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A RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Direito

LUANA MENDES DE ARAÚJO

A RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Trabalho de Conclusão de Curso

São Paulo 2022

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LUANA MENDES DE ARAÚJO

A RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Esse Trabalho de Conclusão de Curso foi jul- gado adequado à obtenção do título de Ba- charel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Direito, da Universidade São Judas Tadeu.

Orientador: Fernando Guilherme Bruno Filho

São Paulo 2022

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LUANA MENDES DE ARAÚJO

A RESPONSABILIDADE CIVIL DECORRENTE DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito, e aprovado em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade São Judas Tadeu.

____________________, _______de______________de 2022 Local dia mês

_________________________________________________

Orientador: Prof. Fernando Guilherme Bruno Filho Universidade São Judas Tadeu

___________________________________________

Avaliador

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Dedico este trabalho aos meus pais que, com muito amor, apoio e incentivo incondi- cional, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente à Deus por me conceder sabedoria e me ajudar a ultrapas- sar todos os obstáculos encontrados ao longo do curso.

Aos meus pais e irmão, que foram meus maiores incentivadores nos momentos difíceis e me concederem todo o apoio necessário.

Aos professores do curso de Direito que através dos seus ensinamentos me permiti- ram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional.

(6)

“Você nunca sabe a força que tem. Até que a sua única alternativa é ser forte.” Johnny Depp

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Resumo

A violência obstetrícia é caracterizada por condutas e omissões que causam so- frimento e danos desnecessários às mulheres por parte em todas as fases da gravidez parto, puerpério e aborto, por profissionais da saúde. Este trabalho possui o objetivo de analisar a responsabilidade civil de profissionais e instituições médicas nos casos de violên- cia obstetrícia, através da doutrina e na jurisprudência por meio da metodologia dedutiva.

Para tanto, analisa-se a diferença de erro médico com violência obstetrícia e seu conceito, responsabilidade civil, tendo em vista que a natureza da obrigação os danos causados por tais atos à gestante e ao recém-nascido e suas formas para que ocorra a reparação, e a necessidade de uma lei específica que trate do assunto.

Palavras-Chave: Violência Obstétrica. Responsabilidade Civil. Danos.

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Abstract

Obstetric violence is characterized by conducts and omissions that cause unnec- essary suffering and harm to women on the part of health professionals at all stages of pregnancy, childbirth, puerperium, and abortion. This paper aims to analyze the civil liability of medical professionals and institutions in cases of obstetric violence, through doctrine and jurisprudence by means of the deductive methodology. To do so, the difference between medical malpractice and violence in obstetrics and its concept, civil responsibility is analyzed, taking into account the nature of the obligation the damage caused by such acts to the pregnant woman and the newborn and its forms so that the repair occurs, and the need for a specific law that deals with the subject

Keywords:Obstetric violence. Civil liability. Pain. Parturient. Newborn.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . 9

2 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: CONCEITUAÇÕES . . . . 10

2.1 A TUTELA DA violência OBSTÉTRICA . . . 11

2.1.1 A proteção Contra a Violência Obstétrica a Partir dos Direitos Reprodutivos 12 3 HIPÓTESES VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA . . . . 15

3.1 EPISIOTOMIA . . . 15

3.2 MANOBRA DE KRISTELLER . . . 16

3.3 RESTRIÇÃO DE POSIÇÃO PARA O PARTO . . . 16

3.4 FÓRCEPS . . . 17

3.5 CESÁREAS ELETIVAS . . . 17

3.6 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA . . . 18

4 COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA A PARTIR DO CON- CEITO DE JUSTIÇA REPRODUTIVA . . . . 20

4.1 A POSIÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO ORDENAMENTO JURÍ- DICO BRASILEIRO . . . 22

5 CARACTERIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL . . . . 26

5.1 Responsabilização . . . 26

5.1.1 Responsabilidade do hospital e do médico . . . 27

5.2 O DEVER DE REPARAÇÃO . . . 28

5.3 CRIAÇÃO DE LEI PARA REGULAMENTAR . . . 29

6 CONCLUSÃO . . . . 31

7 REFERÊNCIAS . . . . 33

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1 INTRODUÇÃO

A violência obstétrica é vista como um modo de violência institucional e de gênero, sendo fruto de um processo de alienação e medicalização do parto. Tendo em vista que os números são considerados baixos nos Tribunais por condutas que derivam a violência obstétrica tendo como justificativa por ocorrer em um momento importante para as gestantes, encontrando-se vulneráveis e lidando com muitas emoções, fazendo com que se calem.

Mesmo que seja garantido pelo Brasil em sua Constituição Federal igualdade entre os homens e mulheres, e possua tratados internacionais sobre o tratamento respeitoso à mulher, e que existam recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o assunto, não possuímos legislação federal que regulamente o tema.

Conforme se verá no decorrer, independente do hospital, seja ela público ou privado, existe uma porcentagem significativa, gerando momentos constrangedores para as gestan- tes em virtude de atos ou intervenções desrespeitosas, podendo atingir a integridade física e/ou psicológica da gestante e de seu bebê.

Desse modo, junto ao Poder Judiciário precisamos de uma solução legislativa, com o intuito de diminuir os números de caos e para que ocorra o entendimento sobre a gravidade do assunto. Devido o assunto não ser mostrado pela mídia na maioria dos casos, a visibilidade é escassa na sociedade e no ordenamento jurídico, do mesmo modo, referente a ausência de lei específica sobre o tema da violência obstétrica, resultando vulnerabilidade para as mulheres devido à falta de conhecimento de seus direitos nos momentos de pré-parto, parto e pós-parto.

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2 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: CONCEITUAÇÕES

O termo “violência obstétrica” é utilizado para definir formas de violência de gênero sofrida durante o parto. O termo pode ser utilizado para caracterizar várias formas de violência e maus tratos sofridos pelas mulheres durante o cuidado obstétrico profissional.

Várias expressões são comumente utilizadas para descrever o mesmo fenômeno, tais como “violência no parto”, “abuso ou desrespeito obstétrico”, “violência de gênero no parto e aborto”, “violência institucional de gênero no parto e aborto”, “assistência desu- mana/desumanizada”, “crueldade no parto”, “violações dos Direitos Humanos das mulheres no parto”, entre outros (TESSER; KNOBEL; ANDREZZO, DINIZ, 2015).

