZB) do Museu Paraense Emílio Goeldi a partir de 1988, relacionado a três aspectos. O primeiro diz respeito às ameaças, provenientes de fora do PZB, às condições ambientais adequadas ao seu funcionamento, decorrentes das transformações no uso e na ocupação do solo do entorno, bem como no trânsito de veículos motorizados nas ruas adjacentes; o segundo, às ameaças originadas no próprio interior da área; e o terceiro, às providências tomadas pela sociedade belenense e pela administração do Museu Goeldi no sentido de conter tais ameaças.

Esse conjunto de ameaças gerou grande mobilização na sociedade local, iniciada de forma mais sistemática em 1988, que resultou em importantes transformações na legislação de proteção ao PZB.

A pesquisa que fundamentou o presente trabalho foi realizada a partir de levantamento bibliográfico, documental, iconográfico e de campo, bem como por meio da tomada de fotografias.

2 - O PARQUE ZOOBOTÂNICO DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI

O Museu Paraense Emílio Goeldi surgiu em 1866 de uma associação de amantes da ciência (filomática), liderada pelo mineiro Domingos Soares Ferreira Penna, tendo sua primeira sede na rua São João, hoje João Diogo, a cerca de trezentos metros do centro comercial onde se encontra o mercado do Ver-o-pêso, em Belém. Em março de 1895, já sob a direção do naturalista suíço Emílio Goeldi, sua sede foi transferida para uma casa de campo do século XIX (Rocinha), entorno da qual surgiu o PZB, inaugurado em agosto de 1895 (CRISPINO; BASTOS; TOLEDO, 2006).

O PZB ampliou-se ao longo do tempo, devido a sucessivas desapropriações do governo do Pará, vindo a ocupar a quadra inteira em volta da Rocinha, com 5,2 ha. Nele encontra-se exemplares da fauna e flora amazônicas, na sua maioria ameaçados de extinção; monumentos em homenagem a personagens da ciência na Amazônia; e edificações onde são expostos os acervos do Museu nas áreas de arqueologia, antropologia, zoologia, botânica, ecologia e ciências da terra.

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Figura 1: Viveiro de aves no Parque Zoobotânico no início do século XIX. Fonte: ALBUM de Belém. Belém, Fidanza, 1902.p.35-38, il.

Considerado o zoológico mais antigo do país, o PZB possui 21 viveiros onde se encontram exemplares da fauna amazônica como antas, ariranhas, macacos, onças, araras, papagaios, periquitos, jacus, mutuns, pavões-do-pará, tucanos, jacarés, cobras, jabotis, tartarugas, tracajás, dentre outros, ameaçados ou em vias de extinção. São quase 70 espécies e mais de 2.000 indivíduos entre mamíferos, aves, répteis e peixes, cuja reprodução em cativeiro se constitui um atrativo a mais aos visitantes. No PZB ainda vivem soltos macacos, preguiças, camaleões, cutias, pacas, garças, guarás e um grande número de pequenos pássaros urbanos.

Figura 2: Animais encontrados em viveiros e soltos no PZB. Fonte: Acervo particular de Antonio Messias Costa, 2007.

No aquário do PZB, um dos mais antigos do país (1911), foram iniciadas obras de reforma de sua estrutura, que será ampliada em 114m², visando apresentar espécimes anteriormente localizadas em viveiros como tambaqui, poraquê, pirarucu e alguns répteis como sucuris e jibóias.

De acordo com Morais e Fausto (2008), a reforma do Aquário integra o “Programa de Revitalização do Parque Zoobotânico do MPEG”, que tem o desafio de transformar o mais antigo parque zoobotânico do país em um dos mais modernos da América Latina.

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lei, frutíferas e palmeiras, estando nele representada a maioria das espécies amazônicas ameaçadas de extinção.

Encontram-se no Parque monumentos construídos em homenagem a viajantes e pesquisadores que participaram da história do Museu e da ciência na Amazônia, como Domingos Soares Ferreira Penna (fundador do Museu), Kurt Nimuendaju (antropólogo), Spix e Martius (naturalistas), dentre outros.

O PZB é tombado pelos órgãos de proteção ao Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, nos níveis estadual e federal. O prédio da Rocinha, logo a sua entrada, é o mais antigo e importante por suas características arquitetônicas, históricas e culturais, sendo que outras edificações complementam o conjunto do PZB.

Acompanhando a história do Museu Goeldi, o PZB teve momentos marcados por altos e baixos. Com a queda do preço da borracha no mercado internacional no início do século XX, o Estado do Pará, grande exportador deste produto no século XIX, atravessou uma fase de decadência econômica cujos reflexos foram sentidos no Museu Goeldi. Em meados do século XX, na era de Vargas, o Pará teve como interventor o major Magalhães Barata, um apaixonado pelo PZB que o visitava diariamente, responsável por um dos melhores momentos de sua história, com muitos animais expostos, época do primeiro registro de nascimento de pirarucus (Arapaima gigas) em cativeiro.