Diante dos vários conceitos, segundo Bower e Hill (2010) o abuso físico, cuidado não confidencial, cuidado não consentido, cuidado não digno, detenção em instalações e abandono do cuidado, são as principais categorias de abuso e desrespeito e abuso durante o parto.

Dessa forma, a violência obstétrica pode ser realizada de maneira física (através do tratamento violento, doloroso ou contrário ao consentimento da parturiente gestante;

verbal, através de ou tratamento grosseiro, ameaças ou humilhação); bem como através da negligência na assistência; da discriminação no atendimento; do abuso Ou negativa de administração de medicamentos ou através da utilização inadequada de tecnologias e procedimentos desnecessários ou contrários às evidências científicas existentes, durante a gestação, parto, pós-parto e puerpério (SENA, 2016).

De acordo com Rita Segato (2016), ao analisar o quadro de violência de gênero na América Latina aduz que a dimensão de gênero da violência simboliza a intensificação da violência, que é estrutural nas sociedades latino-americanas.

Vale ressaltar que o entendimento da violência obstétrica transcorre o debate sobre a questão étnica e racial próprias do paradigma civilizatório da colonialidade, tendo em vista que a estrutura colonial pode produzir discriminações sociais, quais foram identificadas tais como, raciais, étnicas e culturais.

No brasil, nota-se que a violência obstétrica não se trata de algo anômalo ou pontual, mas sim naturalizado, tendo em vista que uma a cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência de gênero durante o atendimento ao parto (FPA, 2010).

Com base em um dos estudos mais relevantes sobre o tema, colhendo dados sobre saúde reprodutiva em hospitais públicos e privados de 25 unidades da federação em 176

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Capítulo 2. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: CONCEITUAÇÕES 11

municípios do Brasil, cerca de 25%das mulheres brasileiras afirmam terem sofrido algum tipo de violência durante o atendimento (FPA,2010).

De acordo com pesquisa realizada por Sena (2016), em uma análise em mater- nidades brasileiras a partir de relatos de mulheres entrevistadas, foi identificado casos de violência obstétrica, ocorrendo práticas tais como, o desrespeito à parturiente sendo característico da assistência reprodutiva no Brasil.

Contudo, o abuso e desrespeito na atenção à saúde reprodutiva nas maternidades brasileiras apresentam também um viés étnico racial. De acordo com a pesquisa “A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil” (LEAL et al, 2017)

Dessa forma, as puérperas de cor preta possuem maior risco de terem um pré-natal inadequado, falta de vinculação à maternidade, ausência de acompanhante, peregrinação para o parto e menos anestesia local para episiotomia em comparação às puérperas brancas.

Assim, a prática da violência obstétrica no contexto latino-americano e brasileiro pos- sui o conjunto de quatro fatores estruturais: a) a violência de gênero; b) a institucionalização da violência; c) a colonialidade e d) a interseccionalidade dos fatores de classe, raça e etnia.

2.1 A TUTELA DA violência OBSTÉTRICA

A violência obstétrica além de ser uma modalidade de violência institucional, também é considerada violação dos direitos humanos fundamentais das mulheres, no qual há um grande rol de proteção jurídica desses direitos, sendo analisados sob a perspectiva da titularidade feminina cis hetero-orientada.

Durante um extenso processo de enfrentamentos jurídicos- políticos dos movimentos de mulheres e da produção acadêmica, ocorreu a construção histórica e conceitual dos direitos reprodutivos e seu reconhecimento como direitos humanos fundamentais.

Durante as décadas de 1960 e 1970, manifestou-se a hipótese de que seria possível diminuir a pobreza mundial reduzindo a fertilidade por meio de técnicas e políticas massivas de controle da natalidade/fertilidade, de esterilização e de disseminação das tecnologias contraceptivas. Dessa forma, os movimentos feministas, passaram a denunciar o caráter eugênico e genocida dessas políticas, bem como a reivindicar a autonomia das mulheres

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Capítulo 2. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: CONCEITUAÇÕES 12

sobre a fecundidade e a reprodução, já que ambas passam pelos seus corpos. O núcleo das pautas feministas à época foi marcado pela

[. . . ] defesa da autodeterminação reprodutiva das mulheres; pela desconstrução da maternidade como um dever ou como destino obrigatório, pelo poder de decidir ter ou não ter filhos, quando e com quem tê-los, pelo direito ao aborto legal e seguro, contra a homofobia/lesbofobia, por liberdade e pelo direito ao prazer sexual, contra a ditadura heteronormativa. (OLIVEIRA, 2009, p. 13)

Dessa forma, a partir das décadas de 1970 e 1980, os temas da saúde reprodutiva tais como métodos anticoncepcionais, esterilização, mutilação genital, aborto, reprodução assistida, maternidade compulsória, autonomia e livre exercício da sexualidade, entre outros, passaram a figurar nas discussões sobre os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

A Conferência Internacional sobre Populações em Desenvolvimento do Cairo em 1994, foi o marco histórico da mudança paradigmática do enfoque demográfico para o da saúde reprodutiva, conceituando os direitos humanos e elemento fundamental da igualdade de gênero.

A partir da década de 1990, as referencias adotadas pelos organismos internacio- nais para a definição dos direitos reprodutivos passaram a centrar na defesa dos direitos humanos das mulheres, através do entendimento do conceito de gênero, noção de empode- ramento e do enfoque da transversalidade.

2.1.1 A proteção Contra a Violência Obstétrica a Partir dos Direitos Reprodutivos

Os direitos reprodutivos podem ser definidos como o direito de decidir livremente referente ter filhos ou não, o número de filhos e o espaçamento entre eles, e ter acesso à informação e educação referente a contracepção e planejamento familiar.

Segundo Campos e Oliveira (2009), o conceito engloba uma proporção referente à luta das mulheres por direitos e liberdades democráticas e uma dimensão relacionada especificamente à saúde das mulheres. Dessa forma, os direitos reprodutivos não são sobre apenas um rol de direitos referentes à proteção da produção da reprodução e da saúde reprodutiva.

Os direitos produtivos englobam um conjunto de direitos individuais e sociais, quais devem ser assegurados para a preservação do pleno exercício da sexualidade e reprodução humana, tais como: o direito à vida, à liberdade e à segurança, o direito à saúde, à saúde reprodutiva e ao planejamento familiar; o direito de decidir o número de filhos e seu

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Capítulo 2. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: CONCEITUAÇÕES 13

espaçamento; o direito ao consentimento e igualdade no casamento, o direito à privacidade;

o direito de ser livre de discriminação; o direito de não ser submetida à tortura ou outro tratamento cruel, desumano e degradante; o direito de não sofrer violência sexual; o direito de usufruir do progresso científico e de consentir submeter-se à experimentação científica;

entre outros (CAMPOS, 2009 OLIVEIRA, 2009).

Portanto, os direitos reprodutivos incluem a associação com as liberdades democrá- ticas e a estreita vinculação com a saúde da mulher, dividindo- se em duas categorias de direitos: o direito à saúde reprodutiva e à autodeterminação reprodutiva.

O direito à autodeterminação reprodutiva está baseado em três direitos interrelaci- onados: a) o direito ao planejamento familiar ou planejamento reprodutivo, b) o direito de cada mulher decidir livremente e sem qualquer interferência sobre sua própria reprodução, e c) o direito de ser livre de qualquer forma de violência, discriminação e coerção que afetem a sua saúde sexual e reprodutiva (CAMPOS, 2009, p. 50).

Destaca-se que o direito à não interferência sobre qualquer decisão reprodutiva refere-se ao princípio da autonomia corporal e integridade física, que tem raízes no respeito à dignidade humana, nos direitos e garantias de liberdade, no direito à segurança da pessoa humana e no direito à privacidade. O direito à autonomia reprodutiva ou autodetermina- ção reprodutiva implica o direito a estar livre de qualquer forma de violência e coerção (CAMPOS.2009).

Dessa forma, ainda que os direitos interrelacionados, os direitos sexuais e reproduti- vos devam ser tratados como autônomos, por serem de dimensões distintas da cidadania, sendo essenciais para a construção de uma ideia de universalidade respaldada na diversi- dade da sociedade.

No ano de 1999, iniciou-se m conjunto ações e mobilizações de organizações feministas da América Latina e Caribe em torno de uma campanha para a elaboração de uma Convenção Interamericana dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos, no qual o objetivo era ratificar reafirmar os direitos sexuais e reprodutivos instituídos no marco normativo internacional. Desse modo, esta Aliança Regional efetuou ações no âmbito de instar os governos nacionais e a Organização dos Estados Americanos (OEA) para a importância jurídico-normativa e política da realização de uma convenção nesse sentido.

Contudo, se por um lado a mera positivação dos direitos sexuais e reprodutivos não é por si só garantia da efetivação dos mesmos no plano interno dos países signatários, no caso brasileiro, verifica-se que houve a ampla assimilação da ordem constitucional e democrática com os princípios, normas e diretrizes internacionais dos direitos sexuais e

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Capítulo 2. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: CONCEITUAÇÕES 14

reprodutivos.

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3 HIPÓTESES VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Tendo em vista que a expressão “violência obstétrica” se tange sobre a violência física, sendo relevante destacar que além da subjugação física, à submissão psicológica da paciente, transtornos e traumas, seja durante o período gestacional, seja no período puerperal.

Dessa forma, torna-se pertinente apropriar-se do conceito de violência obstétrica, assim, definido internacionalmente:

[. . . ] qualquer ato ou intervenção direcionado à mulher grávida, parturiente ou puér- pera (que deu à luz recentemente), ou ao seu bebê, praticado sem o consentimento explícito e informado da mulher e/ou em desrespeito à sua autonomia, integridade física e mental, aos seus sentimentos, opções e preferências.

A violência obstétrica é resultante de modo principal da precariedade do sistema de saúde brasileiro, decorrente da falta de preparação de alguns profissionais da saúde e condições nefastas de trabalho.

A situação econômica é um dos principais fatores que influenciam no tratamento à gestante, sendo evidenciada principalmente na rede pública de saúde. Em face que mu- lheres desprovidas de recursos financeiros, não podendo dirigir-se a hospitais particulares, restando a submeter-se aos tratamentos pelo serviço da rede pública.

No ritual do nascimento, a violência obstétrica abrange situações que formam a perda da autonomia da gestante sobre o seu próprio corpo, deixando-a à mercê de procedimentos desumanizados e invasivos realizados à sua revelia. Desse modo, as condutas prejudiciais mais recorrentes em nosso sistema de saúde são:

3.1 EPISIOTOMIA

A episiotomia trata-se de procedimento cirúrgico realizado para aumentar a abertura vaginal com uma incisão no períneo ao final do segundo estágio15 do parto (COSTA et al, 2011, p. 46).

Ressalta-se que a técnica atinge diversas estruturas do períneo, tais como músculos,

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Capítulo 3. HIPÓTESES VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA 16

vasos sanguíneos e tendões, que são responsáveis pela sustentação de alguns órgãos, pela continência urinária e fecal, além de provocar outras complicações, dentre elas a dor nas relações sexuais, risco de infecção e laceração perineal em partos subsequentes, maior volume de sangramento, além dos resultados estéticos insatisfatórios.

O sofrimento ocasionado a mulher ao ter sua região perineal lacerada, grande parte das vezes, sem anestesia e sem consentimento, sem ser comunicada referente a necessidade do procedimento.

No momento da sutura é realizado um ponto a mais, conhecido como “ponto do marido”, que visa deixar o canal vaginal mais “apertado” para preservar o prazer do homem nas relações sexuais após o parto, alimentando um modelo de sociedade patriarcal que há muito deveria ter sido abolido (DINIZ, S., 2004).

3.2 MANOBRA DE KRISTELLER

Consiste na compressão realizada sobre a parte superior do útero para agilizar a saída do bebê, seja com as mãos ou com a pessoa subindo em cima do abdômen da mulher, em flagrante desrespeitando a integridade física e psicológica, expondo a criança a traumas encefálicos e a mãe a riscos de fraturas nas costelas, trauma das vísceras abdominais e descolamento da placenta (AGUIAR; D’OLIVEIRA, 2010).

Nos dizeres de Bastos et al (2014): “Em relação à pressão do fundo uterino, não há evidência sobre seu uso ser benéfico. Os riscos potenciais do uso da manobra de Kristeller incluem a ruptura uterina, lesão do esfíncter anal, fraturas em recém-nascidos ou dano cerebral, dentre outros”.