Em 1954, o Museu Goeldi, sem deixar de ser patrimônio paraense, é subordinado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) com sede em Manaus. Em 1983 passa à esfera federal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e em 2001 para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Assim, o Museu Goeldi hoje é administrado pelo Governo Federal, sendo o PZB patrimônio estadual, seu Campus de Pesquisa na periferia de Belém e a Estação de Pesquisa na Floresta Nacional de Caxiuanã, em Melgaço (PA), patrimônios federais.

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Este movimento contribuiu para que alterações importantes fossem feitas na legislação federal, estadual e municipal de proteção do PZB, uma das duas últimas áreas verdes localizadas na Primeira Légua Patrimonial1 de Belém.

Completadas duas décadas desse momento importante da história do PZB, é necessário investigar o que aconteceu posteriormente em relação às ameaças internas e externas à sua preservação, bem como às providências tomadas pela sociedade belenense e os administradores do Museu Goeldi em prol da sua conservação.

3 - AS AMEAÇAS DE FORA PARA DENTRO DO PARQUE ZOOBOTÂNICO

3.1- Mudanças no uso e na ocupação do solo

No início do século XX, de acordo com o Álbum de Augusto Montenegro de 1908, a cidade de Belém possuía uma população de 120.000 habitantes. Um século se passou e a população aumentou para 1.428.368 habitantes (IBGE, 2008).

Figura 4: Vista aérea do Parque Zoobotânico tomada de satélite. Fonte: Google Earth (2008).

A posição estratégica das avenidas Nazaré e Gov. Magalhães Barata, corredores de tráfego importantíssimos na organização territorial da cidade de Belém, em conjunto com as excelentes condições físicas dos terrenos às suas margens, fizeram com que ocorresse uma importante modificação no padrão de ocupação do solo ao longo das duas vias: a intensificação da verticalização nas décadas de 1960 e 1970. Segundo Ampla Terra (2003), havia um estoque de

1 Área correspondente a 2.343,25 ha, doada pela Coroa Portuguesa ao antigo Conselho da Câmara da Cidade de

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80 prédios com mais de cinco pavimentos na cidade de Belém até 1974, 39 dos quais situados no bairro de Nazaré, limítrofe ao PZB, e de São Braz, onde o parque está localizado. No período 1975-86, foram construídos 178 novos prédios desse tipo, 49 deles (27,5% do total) nos dois bairros citados.

A possibilidade de morar na circunvizinhança de um local bastante aprazível constituiu um estímulo a mais para que os incorporadores imobiliários iniciassem a implantação de edifícios verticais no entorno do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi.

Foram, então, construídos os edifícios Dijon (60m de altura), Saint James (67,3m de altura) e Antônio Maria Fidalgo (76m de altura), todos com 21 pavimentos, na Tv. Nove de Janeiro. Nessa década, não houve manifestação pública contra a construção destes edifícios e a favor da conservação do Parque.

Na década de 1980 surgiu um novo surto construtivo no entorno do PZB, com a implantação dos edifícios Solar das Esmeraldas, da construtora Leal Moreira, de 17 pavimentos, na Tv. Nove de Janeiro; e Monte Fuji, da Construtora Encol, também de 17 pavimentos, na Av. Alcindo Cacela.

Figura 5: Vista edifícios Antonio Maria Fidalgo (a), Solar das Esmeraldas (b), Saint James (c), Dijon (d) e Monte Fuji (e). Fonte: Acervo particular Lobo Soares, abril de 2008.

A presença de quatro edifícios na lateral do PZB na Tv. Nove de Janeiro e um na Av. Alcindo Cacela, representa um sombreamento de cerca de 30% de sua área, afetando o papel fundamental da luz solar na conservação da vida, vegetal e animal, no seu interior.

De acordo com Novaes (1988), a maioria das aves existentes no PZB é de habitat de vegetação aberta e necessita de luminosidade quase que constante para suas atividades diurnas. A dificuldade de penetração dos raios solares no interior do PZB pode ocasionar mudanças no comportamento de aves como garças, socós, urubus-rei e gaviões-real, que buscam o topo dos viveiros a procura de aquecimento, uma vez que é essencial ao seu metabolismo.

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Menezes (1988) acrescenta, ainda, que a umidade que se concentra nos locais ensombreados (e sem ventilação adequada) promove a proliferação irreversível de fungos apodrecedores de madeira. Enfatiza que muitas raízes de árvores gigantescas sofrerão abalos com o batimento e penetração de estacas necessárias aos alicerces de prédios muito altos, afirmação corroborada por Lisboa (1988) que infere que a desagregação das raízes no solo deixa as árvores em condições deficientes de absorção de nutrientes e prejudica a sua sustentação.

A influência dos edifícios no PZB por impedirem a incidência de luz solar sobre as árvores, durante boa parte da manhã, diminui a quota do fotoperiodismo das plantas em prejuízo de seu desenvolvimento e resistência aos agentes danosos. Cavalcante (1988) infere que muitas árvores do PZB estão morrendo antes da idade senil, conseqüência de ataques de pragas e moléstias, e atribui aos fungos a responsabilidade por estas mortes.

Freire et al in PARECER (1988) referindo-se à luminosidade, afirma que “a qualidade espectral da luz que chegará às plantas será modificada devido ao sombreamento imposto pelos edifícios, ocasionando alterações no processo de fotossíntese, provocando distúrbios às plantas.”

Os edifícios altos também funcionam como barreiras que impedem a circulação do vento.

“[...] ao ser impedido a circular formará bolhas de calor do lado oposto a sua direção. Tais bolhas, proporcionais ao anteparo (edifício), podem chegar a 336m de comprimento, para um prédio de 22m de largura e 84m de altura. A elevação da temperatura das folhas, acima de certo limite, prejudica a fotossíntese.” (FREIRE et al in PARECER, 1988).

Ao mesmo tempo o vento, ao encontrar a barreira dos edifícios altos, é canalizado entre estes, aumenta de velocidade e impacta as árvores periféricas do PZB, levando algumas delas a cair.

3.2- Circulação intensa e estacionamento de veículos

Por desempenharem papel de corredores de tráfego de grande importância no contexto da malha viária da cidade de Belém, inclusive por serem parte do conjunto de conexões entre o centro comercial e a periferia da Região Metropolitana de Belém, as avenidas Gov. Magalhães Barata e Gentil Bittencourt, adjacentes ao Parque, caracterizam-se por grande volume de veículos, tanto de transporte privado quanto coletivo. Na proposta de revisão do Plano Diretor do Município de Belém (BELÉM, 2006), em discussão na Câmara Municipal no momento da elaboração deste trabalho, ambas as vias são classificadas na categoria “arterial”, a segunda mais importante na hierarquia das vias urbanas do município. A mesma proposta atribui às duas outras vias limítrofes, a Av. Alcindo Cacela e a Tv. Nove de Janeiro, a categoria imediatamente inferior, “via coletora”, em razão de também terem expressivo fluxo de tráfego em frente ao PZB, principalmente nos horários de pico.

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descargas dos automóveis leves e veículos pesados, pode ser percebida ao se caminhar nos horários de pico do trânsito nesta área.

Figura 6: Ônibus de linha urbana na Av. Gentil Bittencourt tendo o PZB ao fundo. Fonte: Acervo particular Lobo Soares, julho de 2007.

Esse tráfego resulta em elevado nível de ruído, principalmente nos horários de pico. Pesquisa realizada por Japan International Cooperation Agency e Pará (2001) no cruzamento das avenidas Nazaré e Generalíssimo Deodoro, a duas quadras do PZB, revelou a ocorrência de níveis médios de ruído de 74,8 dB pela manhã e 75,9 dB pela tarde, com os níveis máximos chegando a 90,5 e 95,3 dB, respectivamente2. O trabalho concluiu que esses números estão acima do permitido

pelas normas, fato que se torna ainda mais grave ao se considerar os efeitos adversos sobre a saúde dos animais, particularmente o estresse.

De acordo com a Norma NBR – 10151 - ABNT, para áreas mistas, predominantemente residenciais onde o PZB está inserido, a variação de níveis de pressão sonora deveria situar-se na faixa de 55 dB(A) no período diurno e 50 dB(A) no período noturno. Moraes (2003) mostrou que o PZB está situado numa das áreas de ruído mais intenso da cidade de Belém. Seu estudo indicou que nas Avenidas Gov. Magalhães Barata e Gentil Bittencourt, no trecho correspondente ao PZB, há uma variação de ruído entre 75 e 80 dB(A) e nas Av. Alcindo Cacela e Tv. Nove de Janeiro a variação de ruído situou-se entre 65 e 70 dB(A).(MORAES, 2004)

A trepidação no solo gerada pela circulação de veículos pesados no entorno do PZB também vem causando danos à estrutura de seus prédios históricos, viveiros e muro de proteção. Em 1988 foram reforçados os alicerces do prédio das coleções de arqueologia, localizado junto a Av. Alcindo Cacela e distante cerca de 8 metros do muro, que apresentou rachaduras em paredes do chão ao teto.

2 Ressalte-se que a pesquisa foi feita num mês de férias escolares (julho), quando os níveis de ruído são, normalmente,

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Figura 7: Caminhão de 20 toneladas circulando na Tv. Nove de Janeiro tendo o PZB ao fundo. Fonte Acervo particular Lobo Soares, julho de 2007.