3.3 RESTRIÇÃO DE POSIÇÃO PARA O PARTO

Consiste no cercamento da liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto e o estímulo às posições supinas constituem práticas claramente prejudiciais e, por este motivo, devem ser afastadas do cotidiano obstétrico.

Portanto, a posição da litotomia ou supina, habitualmente incentivada pelos pro- fissionais da saúde às parturientes, consiste no constrangimento à postura horizontal de barriga para cima, tecnicamente conhecida como decúbito dorsal que, além de prejudicar a dinâmica do parto, é desconfortável para a mãe e dificulta a oxigenação da criança.

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Capítulo 3. HIPÓTESES VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA 17

3.4 FÓRCEPS

A utilização do fórceps tem a finalidade de acelerar o processo expulsivo do nascituro, mediante o manuseio de instrumento cirúrgico semelhante a uma pinça, introduzindo-o no canal genital da mulher e ajustando-o nos lados da cabeça da criança para retirá-la do canal de parto (ZUGAIB, 2012).

Dessa forma, as complicações ocasionadas à genitora devido o uso do fórceps, destacam-se as fissuras perineais, vaginais e roturas de esfíncter do ânus. Referente ao neonato, verificam-se situações de maior gravidade, dentre as quais estão o “esmagamento dos nervos parietais, fraturas cranianas e lesões oculares” (ZUGAIB, 2012, p.427).

3.5 CESÁREAS ELETIVAS

Tendo em vista que por se tratar de intervenção cirúrgica, a cesárea, oferece maiores riscos à integridade da mulher e da criança, ao passo que eventuais complicações no seu procedimento, razão pela qual as evidências médicas indicam que as taxas de mortalidade materna associada à cesariana são até sete vezes maiores que no parto normal (BRASIL, 2008).

As cesáreas eletivas, consistem em uma cirurgia é agendada antes de a gestante ter qualquer sinal de trabalho de parto. No setor privado, a proporção de cesarianas chega a 88% dos nascimentos. No setor público, as cesarianas chegam a 46%. Dois indicadores muito distantes ainda dos 15% recomendados pela OMS.

O crescente número de realização de cesáreas no país se deve a dois importantes fatores: a) cultural, porquanto a mulher tem impregnada a ideia de que o parto normal ocasionará a flacidez do introito-vaginal e pelo estereótipo de que o parto natural é eivado de dor e sofrimento; b) por intermédio de indicação médica, seja em atenção à obstetrícia defensiva que, em determinados casos, a exemplo da circular de cordão no pescoço, pres- creve a realização de parto cesárea ou, ainda, meramente por conveniência do profissional que, sem evidenciar a efetiva necessidade do procedimento, procede ao seu “agendamento”

e execução antes mesmo do início do trabalho de parto.

A prática da cesárea deve ser a exceção e não a regra, tendo em vista que é consta-

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tado que, durante o trabalho de parto, ocorre o estímulo da produção de leite e substâncias químicas que auxiliam à respiração do recém-nascido nos primeiros momentos fora do útero, processo este que se torna prejudicado ante o aceleramento do parto provocado pela sobredita intervenção cirúrgica desnecessária.

3.6 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA

A espécie de violência psicológica obstétrica mais recorrente em no âmbito médico- hospitalar, ainda que passe despercebida aos olhos da sociedade e da própria mulher, que não se reconhece vítima, por considerar uma situação indissociável do processo gestacional.

À violência obstétrica psicológica compreende: a) a privação de informações à ges- tante acerca das rotinas e procedimentos a serem desenvolvidos no decorrer do processo gestacional; b) a realização de comentários ofensivos, constrangedores ou discriminatórios;

c) a submissão da mulher a sentimentos de abandono, medo, inferioridade, insegurança;

d) a recriminação por qualquer comportamento, proibindo-a de manifestar suas emoções;

e) a restrição de qualquer prerrogativa da gestante, sob pretexto de ser válida apenas para pacientes com determinado vínculo com a instituição hospitalar (ex.: SUS, plano de quarto privativo, particular); f) a procrastinação do contato entre mãe e filho, logo após o nascimento, dentre outras práticas habituais, condenadas pela Organização Mundial de Saúde.

Destaca-se que a proibição de permanência do acompanhante ou à assistência por doula, condutas que colidirem frontalmente com os dispositivos legais que assegurando o direito ao acompanhante, também se configuram violência contra a gestante, visto que, os sentimentos de abandono e insegurança decorrentes da ausência destas pessoas, refletem negativamente durante o processo de parto.

Vale ressaltar que o fato de que a adoção de condutas médicas que impliquem em restrição ao direito de livre decisão da gestante em relação ao procedimento a ser executado, de quem irá acompanhá-la, dentre outras prerrogativas que lhe são inerentes,

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Capítulo 3. HIPÓTESES VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA 19

além de flagrante desrespeito à sua dignidade, individualidade e valores culturais, importa violação ao Código de Ética Médica (BRASIL, 2009) que, em seu artigo 24, traz: “Art. 24.

Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo”.

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4 COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA A PARTIR DO CONCEITO DE JUS- TIÇA REPRODUTIVA

O propósito analítico do conceito de justiça reprodutiva oferece ao menos quatro contribuições para a compreensão do conceito de violência obstétrica, sendo elas: concei- tual, normativa, dimensão de mudança de enfoque do conceito de violência obstétrica e, novas possibilidades de enquadramentos jurídico-normativo e dogmático sobre o fenômeno Referente a dimensão conceitual, os aportes teórico-metodológicos do campo de estudos da Justiça Reprodutiva consolidaram a compreensão de que os direitos reprodutivos das mulheres integram o direito a não ter filhos, e o direito a tê-los com dignidade e autonomia. Para além disso, demonstra como as diversas barreiras estruturais auxiliam para a inefetividade destes dois espectros da dignidade reprodutiva bem como o gradiente de obstáculos aumenta à medida que os marcadores sociais da desigualdade refletem na realidade concreta.

Diante do campo das contribuições conceituais, a chave conceitual da justiça re- produtiva permitiu a compreensão da criminalização da reprodução e das tecnologias reprodutivas de modo que os obstáculos à maternidade digna e com autonomia. O campo de estudos da justiça reprodutiva possibilitou o mapeamento de termos, categorias e con- ceitos para descrever ações, práticas e intervenções médicas e farmacológicas abusivas e desrespeitosas, ressaltando termos e conceitos como“coerced reprodution”, “coerced obstetrics”, “birth justice”, entre outras.