A mudança de uso de imóveis situados no entorno do PZB, com a substituição das residências por estabelecimentos comerciais e de serviços, vem contribuindo para aumentar o estacionamento de veículos nas vias adjacentes, algo que se intensificou com a recente implantação de um colégio particular e um bar na Av. Alcindo Cacela.

Tal fenômeno constitui problema ao Parque Zoobotânico na medida em que a área não dispõe de vagas próprias de estacionamento. Seus usuários passaram a competir com os freqüentadores dos espaços de comércio e serviço, que não param de surgir no seu entorno. A escassez de vagas de estacionamento nas vias de entorno do Parque pode se transformar em um problema, uma vez que o público que o freqüenta aos sábados utiliza automóveis particulares e os estudantes, durante a semana, em sua maioria utilizam ônibus alugados. É comum se encontrar ônibus estacionados em fila dupla na Tv. Nove de Janeiro, nos dias de maior visitação do PZB.

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Fonte: Acervo particular Lobo Soares, julho de 2007.

3.3 – Excesso de luz artificial

Santos (2005) trata da poluição luminosa sob a égide jurídica e trás à reflexão alguns aspectos interessantes do que chama poluição luminosa. Define em aproximadamente 40% o desperdício das luminárias utilizadas na iluminação pública, pelo que deixam escapar de luz para o espaço, luz esta que, refletida nas gotas de d’água e poeiras suspensas, cria nas camadas atmosféricas um obstáculo à visibilidade do firmamento.

A autora levanta a possibilidade da iluminação excessiva ter efeito na fauna e flora noturna, a ponto de causar a proliferação de cupins, moscas e pombos nas áreas urbanas. Parecer da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) corrobora tal suspeita no caso específico do PZB:

“Há ainda a se considerar toda a alteração já sofrida pela vegetação em função da iluminação ali imposta durante toda a noite (impedindo que estas plantas possam interromper totalmente suas atividades metabólicas), com o agravante de que a luz atrai muitos insetos que não existem na mata em estado selvagem.” (MENEZES, 1988).

4 - DOIS MOVIMENTOS EM UM SÓ SENTIDO

A ameaça que a construção de dois novos edifícios, somados aos três existentes, apresentava ao PZB em 1988, foi debatida na “Semana do Verde” promovida pelo Museu Goeldi, em junho, evento que se constituiu numa das primeiras manifestações da sociedade belenense no sentido da ampliação de sua consciência ambiental. A direção do Museu Goeldi iniciou um movimento visando à coleta de informações técnico-científicas que pudessem comprovar os males dessa verticalização para o equilíbrio do ambiente de seu Parque. Solicitou, assim, apoio à então Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), hoje Universidade Rural da Amazônia (UFRA), e a Prefeitura Municipal de Belém, nos seguintes termos:

“[...] retornamos ao assunto formalizando nosso pedido para que a Prefeitura Municipal de Belém, como medida acauteladora, antecipe-se ao detalhamento da questão e ao procedimento legislativo para o aperfeiçoamento da lei de uso do solo e por portaria determine a Secretaria de Obras que não licencie qualquer edificação com altura superior a da média das árvores mais altas do Parque que se pretenda construir no perímetro urbano compreendido pela Av. Magalhães Barata, rua Gentil Bittencourt e pelas Travessas 9 de janeiro e Alcindo Cacela.” (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI,1988, OF. DIR/MPEG.Nº 369/88).

Também solicitou ao Governo do Estado o tombamento dos 5,2 ha ocupados pelo PZB. No ofício ao governador, o diretor do Museu Goeldi Dr. Guilherme de La Penha resume assim os motivos da solicitação do tombamento do PZB, com base nos pareceres de seus pesquisadores, EMBRAPA, FCAP e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC):

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morte de árvores ainda longe da senilidade.” (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI,1988, OF. DIR/MPEG.Nº 421/88).

Por fim, a direção do Museu acionou a Promotoria de Justiça do Ministério Público Estadual para que promovesse competente Ação Civil Pública visando à proteção do patrimônio público e do meio ambiente. No dia 13.03.1989, o Promotor de Justiça Dr. Luiz Ismaelino Valente, deu entrada em Ação Civil Pública objetivando:

“[...] o cumprimento de OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, obedecido o procedimento ordinário previsto no vigente Código de Processo Civil, contra a PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM, e contra as empresas CONSTRUTORA LEAL MOREIRA LTDA [...] e ENCOL S/A ENGENHARIA COMÉRCIO E INDÚSTRIA [...].” (PARÀ, 1989)

e com os pedidos para que:

“[...] a PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM se abstenha, doravante, de aprovar e licenciar novos projetos de edificações na vizinhança do Parque Zoobotânico do MPEG, com gabarito superior à última altura das árvores adultas desse Parque, requerendo-se desde logo, em relação à municipalidade, a concessão do mandado liminar, independentemente de justificação prévia, “ex vi” do art. 12 e seu § 2º da Lei nº7347/85; [...]

[...] as empresas CONSTRUTORA LEAL MOREIRA LTDA. e ENCOL S/A – ENGENHARIA, COMÉRCIO E INDÚSTRIA, se abstenham de executar os projetos dos edifícios SOLAR DAS ESMERALDAS E MONTE FUJI, respectivamente, com os gabaritos neles originalmente previstos, por serem inequivocamente danosos ao ecossistema do Parque Zoobotânico do MPEG e ao patrimônio histórico, paisagístico e turístico por aquele representado, sob pena de execução específica da obrigação de não fazer ou multa diária fixada nos termos do art. 11 da Lei nº 7.347/85.” (PARÀ, 1989).

Em março de 1989, a juíza Floracy Fonseca, da 15ª Vara Cível da Comarca de Belém, concedeu liminar ao pedido do Ministério Público, suspendendo as obras dos dois edifícios, sendo esta cassada, posteriormente, pelas construtoras envolvidas.

Ao mesmo tempo em que a direção do Museu seguia o caminho formal que culminou com a Ação Civil Pública mencionada, crescia um movimento popular que ficou conhecido como Movimento Pró-Conservação do Museu Goeldi. Começou com um abaixo assinado, organizado pelos funcionários do Museu, contra a construção de edifícios no entorno do Parque e visando à mudança da lei estadual nº 4.855, de 03.09.1979, que tombou o seu acervo paisagístico e arqueológico sem fazer referência ao entorno do Parque Zoobotânico.

Esse movimento popular também atuou em outra questão relevante no tocante à proteção ambiental do PZB: a circulação de veículos no seu entorno. Visava a demover projeto da Prefeitura de transferir alguns ônibus da Av. Alcindo Cacela para a Tv. Nove de Janeiro.

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dos edifícios Solar das Esmeraldas e Monte Fuji, em agosto de 1989. Um dos fortes argumentos da Ação Popular era de que a Secretaria Municipal de Obras (SEMOB), ao conceder os alvarás de construção para estes dois prédios, violou a lei municipal nº 7.055, de 30.12.1977, que dispõe sobre a proteção de obras e prédios de valor histórico ou artístico de interesse local, bem como a Constituição Federal, promulgada no dia em que o alvará foi requerido pela construtora. O advogado e agrimensor Paraguassu Éleres manifestou-se verbalmente assim ao autor (1989) “Por não estarem em acordo com a lei estes alvarás irregulares, já são nulos de pleno direito”.

Este Movimento trouxe a Belém a Dra. Magda Lombardo3, que, juntamente com o arquiteto João

Castro Filho, constataram em uma semana de medições intensas de temperatura no bairro, a ocorrência do fenômeno das “ilhas de calor”, que resulta do desequilíbrio na proporção entre áreas verdes e água de um lado, asfalto e concreto de outro (LOMBARDO, 2004). Também o Dr. Celso Pinto, vice-diretor do Museu se manifestou verbalmente assim ao autor (1989), diante do resultado da ação liminar favorável ao Museu “[...] essa grande demonstração de consciência ecológica vai estimular o aparecimento de outros movimentos semelhantes, sempre que o patrimônio público for novamente ameaçado”.

Os dois movimentos, tanto da Ação Civil Pública como da Ação Popular, tiveram resultados favoráveis à preservação legal do Parque, muito embora não cessaram a construção dos dois edifícios em questão.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) inscreveu o Tombamento do Parque Zoobotânico em 03.01.1994, tanto no livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico (Processo: 1297-T-89 e inscrição nº 110) como no livro Histórico (Processo: 1297-T-89 e inscrição nº 536). O aspecto inovador deste tombamento é ter tratado de forma especial o entorno do bem tombado, estabelecendo um ângulo de 22º 30’, entre o muro e a calçada lateral do Parque, acima do qual nenhum edifício pode ultrapassar. Em suma, quanto mais alto for o edifício, mais longe do PZB ele deverá estar, em todas as direções.

A Lei estadual nº 4.855 de 03.09.1979, estabelece normas de preservação e proteção do Patrimônio Histórico, Artístico, Científico e Turístico do Pará. Com base nela, o Governo do Pará inscreveu o tombamento do PZB no livro nº 1 (tombo arqueológico, etnográfico, científico, paisagístico e turístico) e no livro nº 2 (tombo histórico), do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) da Secretaria de Estado de Cultura (SECULT), conforme extrato de tombamento publicado no Diário Oficial do Estado de 02.07.1982 (Processo nº 0471). A Lei nº 5.629, de 20.12.1990, melhor detalha as normas estabelecidas na Lei nº 4.855 e acrescenta o Patrimônio Natural em substituição ao Patrimônio Científico e Turístico.