Tendo em vista que o conceito de coerced obstetrics relaciona-se à caracterização do uso indevido de intervenções médicas ou farmacológicas sem o consentimento da gestante e a contraprestação jurídica do dano causado pelos procedimentos coercitivos no enquadramento do parto e gestação.

Dessa forma, trata-se do conceito que dá auxílio por meio das concepções de Justiça Reprodutiva e de Medicina Baseada em evidências para a responsabilização civil e penal em face de danos e lesões resultantes de tratamento obstétrico inadequado, bem como para a aclamação da extensão da falta de consentimento esclarecido e informado durante a gestação, parto e abortamento.

Sendo assim, refere-se a conceito fundamental para o reconhecimento de quais pro- cedimentos médicos e farmacológicos durante o parto devem ser considerados coercitivos e como eles se relacionam no âmbito estrutural de violência contra a mulher.

Sobre a abrangência das normas, os estudos teóricos sobre os conflitos jurídicos

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Capítulo 4. COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA A PARTIR DO CONCEITO DE JUSTIÇA

REPRODUTIVA 21

da regulação reprodutiva, especialmente a criminalização da regulação reprodutiva e da esterilização, têm mostrado que existem problemas inerentes à definição dos direitos reprodutivos com base na teoria jurídica abrangente (LUNA, LUKER, 2013).

O principal resultado das críticas à doutrina jurídica dos direitos reprodutivos é compreender como a narrativa jurídica desses direitos se centra inteiramente na ideia de autonomia, justificando a ideologia do médico que decide ou define as necessidades de qualquer procedimento obstétrico, especialmente no que diz respeito ao processo de parto escolha de técnicas e procedimentos obstétricos.

Diante do cenário perspectiva da humanização do parto, demonstra que, histori- camente, os direitos à privacidade e à autonomia assumiram formulações jurídicas para o atendimento dos interesses da classe médica e não para a efetividade dos direitos reprodutivos das mulheres.

Essa questão está intrinsecamente relacionada à mudança de foco da doutrina e da dogmática jurídica dos direitos reprodutivos à luz das contribuições teórico-metodológicas do conceito de justiça reprodutiva. Nesse sentido, a partir do entendimento da medicalização do parto como um projeto especializado, ela é determinada pela lógica de consumo da sociedade econômica atual, e todo o contexto do parto e da gravidez está imerso na assistência médica ao parto. No contexto da globalização, é compreensível a necessidade de superar o atual paradigma do direito médico nos serviços de saúde reprodutiva que se concentra nos direitos humanos das mulheres. Alguns exemplos dessa mudança de foco são os conceitos legais do direito ao acompanhante e o direito à humanização do parto.

Por fim, a quarta dimensão identificada é o movimento enquadramento jurídico- normativo e dogmático da violência obstétrica, o que pode ser observado na adequação da legislação venezuelana e argentina, bem como na legislação brasileira à tutela do direito ao parto humanizado e ao direito do acompanhante.

O quadro normativo da violência obstétrica não visa, portanto, a persecução dos profissionais de saúde reprodutiva, mas limitar o uso desse conceito para definir o devido tratamento legal de procedimentos forçados, abusivos ou coercivos no parto, gestação e abortamento.

Nesse sentido, a justificativa para a concepção que defende o enquadramento da violência obstétrica está amparada no direito de recusar tratamento ou de submeter seu bem-estar ao potencial de vida do feto; reconhecendo que o parto e a gravidez são o contexto estrutural da violência contra a mulher; e no reconhecimento de que o tema não deve ser confundido com a jurisprudência tradicional sobre aborto, que tem relutado em

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Capítulo 4. COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA A PARTIR DO CONCEITO DE JUSTIÇA

REPRODUTIVA 22

reconhecer a extensão dos danos causados por procedimentos obstétricos e farmacêuticos compulsórios durante o parto (LUNA; LUKER, 2013).

O principal resultado da crítica à doutrina jurídica dos direitos reprodutivos é a compreensão de como a narrativa jurídica destes direitos centrada exclusivamente na perspectiva da autonomia justifica a ideologia de que quem decide ou define a necessidade de qualquer procedimento obstétrico o médico, especialmente no que se refere à escolha das técnicas e procedimentos obstétricos durante o parto.

Diante do cenário perspectiva da humanização do parto, demonstra que, histori- camente, os direitos à privacidade e à autonomia assumiram formulações jurídicas para o atendimento dos interesses da classe médica e não para a efetividade dos direitos reprodutivos das mulheres.

Essa questão está intrinsecamente relacionada à mudança de foco da doutrina e da dogmática jurídica dos direitos reprodutivos à luz das contribuições teórico-metodológicas do conceito de justiça reprodutiva. Nesse sentido, a partir do entendimento da medicalização do parto como um projeto especializado, ela é determinada pela lógica de consumo da sociedade econômica atual, e todo o contexto do parto e da gravidez está imerso na assistência médica ao parto. No contexto da globalização, é compreensível a necessidade de superar o atual paradigma do direito médico nos serviços de saúde reprodutiva que se concentra nos direitos humanos das mulheres. Alguns exemplos dessa mudança de foco são os conceitos legais do direito ao acompanhante e o direito à humanização do parto.

4.1 A POSIÇÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASI- LEIRO

Embora a violência obstétrica não possua legislação específica que a defina, existem uma série de documentos normativos na legislação brasileira que delineiam o enquadra- mento jurídico da violência obstétrica e as repercussões indenizatórias que o fato pode gerar.

Tendo em vista que a violência obstétrica não contém a legislação específica que a defina, entretanto, possui diversos documentos normativos na legislação brasileira que apontam o enquadramento jurídico da violência obstétrica e as repercussões indenizatórias que o fato pode gerar.

Mesmo com a carência de legislação específica, o tema é regulamentado pela Cons-

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Capítulo 4. COMPREENSÃO DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA A PARTIR DO CONCEITO DE JUSTIÇA

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tituição Federal através do entendimento de que a violência obstétrica fere primordialmente os princípios da legalidade e vedação a direito garantido por lei (art. 5, II, CF); de vedação à tortura e ao tratamento desumano e degradante (art. 5º, X, CF); de proibição à violação da intimidade e vida provada (art. 5°, XXXII); de defesa do consumidor, tendo em vista que se refere à supremacia do interesse da consumidora no âmbito dos serviços de saúde; e o próprio direito à saúde estampado no art. 196 da Constituição Federal, entre outros.