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13.01.1993, que instituiu o Plano Diretor Urbano de Belém (BELÉM, 1993) –, também houve avanço na proteção legal direta ao PZB. O Artigo 168 deste Plano, que define as Zonas Especiais de Preservação (ZEP) como “[...] frações do território Municipal definidas em função do interesse coletivo de preservação, manutenção e recuperação do Patrimônio Histórico, Paisagístico, Cultural e Ambiental”, e as classifica, no Inciso III, como “reservas florestais, praças, parques”. O destaque para o PZB é dado no Inciso III do Artigo 171, que define como Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico os “Entornos tombados em Nazaré e Museu Goeldi e Bosque Rodrigues Alves a ser tombado, conforme perímetro a ser definido na Lei Complementar de Controle Urbanístico.”

As ZEP foram detalhadas na Lei Complementar nº 2, de 19.07.1999 (BELÉM, 1999). O Artigo 41 define “São Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Ambiental aquelas cujas características paisagísticas e ambientais as tornem de interesse público para fins de preservação e recuperação”. Identifica no inciso III do parágrafo 1º como sendo de interesse público, para fins de preservação ambiental, “[...] a Zona Especial de Preservação do Patrimônio Ambiental 3, denominada de Parque Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi”, e acrescenta, no parágrafo 3º do mesmo artigo: “No entorno de Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Ambiental a ocupação do solo obedecerá, além dos parâmetros desta Lei, aos parâmetros fixados em legislação específica”.

Também voltada à proteção do PZB surgiu em 05.04.1993 a Lei nº 7.605, que tornou “[...] defeso o tráfego de veículos pesados, acima de 3,5 (três e meia) toneladas, na Travessa Nove de Janeiro, perímetro compreendido entre as Avenidas Gentil Bittencourt e Magalhães Barata”.

5 - AS AMEAÇAS DE DENTRO DO PARQUE ZOOBOTÂNICO

Não só os fatores externos ameaçam a sobrevivência do PZB. Fatores internos, relacionados à sua gestão enquanto espaço público podem contribuir, positiva ou negativamente, à sua proteção. A partir do movimento da década de 1980 a direção do Museu Goeldi vem tomando medidas voltadas à proteção interna do PZB, onde se destacam: a substituição de estacionamento de carros e edificações por canteiros com vegetação arbórea; a transformação de áreas de circulação em áreas verdes; a restrição do número de visitantes do PZB nos dias de maior pico, dentre outras.

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Figura 9: Canteiro de plantas onde até a década de 1980 eram estacionados os veículos de funcionários. Fonte: Acervo particular Lobo Soares, julho de 2007.

A não-apresentação à sociedade de um plano para o PZB, pela direção do Museu, com metas claras e devidamente discutidas com suas instituições parceiras, é um desses problemas que se identificou.

Outro fator que contribui para o aquecimento interno do PZB é o uso de telhas de cimento amianto na cobertura de prédios de valor histórico. Na década de 1970, nos prédios que se construíram e nos chalés históricos instalaram-se telhas de cimento amianto, altamente irradiadoras de calor. Na década de 1980 introduziram-se telhas de alumínio nos viveiros de algumas aves, contribuindo para o aumento do calor no interior do PZB.

Figura 10: Cobertura com telha de cimento amianto em Chalés do PZB. Fonte: Acervo particular Lobo Soares, julho de 2007.

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servida é despejada na sarjeta da Av. Alcindo Cacela, escorrendo a céu aberto até o bueiro da esquina.

Ultimamente vem ocorrendo com mais freqüência a instalação de abelhas africanizadas em árvores do PZB, levando a sua direção a fechá-lo temporariamente à visitação pública até que estas sejam retiradas e não ofereçam perigo aos visitantes. Na década de 1980, suspeitou-se que alguns tratadores de animais teriam adquirido psitacose4 de um grupo de ararajubas (Aratinga guarouba) recolhidas pelo IBAMA.

Problemas de captação e tratamento de água não foram resolvidos. No PZB existem quatro poços artesianos, sendo que três captam água de lençóis freáticos (Formação Barreiras) próximos à superfície (11 metros de profundidade) e o último, artesiano, o faz a cento e vinte metros de profundidade (Formação Pirabas), onde a presença de ferro está acima (Total mg/l Fe 5,02) dos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria 518 de 25/03/04 do Ministério da Saúde (CONSULTORIA, 2007: 43) e o seu tratamento, apesar da existência de estação apropriada, um problema que o Museu ainda não conseguiu solucionar. Estes poços abastecem os viveiros, lagos e tanques de água com animais, sendo as edificações servidas por água tratada da Companhia de Saneamento do Estado do Pará (COSANPA).

Foram identificadas situações de raízes de árvores expostas tanto no quadrante I como no III. Com o propósito de aumentar a proteção destas raízes, pequenos canteiros vêm sendo acrescidos (Figura 12) e outros fundidos, reduzindo a largura das trilhas, onde a média observada foi de 2,5m por 30cm de profundidade. A decisão adotada pela administração do PZB, de ampliar as áreas de canteiros com vegetação, está esbarrando em outros fatores que devem ser considerados.

Figura 12: Canteiros com plantas sendo redesenhados e ampliados. Fonte: Acervo particular Lobo Soares, fevereiro de 2008.

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Por sua condição de Parque Urbano e os atrativos já enfatizados neste trabalho, o número de visitantes no PZB vem se mantendo constante e elevado5. Ao mesmo tempo, as trilhas, de solo

desnudado, que já eram reduzidas pela presença de espaços administrativos periféricos onde a visitação é proibida, estão ainda menores, devido: ao isolamento dos viveiros de aves aquáticas e jacarés, em obra (quadrante IV); à desativação do tanque do pirarucu (quadrante III); a obra de reforma no aquário (quadrante III); ao fechamento do prédio de exposições, aguardando reconstrução (quadrante II); e ao isolamento temporário de áreas devido à queda de frutos pesados. Ou seja, o número de visitantes permanecendo alto e as trilhas reduzidas na largura e no comprimento, aumenta a pressão sobre estas últimas e sobre os canteiros com vegetação, o que explica em parte as situações encontradas neste trabalho, em que trilhas paralelas ou duplicadas foram identificadas e canteiros pisoteados. No quadrante I, foram registradas cinco ocorrências de trilhas paralelas e duas no quadrante III. Destas sete ocorrências, três foram criadas pelos seguranças do PZB ao se deslocarem entre postos de trabalho e descanso; duas por funcionários para encurtar distâncias; e, duas por visitantes, em busca de exploração do canteiro com plantas.

Figura 13: Planta do PZB dividido em quatro quadrantes.

Fonte: Coordenação de Museologia – Museu Goeldi – Norberto Ferreira, fevereiro de 2008.

Também, com o estreitamento das trilhas, aumenta a quantidade de água da chuva em seu leito central, escavando-o e obrigando o visitante, após as chuvas, a subir nos canteiros laterais, mais altos em média 30 cm, para evitar pisar na água.

Outro fator que vem contribuindo para o desgaste de trilhas de solo desnudo no PZB é a permissão para circulação de veículos em seu interior. Constatou-se o funcionamento de quatro portões (A, B, C e D), por onde entram e saem veículos de passeio e utilitários, oficiais e particulares, com destinos em todos os quadrantes do PZB e cujo circuito está assinalado em planta (figura 12). Com exceção do portão D, na Av. Gentil Bittencourt, onde o caminhão de coleta de resíduos sólidos acessa-o de marcha ré, não entrando de todo no PZB, no período de observação de campo registraram-se dentro do PZB os carros da diretoria, de entrega de malote do Museu Goeldi e de empresa terceirizada prestadora de serviço de poda de vegetação.

5 Segundo o documento “Termo de Compromisso de Gestão”, disponível no endereço eletrônico www.museu-goeldi.br,

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Figuras 14 e 15: Carro oficial do Museu manobrando em frente ao prédio da diretoria, em tarde de chuva intensa e piso de terra batida do PZB após a passagem do mesmo.

Fonte: Acervo particular Lobo Soares, fevereiro de 2008.

No levantamento realizado no PZB, observaram-se problemas de erosão e de drenagem, com ênfase nas trilhas localizadas no quadrante I, onde registraram-se onze ocorrências de perda de solo com mais de três metros de comprimento, com 5 a 15 centímetros de profundidade.

Figura 11: Circulação onde se observa a diferença entre o nível do solo de terra batida anterior e o atual. Fonte: Acervo particular Lobo Soares, julho de 2007.

Segundo Leung e Marion (1998 apud RIBEIRO, 2006) a profundidade, os problemas de drenagem, a quantidade de raízes expostas e os acessos secundários são indicadores de significativos impactos negativos sobre os atributos das trilhas, incluindo os funcionais, os de segurança, os estéticos e os ecológicos.

Outro indicador de impacto verificado no PZB foram árvores mutiladas, encontradas em maior quantidade no quadrante I (sete) e, em menor quantidade, no quadrante II (três), com nenhuma ocorrência no quadrante III. Atribui-se a maior incidência deste indicador no quadrante I à baixa

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freqüência de visitantes, o que proporciona aos agressores atuar sem serem vistos por outros visitantes ou mesmo pelos funcionários do PZB. Estas árvores possuem troncos lisos e estão situadas a menos de dois metros da trilha, o que corresponde à área de interferência humana definida por Makfarland e Lechner (1996 apud TAKAHASHI, 1998) como sendo duas vezes a largura da trilha.