Atualmente, três projetos de lei sobre violência obstétrica tramitam na Câmara dos Deputados: PL nº 7.633/2014, PL nº 7.867/2017 e PL 8.219/2017. No que diz respeito ao conceito de violência obstétrica, Projeto de Lei nº 7.633/2014 a define como a apropriação do corpo e dos processos reprodutivos da mulher pelos profissionais de saúde, tratamentos desumanizadores, medicalização e patologização dos processos naturais e a perda da autonomia da mulher sobre seu corpo (artigo 13). Para fins legais, define violência obstétrica como “todo ato praticado pelo (a) profissional da equipe de saúde que ofenda, de forma verbal ou física, as mulheres gestantes em trabalho de parto, em situação de abortamento e no pós-parto/puerpério” (Art. 13, § 1º), definindo-os como infração à legislação sanitária federal (art. 17) com implicações na responsabilização civil e criminal dos agentes além da notificação dos Conselhos Federais de Medicina e Enfermagem.

Tendo em vista que o referido Projeto de Lei prevê sobre a elaboração do plano de parto, garantindo-o como instrumento legítimo de manifestação da vontade da paciente, além de assegurar que as alterações ocorridas no decurso do parto/gestação devem ser registradas no prontuário da paciente. Nesse sentido, o PL n° 7.633/2014 estabelece um rol de intervenções, como por exemplo a episiotomia, que devem ter justificativa clínico- obstétricas respaldadas na medicina baseada em evidência.

O Projeto de Lei nº 7.867/2017 além de estabelecer a obrigatoriedade da elaboração do plano de parto (art. 2º) e tipificar as ofensas físicas e verbais no contexto do parto (art.

4°), define a violência obstétrica como

[. . . ] todo ato praticado por membro da equipe de saúde, do hospital ou por terceiros, em desacordo com as normas regulamentadoras ou que ofenda verbal ou fisicamente as mulheres gestantes, parturientes ou puerperas. (BRASIL, 2017a, art. 3º)

Além da própria padronização da violência no parto, ainda existem possíveis en- quadramentos para a violência no parto consolidados no ordenamento jurídico, que, na ausência de regulamentação específica sobre a violência no parto, por vezes servem de justificativa para a atribuição de responsabilidade: o direito à humanização. Parto, direito a

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acompanhante e direito à cirurgia plástica reparadora para lesões e danos decorrentes da violência no parto.

A Portaria do Ministério da saúde nº 569 de 2000 instituiu o programa de Humaniza- ção do Pré-Natal e Nascimento, como parte do Sistema Único de Saúde, estabelecendo como princípios e diretrizes do programa uma assistência digna e de qualidade à gestação, ao parto e ao puerpério. puerpério de forma humanizada e segura.

De acordo com a Portaria 1.067/2005 do Ministério da Saúde institui a Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal com a finalidade de desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde de gestantes e recém-nascidos a qual estabelece como princípios e diretrizes para a estruturação dessa mesma política: o direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério, o direito ao acompanhamento pré-natal adequado; o direito de conhecer e ter assegurado o acesso à maternidade de atendimento no momento do parto; ao atendimento humanizado, e, por fim, ao acompanhante. Além disso, estabelece a responsabilidade das autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais pela garantia desses direitos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005, art. 2º)

No que tange ao direito ao acompanhante, a Lei nº 11.108/2005, conhecida como “Lei do Acompanhante”, alterou a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990) para estabelecer o subsistema de acompanhamento durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, assegurando à parturiente o direito à presença de acompanhante de sua escolha durante todo o trabalho de parto (art. 19-J, 1° e 2°) III. No mesmo sentido, o art. 8° do Estatuto da Criança e do Adolescente, localizado no capítulo I “Dos Direitos Fundamentais” do Título II “Do Direito à Vida e à Saúde”, assegura às gestantes o direito à acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato;

bem como à nutrição adequada; à atenção humanizada à gravidez, parto e puerpério e ao atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde A reparação dos danos e lesões causadas por violência obstétrica, a Lei 13.239/2015 dispõe sobre a realização de cirurgia plástica reparadora de sequelas de lesões causadas por atos de violência contra a mulher no âmbito do SUS e estabelece penalidades aos agentes responsáveis. A Lei 10.778/2003 estabelece a notificação compulsória, em todo território nacional, de casos de violência contra a mulher nos serviços de saúde públicos ou privados.

Destaca-se que é importante destacar que o Conselho Regional de Medicina (CFM) se posicionou em relação a legislação sobre a violência obstétrica no Brasil no Parecer CFM n° 32/2018 elaborado pela Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do referido

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órgão de classe.

Dessa forma, no Parecer CFM n° 32/2018, o CFM o qual reconhece a violência obstétrica como um problema de gênero e de violência institucional. No entanto, posiciona- se de modo contrário ao conceito de violência obstétrica expresso nas normas brasileiras por compreender que esta conceituação estaria introduzida de posições político-ideológicas.

No parecer, o CFM diz que o termo “violência obstétrica” possui conteúdo pejorativo que prejudica a relação médico-paciente além de transferir a responsabilidade da humanização do parto exclusivamente para a especialidade médica de ginecologia e obstetrícia.

No Parecer CFM nº 32/2018, o CFM afirma que a violência institucional se relaciona com um amplo espectro de profissionais não apenas da área de saúde, mas também com entidades públicas, privadas e qualquer organização da sociedade civil.

Dessa forma, a posição recomendada pelo CFM é de que seja anulado o termo para expressar a ocorrência de violência no parto ou violência institucional no âmbito da assistência materno-fetal. Tendo em vista que esta posição foi reconhecida e reafirmada pelo Ministério da Saúde brasileiro no ofício nº 296/2019 que decidiu pela não utilização o termo em suas normas e políticas pública.

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5 CARACTERIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL

A responsabilidade civil baseia-se nos critérios : a) demonstração escrita, mediante laudos periciais e documentos médicos, da culpa profissional, com justificativa legal nos art. 951 do Código Civil e art. 14, §4º do Código de Defesa do Consumidor; b) demonstra- ção escrita, a partir dos documentos médicos e laudos periciais, da conduta culposa do profissional e do nexo causal desta com os danos; e, por fim, c) da verificação de vício na prestação dos serviços médicos hospitalares, demonstrado pelo conjunto probatório dos autos, entendido, especificamente, como ausência de analgesia e violação das normas de assistência ao parto, especificamente, a Portaria 353/2017 do Ministério da Saúde.

Dessa forma, os critérios encaixam-se no entendimento doutrinário e jurisprudencial da responsabilidade objetiva nos casos de erro médico, portanto, a demonstração, por meio de prova escrita, da conduta culposa do profissional e do nexo causal desta com os danos.

Portanto, a não caracterização da responsabilidade civil objetiva por violência obsté- trica baseia-se na não demonstração da conduta culposa do profissional e no rompimento do nexo de causalidade entre a conduta culposa e os danos. Dessa forma, a quebra do nexo de causalidade é fundamentada, portanto, no laudo pericial indicando tratamento obstétrico adequado.

5.1 Responsabilização

Tendo em vista que a responsabilidade civil inicia no descumprimento de uma obrigação, pois quando ocorre a prática de um ato ilícito, a responsabilidade civil configura- se como direito obrigacional, tendo em vista que o autor deve reparar o dano sofrido pela vítima.

A responsabilidade civil pode ser dividida entre extracontratual ou contratual, sendo que a extracontratual está relacionada diretamente a lei, enquanto a contratual está relacio- nada ao pacto feito entre as partes. Segundo Sérgio Cavalieri Filho:

Se preexiste um vínculo obrigacional, e o dever de indenizar é consequência do ina- dimplemento, temos a responsabilidade contratual, também chamada de ilícito contratual ou relativo; se esse dever surge em virtude de lesão a direito subjetivo, sem que entre o ofensor e a vítima preexista qualquer relação jurídica que o possibilite, temos a responsabilidade extracontratual, também chamada de ilícito aquilino ou absoluto.

A responsabilidade civil também pode ser classificada como objetiva ou subjetiva,

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podendo a culpa ser ou não ser um elemento integrante da obrigação. O conceito baseado a culpa é a chamado de responsabilidade civil subjetiva e está presente quando o causador do dano não tinha intenção de provocá-lo, mas, por imprudência, negligência ou imperícia, resulta em um dano. A imprudência se caracteriza pela precipitação, realizando um procedi- mento sem as devidas precauções, a negligência se dá quando o agente não realiza o ato com a atenção e diligência necessária, não agindo com cuidado, enquanto a imperícia, por sua vez, ocorre quando o profissional crê estar capaz e possui o conhecimento necessário para a prática do ato, mas não está verdadeiramente preparado.

Dessa forma, para a caracterização da responsabilidade subjetiva é necessária a demonstração de culpa e dano na conduta do autor, para que exista a indenização ou recomposição do dano sofrido. Além disso, a conduta do pode ser comissiva ou omissiva, entretanto sempre se estará presente a violação de um direito. Vale destacar que a res- ponsabilidade só vai existir com culpa e a responsabilidade civil subjetiva está prevista nos artigos 186 c/c 927 caput, do Código Civil.

A responsabilidade objetiva independe de culpa, contudo, sempre será irrelevante para configurar o dever de indenizar. Todavia é indispensável a relação de causalidade, tendo em vista que mesmo não se tratando da responsabilidade subjetiva, não pode respon- sabilizar quem não causou um ato oriundo de reparação. Diante disso, a responsabilidade civil objetiva aproxima-se da ideia principiológica de risco inerente a uma atividade.

Tendo em vista que os casos de violência obstétrica, mesmo sendo comuns na sociedade, ainda não são pauta de frequentes debates, pois as mídias não costumam tratar do assunto, fazendo com que ele pareça inexistir, fazendo com que não seja uma preocupação recorrente de todas as gestantes.

Nos casos de violência obstétrica, em que são negados os direitos básicos, ofen- dendo diversos de suas garantias asseguradas por lei, como por exemplo o artigo 196 da Carta Magna .in verbis

5.1.1 Responsabilidade do hospital e do médico

Muito se discute na doutrina e na jurisprudência, mas hoje os tribunais utilizam as leis de defesa do consumidor para regular as relações na área da saúde. Para o estudo do assunto é aplicado o código de Defesa do Consumidor, o Código de Ética Médica, o Código Civil e demais leis disciplinares específicas, sempre de acordo com as diretrizes e mandatos da constituição Federal.

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Capítulo 5. CARACTERIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 28

Atualmente, a relação entre médicos e hospitais é entendida como uma relação de consumo, sendo as redes privadas reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor. Nesta perspectiva, o paciente é visto como consumidor, tendo em vista que o polo mais fraco da relação de consumo, enquanto os estabelecimentos de saúde e os seus profissionais são tidos fornecedores, sendo mais fortes da relação.

O Código de Defesa do Consumidor no artigo 7º, parágrafo único, cita que em hipótese de possuir mais de um autor do dano causado, sendo pessoa física ou jurídica, serão solidariamente responsabilizados pela reparação da ofensa prevista nas normas de consumo.

Dessa forma, tratando-se do médico-hospitalar a responsabilidade civil é tida de acordo com o contrato firmado. Referente ao médico funcionário e/ou preposto do estabele- cimento hospitalar, tratando-se de um vínculo empregatício, o profissional está subordinado às ordens hospitalares, portanto deve ser aplicado a regra do inciso III do artigo 932 do Código Civil. Portanto, o hospital é responsabilizado pelos atos médicos profissionais que foram realizados por esses profissionais.

Em caso médico autônomo que aluga o estabelecimento de saúde para atender seus pacientes particulares, a doutrina defende, majoritariamente, a ilegitimidade passiva do hospital, portanto, não é responsabilizado por danos causados pelo profissional.

A responsabilidade civil dos é objetiva, conforme estabelece o caput do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, será responsabilizado por qualquer dano que ocorra durante a prestação de serviços, independentemente da apuração de culpa, uma vez que a responsabilidade objetiva é fundada no risco.

A violação dos direitos das mulheres durante o período da gestação, o impedimento à amamentação, a omissão ou, parto e puerpério, assim como a recusa de atendimento à gestante, são exemplos de violência obstétrica.