Observaram-se, também, três pontos com lixo e outros quatro com problemas de saneamento no quadrante I. O lixo encontrado em maior quantidade estava fora de trilha de visitação, em uma trilha paralela, criada no sentido do WC público ao vestiário dos seguranças, e caracterizava-se por restos de comida, prato descartável de alumínio, frasco de desodorante e outros, visivelmente produzidos por esses profissionais. Em outro ponto encontraram-se papéis de picolés, baganas de cigarro e restos de comida, todos em área onde não havia lixeira no entorno de 15 metros.

Os descritores dos problemas de saneamento abrangem os restos de construção e serviços, muito presentes no PZB, tendo em vista as reformas porque este vem passando nos últimos anos. No quadrante I foram encontrados restos de obras de construção civil (pintura) por trás de prédios; escadas e pedaços de paus utilizados para subida e poda em árvores altas e vassouras “esquecidas” no chão. No quadrante III houve apenas uma ocorrência de material de limpeza deixado por trabalhador do PZB “escondido” por trás do WC público.

Por último, nesta análise, foram detectados alguns pontos de risco no PZB. Além de escorregamentos, plantas urticantes, fatal, foram identificados entre outros os riscos de: 1) tropeços em raízes, em caixas de concreto mal fechadas, em canos de água e eletricidade, pedregulhos, tijolos e alicerces de viveiros desativados “brotados” com a perda de solo; 2) queda em bueiros abertos, buracos decorrentes de erosão junto a galeria de águas pluviais, cisterna de cimento amianto enterrada no solo, com tampa aparente e frágil, incapaz de suportar o peso de um adulto; 3) Queda de frutos pesados6 e galhos de árvore, neste último só foi possível identificar

quando o galho já havia se desprendido da árvore e encontrava-se pendurado e; 4) possibilidade de contato direto do visitante com casas de força de alta tensão elétrica.

6 Frutos das árvores de Castanha do Pará (Bertholletia excelsa Bompl.), Castanha de Macaco (Couroupita guianensis

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Figura 16: Risco de tropeço nos quadrantes I e II do PZB. Fonte: Acervo particular Lobo Soares, fevereiro de 2008.

O muro alto que circunda o PZB necessita de um estudo apurado visando a identificar se deve permanecer como está ou ser substituído por grades de ferro, em alguns trechos, como as que se encontram em sua entrada principal. A direção do Museu vem afastando as edificações do muro, como feito na reforma do espaço que abriga o setor de veterinária do PZB (figura 16).

Figura 17: Detalhe do prédio da veterinária afastado do muro do PZB. Fonte: Acervo particular Lobo Soares, julho de 2007.

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Figura 18: Detalhe do muro servindo de fundo e sustentação a construções no interior do PZB Fonte: Acervo particular Lobo Soares, julho de 2007.

6 - CONCLUSÃO

O presente artigo identificou e analisou um conjunto de ameaças à integridade ambiental do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emilio Goeldi, originadas de transformações urbanas no seu entorno ou do seu próprio interior, em decorrência de sua função de local público para exposição de acervos científicos, flora e fauna amazônicos. Nesse sentido, serve como referência para outros locais similares encravados em áreas urbanas.

A mobilização da sociedade civil e as providências tomadas pela administração do PZB vêm conseguindo evitar as ameaças mais graves, mas ainda há outras que precisam ser evitadas. À guisa de sugestão, apresentam-se as seguintes recomendações:

a) Que haja aperfeiçoamento da legislação de proteção ao Parque, para que ela seja eficaz na manutenção da sua integridade ambiental;

b) Que a direção do Museu Goeldi monitore, regularmente, o grau de percepção das autoridades constituídas em relação à importância do PZB para a cidade de Belém, acompanhando todas as discussões sobre mudanças na legislação municipal e estadual que digam respeito a sua proteção, bem como as pressões imobiliárias no entorno;

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d) Que a direção do Museu Goeldi realize estudo de impacto ambiental detalhado, para que se tenha um conhecimento mais aprofundado sobre as ameaças ao PZB aqui apresentadas, além de outras ainda não identificadas, uma vez que a pesquisa constatou que as medidas tomadas ainda não foram suficientes para conter os problemas de impacto gerados pela visitação pública nas trilhas e canteiros com vegetação no PZB;

e) Que a Prefeitura Municipal de Belém promova o aperfeiçoamento da iluminação pública do entorno do PZB, no sentido de reduzir as perdas com a emissão de luz para a parte superior das luminárias e, conseqüentemente, para o interior do PZB;

f) Que a direção do Museu Goeldi aplique medidas educativas aos próprios funcionários e prestadores de serviço do PZB, responsáveis pela presença de um número razoável de indicadores de impacto em todos os seus quadrantes pesquisados;

g) Que a direção do Museu Goeldi, como medidas específicas, imediatas e importantes na redução dos impactos observados neste trabalho, suspenda a entrada regular de veículos de qualquer natureza no PZB e que elimine os pontos de risco de acidente aos visitantes.

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