5.2 O DEVER DE REPARAÇÃO

Tendo em vista que a violência obstétrica ocorre por diversas formas, podendo ocorrer negação ou violação dos direitos adquiridos pela mulher. Deste modo, existe o dever de indenizar após ser reconhecido nos casos de reconhecimento da responsabilidade civil.

O dever de reparação e ou indenização nos casos de violência obstétrica é fundamentado em duas situações: a) na ocorrência de vício na prestação de serviços ou b) na ocorrência

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Capítulo 5. CARACTERIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 29

de sequelas em decorrência de erro médico, tratamento obstétrico inadequado e ato de violência obstétrica.

Para a reparação do dano é preciso preencher os requisitos de responsabilidade civil, com a intenção de sua liquidação. Portanto, é essencial ressaltar que o objetivo é reestabelecer a condição anterior, reparar o prejuízo sofrido ou aquilo que se deixou de ganhar.

Em caso de morte, a indenização consistirá nas despesas do tratamento do falecido, em um pencionamento mensal de dois terços do salário-mínimo para os parentes da vítima falecida, caso comprovem que dependiam economicamente da vítima.

Nos casos de lesão à saúde ou ferimentos, terá que indenizar a vítima nos lucros cessantes despesas do tratamento. Em hipótese que o tratamento resulte em aleijão ou deformidade permanente, a soma indenizatória será ser duplicada.

No Brasil, o método de arbitragem doquantum indenizatório aos danos imateriais ocorre por meio do método bifásico. Deste modo, caso o erro médico ocasione na morte do paciente, a responsabilidade é do médico, pelos danos imateriais devidos aos familiares da vítima.

Entretanto, a violência obstétrica pode ocasionar danos que devem ocorrer a repara- ção civil. Portanto, devido à falta de lei sobre o tema, os casos são configurados como erros médicos.

5.3 CRIAÇÃO DE LEI PARA REGULAMENTAR

Por conta de o Brasil não possuir legislação interna específica sobre violência obsté- trica, as análises judiciais são realizadas conforme parâmetros normativos e dogmáticos sobre as regras gerais da responsabilidade civil dos hospitais e dos profissionais de saúde.

Porém, o infortúnio desta aplicação recai, pois a responsabilidade civil do médico necessita- se de provas produzidas pelo lesado, e, nos casos de violência obstétrica, em determinados casos são difíceis de prova, como por exemplo as condutas de caráter psicológico.

Em vista disso, os casos de violência obstétrica como erro médico faz que pareçam situações isoladas e não um problema institucional na assistência ao parto. Portanto, a criação de responsabilização pelos danos causados faria com que se pudesse ter um maior controle no número de casos.

Dessa forma, para que as mulheres fiquem mais atentas durante o período gestacio-

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Capítulo 5. CARACTERIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 30

nal, sabendo identificar se está sofrendo o abuso obstétrico, é necessário a criação de uma lei que defina claramente o que é a violência obstétrica e quais atos a configuram, a fim de tornar claro e de conhecimento púbico o que é considerado violência obstétrica.

Cabe ao Estado proporcionar a mulher o direito de exercer sua autonomia e cobrar dos profissionais da saúde uma postura mais atenciosa perante às pacientes, por ser o responsável por medidas de proteção aos direitos fundamentais.

Tendo em vista que é preciso ocorrer a diferenciação entre os casos de violência obstétrica e de erro médico, também é necessário que a penalização seja mais severa, com o intuito de diminuir o número de casos. Por conta disso, a criação de uma lei própria é necessária, para que os agressores deixem de serem punidos somente com as penas decorrentes do erro médico e comecem a responder conforme uma violência de gênero institucionalizada.

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6 CONCLUSÃO

A violência obstétrica é todo ato físico, sexual ou psicológico, procedimentos abor- tivos, podendo ser realizada por um profissional da saúde ou pelo estabelecimento que estiver prestando o serviço. Pode ser dividida em atos de caráter físico, psicológico, sexual ou procedimentos de caráter institucional.

No contexto civil os casos de violência obstétrica têm sido vistos como erro médico, o que acaba por gerar diversas contradições, pois o erro médico envolve uma conduta com inobservância da melhor técnica, seja por negligência, imprudência ou imperícia, deste modo, portanto, ao ser limitada a violência obstétrica, não observando-o como uma violência de gênero e institucional na assistência ao parto, dificultando o controle do número de casos e a aplicação de uma punição aos praticantes.

A relação médico-paciente ou paciente-hospital considera-se de consumo, regula- mentada pelo Código de Defesa do Consumidor. A responsabilidade civil dos hospitais é considerada objetiva, respondendo ele pela estadia, instalações, equipamentos e serviços auxiliares, independente da apuração de culpa. Os estabelecimentos cometem violência obstétrica quando dificultam, retardam ou impedem o acesso da mulher aos seus direitos constituídos. Por outro lado, a responsabilidade dos médicos é subjetiva, dessa forma a vítima deve provar a conduta culposa do profissional, para que exista o dever de indenizar.

Desrespeito às decisões da mulher, tratamento grosseiro e vexatório, procedimentos desnecessários são exemplos de violência obstétrica perpetrada por profissionais de saúde.

Assim, a violência obstétrica pode causar danos materiais ou imateriais, sendo o primeiro o dano ou perda do património da vítima, seja de bens móveis ou imóveis, enquanto os danos imateriais correspondem a violação ou ofensa, afetando a reputação, a dignidade ou os sentimentos, que podem ou não causar danos ao patrimônio da vítima, incluindo danos estéticos, dor, desconforto, constrangimento. A reparação do dano material visa restabelecer o estado anterior ao dano.

Portanto, existe a necessidade da criação de uma lei específica que regulamente o tema da violência obstétrica, com a finalidade de que em ações deste tipo, a responsabili- dade civil dos médicos não dependa de comprovação do dano. Dessa forma, buscando um tratamento digno diante da violência obstétrica, tornando-se imprescindível que o Legisla- tivo e o Judiciário apreciem os casos, considerando a complexidade e analisando-os sob uma perspectiva de gênero, conforme os tratados internacionais de direitos humanos das mulheres.

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Capítulo 6. CONCLUSÃO 32

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7 REFERÊNCIAS

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